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Radiação e lesões de pele

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Objetivos 
1. Diferenciar radiação ionizante de não ionizante. 
2. Descrever os efeitos das radiações (ionizantes e não ionizantes) no organismo humano (sistemas), a curto e 
a longo prazo. 
3. Identificar as lesões de pele benignas mais comuns e suas diferenças com o câncer de pele. 
4. Caracterizar os tipos de cânceres de pele (melanoma e não melanoma) quanto à: epidemiologia, fatores de 
risco, fisiopatologia, aspectos clínicos, prognóstico, estadiamento e prevenção. 
1. Radiação Ionizante e Não Ionizante. REFERÊNCIA: Dermatologia – Azulay 
➢ Princípios das radiações 
A luz solar é a principal fonte de radiação que envolve os seres humanos. Ela é constituída de radiações de 
comprimentos de ondas diversos que, por sua vez, são parte do chamado espectro eletromagnético. 
A radiação eletromagnética é uma forma de energia, como as energias mecânica, química, sonora, térmica etc. 
Dentre as radiações que compõem o espectro eletromagnético, são de especial interesse para a dermatologia a 
radiação ultravioleta (UV), a luz visível e a radiação infravermelha, tanto pelas doenças cutâneas causadas 
ou agravadas por elas quanto pelas diversas formas de tratamento que proporcionam. 
➢ Espectro eletromagnético 
A radiação eletromagnética é constituída por campos elétricos e magnéticos que se propagam de modo 
variável no espaço e no tempo, sendo bem caracterizada pela amplitude (tamanho) e pela frequência (ou, 
alternativamente, pelo comprimento de onda) da oscilação. A energia eletromagnética é emitida por qualquer 
corpo com temperatura acima de zero absoluto (O Kelvin), sendo, na prática, o sol a maior fonte natural de 
emissão eletromagnética. 
A radiação eletromagnética pode ser ordenada de maneira contínua em função de seu comprimento de onda ou 
de sua frequência, sendo esta disposição 
denominada "espectro eletromagnético", que 
se estende desde comprimentos de onda muito 
curtos (raios cósmicos) a grandes comprimentos 
de onda de baixa frequência (ondas de rádio). É 
importante mencionar que, quanto menor o 
comprimento de onda, maior é sua energia. 
O espectro eletromagnético pode ser dividido em três regiões distintas: a da radiação elétrica (inclui as ondas 
de rádio e micro-ondas, com grande comprimento de onda e baixa energia), a da radiação óptica (radiação 
infravermelha visível e ultravioleta) e outra na qual se localizam os raios X, raios gama e os raios cósmicos 
(com pequeno comprimento de onda e grande energia). 
A energia associada às ondas eletromagnéticas é conhecida pelo nome de energia fotônica, cuja unidade de 
medida é o fóton ou quantum. Os fótons não têm massa e, quando absorvidos, a energia incorpora-se à matéria 
absorvente, exercendo o seu efeito, que guarda relação com a frequência e o comprimento de onda. 
As radiações com comprimento de onda inferior a 10 nm geralmente ionizam as moléculas que as absorvem 
(removem elétrons), enquanto as radiações com comprimento de onda superior a 10 nm têm a capacidade de 
excitar as moléculas que as absorvem. 
Em química molecular, a energia fotônica pode ser expressa em kcal/mol (quilocaloria por molécula). Sabe-se 
que a maioria das reações fotoquímicas requer energia da ordem de 40 a 120 kcal/mol, o que demonstra a 
importância do espectro UV na medicina cutânea. 
Assim, as radiações de alta frequência e energia são ditas ionizantes (incluem, além dos já mencionados 
raios X, raios gama e os raios cósmicos, também a radiação UVC), sendo as demais, de menor energia e 
frequência, ditas não ionizantes (geram apenas movimentos rotacionais e vibracionais nas moléculas). 
Estas radiações não ionizantes, quando interagem com a matéria viva, produzem efeitos biológicos diversos. 
➢ Composição da radiação solar 
Essas radiações que atingem a Terra constituem o chamado espectro fotobiológico e são 
responsáveis pela melanogênese, pela fotopercepção visual, pela fotossíntese e por outras 
reações fotoquímicas de interesse biológico. Das radiações que compõem a luz solar, cerca 
de 39% correspondem à luz visível, 54% encontram-se na faixa do infravermelho, 7% na 
faixa da UV e uma fração desprezível é representada por raios X e ondas de rádio 
(hertzianas). 
• Radiação ultravioleta 
A radiação UV (10 a 400 nm) pode ser didaticamente dividida em UVA (320 a 400 nm), UVB (290 a 320 nm) 
e UVC (200 a 290 nm); o espectro UVA, por sua vez, é subdividido arbitrariamente em UVA-1 (340 a 400 
nm) e UVA-2 (320 a 340 nm). 
A radiação com comprimento de onda inferior a 200 nm é bastante absorvida pelo ar e, consequentemente, as 
faixas UV que se aproximam da radiação ionizante apresentam pouca importância nesse contexto. 
Aproximadamente 95% da radiação UV que chega à superfície da Terra é formada por UVA e somente 5% 
por UVB. 
• Radiação visível e infravermelha 
A radiação visível (400 a 760 nm) corresponde aos comprimentos de onda percebidos como cores pela retina, 
respondendo por cerca de 39% da composição da radiação solar, e a infravermelha (760 nm a 1 µm), invisível 
e responsável pela produção de calor, corresponde a cerca de 54% do total da radiação emitida pelo sol que 
chega à superfície terrestre. 
2. Efeitos das radiações (ionizantes e não ionizantes) no organismo (sistemas) a curto e a longo prazo. REFERÊNCIA: CECIL 
➢ LESÃO POR RADIAÇÃO IONIZANTE 
As radiações ionizantes ocorrem na forma de ondas eletromagnéticas de comprimento de onda extremamente 
curto e de partículas atômicas aceleradas (p. ex:., elétrons, prótons, nêutrons, partículas alfa). As lesões 
causadas por radiações ionizantes incluem efeitos mutagênicos, carcinogênicos e teratogênicos, além de 
diversas reações teciduais agudas e crônicas, como eritema, catarata do cristalino, esterilidade e depressão da 
hematopoese. 
➢ Fisiopatologia 
Os efeitos biológicos da radiação 
ionizante decorrem dos danos infligidos 
ao DNA e a outras moléculas vitais por 
meio da energia depositada localmente. 
As doses da radiação ionizantes são 
medidas, portanto, em função da 
deposição de energia. 
Todos os humanos são continuamente expostos à radiação ionizante natural de base oriunda de: 
 (1) raios cósmicos; 
 (2) rádio e outros elementos radioativos presentes na crosta terrestre; 
 (3) potássio-40, carbono-14 e outros radionuclídeos normalmente presentes em tecidos humanos; e 
 (4) radônio inalado e produtos de sua degradação. 
Em populações que residem em altitudes da ordem de 1.500 metros (como em Denver, Colorado), a 
contribuição dos raios cósmicos pode dobrar e, nas altitudes em que voam as aeronaves a jato, pode aumentar 
mais de 100 vezes, ultrapassando 0,005 mSv (1 Sv = 100 rem) por hora. Da mesma forma, nas regiões em que 
a crosta terrestre é rica em rádio a contribuição desse radionuclídeo pode aumentar substancialmente. 
Entre as fontes de radiação geradas pelo homem, a maior é o uso dos raios X no diagnóstico médico. 
Quantidades menores de radiação também são emitidas por minerais radioativos presentes em materiais de 
construção, fertilizantes à base de fosfato e rochas trituradas; por componentes de aparelhos de TV que emitem 
radiação, detectores de fumaça e outros produtos de consumo; por precipitação radioativa na atmosfera 
resultante do uso de armas atômicas; e pela energia nuclear. 
Trabalhadores de diversas profissões silo expostos a doses extras de radiação ionizante, dependendo de suas 
tarefas e condições de trabalho. Nos Estados Unidos, a dose efetiva anual média recebida pelos trabalhadores 
monitorados com relação à radiação é inferior a 1 mSv, e menos de 1% deles aproxima-se do limite máximo 
permitido (50 mSv) cm qualquer ano estudado. 
➢ Patogênese 
A colisão aleatória da radiação ionizante com átomos e moléculas durante sua trajetória dá origem a íons e 
radicais livres, que rompem ligações químicas, provocam outras alterações moleculares e são capazes de, 
em última instância, danificar a célula afetada pela radiação e tambémsuas vizinhas. Qualquer molécula pode, 
portanto, ser alterada, mas o DNA é o alvo biológico critico, por causa da redundância limitada de sua 
informação genética. Uma dose de radiação grande o suficiente para destruir uma célula média em processo de 
divisão (2 Sv) provoca centenas de lesões em suas moléculas de DNA. 
A maioria delas é corrigida, mas as lesões produzidas por uma radiação densamente ionizante (p. ex., prótons 
ou partículas alfa) costumam ser menos passíveis de reparação do que aquelas produzidas por uma radiação 
esparsamente ionizante (p. ex., raios X ou raios y). 
Danos ao DNA que não são reparados ou que são mal reparados podem ser expressos na forma de mutações, 
cuja frequência se aproxima de 10-5 a 10-6 por locus por sievert. 
Uma vez que a troca de mutação tende a aumentar proporcionalmente à dose, pode-se inferir que tuna única 
partícula ionizante que atravesse um alvo genético pode ser suficiente para provocar uma mutação. A lesão por 
radiação também pode causar alterações no número e na estrutura dos cromossomos, cujas consequências 
já foram tão bem caracterizadas que sua frequência nos linfócitos pode servir como um dosímetro biológico. 
O dano a genes, cromossomos e outras organelas vitais induzido pela radiação pode matar as células, 
especialmente aquelas em processo de divisão, que compõem um grupo muito sensível à radiação. A sobrevida 
das células em divisão, medida em função da capacidade proliferativa, tende a diminuir exponencialmente com 
o aumento da dose; a rápida exposição a 1 a 2 Sv em geral reduz a população sobrevivente dessas células em 
cerca de 50%. 
Com exceção dos linfócitos e oócitos, que tendem a morrer na intérfase, a maioria das células exterminadas 
pela irradiação morre durante a mitose. 
Embora a morte das células seja um processo estocástico (aleatório), uma dose inferior a 0,5 Sv destrói muito 
poucas células para causar uma lesão clinicamente detectável na maioria dos órgãos, exceto os testículos e os 
órgãos do embrião. O extermínio das células progenitoras em divisão, quando suficientemente extenso, pode 
interferir na reposição ordenada das células senescentes, principalmente em tecidos como a epiderme, a medula 
óssea e o epitélio intestinal, que normalmente se caracterizam por apresentar taxas elevadas de renovação 
celular. 
O período de tempo até o aparecimento da atrofia resultante varia, dependendo da dinâmica populacional das 
células no interior do tecido em questão; em órgãos como o fígado e o endotélio vascular, que se caracterizam 
por apresentar uma renovação celular lenta, a manifestação da lesão é retardada. Além disso, se o volume do 
tecido exposto for pequeno ou se a dose for acumulada de modo suficientemente lento, os efeitos da irradiação 
podem ser em parte combatidos por respostas adaptativas e pela hiperplasia regenerativa compensatória das 
células sobreviventes. 
➢ Manifestações Clinicas 
 
• Pele 
Após uma rápida exposição a uma dose de 6 Sv ou superior, geralmente surge no período de 1 dia um eritema 
que dura algumas horas e é seguido 2 a 4 semanas depois por uma ou mais ondas de eritema mais intenso e 
mais prolongado e queda de pêlos. Uma exposição breve a uma dose situada no intervalo de 10 a 20 Sv pode 
causar lesão transepitelial, surgindo descamação úmida, necrose e ulceração dentro de 2 a 4semanas. A 
subsequente fibrose da derme e da vasculatura subjacente pode levar à atrofia e a uma segunda onda de 
ulcerações meses ou anos mais tarde. 
• Medula Óssea e Tecido Linfoide 
Uma dose de 2 a 3 Sv aplicada rapidamente em todo o corpo destrói um número de linfócitos suficiente para 
reduzir a contagem de linfócitos e a resposta imunológica dentro de horas. Tal dose também pode danificar as 
células hematopoéticas o suficiente para causar leucopenia e trombocitopenia profundas dentro de 3 a 5 
semanas. Se a dose ultrapassar 5 Sv, é provável que ocorram infecção fatal e hemorragia. 
• Intestino 
Após uma dose aguda de 10 Sv, a morte de células-tronco epiteliais é suficientemente extensa para causar 
um rápido desnudamento das vilosidades intestinais. Se a região afetada for grande, poderá ocorrer a morte 
em decorrência de uma síndrome fatal semelhante à disenteria em alguns dias. 
• Aparelho Respiratório 
A rápida exposição dos pulmões a uma dose de 6 a 10 Sv danifica as células dos alvéolos e a vasculatura 
pulmonar em um grau suficiente para provocar pneumonite aguda dentro de 1 a 3 meses. 
Quando extenso, o processo pode levar à insuficiência respiratória fatal em 6 meses ou à fibrose pulmonar 
e ao cor pulmonale meses ou anos mais tarde. 
• Gônadas 
Os espermatozoides são relativamente radiorresistentes, mas as espermatogônias são altamente sensíveis à 
radiação; uma dose de 0,15 Sv aplicada rapidamente em ambos os testículos causa oligospermia após um 
período de latência de cerca de 6 semanas, e uma dose de 2 a 4 Sv pode provocar esterilidade permanente. 
Os oócitos também são radiossensíveis; a administração de uma dose de 1,5 a 2,0 Sv a ambos os ovários causa 
esterilidade temporária, e uma dose maior produz esterilidade permanente, dependendo da idade da mulher 
na época da exposição. 
• O Cristalino do Olho 
A exposição aguda do cristalino a mais de 0,5 Sv pode causar uma opacificação polar posterior microscópica 
em alguns meses, e 2 a 3 Sv recebidos em uma única exposição breve ou 5,5 a 14 Sv acumulados durante meses 
podem provocar uma catarata que prejudica a visão. 
• Outros Tecidos e Órgãos 
Outros tecidos e órgãos, exceto os do embrião, são relativamente pouco radiossensíveis. Entretanto, todos os 
tecidos são mais radiossensíveis quando estão crescendo rapidamente. 
• Lesão do Corpo Inteiro por Radiação 
A breve exposição da maior parte do corpo a mais de 1 Sv pode causar a síndrome da radiação aguda, que 
se caracteriza por: (1) uma fase inicial prodrômica de mal-estar, anorexia, náuseas e vômitos; (2) um período 
de latência subsequente; (3) uma segunda fase (principal) de doença, e (4) recuperação ou morte. A principal 
fase da doença geralmente assume uma de quatro formas básicas: 
(1) hematológica; (2) gastrointestinal; (3) neurovascular ou (4) pulmonar, dependendo do tamanho e da 
distribuição anatómica da dose. 
• Lesão por Radiação Localizada ou Regional 
Ao contrário da síndrome de radiação aguda, cujas manifestações são drásticas e relativamente imediatas, as 
reações da maioria dos tecidos à irradiação localizada tendem a evoluir mais lentamente sem produzir 
sintomas ou sinais, a menos que o volume de tecido irradiado ou a dose seja grande. A lesão produzida por 
um radionuclídeo segue a distribuição anatômica desse elemento e a radiação por ele emitida, a qual pode ser 
influenciada pelo estado físico-químico do radionuclídeo e pela sua porta de entrada no organismo. 
• Efeitos Hereditários (Genéticos) da Radiação 
As mutações hereditárias e as anormalidades cromossômicas induzidas pela radiação estão bem documentadas 
em outros organismos, mas ainda precisam ser observadas em humanos. Um estudo intensivo que envolveu 
mais de 76.000 filhos de sobreviventes japoneses das bombas atômicas não revelou nenhuma evidência clara 
de efeitos hereditários causados pela radiação. Os efeitos pesquisados consistiram em gravidezes com final 
adverso, óbitos neonatais, neoplasias malignas, rearranjos cromossômicos balanceados, aneuploidia dos 
cromossomos sexuais, alterações fenotípicas das proteínas séricas ou eritrocitárias, alteração na 
proporção dos sexos ou distúrbios do crescimento e desenvolvimento. 
Com base na evidência existente, infere-se que é necessária uma dose de, no mínimo, 1 Sv para duplicar a taxa 
de mutações hereditárias nas células germinativas humanas e que, consequentemente, menos de 1% de todas 
as doenças genéticas pode ser atribuída à irradiação natural de base. 
• Efeitos Carcinogênicos da Radiação 
Observou-se que muitos dos tipos de crescimentos benignose malignos podem ser induzidos por irradiação; 
entretanto, os crescimentos induzidos levaram geralmente anos ou décadas para aparecerem e não apresentaram 
características que os distinguissem dos crescimentos resultantes de outras causas. Além disso, salvo umas 
poucas exceções, tais crescimentos puderam ser detectados somente após doses relativamente grandes (> 0,5 
Sv), e sua frequência variou de acordo com o tipo de neoplasia, a idade e o sexo da população exposta. 
Uma vez que os dados existentes não são suficientes para descrever com precisão a relação dose-incidência ou 
para definir por quanto tempo após a irradiação o risco de câncer permanece elevado cm uma população 
exposta, a avaliação dos riscos da irradiação de níveis baixos precisa ser baseada em modelos que incorporam 
suposições sobre esses parâmetros. 
Tais avaliações têm dependido em grande parte do que foi encontrado nos sobreviventes das bombas atômicas, 
e pode-se inferir que a incidência total de câncer nesses indivíduos aumentou como uma função linear, sem 
limiar, da dose de radiação recebida. Contudo, não se pode presumir que essas estimativas sejam preditivas do 
risco de câncer atribuído a uma dose acumulada ao longo de semanas, meses ou anos, pois experimentos com 
animais de laboratório mostraram que a potência carcinogênica dos raios X e dos raios gama diminui de duas 
a 10 vezes quando a exposição é suficientemente prolongada. Além disso, as estimativas tabuladas 
correspondem a médias relativas a uma população nominal de homens e mulheres de todas as idades, ao passo 
que as estimativas relativas ao câncer de mama em mulheres e ao câncer de tireoide em pessoas irradiadas 
durante a infância são substancialmente mais altas do que aquelas mostradas. 
 
• Efeitos sobre a Duração da Vida 
A mortalidade por doenças cardiovasculares, respiratórias e outras não neoplásicas, assim como por 
diversas formas de câncer, está aumentada nas populações que foram irradiadas de modo intenso. Entretanto, 
nas populações levemente irradiadas esses efeitos não são evidentes e, em alguns casos, parece ter ocorrido um 
aumento da sobrevida. Esse achado levou alguns autores a sugerir que os efeitos de pequenas doses de radiação 
podem ser no final das contas benéficos (hormese por radiação), mas essa hipótese é altamente controversa e 
ainda precisa ser validada. 
• Efeitos da Irradiação Pré-natal 
O embrião é particularmente vulnerável à morte quando exposto antes da implantação; é suscetível a 
malformações e a outros transtornos do desenvolvimento quando exposto durante os estágios subsequentes 
da organogênese, e é sensível aos efeitos carcinogênicos da radiação durante toda a sua vida intrauterina. 
Entre os diversos distúrbios de crescimento e desenvolvimento são particularmente dignos de nota o aumento 
dose-dependente da frequência de retardo mental grave e a redução, também dose-dependente, das 
pontuações obtidas nos testes de QI observados nos sobreviventes das bombas atômicas que foram irradiados 
entre a 8ª e a 15ª semana e, em menor grau, aqueles irradiados entre a 16ª e a 25ª semana após a concepção. 
➢ LESÃO POR RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE 
• Radiação Ultravioleta 
O espectro da radiação ultravioleta (UV) está subdividido, por conveniência, em três faixas: UVA ou “luz 
negra”; de 315 a 400 nm; UVB, de 280 a 315 nm; e UVC, que é germicida, de 200 a 280 nm. 
A radiação UV não penetra profundamente nos tecidos humanos, por isso as lesões por ela causadas restringem-
se basicamente à pele e aos olhos. 
➢ Fisiopatologia 
Os efeitos da radiação UV são basicamente atribuídos à sua absorção pelo DNA; são produzidos dímeros 
de pirimidina que causam mutações nas células expostas. A sensibilidade à radiação UV pode aumentar quando 
há defeitos no reparo do DNA (como ocorre no xeroderma pigmentoso), ou pela ação de agentes (p. ex, a 
cafeína) que inibem as enzimas reparadoras e de agentes fotossensibilizantes (p. ex., psoralênicos, 
sulfonamidas, tetraciclinas, ácido nalidíxico, sulfonilureias, tiazídicos, fenotiazinas, furocumarinas e alcatrão 
da hulha) que produzem fotoprodutos do DNA que absorvem a radiação UV. A ação carcinogênica da 
radiação UV é mediada por efeitos diretos sobre as células expostas e pela queda da imunidade local. 
➢ Manifestações Clinicas 
A UVB presente na luz solar, embora muito menos intensa que a UVA, desempenha um papel mais importante 
na queimadura solar e na carcinogênese cutânea, mas a UVA também contribui para a carcinogênese cutânea, 
o bronzeamento, algumas reações de fotossensibilidade e o envelhecimento da pele. 
• Luz Visível 
A luz visível compreende ondas eletromagnéticas com comprimentos de ondas que variam de 380 nm (violeta) 
a 760 nm (vermelha). 
 
➢ Fisiopatologia 
Luz visível brilhante e contínua normalmente desencadeia uma resposta de aversão para proteger os olhos de 
lesões. Sob condições normais de visão, poucas fontes de luz, além do laser e do sol durante um eclipse solar, 
são grandes ou brilhantes o suficiente para causar queimaduras na retina. 
➢ Patogênese 
As reações fotoquímicas na retina resultantes de exposição prolongada a intensidades que ultrapassam 0,1 
mW/cm2, como as que podem resultar do conserto de uma fonte de luz brilhante, podem ser suficientes para 
produzir lesão fotoquímica por luz azul. Uma breve exposição da retina a intensidades que ultrapassam 10 
W/cm2, dependendo do tamanho da imagem, pode provocar queimadura retiniana. 
➢ Manifestações Clinicas 
Uma iluminação escassa pode causar fadiga ocular ou transtorno afetivo sazonal, enquanto uma iluminação 
muito intensa pode lesar a retina. 
• Radiação Infravermelha 
A radiação infravermelha consiste em ondas eletromagnéticas com comprimentos de onda que variam de 7x 
l0-5 m a 3 x 10-2 m. 
As lesões causadas pela radiação infravermelha são basicamente queimaduras de pele e cataratas do 
cristalino ocular. 
➢ Manifestações Clinicas 
Sopradores de vidro, ferreiros, operadores de fornos e pessoas que trabalham próximo de lâmpadas para 
aquecimento e secagem correm um risco maior de desenvolver catarata induzida por radiação infravermelha. 
• Radiação por Microondas 
As radiações de microondas e de radiofrequência consistem em ondas eletromagnéticas com frequências que 
variam de aproximadamente 3 kHz a 300 GHz. 
➢ Fisiopatologia 
Os efeitos biológicos das radiações de microondas e de radiofrequência são basicamente de natureza térmica. 
Por causa da penetração profunda desses tipos de radiação, as queimaduras cutâneas causadas por elas tendem 
a envolver tecidos dérmicos e subcutâneos e a cicatrizar lentamente. 
➢ Manifestações Clinicas 
Existem relatos de casos isolados de queimaduras de pele, lesão térmica de tecidos mais profundos e morte 
por hipertemia provocados por fontes industriais de radiação de microondas e radiofrequência. Foram, descritas 
também, queimaduras como consequência do uso incorreto ou impróprio de fomos de microondas 
domésticos e da exposição excessiva de pacientes com comprometimento das percepções cutâneas de dor e 
temperatura, as quais geralmente alertam contra lesões iminentes. Outros efeitos descritos na literatura, ainda 
não documentados de forma conclusiva, incluem catarata, comprometimento da fertilidade, distúrbios do 
desenvolvimento, anormalidades neurocomportamentais, depressão da imunidade e aumento do risco 
de câncer. As radiações de microondas e de radiofrequência também podem interferir em marcapassos 
cardíacos e em outros dispositivos médicos. 
REFERÊNCIA: Patologia Geral – Bogliolo – Geraldo Brasileiro Filho. 
As lesões produzidas por radiações ionizantes no ser humano resultam de: 
(1) inalação ou ingestão de poeira ou alimentos que contêm partículas radioativas, o que ocorre em 
trabalhadores de minas – onde são abundantes minerais radioativos, como o rádio; 
(2) exposição a radiações com fins terapêuticos ou diagnósticos; 
(3) contato acidental comradiações emanadas de artefatos nucleares como reatores, aparelhos de radioterapia 
ou de radiodiagnóstico; 
(4) bombas nucleares. 
Como o efeito das radiações ionizantes é o mesmo, independentemente da fonte ou do tipo de radiação, serão 
discutidos apenas os aspectos gerais dos mecanismos pelos quais as radiações produzem lesões, sem a 
preocupação de se estudar os aspectos específicos das doenças por irradiação. 
As radiações ionizantes lesam os tecidos por dois mecanismos: 
(1) ação direta sobre as macromoléculas – especialmente proteínas, lipídeos, carboidratos e ácidos nucleicos, 
nas quais podem produzir quebras, novas ligações e ionização de radicais, alterando a função dessas moléculas; 
(2) ação indireta, produzindo radicais livres a partir da ionização da água (radicais O2, OH, H2O2). 
Fatores que interferem nas lesões 
As lesões produzidas por radiações dependem de vários fatores, entre os quais: 
(1) dose e tempo de exposição – doses repetidas são mais lesivas do que a mesma dose aplicada de uma só vez; 
(2) oxigenação dos tecidos – pois, quanto maior a disponibilidade de O2, maior a radiossensibilidade; 
(3) substâncias radiossensibilizantes, como os análogos de bases orgânicas pirimídicas, as quais aumentam o 
poder lesivo das radiações; 
(4) elementos que removem radicais livres, como acisteína e a cisteamina, exercem efeito radioprotetor; 
(5) diferentes fases do ciclo celular, as quais tornam as células mais ou menos radiossensíveis: células em G2 
ou em M são mais sensíveis do que em G1, enquanto a menor sensibilidade é encontrada em células no final 
da fase S. 
Os tecidos com maior atividade mitótica são geralmente os mais radiossensíveis e os primeiros a apresentar 
alterações após radiações. Como muitos cânceres são formados por células com alta atividade mitótica, a 
radioterapia é muito utilizada no seu tratamento. Todavia, a radiossensibilidade dos tumores malignos é 
variada, havendo alguns mais e outros menos radiossensíveis. Há cânceres radiossensíveis e cânceres 
radiocuráveis; estes podem ser 
erradicados com radioterapia, mas 
aqueles sofrem grande regressão após 
a radioterapia, embora esta não 
elimine todas as células cancerosas. 
• Efeitos locais de radiações ionizantes. 
As alterações produzidas pelas radiações são denominadas lesões actínicas. Dependendo da dose e do tempo 
de irradiação, podem surgir lesões agudas (imediatas), lesões crônicas e lesões tardias. 
Na fase aguda, encontram-se: 
(1) lesões degenerativas, que vão desde degeneração hidrópica até necrose. Se são células com grande 
atividade mitótica, há inibição da proliferação e aparecimento de mitoses atípicas. Além disso, são frequentes 
células com núcleos pleomórficos resultantes de aneuploidia e poliploidia; células gigantes, com núcleos 
bizarros, também são comuns. Tais aberrações nucleares podem trazer dificuldade ao patologista que examina 
tecidos após irradiação para verificar possível persistência de células cancerosas, que também possuem núcleos 
pleomórficos e aberrantes. O estudo citogenético de células irradiadas revela todos os tipos de aberrações 
cromossômicas conhecidas: quebras, deleções, translocações, inversões etc. A análise dos descendentes dessas 
células pode mostrar o aparecimento das mais variadas mutações; 
(2) alterações vasculares, muito frequentes. Há vasodilatação e tumefação e vacuolização de células 
endoteliais, que podem sofrer necrose. Além do aumento de permeabilidade vascular (edema), pode haver 
ruptura da parede, hemorragia, formação de trombos e lesões decorrentes de obstrução do vaso. Na fase tardia, 
os vasos apresentam proliferação endotelial e fibrose hialina da parede, com redução da luz. Dilatações 
vasculares (telangiectasias) podem persistir por longo tempo; 
(3) migração de fagócitos (neutrófilos e macrófagos), que removem as células mortas e iniciam os estímulos 
para a cicatrização. 
Úlceras de irradiação na pele são de difícil cicatrização por causa da inibição da regeneração do epitélio e da 
proliferação endotelial e fibroblástica. No processo de cura, há intensa deposição de colágeno com tendência a 
hialinização. A fibrose intersticial difusa, maior do que a esperada por lesões induzidas por irradiações 
repetidas, é encontrada nos pulmões e no coração após irradiações múltiplas. 
• Irradiação total do corpo. 
A irradiação total do corpo pode produzir desde pequenas alterações funcionais até uma doença aguda grave, 
seguida de morte, além de complicações tardias, como aumento na incidência de câncer e aceleração do 
envelhecimento. As lesões aparecem primeiro em órgãos formados por tecidos mais radiossensíveis. 
O Quadro resume as manifestações que aparecem após a irradiação total do corpo por diferentes doses de 
radiação. Pessoas que sobrevivem à irradiação total do corpo apresentam, anos depois, sinais de 
envelhecimento acelerado. Camundongos irradiados também têm redução significativa da expectativa de vida. 
Não se sabe se isso decorre de 
possíveis mutações em genes que 
controlam os processos do 
envelhecimento ou se é devido a 
alterações vasculares observadas após 
irradiação (proliferação endotelial e 
fibrose da parede), que reduzem a 
nutrição dos tecidos. 
 
 
• Irradiação e câncer. 
O papel das radiações ionizantes na etiologia do câncer é inquestionável. Observações experimentais e 
epidemiológicas mostram aumento da incidência de diversos tipos de câncer, em tempos diversos, após 
determinadas doses de radiação. O período de latência entre a irradiação e o aparecimento do câncer é variável, 
sendo menor para os tumores do sistema hemolinfopoético (leucemias e linfomas). 
O mecanismo responsável é a capacidade que as radiações têm de induzir mutações gênicas, translocações ou 
deleções cromossômicas, podendo alterar, qualitativa ou quantitativamente, genes relacionados com 
neoplasias. 
• Irradiação do corpo no período pré-natal e de crescimento pós-natal. 
Se a irradiação ocorre na fase de blástula e, portanto, antes da implantação do ovo, é possível que haja 
eliminação do embrião sem que a mãe perceba ter ocorrido sua formação. A irradiação no período embrionário 
pode acarretar grande número de malformações, dependendo do estágio de desenvolvimento do embrião, pois 
é nessa época que ocorre a formação das estruturas básicas do corpo. Durante esse período, é comum 
abortamento após a irradiação. Irradiação durante o período fetal pode determinar manifestações observadas 
somente após o nascimento: redução de células neuronais, levando a retardo mental; depleção de células 
gonadais, causando disfunção reprodutiva; alteração em áreas de crescimento dos ossos, resultando em 
distúrbios do crescimento pós-natal; e aumento na incidência de cânceres na infância e na adolescência, 
especialmente leucemias e linfomas. 
➢ LUZ SOLAR 
A luz solar contém um amplo espectro de radiações, que vão desde pequenos comprimentos de onda (radiações 
cósmicas) até aqueles ao nível das ondas hertzianas. A radiação infravermelha produz calor, sendo responsável 
em parte por queimaduras solares. No entanto, são as radiações ultravioleta as mais importantes e 
potencialmente as mais lesivas. Além dos demais efeitos descritos a seguir, os raios ultravioleta (UV) 
diminuem o número de células de Langerhans da epiderme e reduzem as respostas imunitárias local e sistêmica, 
especialmente a imunidade celular. 
Existem três faixas de ultravioleta: < 290 nm (UVC), entre 290 e 320 nm (UVA) e entre 320 e 400 nm (UVB). 
Os raios UVC são absorvidos na camada de ozônio e não chegam à superfície da Terra (a proteção da camada 
de ozônio tem, pois, grande importância para as pessoas). Os raios UVA e UVB são os responsáveis pelas 
lesões provocadas pela luz solar, que podem ser agudas ou crônicas. Entre as agudas, têm-se hipertermia 
(insolação, intermação por choque térmico) e queimaduras. 
Estas se manifestam por eritema, edema e, maisraramente, formação de bolhas; em seguida, surgem 
descamação e hiperpigmentação. 
Os efeitos crônicos são mais importantes. Os raios UVB têm ação melanogênica, induzem pigmentação, são 
os responsáveis principais por fenômenos de fotossensibilização, associam-se ao envelhecimento acelerado e 
provocam lesões proliferativas, incluindo neoplasias (carcinomas, melanomas). Agindo por período 
prolongado, os raios UVB induzem enrugamento da pele, a qual se torna progressivamente coriácea (como 
pele curtida), e, portanto, o chamado envelhecimento cutâneo precoce. Isso se deve à degeneração e à 
fragmentação de fibras elásticas na derme e, consequentemente, a modificações nas propriedades elásticas da 
pele (daí o enrugamento). Os raios UVA causam degenerações em células da epiderme e alterações no seu 
DNA, o que pode provocar lesões proliferativas benignas (ceratose actínica) ou de malignidade variável 
(epitelioma basocelular, carcinoma de células escamosas e melanomas). 
A relação entre radiação solar e câncer da pele parece inquestionável: os carcinomas são mais frequentes em 
regiões expostas à luz solar – nos lábios, são mais comuns no inferior do que no superior. A ação carcinogênica 
de raios UV se deve à formação de dímeros de timina nas moléculas de DNA. Quase sempre, tal mutação é 
corrigida por produtos dos genes de reparo do DNA; quando isso não ocorre, as mutações são transmitidas às 
células-filhas e podem resultar no aparecimento de um câncer. 
 Fotossensibilização 
Reações de fotossensibilização são induzidas por substâncias que se depositam na pele e, por absorverem raios 
UV, podem ser ativadas, originar radicais livres e ter efeitos tóxicos sobre células epidérmicas; com isso, 
causam eritema, edema e, às vezes, bolhas, exacerbando os efeitos da luz. Essa sequência constitui uma 
reação do tipo fototóxica. Outras vezes, uma substância se deposita na pele e, por ação de raios UV, é ativada 
e forma radicais que funcionam como haptenos, os quais se ligam a proteínas da epiderme e induzem uma 
resposta imunitária do tipo celular, desencadeando reações semelhantes às dadermatite de contato. Surge 
eczema, em geral dias após a exposição à substância e à luz solar, período em que se está montando a resposta 
imunitária. O quadro é de uma dermatite eczematosa, com vermelhidão, edema, prurido e formação de bolhas. 
Trata-se de uma reação tipicamente fotoalérgica. 
Há fármacos que são eminentemente fototóxicos, como fenotiazínicos, psoralenos e metotrexato, e outros 
predominantemente fotoalérgicos, como quinidina e quinino; outros ainda podem ter os dois efeitos, como 
sulfonamidas e ciclamatos. Quando o produto fotossensibilizador é de natureza vegetal, fala-se em 
fitofotodermatose (comum após contato com folhas de figo, sumo do limão etc.). 
A fotossensibilização pode ocorrer em doenças sistêmicas, como o lúpus eritematoso, no qual a exposição aos 
raios UV pode induzir a atividade da doença. Nas porfirias, os depósitos de protoporfirinas na pele induzem 
lesões fototóxicas; na pelagra, há exacerbação dos efeitos epidérmicos da radiação solar, com eritema, edema 
e hiperpigmentação. 
➢ CARCINOGÊNESE POR RADIAÇÕES 
Tanto as radiações excitantes (ultravioleta) como as ionizantes podem provocar tumores em humanos e em 
animais. As formas de exposição a esses agentes físicos são muito variadas e frequentes, de modo que, em 
conjunto, eles têm grande interesse prático. Como na carcinogênese química, as radiações também provocam 
mutações e são capazes de ativar oncogenes (principalmente RAS) e/ou inativar genes supressores de tumor, 
podendo atuar sinergicamente com outros carcinógenos. Os efeitos carcinogênicos das radiações podem 
ocorrer muitos anos ou décadas depois da exposição. 
• Radiação ultravioleta 
Os raios ultravioleta (UV) da luz solar são provavelmente o agente cancerígeno mais atuante na espécie 
humana. Os cânceres da pele, que são os mais frequentes em humanos, têm estreita relação com exposição ao 
sol e são encontrados predominantemente em pessoas expostas à luz solar por período prolongado. Indivíduos 
que trabalham ou ficam muito tempo em contato com raios solares desenvolvem diversas lesões pré-cancerosas 
da pele (ceratose solar), carcinomas basocelular ou de células escamosas e melanomas. O risco de aparecimento 
desses tumores depende da intensidade e da duração da exposição e da proteção natural de cada indivíduo. A 
suscetibilidade a esses tumores é inversamente proporcional à pigmentação cutânea, já que melanina é um filtro 
eficiente da radiação ultravioleta. 
A faixa ativa das radiações UV é de 200 a 400 nm (ver Luz solar, no Capítulo 3). Os raios UVB são os mais 
implicados em tumores da pele. O alvo principal da radiação é o DNA, no qual podem ser produzidas várias 
alterações, das quais a formação de dímeros de timina é a mais importante. Trata-se da formação de uma 
mutação puntiforme que pode afetar oncogenes ou genes supressores de tumor; em cânceres humanos ou 
experimentais, encontram-se mutações nos genes RAS e TP53 associadas a exposição a UVB. 
Em condições normais essas modificações na molécula de DNA podem ser reparadas pelos sistemas 
enzimáticos, aparecendo tumores somente quando esses sistemas protetores falham. No xeroderma pigmentoso 
(doença de herança autossômica recessiva), o sistema reparador é defeituoso e os pacientes desenvolvem vários 
cânceres da pele já na juventude. Além disso, pelo menos em animais, radiação UV estimula linfócitos T 
supressores a inibir a resposta imunitária, o que também pode favorecer o aparecimento de neoplasias. 
• Radiação Ionizante 
As radiações ionizantes podem ser eletromagnéticas (raios X e gama) ou particuladas (partículas alfa e beta, 
prótons e nêutrons). As principais evidências da ação cancerígena dessas radiações são: 
■ Maior incidência de câncer cutâneo ou leucemias em radiologistas ou operadores de aparelhos de raios X 
que, no passado, não usavam a devida proteção 
■ Exposição excessiva aos raios X na infância aumenta a incidência de leucemias e câncer da tireóide 
■ Câncer broncopulmonar é mais comum em trabalhadores de minas que contêm 
compostos radioativos 
■ Aparecimento de osteossarcomas em operários que envernizavam mostradores 
luminosos e que tinham o hábito de umedecer com os lábios o pincel com material 
fluorescente contendo substâncias radioativas 
■ Aumento da incidência de leucemias e de tumores sólidos (mama, cólon etc.) 
em sobreviventes das explosões atômicas de Hiroshima e Nagasaki 
■ Aumento de câncer da tireoide em crianças que viviam nas proximidades do 
local do acidente de Chernobil 
■ Aplicação experimental de radiações induz neoplasias em diferentes animais. 
Figura 10.36 Formação de dímero de timina por radiação ultravioleta (UV) e 
reparo do DNA. A. Molécula de DNA de dupla fita. B. Formação de dímero de 
timina por radiação UV. C. Início de reparo por ação de uma endonuclease que 
cliva as ligações fosfodiéster de nucleotídeos. D. Remoção da sequência 
contendo o dímero por uma exonuclease. E. Preenchimento da porção removida por DNA polimerase. F. 
Ligação do segmento copiado por uma ligase. 
Diante de tantos indícios do potencial oncogênico desses agentes, existe justificada preocupação em reduzir a 
exposição das pessoas às radiações ionizantes. Graças às precauções tomadas, atualmente essas radiações são 
responsáveis por poucos cânceres humanos. 
O efeito carcinogênico das radiações ionizantes também deve-se ao seu potencial mutagênico, uma vez que 
podem provocar diversas alterações cromossômicas (translocações, quebras, mutações puntiformes e, 
principalmente, deleções). O poder mutagênico depende ainda dos seguintes fatores: 
■ Tipo de células-alvo. Diferentes tecidos têm sensibilidade distinta. Quanto maior a taxa de renovação celular 
e menor o grau de diferenciação das células, maior é a sensibilidade. A medula óssea, por exemplo, é muito 
sensível às radiaçõesionizantes. Essa regra geral vale também para o tratamento dos próprios tumores, ou seja, 
neoplasias pouco diferenciadas ou em acelerada taxa de proliferação respondem mais à radioterapia 
■ Idade do indivíduo. Fetos, recém-nascidos e crianças são mais vulneráveis aos efeitos de radiações do que 
os adultos 
■ Eficiência dos mecanismos de reparo do DNA: mutações herdadas nos genes RAD e BRCA tornam o 
indivíduo mais suscetível à ação de radiações 
■ A resposta imunitária e o estado hormonal também influem na ação cancerígena de radiações. 
REFERÊNCIA: Dermatologia – Azulay 
Camada de ozônio e vida na Terra 
O espectro eletromagnético solar impediu, durante milhões de anos, a 
existência da vida na superfície terrestre. Por esse motivo, a vida iniciou-se no 
fundo do mar, fora do alcance dessas radiações. No fundo do mar formaram-se 
algas unicelulares, que iniciaram a produção de O2, enviado em quantidade cada 
vez maior à superfície terrestre. Os raios UV agiram sobre o O2, transformando-
o em O3 (ozônio). Lentamente, o O3 foi se acumulando na estratosfera, formando, 
assim, a camada de ozônio. Essa camada impediu a chegada de radiações UVC (a 
vida é incompatível com a presença de UVC), de quantidade expressiva de UVB 
e de quantidade pequena de UVA. Desse modo, a camada de ozônio possibilitou 
o surgimento da vida na superfície terrestre. 
A maior ou menor chegada dos raios UV à superfície terrestre depende dos seguintes fatores: 
■ horário: ao meio-dia, a radiação solar está na menor distância da Terra 
■ latitude: a radiação é gradativamente maior a partir dos polos para o Equador (neste ponto a camada de 
ozônio é menos espessa) 
■ estação: a radiação é maior no verão (o ângulo de incidência é perto dos 90°) 
■ altitude: a radiação é mais intensa em grandes altitudes porque há menos atmosfera para absorvê-la 
■ poluição atmosférica: as nuvens diminuem a radiação entre 10 e 80%. 
A quantidade de UVA que atinge a superfície terrestre é praticamente constante 
durante o dia, uma vez que o UVA é pouco filtrado pela camada de ozônio, ao passo que a 
quantidade de radiação UVB é maior no período entre 10 e 14 h, com pico ao meio-dia (entre 
11 e 15h no horário de verão), em função do posicionamento da Terra em relação ao sol, pois 
a camada de ozônio absorve grande quantidade de UVB. Vale ressaltar o fato de a radiação 
UVA ter uma intensidade 20 vezes maior que a radiação UVB ao chegar à Terra e ser capaz 
de atravessar vidros comuns, diferentemente do UVB que não atravessa. 
• Interação das radiações com a pele 
As radiações, ao atingirem a pele, são parcialmente refletidas, refratadas e, em parte, absorvidas. É 
importante ressaltar que apenas a radiação absorvida dá início à reação fotoquímica inaugural da resposta 
biológica (lei de Grotthus e Draper). 
A pele é constituída de moléculas orgânicas (lipídios, glicídios, proteínas e ácidos nucleicos) e água, 
trazendo em solução íons inorgânicos. Uma das características das moléculas orgânicas é o chamado espectro 
de absorção, que guarda relação com a estrutura eletrônica delas. A maioria dessas moléculas tem o seu 
espectro de absorção máximo na faixa do UV; como exemplos podem ser citados o triptofano e a tirosina, que 
absorvem 280 nm; os esteroides, que absorvem acima de 300 nm. 
Assim, essas radiações de diferentes comprimentos de onda, interagindo sobre diferentes moléculas 
orgânicas que se encontram na epiderme e derme, determinam reações fotoquímicas cujo efeito final está 
relacionado com a importância do papel biológico da molécula envolvida. A molécula que absorve o fóton é 
denominada cromóforo. Quando o cromóforo absorve o fóton, a molécula 
deixa o estado de repouso e torna-se excitada e, portanto, capaz de reagir 
com moléculas do meio biológico, levando à formação de fotoprodutos 
(oxidação de fosfolipídios de membrana), ou, ainda, a modificações 
bioquímicas (síntese de prostaglandinas), ou mesmo a alterações celulares 
(apoptose) e, finalmente, a alterações teciduais identificáveis do ponto de 
vista clínico (eritema, bolha, pigmentação). Deve-se assinalar que o DNA é 
o principal cromóforo da pele, relacionando-se não apenas com as 
modificações da resposta imunológica da pele como também com a indução 
de mutações celulares e o desenvolvimento de malignidades como 
consequência da interação da radiação UV com a pele. 
• Efeitos da radiação ultravioleta sobre a pele 
A luz UV atinge diferentes camadas da pele dependendo do comprimento de onda, e assim, interage 
com diferentes células localizadas em profundidades distintas. A radiação UV de comprimento de onda curto 
(UVB) é absorvida predominantemente na epiderme, afetando os queratinócitos. A radiação de comprimento 
de onda longo (UVA) penetra profundamente e interage tanto com queratinócitos da epiderme quanto com 
fibroblastos dérmicos (Figura 75.5). Em linhas gerais, a luz UVA atua principalmente gerando radicais livres 
que irão, posteriormente, ser responsáveis pela peroxidação lipídica e ativação dos fatores de transcrição. Já a 
radiação UVB, embora possa também gerar radicais livres, tem como principal mecanismo de ação a interação 
direta com o DNA, causando diversas alterações. 
Em termos práticos, os efeitos perceptíveis da radiação UV podem ser divididos em precoces (eritema, 
queimadura, bronzeamento, espessamento da epiderme, imunossupressão) e tardios (fotoenvelhecimento, 
fotocarcinogênese) 
• Efeitos precoces da radiação ultravioleta 
Eritema 
A reação eritematosa à radiação UV é um processo inflamatório, e depende do comprimento de onda 
em questão, sendo maior quanto menor for o comprimento de onda; assim, a radiação UVB é a mais eficaz na 
indução de eritema, e a radiação UVA é 1.000 vezes menos potente na indução de eritema, sendo responsável 
por cerca de 15% do eritema induzido pelo sol. O eritema ocorre de 4 a 8 h após a exposição solar, e é resultante 
de um processo de oxidação das proteínas aromáticas pericapilares; essa alteração molecular leva à liberação 
de substâncias mediadoras da vasodilatação, dentre as quais sobressaem as prostaglandinas. Acrescente-se, 
ainda, que os fótons absorvidos degranulam os mastócitos, liberando histamina, com as suas já conhecidas 
consequências. Por outro lado, a lesão dos leucócitos, dos lisossomos e dos queratinócitos libera substâncias 
eritrogênicas. O pico do eritema ocorre entre 6 e 24 h, desaparecendo gradativamente ao longo de 1 dia ou 
pouco mais, dependendo do fototipo. Esse eritema pode ser retardado ou diminuído pelo uso, em tempo, de 
inibidores das prostaglandinas, como o ácido acetilsalicílico e a indometacina. A avaliação do eritema se faz 
pela determinação, experimentalmente, da dose eritematosa mínima (DEM), ou seja, a menor quantidade de 
radiação necessária para produzir discreto, porém nítido eritema 24 h após a exposição. Em geral, a DEM é 
determinada exclusivamente pelos UVB. 
Queimadura 
Não difere das queimaduras em geral; na queimadura solar de primeiro grau, observam-se apenas 
eritema e edema das áreas irradiadas, com desconforto relativo; na queimadura de segundo grau, como o edema 
é muito intenso, há formação de bolhas que, ao se romperem, eliminam grandes quantidades de eletrólitos e 
proteínas. Dependendo da extensão e/ou intensidade do processo, ocorre sintomatologia geral: náuseas, febre, 
calafrios, taquicardia, delírio, prostração e, até mesmo, choque. Acrescente-se, ainda, que nos climas quentes 
a superexposição solar leva à hiperidrose, com grandes perdas de água e eletrólitos, e graves repercussões para 
o equilíbrio térmico e hidreletrolítico. O tratamento dos casos leves é feito por emulsões, uso de pasta d’água 
e administração de corticosteroides locais; os casos graves necessitam de terapêutica sistêmica com 
corticosteroide, sobretudo triancinolona (intramuscular), e cuidados especiais (reidratação, reposição de 
eletrólitos etc.), sendo muitas vezes necessáriaa internação em CTI. 
Até certo ponto, após exposição solar exagerada, sobretudo em pessoas de pele fototipos I a III, impõe-
se, nas primeiras horas, bloquear o efeito das prostaglandinas pelo uso de ácido acetilsalicílico ou indometacina. 
A ocorrência de queimaduras em pacientes que fazem tratamento com o método PUVA-sol é frequente. 
 
 
Pigmentação 
Há dois tipos de pigmentação melânica da pele: a cor intrínseca da pele, geneticamente determinada e 
imutável; e a facultativa, decorrente da ação dos raios solares e dos hormônios, que é mutável. Esta, quando 
estimulada pelos raios solares ou UV artificialmente produzidos, é conhecida com o nome de bronzeamento. 
Chama-se unidade melanina-epiderme o conjunto constituído funcionalmente por um melanócito e 
cerca de 36 queratinócitos; é do funcionamento dessas unidades que dependem a cor genética da pele e a cor 
facultativa (bronzeamento). Os melanócitos fabricam grânulos – os melanossomos –, que sofrem a melanização 
por meio da tirosinase, que, pela oxidação da tirosina, leva à formação da melanina; os melanócitos injetam, 
por meio de seus dendritos, os melanossomos no interior dos queratinócitos que os incorporam. Com a 
maturação dos queratinócitos, os melanossomos são eliminados. 
O bronzeamento é induzido tanto pela radiação UVA quanto pela UVB, e pode ser classificado em duas 
categorias: 
■ bronzeamento imediato (BI): conhecido pelo nome fenômeno de Meirowsky, ocorre poucos minutos após 
a exposição solar e persiste até 24 h 
■ bronzeamento tardio (BT): se inicia de 2 a 3 dias após a irradiação e dura, em média, semanas a meses. 
O BI decorre de melanização, isto é, da foto-oxidação da melanina previamente existente, enquanto o 
BT deriva da melanogênese e transferência da melanina aos queratinócitos. A radiação UVA provoca o BI, 
que por seu caráter efêmero, não oferece proteção contra os efeitos da radiação UVB. Doses subsequentes de 
luz UVA promovem BT e pigmentação persistente. Já a radiação UVB em dose eritrogênica produz BT, visível 
após cerca de 72 h e capaz de fornecer proteção contra doses subsequentes de radiação UVB. Assim, tanto a 
radiação UVA quanto a UVB podem causar bronzeamento, mas a UVA é menos eficaz (sendo a UVA curta 
um pouco mais eficaz). Convém lembrar que os raios infravermelhos e os raios visíveis (luz) também produzem 
BT, mas em escala muito menor. 
Para mais informações sobre os 
mecanismos de proteção contra 
luz e irradiação UVA, UVB e 
UVC, veja o quadro. 
 
Do ponto de vista prático, é interessante saber que: 
■ antes das 9 e depois das 15 h, o eritema solar é mínimo e o bronzeamento é máximo (sobretudo BI, 
mas também BT), pois a quantidade de UVB que chega à Terra é pequena, e a de UVA é grande 
■ ao meio-dia, a quantidade de UVB é máxima, por isso o eritema é intenso, bem como o BT, embora 
se saiba que, nesse momento, o UVB represente 1/100 em relação ao UVA 
■ além da quantidade de radiação que chega à Terra, deve-se considerar o acréscimo decorrente da 
reflexão na neve, na areia e no mar; essa reflexão é bem maior com o UVA do que com o UVB. 
Em decorrência dos diferentes 
padrões de resposta à radiação 
determinados geneticamente, 
criou-se uma classificação dos 
vários fototipos de pele 
(classificação de Fitzpatrick), que 
até certo ponto é arbitrária, porém 
de grande valor prático. 
REFERÊNCIA: Patologia Básica – Robbins 
Agressão por Radiação Ionizante 
A radiação é um tipo de energia que se transmite na forma de ondas ou partículas de alta velocidade. A 
radiação tem uma ampla variedade de energias que abrangem o espectro eletromagnético; ela pode ser dividida 
em radiação não ionizante e ionizante. A energia da 
radiação não ionizante, como a luz UV e a 
infravermelha, micro-ondas e ondas sonoras, consegue 
mover átomos em uma molécula ou colocá-los para 
vibrar, mas não é suficiente para deslocar elétrons dos 
átomos. Em contrapartida, a radiação ionizante possui 
energia suficiente para remover elétrons fortemente 
unidos nos átomos. A colisão dos elétrons com outras 
moléculas libera mais elétrons, em uma reação em 
cascata, chamada de ionização. As principais fontes de 
radiação ionizante são raios X e raios gama (ondas 
eletromagnéticas de altas frequências), nêutrons de alta 
energia, partículas alfa (compostas de dois prótons e 
dois nêutrons), e partículas beta, que são essencialmente elétrons. Em quantidades equivalentes de energia, as 
partículas alfa induzem grandes danos em uma área restrita, ao passo que os raios X e raios gama dissipam a 
energia em um trajeto mais longo e penetrante e produzem um dano consideravelmente menor por unidade de 
tecido. Cerca de 50% da dose total de radiação ionizante recebida pela população dos Estados Unidos é 
produzida pelo homem, sendo a maioria proveniente de dispositivos médicos e radioisótopos. De fato, a 
exposição dos pacientes à radiação ionizante durante exames de imagem radiológica quase duplicaram entre o 
começo dos anos 1980 e 2006, principalmente devido ao uso mais difundido dos exames de tomografia 
computadorizada (TC). 
A radiação ionizante é uma faca de dois gumes. É indispensável na prática da medicina, sendo utilizada 
no tratamento de câncer, no diagnóstico por imagem, e nos radioisótopos para diagnósticos ou tratamento, mas 
também produz efeitos adversos a curto e longo prazo, como fibrose, mutagênese, carcinogênese e 
teratogênese. 
 
Principais Determinantes dos Efeitos Biológicos da Radiação 
Ionizante 
Além das propriedades físicas da radiação, os seus efeitos 
biológicos dependem em grande parte dos seguintes fatores. 
• A taxa de distribuição modifica de maneira significativa 
o efeito biológico. Embora o efeito da energia radiante seja 
cumulativo, doses divididas podem permitir as células reparar 
alguns dos danos entre as exposições. Dessa forma, doses 
fracionadas da energia radiante têm efeito cumulativo somente na 
extensão em que o reparo durante os intervalos de “recuperação” é 
incompleto. A terapia por radiação de tumores explora a capacidade 
geral das células normais de se repararem e se recuperarem mais 
rapidamente do que as células tumorais, e, dessa forma, não 
sofrerem tanto dano cumulativo pela radiação. 
• O tamanho do campo (área que recebe a irradiação) 
possui grande influência nas consequências de irradiação. O 
corpo pode suportar doses relativamente altas de radiação quando 
são distribuídas em campos pequenos e cuidadosamente 
delimitados, ao passo que doses menores, mas distribuídas em áreas 
maiores, podem ser fatais. 
• Proliferação celular. Em função de a radiação ionizante 
danificar o DNA, as células que se dividem rapidamente são 
mais vulneráveis à lesão que as células quiescentes. Exceto 
nas doses extremamente altas que prejudicam a transcrição do DNA, a irradiação não mata células que não se 
dividem, como os neurônios e as células musculares estriadas. No entanto, nas células em divisão, o dano ao 
DNA é detectado por sensores que produzem sinais que ativam o p53, o “guardião do genoma”. O p53, por sua 
vez, regula a expressão dos genes que, inicialmente, param o ciclo celular, e caso o dano no DNA seja grande 
demais para ser reparado, genes que causam a morte celular através da apoptose. Compreensivelmente, então, 
os tecidos com uma alta taxa de divisão celular, como as gônadas, medula óssea, tecido linfoide e a mucosa do 
trato gastrointestinal, são extremamente vulneráveis à radiação, e a lesão é manifestada logo após a exposição. 
• Efeitos no oxigênio e hipoxia. A produção de espécies reativas de oxigênio a partir de reações com 
radicais livres gerados pela radiólise da água é o principal mecanismo pelo qual o DNA é danificado pela 
radiação ionizante. Tecidos pouco vascularizados com baixa oxigenação, como a zona central de tumores que 
crescem rapidamente, geralmente são menos sensíveis à terapia de radiação do que os tecidos não hipóxicos.• Dano vascular. Dano às células endoteliais, que são moderadamente sensíveis à radiação, causa 
estreitamento ou obstrução dos vasos sanguíneos, provocando prejuízo na restauração tecidual, fibrose e atrofia 
isquêmica crônica. Essas alterações podem aparecer meses 
ou anos após a exposição. Os efeitos tardios nos tecidos 
com baixa taxa de proliferação celular, como o cérebro, rins, 
fígado, músculos e tecido subcutâneo, consistem em morte 
celular, atrofia e fibrose. Esses efeitos estão associados ao 
dano vascular e à liberação de mediadores pró-inflamatórios 
nas áreas irradiadas. 
 
 
 
3. Lesões de pele benignas mais comuns, diferenciando do câncer de pele. REFERÊNCIA: Dermatologia - Azulay 
➢ TUMORES BENIGNOS DA PELE 
Os tumores benignos que se desenvolvem a partir de outros tipos de células da pele incluem: 
 - A maioria dos tipos de pintas. 
 - Queratoses seborreicas – Pontos salientes marrons ou pretos com superfície áspera. 
 - Hemangiomas - Crescimentos benignos dos vasos sanguíneos muitas vezes chamados de manchas de 
cereja, morango ou vinho do porto. 
 - Lipomas - Tumores benignos das células adiposas (gordura). 
 - Verrugas - Crescimentos de superfície áspera, causados por vírus. 
A maioria desses tumores raramente, ou nunca, se transforma em câncer. Existem ainda outros tipos de tumores 
benignos na pele, mas são incomuns. 
• Quisto sebáceo 
O quisto sebáceo é um tumor cutâneo benigno muito comum que pode surgir nos adolescentes ou jovens 
adultos, provavelmente devido a fatores hereditários. O quisto sebáceo costuma ser constituído por uma fina 
membrana de tecido conjuntivo revestida interiormente por células epiteliais que, ao desunirem-se, se 
transformam numa massa mole e branca, semelhante ao sebo, correspondente ao conteúdo do quisto. O tumor 
desenvolve-se na espessura da pele e evidencia-se como um nódulo redondo e liso, com uma consistência firme 
e de tamanho variável, por vezes com vá- rios centímetros de diâmetro, que embora afete principalmente o 
couro cabeludo (sendo, nestes casos, designado "quisto"), também pode manifestar-se na face, ouvidos, genitais 
ou costas. 
Embora possa adquirir dimensões consideráveis, o quisto sebáceo não costuma gerar dor, nem provocar 
grandes problemas. Contudo, por vezes, pode infectar e inflamar, evidenciando uma tonalidade vermelha e 
provocando dor intensa. Para além disso, ocasionalmente, a cápsula rompe para o exterior, permitindo a saída 
do conteúdo, embora volte posteriormente a formar-se. Caso um quisto sebáceo adquira dimensões 
significativas ou infecte, deve-se recorrer à sua extração cirúrgica, uma simples intervenção realizada sob 
anestesia local, através da qual se deve extrair toda a cápsula, para que não se volte a formar. 
• Quisto epidermoide 
O desenvolvimento deste tumor benigno é provocado por uma invaginação da epiderme na derme, em que as 
células epidérmicas formam uma membrana que constitui uma espécie de bolsa onde se acumulam restos 
celulares e MEM no seu interior. Embora possa ser provocado por fatores congénitos, por vezes, desenvolve-
se como complicação de lesões inflamatórias ou feridas que proporcionam a penetração do tecido epidérmico 
na derme. O quisto epidermóide costuma manifestar-se na adolescência ou na idade adulta e evidencia-se como 
um nódulo redondo de consistência sólida, que cresce até adquirir dimensões que oscilam entre 1 a 5 cm de 
diâmetro. 
Este tipo de quisto costuma localizar-se na face, nuca ou tronco, embora possa formar-se noutras partes do 
corpo. Depois de se desenvolver, permanece estável, sem que o seu tamanho se reduza com o passar do tempo. 
Embora normalmente não gere problemas, por vezes, pode infectar e inflamar, adoptando uma cor vermelha e 
provocando dor. Nestes casos, deve-se proceder à realização de uma intervenção cirúrgica, que também pode 
ser realizada quando, devido à sua localização e aspecto, o paciente o considerar pouco estético. 
• Queratose seborreica 
Este tumor, igualmente designado verruga seborreica, é provocado por um desenvolvimento exagerado, de 
causa ainda desconhecida, das células epidérmicas, ainda que se pense que dependa de fatores hereditários. 
Normalmente, aparece na idade adulta, após os 40 anos, ou nas mulheres, após a menopausa, e a sua frequência 
aumenta a partir dos 60 anos. 
Inicialmente, manifesta-se como uma pequena zona de pele pigmentada, de cor acinzentada, que começa a 
crescer e a tornar-se proeminente, formando um tumor consistente de superfície rugosa, revestido por escamas 
espessas até se assemelhar a uma grande verruga, já que alcança um diâmetro de 1 a 2 cm e, por vezes, maior. 
Embora possa evidenciar-se apenas um tumor, por vezes, o passar do tempo permite a formação de vários, uns 
junto aos outros. A sua localização mais comum corresponde à face, às costas e ao dorso das mãos. Depois de 
o tumor finalizar o seu crescimento, permanece estável, raramente diminui de tamanho e, apenas em casos 
raros, chega a desaparecer. Embora não gere grandes problemas, ocasionalmente, pode originar prurido, que 
incita o paciente a coçar-se e ao consequente perigo de uma erosão que favoreça a sua infecção. 
• Acrocórdio 
O acrocórdio, igualmente designado fibroma pêndulo, é um tumor cutâneo benigno frequente, que se manifesta 
nos adultos e, sobretudo, nos idosos. Embora a sua origem ainda seja desconhecida, provavelmente está 
relacionada com fatores hormonais, já que surge, por vezes, durante a gravidez ou após a menopausa. 
Trata-se de um tumor redondo de consistência mole e elástica de pequenas dimensões, em média 2 a 3 mm de 
diâmetro, que sobressai da pele, à qual se encontra unido através de um fino pedículo. Embora o tumor tenha 
habitualmente a mesma cor da pele, por vezes é mais escuro. Na maioria dos casos, evidencia-se no pescoço, 
mas também se pode manifestar na face, tronco, axila ou virilha. Por vezes, apenas se forma um acrocórdio; 
porém, normalmente, surgem vários tumores semelhantes, que permanecem estáveis, sem que o seu aspecto e 
tamanho se alterem com o tempo, embora não gerem qualquer tipo de problemas. 
• Dermatofibroma 
Este tumor, igualmente designado histiofibroma fibroso, é formado pela acumulação de fibras e células do 
tecido conjuntivo, nomeadamente histiócitos. O dermatofibroma é um tumor bastante frequente que, regra 
geral, se manifesta após a puberdade. Embora ainda não se conheçam as causas do seu desenvolvimento, por 
vezes, constata-se que a formação pode ser desencadeada como consequência de um traumatismo. 
O dermatofibroma evidencia-se como um nódulo de consistência firme e bem delimitado de tom rosa ou 
cinzento, com um diâmetro de 1 a 2 cm. 
Embora possa haver apenas um, por vezes, podem aparecer vários. Podem surgir em todo o corpo, mas o tumor 
localiza-se preferencialmente nas pernas, ombros e glúteos. Depois de se desenvolver, permanece estável e não 
costuma provocar qualquer problema, provocando apenas em alguns casos um ligeiro prurido. 
• Nevo sebáceo 
Como este tumor é congênito, está presente no momento do nascimento, embora de início seja muito pouco 
evidente e apenas se manifeste de maneira notória a partir da puberdade. Costuma ser provocado por um 
exagerado desenvolvimento circunscrito das estruturas cutâneas, nomeadamente das glândulas sebáceas, de 
origem ainda desconhecida. 
No nascimento, surge uma pequena placa, por vezes ligeiramente elevada, de cor amarela ou castanha. Embora 
mantenha estas características ao longo da infância, durante a adolescência começa a crescer, até alcançar um 
tamanho variável entre 1 a 10 cm de diâmetro, enquanto que a superfície se torna áspera e irregular, com um 
aspecto verrugoso. Normalmente, localiza-se no couro cabeludo, onde o seu crescimento pode originar uma 
placa alopécica (sem pêlos), ou evidenciar-se atrás dos pavilhões auriculares, onde permanece mais 
dissimulada. Ainda que, na maioria dos casos, a lesão não provoque qualquerproblema, por vezes, pode 
adoptar uma evolução maligna e transformar-se num cancro da pele, que pode ser detectado pelo seu 
crescimento e por apresentar uma úlcera dolorosa. Este potencial perigo faz com que os médicos optem por 
recorrer à extração cirúrgica de todos os nevos sebáceos, mesmo quando parecem inofensivos. 
• Nevo verrugoso 
Este tumor é provocado por uma alteração circunscrita da epiderme e da pele, aparentemente de origem 
genética, já que a sua incidência é muito mais comum entre membros da mesma família do que na população 
em geral. Embora normalmente já esteja presente desde o nascimento, por vezes, pode manifestar-se ao longo 
da infância. Na maioria dos casos, evidencia-se um único nevo verrugoso, mas ocasionalmente é possível 
observar-se a formação de múltiplos tumores. 
O nevo verrugoso único surge como um tumor elevado e de forma irregular, normalmente com 1 a 2 cm de 
diâmetro, com a mesma cor da pele, por vezes com um tom amarelo acastanhado ou até fortemente pigmentado, 
com uma superfície verrugosa que justifica a sua denominação. Embora se manifeste principalmente no tronco 
ou nos membros, também pode surgir no pescoço, face ou couro cabeludo, estando neste caso coberto por pêlos 
de características normais. 
Quando o nevo verrugoso é múltiplo, costumam aparecer inúmeros tumores de reduzido tamanho, distribuídos 
em várias camadas, muitas vezes em apenas um dos lados do corpo. Quando estas camadas se manifestam num 
braço ou numa perna, uma das suas localizações mais frequentes, costumam ter uma direção longitudinal, 
adoptando uma direção transversal quando se evidenciam no tronco ou numa nádega, outras das suas 
localizações mais comuns. 
REFERÊNCIA: Medicina Interna – Harrison 
A detecção precoce poderá ser facilitada aplicando-se a regra ABCDE: 
- Assimetria (lesões benignas em geral são 
simétricas), 
- Bordas irregulares (a maioria dos nevos apresenta 
bordas claras), 
- Cores variadas (lesões benignas em geral têm 
pigmento claro ou escuro uniforme), 
- Diâmetro > 6 mm (o tamanho de uma borracha de 
lápis) e 
- Evolução (qualquer alteração no tamanho, na forma, 
na cor ou na elevação ou novos sintomas como sangramento, coceira e espessamento). 
Nevos benignos costumam surgir na pele exposta ao sol acima da cintura, envolvendo raramente o 
couro cabeludo, os seios ou as nádegas; manchas atípicas normalmente aparecem na pele exposta ao sol, com 
mais frequência nas costas, porém podem envolver o couro cabeludo, os seios ou as nádegas. Nevos benignos 
estão presentes em 85% dos adultos, com 10 a 40 manchas espalhadas por todo o corpo; nevos atípicos podem 
estar presentes em centenas. 
Toda a superfície cutânea, incluindo o couro cabeludo e as membranas mucosas, assim como as unhas, 
deverá ser examinada em cada paciente. 
É importante uma iluminação brilhante do ambiente, e uma lupa de mão pode ser útil para se avaliar a 
variação no padrão do pigmento. Quaisquer lesões suspeitas deverão sofrer biópsia, ser avaliadas por um 
especialista, ou ser registradas por desenho e/ou fotografia para acompanhamento. 
Um método focado no exame de lesões individuais, a dermoscopia (é o método de visualização da pele 
com o dermatoscópio, um aparelho que amplia a imagem 10 ou 20 vezes , ilumina permitindo a observação 
das camadas mais profundas por efeito óptico de imersão com meio líquido, gel ou luz polarizada), utiliza um 
pequeno aumento da epiderme e pode permitir uma visualização mais precisa de padrões de pigmentação do 
que seria possível a olho nu. 
O exame físico completo, com atenção aos linfonodos regionais, é parte da avaliação inicial em um paciente 
suspeito de melanoma. Os pacientes que se encaixem nos grupos de alto risco deverão ser instruídos a realizar 
autoexames mensais. 
4. Tipos de cânceres de pele (melanoma e não melanoma) quanto à: epidemiologia, fatores de risco, fisiopatologia, aspectos 
clínicos, prognóstico, estadiamento e prevenção. REFERÊNCIA: Medicina Interna – Harrison 
➢ MELANOMA 
As lesões pigmentadas estão entre os achados mais comuns do exame da pele. O desafio é diferenciar os 
melanomas cutâneos, responsáveis pela grande maioria das mortes que advêm do câncer de pele, do restante, 
que geralmente é benigno. 
O melanoma cutâneo pode ocorrer em adultos de todas as idades, mesmo em indivíduos jovens e de todas as 
etnias; sua localização na pele e suas características clínicas distintas o tornam detectável em um momento no 
qual é possível ser feita a excisão cirúrgica completa. Exemplos de lesões pigmentadas malignas e benignas 
são mostrados na figura: 
 
• Epidemiologia 
O melanoma é uma malignidade agressiva dos melanócitos, células produtoras de pigmento, que se originam 
na crista neural e migram para a pele, as meninges, as membranas mucosas, o esôfago superior e os 
olhos. Os melanócitos de cada uma dessas regiões apresentam o potencial para a transformação maligna. O 
melanoma cutâneo é uma malignidade que ocorre predominantemente em indivíduos brancos (98% dos 
Lesões pigmentadas atípicas e malignas. O melanoma 
mais comum é o melanoma extensivo superficial (não está 
ilustrado). 
A. O melanoma lentiginoso acral é o melanoma mais 
comum em negros, asiáticos e hispânicos, apresentando-se 
como uma mácula ou placa hiperpigmentada que aumenta 
de tamanho nas palmas das mãos eplantas dos pés. Ocorre 
difusão lateral do pigmento. 
B. A manifestação mais comum do melanoma nodular é 
um nódulo negro de crescimento rápido, em geral ulcerado 
ou crostoso. 
C. O lentigo maligno-melanoma ocorre na pele exposta ao 
sol, como uma grande mácula ou placa com margens 
irregulares e pigmentação variável. 
D. Nevos displásicos são lesões nevomelanocíticas de 
formato e pigmentação irregulares que podem estar 
associadas ao melanoma familiar. 
casos), e a incidência relaciona-se com a latitude de residência, fornecendo fortes evidências do papel da 
exposição ao sol. Os homens são afetados ligeiramente mais do que as mulheres (1,3:1), e a idade mediana 
de diagnóstico é o final da década dos 50 anos. A população de pele morena (como os indianos e porto-
riquenhos), negros e asiáticos do leste também desenvolvem melanoma, porém em taxas 10 a 20 vezes 
inferiores àquelas dos brancos. Nessas populações, os melanomas cutâneos são diagnosticados mais 
frequentemente em um estágio mais avançado, e os pacientes tendem a apresentar piores prognósticos. Além 
disso, em populações não brancas, ocorre uma frequência muito maior de melanomas acral (subungual, 
plantar, palmar) e mucoso. 
Em 2014, esperou-se que mais de 76.000 indivíduos nos EUA desenvolvessem melanoma e que 
aproximadamente 9.700 chegassem ao óbito. No futuro, ocorrerão cerca de 50.000 mortes anuais resultantes 
de melanoma. Dados do Connecticut Tumor Registry suportam aumento incessante na incidência e na 
mortalidade causada pelo melanoma. Nos últimos 60 anos, houve aumento de 17 vezes e de 9 vezes em sua 
incidência em homens e mulheres, respectivamente. Nas mesmas seis décadas, as taxas de mortalidade 
triplicaram para os homens e dobraram no caso das mulheres. As taxas de mortalidade começam a se elevar 
aos 55 anos, sendo observado o maior aumento nos homens > 65 anos. De particular interesse é o aumento das 
taxas entre mulheres < 40 anos. Acredita-se que uma parte desse aumento esteja associada a uma ênfase maior 
da pele bronzeada como um marcador de beleza, à maior disponibilidade e ao uso de bronzeamento 
artificial e à exposição à luz ultravioleta (UV) intensa na infância. Essas estatísticas apontam para a 
necessidade de se promover a prevenção e a detecção precoce. 
• Fatores de risco 
Presença de nevos. O risco de desenvolver melanoma está relacionado com fatores genéticos, ambientais e do 
hospedeiro. 
 
Os maiores fatores de risco para o melanoma são a presença de múltiplos nevos benignos ou atípicos e uma 
história familiar ou pessoal demelanoma. A presença de nevos melanocíticos, comuns ou displásicos, é um 
marcador para o risco aumentado de melanoma. Os nevos têm sido considerados como lesões precursoras 
porque podem se transformar em melanomas; entretanto, o risco real de qualquer nevo específico é muito 
baixo. Cerca de um quarto dos melanomas é histologicamente associado aos nevos, porém a maioria se origina 
de novo. O número de sinais clinicamente atípicos varia de uma a várias centenas e, em geral, eles diferem 
entre si na aparência. As margens com frequência são obscuras e indistintas, e o padrão de pigmentação é mais 
altamente variável que o dos nevos benignos adquiridos. Indivíduos com sinais clinicamente atípicos e uma 
forte história familiar de melanoma têm apresentado risco > 50% de desenvolver melanoma ao longo da vida 
e são encaminhados para um acompanhamento estrito com um dermatologista. 
Dos 90% dos pacientes com melanoma cuja doença é esporádica (i.e, não têm história familiar de melanoma), 
cerca de 40% apresentam sinais clinicamente atípicos, comparados com uma estimativa de 5 a 10% na 
população geral. 
Os nevos melanocíticos congênitos, que são classificados como pequenos (≤ 1,5cm), médios (1,5-20 cm) e 
gigantes (> 20 cm), podem ser precursores de melanomas. O risco é mais elevado para o nevo melanocítico 
gigante, também chamado de nevo do calção do banhista, uma malformação rara que afeta 1 em cada 30.000 
a 100.000 indivíduos. Como o risco do desenvolvimento do melanoma ao longo da vida é elevado, estimado 
em 6%, é prudente a realização da excisão profilática precoce. Esta normalmente deve ser realizada em etapas 
com cobertura por enxertos cutâneos de espessura parcial. A cirurgia não poderá remover todas as células do 
nevo em risco, pois algumas poderão penetrar nos músculos ou no sistema nervoso central (SNC) abaixo do 
nevo. Os nevos melanocíticos congênitos pequenos a médios acometem cerca de 1% das pessoas; o risco de 
desenvolver melanoma nessas lesões é desconhecido, mas parece ser relativamente baixo. O tratamento dos 
nevos melanocíticos congênitos de tamanho pequeno a médio permanece controverso. 
História pessoal e familiar. Uma vez diagnosticados, os pacientes com melanoma necessitarão de vigilância 
por toda a vida, pois o risco de virem a desenvolver outro melanoma é de 10 vezes o da população em geral. 
Parentes em primeiro grau apresentam maior risco de desenvolver melanoma do que indivíduos sem 
história familiar, porém apenas 5 a 10% de todos os melanomas são verdadeiramente familiares. No 
melanoma familiar, os pacientes tendem a ser mais jovens no primeiro diagnóstico, as lesões são mais finas, 
a sobrevida é melhor e os melanomas primários múltiplos são comuns. 
Suscetibilidade genética. Cerca de 20 a 40% dos casos de melanoma hereditário (0,2 a 2% de todos os 
melanomas) são devidos às mutações germinativas no gene regulador do ciclo celular, que codifica o gene 
inibidor da quinase 2A dependente de ciclina (CDKN2A, de cyclin-dependent kinase inhibitor 2A). Na 
verdade, 70% de todos os melanomas cutâneos apresentam mutações ou deleções afetando o locus CDKN2A 
no cromossomo 9p21. Esse locus codifica duas proteínas supressoras de tumor distintas a partir de dois frames 
de leitura alternados: p16 e ARF (p14ARF). A proteína p16 inibe a fosforilação mediada por CDK4/6 e a 
inativação da proteína do retinoblastoma (RB), enquanto ARF inibe a degradação de p53 mediada pela 
ubiquitina MDM2. O resultado da perda de CDKN2A é a inativação de duas vias críticas supressoras de 
tumor, RB e p53, que controlam a entrada das células no ciclo celular. 
Diversos estudos mostraram um risco aumentado de câncer pancreático em famílias com tendência ao 
melanoma com mutações em CDKN2A. Um segundo locus de alto risco para a suscetibilidade ao melanoma, 
CDK4, está localizado no cromossomo 12q13 e codifica a quinase inibida por p16. Mutações em CDK4, que 
também inativam a via RB, são mais raras do que mutações em CDKN2A. Mutações germinativas no oncogene 
linhagem-específico de melanoma que codifica o fator de transcrição associado à microftalmia (MITF, de 
microphthalmia-associated transcription factor) predispõem a ambos os melanomas familiar e esporádico. 
O gene que codifica o receptor de melanocortina-1 (MC1R, de melanocortin-1 receptor) é um fator de 
suscetibilidade ao melanoma hereditário de risco moderado. A radiação solar estimula a produção de 
melanocortina (hormônio α estimulador dos melanócitos [α-MSH, de α-melanocyte-stimulating hormone]), o 
ligante para MC1R, que é um receptor acoplado à proteína G que sinaliza via monofosfato de adenosina (AMP, 
de adenosine monophosphate) cíclico e regula a quantidade e o tipo de pigmento produzido. MC1R é altamente 
polimórfico, e entre suas 80 variantes estão aquelas que resultam na perda parcial de sinalização e levam à 
produção de feomelaninas vermelhas/amarelas, que não protegem do sol e produzem cabelo ruivo, em vez das 
eumelaninas marrons/pretas que são fotoprotetoras. O fenótipo de cor de cabelo ruivo (RHC, de red hair color) 
está associado a pele sensível, cabelo vermelho, sardas, sensibilidade aumentada ao sol e risco aumentado para 
o melanoma. Além de sua fraca capacidade de proteção ao UV em relação à eumelanina, a produção 
aumentada de feomelanina em pacientes com polimorfismos inativadores de MC1R também proporciona uma 
contribuição carcinogênica UV-independente à melanogênese via lesão oxidativa. 
Diversos outros polimorfismos mais comuns de baixa penetrância que causam pequenos efeitos na 
suscetibilidade ao melanoma incluem outros genes relacionados com pigmentação, contagem de nevo, 
respostas imunes, reparo de DNA, metabolismo e com o receptor de vitamina D. 
• Prevenção e detecção precoce 
A prevenção primária do melanoma e do câncer de pele não melanoma (CPNM) baseia-se na proteção 
solar. Iniciativas de saúde pública, tais como o programa SunSmart, que teve início na Austrália e hoje funciona 
na Europa e nos EUA, demonstraram que a alteração comportamental pode reduzir a incidência de CPNM e 
de melanoma. As medidas preventivas devem se iniciar no início da vida porque a lesão causada pela luz UV 
começa precocemente, apesar do fato do câncer se manifestar anos mais tarde. Os fatores biológicos estão cada 
vez mais sendo compreendidos, como a dependência do bronzeamento, na qual postula-se envolver o estímulo 
dos centros de recompensa do cérebro e as vias de dopamina, e a secreção cutânea de β-endorfinas após 
exposição ao UV, e poderão representar outra área de intervenção preventiva. O uso regular de filtros solares 
de amplo espectro que bloqueiam UVA e UVB com um fator de proteção solar (FPS) de pelo menos 30 e de 
roupas protetoras deverá ser encorajado. Recomenda-se evitar o bronzeamento artificial e a exposição ao sol 
ao meio-dia (das 10:00 às 14:00 horas). 
A prevenção secundária abrange educação, rastreamento e detecção precoce. Os pacientes devem ser 
instruídos sobre as características clínicas do melanoma (ABCDEs; ver adiante a seção “Diagnóstico”) e 
aconselhados a informar qualquer crescimento ou outra alteração em uma lesão pigmentada. Folhetos 
informativos estão disponíveis na American Cancer Society, na American Academy of Dermatology, no 
National Cancer Institute e na Skin Cancer Foundation. O autoexame com intervalo de 6 a 8 semanas pode 
aumentar a probabilidade de se detectar alterações. Embora a instituição norte-americana Preventive Services 
Task Force preconize que as evidências são insuficientes para se posicionar a favor ou contra o rastreamento 
de câncer de pele, um exame completo do corpo parece ser uma forma simples e prática de se conseguir a 
redução da taxa de mortalidade por esse tipo de câncer. Dependendo da presença ou ausência de fatores de 
risco, as estratégias para a detecção precoce poderão ser individualizadas. Esse fato é particularmente 
verdadeiro para os pacientes com manchas

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