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CURSO: DIREITO CIVIL IV PROVA P2 TURMA NOITE DATA 26/11/2020 NOME:Matheus Luiz Maia Sarasa 1ª QUESTÃO: Um determinado imóvel foi dado como garantia hipotecária pelo seu proprietário, Thor, em relação a um contrato de empréstimo junto ao Banco Asgard S.A. em julho de 2007. 2 anos mais tarde, o proprietário assinou um contrato particular de compra e venda tendo como beneficiário Loki, que ingressou imediatamente na posse do imóvel, sendo certo que jamais houve o registro do título. Em 2018 o Banco promover a execução judicial em face de Thor, considerando a inadimplência do Deus do Trovão. Analise o caso verificando, em especial, se a propositura da ação teria interrompido a prescrição aquisitiva. Em se tratando de usucapião extraordinária, quando se daria o prazo para a aquisição. E o que ocorreria com a hipoteca. Preliminarmente, é necessário analisar a possibilidade de executar um imóvel de Thor, sendo que um terceiro, Loki, adquiriu e está residindo no mesmo através de contrato particular de compra e venda, não registrado no RGI. O posicionamento jurisprudencial para o caso narrado é favorável à execução bancária do título hipotecário, considerando que, se a hipoteca foi realizada em data anterior a compra e venda realizada, os promitentes compradores tinham meios de se prevenir das onerações daí decorrentes. Bastava-lhes consultar o Registro de Imóveis, para convencerem-se de que faltava segurança jurídica ao negócio. Esse portanto é o efeito da eficácia erga omnes. Não poderá o Banco Asgard S.A. ter seu crédito inadimplido, crédito este garantido por execução de título extrajudicial líquido, certo e exigível, por um simples contrato de compra e venda. No mais, a doutrina é clara quando elucida que no Direito Civil, os Direitos Reais tem peso maior que os pessoais. No que diz respeito a interrupção da prescrição aquisitiva, vale destacar o entendimento jurisprudencial no julgamento recente da Apelação Cível no Tribunal de Justiça de Rondônia. Tribunal de Justiça de Rondônia TJ-RO AC 0001089-26.2015.822.0008 RO 0001089- 26.2015.822.0008. Como direito real, a cédula hipotecária serve tão somente para garantir financiamento imobiliário, resguardando ao credor hipotecário direito de sequela oponível erga omnes, o que lhe permite buscar o bem hipotecado onde e com quem estiver, porém, não o torna indisponível e não impede sua alienação ou aquisição por terceiros. A aquisição da propriedade imóvel pela forma de usucapião extraordinário se consuma pelo requisito da posse prolongada sobre imóvel, sem interrupção e sem oposição, por, no mínimo, quinze anos, dispensando a análise do requisito formal do justo título e do requisito subjetivo da boa-fé. Por derradeiro, a ação executiva, aparelhada por cédula de crédito hipotecário, tem por finalidade cobrar dívida que está garantida pelo imóvel e não interrompe o prazo da prescrição aquisitiva, tampouco impede a transferência da propriedade. Por fim, em caso de usucapião extraordinária, visto acima que a hipoteca de imóvel não inviabiliza pedido de usucapião extraordinário feito por terceiro, caso a situação aconteça entrará na discussão da extinção da hipoteca. Esclarece-se que as modalidades para extinção da hipoteca estão presentes no Art1499 do CC, e são meramente exemplificativas, partindo da UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CAMPUS NOVA FRIBURGO DISCIPLINA: DIREITO CIVIL V PROFESSOR: ALESSANDRO VIANELLO corrente doutrinária seguida por este autor. O que se impõe, porém, é se uma sentença que reconheça a usucapião extingue, de alguma forma, eventuais hipotecas incidentes sobre o bem. Infelizmente a questão é alvo de divergências na doutrina. Pontes de Miranda entende que, se a usucapião é fenômeno que se dá exclusivamente no mundo dos fatos, e com ela se adquire o domínio, não há porque se manterem eventuais gravames pendentes sobre o bem, pois eles fazem parte do mundo jurídico, e para o adquirente são irrelevantes. Assim escreve o tratadista (1958, t. XX, p. 311): “A extinção da hipoteca pela aquisição por usucapião, livre de gravame o bem, é independente do prazo preclusivo para extinção das hipotecas, que se fixou no art. 817 do Código Civil. Pode o prazo estar precluso, ou não.” Clóvis Bevilacqua tem opinião semelhante. No entanto, não coloca a usucapião em si como fundamento da extinção da hipoteca, mas a prescrição da ação hipotecária, que possuía, pelo código anterior, prazo idêntico ao da usucapião ordinária. Escreve o civilista que a hipoteca estaria extinta por prescrição, que poderia dar-se (1956, v. II, p. 304): Da mesma forma, outros autores também se posicionam pela extinção do ônus hipotecário com a declaração da usucapião, com argumentos semelhantes 2ª QUESTÃO: Existe relação entre o art. 1.277 do Código Civil e o art. 225 da Constituição Federal? Discorra sobre o assunto. O Art1277 do CC assegura o direito a não interferência prejudiciais a segurança, sossego e a saúde dos que habitam, provocados pela utilização da propriedade vizinha, e o 255 da CF assegura a proteção ao meio ambiente, isto é, preservação de processos ecológicos essenciais, preservar a fauna e flora, entre outras tutelas voltadas para os ideais de fraternidade e eventuais controles da biomedicina. A relação que os dois artigos têm, vai de encontro ao enunciado Nª319 da IV jornada de direito civil, que diz “A condução e a solução das causas envolvendo conflitos de vizinhança devem guardar estreita sintonia com os princípios constitucionais da intimidade, da inviolabilidade da vida privada e da proteção ao meio ambiente.” Ou seja, se a perturbação vier de um imóvel voltado para a proteção de determinado tipo de ser vivo, seja fauna ou flora, a eventual solução de conflitos deverá observar os critérios dispostos no Art255 da CF, de forma que o texto constitucional seja devidamente respeitado e nenhum excesso que comprometa o bem estar da fauna e flora, biodiversidade ou o ecossistema da região, seja praticado. 3ª QUESTÃO: Encerrando de maneira litigiosa uma longa parceria, Robin apoderou-se do batmóvel sem consentimento de Batman. Tomado pela ira, Robin viajou para a cidade de Patópolis, bem distante da cidade de Gotham onde Batman costumava circular em seu incessante combate ao crime. Ocorre que um satélite russo desabou sobre a cidade de Patópolis destruindo o veículo, porém, alguns dias antes, Robin havia procedido à troca dos pneus pois estavam em estado lastimável. Responderá Robin pelos danos ao batmóvel? Poderá Robin requerer o pagamento pela troca dos pneus? Responda justificadamente. A aquisição de bem móvel através de usucapião, embora pouco discutida, é prevista nos Arts 1260 a 1262 do CC, de forma a boa-fé é levada em consideração e altera o tempo para a prescrição aquisitiva do bem. Considerando o caso concreto, Robin, adquirente de má-fé já que tomou o veículo sem consentimento de Batman, precisará de um prazo de 5 anos após a tomada, sem qualquer reclamação do proprietário, isto é, registro de ocorrência na delegacia, para adquirir o bem através da usucapião extraordinária. Em relação aos danos causados pelo batmóvel, robin poderá responder, através do Art1218 do CC pelo dano do carro causado. Mesmo que por evento imprevisível, o fato gerador foi dirigir para a cidade de patópolis, pois foi a partir desta conduta que houve o dano. A troca dos pneus, em relação a Batman, poderá ser considerada enriquecimento sem causa, onde sua vedação é prevista no Art884. Portanto, Robin poderá cobrar de Batman o valor dos pneus. 4ª QUESTÃO: Em relação aos modos de aquisição da propriedade imóvel, conceitue o que é acessão, e mais especificamente, no que diferem avulsão e aluvião? A Acessão, prevista nos Artigos 1.248 a 1.259 do CC é o direito do proprietário de acresceraos seus bens tudo o que se incorpora, natural ou artificialmente, a eles, em outras palavras, se trata de modo originário de aquisição de coisa que pertence a outrem, pelo fato de se considerar acessória da principal. A acessão pode se dar pela formação de ilhas, por aluvião, avulsão, por abandono de álveo, pela construção de obras ou plantações. De um lado, a Aluvião, prevista no Art1.250 do CC, é uma incorporação imperceptível junto ao imóvel ribeirinho, não gerando nenhuma espécie de indenização. Assim, qualquer acréscimo por depósitos de aterros naturais ao longo das margens da corrente, ou pelo desvio das águas pertencentes a região, passam a pertencer aos donos dos terrenos marginais SEM indenização. Por outro lado, a avulsão, de acordo com o Art1.251 do CC é um violento destaque de uma porção de terra de um prédio a se juntar a outro por forças naturais, assim, o dono adquirirá a propriedade do acréscimo se houver a devida indenização ao dono do primeiro. 5ª QUESTÃO: Discorre sobre propriedade resolúvel. É o condomínio uma espécie de propriedade resolúvel? E a propriedade fiduciária? Existe diferença entre propriedade fiduciária e alienação fiduciária. Preliminarmente, afirma-se que, em regra, o domínio tem duração ilimitada. Porém, a própria norma jurídica, excepcionalmente, admite certas situações em que a propriedade da coisa móvel ou imóvel se torna temporária, subordinando-se a uma condição resolutiva ou termo final contido no título constitutivo do direito ou originário de causa a este superveniente. E assim, coloca-se a propriedade resolúvel ou revogável, a qual tem duração no tempo, ad tempos, prevista em duas hipóteses Originária, prevista no CC, art. 1359 e superveniente prevista no CC, art.1360 A alienação fiduciária seria um quarto direito real de garantia, ao lado da anticrese, da hipoteca e do penhor. Portanto cabe aqui a distinção desses direitos reais de garantia. A alienação fiduciária é um contrato, negócio jurídico celebrado entre as partes para possibilitar o surgimento de um direito real de garantia para o cumprimento de uma obrigação principal. Já a propriedade fiduciária é justamente essa nova garantia que só vai existir no mundo jurídico a partir do registro do instrumento correspondente à sua constituição no oficio imobiliário competente. Trata-se de uma propriedade transmitida apenas para fins de garantia e que, cumprida a obrigação do devedor fiduciante, resolver-se-á, para retornar ao patrimônio do devedor, diante do exposto no artigo 25 da Lei 9.514/97: 6ª QUESTÃO: “Dá-se a alienação por meio do contrato, ou seja, de negócio jurídico bilateral, por meio do qual o titular transfere a propriedade a outra pessoa. Pode ser a título oneroso, como na compra e venda, ou a título gratuito, como na doação” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. V: direito das coisas, 5ª ed., São Paulo, Saraiva, 2010, p. 331). A afirmação doutrinária encontra respaldo no direito brasileiro? A doutrina acima versa sobre a alienação de bem através de compra e venda ou doação. O Art481 do CC expressa a modalidade do contrato de compra e venda, onde um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa e o outro, pagar-lhe certo preço. O instituto da doação está presente no Art538, onde uma pessoa, em ato de liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o da outra. É possível citar ainda o rol do Art1275 do CC, dedicado às causas de perda da propriedade. Em seu primeiro Inciso, a alienação é prevista e no parágrafo único "Nos casos dos incisos I e II, os efeitos da perda da propriedade imóvel serão subordinados ao registro do título transmissivo ou do ato renunciativo no Registro de Imóveis.” 7ª QUESTÃO Pessoa jurídica pode se valer da usucapião especial rural? A usucapião especial rural teve sua procedência com o advento da Constituição Federal de 1988 em seu artigo 191 e também adequada pelo artigo 1239 do Código Civil vigente, prevendo que o usucapiente use a terra para fins de trabalho, laborando e nela habitando; que não seja proprietário de outro imóvel, rural ou urbano; a posse sem oposição durante 5 (cinco) anos; em propriedade rural que não seja superior a 50 (cinquenta) hectares, exceto em áreas públicas, favorecendo o pequeno agricultor e proporcionando a agricultura de subsistência A finalidade dessa modalidade de usucapião é pro labore, ou seja, visa fixar a atividade familiar no campo. Portanto precisar cumprir 6 requisitos, quais sejam Posse “ad usucapionem”;5 anos de exercício possessório; que o imóvel se localize em área rural; que a dimensão do imóvel não seja superior a 50 hectares; que o usucapiente não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural; que o usucapiente torne o imóvel produtivo a fim de obter sua subsistência. Que estabeleça no local sua moradia e de sua família. A pessoa jurídica não cumpre o último requisito, ou seja, tornar o imóvel produtivo a fim de obter sua subsistência, assim é incompatível se valer de usucapião especial rural. UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
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