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· ANEMIAS A definição de anemia é a presença de hemácias e/ou hemoglobina e/ou hematócrito (VG) abaixo dos valores normais para a espécie. É sempre consequência de alguma doença primária. Os sinais clínicos estão relacionados à menor oxigenação dos tecidos. Em casos agudos é possível notar palidez de mucosas, letargia, depressão, desmaios, taquicardia, taquipneia ou dispneia, baixa tolerância à exercícios. Em casos de doenças sistêmicas primárias, os sinais são inespecíficos, como perda de peso, anorexia, febre e linfadenopatia. Em perdas crônicas o organismo mantém a homeostase a não há sinais clínicos. Um dos mecanismos compensatórios é o aumento da 2,3 disfofoglicerato das hemácias, diminuindo a afinidade de O2 pela hemoglobina assim, facilitando a liberação desse nos tecidos. Pode ser classificada como: 1. Relativa: expansão plasmática (aumento da parte líquida do sangue). Não afeta a produção de hemácias. Ex: Fluidoterapia, prenhez, neonatos. Normalmente são quadros agudos com prognóstico favorável. 2. Absoluta: Precisa ter uma causa, é clinicamente importante. Deve-se analisar a morfologia das hemácias, mecanismo patogênico e resposta da medula óssea. Nesses casos o prognóstico pode ser favorável (poucas vezes), reservado ou desfavorável. · Prognósticos: a) Favorável: Causas agudas sempre são favoráveis. Ex: hemorragia, Babesiose (no dia seguinte ao tratamento é possível ver diminuição da anemia), Anaplasmose (demora mais para observar a diminuição da anemia pois, o parasita marca a hemácia), Leptospirose. b) Reservado: Hepatopatias, problemas nos rins, intestino, esplenomegalia, dependendo da idade, condição geral do animal. Pode ser casos agudos ou crônicos. c) Desfavorável: Causas relacionadas diretamente com a produção de hemácias. Ex: Cirrose, insuficiência renal crônica (IRC), dependendo da idade do animal, e da condição geral, neoplasias, problemas com as interleucinas, FEC-GM, 2,3DPG, falha na hemoglobinização, diminuição de vitaminas (complexo B), diminuição da absorção de ferro, problemas crônicos intestinais. Em causas crônicas com o tempo começa ter sobrecarga na medula, nos rins e no fígado. · Classificação Patofisiológica 1. Anemias hemolíticas: Causas agudas. Ex: doenças metabólicas, desordens imunomediadas, defeitos intraeritrocitários, plantas tóxicas e acidentes ofídicos, agentes virais e bacterianos (Rickettsia). 2. Hemorrágicas: perdas agudas ou crônicas. 3. Hipoproliferativa: Causas crônicas, diminuição da produção na M.O. Ex: desordens orgânicas ou teciduais, deficiência nutricional, doenças inflamatórias. 4. Neoplásicas: diminuição da produção de hemácias por excesso de células neoplásicas. · Classificação Morfológica (índices hematiméticos): 1. Volume Corpuscular Médio (VCM): tamanho das hemácias. Está relacionado com o volume globular (hematócrito, % de hemácias). Anisocitose (diferença dos tamanhos das hemácias). a) Macrocíticas: hemácias maiores com maior valor de VCM. O aumento pode estar relacionado com o aumento da quantidade de hemácias imaturas (jovens) liberadas pela M.O (hemácias jovens são maiores, sinal que a M.O está funcionando, não altera a produção de hemácias). Esse aumento é ocasionado por causas agudas, com prognóstico favorável. b) Normocítica: VCM dentro do normal. Pode ser indicativo de causas crônicas, com prognóstico desfavorável. Não tem mais produção de hemácias (exaustão), não libera hemácias jovens, estão do mesmo tamanho, normal, a tendência é virar microcíticas. c) Microcíticas: diminuição do valor do VCM. Pode estar apresentando problemas na produção das hemácias, estão sendo produzidas em um tamanho menor. Causas crônicas, com prognóstico reservado a desfavorável dependendo da causa. Ex: diminuição de ferro (principal causa, não produz ferro, não produz hemoglobina), vitaminas, FEC-GM, EPO, IL-3. 2. Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM): coloração das hemácias. Relacionado com a hemoglobina. Policromasia (diferença de cor das hemácias). a) Normocrômica: relacionadas com normocítica. b) Hipocrômica: coloração mais clara. Hemácias jovens (maiores) podem apresentar coloração mais clara pois, a concentração de hemoglobina é menor que o normal devido ao tamanho maior. Relacionada com macrocítica e microcítica. c) Hipercrômica: em casos de hemólise, a M.O manda mais hemácias jovens. Relacionada com macrocítica. 3. RDW: diâmetro das hemácias, calculado a partir do VCM. Mede o grau de heterogenicidade das hemácias, quanto uma é diferente da outra. Quanto maior o grau, mais diferente. Quanto mais largo o gráfico, mais hemoglobina possui. Quanto maior a diferença de tamanho: macrocítica (mais alta) ou microcítica. Quando mais homogenio: normocítica (mais larga) ou microcítica. · Hemácias Macrocíticas hipocrômicas: perdas regenerativas, perdas agudas de sangue, anemia hemolítica. · Hemácias Macrocíticas normocrômicas: perdas não regenerativas, deficiência de ácido fólico, FELV, eritroleucemia, deficiência de vitamina B12. · Hemácias normocíticas normocrômicas: hemorragia e hemólise aguda sem tempo de resposta, inflamação e neoplasia crônicas, deficiências endócrinas, aplasia eritroide, hipoplasia e aplasia medulares, intoxicação por chumbo. · Hemácias microcíticas hipocrômicas: deficiência de ferro por perdas crônicas de sangue, tumores, ulceras, Ancylostoma. · Hemácias microcíticas normocrômicas: doenças crônicas. · RESPOSTA MEDULAR- baseado na quantidade de hemácias jovens na corrente sanguínea. a) Regenerativa: a liberação de hemácias jovens é sinal que a medula está funcionando, tentando recompensar as perdas (ex: em casos de hemorragia ou hemólise). Observa por policromasia (diferença da coloração das hemácias), anisotcitose (diferença de tamanho das hemácias), hemácias nucleadas (eritroblastos- em animais jovens; quanto maior a concentração melhor a resposta medular), corpúsculo de Howell- Jolly (hemácia com resto de núcleo), pontilhado basofílico (hemácia com resto de núcleo; presente em ruminantes), reticulócitos (cães e gatos- indicam a melhor resposta medular; ele determina). · RETICULÓCITOS: hemácias jovens que determinam características especiais de coloração. Produz os 20% finais de hemoglobina. Os cães possuem apenas um tipo de reticulócitos. Os gatos possuem dois (agregado e ponteado), quando o A>P: anemia aguda regenerativa; quando P>A: anemia crônica. Se o VG for menor a % de reticulócitos é maior é indicativo de anemia regenerativa. Se o VG baixo, e o reticulócitos dentro do valor ou muito pouco acima = depende da idade do animal, jovem- arregenerativa, pois, era pra ser mais alto a quantidade de hemácias jovens, idoso- regenerativo, valor esperado. VG dentro do normal: não precisa de muito reticulócitos, pois, o animal não apresenta anemia, não há diminuição do valor de VG. · Causas da anemia regenerativa: perdas sanguíneas (traumas, cirurgias, intoxicação, coagulação intravascular disseminada), hemólise (hemoparasitas, anemias auto-imunes, reação transfusional). b) Arregenerativas: ausência de hemácias jovens circulantes, disfunção da M.O. Anemia normocítica normocrômica. · Causas: doença renal/hepática crônica, neoplasias crônicas com metástase, leucemia, erliquiose, panleucopenia felina, hiperestrogenismo, hipoadrenocorticismo, hipoandrogenismo. · POLICITEMIAS É o aumento do número de eritrócitos, hemoglobina e/ou hematócritos. Também chamado de eritrocitose. Pode ser classificada em: 1. Relativa: aumento da concentração de proteínas plasmáticas totais (PPT), aumento da parte liquida do sangue. Causas: perda de líquido (vômitos, diarreia, hipertermia, exercício físico intenso), contração esplênica (em casos de hemorragia aguda, a M.O não é acionada para liberar mais células jovens, assim, o baço contrai e libera grande quantidade de hemácias em um tempo menor). Clinicamente: animal apresenta alta % VG (policitemia), porém, está mascarando uma anemia. No momento da contração esplênica está alto o valor, mas depois abaixa novamente, então é necessário realizar transfusão mesmo apresentandoum valor alto nesse caso. 2. Absoluta: aumenta a parte celular do sangue. Pode ser: a) Primária: ocorre eritropoise independente da concentração de eritropoietina. Deseritropoiese- produção desordenada de hemácias. Causas: neoplásicas. É rara. b) Secundária: devido à hipóxia ocorre aumento da produção de eritropoetina, produzindo eritrócitos em excesso. Causas: hipotermia, problemas pulmonares, cardiopatias, hemoglobinopatias.
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