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O astrolábio, o mar e o império

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O
A partir do século XV, com a chegada dos portugueses em Ceuta, a coroa portuguesa alastrou seus domínios de comunicação , as rotas marítimas do Atlântico, teve como marco decisivos para os interesses portugueses no Atlântico a passagem para a Índia, alcançada por Vasco da Gama em 1498, e o desembarque de Pedro Alvares Cabral no novo mundo. Ampliavam-se conhecimentos sobre rotas marinhas, condições de navegação, povos que habitavam essas áreas e novos produtos que passaram a fazer parte do comércio. Os interesses mercantis e políticos ambos justificados pela ideologia do catolicismo, as bulas Romano pontifex e Inter-Caetera são considerados importantes documentos para entender o colonialismo Ibérico da época moderna.
Esses impulsos de expansão portuguesa foi identificado na politica na economia e na evangelização dos povos não cristãos, mas o que realmente deu condições a esse empreendimento português foram os conhecimentos e as técnicas náuticas por eles utilizados, trouxe também desafios que foram solucionados associando conhecimentos sobre astronomia e náutica, guiavam-se pelas estrelas polares, ao se aproximarem do Equador guiavam-se utilizando o sol e as estrelas do cruzeiro do sul.	
Os homens medievais tinham navios equipados com instrumentos para navegação, tabelas de declinação do sol e de outras estrelas desconhecidas. Não haviam instrumentos de precisão nem tecnologia de informação, a comida era insuficiente, barcos pequenos; mapas e roteiros mal feitos, não tinham um estudo significativo sobre os ventos. Os recursos eram precários não havia radio de comunicação para pedir socorro, mapas imprecisos e incompletos. Durante as viagens faziam anotações visando aprimorar os dados coletados. Os ibéricos adaptaram para navegação astrolábios, bússolas, quadrantes e balhestilhas, além de outros artefatos como compassos transferidores e réguas, que serviam para transportar os dados coletados para a superfície do papel, permitindo o aperfeiçoamento das cartas de marear.
	Entre os séculos XV e XVI as navegações sofreram transformações difíceis de datar com precisão, até 1400 utilizavam a navegação por alturas e distancias de um astro, tais métodos permaneceram até meados do século XVI, quando foram criados novos instrumentos, que possibilitavam a determinação da longitude do mar, como o octante, instrumento de reflexão, cuja invenção é atribuída ao inglês John Hadley. Os avanços geográficos e astronômicos e o desenvolvimento de instrumentos cada vez mais precisos, fabricados na França e na Inglaterra foram responsáveis pelas inovações (GUEDES,1999,P.14;FURTADO 2011).
Estudiosos: cartógrafos, geógrafos, astrônomos, matemáticos, tradutor, entre outros empenhados em melhorar a navegabilidade em alto- mar. Os objetivos, além de sublinhar os conteúdos científicos relacionados aos artefatos utilizados para as medições, é também verificar como a ciência e o conhecimento adquirem significado prático, estratégico e simbólico no contexto da expansão ultramarina de Portugal, utilizavam instrumentos para as observações astronômicas relacionadas ao posicionamento geográfico das embarcações, durante as viagens oceânicas, para definição de rotas, confecção de roteiros e para localização de novas terras. Em dezembro de 1547, Pedro Nunes foi nomeado cosmógrafo- mor do reino, iniciou a organização mais sistematizada do ensino náutico, com preparação dos pilotos e com controle da Coroa, conforme estipulado no Regimento dos pilotos, só publicado em 1592. Esses regimentos definiam as atribuições dos cosmógrafos-mores, que eram ainda responsáveis pelas demarcações internas do reino e pelos limites externos. O documento permaneceu sem alterações durante muitos anos, foram feitas algumas modificações em 1679. A partir de 1779, com a criação da Academia Real da Marinha, que ficou encarregada pela preparação dos pilotos e cartógrafos (Matos,1999,Kantor,2012). 
	Muitos viajantes da época dos descobrimentos enfrentaram os mares sem ter certeza de encontrariam um porto no final da viagem, além da incerteza dos caminhos, rotas e portos, era grande número de passageiros daqueles navios que não sabiam nadar, morriam aos montes quando os navios afundavam muitas vezes próximos das praias. Por isso se o mar estivesse agitado ou com prenuncio de naufrágio, provocava sentimentos de medo e ódio, pessoas disputavam um pedaço de madeira, pois isso poderia ser a salvação, todos lutavam para escapar da morte que era o maior medo a assombrar a vida dos navegadores. 
	O domínio sobre as técnicas era um dos elementos-chave. O regimento previa para os pilotos o ensino de noções básicas de matemática ligadas a navegação. Os pilotos recebiam lições sobre a declaração de alguns círculos da esfera e para o que lhes hão de servir, o ensino sobre a figura do universo; apresentar a figura do universo e como se faz o diurno do primeiro móbil do sol e da lua ,transmitir regras sobre a lua e o conhecimento das marés, explicar como utilizar a carta de marear e manipular o astrolábio, “ensinando-lhes a tomar o sol e como hão de usar o regimento,” fazer cálculos corretamente, determinar a altura do astro ao meio dia; aprender a usar balhestilha e o quadrante para a noite “tomarem a altura da estrela “e calcular o a altura do polo; dar instruções como nordestear e noroestear com o uso da agulha; os mais habilidosos eram treinados para usar o astrolábio de lâminas e, outros instrumentos, fariam leitura do tratado da esfera.(Mota, 1969,p.32-33).
	O tratado era uma espécie de livro didático para aqueles que se iniciavam na astronomia durante a época moderna, e ponto de partida obrigatório para os que aprendiam a arte de navegar. Os livros de navegação apresentavam apenas princípios básicos da esfera, as noções necessárias para a navegação: redondeza da terra ( composta por terra e água ), os círculos máximos, os meridianos e o horizonte os círculos menores, os trópicos de câncer e de capricórnio, e o eixo e os polos, o que é zênite (relativo ao observador) e o que é latitude e longitude. Todos os textos de marinharia partem de um comentário sobre a esfera forma que tem a terra. Uma primeira noção importante apresentada no inicio do texto de Pimentel é sobre a “esfera da terráquea”:
	A terra o mar juntamente faz um globo redondo, como uma bola, que lhe chama esfera, e por ser composta destes dois elementos, a terra e a água, lhe chamam de matemáticos da esfera terráquea ou globo terráqueo. ...Também posto que o mar pareça plano como um campo raso, não há duvida ser redondo, e o parecer plano são engano da vista. Assim como se descrever com o compasso um circulo muito grande, e depois ir apagar, deixando uma porção tamanha como a largura de meio dedo, esta porção ha de parecer linha direita, sendo que é circular, pois foi descrita com o compasso (Pimentel,1819,p.9). 
	Os antigos europeus imaginavam, por exemplo, que a terra era achatada como uma pizza e quem se afastassem muito da terra poderia cair em um abismo, que se situava na altura d linha do equador que os navios poderiam incendiar e também que o mar era habitado por terríveis monstros etc. 
O ASTROLÁBIO, A AGUIHA DE MAREAR E O DESENHO DO IMPÉRIO.
	 Para o mar, melhor é dirigir-se pela altura do sol, que não por nenhuma estrela; e melhor com astrolábio, que não com quadrante nem com outro nenhum instrumento. 
	(Faras, 1 de maio de 1500)
	A constatação a cima faz parte da carta escrita pelo mestre João Faras, medico a bordo de um dos navios que formavam a esquadra de Pedro Alvares Cabral, registrando o descobrimento português no novo continente no novo continente.
	Ao informar ao rei dom Manuel acerca das novas descobertas, o médico relatou que tomou a altura do sol, em terra, ao meio-dia do dia 27 de abril, com o auxilio do piloto do capitão-mor e o piloto “do capitão-mor e o piloto Sancho de Tovar.” (Faras, 1 de maio de 1500).
	Após a realização dos cálculos necessários, indicou que as terras localizavam-se a 17 graus de latitude sul, 
aconselhou o rei que, caso tivesse interesse em “ver” as suasterras, bastava consultar um mapa mundi que tivesse à sua disposição. Antes de terminar o texto Mestre João afirmou que o astrolábio era o instrumento mais seguro para a navegação e entre as estrelas para observação, era o Sol.
	Pimentel afirma que entre os portugueses o astrolábio era o mais utilizado, mas informa que os ingleses e holandeses preferiam utilizar o quadrante náutico. 
	Finalmente, afirmou que o astrolábio foi inventado pelos portugueses, em tempo del Rei dom João II por mestre Rodrigo e mestre José, seus médicos, e por Martim de Bohemia, discípulo do grande João de Monte Régio, e por meio deste instrumento, feito de pau, é que os portugueses empreenderam descobrimentos de terras incógnitas, e os conseguiram com grande glória sua (Pimentel, 1819 p.15).
	O astrolábio existia desde a antiguidade 
	 , e acredita-se ter sido introduzido em Portugal durante a presença na Península Ibérica de astrônomos, matemáticos e médicos de origem islâmica e judaica (Seed, 1999). A adaptação ocorreu em Portugal, para uso no mar passou a ter forma anelada, viabilizando a observação do sol , uma vez que permitia tomar a altura sem a necessidade de voltar os olhos para o astro. O anel graduado continha pínulas com orifícios por onde entrava a luz do sol, propiciando a leitura dos graus por meio de sua projeção. O que interessou na passagem foi a relação entre os instrumentos e a glória de Portugal por meio das conquistas ultramarinas.
Além do astrolábio a agulha de marear era utilizada para ajustar o rumo que as embarcações deveriam seguir de acordo com os roteiros. 
Dessa forma, por meio dos cálculos feitos por meio do astrolábio, da agulha, da consulta de tabelas, da consulta aos roteiros que determinavam as rotas e pela leitura das cartas de marear, os pilotos e capitães conduziam os homens e os produtos e produtos que circulavam pelo império . Em seu turno, as cartas de marear, com as informações, necessárias sobre a costa, permitiam que o cosmógrafo fosse responsável pelo desenho do império. 
	EM QUE AS MATÉRIAS ESTUDADAS NESTE SEMESTRE ACRESCENTARAM:
Em Introdução aos estudos históricos foram abordadas discussões a respeito do lugar da memoria sobre as diferenças existentes no âmbito historiográfico, entre historia e memoria.
	Em História Antiga , foram abordados temas relevantes sobre as sociedades ágrafas a historiografia, a Pré-História geral e americana, bem como contribuir para a formação teórica no exercício profissional e docência de áreas afins. 
Na matéria História Medieval entendemos que devemos ter conhecimento sobre a Idade Media para compreendermos uma época fundamental para padrões sociais dos dias atuais.
	Em História do Brasil estudamos as relações sociais com ênfase ao processo de construção econômica por meio do sistema escravista, valorizou-se a interiorização do Brasil através das bandeiras, com a presença holandesa no nordeste do Brasil, a descoberta do ouro e as grandes modificações e por fim os reflexos das mudanças políticas. 
	As matérias estudadas este semestre foram muito importante e esclarecedoras, existiam muitos assuntos em História Antiga, história Medieval e até mesmo em História do Brasil que eu conhecia mas não conseguia fazer relação entre os mesmos, geralmente não conseguia entender como aconteceu ou por que aconteceu, o que desencadeou tais acontecimentos, tendo as aulas presenciais, lendo os livros e fazendo uso de todo o material disponível, esta sendo fácil adquirir entendimento sobre todos esses assuntos, todas as matérias feitas até o presente momento acrescentaram muito, mas as matérias especificas acrescentaram muito mais, eu estava aguardando com certa ansiedade. 
REFERÊNCIAIS
 
GESTEIRA, Heloisa Meireles. O
astrolábio, o mar e o Império. História,
Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de
Janeiro, v.21, n.3, jul.-set. 2014, p.1011-
1027.
 
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partir do século XV, com a chegada dos portugueses em Ceuta, a coroa 
portuguesa alastrou seus domínios de comunicação , as rotas marítimas 
 
do Atlântico, 
tev
e como marco
 
decisivos para os interesses portugueses
 
no Atlântico a passagem 
para a Índia, alcançada por Vasco da Gama em 1498, e o desembarque de Pedro 
Alvares Cabral no novo mundo. Ampliavam
-
se conhecimentos sobre rotas marinhas, 
condições de navegação, povos que habitavam essas áreas e novos produtos
 
que
 
passaram a fazer parte do comércio. Os interesses mercantis e políticos ambos 
justificados pela ideologia do catolicismo, as bulas Romano pontifex e Inter
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Caetera 
são considerados importantes documentos para entender o colonialismo Ibérico da 
época modern
a
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Esses impulsos de expansão
 
portuguesa foi identificado
 
na 
politica na economia 
e na evangelização dos povos não cristãos, mas o que realmente deu condições a esse 
empreendimento português foram os conhecimentos e as técnicas náuticas por eles 
utilizados
, trouxe também desafios que foram solucionados associando conhecimentos 
sobre astronomia
 
e
 
náutica
, guiavam
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se pelas estrelas polares, ao se aproximarem do 
Equador guiavam
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se utilizando o sol e as estrelas do cruzeiro do sul
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Os homens medievais tinham n
avios equipados com instrumentos
 
para 
navegação, tabelas de declinação do sol e de outras estrelas desconhecidas.
 
Não haviam instrumentos de precisão nem tecnologia de informação, a comida 
era insuficiente, barcos pequenos; mapas e roteiros mal feitos, não
 
tinham um 
estudo significativo sobre os ventos. Os recursos eram precários não havia 
radio de comunicação para pedir socorro, mapas imprecisos
 
e 
incompletos. 
Durante as viagens faziam anotações visando a
primorar os dados coletados. 
Os ibéricos 
adaptaram p
ara navegação astrolábios, bússolas, quadrantes e 
balhestilhas,
 
além de outros artefatos como compassos transferidores e 
réguas, que serviam para transportar os dados coletados para a superfície do 
papel, permitindo o aperfeiçoamento das cartas de marear
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Entre os séculos XV e XVI as navegações sofreram 
transformações difíceis de datar com precisão, até 1400 utilizavam a 
navegação por alturas e distancias de um astro, tais métodos permaneceram 
até meados do século XVI, quando foram criados novos instrument
os
, que 
possibilitavam a determinação da longitude do mar, como o octante, 
instrumento de reflexão, cuja invenção é atribuída ao inglês John Hadley. Os 
avanços geográficos e astronômicos e o desenvolvimento de instrumentos 
cada vez mais precisos, fabricado
s na França e na Inglaterra foram 
responsáveis 
pelas inovações (GUEDES,1999,P.14;FURTADO 2011).
 
Estudiosos: cartógrafos, geógrafos, astrônomos, matemáticos, tradutor, 
entre outros empenhados em melhorar a navegabilidade em alto
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mar. Os 
objetivos, além de 
sublinhar os conteúdos científicos relacionados aos artefatos 
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A partir do século XV, com a chegada dos portugueses em Ceuta, a coroa 
portuguesa alastrou seus domínios de comunicação , as rotas marítimas do Atlântico, 
teve como marco decisivos para os interesses portugueses no Atlântico a passagem 
para a Índia, alcançada por Vasco da Gama em 1498, e o desembarque de Pedro 
Alvares Cabral no novo mundo. Ampliavam-se conhecimentos sobre rotas marinhas, 
condições de navegação, povos que habitavam essas áreas e novos produtos que 
passaram a fazer parte do comércio. Os interesses mercantis e políticos ambos 
justificados pela ideologia do catolicismo, as bulas Romano pontifex e Inter-Caetera 
são considerados importantes documentos para entender o colonialismo Ibérico da 
época moderna. 
Esses impulsos de expansão portuguesa foi identificado na politica na economia 
e na evangelização dos povos não cristãos, mas o que realmente deu condições a esse 
empreendimento português foram os conhecimentos e as técnicas náuticas por eles 
utilizados, trouxe também desafios que foram solucionados associando conhecimentos 
sobre astronomiae náutica, guiavam-se pelas estrelas polares, ao se aproximarem do 
Equador guiavam-se utilizando o sol e as estrelas do cruzeiro do sul. 
Os homens medievais tinham navios equipados com instrumentos para 
navegação, tabelas de declinação do sol e de outras estrelas desconhecidas. 
Não haviam instrumentos de precisão nem tecnologia de informação, a comida 
era insuficiente, barcos pequenos; mapas e roteiros mal feitos, não tinham um 
estudo significativo sobre os ventos. Os recursos eram precários não havia 
radio de comunicação para pedir socorro, mapas imprecisos e incompletos. 
Durante as viagens faziam anotações visando aprimorar os dados coletados. 
Os ibéricos adaptaram para navegação astrolábios, bússolas, quadrantes e 
balhestilhas, além de outros artefatos como compassos transferidores e 
réguas, que serviam para transportar os dados coletados para a superfície do 
papel, permitindo o aperfeiçoamento das cartas de marear. 
 Entre os séculos XV e XVI as navegações sofreram 
transformações difíceis de datar com precisão, até 1400 utilizavam a 
navegação por alturas e distancias de um astro, tais métodos permaneceram 
até meados do século XVI, quando foram criados novos instrumentos, que 
possibilitavam a determinação da longitude do mar, como o octante, 
instrumento de reflexão, cuja invenção é atribuída ao inglês John Hadley. Os 
avanços geográficos e astronômicos e o desenvolvimento de instrumentos 
cada vez mais precisos, fabricados na França e na Inglaterra foram 
responsáveis pelas inovações (GUEDES,1999,P.14;FURTADO 2011). 
Estudiosos: cartógrafos, geógrafos, astrônomos, matemáticos, tradutor, 
entre outros empenhados em melhorar a navegabilidade em alto- mar. Os 
objetivos, além de sublinhar os conteúdos científicos relacionados aos artefatos

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