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Efeitos da Ausência das Partes em Audiência Inicial - Processo do Trabalho

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Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp 
 
PROCESSO DO TRABALHO 
OS EFEITOS DO NÃO COMPARECIMENTO DAS PARTES EM AUDIÊNCIA INICIAL 
 
 A princípio, para uma análise completa do referido tema, torna-se importante 
salientar que a audiência trabalhista possui a finalidade inicial de propiciar o 
momento de conciliação das partes, nela também haverá a fase de instrução, com a 
possibilidade de produção de prova oral, depoimento pessoal e oitiva de 
testemunhas. 
 No processo do trabalho, de acordo com o procedimento, sendo ele 
Sumaríssimo (audiência UNA) ou Ordinário (audiência UNA, Inicial e Instrução), 
poderá haver uma ou duas audiências. Quando houver a audiência UNA, todos os 
acontecimentos serão feitos nessa audiência. Quando houverem duas audiências, a 
inicial e a de prosseguimento, na inicial terá a tentativa de conciliação das partes e a 
apresentação da defesa, já na audiência de prosseguimento, haverá a instrução e 
novamente a tentativa de conciliação de acordo. Se as partes celebrarem o acordo, 
será lavrado o respectivo termo e, consequentemente, homologado pelo juiz. 
 Para que esses atos sejam possíveis, as partes precisam comparecer à 
audiência, por este motivo, no art. 844 da CLT há prevista a sanção acerca do não 
comparecimento. 
 No caso do reclamante, com a sua ausência, haverá o arquivamento da ação. 
Já no caso da reclamada, sua ausência implicará na revelia e confissão quanto à 
matéria de fato. 
 Em relação ao arquivamento, a reforma trabalhista trouxe uma novidade nos 
parágrafos do art. 844 da CLT, sendo: o reclamante além de ter o processo 
arquivado, deverá ainda pagar as custas processuais, mesmo que ele seja 
beneficiário da justiça gratuita, salvo se comprovar no prazo de 15 (quinze) dias 
que aquela ausência se deu por motivo legalmente justificável. Há interpretação 
doutrinária acerca do exposto: Carlos Henrique Bezerra1 leite explica que “se o 
reclamante, que pode ser o trabalhador ou o empregador, não comparecer 
injustificadamente à audiência inaugural, os autos deverão ser arquivados e, ainda 
que beneficiário da justiça gratuita, terá de pagar às custas do processo”. 
É possível o entendimento doutrinário que vem ao encontro do exposto, uma 
vez que para Carlos Bezerra Leite2 antes do arquivamento dos autos, o reclamante 
 
1
 1- LEITE, Carlos Henrique Bezerra Curso de direito processual do trabalho – 18. ed. – São 
Paulo: Saraiva Educação, 2020. Pág. 655). 
2
 
2
 1- LEITE, Carlos Henrique Bezerra Curso de direito processual do trabalho – 18. ed. – São 
 
Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp 
deverá ser intimado no prazo de 15 dias, para apresentar justificativa do não 
comparecimento à audiência inaugural, que por sua vez, é imprescindível para aplicar 
o pagamento das custas: “parece-nos que o juiz, antes de arquivar os autos, deverá 
intimar o reclamante para, no prazo de quinze dias, apresentar justificativa da sua 
ausência à audiência inaugural. Essa intimação é, a nosso sentir, condição 
imprescindível para a aplicação da penalidade a que se refere o § 3o do art. 844 da 
CLT. O termo “motivo legalmente justificável” previsto no § 2º do art. 844 da CLT. 
Deve ser interpretado ampliativamente, devendo o juiz interpretar a referida regra 
conforme os fins sociais do processo do trabalho e observar os princípios da dignidade 
da pessoa humana, da razoabilidade e da proporcionalidade (CPC, art. 8º), além dos 
princípios da boa-fé, da colaboração e do princípio/direito fundamental de acesso à 
justiça (CF, art. 5º, XXXV)”. 
Caso o reclamante falte na primeira audiência da primeira reclamação, terá 
arquivamento por extinção da ação sem resolução do mérito, o que possibilitará 
novo ajuizamento, uma vez que no que diz respeito ao arquivamento da demanda, não 
constitui óbice para que o autor intente nova reclamatória. 
 Agora, caso o reclamante falte mais uma vez em audiência, em um novo 
processo, será arquivado de novo e assim, haverá a perempção (espécie de “castigo” 
que impede o reclamante de ficar 6 (seis) meses de entrar com nova reclamação está 
fluindo o prazo prescricional, deve-se observar o que dispõe os artigos 731 e 732 da 
CLT. 
 Para corroboração do supramencionado texto, há o julgado da 3ª turma do 
TST nos autos do processo nº TST-RR-335-06.2012.5.09.0654, trata-se da extinção 
de um processo sem resolução do mérito, justificada pela perempção que ocorreu pelo 
fato do reclamante ingressar com duas reclamações e não comparecer nas 
audiências, sendo assim, esta terceira reclamação julgada no presente processo 
analisado, foi a terceira que o reclamante ingressou e não respeitou o prazo de 6 
(seis) meses, dessa forma, o recurso do reclamante não foi conhecido pela 3ª turma 
do TST. Conforme exposto abaixo: 
“A CLT, em seu art. 844, preceitua que o não comparecimento 
do Reclamante à audiência importa o arquivamento da 
reclamação. Já a leitura conjunta dos arts. 731 e 732 da CLT 
indica que incorrerá na perda do direito de reclamar perante a 
Justiça do Trabalho, pelo prazo de seis meses, o Reclamante 
que, por duas vezes seguidas, der causa ao arquivamento de 
 
Paulo: Saraiva Educação, 2020. Pág. 656). 
 
Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp 
que trata o art. 844 da CLT. Trata-se de perempção trabalhista, 
que se dá apenas de forma temporária no processo do 
trabalho, punindo o empregado com a impossibilidade de 
comparecimento à Justiça do Trabalho, na condição de 
reclamante, pelo prazo de seis meses. Ou seja, somente após 
seis meses do trânsito em julgado da sentença de 
arquivamento da segunda reclamação é que poderá o 
Reclamante ajuizar uma terceira reclamação. Não há falar em 
incompatibilidade do instituto da perempção com a garantia 
constitucional de acesso ao Judiciário, uma vez que não se 
trata o direito de ação de um direito absoluto, permitindo-se a 
aplicação de sanção àquele que o exercita de forma abusiva.” 
(RR-335-06.2012.5.09.0654, 3ª Turma, Relator Ministro 
Mauricio Godinho Delgado, DEJT 05/12/2014). 
 
 Diante da situação em que o reclamante não recolhe as custas da primeira 
ação que não justificou a ausência (prazo de 15 dias), deverá, portanto, pagar as 
custas do processo anterior caso queira ingressar com nova reclamação após o 
arquivamento, ou seja, não poderá ajuizar a segunda ação até recolher as custas da 
primeira que não compareceu na audiência, conforme positivado na CLT após a 
reforma trabalhista, lei nº 13.467/2017 que inseriu no art. 844 da CLT os §§ 2º e 3º. 
É cabível debater a possível inconstitucionalidade no pagamento das 
custas por aquele que possui justiça gratuita, já que com a mencionada lei é evidente 
que o pagamento de custas processuais se torna condição para que uma nova ação 
judicial seja proposta (art. 844, §§ 2º e 3º, CLT). Todavia, é de se observar que a parte 
reclamante nas diversas vezes é beneficiário da justiça gratuita e, sabendo que, os 
direitos trabalhistas têm natureza alimentar o comparecimento do trabalhador é a 
regra, o Professor Jorge Neto3 observe, in verbis: 
“Condicionar a isenção das custas a comprovação de um 
motivo legalmente justificável para a sua ausência, implica em 
equiparar o trabalhador a um litigante de má-fé. Vale dizer, 
como o trabalhador é o principal interessado na solução do 
conflito, presume-se que a sua ausência é por um justo motivo; 
(c) exigir o pagamento das custaspara o trabalhador é violar o 
acesso ao Judiciário (art. 5º, XXXV, CF)”. 
 
3
 Jorge Neto, Francisco Ferreira. Direito Processual do Trabalho – 8. ed. – São Paulo: Atlas, 
2019.p.566). 
 
Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp 
 Em oposição, há o julgado da 8ª Turma do TST, nos autos do processo nº 
AIRR - 10121-35.2018.5.03.0168, neste caso foi interposto agravo de instrumento para 
destrancar recurso de revista que alegava que o texto da decisão divergia da 
Constituição Federal, uma vez que o reclamante era beneficiário da justiça gratuita e 
recebeu como sanção pela injustificativa ao não comparecimento na audiência, o 
pagamento das custas judiciais. Para a 8ª turma do TST, não há violações à 
Constituição Federal, conforme transcrição do acórdão: 
“Prescinde de reforma o acórdão que manteve a condenação 
do obreiro, beneficiário da justiça gratuita, ao pagamento das 
custas processuais, nos termos do artigo 844, § 2º, da CLT, 
ante a ausência injustificada à audiência. Pelo exposto, verifica-
se que o recurso de revista não alcança conhecimento por 
ofensa direta e literal ao disposto no artigo 5º, XXXV, da CF, 
mesmo porque a parte está se valendo de todos os recursos 
previstos em nosso ordenamento jurídico. (AIRR - 10121-
35.2018.5.03.0168 Data de Julgamento: 20/02/2019, Relatora 
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma). 
 Importante destacar que há uma maneira de se evitar o arquivamento: no 
caso do reclamante, se ele não puder comparecer por motivo de doença, ou algum 
outro motivo poderoso, poderá então se fazer representar nessa audiência por outro 
empregado que pertença à mesma categoria/profissão e pelo sindicato da categoria 
profissional. 
 Por fim, enfatiza-se: é certo que a CLT em seu artigo 843 estabelece que o 
reclamente e o reclamado deverão estar presentes nas audiências de julgamento, 
isto independente do comparecimento de seus representates salvo nos casos 
Reclamatórias Plúrimas ou Ações de Cumprimento, onde estabelece que há uma 
maneira de se evitar o arquivamento ou revelia: no caso do empregado, se ele 
não puder comparecer por motivo de doença, ou algum outro motivo poderoso, 
poderá então se fazer representar nessa audiência por outro empregado que 
pertença à mesma categoria e pelo sindicato da categoria profissional (art. 843, §2º 
da CLT), à título de conhecimento, analisa-se o que ocorre com o empregador com 
base no mencionado artigo: este pode ser substituído na audiência, pelo gerente ou 
pelo preposto, este pode ser qualquer pessoa que tenha conhecimento dos fatos e 
não precisa ser empregado (art. art. 843, §§1º e 3º da CLT).

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