Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ABORDAGEM SISTÊMICA DA ADMINISTRAÇÃO Por volta de 1950, o biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy elaborou uma teoria interdisciplinar para transcender os problemas exclusivos de cada ciência e estabelecer princípios gerais (sejam físicos, sociológicos, biológicos, químicos, etc) e modelos gerais para todas as ciências envolvidas, de modo que as descobertas efetuadas em cada uma pudessem ser utilizadas pelas demais. Essa teoria interdisciplinar foi denominada Teoria Geral dos Sistemas, a qual busca demonstrar a equivalência entre os campos do conhecimento com o objetivo de eliminar as fronteiras e preencher o que, posteriormente, seria chamado de espaço branco. Para essa teoria, os sistemas não podem ser compreendidos a partir da análise separada de cada uma de suas partes, deve-se compreender a necessidade de integração entre elas. Até então, as organizações eram analisadas a partir da Abordagem Clássica, a qual tinha como princípios o mecanicismo, pensamento analítico e reducionismo. Com o advento da Abordagem Sistêmica, esses princípios foram substituídos pelo expansionismo, pensamento sintético e teologia. Com esses três novos princípios, a TGS acabou revolucionando a Teoria Geral da Administração: a teoria administrativa passou a pensar sistematicamente. A TGS fundamenta-se em três premissas básicas: ● Os sistemas existem dentro de sistemas: cada sistema é constituído de subsistemas e, ao mesmo tempo, faz parte de um sistema maior, o supra-sistema. ● Os sistemas são abertos: cada sistema existe dentro de um meio ambiente constituído por outros sistemas ● As funções de um sistema dependem de sua estrutura: cada sistema tem um objetivo ou finalidade que constitui seu papel no intercâmbio com outros sistemas dentro do meio ambiente; TEORIA DOS SISTEMAS A partir daí, surge a Teoria dos Sistemas. Havia a necessidade de integração entre as teorias anteriores (as teorias Estruturalista e Comportamentalista tentaram fazer isso, porém não obtiveram sucesso). Todas elas tinham um problema em comum: a microabordagem; lidavam com poucas variáveis. O conceito de sistemas proporciona uma visão abrangente de um conjunto de coisas complexas e permite revelar o “geral no particular”, indicando as propriedades globais das organizações. Ênfase: ambiente (?todas as variáveis organizacionais?) Homem: funcional (o indivíduo comporta-se em um papel dentro das organizações, inter-relacionando-se com os demais indivíduos como um sistema aberto) SOBRE SISTEMAS Conceito de sistema: Sistema é um conjunto ou combinações de coisas ou partes formando um todo unitário. Características dos sistemas: O aspecto mais importante de um sistema é a ideia de um conjunto de elementos interligados que formam um todo. O todo apresenta características próprias que não são encontradas em nenhum dos elementos que o compõem, se analisados isoladamente. Isso é o que chamamos de emergente sistêmico: as características da água (o todo) são totalmente diferentes do hidrogênio e do oxigênio (elementos que compõem o todo). A partir da definição de Bertalanffy para sistema, decorrem dois conceitos que retratam duas características básicas dos sistemas: ● propósito ou objetivo: todo sistema tem um ou vários propósitos e objetivos. Os elementos e os relacionamentos definem um arranjo sempre em busca de um objetivo. ● goblalismo ou totalidade: qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema afetará todas as unidades por conta do relacionamento que há entre elas. O sistema sempre irá reagir globalmente a qualquer alteração em qualquer uma de suas unidades. Tipos de sistemas: Há uma variedade de sistemas e várias tipologias para classificá-los. a) Quanto à sua constituição, podem ser: ● Sistemas físicos/concretos: São compostos por equipamentos, maquinaria, objetos e coisas reais. São também chamados de hardware. ● Sistemas abstratos/conceituais: São compostos por conceitos, filosofias, planos, hipóteses e ideias. São também chamados de software. OBS: ambos os sistemas (físicos e abstratos) se complementam, visto que uma máquina (hardware) precisa de uma programação (software) Quanto à sua natureza, podem ser: ● Sistemas fechados: São sistemas que não recebem influência do ambiente externo e nem o influenciam. São os chamados sistemas mecânicos. ● Sistemas abertos: São aqueles que apresentam uma relação de reciprocidade com o ambiente. Tem capacidade de cresci- mento, mudança, adaptação. Parâmetros dos sistemas: a organização é um sistema composto de elementos interdependentes ● Entradas ou insumo (input): é a força ou impulso de arranque ou de partida do sistema que fornece o material ou a informação para a operação do sistema. ● Saída ou resultado (output): é a consequência para a qual se reuniram elementos e relações do sistema. ● Processamento ou transformador (throughput): é o fenômeno que produz mudanças, é o mecanismo de conversão das entradas em saídas. ● Retroação ou retroalimentação (feedback): é a função de sistema que compara a saída com um critério ou padrão previamente estabelecido. ● Ambiente: – é o meio que envolve externamente o sistema. O sistema e o ambiente encontram-se interrelacionados e interdependentes. (criar novo desenho no ppt) AS ORGANIZAÇÕES COMO SISTEMAS ABERTOS A organização pode ser definida como um sistema aberto pois: é criada por um homem e está em constante interação com seu meio ambiente, seja com clientes, fornecedores, concorrentes, entidades sindicais, órgãos governamentais e outros agentes externos; uma organização tem influência sobre o meio ambiente e é influenciada pelo mesmo; é um todo formado por diversos elementos interdependentes que trabalham harmonicamente entre si, com a finalidade de alcançar uma série de objetivos, sejam eles da organização ou dos seus participantes. SISTEMAS VIVOS (ORGANISMOS) ● Nascem, herdam seus traços estruturais; ● Morrem, seu tempo de vida é limitado; ● Têm um ciclo de vida predeterminado; ● São concretos – o sistema é descrito em termos físicos e químicos; ● São completos. O parasitismo e a simbiose são excepcionais; ● E doença é definida como um distúrbio no processo vital. SISTEMAS ORGANIZADOS (ORGANIZAÇÕES) ● São organizados, adquirem sua estrutura em estágios; ● Podem ser reorganizados, têm uma vida limitada e podem ser reconstruídos; ● Não têm ciclo de vida definido; ● São abstratos – o sistema é descrito em termos psicológicos e sociológicos; ● São incompletos: dependem de cooperação com outras organizações. Suas partes são intercambiáveis; ● O problema é definido como um desvio nas normas sociais. Características das organizações como sistema aberto: ● Comportamento probabilístico e não determinístico: Comportamento baseado em probabilidades, não é exato ou específico. Sistemas abertos afetados por mudanças em seu ambiente, chamadas de variáveis externas. Muitas dessas variáveis são desconhecidas e incontroláveis. ● As organizações como partes de uma sociedade maior e constituída de partes menores: As organizações são vistas como sistemas dentro de sistemas. ● Interdependência das partes: Aorganização é um sistema social cujas partes são independentes mas inter-relacionadas. Mudanças em uma das partes influenciam em todas as outras, tudo precisa trabalhar em conjunto e com coordenação. ● Homeostase ou “estado firme”: A organização alcança um estado firme, de equilíbrio, quando satisfaz dois requisitos, a unidirecionalidade (os mesmos resultados são atingidos, independente de mudanças) e o progresso (manter um grau de progresso dentro dos limites definidos como toleráveis). ● Fronteiras ou limites: Demarcações que definem o que está dentro e o que está fora do sistema e seus subsistemas. Essas demarcações não existem fisicamente, e também podem diferenciar a organização de seu ambiente. Transações entre organização e ambiente são feitos por elementos presentes na fronteira organizacional. ● Morfogênese: O sistema organizacional tem capacidade de modificar a si próprio e sua estrutura básica. ● Resiliência: Superar distúrbios impostos por fenômenos externos. Existem vários modelos que explicam a organização como um sistema aberto. Os principais são o modelo de Schein, o modelo de Katz e Kahn e o modelo sociotécnico. Modelo de Schein ● A organização é um sistema aberto e em constante interação com o meio; ● A organização é um sistema com objetivos ou funções múltiplas que envolvem interações múltiplas com o meio ambiente; ● A organização é um conjunto de subsistemas em interação dinâmica uns com os outros; ● Os subsistemas são mutuamente dependentes e mudanças em uma parte afeta todas; ● A organização existe em um ambiente dinâmico que compreende outros sistemas; ● As fronteiras organizacionais não são claras, devido aos múltiplos elos entre a organização e seu meio. Modelo de Katz e Kahn Katz e Kahn desenvolveram um modelo de organização através da aplicação da Teoria dos Sistemas na teoria administrativa. Para eles, uma organização poderia ser como sistema aberto, como sistema social e como sistema de papéis. 1. Organização como sistema aberto: características típicas de um sistema aberto 2. Organização como sistema social: ● Os sistemas sociais não podem ser representados por modelos físicos; são independentes de qualquer parte física, podendo substituí-la. ● Sistemas sociais precisam de entrada de manutenção (importação da energia que sustenta o funcionamento do sistema) e de entrada de produção (entrada de energia processada para proporcionar um resultado mais produtivo. ex: motivações que atraem as pessoas e as mantêm trabalhando dentro do sistema social) ● Sistemas sociais são inventados pelos homens e são imperfeitos. Eles se baseiam em crenças, percepções, motivações, hábito e expectativas das pessoas. ● Sistemas sociais apresentam maior variabilidade que os sistemas biológicos: por isso, os sistemas sociais precisam utilizar forças de controle para reduzir a variabilidade e a instabilidade das ações humanas. ● Funções, normas e valores são os principais componentes do sistema social: as funções descrevem as formas de comportamento associado a determinadas tarefas a partir dos requisitos da tarefa e constituem formas padronizadas de comportamento, as normas são expectativas gerais com caráter de exigência e os valores são as justificações e aspirações ideológicas mais generalizadas. ● Organizações sociais constituem um sistema for- malizado de funções: representam um padrão de funções interligadas que definem formas de atividades prescritas ou padronizadas. As regras definem o comportamento esperado das pessoas no sistema e são explicitamente formuladas. Para a imposição das regras existem as sanções. ● As pessoas incluem-se apenas parcialmente nas organizações. A organização utiliza apenas os conhecimentos e as habilidades das pessoas que lhe são importantes. Os demais aspectos das pessoas são simplesmente ignorados. ● O funcionamento organizacional deve ser estudado em relação às transações com o meio ambiente. 3. Organização como sistema de papéis: A organização consiste em papéis ou aglomerados de atividades esperadas dos indivíduos e que se sobrepõem. Modelo Sociotécnico O modelo sociotécnico de Tavistock foi proposto por sociólogos e psicólogos do Instituto de Relações Humanas de Tavistock. Para eles, a organização é um sistema aberto em interação constante com seu ambiente. Mais do que isso, a organização é um sistema sociotécnico estruturado sobre dois subsistemas: ● Subsistema técnico: é responsável pela eficiência potencial da organização e envolve a tecnologia, o território e o tempo (tarefas a serem desempenhadas, as instalações físicas, os equipamentos utilizados, as exigências das tarefas, etc) ● Subsistema social: compreende as pessoas, suas características físicas e psicológicas, as relações sociais entre os indivíduos encarregados de executar determinada tarefa, etc. A abordagem sociotécnica enxerga a organização como dividida em um subsistema técnico e um subsistema social. Ambos interagem mutuamente e cada um determina o outro, até certo ponto. A natureza da tarefa influencia a natureza da organização das pessoas, assim como as características psicossociais influenciam a forma em que determinado cargo será executado. O modelo de sistema aberto proposto pela abordagem sociotécnica parte do pressuposto de que toda organização “importa” várias coisas do meio ambiente e utiliza essas importações em processos de “conversão”, para então “exportar” produtos e serviços que resultam do processo de conversão. As importações são constituídas de informações sobre o meio ambiente, matérias-primas, dinheiro, equipamento e pessoas implicadas na conversão em algo que deve ser exportado e que cumpre exigências do meio ambiente. CRÍTICAS À TEORIA DOS SISTEMAS Dentre as demais teorias admnistrativas, a Teoria dos Sistemas foi a menos criticada. As principais criticas são: ● Confronto entre teorias de sistema fechado e sistema aberto ● Caráter integrativo e abstrato da Teoria dos Sistemas: a Teoria dos Sistemas é conceitual, o que torna difícil sua aplicação nas situações gerenciais práticas. Apesar da abordagem sistêmica, em teoria, ser aplicável a diferentes tipos de organizações e aos indivíduos de diferentes meios culturais, muitos detalhes da teoria ainda precisam ser analisados e pesquisados. ● Efeito sinérgico das organizações como sistemas abertos: As organizações produzem valor agregado por meio do efeito sinergístico. Os recursos humanos, materiais e financeiros – quando considerados fatores de produção – geram riqueza por meio da sinergia organizacional. A perspectiva sistêmica mostra que a organização deve ser administrada como um todo complexo. ● O “homem funcional”: a Teoria de Sistemas utiliza o conceito do “homem funcional”. O indivíduo comporta-se em um papel dentro das organizações, inter-relacionando-se com os demais indivíduos como um sistema aberto. Nas suas ações em um conjunto de papéis, o “homem funcional” mantém expectativas quanto ao papel dos demais participantes e procura enviar aos outros as suas expectativas de papel. Essa interação altera ou reforça o papel. As organizações são sistemas depapéis, nas quais as pessoas desempenham papéis. ● Nova abordagem organizacional: Nessa nova abordagem organizacional, o importante é ver o todo, e não cada parte isoladamente. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração . 9. ed. Barueri, SP: Manole, 2014.
Compartilhar