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Ciclos Economicos

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UNIVERSIDADE CEUMA 
COORDENADORIA DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cesário Pereira da Silva 
Euclidsmar Rodrigues da Silva Júnior 
Isabelly Cristina Soares Paiva 
Suyan Pinheiro Sobrinho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OS CICLOS ECONÔMICOS, MULTIPLICADOR KEYNESIANO E A CRISE 
ECONÔMICA NORTE-AMERICANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís 
2018 
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1. INTRODUÇÃO 
A artigo em questão procura trazer dentro de uma visão keynesiana a crise 
financeira de 2008 que abalou o mundo. Porém, antes disto, um breve histórico da 
crise de 1929 ou, como ficou conhecida mundialmente, a Grande Depressão. 
É de conhecimento geral que a Grande Depressão, como ficou conhecida a crise 
de 1929, foi um marco histórico e um abalo nas economias de todo o mundo. Em 
virtude do crescimento acelerado dos Estados Unidos, que já ocupavam a posição de 
maior economia do mundo, a década de 1920 ficou conhecida como Roaring Twenties 
(traduzido para Loucos Anos Vinte). O desenvolvimento da economia americana 
tornou o país responsável por quase metade de todas as mercadorias produzidas 
mundialmente, 42% precisamente; além de ser a maior credora do mundo a ponto de 
emprestar valores em quantidades exorbitantes para países europeus que se 
encontravam em processo de reconstrução – após a I Guerra Mundial. 
A superprodução norte-americana proporcionou que a produtividade do 
trabalhador também aumentasse, porém, os salários não acompanharam esse 
crescimento. Assim o mercado interno e externo não foi capaz de absorver toda a 
produção acumulada. Com isso, as pessoas perderam as esperanças de uma 
economia próspera e começaram a vender suas ações em 24 de outubro de 1929, no 
que ficou conhecido como Quinta-feira Negra. Nesse dia, mais de 12 milhões de ações 
foram colocadas à venda. Logo no dia 28 de outubro de 1929, mais de 33 milhões de 
ações foram vendidas, levando o mercado a entrar em colapso, baixar os valores das 
ações até que a bolsa de valores quebrou juntamente com a economia americana. 
Dentre as consequências da crise de 1929, está a falência de milhares de empresas, 
falência de bancos, redução do PIB em 50%, importações e exportações diminuíram 
entre 50 e 70%. 
No Brasil, o reflexo da crise se deu na indústria de café. Na época, o país era 
responsável por 70% da produção mundial de café e o principal consumidor era 
justamente os Estados Unidos, que comprava 80% de toda a produção. Com a 
recessão, o café estagnou-se no mercado brasileiro, e o preço do produto despencou. 
Os cafeicultores tiveram prejuízos gigantescos. No auge dessa crise, o país enfrentou 
transformações políticas profundas com o acontecimento da Revolução de 1930. O 
novo governo teve Getúlio Vargas como presidente provisório. A mudança política em 
si que aconteceu nesse período já é levantada pelos historiadores como uma 
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consequência indireta da recessão sobre o nosso país. Além disso, as exportações 
do café brasileiro reduziram-se por volta de 60%, e o preço do café no mercado 
internacional caiu cerca de 90%. Com isso, o governo resolveu agir. A medida de 
Vargas na economia foi a de proteger o principal produto do país. Para isso, foi criado 
o Conselho Nacional do Café (CNC) em 1931. Para conter a queda no valor do café, 
o governo decidiu realizar a compra das sacas que estavam paradas para aumentar 
o valor do café no mercado internacional. As sacas que foram compradas pelo 
governo eram incendiadas. Essa prática estendeu-se durante treze anos, resultando 
na destruição de 78,2 milhões de sacas de café, segundo artigo de Daniel Neves Silva. 
O 'New Deal' (Novo Acordo) foi o nome dado à série de programas 
implementados nos Estados Unidos entre 1933 e 1937, sob o governo do presidente 
Franklin Delano Roosevelt, com o objetivo de recuperar e reformar a economia norte-
americana. O New Deal abrangia a agricultura, a indústria e a área social. Contudo 
este programa não liquidou totalmente a crise econômica, mas manteve a 
estabilidade. A partir de 1935, a economia do país voltou a se estabelecer, mas só se 
restabeleceu totalmente com a Segunda Guerra Mundial. 
 
2. OS CICLOS ECONÔMICOS, MULTIPLICADOR KEYNESIANO E A CRISE 
ECONÔMICA NORTE-AMERICANA 
Os ciclos econômicos são flutuações da atividade econômica agregada e não 
de uma varável específica, além de ser recorrente e não periódico. Ou seja, ocorre 
com frequência, mas segue intervalos regulares. Se dão em economias 
descentralizadas, é caracterizados por co-movimento de um grande número de 
atividades econômicas e não somente pelo movimento de uma única variável, como 
o PIB, por exemplo. Os ciclos econômicos tem duração superior a um anos e podem 
perduram por mais tempo que o esperado desde de seu fato gerador. 
O ciclo econômico que compreendeu o período de 2003 a 2007 e que precedeu 
o colapso da crise de 2008 se deu pela diminuição no ritmo de crescimento do país. 
Com isso o governo, por intermédio do FED (o Banco Central dos EUA), reduziu a 
taxa de juros e incentivou a ampliação do crédito injetando US$200 milhões de dólares 
para restaurar a liquides do mercado. Os bancos se tornaram menos rigorosos na 
concessão de empréstimos e os bens imobiliários sofreram uma supervalorização. A 
inflação aumentou e o FED corrigiu a taxa de juros, o que provocou inadimplência, 
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segundo Ricardo Pereira Cabral. Assim, o multiplicador de gastos ampliou a demanda 
agregada da produção e o emprego. O consumo das famílias caiu ainda mais depois 
da queda da renda e do aumento do desemprego. 
O cenário parecia estar dado para o tipo de política fiscal recomendado por 
Keynes no contexto de uma recessão: um aumento do gasto público, que 
incrementaria a demanda agregada e, portanto, a renda, que, por sua vez, elevaria o 
consumo das famílias, realimentando a expansão da demanda agregada e da própria 
renda, via multiplicador. 
Na visão de Keynes (1988, p.64) 
“Os governos devem atuar com dois orçamentos distintos. Um orçamento ordinário, 
para os gastos consumo - custeio - e um orçamento de capital de caráter arbitrário, para 
os investimentos do governo. O primeiro deveria ser, metodicamente, equilibrado e, 
quando possível, superavitário. Estes superávits, idealmente, precisariam ser gerados 
pelo aumento endógeno da receita do governo, ou seja, através do avanço da base de 
arrecadação - a renda agregada - e, por conseguinte, nos tempos de maior prosperidade 
econômica. Nesses períodos, os recursos excedentes do governo deveriam compor um 
fundo para financiar os gastos públicos em investimentos, imprescindíveis nos períodos 
de deficiência de demanda efetiva”. 
 
Além disso quando a renda familiar aumenta, a injeção de renda na economia 
aumenta junto. Desta forma a economia voltaria a girar de forma a voltar ao que era 
antes da recessão. Devido a esse estímulo indireto ao consumo, diz-se que os gastos 
do governo, assim como os investimentos privados, têm um efeito multiplicador sobre 
a atividade econômica. 
Durante a crise de 2008 o mundo assistiu e sentiu na pele suas consequência: 
desmoronamento de economias financeiras, falências de bancos, países em crises 
internas movidas pela crise externa, o modelo multiplicador de Keynes foi um fator 
determinante para o equilíbrio financeiro durante a crise, sendo um grande 
incentivador do estímulo contínuo ao investimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Crises financeiras não são apenas resultantes de erros isolados, tudo vem de 
um conjunto de ações, que, naquele momento em que foi pensado, daria certo. 
Contudo, as consequências tem que ser levadas em consideração rigorosamente pois 
uma falha impacta um país, um continente, todo um mercado mundial. A crise de 2008 
levou o mundo a repensar sobre a interferência do Estado na economia financeira e a 
refazer regulamentos. 
No início de 2007 aumentou exorbitantemente a inadimplência imobiliária 
baseado nos empréstimoscredores de hipotecas e, no fim deste mesmo ano, a 
explosão da bolha especulativa, atingindo os mercados financeiros e de capitais dos 
EUA e Europa. Essa concessão desregulada de crédito para credores que não tinham 
como bancar esses valores não previu que, a partir no momento em que juros 
aumentassem, não haviam condições de pagamento. Assim todo o mundo teve que 
lidar com as grandes ondas de consequências. A Europa com seus vínculos com os 
EUA, sofreu fortemente já que muitos bancos europeus possuem quantidades 
expressivas de papéis lastreados pelas hipotecas subprime (é um crédito de risco, 
concedido a um tomador que não oferece garantias suficientes para se beneficiar da 
taxa de juros mais vantajosa) dos EUA. 
No Brasil, numa tentativa de minimizar os efeitos e tranquilizar a população, 
segundo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “a crise é tsunami nos EUA e, se 
chegar ao Brasil, será 'marolinha’”. Mas, por aqui, também se deu um tsunami e dos 
mais arrebatadores possíveis. Contudo, a crise aconteceu no momento em que o país 
crescia, gerava empregos formais e o governo tinha bons índices de gastos públicos 
além de alta aprovação populista. Apesar da frase da “marolinha”, o país sentiu as 
consequências em 2009, logo após o colapso, o PIB encolheu, mas, no ano seguinte, 
cresceu em 7,5%. 
Dez anos após a ruptura financeira mundial, os Estados Unidos estão em 
processo de retirada dos estímulos implantados durante a crise. O dólar tem se 
valorizado frente a outras moedas, os juros mostram aumento, a criação de emprego 
voltou às taxas anteriores e a economia só cresce. A Europa também demostra 
recuperação, mesmo que a Grécia ainda esteja em crise. O Brasil, no entanto, 
demonstra encolhimento econômico de 8% e o desemprego, apesar de ter diminuído 
0,3%, ainda conta com, pelo menos, 12,7 milhões de pessoas. 
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Referências Bibliográficas 
CABRAL, Ricardo Pereira. Quais as diferenças e as semelhanças entre a crise de 
1929 e a que atingiu o mundo entre 2008 e 2009?. Nova Escola. Disponível em < 
https://novaescola.org.br/conteudo/2439/quais-as-diferencas-e-as-semelhancas-
entre-a-crise-de-1929-e-a-que-atingiu-o-mundo-entre-2008-e-2009>. Acesso em 20 
de novembro de 2018. 
KEYNES, John Maynard. Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. São Paulo: 
Nova Cultura, 1988. 
SILVA, Daniel Neves. Crise de 1929. Brasil Escola. Disponível em 
<https://brasilescola.uol.com.br/historiag/crise29.htm>. Acesso em 20 de novembro 
de 2018. 
VEJA. Graças a Keynes, não tivemos outra Grande Depressão. Disponível em 
<https://veja.abril.com.br/economia/gracas-a-keynes-nao-tivemos-outra-grande-
depressao/>. Acesso em 20 de novembro de 2018.

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