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Papel da Medula Espinhal na Organização Motora

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Papel da Medula Espinhal na 
Organização Motora 
Estrutura geral 
A medula apresenta 5 níveis: 7 cervicais, 12 
torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e o cóccix. 
A medula apresenta uma fissura mediana 
anterior, sulco lateral anterior (direito e esquerdo - é 
de onde emergem as raízes anteriores), sulco lateral 
posterior (emergem as raízes posteriores) e sulco 
mediano posterior. 
 
Substância Cinzenta 
A substância cinzenta da medula apresenta 
uma estrutura em borboleta ou H; a qual apresenta 3 
cornos: 
● Anterior/ventral 
● Posterior/dorsal 
● Lateral (presente apenas na medula torácica e 
parte da lombate - T1 a L2) 
Além disso, no meio da subs. cinzenta há um 
canal central (percorre toda a medula 
longitudinalmente). Essa substância pode ser dividida 
em colunas: 
● Coluna anterior: apresenta os cornos anteriores 
e faz conexão com a subs. cinzenta 
intermediária lateral 
● Substância cinzenta intermediária (central e 
lateral): a coluna lateral faz parte da subs. 
cinzenta intermediária lateral. 
● Coluna posterior: no seu ápice existe uma área 
de tecido nervoso translúcido, rico em células 
neurogliais e pequenos neurônios, a substância 
gelatinosa ou de Rolando. 
 
Substância Branca 
Apresenta fibras nervosas aferentes e eferentes 
que percorrem longitudinalmente a medula. A subst. 
branca é dividida em ​funículos​: 
● Anterior​: entre fissura mediana anterior e 
sulco lateral anterior 
● Lateral​: Entre os sulcos laterais anteriores e 
posteriores 
● Posterior​: entre sulcos laterais posterior e 
sulco medianos posteriores (na cervical o 
funículo posterior é dividido pelo sulco 
intermédio posterior em Fascículo Grácil e 
cuneiforme) 
 
Segmentos medulares 
No sentido crânio-caudal, há diminuição da 
subs. branca. Além disso, existe um aumento da 
substância cinzenta: as intumescências cervicais e 
lombares (maior quantidade de s. cinzenta - conexão 
com os plexos braquial e sacral). 
A ​coluna lateral está presente somente entre 
T1 e L2 e apresenta ​neurônios aferentes do SNA 
(pré-ganglionares). 
 
Classificação dos Neurônios medulares 
● Neurônios de axônio longo (ou Tipo I de 
Golgi) 
○ radiculares​: partem das raízes, podendo 
ser divididos em viscerais ou 
somáticos. 
○ cordonais​: estão na medula espinal, 
podendo ser de projeção ou de 
associação 
● Neurônios de axônio curto (ou Tipo II de 
Golgi) 
 
Neurônios de axônio longo 
Radiculares​: 
● Viscerais: Caracteriza-se pelos ​neurônios 
pré-ganglionares do SNA​, tem localização na 
coluna intermediária lateral de T1-L2 (coluna 
lateral) e S2 a S4; a inervação é em Mms lisos, 
cardíacos e glândulas. 
● Somáticos: são os ​neurônios motores 
primários ou motoneurônios ou neurônios 
motores inferiores ou via motora final comum 
de Sherrington; sua localização é na coluna 
anterior, com inervação nos mms estriados 
esqueléticos. Os tipos de fibras são: 
○ α​: maiores e com axônios mais 
grossos, para fibras extrafusais - 
contração, postura e movimento 
○ γ​: menores e com axônios mais finos, 
para fibras intrafusais (receptores 
sensoriais) - fuso neuromuscular 
 
Cordonais​: ganham a ​substância branca da 
medula e se projetam ascendentemente ou 
descendentemente (homolateral/ipsilateral ou 
heterolateral/contralateral ao corpo celular). Formam 
os funículos da medula. Podem ser divididos em: 
● de projeção​: possuem um axônio longo que 
termina fora da medula (vias ascendentes da 
medula) 
● de associação​: possuem um ramo ascendente e 
outro descendente que terminam na substância 
cinzenta na própria medula (integra diferentes 
segmentos medulares - reflexos 
intersegmentares); formam os fascículos 
próprios. 
 
Neurônios de axônio curto 
São caracterizados como neurônios 
internunciais ou ​interneurônios​; sua localização é 
dentro da substância cinzenta da medula espinhal, 
entre neurônios sensoriais e motores (arco reflexo). A 
função desses neurônios é de receber sinapses de 
neurônios de centros superiores, ex: Interneurônio 
inibitórios e células de Renshaw (libera glicina - 
inibitória). 
 
Lâminas de Rexed 
No H da substância cinzenta ocorre uma 
divisão, chamada de lâminas de Rexed, dividida em 
10 lâminas, por características citoarquitetônica 
(tamanho e densidade dos neurônios). 
● Lâmina I: presente no corno posterior, fica na 
zona marginal e possui corpos de neurônios 
sensitivos 
● Lâmina II: conhecido como subs. gelatinosa, 
participa no controle da dor 
● Lâminas III e IV: apresenta núcleo próprio 
● Lâmina VII: subs. intermédia lateral, apresenta 
fibras pré-ganglionares 
● Lâminas V e VI: área receptora 
(proprioceptiva) 
● Lâminas VIII e IX: área de referência 
(motoneurônios) 
Essas lâminas podem ter uma pequena 
mudança no seu tamanho nos diferentes segmentos 
medulares. 
 
Destino das fibras da raiz dorsal 
Os neurônios que chegam da raiz dorsal 
podem fazer sinapses com: 
● neurônios motores da coluna anterior (arcos 
reflexos monossinápticos) 
● neurônios internunciais (reflexos 
polissinápticos intrasegmentares, ex: reflexos 
de retirada) 
● neurônios cordonais de associação (reflexos 
intersegmentares, ex: coçar) 
● neurônios pré-ganglionares (reflexos viscerais 
- SNA) 
● neurônios cordonais de projeção (vias 
ascendentes da medula) 
 
Núcleos e lâminas da substância cinzenta da 
medula 
 
 
● Coluna anterior (motora): contêm os 
motoneurônios, que podem ser divididos de 
acordo com a região em que se encontram no 
corno anterior. 
○ neurônios localizados mais 
medialmente são responsável pela 
inervação da ​musculatura axial do 
corpo (cintura escapular, pélvica e do 
tronco - musculaturas posturais). 
○ neurônios que formam a coluna dorso 
lateral são responsável pela 
musculatura mais distal (membro, 
mãos e pés - musculatura apendicular). 
 
Movimento 
Qualquer movimento é produzido por padrões 
espaciais e temporais de contrações musculares e 
desencadeados pelo encéfalo e pela medula espinhal. 
O processamento elaborado de informações no 
SNC resulta em contrações de músculos esqueléticos. 
 
OBS! Uma unidade motora inerva um tipo de fibra 
específica. As distinções entre os diferentes tipos de 
unidades motoras indicam como o SN produz 
movimentos apropriados para diferentes 
circunstâncias. 
 
O aumento na tensão muscular são mediadas 
por recrutamento ordenado de diferentes tipos de 
unidades motoras (princípio do tamanho) como pelo 
aumento na frequência de disparo dos motoneurônios. 
Os movimentos podem ser divididos em: 
● Reflexos​: são padrões coordenados 
involuntários de contração e relaxamento 
eliciados por estímulos periféricos. Ex: reflexo 
de estiramento, reflexo de retirada. 
● Rítmicos​: padrões repetitivos de movimentos 
espontâneos ou desencadeados por estímulos 
periféricos. Ex: mastigar, engolir, coçar, 
locomoção. 
● Postura e equilíbrio​: movimentos organizados 
no tronco cerebral e cerebelo 
● Movimentos voluntários ou elaborados​: 
movimentos complexos 
 
Organização Hierárquica do Movimento 
Cada nível contém circuitos que organizam e 
regulam respostas motoras complexas: 
1. Córtex: propósito e comando do movimento 
2. Núcleos da base e cerebelo: formação do 
plano motor e ajustes motores 
3. Tronco cerebral e Cerebelo: controle da 
postura e equilíbrio 
4. Medula espinal: nível mais baixo da 
organização hierárquica; circuitos neurais que 
medeiam reflexos e automatismosrítmicos 
(tronco e medula espinhal). 
 
Centros neurais responsáveis pelo movimento 
Os circuitos neurais responsáveis pelo controle 
do movimento podem ser divididos em quatro 
subsistemas distintos, mas altamente interativos, cada 
um contribuindo de forma única para o controle 
motor: 
1. ​Circuito dentro da matéria cinzenta da 
medula espinal e do tegmento no tronco encefálico​: 
apresentam neurônios motores ↓ (que enviam axônios 
para inervar mms esqueléticos do corpo e da cabeça) e 
os neurônios dos circuitos locais (que são as 
principais fontes de aferências sinápticas para os 
neurônios motores inferiores) 
Todos os comandos para o movimento são 
conduzidos por último pelos ​neurônios inferiores​. 
Logo, esses neurônios são a via final comum para 
iniciar o movimento​. Já os neurônios de circuito local 
recebem aferências sensoriais, assim como projeções 
descendentes de centros mais altos, ou seja, esses 
neurônios fazem boa parte da ​coordenação e 
organização do movimento​. 
 
2. ​Circuito dentro do tronco encefálico e do 
córtex cerebral​: apresentam ​neurônios motores 
superiores que se projetam par baixo, diretamente 
para os neurônios mot. inferiores. As vias que surgem 
desses neurônios superiores são essenciais para a 
iniciação dos movimentos voluntários e para 
sequências espaciais-temporais complexas de 
movimentos mais elaborados​. Em especial, projeções 
descendentes de áreas corticais do lobo frontal, como 
a área 4 de Brodmann (córtex motor primário) e entre 
outras áreas. 
 
3 e 4. ​Subsistemas que não têm acesso 
direto a neurônios de circuito local e a neurônios 
motores inferiores, como o cerebelo e os núcleos da 
base: ​controlam o movimento regulando a atividade 
dos neurônios motores ↑​. 
O ​cerebelo age por meio de suas vias eferentes 
sobre os neurônios motores superiores como um 
servomecanismo, detectando a diferença ou “erro 
motor” entre o movimento pretendido e o movimento 
que realmente foi produzido. Esse órgão utiliza essa 
informação sobre as diferenças para reduzir esses 
erros motores inevitáveis. 
Os núcleos da base suprimem movimentos 
indesejáveis e preparam (“aprontam”) os circuitos de 
neurônios motores superiores para iniciar os 
movimentos. 
 
OBS! ​A medula apresenta um centro gerador de 
padrão, o qual é coordenado por sistema superiores. 
 
Relação entre neurônios motores e músculos 
Existe duas relações principais com relação ao 
local dos conjuntos de neurônios motores e os 
músculos que inervam: 
● Ao longo do comprimento da medula: cada 
neurônio motor inferior inerva fibras 
musculares de um único músculo, e todos os 
neurônios motores que inervam um único 
músculo (conjunto de neurônios motores) 
formam aglomerados em forma de bastão que 
correm paralelamente ao longo do eixo da 
medula espinhal​ por um ou mais segmentos 
● Na dimensão mediolateral da medula: 
neurônios que inervam musculaturas mais 
proximais (musculatura axial) apresentam seus 
corpos localizados medialmente no corno 
anterior; quanto mais distal o músculo 
inervado por aquele neurônio, mais 
lateralmente ele se encontra na medula. 
 
Dessa forma, conjuntos de neurônios motores 
mediais responsáveis pelo controle postural e pela 
manutenção do equilíbrio recebem influências de 
áreas motoras superiores por meio de sistemas de 
projeção que correm ao longo da substância branca 
medial e anterior (ventral) da medula espinhal. O 
conjunto mais lateral de neurônios motores que 
inervam as extremidades distais está mais relacionado 
com a execução de comportamentos elaborados, em 
especial os neurônios motores laterais do alargamento 
cervical que inervam músculos do braço e da mão. 
Esses motoneurônios ↓ localizados lateralmente são 
comandados por projeções de divisões motoras do 
córtex cerebral que correm ao longo da substância 
branca lateral da medula espinhal. 
Ademais, esse padrão de organização 
(chamado de ​somatotópico​) da diferença entre a 
região medial da lateral também se repete nas 
conexões de interneurônios. 
Circuito neural local 
Diferentes tipos de circuitos neurais 
encontrados na medula espinhal e tronco encefálico 
que pode atuar sobre os neurônio motores. Os tipos de 
circuitarias são: 
● Circuitos divergentes 
○ um sinal diverge para vários neurônios 
do mesmo trato 
○ um sinal diverge para vários neurônios 
de tratos diferentes 
 
● Circuitos convergentes 
○ convergência de uma mesma fonte, a 
qual fornece somação espacial 
suficiente para a ativação neuronal 
○ convergência de fontes diferentes; 
comum na medula espinal 
 
 
 
● Circuitos reverberantes: um axônio colateral 
se volta para um neurônio anterior no circuito 
e o re-estimula para manter a estimulação que 
será direcionada ao alvo (auto-reforço, 
auto-perpetuação). 
● Atividade rítmica alternante: criação de um 
circuito ao qual há ativação de um tipo de 
neurônio em um momento e de outro em outro 
momento (flexão e extensão de braço). 
 
Unidade motora 
A maioria das fibras mm. esqueléticas 
extrafusais é inervada por apenas um neurônio motor 
α . Ademais, cada neurônio, por sua vez, ramifica-se 
dentro dos músculos para estabelecer sinapses em 
muitas fibras diferentes (bem distribuídas no mms - 
garante que a força contrátil da unidade motora seja 
distribuída de maneira uniforme e evita que com a 
lesão de um neurônio motor α possa alterar 
significamente a contração). Um ​único neurônio 
motor α e suas fibras musculares associadas 
constituem a menor unidade de força a ser ativada, 
criando a​ unidade motora​. 
As unidades motoras podem variar de acordo 
com o nº de fibras conectadas ao neurônio motor e ao 
tipo de fibra conectada, resultando em diferentes 
forças. Os tipos de unidades motoras são: 
● Unidades motoras lentas (L)​: neurônios 
motores α pequenos que inervam pequenas 
fibras musculares vermelhas (contração lenta e 
resistente à fadiga); são importantes para 
atividades que requerem contração muscular 
sustentada, como a manutenção da postura 
ereta 
● Unidade motoras rápidas resistentes à fadiga 
(RRF)​: tamanho intermediário; não são de 
contração tão rápida igual as unidades RF, 
mas são mais resistentes e geram o dobro de 
força da unidade L. 
● Unidades motoras rápidas fatigáveis (RF)​: 
neurônios motores α maiores inervam fibras 
musculares brancas também maiores, capazes 
de gerar mais força (contração rápida e 
fatigável); importantes para esforços breves, 
como correr ou saltar 
 Essas distinções entre diferentes tipos de 
unidades motoras indicam como o sistema nervoso 
produz movimentos adequados em diferentes 
circunstâncias. As unidades L apresentam baixos 
limiares de estabilidade, a fim de que sejam ativadas 
em atos que necessitam de um esforço sustentado (ex: 
ficar em pé); já o limiar das unidades RF é atingido 
apenas quando são realizados movimento rápidos e de 
muita força (limiar mais alto). Além disso, os 
diferentes músculos apresentam composições 
diferentes de unidades motoras. 
 
Regulação da força muscular 
A ​regulação da força muscular ocorre de 
acordo com o princípio do tamanho​. Esse princípio 
retrata que as unidades motoras menores (L) são 
ativadas com estimulações sinápticas fracas; todavia, 
com o aumento do estímulo,neurônios motores 
progressivamente maiores que geram mais força são 
recrutados, ou seja, as unidades RRF e depois as RF 
(se o estímulo prosseguir aumentando). 
Utilização das unidades motoras no gastrocnêmio nos diferentes 
tipos de atividade. 
Além disso, a frequência de potenciais de ação 
gerados por neurônios motores também contribui para 
a regulação da tensão muscular​. Isso se deve pois há 
um aumento gradativo da força com o aumento da 
taxa de disparos sinápticos, criando contrações 
musculares sucessivas, que fazem com que as fibras 
musculares sejam ativadas pelo próximo PA antes de 
terem relaxado completamente, na qual as forças 
geradas pelas sobreposições temporárias se somam. 
 
Controle espinhal das unidade motoras 
Para controle espinhal dessas unidades é 
necessário a participação de certas estruturas, como o 
receptores periféricos, interneurônios e neurônios 
supra-espinhais. 
Dessa forma, o sistema sensorial forma 
representações internas do nosso corpo e do mundo 
externo (visuais, proprioceptivas e vestibulares). Uma 
das principais funções dessas representações é guiar o 
movimento. 
 
Fusos musculares 
Os fusos musculares são órgãos presentes nos 
músculos estriados esqueléticos que estão envolvidos 
na ​propriocepção da musculatura. Esses órgãos 
consistem em 4 a 8 fibras musculares intrafusais, 
cercadas por uma cápsula de tecido conjuntivo, 
arranjadas paralelamente entre as fibras extrafusais 
(que realmente fazem a contração). 
Os aferentes sensoriais estão enrolados em 
torno da parte central do fuso, e, quando o músculo é 
distendido, a tensão aplicada às fibras intrafusais ativa 
de forma mecânica canais iônicos com portão nos 
terminais nervosos, disparando potenciais de ação. A 
inervação aferente do fuso é feita por 2 classes de 
fibras, os terminais primários e secundários 
● Terminais primários​: provêm dos maiores 
axônios sensoriais mielinizados (aferentes do 
grupo Ia - inervam fibras de cadeia nuclear e 
do saco nuclear) e possuem respostas de 
adaptação rápida a mudanças no comprimento 
muscular - informação acerca da dinâmica dos 
membros 
● Terminais secundários​: formados pelos 
aferentes do grupo II (inervam as fibras de 
cadeia nuclear) e ​produzem respostas 
contínuas a comprimentos musculares 
constantes - 
informação da 
posição estática dos 
membros 
As fibras 
intrafusais são fibras 
musculares 
contráteis, 
controladas pelos 
neurônios motores γ​, 
com seus somas no 
corno ventral da 
medula. Essas fibras 
não adicionam muita 
força ao músculo, 
mas ​mudanças na tensão dessas fibras fazem um 
impacto sobre a sensibilidade dos aferentes em fuso​. 
 
OBS! ​Quanto maior o calibre axônico, maior a 
velocidade de condução do PA 
 
Movimentos reflexos 
São ​padrões coordenados involuntários de 
contração e relaxamento eliciados por estímulos 
periféricos; ex: reflexo de estiramento e reflexo de 
retirada. 
 
Estiramento Muscular - monossináptico 
Circuitaria medular necessária para o 
reflexo de estiramento muscular 
O sinal sensorial para o reflexo de estiramento 
se origina nos fusos musculares​, receptores sensoriais 
encapsulados dentro da maioria dos músculos, que 
determinam o comprimento do músculo e velocidade 
de alteração do comprimento (​estiramento passivo​). 
As aferências do grupo Ia respondem 
fasicamente (rapidamente) a pequenos estiramentos, 
enquanto as aferência do grupo II sinalizam o nível de 
estiramento sustentado, disparando tonicamente 
(lentam.) em proporção ao grau de estiramento. Com 
esse processo, o ramo do neurônio aferente localizado 
no fuso, estabelece conexões monossinápticas com 
neurônios motores α do mesmo músculo 
(homônimos) no corno ventral da medula espinal (que 
faz contrair o músculo e resistir ao estiramento), além 
de estabelecer conexões inibitórias com neurônios 
motores α de músculos antagonistas (relaxa o 
antagonista para permitir a contração do agonista). 
Esse arranjo é chamado de ​inervação recíproca e 
resulta em ​rápida contração do músculo estirado e 
relaxamento simultâneo do músculo antagonista​. 
 Esse reflexo 
monossináptico é 
referido como “de 
estiramento” e é a 
base das respostas 
do joelho, do 
tornozelo, do 
bíceps, do tríceps e 
da mandíbula. 
Como os 
músculos estão 
sempre sobre um 
certo grau de 
estiramento​, esse 
circuito é 
responsável pelo 
tônus muscular 
(nível constante de 
tensão nos 
músculos). 
Dessa forma, 
resumindo, o arco reflexo de estiramento é uma ​alça 
de retroalimentação 
negativa utilizada para 
manter o 
comprimento 
muscular em um valor 
desejado (definido 
pelas vias 
descendentes que 
influenciam os 
neurônios motores). 
 
OBS! ​Os ​neurônios motores γ controlam as 
características funcionais dos fusos​. Por exemplo, 
quando os neurônios motores α são estimulados sem a 
ativação dos neurônios motores γ, a resposta da fibra 
Ia diminui à medida que o músculo contrai, pois o 
fuso é liberado de tensão, fato o qual deveria fazer 
com que os axônios sensoriais que inervam o fuso 
fiquem silenciosos durante a contração; todavia, não é 
isso que ocorre, já que esses neurônios γ ativam as 
fibras intrafusais (fazem a sua contração), mantendo, 
dessa maneira, a tensão onde estão localizadas as 
terminações axonais sensoriais e ativando tais 
terminações. Assim, ​a coativação dos neurônios 
motores α e γ permite que os fusos funcionem em 
todos os comprimentos musculares durante 
movimentos e ajustes posturais​. 
 
OBS! ​Os reflexos de estiramento são importantes 
também para impedir, por exemplo, em um momento 
de chutar a bola, não ocorrer uma lesão muscular pela 
força excessiva (freia o movimento). 
 
Nível de funcionamento dos neurônios γ 
O nível de atividade do neurônios motores γ 
são ​influenciados por neurônios motores superiores e 
por circuitaria reflexa local​; o nome desse nível de 
atividade é chamado de ​ganho​. Logo, o ganho do 
reflexo de estiramento refere-se à quantidade de força 
muscular gerada em resposta a um dado estiramento 
das fibras intrafusais. 
Portanto, se o ganho do reflexo é ↑ (alto), 
então uma ↓ da quantia de estiramento do fuso irá 
produzir um ↑ nº de neurônios motores α recrutados e 
um grande aumento nas suas taxas de disparo; o 
mesmo ocorre no inverso. 
Logo, o ganho do reflexo de estiramento é 
continuamente ajustado para satisfazer diferentes 
necessidades funcionais. Em geral, ​o nível de 
atividade basal dos neurônios motores γ é alto se o 
movimento for relativamente difícil e demandar uma 
execução rápida e precisa ​(para se obter uma resposta 
mais rápida e conclusiva). 
 
OBS! ​Vale frisar que ainda há outras formas de 
regulação da atividade de ganho no reflexo de 
estiramento; há também o nível de excitabilidade dos 
neurônios motores α, os circuitos locais na medula 
espinhal podem alterar o ganho do reflexo de 
estiramento por excitação ou inibição e entre outros 
fatores. 
 
Os órgãos tendinosos de Golgi e o 
desempenho motor 
Os órgãos tendinosos de Golgi são 
terminações nervosas aferentes encapsuladas 
localizadas na junção entre o músculo e o tendão​. 
Cada órgão tendinoso está relacionado com um único 
axônio sensorial do grupo Ib (sendo os axônios Ib 
levemente menores do que os axôniosIa que inervam 
os fusos musculares). 
Os órgãos de Golgi ​estão em série com as 
fibras musculares extrafusais​. Dessa forma, diferente 
dos fusos, quando ocorre o estiramento, não há muita 
variação de tensão no tendão, o que os deixa menos 
sensíveis nesse processo; todavia, em um momento de 
contração muscular​, a força atua diretamente no 
tendão, levando a um aumento na tensão das fibrilas 
de colágeno e à ​compressão dos receptores sensoriais 
ali entrelaçados; logo, os órgãos tendinosos de Golgi 
são ​sensíveis ao aumento da tensão muscular ​(e não 
ao estiramento passivo). 
Os axônios Ib desses órgãos fazem sinapses 
com neurônios inibitórios de circuitos locais na 
medula espinal, que, por sua vez, estabelecem 
sinapses com os neurônios motores α que inervam o 
mesmo músculo. Sendo assim, trata-se de um circuito 
de retroalimentação negativa que regula a tensão 
muscular, já que ​diminui a ativação do músculo 
quando forças excepcionalmente grande são geradas​, 
protegendo a integridade muscular. Além disso, esses 
órgãos podem, em níveis reduzidos de força muscular, 
aumenta ou diminui a inibição dos neurônios α. 
Portanto, o sistema tendinoso 
de Golgi ​tende a manter 
constante o nível de força​, 
bem como monitorá-la. 
Vale ressaltar que os 
interneurônios dos neurônios 
Ib não recebem sinapses só 
dos neurônios Ib, mas também 
de diversos neurônio 
superiores, de articulações e 
entre outros, modulando uma 
resposta amplamente 
complexa. 
 
 
Reflexo De Flexão Ou De Retirada - Polissináptico 
É o reflexo de retirada ou afastamento de um 
membro de um estímulo doloroso. 
Primeiro ocorre a estimulação de fibras 
nociceptivas, que excitam na medula músculos 
flexores do mesmo lado da dor (ipsilaterais) e fazem a 
inibição e músculos extensores ipsilaterais. Essa 
reação é acompanhada por 
um reção oposta no 
membro contralateral 
(inibição de flexores e 
excitação de extensores- 
reflexo de extensão 
cruzada​), a fim de ​aumentar 
o suporte postural durante o 
afastamento do membro 
afetado. Todavia, vale 
ressaltar que esse estímulo 
também pode ser 
influenciado por neurônios 
superiores e interneurônios 
da medula. 
Outrossim, toda vez que 
essa via de retirada for 
acionada, haverá a 
comunicação com 
neurônios na medula que ascendem para o córtex 
cerebral, a fim de que ocorra modelagem da dor. 
Ademais, vale ressaltar que nos membros 
superiores, não ocorre um reflexo cruzado igual 
ocorre no membro inferior. 
 
Disfunções e doenças envolvendo Neurônio motor 
inferior 
● Síndrome do Neurônio Motor Inferior​: são 
lesões que ocorre no neurônio motor α ou seus 
axônios periféricos​; causa, como efeito inicial: 
paralisia (perda de movimento), paresia 
(fraqueza muscular), fadiga muscular, 
arreflexia (perda de reflexos) e perda do tônus 
muscular; já como efeito tardio há atrofia 
muscular, fibrilações e fasciculações. 
● Atrofia Muscular Espinhal​: doença 
autossômica recessiva, que ​atinge as células 
do corno anterior da medula - principal causa 
de morte na infância; é causada por uma 
deleção ou mutação do gene 1 de 
sobrevivência do motoneurônio (SMN1) - 
doença degenerativa progressiva 
● Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)​: 
neurônios motores α se desgastam ou morrem 
e já não enviam mais mensagens aos 
músculos; gera enfraquecimento, contrações 
involuntárias e incapacidade de mover braços, 
pernas e o corpo; pessoas com ELA têm perda 
gradual de força e coordenação muscular. 
● Síndrome de Guillain-Barré​: polineuropatia 
aguda de rápida progressão, caracterizada pela 
desmielinização dos nervos​; acomete nervos 
periféricos, raiz e medula; está relacionada 
com a resposta imunológica desencadeada em 
função de agentes infecciosos presentes no 
organismo 
 
Circuitaria Medular e Locomoção 
A maioria do controle motor é controlado por 
circuitos locais da medula, chamados de ​geradores 
centrais de padrão​, que são capazes de controlar 
completamente a sincronização temporal e a 
coordenação desses padrões complexos de 
movimento.

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