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ARTIGO 2

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Manoela Theodorovitz dos Santos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROPOSTA DE MELHORIA PARA O PROCESSO DE 
CONCRETAGEM DE FUNDAÇÕES EM OBRAS DE USINAS 
EÓLICAS, COM BASE NA ABORDAGEM LEAN 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Departamento de 
Engenharia de Produção e Sistemas da 
Universidade Federal de Santa 
Catarina, como requisito parcial para 
obtenção do título em Engenharia Civil 
com habilitação em Engenharia de 
Produção. 
Orientador: Prof. Dr. Diego de Castro 
Fettermann 
Corientador: Prof. Dr. Fernando 
Antonio Forcellini 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Manoela Theodorovitz dos Santos 
 
 
 
 
PROPOSTA DE MELHORIA PARA O PROCESSO DE 
CONCRETAGEM DE FUNDAÇÕES EM OBRAS DE USINA 
EÓLICA, COM BASE NA ABORDAGEM LEAN 
 
 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado, 
em sua forma final, pelo Curso de Graduação em Engenharia de 
Produção Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. 
 
Florianópolis, 29 de junho de 2018. 
 
________________________ 
Prof.ª Marina Bouzon, Dr.ª 
Coordenadora dos Cursos de Graduação em Engenharia de Produção 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
________________________ 
Prof. Diego de Castro Fettermann, Dr. 
Orientador 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
________________________ 
Prof. Fernando Antonio Forcellini, Dr. 
Corientador 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
________________________ 
Prof. Glauco Garcia Martins Pereira da Silva, Dr. 
Universidade Federal de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado aos meus pais, 
Giórgia e Alexandre, por todo o amor, 
carinho e educação que sempre me 
deram. Dedico também a minha irmã 
Catarina e ao meu namorado André, 
que sempre me apoiaram e me deram 
forças. Por fim, dedico também aos 
meus bons amigos que encontrei ao 
longo da jornada na faculdade e aos 
meus orientadores pelo auxílio e apoio 
na realização desse trabalho. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer as pessoas que participaram na execução 
deste trabalho. 
Primeiramente gostaria de agradecer ao meu pai, que me ensina e 
divide seus pensamentos comigo. Obrigada por compartilhar comigo suas 
ideias e por me fazer acreditar e admirar o seu jeito de entender a vida: 
“ciência e educação para melhorar o mundo”. 
Obrigada a todo o pessoal da empresa em que faço estágio, pelos 
ensinamentos e pelas amizades. Gostaria de agradecer em especial ao 
Marcos Pinho, incentivador do tema do trabalho, que sempre esteve 
disposto a me ensinar. Agradecimentos especiais ao Francisco Bittencourt 
e ao Luiz Tiscoski, por sempre guardarem um tempinho do dia de vocês 
para me explicar e compartilhar seus conhecimentos e experiências 
comigo. Graças ao apoio de vocês eu tive a oportunidade de ir ver de perto 
a execução do complexo eólico estudado. Sou muito grata por tudo isso. 
Gostaria de agradecer também ao pessoal envolvido na execução 
da obra, por dividirem suas experiências e esclarecerem todas as minhas 
dúvidas. Foi um grande prazer conhecer vocês. 
Por fim, gostaria de agradecer aos meus professores orientadores, 
Forcellini e Diego, por todo o apoio que me deram na execução deste 
trabalho. Obrigada por dividirem comigo seus conhecimentos. 
Agradeço a todos vocês por contribuíram não somente para a 
execução deste trabalho, mas também para o meu aperfeiçoamento 
profissional. Vocês fazem parte da minha trajetória. Um muito obrigada 
a todos vocês! 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
O trabalho é realizado em uma empresa no ramo da construção civil 
pesada, responsável pela construção de um complexo eólico na Bahia, 
composto por 144 aerogeradores, divididos em dezoito parques eólicos. 
O seu foco de atenção está centrado nas atividades do processo de 
concretagem das fundações dos aerogeradores, uma vez que o 
desempenho atual deste processo possui estado insatisfatório para a 
empresa analisada. A quantidade de concreto envolvido, os seus 
suprimentos, o sistema de transporte e os processos envolvidos na 
execução das fundações afetam a eficiência desse sistema de produção 
civil. Tendo em vista a quantidade significativa de materiais e a descrição 
dos fluxos de materiais e de informações envolvidos, busca-se, neste 
trabalho, identificar evidências de desperdícios e oportunidades de 
melhorias, através da Abordagem Lean, para que se possa propor uma 
coleção de recomendações técnicas de melhoria no desempenho do 
processo estudado. Para isto é utilizado o método de Mapeamento de 
Fluxo de Valor para identificar a Cadeia de Valor do processo de 
concretagem das fundações do complexo eólico em estudo. As melhorias 
propostas dizem respeito à redução de volume de concreto realizado na 
obra e a redução de tempos de espera entre os processos que estão nesta 
cadeia de valor. Além disso, elas atuam na redução de tempo médio de 
estoque dos principais insumos que compõem o concreto e também nos 
fluxos de materiais e informações nos processos. 
Palavras-chave: Mapeamento de Fluxo de Valor; Concretagem de 
fundações dos aerogeradores; Complexo Eólico. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
The presented work was performed at a construction firm that is 
responsible for a wind power complex installation on Bahia state, Brazil. 
This wind power complex is composed by 144 wind power subsystems, 
divided into 18 eolic parks. The focus of this work is centered at the 
activities related to the reinforced concrete production, handling and 
transporting that are necessary to materialize the wind power systems 
foundations. The quantities involved at concrete production, its supplying 
management for several materials, together with transportations' 
subsystems, in which are all related with the execution process of that 
wind power foundations, affect the global efficiency for this civil 
production system. With this features, this work takes a set of wasting’s 
evidence realized at the operational field of the involved civil activities, 
that are inside of the construction process cotidian context, and mapped 
them. The mappings were practiced using a Value's Flow Mapping 
methodology, under a Lean Approaching. Once applied, the referred 
methodology enabled their practitioners to observe a set of opportunities 
for making adequate adjustments and for promoting certain 
improvements on the subsystems’ performance. This was possible 
because the mapped civil activities were inserted into the built flow’s 
value chain and taken under observation. So, it was realized that there was 
wasting times occurring between each existent processes in that chain. 
The set of proposed improvements can be described as a significant 
reduction of total reinforced concrete volume that is used in the 
foundations building process. Another relevant improvement that was 
achieved is represented by the fact that the waiting times for the processes 
localized at the modeled flow’s value chain was reduced significantly, 
too. 
Keywords: Value's Flow Mapping; Wind Power Systems Concrete 
Foundations; Wind Farm 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 – Conjunto Aeogerador e Fundação ....................................... 26 
Figura 2 – Metodologia empregada no TCC ........................................ 29 
Figura 3 – Etapas da Pesquisa-Ação e Ciclos PDCA’s ........................ 31 
Figura 4 – Configuração de uma Parque Eólico ................................... 34 
Figura 5 – Configuração de uma Parque Eólico ................................... 35 
Figura 6 – Esquemática geral de funcionamento de um aerogerador .... 36 
Figura 7 – Fundação direta: Sapata ...................................................... 38 
Figura 8 – Fundação direta: Sapata ......................................................39 
Figura 9 – Plataformas e Acessos Parque Eólico ................................. 42 
Figura 10 – Conjunto Fundação-Aerogerador ...................................... 43 
Figura 11 – Principais Instalações Canteiro de Obras .......................... 44 
Figura 12 – Instalações da Central de Concreto ................................... 45 
Figura 13 – Lean Thinking como a decodificação do Método Científico
 ............................................................................................................ 48 
Figura 14 – Modelo para condução de uma revisão bibliográfica 
sistematizada ....................................................................................... 51 
Figura 15 – Resultados obtidos para a busca sistematizada de dez 
palavras chaves associadas ao título do presente trabalho .................... 51 
Figura 16 – Mapeamento de Fluxo de Valor e os princípios do Lean 
Thinking .............................................................................................. 55 
Figura 17 – Localização do Complexo Eólico de Umburanas .............. 56 
Figura 18 – Mapa do Complexo Eólico de Umburanas ........................ 58 
Figura 19 – Canteiro Principal do Complexo Eólico ............................ 59 
Figura 20 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ........... 61 
Figura 21 – Concretagem de Regularização ......................................... 63 
Figura 22 – Configuração da Fundação ............................................... 65 
Figura 23 – Concretagem da Fundação ................................................ 66 
Figura 24 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ........... 68 
Figura 25 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ........... 69 
Figura 26 – Fluxo Total de Valor ......................................................... 70 
Figura 27 – Etapas Mapeamento .......................................................... 73 
Figura 28 – Demanda diária de fundação ............................................. 74 
Figura 29 – Demanda diária de Regula ................................................ 75 
Figura 30 – Atividades de execução da concretagem ........................... 77 
Figura 31 – Execução da concretagem da Regularização e da Fundação
 ............................................................................................................ 78 
Figura 32 – “Pare e Siga” no acesso do complexo eólico ..................... 79 
Figura 33 – Produção de concreto em bateladas .................................. 80 
Figura 34 – Área de produção do concreto: gelo, central de concreto e 
análise laboratorial ............................................................................... 81 
Figura 35 – Áreas de Armazenagem..................................................... 83 
Figura 36 – O Mapa do Estado Atual para o Processo de Concretagem 
das Fundações ...................................................................................... 86 
Figura 37 – O Mapa do Estado Atual para o Processo de Concretagem 
das Regularizações da Base .................................................................. 87 
Figura 38 – Desperdícios associados a movimentação e manobras de 
caminhões na área de produção de concreto. ........................................ 97 
Figura 39 – Layout do estado atual ....................................................... 98 
Figura 40 – Espaçamentos maiores entre forma e armadura ............... 106 
Figura 41 – Irregularidades e rugosidades presentes no solo da 
regularização e extravasamento lateral. .............................................. 106 
Figura 42 – Elementos da geometria da base. ..................................... 108 
Figura 43 – Taxas de indução no aumento do volume. ....................... 109 
Figura 44 – Gráfico de Pareto das Taxas de indução no aumento do 
volume. .............................................................................................. 109 
Figura 45 – Ilustração da variação do volume da fundação por uma 
unidade de centímetro ........................................................................ 110 
Figura 46 – Percentis medidas. ........................................................... 111 
Figura 47 – Mapa do Estado Futuro ................................................... 115 
Figura 48 – Proposta de Layout para o setor de produção . ................ 121 
Figura 49 – Estrutura de dados vinculada à simulação realizada para 
verificar a exequibilidade das recomendações propostas para o Mapa 
Futuro ................................................................................................ 123 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 – Princípios do Pensamento Enxuto ..................................... 46 
Quadro 2 – Etapas do Mapeamento de Fluxo de Valor ........................ 49 
Quadro 3 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ............ 59 
Quadro 4 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ............ 62 
Quadro 5 – Definição de Valor ............................................................ 71 
Quadro 6 – Elementos da cadeia de valor ............................................ 71 
Quadro 7 – Atividades de Execução da Concretagem .......................... 76 
Quadro 8 – Providência 1 recomendada ............................................... 92 
Quadro 9 – Providência 2 recomendada ............................................... 93 
Quadro 10 – Providência 3 recomendada ............................................. 93 
Quadro 11 – Providência 4 recomendada ............................................. 94 
Quadro 12 – Providência 5 recomendada ............................................. 95 
Quadro 13 – Providência 6 recomendada ............................................. 95 
Quadro 14 – Providência 7 recomendada ............................................. 98 
Quadro 15 – Providência 8 recomendada ............................................. 99 
Quadro 16 – Providência 9 recomendada ........................................... 100 
Quadro 17 – Providência 10 recomendada ......................................... 102 
Quadro 18 – Providência 11 recomendada ......................................... 103 
Quadro 19 - Providência 12 recomendada ......................................... 107 
Quadro 20– Efeitos esperados no mapa do estado futuro ................... 114 
Quadro 21– Efeitos esperados e ações recomendadas para atingir o mapa 
do estado futuro ................................................................................. 125 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Quantidade Principais dos Complexo Eólico ...................... 57 
Tabela 2 – Insumos .............................................................................. 84 
Tabela 3 – Quantidades para Compra do Cimento ............................... 85 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 25 
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................. 25 
1.2. CARACTERIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA ............................ 27 
1.3. OBJETIVOS ................................................................................. 27 
1.3.1. Objetivo Geral ........................................................................... 27 
1.3.2. Objetivos Específicos ................................................................. 28 
1.4. MÉTODOS ADOTADOS ............................................................ 28 
1.5. RESULTADOS ESPERADOS ..................................................... 32 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................. 33 
2.1. PARQUES EÓLICOS .................................................................. 33 
2.1.1. Aerogeradores ............................................................................ 35 
2.1.2. Fundações dos Aerogeradores .................................................. 38 
2.1.3. Aspectos Construtivos dos Parques Eólicos............................ 40 
2.1.3.1. Acessos e Platafomas .............................................................. 41 
2.1.3.2. Fundações dos Aerogeradores ................................................. 42 
2.1.3.3. Canteiro de Obras ................................................................... 44 
2.1.3.4. Central de Concreto ................................................................ 44 
2.2. ABORDAGEM LEAN ................................................................. 45 
2.2.1. Lean Thinking ........................................................................... 46 
2.2.1.1. Especificar Valor .................................................................... 47 
2.2.1.2. Identificar a Cadeia de Valor .................................................. 47 
2.2.1.3. Implantar fluxo contínuo ......................................................... 47 
2.2.1.4. Puxar a produção .................................................................... 48 
2.2.1.5. Buscar a perfeição ................................................................... 48 
2.2.2. Mapeamento de Fluxo de Valor ............................................... 49 
2.3. OUTROS TRABALHOS SOBRE O MESMO TEMA ................. 50 
3. PESQUISA-AÇÃO .......................................................................... 55 
3.1. ETAPA DE PREPARAÇÃO ........................................................ 56 
3.1.1. Contextualização da Obra Estudada ....................................... 56 
3.1.2. Atividades de Execução de Acessos e Plataformas ................. 59 
3.1.3. Atividades de Execução das Fundações ................................... 62 
3.1.4. Definição da Cadeia de Valor que será mapeada ................... 70 
3.2. ETAPA DO ESTADO ATUAL .................................................... 73 
3.2.1. Demanda do cliente ................................................................... 74 
3.2.2. Execução da concretagem ......................................................... 75 
3.2.3. Transporte ................................................................................. 78 
3.2.4. Produção de Concreto ............................................................... 80 
3.2.4.1. Carregamento de Gelo ............................................................ 81 
3.2.4.2. Carregamento na Central ......................................................... 82 
3.2.4.3. Análise Laboratorial ............................................................... 82 
3.2.5. Armazenagem ............................................................................ 83 
3.2.6. Suprimentos de insumos para produção de concreto ............ 84 
3.2.7. O Mapa do Estado Atual .......................................................... 86 
3.3. ETAPA DE ANÁLISE DO FLUXO DE VALOR ........................ 91 
3.3.1. Suprimentos no Mapa do estado Atual ................................... 92 
3.3.2. Armazenagem no Mapa do estado Atual ................................ 94 
3.3.3. Produção no Mapa do estado Atual ........................................ 96 
3.3.3.1. Triângulos que antecedem o Processo de Carregamento de Gelo
 ............................................................................................................ 96 
3.3.3.2. Triângulos que antecedem o Processo de Produção do Concreto
 ............................................................................................................ 99 
3.3.3.3. Sobre os Triângulos que antecedem o Processo de Análise 
Laboratorial ....................................................................................... 101 
3.3.4. Transporte no Mapa do estado Atual .................................... 101 
3.3.5. Concretagem no Mapa do estado Atual ................................ 103 
3.3.5.1. Aspecto relevante associado ao Volume de Concreto ........... 105 
3.4. ESTADO FUTURO ................................................................... 114 
3.4.1. Justificativa para a adoção das melhorias propostas no Mapa 
Futuro ................................................................................................ 122 
3.5. PLANO DE AÇÃO .................................................................... 124 
4. CONCLUSÃO ............................................................................... 129 
REFERÊNCIAS ................................................................................ 131 
ANEXO A – PLANILHA DE SIMULAÇÃO DE TEMPOS PARA 
EXECUÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO – ESTADO FUTURO ....... 135 
APÊNDICE A – ANÁLISE DIFERENCIAL DO VOLUME 
ADICIONAL DE CONCRETO INDUZIDO POR AUMENTO NA 
GEOMETRIA ................................................................................... 139 
 
 
 
 
 
 
25 
1. INTRODUÇÃO 
Este capítulo apresenta uma breve contextualização sobre o tema e 
a problemática que motivou a pesquisa, assim como os objetivos e a 
metodologia utilizada. Por fim, são mostrados os resultados esperados. 
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO 
O interesse na utilização de fontes renováveis para a geração de 
energia elétrica tem aumentado nos últimos anos, fortemente 
impulsionado pela necessidade de buscar alternativas que reduzam o uso 
de combustíveis fósseis, os quais possuem alto custo e emitem gases 
poluentes. 
As usinas eólicas são uma das fontes alternativas de energia que 
têm crescido significativamente nas últimas décadas (EPE, 2018). No 
Brasil, há um grande potencial do recurso eólico, o que desperta o 
interesse de vários fabricantes e representantes dos principais países 
envolvidos com essa tecnologia (PNE-2030, 2007). 
Conforme a ABEEolica (2018), o Brasil encerrou o ano de 2017 
com 503 parques eólicos, com uma capacidade total instalada de 12,76 
GW. Considerando as potencialidades naturais do Brasil, a intensidade da 
demanda crescente no tempo, e o custo da geração de energia eólica que 
tem caído rapidamente, sinaliza-se grandes perspectivas de expansão da 
energia eólica no país (PNE-2030, 2007). De acordo com o PDE-2026 
(2017), é prevista uma expansão eólica para o ano de 2026 de 18,4 GW 
adicionais à potência já instalada. 
Em termos gerais, os Parques Eólicos são formados por conjuntos 
de aerogeradores individuais, que fazem a transformação da energia 
contida nas massas de ar em movimento (vento) em energia elétrica. Esses 
aerogerados são ligados à uma rede de transmissão de energia elétrica. 
Para a construção de um Parque Eólico, de um modo geral, são 
necessárias obras civis relacionadas à terraplenagem, pavimentação de 
acessos e construção de fundações, além da construção de linhas de 
transmissão, subestação e montagem eletromecânica dos aerogeradores. 
Os aerogeradores são formados por diversos componentes, como: 
torre, rotor e nacele, conforme ilustrado na Figura 1. Para o suporte dos 
aerogeradores eólicos são utilizadas as fundações de concreto armado. 
 
26 
 
Figura 1 – Conjunto Aeogerador e Fundação 
 
Fonte: Adaptado de ABDI (2014). 
As fundações dos aerogeradores constituem um elemento 
fundamental das torres eólicas, pois são responsáveis por suportar os 
aerogeradores e transmitir ao solo os esforços induzidos pela força do 
vento, pelo peso da estrutura, e por outras ações que podem estar sendo 
envolvidas (MELO, 2014). 
A concretagem das fundações é uma etapa de grande importância. 
Os diâmetros das fundações, que tipicamente variam de 16 a 25 metros, 
compõem uma parcela significativa do custo da obra civil por aerogerador 
instalado (MELO, 2014). Como esses parques são compostos por 
centenas de aerogeradores, isto é, por centenas de fundações, o custo total 
com a concretagem das fundações assume, na escala, relevância 
significativa. Esse aspecto tem relação direta com as medidas de 
performance das organizações envolvidas e elaboração de suas estratégias 
organizacionais. 
Considerando estas perspectivas e sua relevância, o trabalho atual 
pretende analisar o processo de concretagem de um Complexo Eólico 
localizadono estado da Bahia, para uma empresa do ramo de construção 
27 
civil localizada em Florianópolis. O foco nas atividades relacionadas ao 
processo de concretagem das fundações é motivado pela problemática de 
desempenho insatisfatório devido à utilização de volume de concreto 
adicional em relação ao volume projetado. 
1.2. CARACTERIZAÇÃO DA PROBLEMÁTICA 
A empresa estudada é uma Sociedade Anônima de capital fechado 
que se localiza no estado de Santa Catarina, nos municípios de Concórdia 
e Florianópolis. A empresa foi criada em 1982 e atualmente atua em todo 
território nacional no ramo da indústria da construção civil pesada, com 
foco na execução de obras e terraplanagem em empreendimentos de 
geração de energia hidrelétrica, solar e eólica. Ela também realiza obras 
de arte especiais, edificações residenciais, comerciais e industriais. 
Atualmente, todos os seus contratos de execução de obras fazem 
referência ao tipo de empreendimento de geração de energia. Destes, 
estão em andamento três pequenas centrais hidrelétricas e duas usinas 
eólicas. 
Para a realização da presente Pesquisa-Ação, a diretoria da 
empresa demonstrou a percepção de que o desempenho no processo de 
concretagem das fundações das usinas eólicas encontra-se insatisfatório. 
Essa percepção ocorre porque os consumos de concreto realizados para 
execução de obras desse tipo apresentam-se maiores do que a quantidade 
de concreto planejada. Este desvio foi constatado em várias obras 
executadas pela empresa e, considerando que o concreto é composto por 
elementos classificados como Nível A na curva ABC característica de 
custeio, o aumento no consumo de concreto representa um aspecto que 
efetivamente interfere na economia global da Empresa. 
A partir dessa estratégia econômica, decidiu-se que o processo de 
concretagem das fundações de usinas eólicas é foco de atenção para se 
obter a redução de custos operacionais e redução significativa dos 
desperdícios que por ventura possam estar ocorrendo durante a execução 
dos contratos. 
1.3. OBJETIVOS 
1.3.1. Objetivo Geral 
Propor melhorias ao processo de concretagem das Fundações dos 
aerogeradores em obras do tipo de usinas eólicas, realizado pela Empresa 
estudada. 
28 
 
1.3.2. Objetivos Específicos 
· Definição da cadeia de valor que será mapeada; 
· Mapear o processo de concretagem das Fundações dos 
aerogeradores em Usinas Eólicas (estado atual); 
· Identificar os elementos do processo estudado que estão 
diretamente associados à agregação de valor; 
· Identificar os elementos do processo que podem ser vistos 
como elementos de desperdícios; 
· Propor uma condição-alvo e factível (estado futuro) que 
agrega valor ao processo e elimina desperdícios do estado 
atual; 
· Elaborar um plano de ação para o processo de 
implementação das rotinas descritas pela condição-alvo; 
· Avaliar a solução proposta, no que diz respeito a 
problemática caracterizada 
 
1.4. MÉTODOS ADOTADOS 
A abordagem metodológica utilizada é a de Pesquisa-Ação, através 
da realização de um estudo de campo planejado com a associação de uma 
resolução de um problema, por meio da co-participação dos envolvidos 
neste trabalho. 
A metodologia utilizada é fundamentada pelos cinco elementos 
que constituem o Método Científico. Estes elementos, estão descritos na 
Figura 2Figura 1 e representam cinco importantes ciclos na execução 
deste trabalho. Para cada ciclo do método são destinados capítulos 
específicos para compor e apresentar os elementos textuais associados. 
 
29 
 Figura 2 – Metodologia empregada no TCC 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
O primeiro capítulo apresenta a introdução, contextualização e 
caracterização da problemática do tema abordado, bem como a 
identificação dos objetivos do trabalho e os procedimentos metodológicos 
utilizados. Ao final deste capítulo aponta-se os resultados esperados por 
meio do desenvolvimento do trabalho. 
O capítulo dois compreende o referencial teórico utilizado. Ele foi 
divido em três seções: as duas primeiras seções permitem a percepção de 
conceitos fundamentais no escopo deste trabalho, e é composta de duas 
partes conceituais relacionadas a: “Parques Eólicos”, e “Abordagem 
Lean”. Os referidos conceitos são amplos e são utilizados para 
fundamentar as decisões técnicas e científicas que norteiam a aplicação 
desse trabalho. As aplicações desses conceitos são necessárias para 
caracterizar as intervenções planejadas sobre o processo de concretagem 
que é objeto de análise em questão. A terceira seção, “Outros trabalhos”, 
faz referência ao levantamento de estudos já existentes na bibliografia 
com temas similares ao desse trabalho. 
O capítulo três apresenta a Pesquisa-Ação em si, que é campo de 
aplicação da Abordagem Lean, representada pelas etapas de Mapeamento 
de Fluxo de Valor, conforme embasado na Fundamentação Teórica. Essas 
etapas são resumidamente apresentadas a seguir. 
 
(i) Preparação: definição do valor e do que será mapeado; 
(ii) Estado Atual: elaboração de um mapa que permita o 
entendimento de como os processos acontecem atualmente 
30 
 
(condição atual do sistema). Este mapa apresentará o diagnóstico 
do processo. 
(iii) Análise de Fluxo de Valor: identificação do que agrega valor e 
do que não agrega valor (desperdícios) no processo analisado. 
Esta etapa identifica problemas e causas, para poder planejar a 
condição alvo. 
(iv) Estado Futuro: elaboração do mapa com a visão compartilhada 
das melhorias propostas (processo enxuto); 
(v) Plano de Ação: elaboração do plano de implementação do estado 
futuro. 
 
As etapas de “Preparação” e de “Estado Atual” compõem um ciclo 
PDCA que irão indicar a condição atual do processo analisado. Neste 
ciclo foram realizadas as seguintes atividades: Plan – elaboração de um 
plano de viagem à obra e de acompanhamento do processo de 
concretagem; Do – Foram realizadas as atividades planejadas de 
acompanhamento do processo de concretagem das fundações no 
complexo eólico estudado; Check – Checagem das informações 
levantadas, para verificar se estavam de acordo com a realidade da obra; 
Act – esta atividade é caracterizada pela confirmação das informações 
levantadas para agir (dar início) ao próximo ciclo. 
Sequencialmente são realizadas as etapas de “Análise de Fluxo de 
Valor” e de “Estado Futuro”, que indicam a condição alvo para o processo 
de concretagem por meio de um segundo ciclo PDCA. Este segundo ciclo 
é caracterizado pelas seguintes atividades: Plan – planejamento de uma 
análise de desperdícios e de “causa x efeito” no estado atual; Do – Foram 
realizadas as análises planejadas e incorporados procedimentos e kaizens 
de melhoria a fim de mitigar os desperdícios percebidos; Check – 
Checagem da proposta do mapa do estado futuro a fim de verificar se as 
propostas atuam efetivamente na mitigação dos desperdícios 
identificados; Act – caracterizado pela confirmação da proposta do mapa 
do estado futuro, de modo a dar início ao próximo ciclo. 
Por fim, realiza-se a etapa “Plano de Ação”, através de um terceiro 
ciclo PDCA, para apresentar o “como” buscar a condição alvo definida 
anteriormente. Neste ciclo foi realizada apenas a primeira atividade 
“plan”, onde foi feito um planejamento de ações para atingir a condição 
alvo. Essas ações de intervenção foram modeladas e planejadas, onde suas 
suas implementações e checagens, na forma de boas práticas, serão 
31 
realizadas posteriormente à elaboração desta Pesquisa-Ação, e ficarão sob 
responsabilidade da organização. A Figura 3 ilustra as etapas e suas 
relações com os ciclos PDCA que são desenvolvidas no presente trabalho. 
 Figura 3 – Etapas da Pesquisa-Ação e Ciclos PDCA’s 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
Por fim, o capítulo cinco apresenta as conclusões e considerações 
finais percebidas durante a consecução deste trabalho. Como 
característica marcante tem-se que o presente trabalhorepresentou uma 
efetiva oportunidade para confirmar a importância das boas práticas de 
Engenharia de Produção para a melhoria de processos quando aplicada 
em uma organização, independentemente de sua natureza organizativa. 
As propostas apresentadas neste trabalho podem ser utilizadas, 
além da obra em estudo, para outras obras de construção civil de parques 
eólicos, uma vez que esse tipo de obra apresenta um certo “padrão” de 
execução, onde suas etapas construtivas não possuem grandes variações 
de obra para obra. Além disso, a metodologia do mapeamento de fluxo de 
valor na construção civil utilizado neste trabalho, e suas adaptações nesse 
contexto, podem auxiliar o mapeamento de outros processos da 
construção civil. 
 
32 
 
1.5. RESULTADOS ESPERADOS 
Espera-se, ao final deste trabalho, melhorar o desempenho do 
processo de concretagem de fundações de obras de usinas eólicas, 
levando-o para um estado satisfatório para a Empresa analisada. Para tal, 
considera-se critérios importantes, como: custo, qualidade e agilidade. 
Além disso, pretende-se caracterizar a importância do uso da Abordagem 
Lean e de práticas da Engenharia de Produção para a resolução do 
problema analisado, e para a melhoria de processos como um todo. 
 
33 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
Este capitulo é constituído por três partes principais. A primeira 
parte diz respeito a caracterização dos elementos que constituem os 
Parque Eólicos, numa perspectiva dada pela indústria da construção civil. 
Nesta perspectiva busca-se a caracterização desses elementos muito mais 
para entendimento das etapas da construção civil do Parque Eólico, do 
que para caracterizar aprofundadamente esses mesmos elementos sob 
outros aspectos significativos do parque eólico. 
A segunda parte deste capitulo diz respeito aos aspectos da 
Abordagem Lean, que estão relacionados aos processos construtivos do 
parque eólico. Estes aspectos serão utilizados para analisar os processos 
de concretagem das bases dos aerogeradores. 
Neste trabalho, as referências bibliográficas serão apresentadas 
para dar suporte a estes dois elementos: o “Parque Eólico”, descrito sob a 
perspectiva da indústria da construção civil, o qual será analisado segundo 
alguns preceitos teóricos e de boas práticas de engenharia associadas a 
“Abordagem Lean”. 
Com esses dois enfoques, busca-se caracterizar e descrever os 
vários processos cuja as atividades no canteiro de obra podem apresentar 
situações onde a oportunidade de mitigação de desperdícios é 
efetivamente percebida. Destas analises, surgem a necessidade de 
identificar processos que são realizados no cotidiano da obra e que podem 
induzir o aumento no volume adicionado de concreto. 
Por fim, a terceira parte dessa seção apresenta a pesquisa na 
literatura de “Outros trabalhos” como forma de justificar a importância 
do tema deste trabalho. 
 
2.1. PARQUES EÓLICOS 
Um sistema eólico pode ser utilizado em três aplicações distintas: 
sistemas isolados, sistemas híbridos e sistemas interligados à rede. 
Os sistemas isolados utilizam aerogeradores de pequeno porte 
(capacidade de geração de até 10KW), e são utilizados para abastecer 
certas regiões, como as áreas rurais ou residências. Os sistemas isolados, 
em geral, utilizam alguma forma de armazenamento de energia. Este 
armazenamento pode ser feito através de baterias, para a energia elétrica, 
ou na forma de energia gravitacional, com a finalidade de armazenamento 
de água bombeada em reservatórios para posterior utilização (DUTRA, 
2008). 
34 
 
Os sistemas híbridos são empregados geralmente em sistemas de 
médio a grande porte (composto por aerogerador de capacidade de 
geração de até 250 KW), destinados a atender um número maior de 
usuários. Os sistemas híbridos, desconectados da rede convencional, 
apresentam várias fontes de geração de energia como, por exemplo, 
turbinas eólicas, módulos fotovoltaicos, entre outras (DUTRA, 2008) 
Os sistemas interligados à rede são sistemas que utilizam um 
grande número de aerogeradores de grande porte (com capacidade de 
geração maior que 250 KW). Esses sistemas não necessitam de 
dispositivos de armazenamento, uma vez que toda a geração é entregue 
diretamente à rede elétrica, caracterizando-se como Parques Eólicos 
(DUTRA, 2008). 
Os Parques Eólicos, também denominados de Usinas Eólicas, são 
caracterizados por conjuntos de aerogeradores dispostos em uma mesma 
área, sendo ela terrestre ou marítima. Essa proximidade geográfica tem a 
vantagem econômica da diluição de custos, como para: arrendamento de 
área, construção de fundações, montagem dos aerogeradores, equipes de 
manutenção (SILVA, 2017). Quando vários parques eólicos se encontram 
localizados em suas proximidades, dá-se o nome de Complexo Eólico. A 
Figura 4 ilustra a configuração de um Parque Eólico. 
 Figura 4 – Configuração de uma Parque Eólico 
 
Fonte: Adaptado de Bat ([s./d.]). 
 
35 
 
2.1.1. Aerogeradores 
Os aerogeradores são itens cruciais do sistema, representando 
geralmente mais de 60% do investimento de um parque eólico. Cada 
aerogerador trata-se de uma máquina de grande porte, composto por 
diversos componentes, com capacidades variando, atualmente, entre 1,5 
e 3 MW (caso dos parques Onshore) (ABDI, 2014). 
Basicamente, os aerogeradores se diferenciam quanto a 
configuração do eixo do rotor, que pode ser vertical ou horizontal. Em 
parques eólicos, devido a maior eficiência, são utilizados aerogeradores 
com eixos horizontais. 
Os aerogeradores de eixo horizontal baseiam-se no princípio de 
funcionamento dos moinhos de vento. São constituídos por turbinas de 
uma a três pás com um perfil aerodinâmico, podendo atingir uma 
capacidade de geração de energia de até 5MW (em caso offshore) 
(FONTANET, 2012). 
Os principais aerogeradores, utilizados em escala, são compostos 
com rotor de eixo horizontal composto por três pás (ABDI, 2014). A 
Figura 5 ilustra os componentes básicos dos aerogeradores de eixo 
horizontal. 
Figura 5 – Configuração de uma Parque Eólico 
 
Fonte: Adaptado de ABDI (2014). 
36 
 
Os aerogeradores - e seus componentes - tem a função de realizar 
o aproveitamento da energia cinética contida nas massas de ar em 
circulação (vento), para a produção de energia elétrica. Pode-se dizer, de 
maneira geral, que o aproveitamento ocorre através de algumas etapas: a 
captação da energia cinética contida no vento; a conversão da energia 
cinética em energia mecânica; e a transformação da energia mecânica em 
energia elétrica propriamente dita, pelo gerador elétrico, ao final do 
processo (FALCÃO, 2006). A Figura 6 apresenta esta esquemática geral 
de funcionamento de um aerogerador. 
Figura 6 – Esquemática geral de funcionamento de um aerogerador 
 
Fonte: Adaptado de ABDI (2014). 
Essas etapas podem ser melhor entendidas através dos 
componentes do aerogerador (ABDI, 2014): 
(i) Rotor: O rotor compreende basicamente as pás e o cubo 
onde são fixadas. As pás são perfis aerodinâmicos, 
responsáveis pela interação direta com o vento, 
convertendo parte de sua energia cinética em trabalho 
mecânico. 
37 
(ii) Nacele: A nacele é a carcaça montada sobre a torre que 
contém uma série de componentes, como: eixo, gerador, 
caixa multiplicadora (quando utilizada), transformador. 
(iii) Eixo: é o responsável pelo acoplamento do cubo ao 
gerador fazendo a transferência da energia mecânica da 
turbina. É construído em aço ou liga metálica de alta 
resistência. 
(iv) A caixa de transmissão, que engloba a caixa 
multiplicadora, possui a finalidade de transmitir a energia 
mecânica entregue pelo eixo do rotor até a carga. É 
composta por eixos, mancais, engrenagens de transmissão 
e acoplamentos. O projeto tradicional de uma turbina 
eólica consiste em colocar a caixa de transmissão 
mecânica entre o rotor e o gerador, de forma a adaptar a 
baixa velocidade do rotor à velocidade de rotaçãomais 
elevada dos geradores convencionais. Entretanto, alguns 
geradores trabalham a rotações muito mais elevadas, 
necessitando a instalação de um sistema de multiplicação 
entre os eixos. 
(v) Gerador: O gerador transforma a energia mecânica de 
rotação em energia elétrica, podendo ser de diferentes 
tipos. Muitas tecnologias de gerador necessitam do uso de 
conversores de frequência, para controlar a onda de saída, 
constituindo-se de um retificador e um inversor. 
(vi) Transformador: tem a função de elevar a tensão de 
geração ao valor da rede elétrica à qual o aerogerador 
estará conectado. Este equipamento pode ser instalado no 
interior da nacele ou até mesmo externamente, acoplado a 
torre ou no chão. 
(vii) Torre: As torres são as estruturas responsáveis pela 
sustentação e posicionamento do conjunto rotor–nacele. 
As torres podem ser cônicas ou treliçadas construídas a 
partir de diferentes materiais (CUSTÓDIO, 2013). Além 
dos componentes estruturais, a torre possui uma série de 
componentes internos, tais como: escadas, elevadores, 
plataformas, suportes. 
 
38 
 
As maiores variações entre os aerogeradores de rotor horizontal 
podem ser encontradas nos naceles, os quais podem variar em termos de 
tamanho, formato, presença ou não de caixa multiplicadora, além de 
variação do tipo de gerador utilizado. 
2.1.2. Fundações dos Aerogeradores 
As fundações dos aerogeradores são elementos construtivos que 
vão fazer a ligação entre o aerogerador e o solo. Estes elementos irão 
suportar assim todas as cargas estáticas – como o peso próprio das 
estruturas – e as dinâmicas – como as ações do vento sobre as torres e os 
sismos (GOVEIA, 2013). Neste sentido, as fundações dos aerogeradores 
constituem um elemento fundamental das estruturas que suportam, sendo 
responsáveis por transmitir todos os esforços e carregamentos envolvidos 
para o solo. (MELO, 2014). 
As fundações de aerogeradores possuem grandes dimensões, e 
compõem uma parcela significativa do custo de construção civil de um 
Parque Eólico. A escolha do tipo de fundação depende do local onde se 
pretende implementar o parque eólico (MELO, 2014). Para aerogeradores 
instalados em Parques Onshore, geralmente, são utilizados dois tipos de 
estruturas de fundações: fundações do tipo rasa, através do uso de sapatas; 
ou fundações profundas, com o uso de estacas (DNV/Riso, 2002). 
Nas fundações tipo sapatas a carga é transmitida unicamente pela 
base, o que caracteriza sua classificação como fundação direta, isto é, a 
carga é transmitida ao solo predominante pelas tensões distribuídas sob a 
base do elemento estrutural de fundação (CINTRA et al., 2011). A Figura 
7 ilustra a fundação do tipo sapata. 
Figura 7 – Fundação direta: Sapata 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
39 
Nas estacas, como ocorre transferência de carga para o maciço de 
solo por atrito lateral ao longo do fuste, tem-se uma fundação indireta. A 
carga resistida através do contato de sua área lateral com o solo recebe o 
nome de “resistência de fuste” ou de “atrito lateral”. Já a carga resistida 
pela base é conhecida por “resistência de ponta”. A combinação dessas 
duas resistências representa a carga total resistida por este elemento 
(CINTRA; AOKI, 2010). A Figura 8 ilustra a fundação do tipo profunda 
com o uso de estacas. 
Figura 8 – Fundação direta: Sapata 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
As condições do solo no local de instalação das torres eólicas são 
determinantes para a escolha do tipo de fundação (SILVA, 2014). Quando 
a camada de solo próxima à superfície é resistente o suficiente, ou for 
encontrada rocha resistente a uma pequena profundidade, normalmente é 
preferível a utilização de fundação do tipo sapata (FARIA; NORONHA, 
2013). 
Do contrário, quando a camada de solo próxima à superfície 
apresenta baixa resistência, tem-se a necessidade de transmitir as cargas 
para camadas mais profundas do solo, optando-se, portanto, pela 
fundação profunda com uso de estacas (FARIA; NORONHA, 2013). 
Segunda Silva (2014), para ambos os tipos de fundação é essencial o 
conhecimento da posição do nível de água no subsolo. 
Em razão à grande extensão da área de instalação de parques 
eólicos e devido a heterogeneidade dos terrenos, é recomendado que as 
fundações sejam avaliadas em grupos, ou individualmente (CÂMARA, 
2016). A sondagem do terreno também deve seguir esse critério, sendo 
feita o mais próximo possível do local de instalação de cada torre. 
40 
 
Os blocos de fundações utilizadas em Aerogeradores são de 
concreto armado, com armaduras que devem seguir as especificações dos 
projetos de fundação. No Brasil, a segurança das fundações está sujeita à 
norma NBR-6122 (ABNT, 2010) que trata dos critérios e padrões para a 
investigação geotécnica, o projeto e a execução de fundações, e o 
desempenho e monitoramento das mesmas. De maneira complementar, as 
fabricantes de torres eólicas também apresentam especificações técnicas 
com diferentes critérios, os quais normalmente são mais restritivos do que 
os da NBR-6122. Essas especificações diferenciadas podem ser 
requisitadas em projetos executados no Brasil, desde que estas atendam 
inteiramente às condições da NBR-6122. (FARIA; NORONHA, 2013) 
2.1.3. Aspectos Construtivos dos Parques Eólicos 
Para a implantação de um parque eólico, são necessárias execuções 
de algumas fases, como: (i) fase preliminar, que compreende as etapas de 
participações em leilões de contratação, elaboração de projetos civil e 
elétrico, análise da conexão com a rede, avaliação do rendimento 
energético, entre outras; (ii) fase de construção, que abrange as etapas de 
construção de obra civil, construção de obras elétricas, montagem 
eletromecânica e comissionamento do sistema, além de outras atividades 
necessárias para correta execução de todas essas etapas; (iii) serviços de 
operação e manutenção (ABDi, 2014; DUTRA, 2008). 
Os trabalhos de construção de obra civil consistem em uma série 
de atividades fundamentais que, sem elas, a construção de um parque 
eólico deixa de ser possível. Dentre estas atividades, pode-se destacar as 
seguintes: construção dos acessos e das plataformas de montagem, 
construção das fundações dos aerogeradores, construção do edifício de 
comando e subestação, construção dos edifícios de Operação e 
Manutenção (O&M). Para a execução destas atividades, são necessárias 
construções de estruturas de apoio, como o canteiro de obras e usina de 
concreto (PINHO, 2008). Além disso, ao final da construção deverá estar 
prevista a recuperação das áreas degradadas do local, de acordo com o 
E.I.A (estudo de impacto ambiental). 
 
41 
2.1.3.1. Acessos e Platafomas 
Os acessos nos Parques Eólicos são as vias utilizadas para a 
movimentação e ligação entre as plataformas dos aerogeradores. Essas 
plataformas são áreas de trabalho para a montagem dos aerogeradores, 
que devem possuir dimensões suficientes para as manobras de trabalho 
dos equipamentos que irão instalar os aerogeradores no parque eólico. 
Posteriormente à construção do parque eólico, os acessos e plataformas 
também são utilizados para serviços de operações e manutenção (PINHO, 
2008). 
Para a execução dos acessos e plataformas, inicialmente são 
realizadas as atividades de supressão vegetal e remoção da camada 
orgânica superficial, que incluem o carregamento, a movimentação, o 
descarregamento e o depósito do material removido dos acessos. Com os 
acessos abertos, são realizados os serviços de terraplenagem, através de 
escavações e aterros, necessários para a criação da infa-estrutura viária 
requerida (PINHO, 2008). 
 As camadas de sub-base para a pavimentação deverão ser 
realizadas conforme o projeto, que geralmente seguem requisitos técnicos 
das montadoras dos aerogeradores que utilizarão os acessos e plataformas 
para a movimentação e montagem dos aerogeradores (PINHO, 2008). 
Ao longo dos acessosé necessário ainda realizar a execução de 
sistemas de drenagem, tanto transversal, através de passagens hidráulicas 
que dão continuidade às linhas de água existentes; e longitudinal, através 
de valetas que conduzem as águas da plataforma da via e dos taludes 
adjacentes para as linhas de água respectivas (SILVA, 2014). Esses 
sistemas de drenagem são necessários para evitar o acúmulo e a 
penetração das águas no corpo dos acessos e plataformas, e afastá-las 
através de dispositivos drenantes apropriados para locais previamente 
determinados (GEOCONSULT, 2015). A Figura 9 ilustra os acessos e 
plataformas de um parque eólico. 
 
42 
 
Figura 9 – Plataformas e Acessos Parque Eólico 
 
Fonte: Adaptado de AGUIAR (2015). 
2.1.3.2. Fundações dos Aerogeradores 
As fundações dos aerogeradores, conforme já mencionado, são 
responsáveis por suportar as torres eólicas e transmitir ao solo todos os 
esforços envolvidos (MELO, 2014). 
Conforme Pinho (2008), para execução de uma fundação eólica, 
algumas etapas deverão ser realizadas: 
(i) Sondagens: A execução das sondagens é necessária para a 
caracterização da natureza dos solos, importantes para se 
verificar o tipo de fundação a ser utilizada e a maneira que 
será feita a escavação; 
(ii) Escavação: Necessárias para abertura do local que serão 
construídas as fundações, em terrenos ou rocha de 
qualquer natureza, com remoção do solo, drenagem e 
todos os trabalhos complementares necessários para a 
escavação no nível de projeto; 
(iii) Concretagem de Regularização : Para regularizar o terreno 
em que será construída a fundação, deve-se lançar no solo 
uma camada de concreto magro, com espessura conforme 
definida em projeto; 
43 
(iv) Armação: Instalação das armaduras e dos seus sistemas de 
ancoragem, conforme especificado em projeto, para armar 
a fundação, que é construída em concreto armado; 
(v) Inserção das tubulações: Colocação das tubulações que 
farão a passagem dos cabos elétricos dos aerogeradores; 
(vi) Cofragem: Instalação das formas para concretagem 
estrutural da base; 
(vii) Concretagem estrutural: Lançamento de concreto com 
resistência estrutural aplicado nas fundações das torres. 
(viii) Cura e descofragem: Espera pelo tempo de cura do 
concreto e posterior desmontagem das formas de 
concreto. 
A concretagem das fundações é uma etapa de grande importância 
na execução de fundações de aerogeradores. Os diâmetros das fundações 
variam tipicamente de 16 a 25 m, gerando um grande volume de concreto 
por fundação construída (MELO, 2014). Nesse sentido, as concretagens 
das fundações compõem uma parcela significativa do custo da construção 
civil por aerogerador instalado (MELO, 2014). Como esses parques são 
compostos por vários aerogeradores – e por várias fundações - o custo 
total com a concretagem das fundações assume, na escala, significativa 
relevância no custo total de uma obra civil de um parque eólico. A Figura 
10 ilustra o esquema de conjunto fundação-aerogerador conectados entre si. 
Figura 10 – Conjunto Fundação-Aerogerador 
 
Fonte: Adaptado de ABDI (2014). 
44 
 
2.1.3.3. Canteiro de Obras 
O canteiro de obras são instalações de apoio, que tem como 
objetivo proporcionar a infraestrutura necessária para a produção da obra. 
O canteiro de obras, e sua organização e arranjo, influem diretamente na 
eficiência da obra, uma vez que estes devem disponibilizar os recursos 
para a produção da obra no momento necessário para sua utilização 
(GEOCONSULT, 2015). 
Os canteiros são constituídos por instalações administrativas e 
industriais temporárias. Apesar dessas instalações variarem de obra para 
obra, pode-se destacar algumas instalações que geralmente estão 
presentes no canteiro de obra, conforme apresentadas na Figura 11. 
Figura 11 – Principais Instalações Canteiro de Obras 
 
Fonte: GEOCONSULT, (2015). 
2.1.3.4. Central de Concreto 
Central de Concreto, também denominada de Usina de concreto, é 
uma instalação industrial de extrema importância para a construção de um 
Parque Eólico. A Central de Concreto é responsável pela preparação e 
produção de concreto e, como já citado anteriormente, há um grande 
volume de concreto a ser produzido para a execução dos blocos de 
fundações do aerogeraodores, representando um custo significativo para 
a construção destes Parques. 
45 
O tamanho da central de concreto é dimensionado conforme número de 
betoneiras previsto em função do serviço demandado (GEOCONSULT, 
2015). A central de concreto, geralmente, possui as seguintes 
instalações, destacadas na Figura 12. 
Figura 12 – Instalações da Central de Concreto 
 
Fonte: Adaptado de GEOCONSULT, (2015). 
2.2. ABORDAGEM LEAN 
Em um cenário de mudanças econômicas, onde as restrições de 
mercado exigiam menor quantidade e maior variedade, o Sistema Toyota 
de Produção surgiu no Japão a fim de mostrar sua capacidade de 
flexibilizar a produção, atendendo as necessidades pontuais do mercado. 
Neste momento, a Toyota revelou a utilização de elementos inovadores 
que romperiam com algumas das mais básicas premissas de 
gerenciamento de produção na época (PASA, 2004). 
As práticas do Sistema Toyota de Produção ficaram conhecidos 
como sinônimo do termo “Manufatura Enxuta” ou “Lean 
Manufacturing”. O termo surgiu formalmente na década de 90, através da 
publicação do livro A Máquina que mudou o Mundo - “MMM” 
(SCHONBERGER, 2007). Este termo possui diversas conceituações na 
literatura e por esse motivo não possui uma única definição. Conforme os 
autores Womack et al. (1990), o significado de manufatura enxuta é, 
46 
 
sucintamente: “fazer mais com menos”. Outros autores como Scherrer-
Rathje et al. (2009) definem manufatura enxuta como uma filosofia cujo 
foco principal é a identificação e eliminação de desperdícios em toda a 
cadeia de valor. 
A Abordagem Lean pode ser entendida - de maneira geral - como 
um método de transformação, o qual utiliza recursos, conceitos e 
ferramentas, através de uma abordagem sistêmica, na busca pela a 
agregação de valor em toda a cadeia. Além disso, a gestão do sistema 
transformado é baseada numa cultura (ou filosofia) de melhoria contínua. 
Apesar da Abordagem Lean ter surgido na indústria da manufatura, 
de acordo com Womack et al. (2005), o pensamento enxuto não é uma 
tática só da manufatura: é uma estratégia de gestão aplicável a todas as 
organizações, visto que o pensamento enxuto está ligado com a melhoria 
de processos. 
2.2.1. Lean Thinking 
Conforme Womack et al., (2005), o pensamento enxuto é a base 
da Abordagem Lean, e pode ser entendido como: 
“O Pensamento Enxuto é uma maneira 
de especificar valor, de alinhar na melhor 
sequência as ações que criam valor, realizar 
essas atividades sem interrupção toda vez que 
alguém as solicita e realizá-las de forma cada 
vez mais eficaz” (WOMACK et al., 2003). 
 
Resumidamente, o pensamento enxuto é: “Fazer mais com cada 
vez menos: menos recursos humanos, menos equipamentos, menos tempo 
e espaço” (WOMACK et al., 2005). 
O pensamento enxuto pode ser entendido por cinco princípios, que 
são: (i) Valor; (ii) Cadeia de Valor; (iii) Fluxo; (iv) Puxar; e (v) Perfeição. 
Estes cinco princípios são norteadores para as organizações que queiram 
adotar esta mentalidade, conforme apresentado na Quadro 1. 
Quadro 1 – Princípios do Pensamento Enxuto 
1 Valor Especificar Valor 
2 Cadeia de valor Identificar a Cadeia de Valor 
3 Fluxo Introduzir Fluxo na Cadeia 
47 
4 Puxar Puxar a Produção 
5 Perfeição Buscar a Perfeição 
Fonte: Womack et. al (2005). 
2.2.1.1. Especificar Valor 
Valor é o primeiro princípio do pensamento enxuto, e sua definição 
é o “ponto de partida” - fundamental - para a mentalidade enxuta. De 
acordo com Womack et al. (2005), o valor só pode ser definido pelo 
cliente final, e deve ser expresso em termos de um produto ou serviço, 
com requisitos que atendam às necessidades docliente a um preço e 
momento específicos. 
2.2.1.2. Identificar a Cadeia de Valor 
 A identificação da cadeia de valor consiste em mapear o conjunto 
de todas as atividades envolvidas no processo produtivo. Neste processo, 
a empresa deve enxergar toda a sequência de operações e atividades que 
agregam e que não agregam valor (WOMACK et al., 2003). 
Na visão de Graban (2013), para uma atividade ser agregadora de 
valor ela deve atender aos seguintes critérios: 
(i) O cliente deve estar disposto a pagar pela atividade; 
(ii) A atividade precisa transformar de alguma maneira os 
materiais, os clientes ou as informações; 
(iii) A atividade deve ser feita de maneira certa na primeira 
vez. 
Desta forma, as atividades que atendem simultaneamente os três 
critérios são entendidas como agregadoras de valor, caso contrário serão 
consideradas como atividades sem valor agregado ou desperdícios. Vale 
destacar que há também as atividades que não agregam valor mas são 
necessárias ao processo. 
2.2.1.3. Implantar fluxo contínuo 
Após a especificação de valor, da identificação da cadeia de valor 
e dos desperdícios, o passo seguinte consiste em fazer com que o fluxo de 
valor flua com suavidade, de forma harmônica até a chegada do produto 
ao cliente final (WOMACK et al., 2003). 
 
48 
 
2.2.1.4. Puxar a produção 
Puxar a produção significa colocar a demanda como comandante 
do fluxo produtivo, isto é: se produz apenas aquilo que é necessário, no 
momento em que for necessário. Esse princípio tem como objetivo evitar 
a acumulação de estoques de produtos, fazendo com que a produção e 
fornecimento ocorram quando o cliente solicitar, nem antes e nem depois. 
Desta forma, permite-se com que o cliente “puxe” o produto quando 
necessário, ao invés de empurrar o produto a ele (WOMACK et al., 2003). 
2.2.1.5. Buscar a perfeição 
A perfeição deve ser o objetivo constante de todos os envolvidos 
no fluxo de valor. Trata-se de um processo contínuo de aumento de 
eficiência e eficácia. Após a aplicação dos quatro princípios anteriores, a 
busca pela redução de esforço, tempo, espaço, custo e erros é contínua e 
incessante, e pode oferecer um produto ou serviço que se aproxima ainda 
mais daquilo que o cliente realmente quer. Nesse sentido, a perfeição, o 
quinto e último conceito do pensamento enxuto, não parece uma ideia tão 
remota (WOMACK et al., 2003). 
O pensamento enxuto e seus cinco princípios podem ser entendidos 
como uma decodificação do método cientifico, conforme ilustrado na 
Figura 13. 
Figura 13 – Lean Thinking como a decodificação do Método Científico 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
49 
Percebe-se então que o pensamento enxuto não é uma mentalidade 
de implementar soluções pré-definidas já utilizadas no Sistema Toyota de 
Produção, mas sim entender “como” a Toyota desenvolve suas soluções, 
sendo esta uma abordagem universal: uma abordagem científica, que 
permite o desenvolvimento de novas soluções. 
 
2.2.2. Mapeamento de Fluxo de Valor 
O Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV) é um método de 
melhoria que leva em consideração o fluxo de materiais e informações, 
importantes no processo de visualização da situação atual e na construção 
da situação futura com propostas de melhorias (CADIOLI, 2008). 
Este método auxilia no entendimento do fluxo de valor, e não 
apenas em processos discretos de produção, para que as melhorias 
propostas sejam para o sistema, ao invés de melhorias em processos 
isolados. Nesse sentido, o mapeamento de fluxo de valor auxilia a 
focalizar a atenção no fluxo e a “enxergar” a cadeia de valor (ROTHER; 
SHOOK, 2003). 
O MFV foi desenvolvido para ser uma ferramenta de baixa 
tecnologia, sendo encorajado a ser feito com lápis e papel. Apesar de já 
existirem softwares para isso, a razão de serem feitos dessa maneira é 
encorajar os usuários da ferramenta a andar através do fluxo de valor 
(ROTHER; SHOOK, 2003). 
O método de mapeamento tem dois objetivos principais: (i) 
resolver problemas reais; e (ii) desenvolver capacidades (aprender como 
resolver problemas em equipe e ser capaz de aplicar essa abordagem a 
outros problemas no futuro). 
Esta modelagem é composta por cinco etapas distintas, sendo: 
preparação; mapa do estado atual; análise de fluxo de valor; mapa do 
estado futuro; planejamento e implementação. Estas etapas estão descritas 
na Quadro 2, conforme os autores Rother e Shook (2003). 
Quadro 2 – Etapas do Mapeamento de Fluxo de Valor 
Preparação Realiza-se a identificação do nível do mapeamento, o que 
será mapeado e como esse será mapeado. 
Mapa do 
Estado Atual 
É a identificação de todas as atividades específicas que 
ocorrem ao longo do fluxo de valor: é a etapa de 
conhecimento do fluxo de valor, desde a matéria-prima até 
o consumidor final. Esse processo tem como resultado um 
50 
 
mapa que permite o entendimento da situação do sistema, 
um diagnóstico do sistema atual, como suporte para a 
eliminação dos desperdícios e melhoria na sua eficiência 
(ROTHER; HARRIS, 2003) 
Análise do 
Fluxo de Valor 
A análise do Fluxo de valor consiste em evidenciar quais 
são os pontos de desperdícios e onde se encontram as 
restrições ao fluxo. 
Mapa do 
Estado Futuro 
Através da avaliação do mapa do estado atual é possível o 
desenvolvimento do mapa do estado futuro. Este mapa 
apresenta a visão compartilhadas das melhorias propostas 
(processo enxuto), apresentando um projeto de um fluxo 
enxuto. 
Implementação Realiza-se um plano de implementação da condição 
proposta. 
Fonte: Rother e Shook (2003). 
 
2.3. OUTROS TRABALHOS SOBRE O MESMO TEMA 
Uma forma de caracterizar o conjunto de trabalhos técnicos e 
científicos que abordam a temática anunciada no título deste trabalho, 
produzidos pelos mais diversos autores da comunidade técnica e 
científica, distribuídos em toda a sociedade, é a busca sistematizada, na 
Internet, pelos assuntos associados à temática sobre uma coleção de bases 
de dados científicos. Estas coleções podem ser acessadas diretamente por 
meio do acesso à Internet com navegadores, em sítios que são livres, ou 
cujo acesso é disponibilizado por uma interface comercial. Existem várias 
alternativas e modos para realizar a referida busca sistematizada. 
As noções a respeito da importância das atividades de revisão 
bibliográfica estão muito bem definidas e detalhadas nos trabalhos de Gil 
(2007), Lakatos e Marconi (2006) e Miguel (2011). Suas implicações na 
qualidade dos processos de produção de material científico são 
reconhecidamente como referências que também descrevem a 
importância de métodos sistematizados de busca. 
Segundo Apud Levy e Ellis (2006), o significado de revisão 
bibliográfica com busca sistematizada é: 
51 
“Revisão bibliográfica sistematizada é o 
processo de coletar, conhecer, compreender, 
analisar, sintetizar, e avaliar um conjunto de 
artigos científicos com o propósito de criar 
um embasamento teórico-científico (estado 
da arte) sobre um determinado tópico ou 
assunto pesquisado.” 
Em termos gerais, os autores referidos acima descrevem 
basicamente que o processo de busca sistematizada é composto por três 
etapas: Entrada, Processamento e Saída. Estas etapas estão descritas na 
Figura 14. 
 
Figura 14 – Modelo para condução de uma revisão bibliográfica sistematizada 
 
Fonte: Adaptado de conforme LEVY e ELLIS (2006). 
De forma bastante suscinta, esta metodologia descrita aqui, por 
meio de Conforto (2011), ofereceu os seguintes resultados para a coleção 
de “strings” e palavras-chaves descritas na tabela da Figura 15. Como 
pode ser observado, foram utilizadas dez strings e três fontes de dados 
específicas: “Science Direct”; “Periódicos CAPES” e “GOOGLE 
Academic”. Os resultados obtidos estão descritos na Figura 15.. 
Figura 15 – Resultados obtidos para a busca sistematizada de dez palavras 
chaves associadas ao título do presente trabalho 
52 
 
 
Fonte:Autoria Própria (2018). 
Da aplicação da técnica de revisão bibliográfica sistematizada para 
as palavras-chaves associadas ao título do presente trabalho, pode se 
perceber as seguintes características como elementos de saída do método 
aplicado: 
 As respostas de Science Direct e de Periodicos CAPES 
para os termos “Value Chain Management” e “Lean 
Construction” representa um amplo escopo de aplicação e 
vem sendo aumentados significativamente, dado artigos 
diversos artigos que continuam sendo publicados sobre o 
tema nos últimos anos. 
 A quantidade de respostas pertinentes ao contexto de 
busca oferecido por todas as fontes pesquisadas, para os 
termos específicos de “Abordagem Lean na Construção 
Civil no Brasil” e “Abordagem Lean na Construção Civil” 
são expressivamente menores. 
 Do ponto de vista dos termos de busca utilizados 
“Abordagem enxuta na construção civil no Brasil com 
usinas Eólicas” e “Redução de desperdícios na construção 
de parques eólicos” o termo de busca não é efetivo. 
53 
Quando se pesquisa termos separados diversas variedades 
de trabalhos são retornadas, mas sem vínculos diretos com 
o tema desse trabalho. Então, pode-se concluir que o tema 
desse trabalho tem sido pouco explorado ou tem sido 
pouco publicado. Neste sentido, pode-se afirmar que este 
trabalho descreve importância na literatura como tema a 
ser levantado. 
Da técnica de revisão utilizada, pode-se destacar dois trabalhos 
brasileiros que envolvem a preocupação da aplicação dos conceitos de 
Lean nos processos presentes da indústria de construção civil brasileira. 
São eles: Camara (2015) e Da Silva (2015). O primeiro trabalho, segundo 
Camera (2015), trata dos conceitos “Lean Construction” utilizados como 
estratégia para melhorias em canteiros de obras, numa forma de uma 
revisão sistemática na literatura nacional. O segundo trabalho, descrito 
por Da Silva (2015) trata dos conceitos “Lean Construction” utilizados 
numa central dosadora de concreto em sistemas construtivos gerais, 
instalados em canteiros de obras brasileiros. 
Em relação aos trabalhos publicados envolvendo Construção de 
Parques eólicos, tem-se que a maioria deles foi generalista em relação à 
redução de desperdícios na construção civil de obras desse tipo. Não foi 
encontrado trabalho no sentido de se mapear a cadeia de valor de um dado 
conjunto de processos associados à rotina operacional do tipo de obra 
estudada. 
Assim, pode-se concluir que, pela revisão bibliográfica sistemática 
que foi realizada, e pelos resultados dela obtidos, percebeu-se uma lacuna 
de conhecimento a ser preenchido e difundido, que justifica os esforços a 
ser realizado neste trabalho para associar a aplicação da abordagem Lean 
aos processos construtivos que estão vinculados ao processo de 
concretagem de fundações de parques eólicos no Brasil. 
54 
 
 
55 
3. PESQUISA-AÇÃO 
Esta seção tem a finalidade de apresentar a maneira pela qual a 
Abordagem Lean, que foi caracterizada na seção de Fundamentação 
Teórica, é aplicada para resolver a problemática de desempenho 
apresentada pela Empresa - descrita na seção introdutória. Tem-se como 
propósito geral elaborar alternativas factíveis para elevar o nível de 
desempenho e reduzir os desperdícios no processo de execução de 
concretagem das fundações de parques eólicos. Para tal, é utilizado uma 
obra em específico: a obra civil do Complexo Eólico de Umburanas. 
Esta Pesquisa-Ação apresenta o processo de resolução da referida 
problemática através da utilização de cinco etapas fundamentais. Cada 
uma dessas etapas corresponde a uma etapa constituinte do Mapeamento 
de Fluxo de Valor, os quais seguem os cinco princípios básicos do Lean 
Thinking, teoricamente referenciado nas seções anteriores. Elas estão 
descritas na Figura 16, abaixo, em conformidade com as definições 
apresentadas na seção de Metodologia. 
Figura 16 – Mapeamento de Fluxo de Valor e os princípios do Lean Thinking 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
A primeira etapa desta Pesquisa-Ação, denominada como “Etapa 
de Preparação”, é responsável pela definição da cadeia de valor que será 
mapeada, que, por sua vez, é o primeiro objetivo específico proposto neste 
trabalho. Nela, inclui-se a contextualização da obra em estudo. 
A segunda etapa, denominada “Estado Atual”, é responsável por 
mapear o processo de concretagem das fundações do complexo eólico 
estudado, contemplando outro objetivo específico deste trabalho. 
A terceira etapa denominada “Análise do Fluxo de Valor” irá tratar 
dos objetivos específicos de identificação dos elementos do processo 
diretamente associados à agregação de valor e também aos elementos que 
56 
 
podem ser vistos como desperdícios. Nesta etapa deverão ser destacadas 
virtudes e capacidades na execução do processo e também vícios, não 
conformidades e quaisquer atividades sem agregação de valor. As 
possíveis causas serão analisadas. 
A quarta etapa, “Estado Futuro” propõe uma condição alvo que 
busca agregar valor ao subsistema considerado, buscando eliminar os 
desperdícios percebidos durante a realização das etapas anteriores. Essa 
etapa é caracterizada por representar mais um objetivo específico deste 
trabalho. 
A última etapa caracteriza-se pela elaboração de um Plano de Ação 
para o processo de implementação das rotinas descritas pela condição 
alvo, além de avaliar a solução proposta. Essa etapa caracteriza os dois 
últimos objetivos específicos deste trabalho. 
3.1. ETAPA DE PREPARAÇÃO 
3.1.1. Contextualização da Obra Estudada 
A obra estudada faz referência a construção civil de um Complexo 
Eólico localizado em dois munícipios situados ao norte no estado da 
Bahia, a uma distância de aproximadamente 450 km de Salvador. A 
Figura 17 ilustra sua localização. 
Figura 17 – Localização do Complexo Eólico de Umburanas 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
57 
O Complexo engloba um projeto de 18 Parques Eólicos a serem 
construídos, formado por 144 aerogeradores de capacidade de geração de 
2,5 MW cada. A capacidade total do Complexo instalada será de 360 
MW, assumindo importante papel no desenvolvimento da região. 
A obra civil tem um contrato de execução de 14 meses, com início 
realizado no mês de outubro de 2017. O contrato total da sua execução é 
formado por um pacote de obras civis cujas principais características 
estão descritas na Tabela 1. 
Tabela 1 – Quantidade Principais dos Complexo Eólico 
Itens principais Quantidades 
Volume de concreto 68.411 m³ 
Quantidade de aço 5.367 t 
Acessos Internos 72 km 
Volume de escavação 863.754 m³ 
Volume de Aterro 509.931 m³ 
Volume Pavimentação Cascalho 252.854 m³ 
Fonte: Empresa Estudada (2018). 
Do ponto de vista da caracterização global do Complexo Eólico, a 
sua dimensão pode ser percebida pelo volume total de concreto estrutural 
utilizado na sua constituição material, dado por aproximadamente setenta 
mil metros cúbicos com mais de cinco mil toneladas de aço estrutural. 
Trata-se de significativos volumes e pesos que determinam efetivamente 
a sua importância econômica. Como característica complementar do 
Complexo, ressalta-se a extensão dos seus acessos internos, utilizados 
para conectar todas as plataformas de aerogeradores, constituídos por 
mais de setenta quilômetros de estradas pavimentadas por cascalho. Para 
garantir a funcionalidade final desses acessos e fundações, serão 
manipulados mais de um milhão e quinhentos mil metros cúbicos de 
material, envolvendo as atividades de escavação, aterro e pavimentação. 
A Figura 18 ilustra o mapa do Complexo Eólico, descrevendo a 
relação espacial entre seus acessos e parques. Cada parque possui uma 
coleção específica de aerogeradores e está localizado em diferentes 
distâncias em relação aos canteiros, denominados de Canteiro Principal e 
Canteiro de Apoio, e também em relação a Subestação. 
 
58 
 
Figura 18 – Mapa do Complexo Eólico de UmburanasFonte: Dados obtidos da Empresa Estudada (2018). 
Conforme apresado na figura, a subestação tem sua execução, 
neste contrato, referentes às atividades de obra civil, composta por 
preparação do terreno, fundações e estruturas necessárias para as 
instalações elétricas que são implantadas por outra empresa contratada – 
sendo esta responsável pelas linhas de média e alta tensão do Complexo. 
O Canteiro Principal é composto pelas principais instalações 
necessárias para execução das atividades cotidianas das obras no 
Complexo. São elas: (i) conjunto de escritórios; (ii) setor de manutenção 
mecânica de caminhões e equipamentos; (iii) setor de abastecimento; (iv) 
setores de estocagem de peças, materiais e insumos; (v) central de 
produção de concreto; (vi) laboratório de testes; (vii) refeitório; (viii) 
carpintaria; (ix) balança rodoviária. 
O Canteiro de Apoio é composto por uma central de produção de 
concreto para atendimento dos parques mais distantes do canteiro 
principal, construído com o objetivo de redução da distância média de 
transporte (DMT). 
59 
O canteiro principal é composto pelas seguintes instalações, 
ilustradas na Figura 19. 
Figura 19 – Canteiro Principal do Complexo Eólico 
 
 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
3.1.2. Atividades de Execução de Acessos e Plataformas 
Para a construção do Complexo Eólico estudado, tem-se como 
primeiras atividades da sua execução as atividades de abertura de acessos 
e plataformas, que são necessárias para proporcionar o acesso aos locais 
onde serão executadas as fundações. O Quadro 3 apresenta, de maneira 
resumida, as atividades de execução para realizar as aberturas de acesso 
e de plataformas no Complexo Eólico estudado. 
Quadro 3 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas 
1 Abertura de Picadas 
60 
 
2 Levantamento Topográfico 
3 Sondagem 
4 Supressão Vegetal 
5 Remoção da Camada Vegetal 
6 Terraplenagem 
7 Pavimentação 
 
A primeira atividade denominada de “Abertura de Picada” permite 
a abertura do acesso de modo a possibilitar o deslocamento pela mata, 
necessária para realizar o levantamento topográfico e sondagem. Trata-se 
da atividade inicial de campo. 
A segunda atividade denominada de “Levantamento Topográfico” 
representa o conjunto completo de todas as atividades referentes à 
localização precisa, incluindo o próprio canteiro, dos elementos de 
projeto no campo. Isso inclui os aspectos de curvas de níveis, cotas e 
locação permanentes. 
A terceira atividade, “Sondagem”, representa a busca de 
informações para confirmar o perfil do solo visando identificar o tipo de 
fundação mais adequada para a sua implantação. 
A quarta atividade denominada “Supressão Vegetal” consiste nas 
operações de derrubada de árvores, tratamento da madeira em tamanho 
padrão e enleiramento e remoção da vegetação para fora da área em que 
será implantado o projeto. A supressão é realizada manualmente e por 
equipamentos semi-mecanizados. 
A “Remoção da Camada Vegetal”, quinta atividade, representa a 
retirada da camada vegetal por meio de motoniveladora. 
A sexta atividade, “Terraplenagem”, representa o conjunto de 
operações de movimentação de terra, cortes e aterros, que são necessários 
para se proceder a execução do projeto. Trata-se da modificação da 
topografia natural do terreno para conformá-la às especificações de 
projeto. Envolve equipamentos pesados, desde o ínicio até o final da obra. 
A última atividade referente aos Acessos e Plataformas é a 
“Pavimentação”. Esta atividade representa a coleção de operações de 
preparo de subleitos, pavimentação com cascalho e compactação. 
A figura a seguir ilustra todas as atividades descritas. 
 
61 
Figura 20 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas 
 
Fonte: Imagens obtidas da Empresa Estudada (2018). 
62 
 
3.1.3. Atividades de Execução das Fundações 
Em uma plataforma, após as atividades de Terraplenagem, é 
possível iniciar as atividades de Execução da Fundação. Essas atividades 
ocorrem paralelamente com as atividades de abertura de acesso e 
terraplenagem de outras plataformas. 
A Quadro 4 apresenta a sequência de operações que devem ser 
realizadas para a caracterização completa das atividades de execução das 
Fundações do Complexo Eólico estudado. Este conjunto de atividades 
assume relevância relativa às demais mencionadas anteriormente, uma 
vez que ele engloba duas atividades que caracterizam o processo de 
concretagem das fundações, que é o objeto de estudo neste trabalho, e que 
estão demarcadas em negrito. 
Quadro 4 – Atividades de Execução de Acessos e Plataformas 
1 Demarcação Topográfica 
2 Escavação 
3 Ensaio de Placa para Liberação da Fundação 
4 Demarcação para regularização 
5 Concretagem de Regularização 
6 Montagem Anchor cage 
7 Armação 
8 Passagem dos Eletrodutos 
9 Cofragem 
10 Liberação Armação 
11 Concretagem da Base 
12 Cura e Desforma 
13 Liberação para Reaterro 
14 Aterro e Aterramento 
15 Travessias e caixas de passagem 
16 Grout 
Fonte: Autoria Própria (2018). 
A primeira atividade é denominada “Demarcação Topográfica” e 
representa o conjunto de operações com o propósito de demarcar 
precisamente o local da fundação e de sua área de escavação. 
A segunda atividade é denominada de “Escavação”, referente às 
atividades de remoção de material de solo e de preparação de níveis do 
63 
solo, necessárias para a execução da fundação. Utiliza-se escavadeira para 
retirar o material e caminhão basculante para depositar o material retirado. 
Em alguns casos pode ser necessária a utilização de perfuratrizes e 
explosivos. Destaca-se que nessa operação existem fatores que afetam a 
regularidade final do solo, que tem impacto na utilização de volumes 
adicionais de material de regularização. 
A atividade subsequente, “Ensaio de Placa para Liberação da 
Fundação”, representam dois conjuntos de atividades especializadas que 
visam identificar o ponto de parada da escavação e a resistência 
característica do solo, denominada pressão-recalque, nesse ponto. Nesse 
momento existem duas alternativas técnicas possíveis: (i) o solo encontra-
se liberado para a próxima atividade; (ii) caso contrário, continua-se a 
escavação até que a restrição de resistência característica do solo seja 
atendida. Um aspecto importante é dado pelo fato de que, se o ponto de 
parada nesse caso for muito maior que o de projeto, pode realizar o 
recobrimento do solo com material específico, por exemplo BGS, para 
retomar a cota de projeto. Outra opção se dá pela utilização de fundações 
profundas com o uso de estacas. 
 A quarta atividade, “Demarcação para Regularização ”, 
compreende as operações de topografia e de carpintaria geral necessárias 
para demarcar os pontos, as cotas e o limites de borda para a execução da 
concretagem da Regularização. 
A “Concretagem da Regularização”, quinta atividade, representa o 
conjunto de operações de lançamento do concreto não estrutural, de 
resistência característica de 10 MPa, destinado para regularizar o plano 
que receberá a base da fundação. Sua forma cilíndrica possui as 
dimensões de 0,1 m de altura e 8,9 m de raio, e pode ser visualizada na 
Figura 21. 
Figura 21 – Concretagem de Regularização 
 
64 
 
 
Fonte: Imagem obtida da Empresa Estudada (2018). 
A sexta atividade, denominada de “Montagem do Anchor Cage” é 
responsável pela montagem detalhada da câmara de ancoragem, 
importante elemento para garantir o engaste do fuste da torre com a base 
da torre por meio de interface com o anel de ancoragem. Esse elemento é 
rico em detalhes e especificações técnicas, constituído de aço especial 
para esforços de tração e é executado por equipe especializada. 
A sétima atividade, “Armação”, consiste na importante atividade 
de montagem de toda a armadura para o concreto estrutural da fundação. 
Em cada fundação, são aplicadas mais de trinta e três mil quilos de aço 
estrutural,

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