Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Performance, Peso e Balanceamento Professor Thiago Lopes Brenner • Categorias de Aeronaves Quando se constrói uma aeronave para vender, é preciso cumprir requisitos como a velocidade de stall e vários parâmetros. Existem duas leis que regulam isso. Depende de para quem vai vender e quanto a aeronave vai custar. Para passageiros: FAR 25. Para uso do aeroclube: FAR 23 RBAC 25, FAR 25 e JAR 25 são os mesmos documentos. A: classe com os requisitos mais rigorosos. Inclui os multimotores turboélice com 10 passageiros ou mais ou peso de decolagem maior que 5700kg e todos os multimotores à jato. Essas aeronaves devem ser capazes de ter uma falha em um dos motores em qualquer momento entra a corrida de decolagem e o pouso sem que um pouso forçado seja preciso. Devem ser capazes de operar em pistas contaminadas sem pôr em risco a segurança da aeronave. Teremos por base as aeronaves de categoria A. FAR 25 diz respeito às aeronaves classe A. FAR 23 diz respeito à B e C. Manufacturer Empty Weight (MEW): não há nada dentro do avião. Saiu do hangar, pegou uma balança e pesou. Inclui a fuselagem, sistemas, fluídos de sistemas fechados, equipamento de emergência fornecido pelo vendedor, extintor de incêndio. Standard items (SI): itens que todo operador tem que ter a bordo devido à requisição de um país. Não são ainda os itens escolhidos pelo operador. Inclui combustível não utilizável, fluídos do motor, kit de primeiros socorros, água potável e de lavatórios não utilizável, lanternas, megafone, equipamento de oxigênio de emergência, estruturas de galley. MEW + SI: Basic Empty Weight O Basic Empty Weight não tem nada que faça o avião voar, ou seja, nada que seja fundamental para que o voo aconteça. Operational Itens (OI): inclui a tripulação de cabine e sua bagagem, manuais, equipamentos de navegação. BEW + OI: Basic Operational Weight BOW pode ser chamado também de Dry Operational Weight. Muda a nomenclatura, mas o significado é o mesmo. BOW + Payload = Zero Fuel Weight (ZFW) O ZFW adicionado ao peso do combustível dará origem ao Taxi Weight. (TW) OU Ramp Weight (RW). Taxi Weight (TW) – Taxi Fuel = Takeoff Weight (TOW) O takeoff weight também pode ser chamado de Brake Realease Weight (BRWT). Takeoff Weight (TOW) – Trip Fuel = Landing Weight (LW) Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Existe uma reserva mínima de combustível (10% de A até B), que é chamado de reserve fuel. O Reserve Fuel é computado dentro do Landing Weight. O Alternate Fuel também está computado dentro do Landing Weight. O combustível para órbita e qualquer combustível extra está incluído no Landing Weight. Você vai pousar no seu peso máximo de pouso por questão estrutural. Ao olhar a meteorologia, questiona-‐se se pode ou não abastecer mais combustível? R.: Qualquer combustível extra deve estar computado no landing weight. Não posso computar um combustível se eu não for usá-‐lo. Se eu colocar combustível extra e não computá-‐lo no Landing Weight, e ao chegar no aeroporto não tiver usado o combustível, como nesse caso, estarei acima do meu Maximum Landing Weight. Por exemplo, coloquei 500kg de combustível extra pois a meteorologia estava ruim. Ao chegar, havia um CB à 5 NM do aeródromo, mas não posso pousar porque preciso ainda consumir esse extra antes, pois o extra me deixa acima do Maximum Landing Weight. Precisei fazer uma órbita, e o CB fica sobre o AD. Quando terminei de queimar o extra, talvez seja necessário prosseguir para o alternado devido à regulamentação. Logo, qualquer combustível extra deve ser computado no Landing Weight. Só posso decolar para pousar em X localidade se após a decolagem, considerando-‐se tempo de voo, consumo e etc, consumimos o trip fuel, e após o consumo do trip fuel estivermos dentro do Maximum Landing Weight para aquela localidade. • Braço de Força Momento: é a capacidade que uma força tem de “girar” um objeto. Braço de alavanca: distância da linha de ação da força a um ponto escolhido. Momento = Força x Distância Quando temos uma aeronave multimotora, o braço de força entre a força gerada pelo motor e o CG é uma distância X. Se o motor esquerdo falhar, precisamos usar o leme para criar uma força de forma a compensar essa tendência de rotação. Ao aplicar o pedal direito, o leme deflete para a direita, e temos uma força resultante para direita que compensa o torque do motor. O braço entre essa força e o CG tem um valor Y. Entretanto, se o CG for deslocado para trás, a distância X entre a força gerada pelo motor e o CG permanece a mesma. O braço entre a força produzida pelo leme e o CG, porém, diminui. Isso diminui a eficiência do leme, e é necessário aplicar mais pedal para manter o avião controlado. Lembrar: quanto maior a distância entre o ponto de fixação e o centro de aplicação da força, mais fácil fica o giro. Ver desenho no caderno. • Maximum Zero Fuel Weight (MZFW) Quando temos o avião pronto para a decolagem, menos ocombustível, temos o peso do avião dividido entre as duas asas. Cada asa suporta metade do peso. O ponto onde a força é exercida chama-‐se raiz da asa. Quanto maior o peso, maior é o momento. Logo, quando aumentamos o peso, aumenta o momento representado do gráfico. O abastecimento de qualquer aeronave que tenha tanque central e tanques nas asas deve começar pelos tanques das asas. Gráfico 1 Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 O combustível, além de fazer o motor girar, tem uma força peso. Esse peso é sustentado pela sustentação da asa. Quando abastecemos o avião, o combustível no tanque gera uma força peso. Essa força peso gera uma componente para cima, que é adicionada a sustentação. A asa sustenta todo o peso do combustível do tanque da asa respectiva. O mesmo vetor que apareceu para baixo, aparece para cima. Temos um vetor bem próximo da raiz tentando levar a asa para baixo, e um vetor mais afastado da raiz tentando levar a asa para cima. Quem vence é o vetor querendo levantar a asa. O esforço estrutural que a asa está sofrendo nesse momento está aumentando. Quando adicionamos combustível, o processo continua. Porém, o momento muda, pois o vetor se desloca e aumenta. O vetor que leva a asa para cima continua vencendo a batalha, e o esforço estrutural na asa continua aumentando, porém de forma menos expressiva. Gráfico 2 Quando o valor entre os vetores “empata“, chegamos em um ponto onde, se continuarmos abastecendo, o vetor peso se afasta da raiz. Tem ainda um vetor querendo levantar a asa, mas a partir de agora, quem ganha é o vetor para baixo. Isso alivia o esforço na raiz da asa, ou seja, a tensão começa a aliviar. A tensão nunca fica negativa. Ela apenas para de aumentar e começa a cair. Isso ocorre porque o peso da sustentação está sempre no mesmo lugar, mas o peso do combustível se afasta cada vez mais. Quando ele ultrapassa o ponto de sustentação, a tenção começa a cair, pois temos uma força para baixo que vence aquela que força a asa para cima. Gráfico 3 Quando enchermos o tanque das asas o peso aumenta. O tanque central fica junto ao Zero Fuel Weight, pois é localizado logo abaixo da fuselagem central. A sustentação para o peso desse combustível é gerada pelas asas, sendo que metade do peso é sustentado por uma das asas e a outra metade pela outra asa. Logo, quando enchemos o tanque central, o vetor que está no meio da asa, de sustentação, aumenta, causando um novo aumento da tensão na raiz da asa, e o gráfico volta a subir. A asa sofre a maior tensão na raiz no momento em que a sustentação da asa estava no mesmo ponto em que o peso do combustível estava. Nesse ponto, ocorreu o maior esforço estrutural na raiz da asa. Isso acontece em algum momento em que a asa está parcialmente cheia. Gráfico 4 Se o tanque central for de uma aeronave de Long Haul, onde há muito combustível, quando abastecemos o tanque central o momento será máximo. Ou seja, o momento será máximo quando o avião está tanqueado, com os tanques das asas e o tanque central também cheio. Isso só ocorre em aviões long range. Os engenheiros definem um momento máximo aceitável para que a asa não quebre. Se ele manter a capacidade de combustível, e aumentar a resistência da asa e o momento máximo, o gráfico vai para cima, e o MZFW é maior. Se não for alterado a capacidade do tanque, e o momento máximo for maior, eleva-‐se a posição do MZFW. Essa diferença de “peso” pode ser usada como carga, ou seja, pode-‐se aumentar o Payload da aeronave, pois a asa não vai romper. Se for preciso diminuir o momento máximo, o processo inverso ocorre. O MZFW sofre um rebaixamento, e consequentemente é necessário diminuir a carga máxima ou o payload máximo que pode-‐se usar na aeronave. Se consumirmos primeiro o combustível das asas e depois o combustível central, o momento será muito maior. Por isso, consumimos sempre o central, e depois o das asas, a fim de evitar um momento tão elevado que pode causar um problema à estrutura das asas. Consome-‐se primeiro o combustível central, depois o das asas. O combustível central não conta como parte do ZFW. Ele só entra como ZFW se, em um lugar remoto, ao abastecer o tanque central liga-‐se as bombas e a bomba está falhada. É preciso tirar Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 combustível, mas não há recurso para tal. Como não é possível tirar o combustível, ele entra como ZFW, e tira-‐se carga do avião. Qual a função do Maximum Zero Fuel Weight (MZFW)? A função do Maximum Zero Fuel Weight é garantir a proteção dos limites estruturais das asas. Ao respeitar esse peso, garantimos que, quando a aeronave for abastecida e o combustível for consumido (primeiro o do Tanque Central e após o das asas), os momentos de força gerados estarão dentro dos limites estruturais suportados pela asa. Por que consumimos primeiro o combustível do Tanque Central? Porque se eu consumir primeiro o Tanque das Asas, e depois o Central, o momento de força gerado será excessivo e vamosprovavelmente estourar o limite estrutural que a raiz da asa aguenta. Isso ocorre por uma questão de projeto do avião. • Centro de Gravidade O centro de pressão (CP), onde a asa gera sustentação, fica atrás do CG. Com o avião nivelado, a sustentação é igual ao peso. No entanto, há um segundo par de asas, na cauda, que também gera sustentação. Aquele segundo par de asas gera uma sustentação negativa, caso contrário a força gerada no ponto do CG faria o avião ter uma tendência para baixo. Logo, o valor da sustentação é a soma do Peso mais a Sustentação Negativa. Lift = Aicraft Weight + Negative Lift Se o CG for deslocado para a frente, a força no estabilizador horizontal não será suficiente para manter o avião em equilíbrio. Será preciso cabrar um pouco o avião e ajustar o estabilizador para aumentar essa força. Quando essa força é aumentada, o conjunto das setas que apontam para baixo aumenta. Se a seta de cima ficar não for alterada, o avião começa a descer. Então, para mante o voo nivelado, é preciso aumentar também a sustentação. Quando aumentamos a sustentação, aumentamos o arrasto. Possivelmente precisaremos de mais tração, o que aumenta o consumo de combustível. Assim, ao se deslocar o CG para a frente do avião, ele consome mais combustível. Com o CG mais à frente o alcance também diminui. Se o CG for deslocado para trás, o nariz é deslocado para cima. O vetor da Negative Lift pode ser diminuído. A soma dos vetores para baixo diminui, e o vetor que está aplicado para cima também pode ser diminuído. Assim, como a sustentação pode ser diminuída, podemos diminuir a tração, consequentemente diminuindo o arrasto. O consumo de combustível vai diminuir. Qual o melhor CG visando o menor consumo de combustível? O mais traseiro possível, porque diminui a sustentação negativa do profundor, diminui a sustentação e consequentemente o arrasto, o que diminui o consumo. A melhor posição para colocar o centro de gravidade seria exatamente em cima do CP, mas o avião perderia a estabilidade e ficaria instável. Assim, mantemos o centro de gravidade à frente do CP e estabelecemos limites, para que ele não fique nem tanto a frente, onde consome mais combustível, nem tão atrás que deixe o nariz leve demais e impilotável. O CG deve ficar sempre dentro de limites estabelecidos pelo fabricante. CG e controlabilidade Toda vez que o leme deflete para um lado, gera sustentação para o outro. Em caso de falha do motor esquerdo, aplicamos leme para a direita. O leme defletido para a direita gera uma sustentação resultante para a esquerda, fazendo com que o nariz do avião pare de girar. Lembre-‐se que essas duas forças vão atuar como uma “gangorra“, onde o centro da gangorra é o CG. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Com o CG mais para trás, o braço entre a posição do motor e o CG permanece o mesmo. No entanto, o braço entre o CG e o estabilizador vertical muda e diminui. O momento, ou torque, será menor. Será necessário aplicar mais força no leme para controlar o avião. VMC (Velocidade Mínima de Controle): essa velocidade é medida com a tração máxima com o pedal todo aplicado, e ainda assim mantém-‐se o controle direcional da aeronave. Se eu tiver aplicado todo o pedal, a única maneira de aumentar esse vetor do leme é aumentar o fluxo de ar sobre ele, ou seja, a velocidade. Se o centro de gravidade estiver mais para frente, aumenta o braço entre o CG e o estabilizador vertical. A força necessária para que o leme mantenha o controle diminui. Se o CG está mais à frente, precisaremos um fluxo de ar menor para manter o controle. Ou seja, precisamos ou de menos pedal, ou de menos velocidade para manter o controle. Em um voo de ensaio para definir a VMC, o CG estará na pior situação possível, ou seja, o mais para trás possível. Logo, se o CG em um voo real estiver mais à frente, é possível voar abaixo da VMC. Qual o CG mais favorável para o melhor controle da aeronave em caso de falha de um motor? O mais à frente possível. Qual o CG para medir a velocidade de prova VMC? O mais atrás possível. Corda Aerodinâmica e Corda Média Aerodinâmica Uma corda aerodinâmica é uma linha que liga o bordo de ataque ao bordo de fuga. Ela é diferente da corda médica aerodinâmica. A Corda Média Aerodinâmica é chamada de Mean Aerodynamic Chrod (MAC). A frente da corda ganha o nome de LEMAC (Leading Edge Mean Aerodyamic Chord) e a parte de trás é chamada TEMAC (Trailing Edge Mean Aerodynamic Chord). Mas, como achar essa corda? Temos que achar a corda que, se multiplicada pela envergadura, temos a área da asa. MAC: é a corda que, se multiplicada pela envergadura, tem como resultado a área da asa. MAC x envergadura = área da asa Não confundir corda aerodinâmica com corda média aerodinâmica. Mas, por que saber a corda média aerodinâmica? Porque o Centro de Gravidade é sempre definido em torno da corda média aerodinâmica. Em aeronaves menores, como o Sêneca, o CG está localizado a uma distância X a partir do DATUM. Em aeronavesmaiores como o Boeing, o CG é definido em porcentagem em relação ao MAC. Nesse avião não existe DATUM. Ex.: o CG está localizado em 25% do MAC. Se a corda tiver 10m de comprimento, contando-‐se da frente para trás, ele estará a 2,5m do LEMAC, no eixo central do avião. A projeção é no eixo do avião. O CG pode passear para frente ou para trás, dentro de um limite estabelecido. Esse limite é definido também em percentual da corda média da asa. EX.: FWD limit CG: 10% da MAC. AFT limit CG: 32% da MAC. Além desses valores, o CG fica fora do envelope. Abastecimento Mínimo RBAC 91: o abastecimento mínimo, de acordo com o RBAC 91, é conforme: VFR Diurno: AB+ 30 minutos de voo em regime de cruzeiro. Não é preciso considerar a alternativa. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 VFR Noturno: AB + 45 minutos de voo em regime de cruzeiro. Não é preciso considerar a alternativa. IFR Diurno ou Noturno: AB+BC+45 minutos de voo em regime de cruzeiro. Não há diferença entre diurno e noturno. RBAC 121: não há qualquer diferença entre voo visual e voo por instrumento nesse tipo de operação. É extremamente importante perguntar que avião estamos voando. 1 – Aeronave Turboélice em voo Nacional: AB+BC+45 minutos de voo em regime de cruzeiro. 2 – Aeronave Turboélice em voo Internacional: nesse caso, é necessário fazer duas considerações. AB + BC + 30 minutos de voo em regime de cruzeiro + 15% do tempo de voo de ABBC (considerando o regime de cruzeiro) AB + BC + 90 minutos de voo em regime de cruzeiro Após fazer as duas contas, usamos o menor resultado e este será o combustível que terá que ir a bordo. Essa regra só é válida para voos internacionais. 3 – Aeronave Turbojato: em voo de turbojato temos que considerar o seguinte: AB + reserva + BC + 30 minutos em regime de espera a 1500ft sobre o alternado Reserva: a reserva é 10% do TEMPO DE VOO de A até B, nesse caso apenas, usando como referência o último Fuel Flow de Cruzeiro. Ex.: Vou gastar para sair de A e chegar em B cerca de 2,5 ton de combustível. O valor de 10% corresponde à 250kg. Entretanto, no meu Flight Release está escrito o valor de Reserva de 210kg. Esse valor está certo, pois a reserva não é 10% do combustível, mas sim do Tempo de Voo. Mas como transformar, por exemplo, 6 minutos (que seria 10% do tempo de voo em uma etapa de 60 minutos) em kg? Temos que usar um regime, ou seja, um Fuel Flow para isso. Assim, usamos como referência o Último Fuel Flow de Cruzeiro. O último fuel flow de cruzeiro é bem menos que o primeiro fuel flow de cruzeiro. Esse valor é identificado por meio de tabelas. O regime de espera queima menos que o regime de cruzeiro. Os 30 minutos são o Hold Over Alternate Fuel. A reserva pode ser utilizada como o piloto quiser. Talvez seja necessário fazer desvios, ou fazer duas órbitas. No entanto, o valor de BC + 30 minutos não pode ser utilizado no destino. Esse valor é para ser utilizado no deslocamento para o alternado. A lei permite que o alternado seja o destino. Por exemplo, o destino é Manaus, e há apenas um CB sobre a pista. O alternado é Boa Vista, mas em BV há TCUs. É preferível esperar sobre Manaus, esperar o CB passar e pousar, do que partir para Boa Vista, chegar com o combustível no mínimo, e ter que enfrentar CBs que já se formaram nesse meio tempo. Então, o piloto pode considerar Manaus como o alternado. A lei permite algumas brechas. Tratando-‐se de prova, esquecemos isso. Quando temos que alternar? Quando o combustível restante for BC+ 30 minutos. Também conhecido como MFOD (Minimum Fuel Over Destination). Nesse ponto a reserva já acabou e é preciso alternar. • Manifesto de Peso e Balanceamento Technical Fuel: é uma porção de combustível que o piloto julga fundamental levar para realizar o voo com segurança. Pode acontecer por questões meteorológicas ou de intenso tráfego aéreo. Extra Fuel: é um combustível não necessário para a realização do voo. O piloto talvez leve se o combustível no destino for muito mais caro que na origem, e não intencione abastecer lá, ou se quiser abastecer o mínimo possível no destino. Não se deve levar combustível adicional por levar, pois ele aumenta o consumo e faz com que o payload diminua. Cada galão de combustível a mais deve ter uma justificativa. Não leve combustível a mais apenas para passear. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Em primeiro lugar fazemos a análise de combustível, e após a análise de payload. Aqui faremos a primeira avaliação de peso. Para isso, basta comparar a carga que temos que transportar com o valor disponível. Se o que temos que levar for inferior ao valor disponível, basta distribuir a carga. Se for superior, é preciso reduzi a quantidade de combustível ou escolher uma parte da carga para ficar no chão. Nunca se deve computar o Extra Fuel antes de confirmar o Payload que a missão exige. Se tivermos underload, podemos completar o valor com combustível.Se tiver overload teremos mudanças. LEMBRE-‐SE: o dono do avião não quer deixar passageiros no chão, pois eles geram receita, e colocar combustível, que é um custo, em seu lugar. Se for preciso fazer isso, esteja preparado para embasar sua decisão. A terceira etapa é distribuir a carga no avião para que o CG fique dentro dos limites. VIDA REAL: eventualmente vamos estourar o envelope de voo da aeronave. Se o peso estourar para cima, ele perde desempenho de subida, sobe mais devagar, se ficar monomotor ele pode descer ao invés de subir, mas o avião continua controlado. No entanto, se permitirmos que o CG se desloque para os lados, o problema deixa de ser meramente a performance de subida. O problema passa a ser a perda de controle da aeronave, não há controle total da aeronave. O CG muito para trás teremos que dar muito pitch down. Se estiver muito para frente, vamos cabrar e a aeronave não sai do chão. Estourando o peso, o caso é negociável. Estourando o envelope para os lados perdemos o controle da aeronave, é necessário reajustar as malas. JAMAIS PERMITA QUE O ENVELOPE ESTOURE PARA OS LADOS! • Peso e Balanceamento – Boeing 737 A ficha de Peso e Balanceamento do Boeing 737 é mais complexa e ao mesmo tempo mais simples. Não trabalhamos mais com um momento, mas sim com o Index. O Index tem um valor positivo ou negativo. Toda vez que houver um valor negativo, o CG sofre um deslocamento na direção do nariz. Toda vez que houver um valor positivo, o CG sofre um deslocamento no sentido da cauda. Dry Operational Weight (Basic Operational Weight): é o ponto de início do Peso e Balanceamento. Existe o DOI Index, que indica: com esse peso vazio, onde é o Centro de Gravidade? No nosso exemplo, 48 unidades. A cabine de passageiros é dividida em 3 pedaços. No 737 podemos ter até 32 fileiras. Seção A: poltronas 1 – 11 Seção B: poltronas 12 – 22 Seção C: poltronas 23 – 31 No check-‐in automático, o computador sabe onde cada passageiro está sentado e distribui por fileiras. No modo manual, dividimos somente em 3 seções. Precisamos saber como é expresso o número: Cabine A 57/3/1 : corresponde ao número de ADULTOS/CRIANÇAS/COLOS. De acordo com padrões internacionais, cada adulto pesa 75kg, cada criança pesa 35kg e cada colo pesa 10kg. O primeiro passo é preencher o Dry Operational Index e o Dry Operational Weight. O número 1 representa o FWD Cargo Cpt. Nenhum Index nesse campo é positivo. O número 4 representa o AFT Cargo Cpt. ATENÇÃO: os cálculos na coluna de Index não são os mesmos da coluna de Weight. Os sinais de adição/subtração variam. Cabin A: no valor do Index, devemos multiplicar o número de passageiros nessa seção, utilizando a correção de -‐0,7 unidades por passageiro. Como o sinal é para ser corrigido como negativo, ele já está mostrado na tabela. Cabin B: não há correção de Index nesse caso. Cabin C: a correção de Index é de +0.7 por unidade de passageiro. A criança de colo geralmente não entra na correção de Index, mas para questões de prova consideraremos a criança para a correção. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Podemos observar que, no campo de Index do Combustível, os valores começam a aumentar, chegam até +9, depois diminuem, até ficarem negativos. Isso ocorre porque, à medida que consumimos o tanque central, o CG vai indo cada vez mais para trás (ele vai crescendo, e vai de -‐11 até +9). Em um determinado ponto ele inverte o Index, que é quando terminamos de consumir o central, e começamos a consumir o tanque das asas, jogando o CG novamente para a frente. Lembre-‐se: o Boeing 737 tem o tanque central e das asas. Um CG mais para trás faz o consumo diminuir, e para a frente faz o consumo aumentar. Em um avião long range, é preciso manter o consumo baixo o tempo todo (ex.: MD-‐11). Logo, é preciso manter o CG para trás durante o voo, para manter o consumo baixo. Isso é feito instalando-‐se um tanque de combustível no estabilizador horizontal, que faz o balanceamento do combustível automaticamente durante o voo. É uma forma de deslocar peso dentro do avião e manter o CG o mais para trás possível. Corrections: o DOV preenche a ficha com os dados do Check-‐in e entrega ao comandante. No entanto, chega a notícia de que um dos PAX fez check-‐in e não embarcou. Nesse caso, faríamos -‐75kg, e, de acordo com a seção onde o passageiro sentaria, corrigimos o Index. Isso não será cobrado em prova. O campo de LW (Landing Weight) nos dá o peso de pouso. No entanto, não nos dá o Index de pouso. Como fazemos para descobrir o Index de pouso? R.: O valor do Takeoff Fuel – Trip Fuel nos dá o valor de combustível esperado no pouso. Nesse caso, 8.220kg – 4.910kg = 3.310kg. Temos que achar o valor do Index para 3.310kg. No momento do pouso, temos basicamente o ZFW (Zero Fuel Weight) mais o combustível restante nos tanques. O peso dos passageiros não muda. Então, pegamos o ZFW (58.060kg) e adicionamos o combustível no momentodo pouso (3310kg). O índex para correção de 3310kg é +1. Corrigindo o ZFI/ZFW, temos o Landing índex 58.8+1=59.8 e LW 58.060kg + 3310kg = 61.370kg. LI/LW = 59.8 e 61.370kg O maior índice de erro na prova é na plotagem dos resultados no gráfico. Existem 3 linhas e algumas delas são inclinadas. As linhas do CG são variáveis, pois começam inclinadas para a esquerda e terminam inclinadas para a direita. Após achar o ZFW, TOW e LW, plotamos esses valores no gráfico. Plotamos também seu Index e conseguimos um ponto no gráfico. Desse ponto, traçamos uma linha paralela à linha de CG, para achar o valor do CG. Posição de Flaps: em exercícios de performance mais adiante descobriremos o Flape. Nesse exercício, já teremos o Flap, que é FLAP 5. Como usar o Stab Trim para a decolagem? Nesse avião, o Trim pode ser ajustado de 8.50 unidades até 2.25 unidades. Temos que ler a tabela e identificar o valor da setagem. Primeiro escolhemos o FLAP. Nesse caso, a tabela de FLAP 5. A segunda coisa que precisamos saber é o Takeoff CG, que é 28% e o peso de decolagem é 66.280kg. Será preciso interpolar esses valores. Dica: primeiro acertar as medidas lado a lado, e depois acertas as medidas na vertical. Na horizontal: o valor do CG é 28%. Entre 26 e 30, temos 4 unidades. Pra cada 4 unidades, a variação é de 0.5. Para uma unidade, a variação, na horizontal, será de 0.125. De 26 para 28, teremos o aumento de duas unidades, ou seja 0.125x2 = 0.25. Isso nos deixa com as seguintes opções: 70 TON – 4.75 65 TON – 4.50 Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Na vertical: com o CG a 28%, teremos 4.75 para o peso de 70 TON, e 4.50 para o peso de 65 TON. Agora vamos interpolar esses dois valores. Tendo em vista que temos uma variação de 5 toneladas, para cada tonelada o valor varia 0.05. Nossa aeronave tem o TOW de 66.280kg, ou seja, 66 TON. Temos que adicionar 0.05 ao valor de 4.50, correspondente às 65 TON. Assim: 65 TON – 4.50 66 TON – 4.55 Sabe-‐se, portanto, que o Stab Trim deve ser setado para 4.55 • Velocidades, temperaturas e altitudes Velocidades IAS: velocidade mostrada no instrumento (velocímetro/pitot estático) calibrado para a atmosfera padrão ao nível do mar. CAS: velocidade indicada (IAS) corrigida para os erros do sistema pitot/estático. EAS: é a CAS corrigida para os efeitos de compressibilidade do ar. TAS: velocidade real do avião com relação ao ar. É corrigida para erros de pressão e temperatura. MACH: é um percentual da velocidade do som. CAS = IAS + correção A correção da CAS é feita por meio de um gráfico, levando-‐se em conta a IAS e o peso da aeronave. No 737, o velocímetro do comandante e copiloto indica a velocidade calibrada. O velocímetro standby mostra a velocidade indicada, então há uma pequena diferença na indicação dos dois instrumentos. Temperaturas OAT: Outside Air Temperature. Apontamos um termômetro para o lado de fora. O ar do lado de fora está parado, então medimos a temperatura. Essa temperatura é confiável. O termômetro mede a temperatura do ar parado do lado de fora. TAT: Total Air Temperature. É a temperatura do ar externo acrescida do calor do atrito. TAT – Rise = SAT É a temperatura que o ar parado tem, mais um acréscimo gerado pelo calor do atrito. Ex.: temperatura medida pelo termômetro do 737 em cruzeiro. SAT: é o valor da temperatura do ar estático, obtido através de cálculo. O valor da SAT é igual ao da OAT. No entanto, a OAT é medida diretamente, enquanto a SAT é obtida por meio de cálculo. Ram Rise: é o aumento da temperatura devido ao atrito. RAT: Ram Air Temperature. É quase igual ao TAT, só depende de eficiência do instrumento. Por ser mais antigo, o equipamento RAT pode apresentar algumas perdas. Ex.: se espera-‐se um aumento de 40 graus em uma condição, ele apresenta um aumento de 34 graus, devido às perdas. Um RAT de 1.0 consegue ler 100% do aumento, e o RAT 0.8 consegue ler 80% do aumento apenas. O TAT é um termômetro capaz de medir todo o aumento de temperatura previsto pelos engenheiros. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Altitudes Altitude Indicada: é a altitude lida no altímetro quando ele está ajustado em QNH. Altitude Pressão: é a altitude lida no altímetro quando ele está ajustado em QNE. Altitude Densidade: é a altitude corrigida para erros de pressão e temperatura. Ou seja, é a altitude indicada, que já está corrigida para erro de pressão, corrigida para erros de temperatura. É onde o avião “se sente”. Obs.: no estudo de Meteorologia os conceitos adotados são diferentes. Na dúvida, usaremos os conceitos do Brenner. • Distâncias de decolagem TORA (Take Off Run Available) – distância disponível para decolagem. LDA (Landing Distance Available) – é a distância disponível para o pouso. ASDA (Accelerate-‐Stop Distance Available) -‐ A distância que temos desde a cabeceira até o final da Stopway é chamada ASDA. O stopway não pode ser usada para pouso. Ela apenas podeser utilizada se houver aceleração, ou seja, para rejeição de decolagem. Só pode ser utilizada para STOP se houve o Accelerate. Algumas pessoas acham que porque o nome é Stopway pode-‐se usar no pouso, o que não é verdade. STOPWAY: em seus limites laterais, tem que ter pelo menos a mesma largura da pista. A segunda característica é que ela tem que suportar o peso do avião sem causar danos à ele. Algumas stopways inventadas por americanos usam o EMAS, um material que se “quebra“, e aquilo deve ser um “buraco” na lei que criou um novo conceito. Em teoria, esse material não danifica o avião. CLEARWAY: é importante saber que clearway e stopway são completamente independentes. Pode haver os dois, pode haver só clearway, pode haver só stopway e pode não haver nenhum. No desenho da apostila, a clearway está maior que a stopway, mas ela pode ser maior ou menor. O tamanho máximo para estabelecer uma clearway é de 50% da TORA. EX.: tenho um campo aberto de 150 hectares e faço uma pista de 1000m. Apenas o que pode ser considerado Clearway são 500m, mesmo tendo área sobrando. A clearway tem uma largura mínima. Essa largura é de 150m, sendo 75m para cada lado do eixo. Deve-‐se ter pelo menos 75m para cada lado do eixo da pista. Ou seja, de acordo com a lei, temos um comprimento máximo e largura mínima. Não há largura máxima prevista para a clearway. TODA (Take-‐Off Distance Available): distância entre a cabeceira e o final de clearway. Mas qual a diferença entre o TODA e o TORA? Quando decolamos iniciamos a decolagem a partir da cabeceira começa a contar a decolagem. Decolamos e, ao tirar a roda do chão, acaba a CORRIDA DE DECOLAGEM (TAKEOFF RUN). A takeoff distance só termina de ser medida na hora que o avião (AeroBoero) atingir 50 ft. Essa altura é chamada de Screenheight. SCREENHEIGHT: O screenheight de AeroBoero, Tupi, Cessna, etc, de acordo com o RBAC 23, é de 50ft. No entanto, no RBAC 25 (B737, A320), esse valor é alterado, e é definido como 35ft. O screenheight é a altura mínima que temos que atingir para determinar a distância de decolagem. Ela pode ser atingida sobre a clearway, se houver. Se não houver clearway, deve ser atingida sobre a pista. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Esses 35ft podem ser atingidos dentro da Takeoff Distance Available, que inclui a Clearway. Uma parte do voo para atingir essa altura pode ser feita em cima da Clearway. Se, acaso, não houver clearway, os 35ft devem ser atingidos ainda sobre a pista. A clearway, obrigatoriamente, tem que ser controlada pela autoridade aeroportuária. Até pode ser o mar, desde que seja uma área controlada pela autoridade aeroportuária. Pode haver obstáculos na clearway. Esses obstáculos, medidos a partir do final da cabeceira, podem ter um gradiente máximo de 1,25%. Ex.: se tenho um arbusto a 100m da cabeceira, ela pode ter uma altura máxima de 1,25m, e a área ainda é considerada uma Clearway. Se ele crescer para 1,30m, acaba a clearway (e é fácil cortar o arbusto para resolver o problema). Isso se aplica à qualquer objeto dentro da Clearway. Um objeto qualquer colocado a 200m do final da pista, para não interferir na clearway, pode ter no máximo 2,5m, considerando o gradiente de 1,25%. A CLEARWAY pode ser usada inteiramente em qualquer cálculo de performance? Não. Há duas exceções. 1º exceção: A clearway não poderá ser utilizada em pistas molhadas ou contaminadas. Por mais que exista uma clearway, se a pista estiver molhada ou contaminada, ignoramos a clearway na hora de calcular a performance de decolagem. 2º excessão: O trecho voado entre o momento em que tiraramos as rodas do chão e atingimos 35ft recebe um nome. Ele é chamado de takeoff flare. A clearway só permite que se voe em cima dela metade do takeoff flare (50% do takeoff flare). Isso significa que, em uma decolagem, não posso tirar as rodas do chão no último centímetro de pista e subir para 35ft em cima da clearway. Tenho que tirar as rodas do chão um pouco antes, para que, vista a distância que tenho entre tirar as rodas do chão e atingir 35ft, metade dessa distância seja voada em cima da pista. A outra metade pode ser voada sobre a clearway. Lembre-‐se: em pista molhada terei que desconsiderar a clearway, e atingir essa altura de 35ft ainda sobre a pista. Takeoff Flare: o trecho entre tirar as rodas do chão e atingir o screenheight (35ft). Metade do takeoff flare tem que ser voada em cima da pista. A outra metade pode ser voada sobre a clearway. Se não houver clearway, tenho que atingir esses 35ft ainda sobre a pista. Em pista molhada a clearway é desconsiderada, e também é preciso atingir o screnheight ainda sobre a pista. EX.: Tenho uma pista de 4000m e uma clearway de 2000m. Se a pista estiver molhada, a clearway desaparece. Simplesmente finjo que ela não existe mais. Ex2.: Se um avião demora 600m para atingir a screenheight, pode usar 300m de clearway para isso. Ou, se precisar de 300m para o takeoff flare, pode voar 150m sobre a pista e os outros 150m sobre a clearway.Ex3.: O meu takeoff flare vale 300m, logo posso voar 150m sobre a clearway. Imagine agora que vamos decolar de um aeroporto onde a clearway tem apenas 100m. O que fazer? Nesse caso, precisarei sair do chão antes. Ao invés de voar 150m sobre a pista, vou voar 200m sobre a pista e 100m sobre a clearway, totalizando os 300m do takeoff flare. • Resistência do Piso ACN: Aircraft Classification Number PCN: Pavement Classification Number Quando olharmos no ROTAER, o PCN vem classificado dessa forma: 40/F/C/X/T. O primeiro número é um indicador qualquer. A primeira letra indica que o pavimento pode ser rígido (concreto) ou flexível (asfalto). A seguir temos a subcategoria de leito (A,B,C ou D). A terceira letra é Tire Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Pressure e a última letra é o Método de Avaliação de leito, que pode ser uma avaliação técnica ou por experiência. Em aviões de grande porte como o B737 a pressão do pneu é de 200PSI. Dependendo do modelo, varia entre 195, 200 e 205 PSI. Qual seria a pressão máxima autorizada, nesse caso? Não poderia ser Z nem Y. Pode ser X (até 217 PSI) ou W (alto, sem limite). Ou seja, a pressão máxima de pneu autorizada precisa ser pelo menos X para pensarmos em operar nessa pista. Não é preciso decorar todas essas letras, pois elas podem ser consultadas no ROTAER. Como posso descobrir o ACN do avião para compará-‐lo ao PCN? Existe uma tabela para isso. No nosso exemplo 40/F/C/X/T: se a pressão máxima de pneu autorizada for X ou W eu consulto a tabela, pois posso operar. Se for menos que isso (Y ou Z), a pressão limite será menor que a pressão dos meus pneus, eu nem consulto a tabela, pois não posso operar. Os outros 3 fatores 40/F/C são os dados que precisarei. Na tabela tenho duas colunas: uma para pavimento flexível e outra para rígido. Seleciono a coluna compatível com a minha pista (Flexível), e observo a categoria do subleito, que nesse caso é C. Por último, fazemos uma determinação com o primeiro indicador, nesse caso 40 (Flexível, C, 40). Tendo como exemplo a tabela, percebemos que a interpolação desses números informa o valor de 65.7. Esse resultado é expresso em toneladas (65.7 toneladas, ou 65.700kg). É o peso máximo para que eu possa operar nessa pista. Essa tabela serve para o 737-‐800. Outros aviões possuem outras tabelas, com seus valores próprios. Emergência: lembre-‐se que em emergência pode-‐se quebrar as regras. Se tivermos uma emergência tentaremos resolver da melhor maneira possível, e se for necessário pousaremos a aeronave com ACN acima do PCN. Pode-‐se operar com um ACN maior que o PCN? Sim, é aceitável que o ACN esteja 10% acima do PCN em pavimentos flexíveis, e 5% acima do PCN em pavimentos rígidos. No entanto, as operações com sobrecarga não podem exceder 5% das operações do ano naquele aeroporto, e essas operações tem que estar espalhadas ao longo do ano. Exemplo da vida real: Em Comandatuba-‐BA, a Gol faz voos de fretamento para um hotel e pousa-‐se acima do PCN. Isso não é um problema se a aeronave estivar dentro dos 10%, pois lá a pista é de asfalto. Nesse caso específico, essas operações podem até representar menos que 5% das operações do ano. No entanto, como são feitas na temporada, não estão espalhadas ao longo do ano. Isso mostra como a regra é difícil de ser fiscalizada. Cabe à administração do aeroporto fazer essa fiscalização. Cálculo matemático: descobrir quanto peso é suportado por cada pneu do trem de pouso principal e quanto peso é suportado por cada pneu do trem de pouso do nariz. Nesse exercício, a primeira coisa que temos que fazer é localizar o CG. Temos o valor de LEMAC, a 16m do Datum, e TEMAC, a 21m do Datum. Sabemos que a corda, então, será de 5m (TEMAC-‐ LEMAC= 5m). Se O CG está a 20% da MAC, ele estará a 1m do LEMAC (20% de 5m corresponde à 1m). Sabemos, portanto, que o CG estará a 17m do Datum. Teremos uma força para baixo do CG atuando a 17m do Datum. O trem de pouso principal representa uma força para cima, localizada a 19,6m do Datum. O trem de pouso do nariz representa também uma força para cima, à 4m do Datum. Chamaremos a força do trem de nariz de A e a do trem principal de B. Logo, teremos a seguinte equação de momento: Força Total x Distância do CG ao Datum = (Força A x Distância A) + (Força B x Distância B) 17 x 66.000 = 4xA + 19,6xB A+B = 66.000 Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 Resolvendo essa equação, teremos que a força A equivale a 11.000kg, e B equivale a 55.000kg. Obs.: Pegamos como referência o nariz do avião. Poderíamos pegar também o CG como referência. Takeoff Performance Existem diferentes velocidades de decolagem. Temos as velocidades: Demonstradas: VS, VMU, VMCG e VMCA. Operacionais são: V1, VR, V2 Derivadas são: Vlof, Ver, VMBE Velocidade de Stall: é a velocidade na qual a sustentação não pode mais ser mantida. A velocidade de Stall é dividida em três categorias diferentes e cada umatem um conceito levemente distinto: VS: velocidade na qual a sustentação não pode mais ser mantida. VS1G: velocidade de estol correspondente ao máximo Cl, considerando fator carga igual à 1G. Nesse caso, a sustentação ainda não acabou, ela é máxima, com o fator de carga em 1G. É um pouco antes do Stall. VSR: velocidade de estol de referência, utilizada na certificação da aeronave. Essa velocidade é a utilizada para a construção das demais velocidades do avião. No gráfico, conforme aumentamos o ângulo de ataque, o CL aumenta. Chegamos no Cl máximo, e quando passamos dele, ele volta a cair: entramos no stall. Na VS1G chegamos no Cl máximo e o avião ainda não estolou, ou seja, estou mantendo a sustentação no meu Cl máximo. A VS REFERÊNCIA (VSR) pode ser a VS1G ou qualquer velocidade maior que ela. Para que serve? Porque quando definimos uma velocidade V2, por exemplo, ela precisa ser 13% acima da velocidade de stall. Mas de qual dessas velocidades de Stall? Da VSR, pois é a velocidade que o fabricante vai usar como referencia. VSR não é necessariamente o real stall do avião. No gráfico, a velocidade de stall de verdade vai estar logo depois do Cl máximo. Assim, mapeando os pontos da direita para a esquerda, a primeira velocidade será a VS, que é aquela logo além do Cl máximo. No ponto de Cl máximo teremos a VS1G. A VR pode ser igual à VS1G, no entanto, geralmente ela é definida como uma velocidade um pouco maior, para garantir uma margem de segurança. Maior velocidade significa um menor ângulo de ataque, reduzindo um pouco o Cl. Por isso, no nosso gráfico, a VSR será o terceiro ponto da direita para a esquerda. Por exemplo: meu avião estolou com 95KT. Com 96 ele estava na Cl máxima. O fabricante define a velocidade VSR com 100KT, como referência para todas as outras. Ela precisa ser igual à VS1G ou maior, ou seja, mesmo que o avião estole com 96KT, o fabricante diz que ele estola com 100KT, adicionando uma margem de segurança. V2: a V2 é 13% a mais que a velocidade de estol, ou seja, VSR. Usamos sempre a velocidade mais conservativa. O quanto de margem de segurança é adicionado é uma definição do fabricante. Nós não sabemos essa margem, apenas o fabricante. A VS será sempre menor que a VS1G. A VSR será sempre maior ou igual à VS1G. VMU – Minimum Unstick Speed É a menor velocidade com que o avião consegue alçar voo, no seu maior ângulo de ataque fisicamente possível de ser atingido com o avião no solo. Se atingirmos esse ângulo com o avião ainda no solo, ocorre Tail Strike. Ele deve ser capaz de alçar voo e prosseguir na decolagem em segurança. VMCG – Minimum Control Speed on the Ground É a velocidade de mínimo controle no solo. É uma velocidade na qual, caso ocorra uma falha súbita do motor crítico, é possível manter o controle da aeronave utilizando apenas o leme de direção. A perda máxima de controle permitida é de 30ft do eixo da pista. Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 No Sêneca, temos uma velocidade chamada Vmc. Mas por que o Sêneca tem só a Vmc, e o B737 tem a Vmcg e Vmca? A grande diferença é que no Sêneca, se estivermos no meio da corrida de decolagem e o motor falhar, não se prossegue na decolagem. No Sêneca, qualquer perda de motor só é testada acima de 500ft. Nem se cogita tentar perder o motor abaixo de 500ft. O previsto é que, em caso de pane de motor na decolagem, a decolagem será rejeitada. No B737, entretanto, dependendo da velocidade em que ocorreu a pane, prosseguimos ou não na decolagem. Pode ser que tenhamos que prosseguir. Então, no Sêneca, quando se trata da Vmc, é como se fosse a Vmca (Velocidade de mínimo controle no ar). No B737, após a V1 prosseguimos na decolagem. Mas e se eu tiver uma V1 tão baixa que eu não consiga sequer controlar o avião para manter o eixo? Como posso ser obrigado a prosseguir na decolagem se não consigo sequer manter o controle do avião? A solução foi definir uma Vmcg (Velocidade de Mínimo Controle no Solo), e a V1 será sempre acima dessa Vmcg. Essa Vmcg é a velocidade onde consigo controlar o avião. Se eu perder o motor acima dela e tiver que prosseguir, prossigo na decolagem. Mas como definimos a Vmcg? Sempre na pior situação possível. Isso corresponde à: -‐ Aeronave no peso máximo de decolagem -‐ CG o mais atrás possível -‐ Motor com potência de decolagem (máxima) -‐ Não são considerados os efeitos de vento -‐ O pedal, para voos de teste da VMCG, é considerado na deflexão máxima Qualquer piloto deve ser capaz de controlar o avião, perdendo o motor na Vmcg, sem perder mais do que 30ft do eixo da pista. É um aspecto interessante em relação à pilotagem. Posso usar o steering para manter o controle? Não. Uma das regras é manter o controle usando exclusivamente a superfície aerodinâmica, ou seja, o leme. Isso é treinado em simulador. Qual o problema de não considerar os efeitos de vento? Se tivermos vento de través na decolagem, já estaremos corrigindo com o pedal. Se houver uma pane de motor,pode ser necessário aplicar ainda mais pedal, e o curso pode não ser suficiente. Ex.: Se temos vento vindo da esquerda, a tendência do avião é aproar o vento. Darei pedal direito para corrigir. Se eu perder o motor, precisarei aplicar ainda mais pedal, e se o curso não for suficiente, posso parar na grama. Mas lembre-‐se: qual a chance de perder o motor na decolagem, exatamente na Vmcg, no dia em que o vento estiver de través, e justamente o motor oposto ao lado do vento? As chances são muito pequenas. Então, não se considera o vento. O que afeta a Vmcg? Como ela já foi calculada com o pior CG possível, desconsideramos essa parte. Mas o que mais afeta a Vmcg é a densidade do ar. Quando cai a densidade do ar, diminui a tração produzida pelo motor. Se diminui a tração produzida pelo motor, o que pode acontecer com a força que o rudder precisará fazer caso um motor falhe? Ela também pode ser menor. Para diminuir essa força sem mexer no pedal (considere que estamos deixando o pedal na máxima deflexão), pode-‐se reduzir a velocidade. Assim, à medida que subimos, o ar fica rarefeito, o motor produz menos, e a velocidade cai. Com uma mesma temperatura, à medida que subimos, a velocidade cai, pois o ar fica mais rarefeito e a tração produzida será menor. No voo de ensaio da Vmcg, o rudder é máximo e a potência é máxima. O que vai definir a força que fazemos com o estabilizador vertical para controlar o avião é a velocidade que estamos andando. Se a temperatura aumentar, a potência diminui. Isso significa que podemos “combater“ essa potência com uma velocidade mais baixa. OBS.: nesse caso estamos considerando o rudder no máximo. Se reduzir a potência do motor, podemos diminuir a força exercida pelo rudder por meio da diminuição da velocidade. Se a potência aumentar, precisaremos de mais força no rudder. Logo, precisaremos de mais velocidade. Assim, toda vez que cair a potência do motor, diminui a velocidade necessária para manter o controle. Se considerarmos a temperatura padrão, à medida que subirmos, o ar fica mais rarefeito, e a potência desenvolvida pelo motor também diminui. A força necessária no rudder também pode diminuir, e podemos reduzir a Vmcg. Para ficar mais claro, observe as tabelas na página 22: para uma mesma altitude pressão, quanto maior a temperatura, menor a Vmcg. De mesmo modo, para uma mesma temperatura, quanto Resumo de Performance, Peso e Balanceamento Patrick Ericksson – 2016 maior a altitude pressão, menor a densidade do ar e menor a Vmcg, pois a potência desenvolvida pelo motor também será menor, e precisaremos de menos velocidade para combater esse efeito de guinada caso o motor falhe. Lembre-‐se: estamos considerando o Rudder na posição máxima nesses casos, então a única opção é aumentar/diminuir a velocidade para aumentar/diminuir o fluxo de ar sobre o estabilizador vertical, o que impacta na eficiência do mesmo. Temos duas tabelas, e as duas são completamente distintas. Uma é para um tipo de motor, e outra é para outro. Sabendo que uma tabela é para 26.000lbs e outra para 24.000lbs, qual tabela é para cada motor? A tabela de cima é para 26.000lbs. Maior tração representa maiores velocidades, o que está mostrado na tabela. A tabela de baixo tem velocidades menores, logo, representa o motor com 24.000lbs, pois menor potência representa também menores valores de Vmcg. Em um voo de ensaio, com perda de um motor na Vmcg, a potência máxima é mantida até retomar o controle. Quando o controle é retomado, aborta-‐se a decolagem. Se perdermos o motor abaixo da Vmcg, não significa que não conseguiremos controlar, mas vamos provavelmente perder mais do que os 30ft em relação ao eixo da pista. A Vmcg será um limitador para escolhermos a V1. A Vmcg nunca pode ficar acima da V1. VMCA – Minimum Control Speed in the Air É a velocidade de mínimo controle em voo. Mas o que muda em relação à Vmcg? Na VMCA temos a rolagem. Pode-‐se manter uma inclinação de até 5 graus para cima do motor bom, e isso ajuda no controle da aeronave. Quando falamos de Vmcg, poderíamos perder 30 pés do eixo da pista. Na VMCA não temos isso, mas temos mudança de proa. Pode-‐se perder, antes de retomar o controle do avião, até 20 graus de proa. O motor operante é considerado em potência máxima de decolagem, CG mais desfavorável, configuração mais crítica (Gear Up), e efeito solo não considerado. Por que a posição mais crítica é Gear Up? Porque nesse caso, o trem de pouso causa o efeito quilha no avião, então melhora um pouco a estabilidade, desde que o trem de pouso esteja atrás do CG (não é o caso do Boero, Paulistinha). Quando o trem de pouso é triciclo, isso aumenta a estabilidade do avião. É semelhante à função da quilha de uma prancha de surf, que aumenta a estabilidade. A Vmca é normalmente mais baixa que a Vmcg. Se a Vmcg é de 90KT, a Vmca pode ser de 80KT. Por isso, no momento em que saímos do chão, geralmente já estamos acima da Vmca. Lembre-‐se: os valores de Bank para cima do motor bom (5 graus, no máximo) são definidor por lei. Pode-‐se usar
Compartilhar