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ESTÁGIO I

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ESTÁGIO I - PRÁTICA SIMULADA
COMO IDENTIFICAR A PEÇA QUE DEVO ELABORAR?
• O primeiro passo é identificar o tipo de peça que vai fazer; a primeira questão é identificar qual peça a ser feita. O cliente vai chegar ao escritório e apresentar a demanda dele e você que saberá o tipo;
• Identificar a peça a ser feita está relacionado ao conhecimento do procedimento adotado (comum, ordinário, sumário, sumaríssimo, procedimento do tribunal do júri);
• Na maioria dos crimes o procedimento será comum; o especial pode ter alguma divergência, mas não muita; ex.: proc. esp da lei de drogas -> estabelece a apresentação de uma defesa preliminar, como se fosse uma resposta a acusação, mas é apresentada antes do recebimento da inicial acusatória (normalmente não é utilizado na maioria dos crimes).
Como facilitar a identificação da peça? 
• Imaginar que o processo (em sentido amplo) tem três etapas:
a) fase pré-processual: que vai englobar todos os momentos anteriores ao recebimento da denúncia ou da queixa (todas aquelas peças relacionadas ao inquérito policial, o recebimento da inicial acusatória está nessa fase!).
b) fase processual: engloba tudo o que vai desde o recebimento da inicial até o trânsito em julgado.
c) fase pós-processual: após o trânsito em julgado; engloba a chamada execução penal.
Conseguimos identificar, conhecendo o procedimento, em que fase nós nos encontramos. Assim, sabendo a fase, já é possível eliminar uma série de peças. Logo, se não recebi a inicial acusatória, está na fase pré-processual.
Principais peças pré-processuais
a) relaxamento da prisão em flagrante: (é preciso que haja uma prisão em flagrante e essa seja ilegal) tem como objetivo o reconhecimento da ilegalidade da prisão.
b) pedido de liberdade provisória: (é preciso que haja uma prisão em flagrante e essa seja legal) a prisão ocorreu dentro da legalidade (seguiram todas as formalidades), mas, por ausência de requisitos legais (não é necessária a prisão cautelar), deve o acusado aguardar o seu julgamento em liberdade.
c) revogação de prisão preventiva: (pressuposto: prisão preventiva em curso) desnecessidade da manutenção da medida cautelar. Obs.: embora colocada como peça de fase pré-processual, ela pode ser feita na fase processual porque ela pode ser decretada em qualquer momento, durante o curso do inquérito, processo, até o trânsito em julgado.
d) queixa-crime: denúncia na inicial acusatória nos crimes de ação penal privada.
e) defesa prévia/preliminar do art. 55 da Lei 11.343/06: o dispositivo é claro ao afirmar que a peça é cabível quando “oferecida a denúncia”, portanto, é anterior ao recebimento.
Principais peças processuais
A fase processual é aquela que possibilita a apresentação de um número maior de peças. Dessa forma, o conhecimento do procedimento é importante para que saibamos de fato qual peça apresentar dentro dessa fase processual, é preciso lembrar da estrutura procedimental (sumário, ordinário (base), do júri).
a) resposta a acusação (art. 396 ou 406, este, no rito do júri, do CPP): primeira manifestação do réu no processo, logo após o recebimento e a citação.
b) memoriais ou alegações finais (art. 403, §3º, do CPP): encerrada a audiência de instrução e julgamento, as alegações finais devem ser feitas oralmente. No entanto, em alguns casos, em virtude da complexidade do caso ou do número de acusados, as alegações podem ser oferecidas por escrito, ou seja, em memoriais (no prazo de 5 dias).
Aqui já houve a AIJ, as testemunhas já ouvidas e o acusado já interrogado.
c) apelação (art. 593 do CPP): cabível contra sentença, quando não for o caso de recurso em sentido estrito (está relacionada à sentença ou a decisão definitiva).
d) recurso em sentido estrito (art. 581 do CPP): cabível contra sentença ou decisão interlocutória, desde que previstas no art. 581 do CPP. Salientando que vamos ver, ao analisar recurso em sentido estrito, que o CTB (Lei 9.503/97), traz no art. 294, §2º, mais uma hipótese de cabimento de recurso em sentido estrito, para além do rol do artigo supracitado. Há discussão se o rol é taxativo ou exemplificativo.
e) carta testemunhável (art.639 do CPP): cabível contra decisão que denegar o recurso em sentido estrito ou que obstar o seu seguimento ao juízo “ad quem” (únicas hipóteses) – RARO.
f) embargos de declaração (arts. 382 e 619, ambos do CPP): cabível contra decisões obscuras, ambíguas, contraditórias ou omissas, em qualquer grau jurisdicional.
g) embargos infringentes e/ou de nulidade (são dois recursos – art. 609 do CPP): cabível contra decisões não unânimes de segunda instância. OBS.: não existe mais no PROCESSO CIVIL, já indo para julgamento sem necessidade de a parte recorrer.
Fase pós-processual
• Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Há uma decisão condenatória ou absolutória imprópria (é aquela que julga improcedente a condenação em virtude de inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado; muito embora julgue improcedente, determina a aplicação/imposição de medida de segurança) transitada em julgado; não havendo fase pós-processual quando houver sentença absolutória, pois aí não há o que executar;
• Então essa fase irá englobar aquelas peças que poderão ser apresentadas durante a execução da pena ou da medida de segurança. No caso da primeira, peças relacionadas a pedido de progressão de regime, livramento condicional, saída temporária, remição;
• Além disso, nessa fase há o recurso de agravo que é o único recurso cabível em face de decisões proferidas pelo juízo da execução penal (art. 197 da LEP). Então, se houve um pedido de progressão de regime negado, ou de livramento condicional, o recurso adequado para impugnar essas decisões é o recurso de agravo.
OBS.: o recurso de agravo e em sentido estrito são parecidos, pois o art. 197 da LEI 7210/84 foi omisso quanto a quem deve ser imposto o recurso de agravo, quanto ao prazo, sistemática recursal... Sendo assim, a jurisprudência já fixou entendimento de que se aplica ao agravo, por analogia, aquelas disposições do CPP, relativas ao recurso em sentido estrito.
RESUMINDO: I – A Execução Da Pena -> após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o réu, agora condenado, pode pedir uma série de benefícios em seu favor (progressão de regime, livramento condicional, entre outros...). Todos esses pedidos são julgados pelo juiz da execução penal, e, contra todas as decisões dele, cabe agravo em execução (art. 197, LEP).
• Também há, nessa fase, a revisão criminal que tem dois pressupostos: a condenação (sentença condenatória) e o trânsito em julgado dessa condenação. Ela não é um recurso, tendo natureza de ação.
RESUMINDO: II – A Revisão Criminal (Art. 621 Do CPP) -> após a condenação transitada em julgado, não existindo mais recursos para a discussão do mérito da ação, é cabível a revisão criminal, desde que ocorra uma das situações previstas no art. 621. 
COMO REDIGIR UMA PEÇA PENAL?
• Fazer uma peça é uma comunicação por escrito;
• A primeira preocupação é o endereçamento adequado; é de extrema importância endereçar adequadamente a peça para o juízo ou órgão jurisdicional competente para apreciar corretamente o requerimento/ pedido feito;
• Não é NECESSÁRIO excesso de pronomes de tratamento (excelentíssimo senhor doutor juiz – o usual é excelentíssimo juiz de Direito. Pode endereçar AO JUÍZO, mas não é muito comum => processo já em curso);
• Resposta a acusação -> endereça para o juízo perante o qual a ação penal tramita (ex. juízo da quarta vara criminal). Em algumas outras peças vamos ter que lembrar as regras de determinação de competência: ex. queixa-crime = depende, se for infração penal de menor potencial ofensivo será o juizado especial, se não, justiça comum. 
Teremos que conjugar para chegar ao juízo competente. 
Essetipo de endereçamento serve para queixa crime, habeas corpus...
Logo,
Endereçamento: você deverá endereçar a sua peça ao juízo ou o órgão competente para apreciar o pedido. ATENÇÃO: Se o enunciado não fizer menção à comarca, não enderece ao juiz de sua cidade que está fazendo prova!!! Quando não souber, use XXX.
Preâmbulo: depois do endereçamento vem o preâmbulo, que é a introdução da peça em que vai constar quem são as partes, qual a petição que está sendo apresentada... Ou seja, trata-se da introdução e deve conter as informações necessárias sobre as partes, o processo e a petição oferecida. Na sua peça, por via de regra deverão constar cinco elementos:
a) Indicação da parte -> quem está vindo apresentar a petição em juízo, propor a queixa-crime, através de advogado apresentar o pedido, oferecer resposta a acusação, interpor o recurso, ou seja, tem que indicar a parte, deve qualificar, que significa INDIVIDUALIZAR a pessoa, através do nome, sobrenome, nacionalidade, estado civil, identidade, profissão, endereço... Eventualmente, num relaxamento de prisão em flagrante, habeas corpus, é preciso qualificar – na resposta a acusação, alegações finais, recursos de apelação e em sentido estrito não é necessário qualificação porque já foi anteriormente qualificada nos autos (na denúncia ou queixa). Basta colocar que já foi devidamente qualificado nos autos do processo.
Se estiver na dúvida sobre a necessidade qualificar ou não, é melhor qualificar, pois não perde ponto qualificando quando for desnecessário.
Você deve colocar o nome que constar do enunciado do problema. (Em algumas peças haverá necessidade de qualificação).
b) Capacidade postulatória: quem pode pleitear algo em juízo? Em regra, quem é advogado (regularmente inscrito nos quadros da OAB). Mas há exceções como o habeas corpus, que pode ser impetrado por qualquer pessoa independentemente de capacidade postulatória, em seu benefício ou de terceiros. Logo, a parte propõe a queixa-crime por intermédio/através do advogado (ex. fulano de tal - qualificado - vem por seu advogado, abaixo assinado/in fine assinado). Porém, quem vai a juízo É A PARTE (o constituinte), o advogado REPRESENTA a parte - a pessoa se vale do advogado para se pleitear em juízo (o advogado serve como meio para que a parte, que não tem capacidade postulatória, venha em juízo para requerer algo).
Não se faz petição em primeira pessoa (mas na terceira), a não ser que esteja postulando em causa própria ou caso seja preso, pois este tem direito de petição, podendo pleitear nos autos da execução penal diretamente requerendo benefícios prisionais penitenciários que julgue possuir.
c) “Nome da peça”: encontra-se entre aspas porque peça não tem nome, mas deve vir no preâmbulo o nome da peça, sendo indicado o tipo de peça a ser apresentada; se é uma resposta a acusação, alegações finais em forma de memoriais, recurso de apelação, liberdade provisória... Pode fazer do jeito que quiser, não há uma regra para se colocar o nome da peça, o importante é INDICAR qual é a peça (o profº Hassan prefere centralizar, destacando no preâmbulo e em caixa alta). 
Além disso, a ordem desses elementos não é uma obrigação. A indicação da parte é que deve estar no início e a frase final, por último, os três demais não precisam seguir esta ordem.
d) Fundamentação legal: é o dispositivo de lei que fundamenta a peça que a parte está apresentando perante o órgão jurisdicional competente (ex. se a peça for uma resposta a acusação em procedimento comum ordinário a fundamentação é o art. 396 do CPP; se for alegações finais em forma de memoriais – art. 403, §3º, do CPP). Este fundamento não é obrigatório, mas na OAB sim, pois é objeto de pontuação em todas as áreas.
Aqui não é fundamentação jurídica! Essa aparece em momento posterior.
e) “Frase final”: é aquilo que vai terminar o preâmbulo, para que se possa iniciar a próxima parte da petição inicial.
Ex.: “Pelos seguintes argumentos fáticos”, “Pelo que se segue”, Pelos seguintes fundamentos”, “Pelo que passa expor”.
É importante essa frase final porque ela serve como elo entre o preâmbulo e a exposição fática e fundamentação jurídica.
	Observação: Verbo na peça
“Opor” – embargos
“Apresentar” – resposta a acusação, memoriais e queixa-crime
“Interpor” – apelação, recurso em sentido estrito e agravo
“Impetrar” – Habeas corpus
“Propor” – Revisão criminal
“Requerer” – Peças de liberdade
Exemplo de preâmbulo (peça que será apresentada em procedimento já em curso):
Ticio (1), já qualificado nos autos do processo em epígrafe que lhe move o Ministério Público Estadual, por seu advogado que a esta subscreve (2), vem apresentar MEMORIAIS (3), com fulcro no art. 403, §3º, do Código de Processo Penal (4), pelas razões a seguir aduzidas (5):
1) Parte: *Apresentando peça em autos já em tramite, logo após a indicação do endereçamento coloca-se o número dos autos. Principalmente no PP que ainda há muitos autos físicos, porque aí para juntá-los tem que indicar o numero depois de endereçar.
2) Capacidade postulatória: outros exemplos -> por sua procuradora abaixo assinada, através do seu advogado que ao final assina, através de sua advogada in fine assinada, entre outros. A forma pouco importa, só é preciso que haja indicação da capacidade postulatória.
3) Nome da peça
4) Fundamento legal
5) Frase final
	ESTRUTURA DA PEÇA= ENDEREÇAMENTO + PREÂMBULO (5 ITENS) + FATOS + FUNDAMENTOS + PEDIDO + REQUERIMENTO
Narração dos fatos
• É a narrativa fática; tópico “dos fatos”. Vale ressaltar que não é preciso/obrigatório dividir a peça em tópicos, ou seja, vir com esses títulos separando cada item. Você fará dessa maneira se, para você, ficar mais clara a compreensão dela;
• Você deve expor os fatos trazidos pelo problema proposto. Faça um breve resumo do enunciado da prova, narrando com as suas palavras, os dados fáticos mais importantes;
• Tentar ser conciso e evitar a prolixidade. Isso não significa deixar de narrar com detalhes o caso em questão;
• Certas peças não exigem uma narrativa extensa dos fatos, como a resposta a acusação (p. ex. faz referência apenas aos atos processuais mais relevantes já realizados, como a denúncia), alegações finais, razões recursais, recurso em sentido estrito... Pode até ser dispensável, mas é sempre importante até mesmo para contextualizar a fundamentação jurídica apresentada em seguida.
ATENÇÃO: na queixa-crime (inicial acusatória), por se tratar de petição inicial, é necessário fazer a descrição completa da conduta do querelado! (Art. 41, CPP – narrar o fato criminoso com todas as suas circunstâncias).
* Precedente ≠ jurisprudência
Exposição Jurídica
• “Teses” e fundamentação jurídica; chamado “dos fundamentos”. Vem após a exposição fática;
• É a principal parte de qualquer petição;
• A parte vai apresentar as teses, o fundamento do seu pedido/requerimento;
• A extensão vai variar conforme o tipo de peça. Por exemplo, na inicial acusatória não há necessidade de uma exposição jurídica extensa, pois vai se limitar a determinar a qual tipo penal se amolda a conduta cuja prática atribuiu-se ao querelado na exposição fática. Já na resposta a acusação pode ser maior desde que haja tese para absolvição sumária, bem como nas alegações finais se houver teses suficientes a serem apresentadas (absolvição por insuficiência probatória, mudança na classificação que foi dada ao fato na inicial, reconhecimento de uma causa de diminuição de pena, reconhecimento da inexistência de uma agravante, tese no que diz respeito a fixação da pena caso haja condenação...), pois todas devem ser fundamentadas e serão extensas. Não há problema trazer várias teses indicando ausência de convicção, pelo contrário, trabalha-se com o princípio da eventualidade (apresenta-se da tese mais benéfica pra menos benéfica, pois caso uma não seja acolhida, a próxima tem ainda força para ser acolhida; Dica: -> trabalhar com subtópicos nas teses
-> no exame de Ordem, é melhor pecar por excesso!Argumente tudo que vier em sua cabeça, alegue tudo o que puder, mas não “encha linguiça”. Lembre-se: o que não for objeto de pontuação será ignorado pelo examinador, e não haverá prejuízo à nota. Atente-se sempre em mencionar o instituto jurídico objeto de avaliação e a sua previsão legal.
OBS. É uma estrutura lógica, pois primeiro indicamos o órgão jurisdicional que vai apreciar o pedido, posteriormente, quem está vindo em juízo, por que, qual o fundamento e o que está sendo pedido.
Pedido
•O pedido deve ter uma relação lógica com a argumentação jurídica anteriormente apresentada;
• Nele devem constar todos os requerimentos (aquilo que é necessário para a obtenção do pedido) próprios daquela petição. Em regra, os pedidos são consequência lógica da argumentação. Se, por exemplo, em apelação, a argumentação apresentada foi de reforma integral da decisão condenatória porque o apelante deveria ter sido absolvido, no pedido deve ser pleiteada a absolvição, ou seja, que o recurso seja reconhecido e provido para que o apelante seja absolvido. Outro exemplo, se a tese é alguma nulidade, pede-se a anulação;
• O requerimento tem relação com o processo, já o pedido com o mérito, com aquilo que se pretende ao propor a queixa. Por exemplo, na queixa-crime irá requerer o recebimento da inicial acusatória, a citação... Na resposta à acusação requere-se a produção de provas. A quantidade de pedidos vai variar.
ATENÇÃO: na queixa-crime, por exemplo, é preciso colocar o pedido de recebimento, de designação de audiência preliminar ou de conciliação, de citação, de oitiva de testemunhas (se houver), condenação e de fixação de indenização. 
Parte final
• Modelo:
Nestes termos/termos em que, Pede deferimento (Local, data) ____________________ OAB nº
• O estilo de escrita fica a critério do aluno. Mas deve ressaltar que NÃO SE DEVE COLOCAR O NOME ao final, deve escrever a palavra ASSINATURA.
DICAS: Procure montar um esqueleto da peça.
Comece a lendo o enunciado com atenção e identifique a peça (através da identificação da fase processual). Compreenda o problema identificando:
1) o tipo penal tratado pelo problema: qual crime;
2) a ação penal: pública, privada, condicionada ou incondicionada;
3) o rito processual: comum, ordinário, sumário ou sumaríssimo (art. 394, CPP), assim conseguimos identificar a sequência de atos a serem realizados;
4) o momento processual;
5) as partes;
6) a competência;
7) a situação prisional (se no enunciado houver menção que o agente está preso): preso ou solto;
8) teses preliminares, de mérito e subsidiárias. Faça um sumário com as teses que serão arguidas: ex. absolvição sumária, rejeição da inicial acusatória.
PETIÇÃO INICIAL NO PROCESSO PENAL
• A peça é a inicial acusatória que poderá ser a denúncia ou queixa-crime, que são peças análogas. O processo Penal brasileira tem natureza acusatória porque há a separações das funções de julgar, acusar e defender e não há início de processo de ofício, sendo o órgão incumbido da função jurisdicional possibilitado apenas a se manifestar a respeito de um fato criminoso, se provocado for (a provocação se dá através do exercício da ação, que se materializa com o oferecimento da denúncia 
 ou queixa), mas com características inquisitivas, pois o juiz possui a gestão das provas em suas mãos.
Denúncia e queixa-crime são as peças que dão início a uma ação penal. O que as diferencia é a titularidade (capacidade de levar o pedido ao Judiciário)/quem apresenta uma e outra.
A denúncia é interposta para os crimes que devem ser processados por meio de ação penal pública, cujo legitimado é o representante do Ministério Público (maioria dos crimes de APPI= MP age de ofício devido à ciência do fato e elementos probatórios suficientes independente da manifestação de interesse).
A queixa-crime é utilizada para os casos de ação penal privada e é apresentada em juízo pelo próprio ofendido ou representante legal, por meio de um advogado.
Requisitos formais
• Os requisitos para que a queixa-crime seja recebida são os mesmos necessários para recebimento da denúncia, que estão descritos nos artigos 41 do Código de Processo Penal. Porém ele não esgota todos os requisitos, assim utilizaremos de forma subsidiária e NO QUE FOR CABÍVEL o art. 319, do CPC.
a) Narrativa detalhada do fato criminoso: narrar detalhadamente os fatos cuja prática é atribuída ao querelado (ou seja, se na narrativa fática estão respondidas as seguintes questões): 
*até mesmo para o órgão jurisdicional conhecer o fato. Como ele iria julgar algo que não está claro?
- quando o fato ocorreu: circunstância de tempo é muito importante para verificar as questões de prescrição e decadência, para que se possa possibilitar ao querelado o exercício do contraditório e ampla defesa
- onde: circunstância de lugar para as questões de contraditório e ampla defesa, e também para verificar questões relacionadas a fixação de competência
- o que aconteceu
- quais os meios ou instrumentos empregados
Uma inicial acusatória que não narre o fato de forma detalhada é uma peça inepta, e como tal, será rejeitada com fundamento no art. 395, I, do CPP, não havendo possibilidade de emenda de inicial. Rejeição não é decisão de mérito, ou seja, não faz coisa julgada, podendo ser proposta nova inicial se não tiver ocorrido prescrição ou decadência. Mas isso não é legal, porque demonstra que você não conhece a sua atividade ou, até mesmo, pode causar um prejuízo ao cliente devido ao término dos prazos.
DETALHADO ≠ EXTENSO
b) Qualificação do acusado/querelado: indicação da (s) pessoa (s) a quem o fato criminoso é atribuído, individualizando-as. Isso deve constar no preâmbulo da queixa-crime ou da denúncia. 
Quanto mais elementos de qualificação melhor.
Além de qualificar o querelante, o mesmo se fará ao querelado (não tem problema uma classificação mínima, porque é difícil encontrar todas as especificações do querelado, mas deve ser apontada uma qualificação devida que possa individualizá-lo).
c) Classificação do crime: apontar a qual tipo penal se amolda a conduta cuja prática foi atribuída ao acusado; é identificar a tipicidade formal. Não é necessário trazer texto de doutrina nem copiar artigo de lei, apenas narrar os fatos e, aqui, classificá-los adequadamente.
Uma classificação equivocada não leva a rejeição da inicial (inépcia), mas além de demonstrar falta de conhecimento, pode levar ao erro no endereçamento (equivocando em relação ao órgão jurisdicional competente para apreciar o fato).
d) Provas: a queixa-crime/denúncia deve conter as provas que o querelante/MP pretende produzir nos autos para demonstrar a veracidade da acusação formulada, ou seja, eles especificam as provas que pretendem produzir nos autos do processo quando do oferecimento da denúncia ou queixa. Deve especificar as provas! A inicial é o momento para especificação de provas, não tem momento posterior para especificar. TEM QUE REQUERER A PRODUÇÃO DE PROVAS DE FORMA ESPECIFICADA NA QUEIXA (INICIAL ACUSATÓRIA)!!! (Ex. requer a produção de prova testemunhal (trazendo o rol de testemunhas), requer a produção de prova pericial (especifica qual perícia, o objeto da perícia, objetivo da perícia...)).
Conteúdo da Inicial acusatória 
• Ainda que a queixa-crime diga respeito ao crime de danoe se consiga quantificar na inicial acusatória o dano sofrido pelo querelante, não colocaremos o valor da causa na inicial. Isso porque inicial acusatória não traz valor de causa!
• Outro ponto diz respeito ao endereço eletrônico, a inicial ainda não precisa trazê-lo, isso porque o processo penal ainda é físico.
• A inicial deve conter subsidiariamente o que consta no art. 319, do CPC:
I – o juiz ou tribunal a que é dirigida; (endereçamento)
II – qualificação do querelante (queixa) e do réu/querelado;
III – o fato imputado ao réu/querelado com todas as suas circunstâncias;
IV – a classificação da infração penal;
V – o requerimento de citação do réu/querelado; (mesmo se for algo lógico)
VI – o pedido de condenação ou de pronúncia; (o segundo ocorre nos crimes de competência do tribunal do júri – dolosos contra a vida tentados ou consumados)
VII – as provas com que o MP/querelante pretende demonstrar a verdade dos fatos; (especificação das provas)
VIII – o local e a data da denúncia ou da queixa;
IX – assinatura;
X – procuração na forma do art. 44 do CPP (tem que ser específica para a queixa-crime)
-> A queixa-crime deve ser oferecida por advogado com poderes especiais; o artigo supracitado vai estabelecer os requisitos que a procuração deve conter no que diz respeito à queixa-crime. A procuração com aqueles poderes para o foro em geral não serve para o oferecimento da queixa-crime.
-> Na procuração, além dos poderes especiais, deve conter o nome do querelado senão é considerado vicio na representação, e a inicial acusatória não será recebida.
-> a inicial deve conter também uma narrativa do fato criminoso (é preciso outra narrativa, porém pode ser de forma mais resumida). Isso serve para resguardar o constituído (advogado), porque delimita as responsabilidades entre mandante e mandatário. Serve para salvaguardar o advogado e uma futura denunciação caluniosa, por exemplo.
A jurisprudência hoje vem entendendo que, se o querelante assina a queixa juntamente com o advogado, a narrativa resumida do fato criminoso na procuração é dispensada. Quando o querelante assina, ele está concordando com tudo ali e assume a responsabilidade de todos os fatos alegados.
OBS.: prazo para crimes de APP é decadencial – 6 meses a contar da identificação do autor do fato, começando a calcular no próprio dia, pois se trata de prazo material. Além disso, esse prazo, por ser decadencial, não se suspende, interrompe, nem prorroga.
ESQUELETO INICIAL ACUSATÓRIA:
ENDEREÇAMENTO (INDICA PARA QUAL ORGÃO JURISDICIONAL IRÁ ENDEREÇAR) + PREÂMBULO (5 elementos + classificação do querelado) =>
1) qualificação de querelante e querelado; 
2) capacidade postulatória com referência ao art. 44, do CPP; *constar no preâmbulo que o instrumento do mandato está em conformidade com o art. 44 do CPP
3) nome da peça: queixa-crime;
4) fundamento legal: art. 41, CPP OU art. 30, CPP OU art. 100, §3º, CP; 
5) frase final
+ FATOS (NARRAR OS FATOS DE FORMA DETALHADA RESPONDENDO AS PERGUNTAS – QUANDO / ONDE / O QUE / QUAIS OS MEIOS EMPREGADOS / QUAL A FORMA DE EXECUÇÃO) + CLASSIFICAÇÃO (FUND. JURÍDICO – LIMITA-SE A CLASSIFICAR O FATO (qual o tipo penal se amolda a conduta que foi atribuída ao querelado)) + PEDIDOs (pedido de CONDENAÇÃO PELO FATO CRIMINOSO PRATICADO (principal)/CONDENAÇÃO/INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS/MORAIS*) + REQUERIMENTOs
* EFEITOS DA CONDENAÇÃO =>TORNAR CERTA A OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR O DANO CAUSADO (ART. 91, CP)
REPARAÇÃO CIVIL EX DELITO => ARTS. 63 A 68, CPP – FORMAS DE REPARAÇÃO: EXECUÇÃO DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA TRANSITADA EM JULGADO
ART. 387, CPP => ELENCA O CONTEÚDO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA, NO INCISO 
IV, O JUIZ PODE DETERMINAR A OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO, E SE POSSÍVEL FOR, AINDA PODE FIXAR VALOR
Então, além DO PEDIDO DE CONDENAÇÃO, a queixa-crime poderá conter o pedido de condenação à indenização por dano moral/material; reconhecimento da responsabilidade civil ex delito. Mas os pedidos devem ser uma consequência lógica da exposição fática e da fundamentação jurídica. Então se vai pleitear o reconhecimento da reparação civil ex delito, em virtude da ocorrência de um dano matéria ou moral, na sua exposição fática você deve expor a existência desse dano, porque não se pode fazer um pedido isolado. E o fundamento desse pedido é o 387, inciso IV: “pede o querelante a condenação do querelado a reparação por danos morais, conforme o determinado no artigo anterior”. Além dos pedidos, deve fazer os requerimentos necessários. Na queixa-crime deve-se requerer o recebimento da inicial, a citação do querelado (para que seja cientificado), a produção de provas de forma especificada. Podendo pleitear TAMBÉM, segundo entendimento dos tribunais, a condenação do querelado ao pagamento de honorários sucumbenciais (em APP, pública não pode, na resposta a acusação, pleitear a condenação do estado ao pagamento dos honorários de sucumbências).
Na grande maioria das queixas-crime atualmente, o fato criminoso narrado é um crime contra a honra. Não é o único que dará ensejo à ação penal privada, existem outros como o de dano. Logo, iremos relembrar os crimes contra a honra.
No CP estão previstos três crimes contra a honra: CALÚNIA, DIFAMAÇÃO e INJÚRIA.
A calúnia e difamação são figuras mais próximas, elas guardam algumas semelhanças. Elas ofendem a honra objetiva (reputação, conceito que determinada pessoa possui dentro de determinado convívio). Logo, a atribuição desses fatos acaba lesando o querelante na sua reputação. E em ambas, deve haver o especial fim de agir de lesar a honra objetiva da vitima, de atingir a vitima em sua reputação, de trazer um mau conceito social nesse meio em que ela está inserida. 
Já a injuria é mais difícil de confundir com as duas anteriores.
CALÚNIA: segundo o artigo 138 do CP consiste na atribuição a alguém de um fato/comportamento definido como crime. Então, é atribuído a alguém a pratica de um comportamento mais ou menos definido como crime (não é contravenção penal, se não configura difamação). Para se configurar calúnia a atribuição tem que ser falsa, a falsidade deve dizer respeito ao fato ou a autoria. Isso significa que se o fato foi verdadeiro, isso não é calúnia, pois não se amolda ao tipo penal uma vez que não há falsidade na acusação. Sendo assim, uma das defesas possíveis é a exceção da verdade (negar que fez a atribuição, ou alegar que imputou, mas ela é verdadeira...). O elemento subjetivo é o DOLO (consciência e vontade de se atribuir falsamente a alguém fato definido como crime e especial fim de agir, pois com consciência da falsidade quer atingir a honra objetiva/bom nome/juízo que as demais pessoas fazem sobre ela – não há que se falar em crime culposo). 
Ela se consuma quando a imputação chega a conhecimento de terceiros, pois somente nesse momento a sua honra é lesada. Pode existir tentativa de calúnia, mas é raro.
Ex.: fulano fez isso e isso é um crime e consiste em algo falso // fulano é ladrão (isso não constitui calúnia)
DIFAMAÇÃO: (art. 139, CP) semelhante à calúnia – o bem jurídico lesado é a honra objetiva (reputação). Também há a atribuição da prática de um fato, mas não é um fato definido como crime, mas um fato desonroso, que vai trazer um mau conceito social, podendo até ser uma conduta licita, mas ela irá trazer uma visão negativa do sujeito onde ele está inserido. Assim como a calúnia, não basta a narrativa do fato, tem que haver o especial fim de agir: objetivo de atingir a vitima em sua reputação. Uma narrativa feita para informar não configura o crime. A difamação atinge a sua consumação quando chegar a conhecimento de terceiros. A falsidade no que tange a sua existência ou a sua autoria, aqui não é elemento do tipo, como o são na calúnia; a falsidade ou veracidadeé irrelevante. Não havendo exigência de falsidade, não haverá exceção da verdade – ela é possível, excepcionalmente, se a vitima é funcionário publico e o fato desonroso atribuído a ele guardar relação com a atividade por ela exercida (guarda relação com o princípio da moralidade, pois interessa a administração publica o conhecimento).
INJÚRIA: dos três crimes, é o mais diferente. Não há atribuição de um fato/comportamento, mas de uma qualidade ou atributo negativo (o “ser” algo com objetivo de ofender a pessoa). O próprio art. 140 diz que é ofender a dignidade ou decoro, ou seja, o sujeito atribui uma qualidade negativa ao outro com o objetivo de ofendê-la, de atingir a sua honra subjetiva (que é o juízo que a pessoa faz de si mesma, no que quis respeito aos atributos físicos, intelectuais, morais, que ela julga possuir). Assim, a injúria atinge sua consumação quando essa atribuição negativa chega ao conhecimento da vitima, pois é nesse momento que ela tem a sua honra subjetiva, lesada. A exceção da verdade, aqui, é uma defesa impossível.
Todos os crimes contra a honra são infrações penais de menor potencial ofensivo, segundo o art. 61, Lei 9099/95, que são todas as infrações penais e crimes cujas penas máximas não ultrapassem 2 anos (calúnia: 2 anos, difamação: 1 ano, injúria: 6 meses). A principio, as queixas-crime em face de crimes contra a honra deverão ser promovidas no juizado especial criminal, que é quem tem competência para julgar. Excepcionalmente assim não será, podendo ser um crime contra a honra, mas que a competência irá escapar dos juizados (ex. calúnia na rede social – porque tem aumento de pena, devendo levar em consideração o percentual de aumento somado a pena máxima ou concurso de crimes contra a honra material (art. 69, CP – soma as penas) ou formal (aplica o maior percentual de aumento sobre a maior pena cominada)
A CF ou o CPP estabelece as determinações de competência, a CF faz uma divisão bem ampla em razão da matéria: justiça especial (eleitoral, militar e do trabalho), jurisdição política do senado (art. 52, CF) e a justiça comum (justiça federal (art. 109, CF), estadual e os juizados especiais criminais estaduais e federais, que são competentes para julgar infrações de menor potencial ofensivo, que segundo o art. 61 da LEI 9099/95 são as contravenções penais e os crimes cuja pena máxima não ultrapasse 2 anos). Logo, a competência da justiça estadual é RESIDUAL, ou seja, das questões que fugirem da competência das demais jurisdições, chegando a ela por eliminação.
Com relação ao concurso de crimes, ele tem como pressuposto a pluralidade de infrações penais. No código penal, nos arts. 69 a 71 estão previstos três espécies de concurso: concurso material, formal e o crime continuado. O primeiro ocorrerá quando o agente mediante duas ou mais condutas praticar dois ou mais crimes, da mesma espécie ou não. O que caracteriza o concurso material é a pluralidade de condutas/comportamentos resultando em uma pluralidade de infrações penais. Entretanto, haverá concurso formal (art. 70, CP) quando o agente mediante uma só conduta praticar duas ou mais infrações penais, da mesma espécie ou não. Logo, nós temos unidade de conduta e pluralidade de resultados típicos/infrações penais. Havendo concurso material (art. 69, CP), o que deve ocorrer é que depois de fixada a pena para cada um dos delitos praticados, estas penas deverão ser somadas para que se possa obter a pena final a ser cumprida pelo autor dos crimes. Então, o juiz na sentença penal condenatória deverá fixar a pena para cada um dos crimes praticados, segundo o art. 68, do CP (que estabelece o critério trifásico, devendo analisar as circunstâncias judiciais para a pena base, depois verificar se há agravantes ou atenuantes, para calcular a pena intermediaria, e por fim, deve terminar a fixação considerando as causas de aumento ou diminuição de pena, se existentes). Isso significa que deve haver um processo próprio de fixação da pena para CADA CRIME praticado. Sendo concurso formal, o juiz deve proceder à fixação da pena isolada para cada um dos crimes, em processos individualizados, e em seguida, verificando o concurso formal, deverá selecionar uma dessas penas, a maior delas, e se iguais, uma, e sobre essa pena proceder ao aumento (de 1/6 à metade *quanto mais infrações penais decorrerem de uma única conduta, maior deverá ser o percentual de exasperação) – denominado critério da exasperação. Há também o chamado concurso formal impróprio/imperfeito (parte final do art. 70, CP), que é quando essas infrações penais, decorrentes da mesma conduta, resultam de desígnios autônomos (vontade dirigida à produção de vários resultados). Nesse caso, o agente pratica uma só conduta, mas com ela deseja praticar uma ou mais infrações penais. O juiz deve aplicar a soma (cúmulo material) resultando na pena total a ser cumprida. No caso de causa de aumento de pena, o juiz na terceira fase deve aumentar a pena em 1/3, (no caso tratado em sala - aplicando o disposto no art. 141, inciso III, porque as infrações foram praticadas através de um meio que facilita a divulgação da informação).
Em se tratando de infrações penais de menor potencial ofensivo, para verificar se a competência, de fato, será do juizado especial criminal, devemos analisar se houve a prática de mais de uma infração penal de menor potencial ofensivo, a pena máxima abstratamente cominada a cada uma das infrações, o tipo de concurso de crimes, e sob a pena máxima aplicar o critério de concurso previsto no CP. Se, depois de aplicar o critério, a soma da exasperação for até 2 anos continuará no juizado. Ainda, precisamos analisar se existe causa de aumento de pena, porque isso será considerado para determinar a competência. Assim, pra verificar se a competência continuará no juizado, deve selecionar a pena máxima e sobre ela aplicar o maior percentual de aumento, se essa for variável.
Lugar da infração: art. 70, CPP (teoria do resultado)
O querelante tem a opção de escolha de onde vai promover a ação penal privada.
Os termos querelante e querelada é usado apenas para ação penal privada!!!
O prazo para a vítima ou seu representante legal propor a ação é de 6 meses, a contar da data da identificação do autor do fato, art. 38, CPP – o dia do conhecimento da autoria CONTA e a contagem é em dias corridos, não excluindo os dias não úteis.
Tem que requerer a produção provas de forma especificada pois não haverá outro momento posterior para pedir especificação de provas, como no Processo Civil.
“PEÇAS DE LIBERDADE”
• Envolvem as petições que poderão ser apresentadas que decorrência de uma prisão provisória ou de uma prisão processual cautelar e não em virtude de uma sentença condenatória transitada em julgado. Não estão relacionadas a prisão pena!
• Vale ressaltar que a prisão em sentido amplo se divide em prisão pena e prisão sem pena (prisão nada mais é que a privação de liberdade de locomoção alguém de forma temporária em virtude de uma sentença condenatória transitada em julgado ou outras circunstâncias). A prisão pena é aquela que decorre de uma sentença condenatória transitada em julgado na qual foi determinada, como sanção pela prática de uma infração penal, a privação da liberdade de locomoção. Já a outra não decorre de uma sentença cond. trans. em julg. não tendo como finalidade punir alguém em virtude da pratica de algum crime; existem três tipos: a prisão civil no caso do devedor de pensão alimentícia (para compelir o pgto), a prisão disciplinar decretada pelo superior hierárquico em virtude de transgressões militares disciplinares (objetivo é manter a disciplina na estrutura militar), e a última é a prisão processual provisória ou cautelar (OBJETO DE ESTUDO) que é a decretada ou efetivada em virtude de sua urgência e necessidade, buscando proteger a orem pública, a obtenção de provas, a futura aplicação da lei penal, a investigação no inquérito policial – e hoje ela deve ser entendida como uma medida excepcional (pela CR quanto CPP).
• O que se pretende ao apresentar essaspeças é restituir a liberdade de locomoção daquele que se encontra cautelarmente preso, privado de sua liberdade de seu direito de ir e vir.
• Entender os tipos de prisões é importante pois cada tipo de peça está associado a uma prisão:
-> Relaxamento de prisão e liberdade provisória estão relacionadas a prisão em flagrante 
-> Revogação de prisão preventiva e temporária estão relacionadas as prisões preventivas e temporárias
-> O HC pode ser impetrado em qualquer uma das 3 espécies de prisões, sendo aplicado de maneira ampla, em virtude de privação ou ameaça de privação de liberdade de locomoção em virtude de abuso de autoridade ou de legalidade. É uma medida que busca efetivamente impedir ou fazer cessar uma coação à liberdade de locomoção.
* PRISÃO
a) Prisão em flagrante: (arts. 301 a 310, CPP) é o crime que está acontecendo ou acabou de acontecer
• É uma prisão cautelar que independe de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente (mandado de prisão) desde que se apresentem qualquer uma das hipóteses do art. 302, do CPP
• Controle jurisdicional posterior a respeito da privação de liberdade
• Art. 302 fala dos tipos de flagrante (próprio, impróprio e presumido) – o flagrante próprio/propriamente dito/real é o tratado nos incisos I e II (é considerado em flagrante quem está cometendo a infração ou acabou de cometer), o flagrante impróprio ou quase flagrante do inciso III (ocorre na situação em que alguém é perseguido logo após a infração penal, encontrando-se em uma situação em que faz presumir ser ele o autor do crime) e o flagrante presumido do inciso IV (que se apresenta na situação na qual alguém é encontrado logo após o crime na posse de objetos e instrumentos que façam presumir ser ele autor da infração penal).
Uma vez realizada a prisão em flagrante o agente deve ser, imediatamente, encaminhado à autoridade policial da circunscrição/localidade em que a prisão se deu, para que seja lavrado o auto de prisão em flagrante que é a peça que formaliza a prisão daquele que foi detido em uma das 4 hipóteses do artigo anteriormente tratado. (observada as formalidades do art. 304, CPP)
• Lavratura do auto de prisão em flagrante deve observar as formalidades do art. 304, CP. Antes mesmo de começar a lavratura do auto, deve ser comunicada a autoridade judiciária e depois a pessoa é indicada pelo preso, depois deve ser ouvido o condutor (pessoa que levou o preso até a autoridade), depois ouve-se as testemunhas que presenciaram o fato ou a prisão, não havendo estas testemunhas, ouve-se duas testemunhas de apresentação que deporão a respeito da apresentação do preso a autoridade policial. E por fim, encerra-se o auto com a oitiva do conduzido, mas antes tendo sido informado pela autoridade policial do direito ao silêncio, e posteriormente é entregue a ele uma nota de culpa. Assim é encerrado o auto de prisão em flagrante, que deve ser encaminhado a autoridade judiciaria no prazo de 24h (art. 306, CPP). Hoje a legislação estabelece que essa autoridade judiciária deve realizar a audiência de custódia para verificar a legalidade da prisão, ou seja, se ela se deu dentro de todos limites legais. Isso quer dizer: se a pessoa foi encontrada dentro das hipóteses do art. 302, se sim, se o APF seguiu todas as formalidades. Se a prisão não foi legal, nessa audiência ele deve relaxar a prisão, colocando o sujeito imediatamente em liberdade. Caso contrário, sendo legal, deve analisar se é necessária a custódia cautelar daquele que deve ainda ser presumido inocente, afinal uma prisão antes do TJSPC somente pode se fundamentar em sua necessidade. Verificando que a prisão é desnecessária, o juiz deve garantir ao preso liberdade provisória, com ou sem fiança, podendo cumular com uma ou mais medidas cautelares do art. 319, CPP, de forma fundamentada. Em última análise, verificando a necessidade da manutenção da prisão cautelar, o juiz deverá converter a prisão em flagrante em preventiva, apontando a existência dos pressupostos e pelo menos um dos fundamentos justificadores da custódia cautelar (art. 310 e parágrafos do CPP).

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