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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DOS CAMPOS GERAIS FACULDADES INTEGRADAS DOS CAMPOS GERAIS ESTUDO DA FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA NA RESPIRAÇÃO BUCAL DA INFÂNCIA Desenvolvimento anormal da face e dentes PONTA GROSSA 2020 ESTUDO DA FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA NA RESPIRAÇÃO BUCAL DA INFÂNCIA Desenvolvimento anormal da face e dentes Trabalho apresentado à disciplina de Fisiologia e biofísica do terceiro período do Curso de Odontologia, como requisito para obtenção da média parcial bimestral. Prof. Elton Jorge Vilela Matos PONTA GROSSA 2020 1.RESPIRAÇÃO BUCAL FISIOLOGIA A respiração bucal é definida como desordem respiratória onde ocorre a substituição parcial da respiração nasal pela respiração hegemonicamente bucal. Pode ter como causas: alergias, adenóides e amígdalas hipertróficas, pólipos nasais, resfriados crônicos, entre outros. Analisando a teoria da Matriz Funcional de Moss, a passagem normal de ar pelas fossas nasais durante a respiração, compreenderia um estimulo constante para o crescimento lateral do maxilar e para o abaixamento da abóboda palatina. Durante as funções de respiração e o ato de amamentação, a criança faz uma respiração predominantemente nasal, esta respiração estimula os sensores da mucosa nasal, filtra, aquece e umidifica o ar antes deste chegar aos pulmões e cumprir sua função de troca gasosa, ao passar pelas narinas, o fluxo e refluxo de ar, produz uma pressão que expande as vias aéreas superiores e faz a aeração das cavidades pneumáticas paranasais. A criança que desde o nascimento realiza amamentação diretamente no seio materno, possui vedamento labial, Respiração Nasal e deverá ter um desenvolvimento harmonioso da face. Segundo ALTMANN (1990), aos quatro anos, a criança não só passou por todos os processos maturacionais dos órgãos fono articulatórios, como também sofreu todas as alterações anatômicas estruturais necessárias: o osso hióide desceu, abaixando e retraindo a língua; o esqueleto facial e a cavidade bucal cresceram proporcionalmente mais que a língua, fornecendo-lhe espaço suficiente para desempenhar suas funções, os dentes irromperam e, em termos funcionais, os lábios, a língua e a mandíbula adquiriram funções interdependentes. Porém qualquer interferência na homeostasia, no período de crescimento ativo das estruturas da face, pode alterar a morfologia e a função do Sistema Estomatognático, alterando o equilíbrio dentário e prejudicando o desenvolvimento oclusal e esquelético normal. Então entram a adenóide e as amígdalas. No entanto, a etiologia deste problema, segundo ARAGÃO (1986), é complexa, pois durante a primeira infância qualquer doença, acidente, estado alérgico, gripe, pode obstruir as vias aéreas superiores e com o tempo criar o hábito da criança respirar pela boca. 1.1 ADENÓIDES E AMÍGDALAS A adenóide, ou vegetação adenoideana, é anatomicamente, a tonsila faríngica, tecido linfóide implantado na mucosa da faringe. No nascimento a adenóide ocupa volume desprezível na cavidade faringica, atingindo o volume máximo entre os quatro e os quatorze anos, a partir desta faixa etária a adenóidepassa a diminuir de tamanho espontaneamente. Durante o períodode crescimento a adenóide pode facilitar a oclusão velofaringica e dificultar a Respiração Nasal, chegando a provocar, às vezes, fonação hiponasal e ventilação deficiente. As amígdalas correspondem anatomicamente as tonsilas palatinas, são órgãos linfáticos que se desenvolvem entre os pilares anterior e posterior do véu palatino. 0 desenvolvimento das amígdalas segue o ciclo do desenvolvimento dos tecidos linfáticos no organismo, como foi citado em relação as adenóides, porém é necessário ressaltar que esse desenvolvimento é independente para cada órgão. Adenóides e amígdalas hipertróficas, segundo DIAMOND (1980), alteram a livre passagem de ar nas vias respiratórias superiores, causando efeitos deletérios no desenvolvimento dentofacial. O tecido adenoideano está crescendo dentro das constantes mudanças de desenvolvimento, normalmente a nasofaringe aumenta para acomodar o crescimento das adenóides, mantendo a livre passagem de ar pela nasofaringe. Qualquer interferência no equilíbrio entre o aumento das dimensões da passagem de ar e o crescimento concomitante das adenóides, podem resultar na redução do potencial da passagem de ar e na obstrução nasofaringea. Amígdalas hipertróficas podem causar palato ogival e língua posicionada inferior e anteriormente, contribuindo para a boca aberta e o possível ronco noturno. 2. CONSEQUÊNCIAS DA RESPIRAÇÃO BUCAL Se a respiração bucal perdurar e sua causa não for removida, ela pode causar diversas consequências, não só faciais, mas em todo o organismo. Toda alteração de comportamento respiratório nasal para bucal, vem acompanhada por uma série de transformações funcionais que afetam a postura da língua e da mandíbula, bem como o equilíbrio dos músculos orais e periorais. Essas transformações influenciam o desenvolvimento da face, essencialmente a nível de diâmetro transverso da arcada superior e a nível de inclinação dos incisivos. Durante a respiração bucal a boca é mantida aberta, os músculos da mandíbula exercem esforço sobre o osso, trazendo-o para trás na inspiração do ar. Se a respiração bucal permanecer por um longo tempo, pode ocorrer modificações no posicionamento mandibular e nos dentes inferiores que passam para uma relação distal comparados com a oclusão normal. A língua não é mantida em contato com o palato em razão da posição mais inferior da mandíbula, diante disso os dentes superiores encontram-se desprovidos de sustentação muscular. A maxila apresenta-se hipodesenvolvida, com redução do seu diâmetro transversal, nas suas áreas laterais. Ocorre complicação na irrupção do canino devido a desarmonia da pressão lingual e dos músculos faciais, no qual vai estreitando os setores lateralmente provocando mordida cruzada unilateral ou bilateral. Os incisivos superiores encontram-se projetados para frente, ocasionando falta de selamento labial, a abóbada palatina apresenta-se alta, estreita e ogival devido a perda da pressão que a língua exercia na lâmina palatina; a língua assume o posicionamento mais anterior, auxiliando o fluxo de ar que passa pela boca. A mandíbula em decorrência da redução tranversal da maxila, acomoda-se de três maneiras; em desvio lateral caracterizando uma síndrome de assimetria mandibular e facial; para frente sob pressão da língua, podendo provocar um prognatismo mandibular funcional; e para baixo e para trás, propiciando crescimento seguido por aumento da dimensão vertical anterior, o qual provocaria a falta de selamento labial. A obstrução nasal é uma das maiores causas de prognatismos mandibulares. Entre as alterações intraorais encontram-se o posicionamento mais anterior da língua, língua no assoalho da boca, lábios separados, mandíbula posicionada mais inferiormente, aumento do plano mandibular, estreitamento da maxila, dimensões faciais estreitas, hipodesenvolvimento dos maxilares, narinas estreitas ou inclinadas para cima, faces adenóides, protrusão dos dentes anteriores, presença de mordidas abertas e cruzadas, palato duro em forma de “V”, estreito. O palato do respirador bucal torna-se profundo em virtude da ausência do vedamento labial, que impede que haja uma pressão negativa, com isto o palato não desce, tornando-se profundo. A língua toma uma posição mais anterior dentro da cavidade bucal na tentativa de fazer o papel do nariz (limpar, umidificar e aquecer o ar),e proteger a orofaringe e amígdalas, porém esse posicionamento lingual além de não estar mais cumprindo seu papel modelador dos arcos dentários, pode causar prejuízos como língua com a ponta baixa e a base alta, na qual estimula o crescimento anterior da maxila e inibe o crescimento mandibular, podendo levar a uma oclusão em classe II. No que diz respeito aos sintomas apresentados pelo respirador bucal podemos citar: dor de cabeça, boca seca, garganta inflamada, halitose, fadiga crônica, sono leve e pressão nos ouvidos. Com relação às características clínicas: boca constantemente aberta, mandíbula posicionada para trás, com falta de desenvolvimento, as narinas sofrem alterações ficando estreitas e com menor elasticidade pela falta de uso, face alongada, perfil convexo, encurtamento do lábio superior e postura de boca aberta. Durante o crescimento da criança pode estabelecer alterações que não se confinam somente a região craniofacial, entre essas encontram-se alterações nos órgãos fonoarticulatórios e musculares como hipertrofia, hipotônia e hipofunção dos músculos elevadores da mandíbula, hipodesenvolvimento da mandíbula e maxila, mastigação ineficiente, alteração no tônus dos lábios e bochechas, fala imprecisa, hipotrofia, hipotônia e hipofunção da musculatura orofacial, contração da musculatura periorbicular, diminuição da contração do masseter, contração do músculo mentual, interposição do lábio inferior, anteriorização da língua, deglutição atípica, ângulo goníaco aumentado, voz rouca, crescimento facial vertical, redução do olfato e paladar, alterações no sono, constantes quadros de sinusite, fraco rendimento escolar e físico. CONCLUSÃO Em virtude dos fatos mencionados fica claro que a respiração bucal durante a infância afeta diretamente na formação craniofacial, afetando assim, também a oclusão dentária e a mastigação, além de outros aspectos evidenciados no decorrer do trabalho. Tendo em vista todos esses aspectos, conclui-se que é de extrema importância os profissionais da saúde orientarem as mães, desde o nascimento das crianças, para que não desenvolvam essa desordem respiratória que acomete muitas pessoas. REFERÊNCIAS 1. BACCHI, Vanessa Maria Sabino. Síndrome do respirador bucal : Um enfoque multidisciplinar. 2002. 90 f. Monografia (Especialização) - Curso de Odontologia, Universidade Estadual de Piracicaba, Piracicaba, 2002. Disponível em: http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000473087&opt=1. Acesso em: 20 jun. 2020. 2. CARVALHO, Rafaella Cristina. Síndrome do respirador bucal: Revisão de literatura. 2017. 48 f. TCC (Graduação) - Curso de Odontologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/20331/3/s%C3%ADndromerespira dorbucal.pdf. Acesso em: 20 jun. 2020. 3. MARTINS, Betsy Kilian. Respiração bucal: uma abordagem Multidisciplinar. 1999. 87 f. Tese (Doutorado) - Curso de Odontologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1999. Disponível em: http://tcc.bu.ufsc.br/Espodonto205387.PDF. Acesso em: 20 jun. 2020. 4. TREVISAN, Maria Elaine. Respiração oral e função muscular respiratória. 2014. 124 f. Tese (Doutorado) - Curso de Fonoaudiologia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/3438/TREVISAN%2C%20MARIA% 20ELAINE.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 20 jun. 2020. 5. VERON, Helenize Lopes; ANTUNES, Ana Gabrieli; MILANESI, Jovana de Moura; CORRêA, Eliane Castilhos Rodrigues. Implicações da respiração oral na função pulmonar e músculos respiratórios. Revista Cefac, [s.l.], v. 18, n. 1, p. 242-251, fev. 2016. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1982- 0216201618111915. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1516- 18462016000100242&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 20 jun. 2020.
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