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Aspectos Psicológicos da Cirurgia Bariátrica Marianna Carla M. D. de Lucena Psicóloga – CRP 17/1961 Doutoranda pelo PPGCS - UFRN Especialista em Psicologia da Saúde: Desenvolvimento e Hospitalização - UFRN Obesidade como doença Biopsicossocial Visão multidisciplinar Critérios IMC IMC ˃ 40, independentemente de comorbidade. IMC entre 35 e 40 na presença de comorbidades. IMC entre 30 e 35 na presença de comorbidade considerada grave e constatada por médico especialista. Comorbidade a 2 anos, sem sucesso com tratamentos para perda de peso anteriores, exceção nos casos de superobesidade. (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, 2008) Critérios - Idade Liberadas cirurgias pelo SUS a partir dos 16 anos Abaixo de 18 anos, sempre que houver indicação e consenso entre equipe e família. 18 a 65 anos, sem restrições quanto à idade. Acima de 65 anos, avaliação por parte da equipe multidisciplinar. (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, 2008) Contra Indicações Limitação Intelectual significativa, sem suporte familiar. Quadro clínico de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas. Quando psiquiátrico controlado, não é contra indicação suficiente para a cirurgia. Doenças genéticas. Ex: Prader-Willi Equipe Multidisciplinar Cirurgião bariátrico Médico clínico: endócrino, cardiologista, geral ou intensivista. Médico Anestesiologista Endoscopista Psiquiatra Psicólogo Fisioterapeuta Enfermeiro Assistente Social Educador físico Fonoaudiólogo Nutricionista Técnicas Cirúrgicas Cirurgias Restritivas (Banda gástrica ajustável) Cirurgias Malabsortivas Cirurgias Mistas (Bypass) Preparo pré-operatório Conjunto de condutas e cuidados que visem otimizar os resultados e a segurança da cirurgia. Consultas pré-operatórias: cirurgião, clínico, psicólogo e/ou psiquiatra e nutricionista. Fornecer informações aos pacientes sobre a cirurgia (riscos, benefícios, opções de técnicas, cuidados pós-operatórios). Por que eu preciso de um psicólogo? Recomendação da SBCBM Identificação de possíveis comorbidades de condições mentais. Aspectos Psicossociais. Trabalho com a família. Intervenções Psicoterápicas e Educação Pré-operatória. Acompanhamento Pós-operatório para monitoramento da adaptação. Atuação em prol da adesão ao tratamento. Instrumentos Utilizados Entrevistas clínicas (98,5%) Inventários de sintomas (68,6%) Testes objetivos de personalidade e psicopatologia* (63,4%) Testes de funções cognitivas (38,1%) Testes projetivos de personalidade (3,6%) (Fabricatore et.al, 2006) Pontos a serem abordados na entrevista Início da doença Comorbidades Casos de obesidade na família Tratamentos anteriores e motivos de fracasso Informações e percepções sobre a cirurgia e pós-operatório Receios do procedimento e pós-operatório Cuidados pós-operatórios Motivações para emagrecer Limitações da obesidade Estilo de vida e costumes Relacionamento com a doença Percepção de imagem corporal Relacionamento familiar Relacionamento social Expectativas de perda de peso Expectativas de ganhos pessoais Mecanismos de reações frente à adversidades Preferências alimentares Horário e frequência das refeições Locais das principais refeições Pontos a serem abordados na entrevista Aspectos Psicológicos no Pré e Pós Cirúrgico. Transtornos de Humor Transtorno Depressivo Transtorno Bipolar Necessidade de acompanhamento psicológico e psiquiátrico contínuo. Efeito na perda de peso ainda controverso Transtornos Alimentares Compulsão Alimentar Periódica Síndrome do Comer Noturno Bulimia Anorexia Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica A – Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar se caracteriza por: 1 – Ingestão em curto período de tempo de uma quantidade de alimento definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período e circunstâncias semelhantes. 2 – Sensação de falta de controle sobre a ingestão durante o episódio B – Episódios de TACP estão ligados a pelo menos 3 dos seguintes aspectos: 1 – Comer mais rapidamente que o normal 2 – Comer até se sentir desconfortavelmente cheio 3 – Comer sem estar com sensação física de fome 4 – comer sozinho por vergonha 5 – Sentir-se deprimido ou culpado em seguida. C – Sofrimento em virtude da compulsão D – Compulsão por pelo menos 1 vez por semana durante 3 meses E – Compulsão sem comportamentos compensatórios. Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica Síndrome do Comer Noturno A síndrome do comer noturno é uma alteração mista entre transtorno do sono e transtorno do humor. O paciente ingere mais de 50% da quantidade de calorias no período da noite. Pode aparecer em associação com sonambulismo. Pela manhã, perdem o apetite e alimentam-se pouco, o que pode gerar um estado de fraqueza, mudança de humor e ansiedade ao longo do dia. Sintomas: Hiperfagia. Insônia. Inapetência durante o dia. Bulimia A – Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar se caracteriza. B – Comportamento compensatórios recorrentes para impedir ganho de peso (vômitos, laxantes, diuréticos, jejuns, exercícios físicos excessivos) C - Compulsão e comportamentos compensatórios ocorrem ao menos uma vez por semana. D – A autoavaliação é indevidamente pela forma e peso corporais. Bulimia – Nível de gravidade Nível de gravidade: Leve: 1 a 3 episódios compensatórios por semana Moderada: 4 a 5 episódios compensatórios por semana Grave: 8 a 13 episódios compensatórios por semana Extrema: mais de 14 episódios compensatórios por semana Anorexia A – Restrição da ingesta calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo no contexto de idade, gênero e saúde física. Peso significativamente baixo = peso inferior do mínimo normal B – Medo intenso de ganhar peso ou de engordar. C – Perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. Estados e/ou Comportamentos Desadaptativos Tristeza Ansiedade “Beliscar” Alimentos hipercalóricos Ingestão de Bebidas Alcoólicas Sedentarismo Dificuldade de Seguir Orientações da Equipe de Saúde Comer muito rápido ou em locais muito movimentados Horários das Refeições Expectativas Pós-operatórias Saúde Imagem Corporal Aceitação Social Melhora da Disposição Ofertas de Emprego Relacionamentos Afetivos Opções de Roupas Conclusão da Avaliação Psicológica INDICAÇÃO FAVORÁVEL INDICAÇÃO FAVORÁVEL CONDICIONADA À CONDUTA: Avaliação psiquiátrica Revisão da orientação sobre o procedimento cirúrgico. Avaliação pelo serviço social Indicação de apoio psicológico pré-cirúrgico e reavaliação. Indicação de apoio psicológico pós-cirúrgico. INDICAÇÃO DESFAVORÁVEL Relatório ou laudo psicológico Apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo. Finalidade do laudo/relatório psicológico Apresentar resultados e conclusões da avaliação psicológica. No entanto, seu objetivos podem ser diversos: encaminhamento, intervenção, diagnóstico, prognóstico, parecer, orientação, solicitação de acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para acompanhamento psicológico. Estrutura do laudo/relatório psicológico O Relatório Psicológico deve conter: 1.Cabeçalho ou Identificação; 2.Introdução ou Histórico; 3.Descrição/Desenvolvimento ou Análise; 4.Conclusão. Cabeçalho É a parte superior da primeira parte do Relatório Psicológico com a finalidade de identificar:O autor/relato – quem elabora o Relatório Psicológico; O interessado – quem solicita o Relatório Psicológico; O assunto/finalidade – qual a razão/finalidade do Relatório Psicológico. No identificador AUTOR/RELATOR, deverá ser colocado o(s) nome(s) do(s) psicólogo(s) que realizará(ão) a avaliação, com a(s) respectiva(s) inscrição(ões) no Conselho Regional; No identificador INTERESSADO, o psicólogo indicará o nome do autor do pedido (se a solicitação foi da Justiça, se foi de empresas, entidades ou do cliente); No identificador ASSUNTO, o psicólogoi ndicará a razão, o motivo do pedido (se para acompanhamento psicológico, prorrogação de prazo para acompanhamento ou outras razões pertinentes a uma avaliação psicológica). Introdução ou histórico Destinada à narração histórica e sucinta dos fatos que produziram o pedido do Relatório Psicológico. Inicia-se com as razões do pedido, seguida da descrição do processo ou procedimentos utilizados para coletar as informações, contextualizando fatos e pessoas neles envolvidos e a metodologia empregada. Possibilitando assim, para quem lê, a compreensão do ocorrido, o que se está analisando, solicitando e/ou questionando. Portanto, a introdução tratará da narração: Dos fatos motivadores do pedido; Dos procedimentos e instrumentos utilizados na coleta de dados (número de encontros, pessoas ouvidas, instrumentos utilizados), à luz do referencial teórico-filosófico que os embasa. Descrição/Desenvolvimento/Análise Exposição descritiva de forma metódica, objetiva e fiel dos dados colhidos e das situações vividas. Respeitar a fundamentação teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem como princípios éticos, como as questões relativas ao sigilo das informações. Somente deve ser relatado o que for necessário para o esclarecimento do caso. Poderá se valer de citações ou transcrições, visando reforçar as conclusões de sua análise. Conclusão Espelhar e dar ênfase às evidências encontradas na análise dos dados a partir das referências adotadas, que subsidiaram o resultado a que o psicólogo chegou, sustentando assim a finalidade a que se propôs. Escrita logo após a descrição, o psicólogo deve expor o resultado e/ou considerações. Ao final colocar indicação do local, data de emissão, assinatura do psicólogo e sua inscrição no CRP
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