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123 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Unidade II 5 AVALIAÇÃO POSTURAL A avaliação postural é um dos componentes da avaliação da saúde e da qualidade de vida, uma vez que a postura tem importantes implicações no bem‑estar geral e influencia diretamente nas atividades recreativas e laborais. Os assuntos relacionados à avaliação postural são continuamente discutidos tanto no meio formal acadêmico e clínico quanto no meio informal do nosso cotidiano, e talvez por isso analisá‑la torna‑se uma tarefa bastante polêmica. Inicialmente temos que definir a postura ideal, e por existir vários autores e cada qual com sua própria definição de postura ideal, usaremos uma definição baseada na interpretação geral atualmente adotada. A postura ideal é definida como a posição que o corpo adota no espaço em relação ao centro de gravidade, sendo estabelecido um posicionamento corporal por meio do qual o corpo adquire um arranjo relativo de suas partes em razão de uma atividade ou atitude específica, ou seja, um modo característico de um indivíduo sustentar seu corpo com menor gasto energético possível, sem prejuízo e limitações da dor ou funcionais das atividades motoras da vida diária. É necessário levar em consideração que, nós, seres humanos não somos iguais, e sim semelhantes, possuindo características e particularidades que influenciam na postura diretamente, incluindo variações anatômicas, somatotipologia, etnia, idade e sexo. Além de cada pessoa apresentar características individuais de postura, esta é influenciada também por outros fatores como: • anomalias congênitas e/ou adquiridas; • obesidade; • alimentação inadequada; • atividades físicas sem orientação e/ou inadequadas; • distúrbios respiratórios; • desequilíbrios musculares; • alterações articulares; • doenças psicossomáticas. 124 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Observação Somatotipologia é uma técnica de classificação morfológica. Ela visa descrever a morfologia externa do avaliado, do seu tipo corporal ou físico. Independentemente desses fatores, a manutenção de uma boa postura necessita de participação conjunta de componentes estruturais passivos (ossos, ligamentos, cápsulas articulares, tendões e aponeuroses) e ativos (músculos esqueléticos). Esses componentes estruturais sofrem a ação contínua da gravidade, o que demanda constantes ajustes nesse intricado complexo sinérgico. O controle desses mecanismos posturais depende da interação de proprioceptores articulares e musculares, assim como de orientação visual e do sistema vestibular, que captam informações sensitivas do ambiente e enviam para centros motores importantes para a manutenção da postura e equilíbrio localizados no sistema nervoso central. Lembrete Com o decorrer da idade, por ação da gravidade, haverá diminuição da estatura do indivíduo, devido ao achatamento dos discos intervertebrais e maior curvatura cervical. Assim, a avaliação postural deve determinar se um segmento corporal ou articular se desvia de um alinhamento postural ideal, indicando desequilíbrios nas cadeias musculares tanto nos posicionamentos em movimentos dinâmicos como em situações estáticas. Identificar os desequilíbrios irá contribuir na prescrição de um programa de exercício físicos que promova ajustes para melhorar a postura do avaliado ou, em alguns casos, para não piorá‑la. Entende‑se como defeito de postura ou desequilíbrio postural toda condição que implique em quebra do alinhamento corporal do referencial neutro e estático de postura. Nesse referencial neutro e estático de postura, a atividade muscular necessária para sua manutenção é mínima, o que acarreta pequeno gasto energético. Além disso, a avaliação postural envolve visualizar as estruturas possivelmente alteradas utilizando o alinhamento anatômico do corpo em relação a uma linha de referência estabelecida conhecida como linha de gravidade imaginária. Para que o corpo se mantenha em perfeito equilíbrio estático, a linha de gravidade imaginária, que atravessa o centro do corpo e que, projetada lateralmente ou posteriormente, passa por vários pontos anatômicos, deve seguir as descrições que apresentaremos na sequência. 125 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Em uma vista lateral: • ligeiramente posterior ao ápice da sutura coronal; • através do meato acústico externo; • diante dos côndilos occipitais; • pelo dente do áxis (segunda vértebra cervical); • tangencia a coluna cervical pela frente; • passa pelo acrômio (no ombro); • passa pela frente da região dorsal; • passa por trás do corpo das últimas vértebras lombares; • através do promontório sacral; • discretamente posterior ao centro da articulação do quadril; • acompanha o eixo do fêmur; • ligeiramente anterior ao centro da articulação do joelho; • passa pela frente da tíbia; • discretamente anterior ao maléolo lateral; • através da articulação calcaneocubóidea. 126 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 69 – Imagem do fio de prumo em uma postura ideal na vista lateral Em uma vista posterior: • acompanha a linha vertebral (todos os processos espinhosos das vértebras formam uma linha reta); • passa pela linha interglútea; • se estende para baixo entre os membros inferiores; • caindo num ponto equidistante entre os calcanhares. 127 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 70 – Imagem do fio de prumo em uma postura ideal na vista posterior Esse padrão neutro e estático com a linha da gravidade imaginária é o modelo de referência que servirá de ponto de partida para a interpretação de qualquer disfunção ou desequilíbrio postural observado em uma avaliação postural. Os métodos de avaliação postural podem ser divididos em objetivos ou subjetivos: • Metodologia objetiva: uso de investigações radiográficas e tomográficas, que possibilitam quantificar em graus o quanto as curvaturas estão alteradas em relação ao normal. Esses exames necessitam de um pedido médico específico, o que impossibilita o avaliador não médico de utilizar esse procedimento. Utiliza‑se também de fotografias em pelo menos três posições. • Metodologia subjetiva: inspeção visual e tátil com ou sem uso de quadro de avaliação postural (simetrógrafo) para observar o avaliado, o qual é inspecionado globalmente, numa visão anterior, 128 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II posterior e lateral e vista lateral com flexão anterior do tronco, a fim de observar se existe alguma alteração anatômica visível que resulta em má postura. Observação Simetrógrafo é um instrumento utilizado para avaliar desvios posturais através da observação de pontos anatômicos. Uma avaliação postural utilizando a metodologia subjetiva é a mais comumente realizada em academias e na prática diária do profissional da Educação Física. Por conta disso, focaremos nosso estudo na metodologia subjetiva para avaliação da postura. A partir dessas informações, a análise de alguns pontos anatômicos fornece informações importantes com relação a desequilíbrios posturais. Principais pontos a serem observados na vista anterior: • lóbulo da orelha direita; • lóbulo da orelha esquerda; • acrômio direito; • acrômio esquerdo; • espinha ilíaca anterossuperior direita; • espinha ilíaca anterossuperior esquerda; • patela do joelho direito; • patela do joelho esquerdo; • maléolo lateral direito; • maléolo lateral esquerdo. 129 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 71 – Principais pontos anatômicos na vista anterior Principais pontos a serem observados na vista posterior:• lóbulo da orelha direita; • lóbulo da orelha esquerda; • acrômio direito; • acrômio esquerdo; • processo espinhoso das vértebras; • ângulo inferior da escápula direita 130 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II • ângulo inferior da escápula esquerda; • olécrano direito; • olécrano esquerdo; • espinha ilíaca posterossuperior direita; • espinha ilíaca posterossuperior esquerda; • prega infraglútea direita; • prega infraglútea esquerda; • linha articular do joelho direito; • linha articular do joelho esquerdo; • linha do tendão calcâneo direito na altura média dos dois maléolos; • linha do tendão calcâneo esquerdo na altura média dos dois maléolos. 131 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 72 – Principais pontos anatômicos na vista posterior Principais pontos a serem observados na vista lateral: • mento; • processo espinhoso das vértebras; • acrômio; • espinha ilíaca anterossuperior; • patela; • linha articular do joelho; • maléolo. 132 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 73 – Principais pontos anatômicos na vista lateral Os pontos citados são sugestões para se criar os pontos anatômicos de referência para análise postural, mas outros também podem ser utilizados caso o profissional prefira. Para iniciar a avaliação postural, o avaliado deve estar em pé, em posição ortostática, descontraída, com os membros superiores relaxados ao longo do tronco, olhar em direção à linha do horizonte e pés levemente afastados lateralmente. A partir desse posicionamento, observa‑se o alinhamento corporal nas vistas anterior, lateral e posterior. A avaliação postural deve ser feita com o indivíduo minimamente vestido (homem com shorts e mulher com shorts e top) para que se consiga uma visão clara dos contornos e dos pontos anatômicos usados como referência. 133 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Podemos usar também para avaliação postural o aparelho simetrógrafo, com o qual podemos identificar os desvios posturais mais evidentes por meio da observação de pontos anatômicos específicos que permitem identificar possíveis assimetrias decorrentes da alteração postural. Para utilizar esse aparelho, basta colocar o avaliado em pé, atrás dele, identificar os pontos anatômicos e observar se há assimetrias ou alterações marcantes. Fatores que dever ser levados em consideração para uma boa avaliação postural: • sala com boa iluminação; • vestimenta adequada; • posição relaxada do avaliado; • observar as três vistas: anterior, posterior e lateral; • atentar para as simetrias, contornos, alterações de alinhamento e pequenas alterações não esperadas. 5.1 Análise postural na posição da vista anterior Figura 74 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista anterior Nessa vista, o alinhamento ideal da cabeça e do pescoço é aquele no qual a cabeça está numa posição bem equilibrada, neutra, nem inclinada, nem rodada. O nariz, o manúbrio do esterno, o processo xifoide do esterno e o umbigo devem ficar todos alinhados verticalmente na linha média. 134 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 75 – Imagem ilustrativa dos desvios da cabeça Podemos observar se existe a alteração assimétrica com relação aos ombros traçando uma linha imaginária formada pela união dos dois pontos acromiais. Nesse caso, tal alteração também deverá ser confirmada na vista posterior. Figura 76 – Imagem ilustrativa de ombros assimétricos O avaliador deve examinar a região pélvica e do quadril quanto à assimetria das alturas das cristas ilíacas e assinalar os níveis das espinhas ilíacas anterossuperiores. A linha dos ombros e a linha do quadril deverão estar paralelas entre si e em relação ao solo. Caso isso não ocorra com algumas delas, deverá existir uma escoliose na região da linha se não estiver paralela com o solo (linha do ombro = região torácica; linha de quadril = região lombar), que deverá ser confirmada também na posição de vista posterior. 135 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES O fêmur em relação à articulação do quadril pode apresentar‑se rodado tanto interna quanto externamente, o que eventualmente poderá promover alterações no posicionamento do tornozelo/pé com possíveis implicações na marcha. Naturalmente o fêmur está levemente abduzido em relação à tíbia pela distância entre os acetábulos. Esse afastamento dá origem ao joelho valgo (geno valgo) fisiológico, que é considerado normal e nas mulheres pode ser um pouco maior. Mas, à medida que essa abdução aumenta, como os côndilos femorais se tocam cada vez mais, enquanto os maléolos mediais se afastam na mesma proporção, o grau de valgismo aumenta. O oposto também é observado: quando há afastamento dos côndilos do fêmur e os maléolos mediais se unem, origina‑se o joelho varo (geno varo). Tanto o joelho varo quanto o joelho valgo, além dos limites normais, devem ser detectados, pois apresentarão uma sobrecarga de tensão nos ligamentos colaterais (tibial ou fibular) do joelho ou uma sobrecarga compressiva nos meniscos (laterais ou mediais). Figura 77 – Da esquerda para a direita, alinhamento ideal dos joelhos, desvio em varo dos joelhos e desvio em valgo dos joelhos As patelas devem ser examinadas quanto a certos desvios. O posicionamento da patela em relação aos côndilos do fêmur pode apresentar um desvio medial ou lateral. As patelas devem estar orientadas exatamente na direção da linha média do pé e apontada para frente; cada patela deve estar localizada em um ponto médio entre os côndilos femorais e apresentar um ângulo Q, com um valor entre 11 e 17 graus para homens e de 14 a 16 graus para mulheres. O ângulo Q é uma medida de alinhamento patelar que é formado pelo encontro de duas retas: uma que passa entre a tuberosidade da tíbia e o centro patelar e a outra que se estende da espinha ilíaca anterossuperior até o centro patelar. As tíbias devem estar retas e sem qualquer arqueamento; a cabeça da fíbula direita e esquerda deve estar na mesma altura em ambos os lados. O tornozelo é verificado pelo posicionamento perpendicular da perna em relação à planta do pé, e os pés devem mostrar de 8 a 10 graus de abdução; os maléolos mediais devem estar posicionados na mesma altura em ambos os lados. 136 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II O pé aduto se caracteriza pela projeção dos pés para dentro da linha média imaginária do corpo. O pé abduto se caracteriza pela projeção dos pés para fora da linha média imaginária do corpo. Figura 78 – Imagem ilustrativa do pé abduto Figura 79 – Imagem ilustrativa do pé aduto 5.2 Análise postural na posição da vista lateral Figura 80 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista lateral 137 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES As avaliações posturais laterais devem ser feitas a partir de ambos os lados para detecção de quaisquer anormalidades rotacionais que poderiam passar despercebidas se fossem observadas apenas a partir de uma das perspectivas laterais. Estando o avaliado em posição ortostática natural, de lado para o avaliador, observam‑se, com o auxílio da projeção lateral da linha de gravidade, as alterações da cabeça e do pescoço. A posição da cabeça no alinhamento ideal é aquela na qual a cabeça se encontra em uma posição bem equilibrada e é mantida com mínimo esforço muscular. O pescoço protraído está projetado à frente, enquanto o pescoço retraído está encolhido atrás. A postura com a cabeça para frente está associada frequentementecom lordose cervical excessiva. Figura 81 – Imagem ilustrativa da cabeça anteriorizada A coluna cervical deve exibir uma lordose normal. O avaliador deve observar uma acentuação da curvatura lordótica ou sua retificação. A acentuação da curvatura cervical é denominada hiperlordose cervical. Figura 82 – Imagem ilustrativa de hiperlordose cervical 138 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Deve‑se observar a seguir o ombro do avaliado. A posição do membro superior e do ombro depende da posição das escápulas e da região torácica. Ombro protraído quer dizer que está projetado à frente, enquanto retraído quer dizer que está encolhido atrás. Ombro em rotação medial quer dizer que ele girou em direção ao corpo. Essa rotação medial é frequentemente associada à protração de ombro. Na região torácica, tanto a retificação quanto o aumento da curvatura podem ser verificados. No alinhamento ideal, a coluna torácica se curva discretamente na direção posterior, mostrando‑se uma convexidade posterior no plano sagital. No caso de retificação, representa‑se com a curvatura fisiológica (cifose torácica) reduzida; por outro lado, quando há uma acentuação dessa curvatura, é denominada hipercifose torácica. A hipercifose torácica pode ser flexível ou rígida. É flexível quando pode ser corrigida com ajustes da musculatura, que colocará a coluna torácica na sua posição normal; caso contrário, será classificada como rígida, e a possibilidade da alteração ser estrutural é grande, além de estar associada a outros problemas, precisando de outras intervenções para ser corrigida. Alinhamento ideal A) C)B) D) Postura com o dorso pleno Postura olfótica‑ lordótica Postura com deslocamento posterior do dorso (sway‑back ou relaxada) Figura 83 – Imagem ilustrativa de quatro alinhamentos posturais diferentes Também deve considerar que a coluna torácica pode ser afetada pelas posições da região lombar e da pelve. Se um indivíduo assumir uma posição de hirperlordose lombar (aumento da curva anterior), a curvatura da região torácica tende a se alterar, podendo uma compensar a outra, diminuindo ou aumentando a curva posterior. Por exemplo, em uma postura relaxada (desleixada), o aumento da curvatura da região torácica compensa o desvio anterior da pelve. O tórax também deve ser observado para possíveis deformidades. Uma dessas deformidades inclui o peito escavado, tórax em barril e peito carenado (peito de pombo). 139 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES A região lombar deve ser examinada para um aspecto lordótico normal, sem retificação ou aumento da curvatura. No alinhamento ideal, a coluna lombar se curva na direção anterior, mostrando‑se côncava posteriormente. A hiperlordose lombar é caracterizada pelo aumento da lordose lombar com consequente projeção do abdômen para frente e encurtamento dos músculos lombares. A hiperlordose lombar está associada com uma inclinação pélvica anterior. A retificação ou diminuição da lordose lombar pode ser decorrente de uma inclinação pélvica posterior. Geralmente os desequilíbrios da lordose lombar são acompanhados de dor (lombalgia) e decorrentes espasmos na musculatura dessa região. Figura 84 – Postura cifótica‑lordótica na vista lateral Figura 85 – Ilustração da hiperlordose lombar 140 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 86 – Imagem ilustrativa da postura lordótica Figura 87 – Imagem ilustrativa da postura de dorso plano A pelve deve observar sua posição neutra, que é orientada pelo alinhamento das espinhas ilíacas anterossuperiores com o mesmo plano vertical da sínfise púbica; o trocanter maior e as pregas glúteas devem ser de altura igual. Então, tomando como referência a espinha ilíaca anterossuperior, a pelve pode estar em anteversão (inclinação anterior da pelve) quando as espinhas ilíacas anterossuperiores ficam localizadas adiante da sínfise púbica e pode estar relacionada à hiperlordose lombar. Já uma inclinação posterior da pelve é denominada retroversão e tem a sínfise púbica adiante da espinha ilíaca anterossuperior. 141 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 88 – Imagem ilustrativa da anteversão de quadril Figura 89 – Retroversão de quadril Um abdômen proeminente é implicado com frequência nas patologias lombares e merece atenção. Na articulação do joelho, a linha de referência deveria passar ligeiramente adiante da linha média do joelho, criando assim um momento de extensão. O avaliado deve ser observado quanto ao joelho 142 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II recurvado, que é caracterizado por uma hiperextensão e, na maioria das vezes, é decorrente de uma hipermobilidade, sendo, por essa razão, considerado normal, sobretudo em crianças. Já o joelho flexo é decorrente da projeção dos joelhos para frente da linha da gravidade demonstrando uma pequena flexão. Figura 90 – Joelho recurvado Figura 91 – Joelho flexo 143 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 92 – Da esquerda para a direita, bom alinhamento dos joelhos, flexão de joelhos moderada e hiperextensão de joelhos 5.3 Análise postural na posição da vista posterior Figura 93 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista posterior Nessa vista, realiza‑se uma observação geral e confirma‑se o que foi observado na vista anterior em relação à cabeça, às linhas do ombro, ao quadril e aos joelhos. 144 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II A cabeça deve ficar ereta, sem qualquer desvio perceptível para esquerda ou direita. Os desvios laterais da cabeça e do pescoço podem estar relacionados a torcicolo ou a outra disfunção cervical. O avaliador deve observar a altura dos ombros do avaliado. É considerado normal possuir uma assimetria na altura do ombro com a mão dominante. As escápulas são examinadas para simetria posicional, observam‑se suas espinhas e o nível dos ângulos inferiores. O bom alinhamento das escápulas é quando elas repousam contra o tórax e não existe ângulo ou borda excessivamente proeminente. As escápulas podem se apresentar elevadas à direita ou à esquerda, aduzidas ou abduzidas, elevadas ou deprimidas. A abdução ou adução excessiva de uma ou de ambas as escápulas é avaliada medindo‑se a distância da espinha torácica para as bordas escapulares mediais. Figura 94 – A esquerda escápulas aduzidas e a direita escápulas abduzidas Figura 95 – Ombros elevados e escápulas aduzidas 145 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 96 – Ombros deprimidos e escápulas abduzidas Figura 97 – Ombros e escápulas em boa posição Figura 98 – Escápulas abduzidas e discretamente elevadas 146 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 99 – Escápulas abduzidas e ombros para frente Figura 100 – Escápulas aduzidas e elevadas O tronco do indivíduo é avaliado quanto a um possível desvio lateral para qualquer um dos lados. Normalmente, a coluna vertebral deve ficar em alinhamento vertical na linha média do corpo. Uma das causas de desvios posturais laterais é a escoliose. Para se identificar escoliose, devem‑se observar os processos espinhosos da segunda vértebra cervical até a junção lombossacral. A região torácica deve ser examinada também para protrusões das costelas, que estão comumente associadas com escoliose. As pelves são examinadas quanto à simetria nos níveis das cristas ilíacas, das espinhas ilíacas posterossuperiores, das pregas glúteas e dos trocanteres maiores. As assimetriasobservadas nessa região podem estar associadas a discrepâncias nos comprimentos das extremidades inferiores, obliquidades pélvicas, escolioses e outras enfermidades da coluna e do quadril. 147 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 101 – Figura à esquerda: imagem ilustrativa de escoliose dorsal esquerda e lombar direita. Figura à direita: imagem ilustrativa de escoliose dorsal direita e lombar esquerda A região do joelho deve ser examinada quanto à postura em varo ou valgo, confirmando a vista anterior. O arco longitudinal do pé é responsável por uma perfeita distribuição das cargas compressivas de peso entre os pontos de apoio do pé durante os apoios dinâmicos e estáticos. As alterações das condições fisiológicas, que podem ser a diminuição, a ausência (pé plano) ou o aumento do arco (pé cavo), trazem prejuízos diversos à postura do indivíduo; dependendo da gravidade da alteração, ajustes e compensações nas cadeias musculares ocorrerão, podendo desencadear inúmeras alterações nos seguimentos corporais suprajacentes, modificando, assim, a postura do indivíduo. Esses desequilíbrios também modificam o posicionamento da tíbia em relação ao tálus, caracterizando valgo de calcâneo (convergência dos tendões calcâneos) ou varo de calcâneo (divergências dos tendões calcâneos). No caso do varo, ocorrerá um apoio exagerado no bordo lateral da região do calcanhar e, no caso de varo, será no bordo medial. Figura 102 – Imagem ilustrativa de tornozelo varo 148 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 103 – Imagem ilustrativa de tornozelo valgo 5.4 Análise postural na posição da vista anterior com flexão de tronco Figura 104 – Imagem do posicionamento do avaliado por meio do uso do simetrógrafo na vista anterior com flexão de tronco Estando o avaliado em posição ortostática, de frente para o avaliador, fará uma anteroflexão de tronco e, nessa posição, caso possua uma escoliose e suas vértebras já tiverem feito uma rotação, aparecerá uma gibosidade no local da curvatura escoliótica. Com base nessa análise, é possível avaliar qualquer indivíduo. Por meio dessa inspeção detalhada e a partir das modificações encontradas, pode‑se entender e classificar os desequilíbrios e as disfunções posturais, sendo resumidamente divididos da seguinte forma: • alterações da cabeça; • alterações da coluna vertebral; 149 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • alterações do tronco; • alterações dos ombros e da cintura escapular; • alterações da pelve e das articulações do quadril; • alterações dos joelhos e das pernas; • alterações dos tornozelos e dos pés. Cabe ressaltar que, após o avaliador concluir sobre suas observações, é imperativo que soluções sejam tomadas, por competência e conhecimento do próprio avaliador ou se assim achar. Devido à complexidade do caso, deve encaminhar o avaliado a quem possa dar continuidade às possíveis soluções dos problemas. 5.5 Proposta de avaliação observacional da postura Veja a seguir um modelo de proposta de avaliação observacional da postura: PROPOSTA DE AVALIAÇÃO OBSERVACIONAL DA POSTURA NOME:_____________________________ IDADE:______ SEXO: ( ) F ( ) M D: direita E: esquerda VISTA ANTERIOR • Pés ( ) varo (D/E) ( ) valgo (D/E) ( ) neutro • Joelhos ( ) varo ( ) valgo ( ) neutro • Inclinação lateral da pelve (altura das cristas ilíacas) ( ) direita mais alta ( ) esquerda mais alta ( ) neutra • Altura dos ombros ( ) direito mais alto ( ) esquerdo mais alto ( ) neutro • Inclinação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra • Rotação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra 150 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II VISTA POSTERIOR • Pés ( ) varo (D/E) ( ) valgo (D/E) ( ) neutro • Joelhos ( ) varo ( ) valgo ( ) neutro • Coluna lombar ( ) curvatura convexa à D ( ) curvatura convexa à E ( ) neutra • Coluna torácica ( ) curvatura convexa à D ( ) curvatura convexa à E ( ) neutra • Escápulas ( ) simétricas ( ) abduzidas (D/E) ( ) aduzidas (D/E) ( ) elevada (D/E) • Altura dos ombros ( ) direito mais alto ( ) esquerdo mais alto ( ) neutro • Inclinação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra • Rotação da cabeça ( ) para a direita ( ) para a esquerda ( ) neutra VISTA LATERAL DIREITA • Joelhos ( ) hiperextensão ( ) em flexão ( ) neutro • Pelve ( ) anteroversão ( ) retroversão ( ) neutra • Coluna lombar ( ) aumento da lordose ( ) diminuição da lordose ( ) neutra • Coluna torácica ( ) retificada ( ) cifose aumentada ( ) neutra • Cervical ( ) retificada ( ) anteriorizada ( ) neutra 151 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • Ombros ( ) retraídos ( ) protusos ( ) neutro • Cabeça ( ) posteriorizada ( ) anteriorizada ( ) neutra VISTA LATERAL ESQUERDA • Joelhos ( ) hiperextensão ( ) em flexão ( ) neutro • Pelve ( ) anteroversão ( ) retroversão ( ) neutra • Coluna lombar ( ) aumento da lordose ( ) diminuição da lordose ( ) neutra • Coluna torácica ( ) retificada ( ) cifose aumentada ( ) neutra • Cervical ( ) retificada ( ) anteriorizada ( ) neutra • Ombros ( ) retraídos ( ) protusos ( ) neutro • Cabeça ( ) posteriorizada ( ) anteriorizada ( ) neutra 6 AVALIAÇÃO FUNCIONAL RELACIONADA AOS SISTEMAS DE MOBILIZAÇÃO DE ENERGIA 6.1 Capacidade e potência aeróbia O metabolismo aeróbio é responsável por manter predominantemente os exercícios de média e longa duração. Tradicionalmente, o teste mais utilizado para a medida potência aeróbia é conhecido como teste de consumo máximo de oxigênio (VO2max). Durante o repouso, o consumo de oxigênio (VO2) é muito similar entre indivíduos treinados e sedentários, entretanto, durante o esforço físico, o VO2max de indivíduos treinados pode ser duas vezes maior do que aqueles encontrados em indivíduos sedentários. O VO2max é a medida mais exata que dispomos para avaliarmos a potência aeróbia de um indivíduo ao realizar uma atividade física, sendo considerado, portanto, um protocolo “padrão ouro” 152 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II O conceito de VO2max foi definido incialmente por Hill e Lupton (1923), sendo posteriormente nomeado por Astrand (1952) como a mais alta captação de oxigênio alcançada por um indivíduo respirando ar atmosférico ao nível do mar. Durante o exercício, a disponibilidade de oxigênio para os músculos ativos pode aumentar cerca de 10 a 20 vezes em relação ao repouso, enquanto para a musculatura inativa, o consumo continua inalterado. Assim, ocorre um aumento no consumo dos substratos energéticos (glicose e lipídeos) necessários para a ressíntese de ATP (adenosina trifosfato), aumentando a frequência com que eles entram na mitocôndria e também na vasodilatação dos vasos sanguíneos que irrigam os músculos ativos. A maior potência muscular demanda mais energia e, consequentemente, mais oxigênio. O sistema nervoso central tem grande participação nesse processo, uma vez que recruta em maior número e com maior frequência as unidades motoras, para produzir uma contração muscular mais potente. Como esperado, o aumento da intensidade do exercício é acompanhado por um aumento do VO2. O VO2max pode ser expresso em valores absolutos (l.min ‑1) e em valores relativos (ml.kg‑1.min‑1). Vale ressaltar aqui que a necessidade de energia depende da composição corporal do indivíduo. Assim, o VO2max geralmente é expresso em (ml.kg ‑1.min‑1),o que vai permitir uma comparação mais precisa entre indivíduos com diferentes áreas de superfície corporal, principalmente durante a realização de atividades que necessitem da sustentação do peso corporal total, como a corrida, por exemplo. De acordo com Wilmore e Costill (1994), em exercícios que não há a sustentação do peso corporal total, como natação e ciclismo, o VO2max é melhor expresso em valores absolutos. É importante ressaltar que o consumo de oxigênio pode variar de acordo com a idade e o sexo do avaliado, sua composição corporal, sua hereditariedade, a especificidade do exercício e o nível de treinamento. A determinação do VO2max por método direto envolve o uso da ergoespirometria. A ergoespirometria de circuito aberto é a mais utilizada atualmente para a determinação direta do VO2max. Nesse método, o avaliado inspira ar ambiente, por intermédio de um dispositivo tubular inserido em sua boca que fornece fluxo unidirecional, ou seja, o avaliado só respira pela boca (com clipes que obstruem a passagem do ar pelas narinas) e tem sua expiração direcionada para uma câmara com analisadores eletrônicos de gases. Com medidas da ventilação pulmonar por fluxômetro e considerando as porcentagens constantes de oxigênio e dióxido de carbono inspirados, as diferenças entre as medidas obtidas no ar expirado e no ar inspirado possibilitam estabelecer informações sobre a quantidade de oxigênio e de dióxido de carbono produzida (GUEDES; GUEDES, 2006). Em algumas pessoas, VO2max será identificado quando em função do aumento da carga ocorrer um platô no consumo de oxigênio no gráfico de análise. Nesse momento, é considerado o limite fisiológico associado ao sistema de fornecimento de energia aeróbia. Entretanto, poucas pessoas apresentam esse platô. Consideraremos, então, outros fatores para interrupção do teste: • razão de trocas respiratórias maior que 1:1; • frequência cardíaca máxima próxima ou acima da prevista para a idade; 153 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES • lactato sanguíneo acima de 8 mmol; • aumento no consumo de oxigênio menor que 2 (ml.kg‑1.min‑1) para aumentos de intensidade da carga entre 5 e 10%. Figura 105 – Equipamento VO2000, analisador de gases, utilizado para a determinação direta do VO2max Figura 106 – Equipamento K4 b2 (Cosmed, Rome, Italy), analisador de gases portátil, utilizado para a determinação direta do VO2max Figura 107 – Adaptação da máscara do analisador de gases VO2000 para snorkel. A partir dessa adaptação é possível determinar o VO2max na natação 154 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 108 – Exemplo da aplicação de um teste de consumo máximo de oxigênio na natação Alguns equipamentos são amplamente utilizados para a determinação da capacidade aeróbia em testes diretos. Eles são denominados ergômetros, por exemplo: a bicicleta ergométrica (mecânica ou eletromagnética), a esteira rolante, o banco de madeira, o remo‑ergômetro (específico para remadores) e a swiming‑flume (específica para nadadores). Figura 109 – Esteira rolante Inbramed não motorizada 155 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Figura 110 – Esteira rolante Inbramed motorizada Figura 111 – Bicicleta ergométrica A partir dos testes que avaliam diretamente a capacidade aeróbia por meio da ergoespirometria, um grande número de protocolos indiretos foi desenvolvido por diferentes autores, a fim de estimar a capacidade aeróbia quando não há equipamentos ou laboratórios sofisticados para sua determinação. 156 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Observação Ergoespirometria é um teste que alia algum ergômetro com a análise de gases inspirados e expirados. Todos os protocolos apresentam pontos positivos e negativos, e a escolha de um determinado teste deverá necessariamente ter como orientação a interferência dos seguintes fatores: objetivos do teste; população a ser testada; disponibilidade de material. Alguns dos protocolos indiretos usam a frequência cardíaca (FC) como parâmetro para determinação dessa capacidade. No caso de haver mensuração da FC, ela deve ser obtida por meio da artéria radial ou carótida pelo tempo de 15 segundos. Após esse procedimento, os pulsos deverão ser multiplicados por 4. Vale ressaltar ainda que a avaliação da capacidade aeróbia é um item da avaliação relacionado à saúde e ao desempenho atlético. Além disso, existem ainda protocolos que buscam estimar capacidade aeróbia sem esforço físico. Esse modelo pode ser utilizado quando existe um número muito grande de sujeitos a serem avaliados e um período curto de tempo para realizar as avaliações. Também pode ser utilizado na ausência de equipamentos ou espaços para a realização dos testes físicos. 6.2 Protocolos indiretos de determinação do VO2max 6.2.1 Sem esforço físico Mathews (1999) O protocolo de Mathews (1999) foi desenvolvido para a determinação do VO2max sem esforço físico. Ele é indicado para toda a população, inclusive indivíduos idosos (de 20 a 79 anos), homens e mulheres, e é extremamente vantajoso para estudos epidemiológicos. Equação para ambos os gêneros: VO2 máx. [ml(kg.min ‑1)] = 34,142 + [1,463 x (AF0‑7)] – [0,133 x (idade2)] – (0,254 x peso corporal) + (11,403 x G) + (9,170 x estatura) Onde: AF0‑7 = nível de atividade física (escala de 0 a 7) Idade: em anos Estatura: em metros 157 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES G = gênero: 0 para feminino e 1 para masculino Veja o quadro a seguir. Ele apresenta a escala de pontuação utilizada para avaliar o nível de atividade física (AF 0‑7), desenvolvida no Cardio‑Pulmonary Laboratory, Nasa/Johnson Space Center, em Houston, Texas. Quadro 2 – Escala de pontuação utilizada para avaliar o nível de atividade física (AF 0‑7) Selecione o valor que melhor representa sua atividade física (escala de 0 a 7) durante os últimos trinta dias. Se você selecionar mais de um valor, use o valor mais alto 0 – Evita andar ou fazer esforço, sempre usa o elevador, dirige sempre que possível em vez de caminhar. 1 – Caminha por prazer, habitualmente usa degraus, ocasionalmente se exercita suficientemente para ocasionar respiração pesada ou transpiração. Participa regularmente de recreação ou trabalho que requer atividade física moderada, como golfe, montar a cavalo, calistenias, ginásticas, tênis de mesa, boliche, levantamento de peso ou trabalho no quintal. 2 – Realiza de 10 a 60 minutos de atividade por semana. 3 – Realiza mais de 1 hora de atividade por semana. Participa regularmente de exercícios físicos intensos, como corrida ou trote, natação, ciclismo, remo, pular corda, corrida no lugar, ou está engajado em atividades físicas aeróbias intensas, como tênis, basquetebol ou handebol. 4 – Corre menos que 1,6 km por semana ou gasta menos de 30 minutos por semana em atividades físicas equivalentes. 5 – Corre de 1,6 km a 8 km por semana ou gasta de 30 a 60 minutos por semana em atividades físicas equivalentes. 6 – Corre de 8 km a 16,1 km por semana ou gasta 1 a 3 horas por semana em atividades físicas equivalentes. 7 – Corre mais de 16,1 km por semana ou gasta mais de 3 horas por semana em atividades físicas equivalentes. Adaptado de: Ross e Jackson (1990). Veja o exemplo: Homem 52 anos 1,78 estatura 78 kg AF 1 – 7 = 5 Logo: VO2 máx. [ml(kg.min ‑1)] = 34,142 + [1,463 x (AF0‑7)] – [0,133 x (idade2)] – (0,254 x peso corporal) + (11,403 x G) + (9,170 x estatura) VO2 máx. [ml(kg.min ‑1)] = 34,142 + [1,463 x (5)] – [0,133 x (2704)] – (0,254 x 78) + (11,403 x 1) + (9,170 x 1,78) 158 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II VO2 máx. [ml(kg.min ‑1)] = 34,142 + [7,315] – (3,596) – (19,812)+ (11,403) + (16,322) VO2 máx. [ml(kg.min ‑1)] = 45,774 6.2.2 Testes de cargas submáximas Os protocolos de cargas submáximas são extremamente úteis para a determinação do VO2max de modo indireto quando não é possível utilizar laboratórios sofisticados ou ergômetros específicos para a realização do esforço. O teste submáximo é aquele em que a imposição de demanda metabólica a que o indivíduo será submetido atingirá um estado estável na frequência cardíaca (FC), no qual os esforços do teste irão alcançar de 75% a 90% da FC máxima do avaliado. Esses protocolos apresentam as seguintes vantagens e desvantagens (CHARRO et al., 2010): • Fornecem reflexão precisa da aptidão de um indivíduo. • Não são tão precisos quando comparados aos máximos. • Exigem menor risco, tempo e esforço do indivíduo. • Demonstram melhora da capacidade cardiorrespiratória nos retestes (diminuição da FC a uma taxa fixa de trabalho), independentemente da exatidão da previsão do VO2max. 6.2.2.1 Testes de campo Teste de corrida de Balke (1963) – 15 minutos Originalmente, esse teste foi desenvolvido a fim de estabelecer avaliações da capacidade funcional de militares do sexo masculino de 20 a 30 anos de idade e consistia em correr a máxima distância sem interrupção ou grandes variações de intensidade no tempo de 15 minutos. Esse protocolo é pioneiro na estimativa do VO2max indiretamente. Entretanto, a população é extremamente restrita, sendo esse teste indicado somente para indivíduos jovens com bom condicionamento físico. Para calcular o VO2max, é necessário calcular a velocidade média empregada no teste, expressa em m/min (distância percorrida/15 minutos), e posteriormente utilizar a equação: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = [11,2 + (0,167 x velocidade)] A velocidade será calculada pela equação a seguir: ( ) ( )( ) distância percorrida m Velocidade m / min tempo min = 159 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Veja um exemplo: Se a distância percorrida no teste foi 2.850 m, então: ( ) ( )( ) distância percorrida m Velocidade m / min tempo min = ( ) 2850mVelocidade m / min 15min = Velocidade(m/min) = 190 Assim: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = [11,2 + (0,167 x velocidade)] VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = [11,2 + (0,167 x 190)] VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = [11,2 + (31,73)] VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 42,93 Caminhada/corrida de 12 minutos – Cooper (1968) Esse teste foi desenvolvido a partir do protocolo original estabelecido por Balke (1963) e pode ser realizado por avaliados de ambos os sexos entre 10 e 70 anos de idade. Nessa nova versão do teste de Cooper, o avaliado pode percorrer o trajeto determinado correndo e/ou andando e deve estabelecer a maior distância possível em 12 min. O avaliado não pode permanecer parado durante a realização do teste; caso não consiga manter o ritmo, deverá diminuir a velocidade, mas nunca parar. Para facilitar a aplicação do teste, o avaliador deverá demarcar no chão, com cones, giz ou qualquer outro material, a distância do percurso (utilizar uma trena ou fita métrica) e um ponto de partida. Assim, o avaliador conseguirá “contar” a quantidade de vezes que o avaliado passou por aquela marcação no tempo total de 12 minutos e saberá a distância percorrida em cada volta. Quando o tempo terminar, é importante que o avaliador verifique com uma trena a distância do ponto de partida até onde o avaliado encerrou o teste. Caso não haja uma pista de atletismo para a realização do teste, ele pode ser aplicado em uma quadra de esportes, desde que o percurso esteja previamente demarcado. Poderá haver incentivo sonoro para os avaliados: “vamos lá!”, “muito bem!”. A forma ideal de execução do teste, em termos de velocidade de deslocamento, será aquela em que o avaliado mantenha uma velocidade constante durante todo teste. 160 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Baseado na distância percorrida em km, estima‑se o VO2max por meio da equação: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = [22,351 x distância (km)] – 11,288 Veja um exemplo: Um avaliado percorreu a distância de 2.030 m em 12 minutos. Inicialmente, será convertida a distância em metros para quilômetros: Assim, 2.030 m = 2,03 km Logo: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = [22,351 x distância (km)] – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = [22,351 x 2,03] – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = [45,372] – 11,288 VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 34,08 Cooper (1968) elaborou ainda uma tabela de classificação para homens e mulheres de acordo com a distância percorrida no teste. Tabela 12 – Nível de capacidade aeróbia para mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste de caminhar e correr de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca ≤ 1610 ≤ 1550 ≤ 1510 ≤ 1420 ≤ 1350 ≤ 1260 Fraca 1611‑1899 1551‑1799 1511‑1699 1421‑1589 1351‑1509 1261‑1399 Média 1900‑2080 1800‑1979 1700‑1969 1590‑1799 1510‑1699 1400‑1599 Boa 2081‑2300 1980‑2169 1970‑2089 1800‑2009 1700‑1909 1600‑1759 Excelente 2301‑2430 2170‑2330 2090‑2240 2010‑2160 1910‑2090 1760‑1900 Superior ≥ 2431 ≥ 2331 ≥ 2241 ≥ 2161 ≥ 2091 ≥ 1901 161 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Tabela 13 – Nível de capacidade aeróbia para homens de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste de caminhar e correr de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca ≤ 2090 ≤ 1960 ≤ 1900 ≤ 1830 ≤ 1660 ≤ 1400 Fraca 2091‑2209 1961‑2119 1901‑2099 1831‑1999 1661‑1879 1401‑1649 Média 2210‑2519 2120‑2409 2100‑2409 2000‑2249 1880‑2099 1650‑1939 Boa 2520‑2779 2410‑2649 2410‑2519 2250‑2469 2100‑2329 1940‑2129 Excelente 2780‑3000 2650‑2830 2520‑2720 2470‑2660 2330‑2540 2130‑2490 Superior ≥ 3001 ≥ 2831 ≥ 2721 ≥ 2661 ≥ 2541 ≥ 2491 O teste de Cooper pode ainda ser adaptado para a natação e para o ciclismo. De uma forma geral, a metodologia de aplicação é a mesma, devendo o avaliado nadar ou pedalar a maior distância possível em 12 minutos. O teste de natação exige que o avaliado nade a maior distância possível em 12 minutos, usando o estilo que preferir e descansando quando necessário, mas tentando esforçar‑se ao máximo. O meio mais fácil de realizar o teste é em uma piscina de dimensões conhecidas, tendo uma pessoa que conte as voltas na piscina e cronometre o tempo. A classificação poderá ser observada a partir da tabela a seguir: Tabela 14 – Nível de capacidade aeróbia para homens e mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em metros para o teste natação de 12 minutos Categoria de capacidade aeróbia Gênero 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca Homens < 457 < 366 < 320 < 274 < 229 < 229 Mulheres < 366 < 274 < 229 < 183 < 137 < 137 Fraca Homens 475‑548 366‑546 320‑411 274‑365 229‑319 229‑273 Mulheres 366‑456 274‑365 229‑319 183‑273 137‑228 137‑182 Média Homens 549‑639 457‑548 412‑502 366‑456 320‑411 274‑365 Mulheres 457‑548 366‑456 320‑411 274‑365 229‑319 183‑273 Boa Homens 640‑731 549‑639 503‑593 457‑548 412‑502 366‑456 Mulheres 549‑639 457‑548 412‑502 366‑456 320‑411 274‑365 Excelente Homens > 731 > 639 > 593 > 548 > 502 > 456 Mulheres > 639 > 548 > 502 > 456 > 411 > 365 Para o ciclismo, o teste será aplicado de maneira semelhante. É necessário um percurso com a metragem conhecida em terreno plano. O avaliado deverá percorrer a maior distância possível em 12 minutos. A tabela a seguir mostra a classificação para o teste de ciclismo de 12 minutos. 162 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Tabela 15 – Nível de capacidade aeróbia para homens e mulheres de acordo com o resultado da distância percorrida em quilômetros para o teste de ciclismo de12 minutos Categoria de capacidade aeróbia Gênero 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca Homens < 4,42 < 4,02 < 3,62 < 3,22 < 2,82 < 2,80 Mulheres < 2,82 < 2,41 < 2,01 < 1,61 < 1,21 < 1,21 Fraca Homens 4,42‑6,02 4,02‑5,62 3,62‑5,21 3,22‑4,81 2,82‑4,81 2,82‑3,60 Mulheres 2,82‑4,41 2,41‑4,01 2,01‑3,60 1,61‑3,20 1,21‑2,40 1,21‑2,0 Média Homens 6,03‑7,63 5,63‑7,22 5,22‑6,82 4,82‑6,42 4,02‑5,62 3,61‑4,81 Mulheres 4,42‑6,02 4,02‑5,62 3,61‑5,21 3,21‑4,81 2,41‑4,01 2,01‑3,20 Boa Homens 7,64‑9,24 7,23‑8,83 6,83‑8,43 6,43‑8,03 5,63‑7,22 4,82‑6,42 Mulheres 6,03‑7,63 5,63‑7,22 5,22‑6,82 4,82‑6,42 4,02‑5,62 3,21‑4,81 Excelente Homens > 9,24 > 8,83 > 8,43 > 8,03 > 7,22 > 6,42 Mulheres > 7,63 > 7,22 > 6,82 > 6,42 > 5,62 > 4,81 Teste de corrida de 2.400 m (Cooper, 1977) Muito parecido com o protocolo anterior, porém com uma particularidade: o teste de 2.400 m envolve apenas corrida, não sendo permitido ao avaliado andar durante o percurso. Assim, esse protocolo é mais indicado para indivíduos que possuem determinado condicionamento físico, que o permita correr a distância de 2.400 m. Para isso, o avaliador deverá demarcar previamente o trajeto e possuir um cronômetro para verificar o seu tempo de execução. O protocolo pode ser realizado por homens e mulheres de 13 a 60 anos de idade. O teste propriamente dito consiste em cronometrar o tempo gasto pelo avaliado para percorrer a distância de 2.400 m. Com base no tempo despendido para o percurso, expresso em segundos, torna‑se possível estimar o Vo2max por meio da relação adaptada do American College of Sports Medicine (2000). ( ( ) 1 2 2400m 0,2 ml / kg / min 60s VO máx. [ml kg.min tempo s − × × = Onde: 2.400 m: distância percorrida no teste 0,2 (ml.kg‑1.min‑1): consumo de oxigênio por minuto equivalente para correr cada metro 60 s: ajuste de unidade de medida equivalente ao tempo Tempo (s): tempo de execução do teste, expresso em segundos 163 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Veja um exemplo: Considerando um avaliado que percorreu 2.400 m em 11 minutos e 58 segundos: Tempo despendido (s) = (11 minutos x 60 segundos) + 58 segundos Tempo despendido (s) = (660) + 58 segundos Tempo despendido (s) = 718 Logo: ( ( ) 1 2 2400m 0,2 ml / kg / min 60s VO máx. [ml kg.min tempo s − × × = ( 12 28800VO máx. [ml kg.min 718− = VO2máx . [(kg . min ‑1] = 40,11 A tabela a seguir mostra a classificação da capacidade aeróbia de mulheres para o teste de 2.400 m de acordo com a idade. Tabela 16 – Nível de capacidade aeróbia para mulheres de acordo com o resultado do tempo obtido em minutos e segundos para o teste de corrida de 2.400 m Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca > 18 min e 31 s > 19 min e 01 s > 19 min e 31 s > 20 min e 01 s > 20 min e 31 s > 21 min e 31s Fraca 16 min e 55 s – 18 min e 30 s 18 min e 31 s – 19 min e 00 s 19 min e 01 s – 19 min e 30 s 19 min e 31 s – 20 min e 00 s 20 min e 01 s – 20 min e 30 s 21 min e 00 s – 21 min e 30 s Média 14 min e 31 s – 16 min e 54 s 15 min e 55 s – 18 min e 30 s 16 min e 31 s – 19 min e 00 s 17 min e 31 s – 19 min e 30 s 19 min e 01 s – 20 min e 00 s 19 min e 31 s – 20 min e 30 s Boa 12 min e 30 s – 14 min e 30 s 13 min e 31 s – 15 min e 54 s 14 min e 31 s – 16 min e 30 s 15 min e 56 s – 17 min e 30 s 16 min e 31 s – 19 min e 00 s 17 min e 31 s – 19 min e 30 s Excelente 11 min e 50 s – 12 min e 29 s 12 min e 30 s – 13 min e 30 s 13 min e 00 s – 14 min e 30 s 13 min e 45 s – 15 min e 55 s 14 min e 30 s – 16 min e 30 s 16 min e 30 s – 17 min e 30 s Superior < 11 min e 50 s < 12 min e 30 s < 13 min e 00 s < 13 min e 45 s < 14 min e 30 s < 16 min e 30 s 164 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II A tabela a seguir mostra a classificação obtida por homens a partir da idade no teste de 2.400 m. Tabela 17 – Nível de capacidade aeróbia para homens de acordo com o resultado do tempo obtido em minutos e segundos para o teste de corrida de 2.400 m Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca > 15 min e 31 s > 16 min e 01 s > 16 min e 31 s > 17 min e 31 s > 19 min e 01 s > 20 min e 01 s Fraca 12 min e 11 s – 15 min e 30 s 14 min e 01 s – 16 min e 00 s 14 min e 44 s – 16 min e 30 s 15 min e 36 s – 17 min e 30 s 17 min e 01 s – 19 min e 00 s 19 min e 01 s – 20 min e 00 s Média 10 min e 49 s – 12 min e 10 s 12 min e 01 s – 14 min e 00 s 12 min e 31 s – 14 min e 45 s 13 min e 01 s – 15 min e 35 s 14 min e 31 s – 17 min e 00 s 16 min e 16 s – 19 min e 00 s Boa 09 min e 41 s – 10 min e 48 s 10 min e 46 s – 12 min e 00 s 11 min e 01 s – 12 min e 30 s 11 min e 31 s – 13 min e 00 s 12 min e 32 s – 14 min e 30 s 14 min e 00 s – 16 min e 15 s Excelente 08 min e 37 s – 09 min e 40 s 09 min e 45 s – 10 min e 45 s 10 min e 00 s – 11 min e 00 s 10 min e 30 s – 11 min e 30 s 11 min e 00 s – 12 min e 30 s 11 min e 15 s – 13 min e 59 s Superior < 08 min e 37 s < 09 min e 45 s < 10 min e 00 s < 10 min e 30 s < 11 min e 00 s < 11 min e 15 s Teste de caminhada de 4.800 m (Copper – 1982) Esse teste avalia a capacidade aeróbia do avaliado por meio do desempenho durante caminhada de 4.800 m. A faixa etária do teste é de 13 a 60 anos ou mais e o teste é indicado para pessoas sedentárias, obesas, pacientes cardíacos e pós cirúrgicos de ambos os gêneros. O avaliado deverá caminhar a distância de 4.800 m no menor tempo possível, mantendo uma velocidade individual e constante. A avaliação é feita por meio do tempo gasto para realizar o teste. É necessário cronômetro para a verificação do tempo e percurso de 4.800 m demarcados. A partir do tempo de execução do teste, a classificação do avaliado poderá ser verificada por meio das tabelas a seguir, para mulheres e homens, respectivamente. Tabela 18 – Nível de capacidade aeróbia para mulheres de acordo com o resultado do tempo obtido em minutos e segundos para o teste de caminhada de 4.800 m Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca > 47 min e 00 s > 48 min e 00 s > 51 min e 00 s > 54 min e 00 s > 57 min e 00 s > 63 min e 00 s Fraca 43 min e 01 s – 47 min e 00 s 44 min e 01 s – 48 min e 00 s 46 min e 31 s – 51 min e 00 s 49 min e 01 s – 54 min e 00 s 52 min e 01 s – 57 min e 00 s 57 min e 01 s – 63 min e 00 s Média 39 min e 31 s – 43 min e 00 s 40 min e 31 s – 44 min e 00 s 42 min e 01 s – 46 min e 30 s 44 min e 01 s – 49 min e 00 s 47 min e 01 s – 52 min e 00 s 51 min e 01 s – 57 min e 00 s 165 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Boa 35 min e 00 s – 39 min e 30 s 36 min e 00 s – 40 min e 30 s 37 min e 30 s – 42 min e 00 s 39 min e 00 s – 44 min e 00 s 42 min e 00 s – 47 min e 00 s 45 min e 00 s – 51 min e 00 s Excelente < 35 min e 00 s < 36 min e 00 s < 37 min e 30 s < 39 min e 00 s < 42 min e 00 s < 45 min e 00 s Tabela 19 – Nível de capacidade aeróbia para homens de acordo com o resultado do tempo obtido em minutos e segundos para o teste de caminhada de 4.800 m Categoria de capacidade aeróbia 13‑19 anos 20‑29 anos 30‑39 anos 40‑49 anos 50‑59 anos ≤ 60 anos Muito fraca > 45 min e 00 s > 46 min e 00 s > 49 min e 00 s > 52 min e 00 s > 55 min e 00 s > 60 min e 00 s Fraca 41 min e 01 s – 45 min e 00 s 42 min e 01 s – 46 min e 00 s 44 min e 31 s – 49 min e 00 s 47 min e 01 s – 52 min e 00 s 50 min e 01 s – 55 min e 00 s 54 min e 01s – 60 min e 00 s Média 37 min e 31 s – 41 min e 00 s 38 min e 31 s – 42 min e 00 s 40 min e 01 s – 44 min e 30 s 42 min e 01 s – 47 min e 00 s 45 min e 01 s – 50 min e 00 s 48 min e 01 s – 54 min e 00 s Boa 33 min e 00 s – 37 min e 30 s 34 min e 00 s – 38 min e 30 s 35 min e 00 s – 40 min e 00 s 36 min e 30 s – 42 min e 00 s 39 min e 00 s – 45 min e 00 s 41 min e 00 s – 48 min e 00 s Excelente < 33 min e 00 s < 34 min e 00 s < 35 min e 00 s < 36 min e 30 s < 39 min e 00 s < 41 min e 00 s Teste de corrida de 1.000 m – Klissouras (1973) Esse teste é específico para crianças e adolescentes entre 8 e 13 anos de idade. O procedimento consiste em correr em ritmo individual e constante a distância de 1000 m. Não é permitido caminhar. Será necessário cronômetro e a distância de 1000 m demarcada. Com o registro do tempo, a seguinte equação deverá ser aplicada: ( ( )12 652,17 tempo sVO máx.[ ml kg.min 6,762− − = Veja um exemplo: Considerando que o avaliado realizou o teste em 7 minutos e 34 segundos: Tempo despendido (s) = (7 minutos x 60 segundos) + 34 segundos Tempo despendido (s) = (420) + 34 segundos Tempo despendido (s) = 454 segundos 166 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Logo: ( ( )12 652,17 tempo sVO máx.[ ml kg.min 6,762− − = ( 12 652,17 454VO máx. [ml kg.min 6,762− − = ( 12 198,17VO máx. [ml kg.min 6,762− = VO2máx . [ml(kg . min ‑1] = 29,30 Saiba mais O teste de vai e vem é também muito utilizado para a determinação do VO2max do avaliado por meio de protocolo submáximo de campo. Para saber mais sobre esse protocolo, consulte a página 396 da obra a seguir: GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Manual prático para avaliação em educação física. Barueri: Manole, 2006. 6.2.2.2 Testes de banco Protocolo de banco de McArdle (2003) É constituído de carga única com uma altura de 41 cm para homens e mulheres e tempo de duração de três minutos. Esse protocolo é indicado para avaliados em idade universitária. O protocolo propriamente dito consiste em subir e descer no banco, mantendo a frequência da passada correspondente ao ritmo de 24 e 22 passos por minuto para homens e mulheres, respectivamente. Ao final do terceiro minuto de exercício, o avaliado permanece de pé, enquanto a frequência cardíaca (FC) é aferida. As estimativas de VO2max para homens e mulheres são estabelecidas pelas seguintes equações matemáticas: Homens: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 111,33 – (0,42 x FC) 167 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Mulheres: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 65,81 – (0,1847 x FC) Veja os exemplos: Homem que obteve 168 bpm de FC ao final do teste: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 111,33‑(0,42 x FC) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 111,33‑(0,42 x 168) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 111,33‑(70,56) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 40,77 Mulher que obteve 180 bpm de FC ao final do teste: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 65,81‑(0,1847 x FC) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 65,81‑(0,1847 x 180) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 65,81‑(33,246) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1] = 32,56 Protocolo de banco de Astrand‑Ryhming (1954) Para esse protocolo, um estágio único de cinco minutos será utilizado. A altura do banco varia em função do gênero, sendo para o masculino a altura de 40 cm e para o feminino a altura de 33 cm. O protocolo é indicado, portanto, para indivíduos de ambos os sexos com idades compreendidas entre 15 e 40 anos. O ritmo de subidas e descidas deverá ser constante e mantido em 30 passadas por minuto. O objetivo principal desse teste é identificar o nível de aptidão física do avaliado através do VO2max com o resultado expresso em l.min‑1 (valor absoluto). Para a conversão em valor relativo, será necessário mensurar o peso do avaliado. Imediatamente após o término de teste, a frequência cardíaca (FC) deverá ser mensurada. Com os valores de FC e o peso do avaliado, será determinado por meio de nomograma específico o VO2max do avaliado. 168 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 112 – Nomograma para a determinação do VO2max do avaliado por meio do protocolo de banco de Astrand‑Ryhming Como podemos observar por meio do nomograma, esse teste determina o VO2max em l.min ‑1. Assim, alguns cálculos ainda deverão ser realizados para converter l.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1). Inicialmente será necessário converter l.min‑1 em ml.min‑1. Para isso, é necessário multiplicar o valor obtido por 1000. VO2máx. (ml.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 E então, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. 169 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES ( ( ) 1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = Veja o exemplo: Considere uma avaliada do sexo feminino, que obteve FC de 144 bpm ao final do teste e pesa 60 kg. Ao traçar uma reta no nomograma da FC atingida por mulher e o peso de mulher, obteremos o VO2max de 2,7 l.min‑1: Figura 113 – Exemplo de determinação do VO2max do avaliado por meio de nomograma no protocolo de banco de Astrand‑Ryhming Para converter l.min‑1 em ml.min‑1, é necessário multiplicar o valor obtido por 1000. 170 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Logo: VO2máx. (ml.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 VO2máx. (ml.min ‑1) = 2,7 x 1000 VO2máx. (ml.min ‑1) = 2700 Após isso, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. Logo: ( ( ) 1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = ( 12 2700VO máx. [ml kg.min 60− = VO2máx . [ml(kg . min ‑1] = 45,00 6.2.2.3 Testes em cicloergômetros Teste de cicloergômetro de Fox (1973) Para a realização desse protocolo, é necessário o uso do cicloergômetro. O procedimento consiste em pedalar uma carga fixa de 150 w durante estágio único de cinco minutos mantendo a velocidade de 60 RPM (rotações por minuto). Esse protocolo é exclusivo para indivíduos do sexo masculino. Após o término do teste, deve‑se verificar a FC do avaliado (imediatamente após o quinto minuto de esforço). As estimativas de VO2max são realizadas por meio da equação: VO2máx. (l.min ‑1) = 6,3‑(0,0193 x FC) Esse teste determina o VO2max em l.min ‑1. Assim, alguns cálculos ainda deverão ser realizados para converter l.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1). Inicialmente, será necessário converter l.min‑1 em ml.min‑1. Para isso, é necessário multiplicar o valor obtido por 1000. VO2máx. (ml.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 171 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES E então, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal: ( ( ) 1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = Veja um exemplo: Considerando um indivíduo que finalizou o teste com 145 bpm de FC e possui 75 kg, teremos o seguinte resultado: VO2máx. (l.min ‑1) = 6,3‑(0,0193 x FC) VO2máx. (l.min ‑1) = 6,3‑(0,0193 x 145) VO2máx. (l.min ‑1) = 6,3‑(2,7985) VO2máx. (l.min ‑1) = 3,50 Para converter l.min‑1 em ml.min‑1, é necessário multiplicar o valor por 1000. Logo: VO2máx. (l.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 VO2máx. (l.min ‑1) = 3,5 x 1000 VO2máx. (l.min ‑1) = 3500 Após isso, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. Logo: ( ( ) 1 212 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = ( 12 3500VO máx. [ml kg.min 75− = VO2máx . [ml(kg . min ‑1] = 46,66 172 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Protocolo de Astrand‑Ryhming Entre as técnicas de teste submáximo, utilizando cicloergômetro, esta vem tendo a maior preferência dos pesquisadores para área da Educação Física. É necessário incialmente aferir a FC de repouso. A metodologia empregada nesse protocolo inclui a escolha de uma carga de trabalho que varia de acordo com o sexo. Para indivíduos do sexo masculino, a carga deve variar entre 100 e 200 watts; para mulheres, entre 75 e 150 watts. A escolha da carga é primordial para o sucesso do teste, uma vez que essa carga de trabalho deverá ser capaz de induzir uma resposta da frequência cardíaca entre 50% e 85% da máxima predita para a idade. Com a seleção da carga, o avaliado deverá pedalar durante seis minutos. Haverá o registro da FC do quinto e do sexto minuto, e, se a diferença entre uma e outra for superior a 5 bpm, o teste deve continuar até que a FC esteja estabilizada. Caso a FC esteja abaixo de 50% da máxima prevista para a idade, ajusta‑se a carga de trabalho em mais 25 ou 50 watts e solicita‑se ao avaliado mais cinco minutos de esforço físico. Após a aplicação do teste, o VO2max em l.min ‑1 será calculado por meio da seguinte equação: ( )12 2FCmax FCrepousoVO máx. l.min x VO cargaFCesforço FCrepouso− −= − Em que: FCmax (bpm): frequência cardíaca máxima prevista para a idade. Pode ser obtida por meio da equação: FCmax = 220 – idade (anos) FCrepouso (bpm): frequência cardíaca obtida antes do início do teste FCesforço (bpm): média da frequência cardíaca obtida no quinto e no sexto minuto de esforço: ( ) FC 5º minuto FC 6º minutoFCesforço bpm 2 += VO2carga: consumo de oxigênio expresso em l.min ‑1, necessário para pedalar a carga de trabalho pela relação: VO2carga (l.min ‑1) = 0,129 + (0,014 x carga de trabalho em watts) Caso o avaliado tenha idade superior a 25 anos, o seguinte fator de correção deverá ser aplicado: Fator de correção para idade = (‑0,009 x idade) + 1,212 173 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Após a aplicação do fator de correção, deve‑se multiplicá‑lo pela medida de VO2max em l.min ‑1 estimada anteriormente. Esse teste determina o VO2max em l.min ‑1. Assim, alguns cálculos ainda deverão ser realizados para converter l.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1). Inicialmente, será necessário converter l.min‑1 em ml.min‑1. Para isso, é necessário multiplicar o valor obtido por 1000. VO2máx. (ml.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 E então, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal: ( ( ) 1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = Veja um exemplo: Homem 24 anos Peso: 70 kg FCmáxima: 196 bpm FCrepouso: 70 bpm FCesforço: 158 no quinto minuto e 162 no sexto minuto Carga do teste: 150 watts VO2carga (l.min ‑1) = Logo: VO2carga (l.min ‑1) = 0,129 + (0,014 x carga de trabalho em watts) VO2carga (l.min ‑1) = 0,129 + (0,014 x 150) 174 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II VO2carga (l.min ‑1) = 0,129 + (2,1) VO2carga (l.min ‑1) = 2,229 Logo: ( ) FC 5º minuto FC 6º minutoFCesforço bpm 2 += ( ) 158 162FCesforço bpm 2 += FC esforço(bpm) = 160 Assim: FCmáxima 220 – idade= FCmáxima 196= Então: ( )12 2FCmax FCrepousoVO máx. l.min x VO cargaFCesforço FCrepouso− −= − ( )12 196 70VO máx. l.min x 2,229160 70− − = − ( )12 126VO máx. l.min x 2,22990− = VO2máx . (I . min ‑1] = (1,4) x 2,229 VO2máx . (I . min ‑1] = 3,12 Para converter l.min‑1 em ml.min‑1, é necessário multiplicar o valor por 1000. Logo: VO2máx. (ml.min ‑1) = VO2máx. (l.min ‑1) x 1000 175 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES VO2máx. (ml.min ‑1) = 3,12 x 1000 VO2máx. (ml.min ‑1) = 3120 Após isso, para converter o valor de ml.min‑1 para o valor relativo ao peso corporal (ml.kg‑1.min‑1), é necessário dividir o valor obtido pelo peso corporal. Logo: ( ( ) 1 21 2 VO máx. ml.min VO máx.[ ml kg.min peso corporal − − = ( 12 3120VO máx. [ml kg.min 70− = VO2máx . [ml(kg . min ‑1] = 44,57 6.2.2.4 Testes em esteira rolante Modelo de estágio único de Ebbeling et al. (1991) Teste submáximo para avaliar a capacidade aeróbia de adultos saudáveis entre 20 e 59 anos em modelo de estágio único. Para a realização desse teste, será utilizado estágio único de quatro minutos. Durante a realização desse teste, será necessário anotar a velocidade máxima atingida durante o teste (km/h), a FC máxima atingida e a idade do avaliado. A velocidade de trabalho varia entre 3,2 e 7,8 km/h, dependendo do nível de condicionamento físico do avaliado, com inclinação de 5%. Haverá aquecimento prévio de quatro minutos com inclinação de 0% Após a realização do teste, deve‑se utilizar a seguinte equação: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 15,1 + [21,8 x (Vkph/1,61)] – (0,327 x FC) – [0,263 x (Vkph/1,61) x I] + (0,0054 x FC x I) + (5,98 x G) 176 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Onde: VKph: velocidade da esteira em quilômetros por hora FC: frequência cardíaca máxima atingida em batimentos por minuto I: idade em anos G (gênero): 0 para feminino e 1 para masculino Veja um exemplo: Homem 30 anos FC: 140 bpm Velocidade: 5,0 km/h Logo: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 15,1 + [21,8 x (Vkph/1,61)] – (0,327 x FC) – [0,263 x (Vkph/1,61) x I] + (0,0054 x FC x I) + (5,98 x G) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 15,1 + [21,8 x (5,0/1,61)] – (0,327 x 140) – [0,263 x (5,0/1,61) x 30] + (0,0054 x 140 x 30) + (5,98 x 1) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 15,1 + [21,8 x (3,10)] – (45,78) – [0,263 x (3,10) x 30] 177 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES + (0,0054 x 140 x 30) + (5,98 x 1) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 15,1 + [67,58] x (45,78) – [24,459] + (22,68) + (5,98) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 41,101 Modelo de múltiplos estágios de Naughton, Balke e Nagle (1964) Esse teste é exclusivo para homens adultos, sedentários, cardíacos ou de alto risco. O teste se inicia após aquecimento prévio de dois minutos. O tempo de cada estágio é de dois minutos; o primeiro se inicia com velocidade de 1,6 km/h e inclinação de 0% e no segundo estágio a velocidade é aumentada para 3,2 km/h e a inclinação permanece em 0%. Nos estágios subsequentes, a velocidade permanece constante em 3,2 km/h e a inclinação é aumentada em 3,5% a cada dois minutos. É necessário anotar o tempo total de duração do teste. Após a realização do teste, o VO2max será calculado por meio da equação proposta por Foster et al. (1984): VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 3,6 + (1,61 x tlim) Observação Tlim é o tempo de duração total do teste em minutos. Veja o exemplo a seguir: Homem 30 anos Tempo limite: 12,46 minutos VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 3,6 + (1,61 x tlim) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 3,6 + (1,61 x 12,46) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 3,6 + (20,060) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 3,6 + (23,66) 178 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Protocolo de Bruce É um dos protocolos que tem maior aceitação por cardiologistas. O objetivo do teste é elevar a FC até 50% a 85% da FC máxima prevista para a idade. Para isso, o avaliado irá realizar um protocolo constante, com aumentos de intensidade e inclinação a cada três minutos. O protocolo se inicia com um aquecimento de três minutos, com caminhada na velocidadede 3 a 4 km/h sem inclinação. Após o aquecimento, se inicia o primeiro estágio, com velocidade de 2,7 km/h e inclinação de 10%, e, a cada estágio, haverá aumento de 1,4 km/h na velocidade e 2% de aumento na inclinação até que a FC alcance os valores submáximos preconizados. 22 20 18 16 14 12 10 0 3 6 9 12 15 18 21 2,7 KM/h 4,0 KM/h 5,5 KM/h Tempo (min) In cl in aç ão (% ) 6,7 KM/h 8,0 KM/h 8,8 KM/h 9,6 KM/h Figura 114 – Exemplo de aplicação do teste de Bruce O VO2max será calculado pelas seguintes equações: Homem cardiopata: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (2,327 x tempo) + 9,48 Homem ativo: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (3,778 x tempo) + 0,19 Homem sedentário: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (3,288 x tempo) + 4,07 179 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Mulher: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (3,36 x tempo) + 1,06 Veja um exemplo, considerando um indivíduo do sexo masculino ativo: Tempo de teste: 15 minutos Logo: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (3,778 x 15) + 0,19 VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = (56,67) + 0,19 VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 56,86 6.2.3 Testes de cargas máximas Os testes máximos são aqueles em que as cargas de trabalho impostas ao avaliado atingem pelo menos 90% da FCmax, e, de acordo com o American College of Sports Medicine (2007), são protocolos extremamente úteis para a determinação de doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos quando utilizados na avaliação direta, com analisador de gases. São testes que necessitam de ergômetros específicos e profissionais bem treinados para sua execução, porque, em sua maioria, os testes apresentados na literatura são diretos. Os protocolos máximos são mais indicados para indivíduos com um bom nível de condicionamento físico, uma vez que eles devem continuar até a exaustão voluntária do indivíduo. Assim como os testes submáximos, os testes máximos apresentam vantagens e desvantagens, conforme Charro et al. (2010): • São mais úteis para diagnosticar doença arterial coronariana em indivíduos assintomáticos. • Analisam diretamente os gases (são mais dispendiosos e mais demorados e necessitam de equipes treinadas). • São utilizados mais em pesquisas e ambientes clínicos. • Exigem que os participantes se exercitem até atingirem a exaustão voluntária. Para garantir maior segurança ao participante, anteriormente ao teste de esforço, seja ele máximo ou submáximo, o avaliado deve ler e assinar um termo de consentimento explicativo sobre as condições do teste, juntamente com os riscos e benefícios, e é recomendado também que o avaliado responda ao questionário Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR‑Q) 180 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II Figura 115 – Questionário Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR‑Q) Além disso, os seguintes critérios, preconizados pelo American College of Sports Medicine (2000), deverão ser considerados como contraindicações a realização. 181 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Contraindicações absolutas para a realização de testes de esforços físicos (tanto máximos quanto submáximos): • Infarto do miocárdio recente complicado. • Angina instável. • Arritmia ventricular não controlada. • Arritmia atrial não controlada que compromete a função cardíaca. • Bloqueio cardíaco atrioventricular de terceiro grau sem marca passo. • Insuficiência cardíaca congestiva aguda. • Estenose aórtica grave. • Suspeita ou certeza de aneurisma dissecante. • Miocardite ou pericardite suspeita ou ativa. • Tromboflebite ou trombo intracardíaco. • Embolia pulmonar ou sistêmica recente. • Infecções agudas. • Distúrbio emocional significativo (psicose). Ainda de acordo com o American College of Sports Medicine (2000), os seguintes critérios de interrupção do teste de esforço tendo como objetivo a avaliação da aptidão aeróbia sem monitoramento eletrocardiográfico deverão ser seguidos: • Início de angina ou sintomas semelhantes à angina. • Queda significativa da pressão sistólica ou incapacidade de elevação dessa pressão com o aumento da intensidade do exercício. • Elevação excessiva da pressão arterial: pressão sistólica > 260 mmHg ou pressão diastólica > 115 mmHg. • Sinais de pouca perfusão: aturdimento, confusão, ataxia, palidez, cianose, náusea ou pele fria e viscosa. • Incapacidade de aumento da frequência cardíaca com a elevação da intensidade de esforço. 182 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 Unidade II • Alteração notável do ritmo cardíaco. • Avaliado pedir para parar o teste. • Manifestações físicas ou verbais de fadiga grave. • Falha do equipamento do teste. Embora a maioria dos testes máximos sejam aplicados de forma direta, existem vários protocolos na literatura que são válidos para a determinação do VO2max de forma indireta. Citaremos alguns testes a seguir. 6.2.4 Testes em esteira rolante Protocolo de Naughton (1963) Esse protocolo é extremamente interessante para avaliados com baixo condicionamento físico. Após aquecimento inicial, o avaliado irá realizar três estágios de três minutos na velocidade de 3,2 km/h, sendo o primeiro com inclinação de 7% e mais 3,5% de aumento para o segundo e terceiro estágios. Após essa fase inicial do protocolo, haverá aumento da velocidade por mais dois estágios (quarto e quinto) para 4,8 km/h e reduz‑se a inclinação para 10% e 12,5%, respectivamente. Na última fase do protocolo (a partir do sexto estágio) com inclinação de 12%, adicionam‑se 2% a cada estágio, e a velocidade permanece constante em 5,5 km/h até a exaustão voluntária. A estimativa do VO2max é determinada pela seguinte equação, preconizada por Bruce (1971): Homens: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) Mulheres: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) Veja o exemplo, considerando uma mulher que finalizou o teste com 18 minutos: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,05 + (49,32) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 57,37 183 Re vi sã o: L uc as - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 1 1/ 12 /1 7 MEDIDAS E AVALIAÇÕES Protocolo de Ellestad (1969) Esse protocolo é indicado para avaliados homens e mulheres mais bem condicionados. Para a realização desse teste, a inclinação da esteira rolante permanece em 10% do primeiro ao quarto estágio, sendo que o primeiro estágio tem velocidade pré‑definida de 2,7 km/h e se eleva para 4,8 km/h no segundo estágio; passando para o terceiro estágio, um novo incremento na velocidade é adicionado, de 1,6 km/h (6,4 km/h), e o mesmo ocorre no quarto estágio, mais 1,6 km/h (8,0 km/h). Após os quatro estágios iniciais, a inclinação aumenta para 15% (quinto estágio). A partir do sexto estágio, a inclinação permanece a mesma e a velocidade segue com incremento de 1,6 km/h até a exaustão voluntária. Os estágios 1 e 5 têm duração de três minutos, já os estágios 2 a 4 e 6 até o final do teste são mantidos em dois minutos. O tempo é um minuto maior somente nos estágios em que há inclinação da esteira rolante. O cálculo do VO2max é realizado por meio da equação de Bruce: Homens: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) Mulheres: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,05 + (2,74 x duração do teste) Veja o exemplo, considerando um homem bem condicionado que encerrou o teste em 15 minutos: VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,33 + (2,94 x duração do teste) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,33 + (2,94 x 15) VO2máx. [ml(kg.min) ‑1)] = 8,33 + (52,43) 6.2.5 Testes com ergômetro de perna (bicicleta) Protocolo de Técnica de Balke (1959) Para a realização do protocolo de Balke, serão utilizados estágios progressivos de dois minutos, iniciando em zero watts com aumento de 25 watts para indivíduos não condicionados e 50 watts para indivíduos
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