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Transtornos Alimentares Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND TRANSTORNOS ALIMENTARES (TAs) Caracterizam por grave perturbação do comportamento alimentar, levando a prejuízos clínicos, psicológicos e sociais. Quadros psicopatológicos de difícil tratamento em função da sua complexa etiologia, que inclui fatores socioculturais, genéticos, neuroquímicos, familiares e associados ao desenvolvimento psicológico do indivíduo. Transtornos Alimentares • DSM-IV-TR - AN e a bulimia nervosa (BN) - uma categoria geral, não preenchem todos os critérios diagnósticos para um TA. Essas síndromes parciais são classificadas como TA sem outra especificação (TASOE). O DSM-IV-TR inclui também outro tipo de TA, o Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP). CID 10 •F50.0 Anorexia nervosa •F50.1 Anorexia nervosa atípica •F50.2 Bulimia nervosa •F50.3 Bulimia nervosa atípica •F50.4 Hiperfagia associada a outros distúrbios psicológicos •F50.5 Vômitos associados a outros distúrbios psicológicos •F50.8 Outros transtornos da alimentação •F50.9 Transtorno de alimentação não especificado Avaliação dos TAs Abrangerá aspectos clínicos, nutricionais, psiquiátricos e cognitivos que, em conjunto, determinarão a modalidade de tratamento (internação hospitalar integral, parcial ou tratamento ambulatorial) Natureza exata do problema: como o paciente entende? Psicopatologia específica. Atitudes quanto à forma e ao peso Hábitos alimentares Métodos de controle de peso 4. Psicopatologia geral • Sintomatologia neurótica, especialmente sintomas depressivos e risco de suicídio. • Funcionamento interpessoal. • Autoestima, segurança e perfeccionismo. 5. Circunstâncias sociais. 6. Saúde física. • Peso e histórico de peso TRATAMENTO GERAL DOS TAs Estabilização do estado clínico e nutricional. Identificação e a resolução dos fatores psicossociais mantenedores, a melhora das condições psiquiátricas associadas, a correção dos pensamentos disfuncionais Prevenção de recaídas. Tratamento com agentes farmacológicos, o seu uso deriva da associação frequente desta doença com a doença depressiva. Funciona como complemento dos métodos de reabilitação nutricional e de psicoterapia. Não é o tratamento principal, nem o mais eficaz! Anorexia Nervosa Medo ou fobia de engordar ou ficar acima do peso ideal, mesmo quando a pessoa está abaixo do peso normal. Recusa em manter o peso que é considerado normal ou aceitável para sua idade e altura. Visualizar sua própria imagem corporal muito distorcida. Esta doença é complexa, pois envolve problemas psicológicos, fisiológicos e sociais. Causas e fatores determinantes Grupos e fatores de risco Fatores psicológicos Fatores físicos Fatores académicos Fatores sociais Fatores genéticos Reduzem a autoestima e o autocontrole Crises de desenvolvimento, de angústia e emocional Mulheres / Adolescentes / História Familiar Anorexia Nervosa (sintomas) Interrupção da menstruação por 3 ou mais ciclos. Recusar-se a admitir a gravidade da perda de peso. Desenvolvimento de comportamentos ritualizados à refeição (ex. cortar a comida aos bocadinhos); Diminuem as horas de sono Não assumir a fome; Isolamento social; Atitude extremamente critica em relação à imagem e forma corporal; Grandes oscilações de peso; Esse quadro apresenta-se acompanhado por transtorno da imagem corporal Anorexia Nervosa: subtipos RESTRITIVO: Os indivíduos não têm compulsões periódicas, nem purgações. 2. PURGATIVO/COMPULSÃO PERIÓDICA: Os indivíduos se envolvem regularmente em compulsões alimentares ou purgações. Tratamento da anorexia nervosa Equipe Multidisciplinar e Interprofissional: Psiquiatra, Psicólogo, Nutricionista, Enfermeiro, Terapeuta Ocupacional e Educador Físico. Terapia Cognitiva-Comportamental técnica terapêutica com melhores resultados; atua nas distorções cognitivas; melhora da autoestima. Bulimia Nervosa É mais comum do que a anorexia nervosa. Padrões de alimentação erráticos acompanhados de vômitos vigorosos, abuso de laxantes e excesso de exercícios físicos. “Uma consequência da anorexia”. Bulimia Nervosa Idas frequentes ao banheiro logo após comer. Sigilo em relação à comida, levantar-se no meio da noite para comer sozinho ou escondendo comida pela casa ou local de trabalho. Emotividade e depressão. Alterações de humor. Jejuns prolongados e frequentes e obsessão por dietas. Sinais e sintomas: 14 Dificuldade de controlo. Auto criticismo severo. Autoestima determinada pelo peso. Medo de não conseguir parar de comer voluntariamente. Necessidade de aprovação dos outros. Obsessão por comida. Indisposição depois das refeições Provocação do vómito Isolamento social. Exercício físico em excesso Fuga a restaurantes e refeições planeadas. Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE) Distúrbio persistentes perturbações alimentares que levam a um aporte nutricional e energético insuficientes. TARE Intensa falta de interesse pela alimentação. Evita alimentos baseada nas características sensoriais dos alimentos e/ou preocupação em relação às consequências aversivas produzidas pela alimentação. Apresenta prejuízos nutricionais ou necessidade de suplementação. As alterações alimentares não são influenciadas pela insatisfação corporal. Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica (TCAP) Patológica quando há uma frequência (uma vez por semana nos últimos três meses). Ocorrem em situações escondidas ou onde não se espera que eles ocorram (o refeitório da empresa, seu carro, seu escritório). Ortorexia nervosa Desordem alimentar, não classificada como um Transtorno Alimentar oficial, pois não tem critérios diagnósticos estabelecidos definidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), mas tem sido sugerido. Vigorexia É uma das mais novas patologias emocionais estimuladas pela cultura. Surgiu a partir de uma sociedade crescentemente competitiva onde o culto à imagem é cada vez mais estimulado. VIGOREXIA É um transtorno de ansiedade que faz com que a pessoa enxergue seu corpo muito menor do que na verdade ele é ou está. Conhecida como complexo de Adônis, ou pelo termo científico Transtorno Dismórfico Muscular (TDM). Também não está listada ainda como uma doença pelo DSM (Manual estatístico e de diagnóstico de transtornos mentais). Pica(transtorno) Alotriofagia ou Alotriogeusia Ingestão de substâncias não comestíveis como sabonete, tijolo, argila, cascas de pintura, gesso, giz, cinzas de cigarro, etc. As pessoas com maior propensão a desenvolver o Transtorno de Pica são mulheres com tendência histérica, grávidas, pessoas de certos grupos étnicos nos quais estes comportamentos são considerados normais, e indivíduos que passaram por sérias restrições no comportamento alimentar. Vitousek, 2005 O modelo cognitivo comportamental: os sintomas anoréxicos e bulímicos são mantidos por um conjunto característico de ideias supervalorizadas sobre implicações pessoais da forma e do peso corporal. Essas atitudes têm origens na interação de características individuais estáveis (como perfeccionismo, asceticismo, e dificuldades na regulação do afeto) com ideias socioculturais para a aparência feminina. Uma vez formadas, as crenças influenciam os indivíduos que as mantêm, levando-os a se engajar em comportamentos estereotipados de alimentação e eliminação, a ser responsivos a contingências excêntricas de reforço, a processar informações de acordo com vieses cognitivos previsíveis e, eventualmente, a ser afetados por sequelas fisiológicas que também servem para manter crenças e comportamentos disfuncionais. AVALIAÇÃO DOS TRANSTORNOS AUMENTARES POR INSTRUMENTOS Instrumentos autoaplicáveis, mas não são instrumentos diagnósticos. Eating Attitudes Test, rastreia indivíduos susceptíveis ao desenvolvimento de AN ou BN. Eating Disorder Examination, avalia a psicopatologia e os comportamentos específicos dos TA em quatrosubescalas - restrição alimentar, preocupação alimentar, com a forma corporal e o peso corporal. Binge Eating Scale (Escala de Compulsão Alimentar Periódica), desenvolvida para avaliar a gravidade da CAP em indivíduos obesos. Bulimic Investigatory Test, Edinburgh, desenhado para avaliar aspectos cognitivos e comportamentais relacionados à bulimia. Three-factor Eating Questionnaire, abrange três domínios do comportamento alimentar - restrição cognitiva, desinibição e fome percebida (Freitas, 2006). O diagnóstico dos TAs Só se faz por meio de entrevistas. A entrevista considerada o padrão-ouro para o diagnóstico dos TAs é a Eating Disorder Examination – EDE, já traduzida e em processo de validação no Brasil. Pode também ser utilizado o módulo de TA da Entrevista Clínica Estruturada para os Transtornos do DSM-IV (SCID-I/P) e, para crianças e adolescentes, a Sessão de Transtornos Alimentares do DAWBA (Freitas, 2006). Inventários e testes •BDI, Crenças Irracionais de Ellis, ISSL (Inventário de Sintomas de Stress Lipp (Casa do Psicólogo), Inventário de Young (versão longa), Assertividade, IHS (Inventário de Habilidade Sociais – Casal Del Prette/ Casa do Psicólogo), Escala do Sono, Inventário do Medo (Wolpe). •Escala de Alexithimia (Yoshida, E.) •EAS-40. TRATAMENTO DOS TAs Delineado de acordo com os sintomas psicopatológicos apresentados pelo paciente, ao invés de estar associado a um diagnóstico específico. Modelo transdiagnóstico : 4 estágios Estágio I é intensivo, consultas duas vezes por semana, implementar estratégias comportamentais que facilitem a adesão a um padrão regular de alimentação e a eliminação dos métodos compensatórios. Os objetivos: 1. envolver a paciente no processo de mudança; 2. criar a conceitualização; 3. fornecer educação sobre o TA, o modelo e a estrutura da TCC; 4. estabelecer a avaliação semanal do peso e 5. implementar um padrão regular de alimentação. Estágio II Revisão do progresso obtido com as estratégias utilizadas no estágio I, são selecionadas as técnicas adicionais que serão utilizadas no estágio 3. Trata mecanismos “externos” à psicopatologia central do TA, utilizando versões ampliadas de TCC, que focalizam o perfeccionismo, a baixa autoestima e as dificuldades interpessoais. ESTÁGIO III Aprofundar a abordagem dos mecanismos que estão mantendo o TA e a abordagem dos aspectos cognitivos. A normalização do padrão alimentar passa a incluir o incentivo ao desenvolvimento de um padrão flexível de alimentação. Modificação do sistema disfuncional de crenças associadas a peso e formato corporal. Abordagem da imagem corporal. Estratégias para reduzir e regular estados intensos de humor. Aumento da autoestima e redução do perfeccionismo. Desenvolvimento de habilidades interpessoais . Adaptações para pacientes obesas com compulsão alimentar . Estágio IV Desenvolver estratégias que diminuam o risco de recaída. As sessões em intervalos de duas semanas. Estratégias para a prevenção de recaídas. Paciente deve identificar as situações de alto risco que poderiam dificultar o controle da alimentação no futuro e, com o auxílio do terapeuta, são elaboradas estratégias para lidar com essas situações. Organizar um plano de manutenção por escrito. Discutir a diferença entre lapso e recaída. Qual é a tríade cognitiva para os Transtornos Alimentares? DEPRESSÃO Avaliação negativa de: • si - mesmo, • ambiente e • do futuro. ANSIEDADE Avaliação catastrófica de: • si – mesmo como sem estratégias, • ambiente é perigoso e • do futuro como incerto. Modelo Cognitivo Comportamental Fatores mantenedores Fisiológicos Privação alimentar favorece episódios de compulsão alimentar. Episódios de compulsão alimentar interferem no metabolismo da glicose e insulina. Psicológicos Privação alimentar pensamentos obsessivos sobre comida e maior necessidade de controle. Culturais Magreza vista como símbolo de controle. MORGAN, Christina M; VECCHIATTI, Ilka Ramalho; NEGRAO, André Brooking. Etiologia dos transtornos alimentares: aspectos biológicos, psicológicos e sócio-culturais. Rev. Bras. Psiquiatr. , São Paulo, v. 24, supl. 3, pág. 18-23, dezembro de 2002. Controle Aversivo do caos familiar No decorrer de sua história de vida, a cliente pode ter aprendido que o seu adoecimento é aversivo para os pais. Esta pode acabar provocando o adoecimento através da restrição alimentar como uma forma de exercer contracontrole diante do controle aversivo dos pais. Em outro extremo, o adoecer de desnutrição pode mobilizar a atenção de pessoas significativas para a paciente, ou mobilizá-los para liberarem outros reforçadores. O NÃO comer O Comer inadequado dos TAs afetam: 1. A coesão, 2. A resolução do conflito, 3. Individuação e 4. Intimidade. Todos em ciclos auto perpetuadores. Mensagem dúbia: “Estou doente e preciso de ajuda” e “Apenas eu sei o que estou fazendo e devo ser deixada em paz”. Palazzoli concluiu que os sintomas dos TA são estratégias secretas – que servem para evitar que a família e o próprio indivíduo admitam a insatisfação. A alienação através do controle do corpo. Tabela – Modelo de diário alimentar.
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