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Proliferação Celular - SP5 câncer de pulmão EPIDEMIOLOGIA O câncer de pulmão atualmente é o câncer diagnosticado com maior frequência no mundo entre os tipos principais (estimativa de 1,6 milhão de casos novos em 2008) e a causa de mortalidade por câncer mais comum mundialmente (1.380.000 mortes em 2008). ● Isso se deve, em grande parte, aos efeitos carcinogênicos do tabagismo. Nas próximas décadas, as alterações no hábito de fumar influenciarão muito na incidência e mortalidade do câncer de pulmão, assim como na prevalência dos vários tipos histológicos de câncer de pulmão Para o Brasil, estimam-se, para cada ano do triênio 2020-2022, 17.760 casos novos de câncer de pulmão em homens e 12.440 em mulheres. ● Esses valores correspondem a um risco estimado de 16,99 casos novos a cada 100 mil homens e 11,56 para cada 100 mil mulheres. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de pulmão em homens ocupa a segunda posição mais frequente nas Regiões Sul (31,07/100 mil) e Nordeste (11,01/100 mil). Nas Regiões Sudeste (18,10/100 mil), Centro-Oeste 15,11/100 mil) e Norte (9,24/100 mil), ocupa a terceira posição. Para as mulheres, é o terceiro mais frequente nas Regiões Sul (18,66/100 mil) e Sudeste (12,09/100 mil). Nas Regiões Centro-Oeste (10,87/100 mil), Nordeste (8,86/100 mil) e Norte (6,47/100 mil), ocupa a quarta posição. FISIOLOGIA ● Tabagismo: aproximadamente 80% dos cânceres de pulmão ocorrem em fumantes ativos ou naqueles que pararam de fumar recentemente. ○ Há uma correlação quase linear entre a frequência do câncer de pulmão e a quantidade de maços/ano consumida. ○ O risco aumentado torna-se 60 vezes maior entre fumantes pesados habituais (dois maços ao dia, por 20 Larissa Moitinho anos) comparado com o de não fumantes. ● Contudo, como o câncer de pulmão se desenvolve em apenas 11% dos fumantes pesados, há outros fatores que predispõem os indivíduos a essa doença mortal. ○ Por razões que ainda não estão claras, as mulheres têm maior suscetibilidade aos carcinógenos da fumaça do tabaco que os homens. Infelizmente, os efeitos carcinógenos da fumaça do tabaco se estendem àqueles que vivem e trabalham com fumantes. ● O fumo passivo ou a fumaça de tabaco ambiental contém numerosos carcinógenos humanos para os quais não existe um nível de exposição seguro. Estima-se que, a cada ano, aproximadamente 3.000 adultos não fumantes morram de câncer pulmonar como resultado da inalação passiva da fumaça do tabaco. O TABAGISMO ETIOLOGICAMENTE Embora a duração e intensidade do tabagismo estejam bem correlacionadas com o risco de câncer, nem todas as pessoas expostas ao tabaco desenvolvem câncer. ● Alguns destes podem ser obra do acaso, mas é também provável que o efeito mutagênico dos carcinógenos do tabaco seja modificado por variáveis genéticas. Lembre-se de que muitos produtos químicos (pró-carcinógenos) são convertidos em carcinógenos através da ativação pelo sistema de enzimas mono-oxigenases P-450 altamente polimórficas. ● Os polimorfismos específicos do P-450 tem capacidade aumentada para ativar pró-carcinogênicos na fumaça do tabaco, e fumantes com essas variações genéticas parecem incorrer em um risco maior de câncer de pulmão. ● De maneira similar, os indivíduos cujos linfócitos do sangue periférico mostram quebras cromossômicas mais numerosas depois da exposição a carcinógenos relacionados ao tabaco (genótipo de sensibilidade mutagênica) apresentam um risco maior do que 10 vezes de desenvolvimento de câncer pulmonar quando comparados a grupos-controle, provavelmente por conta da variação genética em genes envolvidos no reparo do DNA. ● Riscos industriais: Certas exposições industriais, como asbestos, arsênico, cromo, urânio, níquel, cloreto de vinila e gás mostarda aumentam o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão. A radiação ionizante em altas doses é carcinogênica. Havia um aumento na incidência do Larissa Moitinho câncer de pulmão entre os sobreviventes das explosões das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, bem como nos trabalhadores altamente envolvidos na limpeza depois do desastre de Chernobyl. ● Poluição do ar: Não é certo se a poluição do ar, por si só, aumenta os riscos de câncer no pulmão, mas ela provavelmente aumenta o risco nos indivíduos que fumam ou estão expostos a fumaça de tabaco de terceiros. Isso se dá por diferentes mecanismos. A POLUIÇÃO ETIOLOGICAMENTE A exposição crônica a partículas do ar poluído pode causar irritação dos pulmões, inflamação e reparo, e as inflamações e reparos crônicos aumentam os riscos de vários tipos de câncer. ● Genética molecular: Como em outras formas de câncer, os carcinomas pulmonares relacionados ao tabagismo se originam por um acúmulo gradativo de mutações oncogênicas “condutoras” que resultam na transformação neoplásica das células epiteliais pulmonares. ○ Algumas alterações genéticas associadas com câncer podem ser encontradas nos epitélios brônquicos “benignos” de fumantes sem câncer pulmonar, sugerindo que grandes áreas da mucosa respiratória são mutagenizadas pela exposição a carcinógenos da fumaça do tabaco (“efeito de campo”). ○ Nesse solo fértil, as poucas células que acumulam um arsenal suficiente de mutações condutoras complementares para adquirirem todas as marcas registradas de câncer se transformam em carcinomas invasivos. TIPOS E CARACTERÍSTICAS A OMS classifica o carcinoma broncogênico em dois grandes grupos histológicos: ● Carcinomas de não-pequenas células (CNPC): os cânceres de não-pequenas células representam 75 a 80% de todos os casos. ○ Esses incluem o adenocarcinoma, o carcinoma de células escamosas (epidermóide) e o carcinoma de grandes células. ○ Os não-pequenas células geralmente se disseminam lentamente para outros órgãos no corpo e pode ser difícil detectá- los em estágios precoces. Este grupo pode ser dividido nos seguintes subgrupos: Larissa Moitinho ● Carcinoma de células escamosas (epidermóide): Variante papilar; Variante de células claras; Variante de pequenas células; Variante basalóide. ● Adenocarcinoma: ○ Origem proximal (brônquica): acinar, papilar e sólido; ○ Origem distal: carcinoma bronquíolo alveolar. ● Carcinoma de grandes células: ○ Carcinoma neuroendócrino de células grandes; ○ Carcinoma basiloide; ○ Carcinoma de células claras; ○ Carcinoma de células grandes com fenótipo rabdoide. ● Carcinoma anaplásico de pequenas células. ● Carcinoma adenoecamoso ou misto (epidermoide +adenocarcinoma). ● Carcinoma de pequenas células (CPC ou oat cells ): os cânceres de pequenas células são responsáveis por 20 a 25% dos casos de câncer de pulmão. ○ Eles se disseminam muito rapidamente no pulmões para outros órgãos. ■ Carcinoide neuroendócrino típico (produz substâncias do tipo carcinoide). ■ O Carcinoide neuroendócrino atípico (libera substâncias vasoativas). ■ O Variante: carcinoma de pequenas células combinado (CPC com elementos escam osos e/ou glandulares). SÍTIOS METÁSTATICOS ● Pulmão contra lateral; ● Ossos; ● Fígado; ● Adrenal; ● Cérebro. FATORES DE RISCO ● Radiação; ● Intoxicação ambiental; ○ Asbesto; ○ Radônio. ● Fibrose pulmonar; ● HIV; Larissa Moitinho ● Álcool; ● DPOC; ● Tabagismo. ○ Pessoa com carga tabágica de 40 anos /maço tem 20x mais chance de desenvolver um câncer de pulmão em relação a um não tabagista. QUADRO CLÍNICO O câncer de pulmão é uma das neoplasias mais insidiosas e agressivas do domínio da oncologia. ● Num caso usual, ele é descoberto em pacientes por volta dos 50 anos de idade ou mais, cujos sintomas têm vários meses de duração. ● As principais queixas de apresentação são tosse (75%), perda de peso (40%), dor torácica (40%) e dispneia (20%). ● Não raramente, o tumor é descoberto pela sua disseminação secundária, durante a investigação de uma neoplasia suspeita primária ou metastática em outra localização. Os sinais e sintomas específicos de pacientes com câncer de pulmão dependem dos seguintes fatores: ● Localização do tumor; ● Invasão locoregional; ● Metástases à distância. Sintomas secundários ao crescimento do tumor primário dentro do brônquio ou central: ● Tosse; ● Hemoptise; ● Estridor; ● Dispneia por obstrução; ● Pneumonia por obstrução (febre e tosse produtiva). Sintomas secundários ao crescimento periférico do tumor primário: ● Dor pleural ou por envolvimento da parede do tórax; ● Tosse; ● Dispneia por base restritiva (devido à complacência limitada da caixa torácica e devido à dor); ● Dispneia por basecavitação com abscesso pulmonar. Sintomas relacionados com crescimento loco regional para parede torácica por contiguidade ou por metástase linfonodal : ● Obstrução traqueal; ● Compressão esofágica com disfagia; ● Rouquidão com paralisia do nervo laringo-recorrente; ● Síndrome de Horner (ptose palpebral, miose e anidrose da hemiface) por paralisia de feixes Larissa Moitinho simpáticos que chegam ao tronco s impático cervical; ● Síndrome da veia cava superior ou obstrução vascular (ingurgitamento de veia jugular, edema na face, edema palpebral, edema de membro superior, dispneia, confusão mental, circulação colateral); ● Extensão para pericárdio e coração resultando em tamponamento, arritmia e falência cardíaca; ● Obstrução linfática com derrame pleural; ● Linfagite pulmonar com hipoxemia e dispneia; ● Síndrome de Pancoast com compressão do VIII nervo cervical e I torácico, gerando dor supra-escapular intensa irradiada para a face medial do braço, antebraço e mão. Alguns sinais e sintomas inespecíficos do câncer de pulmão podem ocorrer, tais como: ● Febre; ● Astenia; ● Perda de peso (um fator de péssimo prognóstico para o tumor de pulmão). ○ A perda de peso e indisposição estão associados com o fatores de mau prognóstico. ● O câncer de pulmão apresenta frequentemente mais síndromes paraneoplásicas em comparação com outro tumores. ● Apesar do câncer de pulmão poder metastisar para qualquer órgão, os mais frequentes são: ○ Pleura; ○ Pulmão (para outro lobo); ○ Ossos; ○ Cérebro; ○ Pericárdio; ○ Fígado; ○ Há também uma alta incidência de metástases adrenais: séries de autopsias chegam a descrever 41% dos casos. ■ São geralmente assintomáticas, mas a insuficiência adrenal, embora seja um quadro raro, pode acontecer. PATOLOGIAS ASSOCIADAS Síndromes paraneoplásicas são condições que não são causadas por ação direta do tumor, mais sim , devido à produção de substâncias (geralmente peptídeos) que agem à distância mimetizando substâncias produzidas pelo organismo, como insulina, por exemplo. Síndromes endócrinas: ● Hipercalemia; ● Síndrome de Cushing; ● Síndrome inapropriada do hormônio antidiurético; ● Peptídeo natriurétrico atrial; ● Ginecomastia; ● Hipoglicemia; ● Hipertireoidismo; ● Hipercalcitonemia; Larissa Moitinho Síndromes neurológicas ● Encefalopatia; ● Leucoencefalopatia multifocal progressiva; ● Polimiosite; ● Neuropatia periférica; ● Degeneração cerebelar subaguda; ● Síndrome de Eaton-Lambert; ● Neurite óptica; Síndromes ósseas e cutâneas ● Osteoartropatia pulmonar hipertrófica; ● Hiperceratose; ● Dermatomiosite; ● Acantose nigricans; ● Hiperpigmentação; ● Hipertricose lanuginosa. DIAGNÓSTICO A estratégia para o diagnóstico deve considerar riscos, probabilidade de resultados conclusivos e custos além do acesso. Citologia do escarro: o exame citopatológico do escarro poderá ser solicitado, visto que é um exame simples e que poderá confirmar a presença do câncer de pulmão. ● Contudo, a ausência de células malignas no escarro certamente não exclui a doença. ● O exame é normalmente coletado pela manhã, fazendo com que o paciente expectore num frasco de boca larga. ● Este exame pode não ser tão válido em casos de tumores localizados na periferia pulmonar. Ultrassonografia endoscópica transesofágica : para tumores que sejam centrais ou próximos ao esôfago. ● É um exame pouco utilizado devido ao seu alto custo. ● Usa-se a USG para detectar tumor disseminado para o fígado, glândulas adrenais, retroperitônio, rins e linfonodos periaórticos. ● Tem boa sensibilidade na detecção de pequenos derrames pleurais e pericárdicos. ● A USG transesofágica é útil também para o diagnóstico de invasão do átrio esquerdo e veias pulmonares intrapericárdicas. ● Pode ser auxiliar no estadiamento. Larissa Moitinho Punção transtoráxica com agulha: com o auxílio de exames por imagem (como a própria USG) para guiar a punção, o médico aspira com uma seringa conectada a uma agulha o material da lesão tumoral ou retira um pedaço de tecido da lesão através de uma agulha de corte. ● Este método diagnóstico é utilizado só nos casos em que o tumor tem uma localização mais periférica, isto é, quando a lesão está bem próxima à parede do tórax. Citologia de líquido pleural: utilizado em pacientes com derrame pleural e pode ser feita por meio de uma toracocentese. ● Aspira-se o líquido com uma seringa conectada a uma agulha após anestesia local. ● É uma alternativa para o diagnóstico, pois alguns tumores de pulmão podem se apresentardessa forma. Cirurgia torácica vídeo assistida (toracoscopia): apresenta um bom resultado, mas tem um alto custo e traz os riscos de qualquer cirurgia torácica. ● Deve-se avaliar a relação custo-benefício para a sua realização. ● É utilizada apenas para lesões periféricas. Videobroncoscopia: é um exame em que um aparelho flexível dotado de fibras ópticas e canal de instrumentação, por onde passam pinças e escovas, é introduzido pela boca ou pela narina do paciente, chegando até o pulmão. ● Dentro do pulmão, é realizada uma lavagem da área da lesão (lavado brônquico) e um a pequena escova é esfregada na lesão ou próxima dessa. ● São feitas lâminas com o esfregaço desse material da escova. ● Através de pinças, são obtidos pequenos fragmentos da lesão. ● Todo este material colhido é enviado para análise patológica. ● O rendimento da videobroncoscopia é maior nos casos de tumores centrais (que ficam mais ao alcance do aparelho). ○ Se o tumor não estiver centralizado, mas estiver próximo ao brônquio principal, pode- se fazer a broncoscopia associada à radioscopia. Larissa Moitinho ESTADIAMENTO TRATAMENTO Os tumores malignos do pulmão podem ser tratados com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. ● Estas modalidades também podem ser combinadas. ● A radioterapia é frequentemente utilizada em conjunto com a cirurgia. ● Há vários casos em que, ao invés de se fazer a cirurgia, a radioterapia é combinada com a quimioterapia. ● A quimioterapia também é utilizada em conjunto com a cirurgia, seja para tornar os tumores menores, facilitando a cirurgia, seja para ajudar a destruir as células cancerosas no local do tumor. O médico decidirá o tratamento de acordo com o tipo celular do tumor, seu estadiamento e com as condições do paciente. ● Praticamente todos aqueles que sofrem de câncer de pulmão apresentam comorbidade cardiovascular, respiratória e vascular cerebral com base em sua idade, no tabagismo e em outra exposição ocupacional. ● O teste mais útil é aquele de tolerância ao exercício, no qual a capacidade de caminhar 1600 m no solo plano ou subir seis lances de escadas sem repouso prolongado geralmente indica a elegibilidade para ressecção pulmonar. ● O volume expiratório forçado em um segundo (F EV1) foi a orientação útil para a aptidão respiratória para ressecção, com 40% do valor normal indicado a capacidade de sobreviver à lobectomia sem ficar como um Larissa Moitinho “incapacitado respiratório” após a cirurgia. ● Na pneumoectomia, geralmente é necessário um FEV1 de 60%. A eleição de tratamento de acordo com o estadiamento da doença é apresentada a seguir: Estadiamento I e II: a cirurgia é o tratamento padrão, exceto para os paci entes que não atendem às condições orgânicas para a cirurgia ou para o pós- cirúrgico, isto é, não apresentam reserva pulmonar suficiente. ● Para estes pacientes, pode-se fazer a radioterapia com o tratamento definitivo. Estadiamento II A a IIIA: faz-se cirurgia com quimioterapia adjuvante preventiva. Estadiamento IIIA com N2 volumoso e IIIB sem derrame pleural ou pericárdico: faz-se quimioterapia associada à radioterapia seguida de cirurgia ou então quimioterapia paliativa isolada (o que melhora a sobrevida do paciente). Estadio IIIB com der rame ou IV: opta-se por realizar apenas quimioterapia paliativa. POLÍTICAS PÚBLICAS/SUPORTE AOS FAMILIARES Com o lema "Nós podemos, eu posso", a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) se une à comunidade internacional para marcar o Dia Mundial Contra o Câncer (4 de fevereiro), instando a aplicação de políticas públicas que favoreçam estilos de vida saudáveis, que poderiam evitar mais de um terço dos cânceres. Entre as estratégias propostas pela OPAS, escritório regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), para reduzir o risco de câncer e outras doenças não transmissíveis estão: ● Aumentar os impostos, restringir o acesso e alertar sobre os perigos do tabaco e do uso nocivo do álcool. ● Promover a consciência pública acerca da alimentação saudável, a atividade física e o peso saudável. ● Imunizar contra a hepatite B desde o nascimento para prevenir o câncer de fígado e contra o papilomavírus humano (HPV), no caso das meninas adolescentes, para prevenir o câncer cervical. ● Organizar programas de rastreio para detectar e tratar lesões pré-cancerosas e prevenir o câncer do colo do útero, além de detectar precocemente o câncer de mama. cUIDADOS PALIATIVOS O QUE É E SUA IMPORTÂNCIA Nas fases inicias do câncer, o tratamento geralmente é agressivo, com objetivo de cura ou remissão, e isso é compartilhado com o doente e sua família de maneira otimista. Quando a doença já se apresenta em estágio avançado ou evolui para esta condição mesmo durante o tratamento com intenção curativa, a abordagem paliativa deve entrar em cena no manejo dos sintomas de difícil controle Larissa Moitinho e de alguns aspectos psicossociais associados à doença. ● Na fase terminal, em que o paciente tem pouco tempo de vida, o tratamento paliativo se impõe para, através de seus procedimentos, garantir qualidade de vida. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em conceito definido em 1990 e atualizado em 2002, "cuidados paliativos consistem na assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais". ● O término de uma terapia curativa para o câncer não significa o final de um tratamento ativo, mas mudanças em focos de tratamento. A OMS enfatiza que o tratamento ativo e o tratamento paliativo não são mutuamente excludentes e propõe que "muitos aspectos dos cuidados paliativos devem ser aplicados mais cedo, no curso da doença, em conjunto com o tratamento oncológico ativo" e são aumentados gradualmennte como um componente dos cuidados do paciente do diagnóstico até a morte. ● A transição do cuidado ativo para o cuidado com intenção paliativa é um processo contínuo e sua dinâmica difere para cada paciente. QUAIS TIPOS 1. Fornecer alívio para dor e o utros sintomas estressantes como astenia, anorexia, dispnéiae outras emergências oncológicas. 2. Reafirmar vida e a morte como processos naturais. 3. Integrar os aspectos psicológicos, sociais e espirituais ao aspecto clínico de cuidado do paciente. 4. Não apressar ou adiar a morte. 5. Oferecer um sistema de apoio para ajudar a família a lidar com a doença do paciente, em seu próprio ambiente. 6. Oferecer um sistema de suporte para ajudar os pacientes a viverem o mais ativamente possível até sua morte. 7. Usar uma abordagem interdisciplinar para acessar necessidades clínicas e psicossociais dos pacientes e suas famílias, incluindo aconselhamento e suporte ao luto. Os cuidados paliativos modernos estão organizados em graus de complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo. ● Os cuidados paliativos gerais referem-se à abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar. Larissa Moitinho ● Cuidados paliativos específicos são requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no momento em que se torna claro que o paciente encontra- se em estado progressivo de declínio. ○ Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos. ● Os cuidados ao fim de vida referem- se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida. ○ O reconhecimento desta fase pode ser difícil, mas é extremamente necessário para o planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito. ○ Mesmo após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de morte : como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à própria equipe interdisciplinar. A assistência familiar pós- morte pode e deve ser iniciada com intervenções preventivas. ● A abordagem ao paciente e família é feita por uma equipe multiprofissional composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, fonoaudiólogos e farmacêuticos, em atividades diretamente ligadas às necessidades biopsicossociais. ENTIDADES O Hospital do Câncer (HC) IV é a unidade de Cuidados Paliativos do INCA, localizada no Rio de Janeiro, responsável pelo atendimento ativo e integral aos pacientes do Instituto portadores de câncer avançado, sem possibilidades de cura. ● Assim, a instituição tem como missão “Promover e prover cuidados paliativos oncológicos da mais alta qualidade, com habilidade técnica e humanitária, com foco na obtenção da melhor qualidade de vida a seus pacientes e familiares. " O Hospital de Câncer de Barretos também é uma referênc ia na á rea, sua missão se assemelha ao HC IV. ● Toda via, seu funcionamento é peculiar, uma vez que existe uma área específica pra o tratamento dos pacientes com cuidado paliativo, na qual a equipe multiprofissional está preparada para atuar. REFERÊNCIAS Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2020 : incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. – Rio de Janeiro : INCA, 2019. Larissa Moitinho KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010; INCA. INDICADORES DA UNID ADE DE CUIDADOS PALIATIVOS/ HOSPITAL DO CÂNCER IV DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER /MS . Disponível em: <http ://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/HcIV/I ndicadores HC IV_2009.pdf>. Acesso em: 08 set. 2019. Larissa Moitinho
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