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1 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 OBJETIVOS 1. Descrever a epidemiologia e os fatores de risco do câncer de pulmão (especialmente o tabagismo e sua ação a carcinogênese). 2. Identificar os tipos histológicos e suas peculiaridades. 3. Explicar as estratégias para prevenção do câncer de pulmão. 4. Descrever as principais síndromes paraneoplásicas. 5. Analisar o câncer de pulmão (quadro clínico, diagnóstico, estadiamento e tratamento). 6. Caracterizar as orientações de prevenção primária e os métodos para cessação do tabagismo. 7. Elaborar como deve ser a relação médico- paciente em situações onde o paciente deve ser informado sobre seu estado de saúde (comunicações de más notícias) REFERÊNCIAS • Site INCA: Câncer de pulmão - versão para Profissionais de Saúde - https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer- de-pulmao/profissional-de-saude. • INCA. Detecção Precoce do Câncer, 2021. • Clínica Médica da USP, vol. 3, 2016. • INCA. Cartilha sobre abordagem breve/ mínima/ básica na cessação do tabagismo, 2021. • SILVA, Maria Júlia Paes. Comunicação de Más Notícias, 2012. EPIDEMIOLOGIA O câncer de pulmão é o segundo mais comum em homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma) É o primeiro em todo o mundo desde 1985, tanto em incidência quanto em mortalidade. Cerca de 13% de todos os casos novos de câncer são de pulmão É a primeira causa de morte por câncer em homens. Em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco. É altamente letal e a sobrevida média cumulativa total em 5 anos varia entre 13 e 21% em países desenvolvidos e entre 7 e 10% nos países em desenvolvimento. Estimativas de novos casos: 30.200, sendo 17.760 homens e 12.440 mulheres (2020 - INCA); Número de mortes: 29.354, sendo 16.733 homens e 12.621 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). Acomete principalmente pessoas entre 50 e 70 anos. FATORES DE RISCO O tabagismo é o principal fator de risco para o câncer de pulmão. O uso do tabaco causa exposição a uma mistura letal de mais de 4.700 substâncias químicas tóxicas, incluindo pelo menos 50 cancerígenas. Em geral, as taxas de incidência em um determinado país refletem seu consumo de cigarros. A mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de 15x maior do que entre pessoas que nunca fumaram, enquanto entre ex- fumantes é cerca de 4x maior. Idade avançada: a maior parte dos casos afeta pessoas entre 50 e 70 anos. Câncer de Pulmão Problema 05 https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao/profissional-de-saude https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/cancer-de-pulmao/profissional-de-saude 2 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 A exposição à poluição do ar Infecções pulmonares de repetição Doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), Fatores genéticos (que predispõem à ação carcinogênica de compostos inorgânicos de asbesto e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) História familiar de câncer de pulmão: pessoas que têm câncer de pulmão apresentam risco aumentado para o aparecimento de outros cânceres de pulmão e irmãos, irmãs e filhos de pessoas que tiveram câncer de pulmão apresentam risco levemente aumentado para o desenvolvimento desse câncer. Outros fatores incluem exposição ao fumo passivo, ao amianto, a certos metais (cromo, cadmio, arsênico), alguns produtos químicos orgânicos, radiação, poluição do ar e escape de diesel. Outros fatores de risco são: exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos (asbesto, sílica, urânio, cromo, agentes alquilantes, radônio entre outros) Algumas exposições ocupacionais que aumentam o risco incluem fabricação de borracha, pavimentação, coberturas, pintura e varredura de chaminé. Apesar de ainda ser pouco explicada, acredita-se que a exposição a arsênico na água induz a produção de espécies reativas de oxigênio (EROs) que causam dano ao DNA, o que pode alterar sua transcrição, principalmente no tocante ao crescimento celular. O uso de suplementos de altas doses (>20mg) de betacaroteno, (fonte de vitamina A), diferentemente do betacaroteno via alimentação, aumenta o risco para tabagistas. Acredita-se que o uso desses suplementos exacerbe a produção de EROs e aumente a produção de enzimas do complexo do citocromo P450, que destrói o ácido retinoico e sinaliza para aumentar o crescimento celular. Além disso, alguns metabólitos podem aumentar a ligação dos carcinógenos do tabaco ao DNA. CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA • Tumores Centrais: localizados próximos a região hilar. Ex: carcinoma de pequenas células e carcinoma epidermoide. • Tumores Periféricos: lesões que se localizam longe dos brônquios principais, ou seja, se localizam mais próximo à pleura. Ex: adenocarcinoma e carcinoma de células grandes Há 2 principais tipos de câncer de pulmão: carcinomas de pequenas células e carcinomas de não pequenas células. CARCINOMA DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS Representa mais de 80% dos casos, estando incluídos os subtipos adenocarcinomas, carcinomas de células escamosas e carcinomas de grandes células. Carcinoma Epidermoide (escamoso) É o subtipo mais comum em não fumantes, sendo o mais frequentes e países desenvolvidos. Pode manifestar-se em exames de imagem por meio de cavitações. Sua localização habitual é central e dentre as neoplasias pulmonares malignas é o mais fácil de ser identificado na cultura de escarro. Histologicamente há queratinização celular e presença de pontes intercelulares. Adenocarcinoma É um tumor de localização periférica com diferenciação glandular. É o tipo de neoplasia pulmonar mais comum em não fumates. Dentre os seus subtipos, vale ressaltar que o carcinoma bronquíolo alveolar é um adenocarcinoma in situ, ou seja, são mutações dos pneumócitos I que começam a se multiplicar e podem encher os alvéolos, mas sem invadir a membrana basal dos alvéolos. 3 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Pode se manifestar em radiografia de tórax como uma consolidação. Carcinomas de grandes células Corresponde a cerca de 10% das neoplasias pulmonares, sendo o tipo histológico menos comum. Histologicamente são pouco diferenciadas, suas células possuem muito citoplasma e os núcleos são grandes. CARCINOMAS DE PEQUENAS CÉLULAS Corresponde à 20% dos cânceres de pulmão. É o mais agressivo dentre as neoplasias pulmonares, sendo um tumor indiferenciado. A patogênese desta neoplasia possui íntima relação com elevada carga tabágica (consumo de cigarros/ano) e é rara em pacientes não tabagistas e jovens. Apresentam crescimento rápido, possuem grande capacidade de disseminação, sendo frequentemente diagnosticado na forma de doença metastática (75%). Sendo assim, é considerado o de pior prognóstico, pois é inoperável mesmo em tumores pequenos. Histologicamente possui células pequenas e azuis de citoplasma praticamente ausente e núcleo muito hipercromático. Tipicamente, os sintomas ocorrem de forma inespecífica em pacientes com elevada carga tabágica (> 30 anos/maço), como tosse seca, perda ponderal, inapetência ou dor torácica. Do ponto de vista radiológico, apresenta grandes massas mediastinais e metástases à distância, ocorrendo mais frequentemente em ossos, fígado, pulmão, adrenal e sistema nervoso central É muito comum manifestar-se clinicamente através de síndromes paraneoplásicas, já que esse tumor indiferenciado é na verdade uma massa de células que sintetizam grande quantidade de hormônios. A expectativa de vida ainda é limitada a cerca de 14 a 20 mesesna doença limitada e 9 a 11 meses na doença extensa. SINAIS E SINTOMAS A maioria dos pacientes só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são: • Hemoptise. • Tosse, rouquidão persistentes por mais de duas a três semanas. • Dor torácica. • Dispneia. • Astenia e perda de peso sem causa aparente. • Pneumonias de repetição Já podem estar presentes sinais e sintomas de disseminação metastática ao diagnóstico. SÍNDROMES PARANEOPLÁSICAS É uma síndrome endócrina que ocorre juntamente com as neoplasias, seja pela produção hormonal ou pela compressão gerada pelo crescimento do tumor. São sintomas que ocorrem em locais distantes de um tumor ou de sua metástase. SÍNDROME DE HORNER Sintomas: ptose palpebral, miose, anidrose, enoftalmia. Esses sintomas são causados em decorrência da compressão pelo tumor do tronco simpático (gânglio estrelado e das cadeias torácicas altas). SÍNDROME DE PANCOAST Sintomas: dor no ombro homolateral à lesão tumoral e paresia Causados pelo tumor no sulco superior que comprime o plexo braquial (C7-T1) Pode ocorrer simultaneamente com a síndrome de Horner. 4 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 É causada principalmente pelo carcinoma broncogênico. SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR (VCS) Sintomas: edemas em faces e membros superiores, turgência jugular, dispneia que se agrava quando paciente se deita ou a se inclinar (ortopneia) , sensação de aumento do volume da cabeça. Os sintomas são causados pelo crescimento do tumor que leva a obstrução/ compressão do fluxo sanguíneo na VCS. Causados principalmente pelo carcinoma broncogênico. OUTRAS Hipercalcemia: devido a produção de proteína relacionada com o hormônio paratireóideo pelo tumor ou em razão de metástases ósseas extensas que causam a produção de fatores ativadores de osteoclastos (mais frequente em carcinomas epidermoides) Osteoartropatia hipertrófica (artropatia dolorosa, simétrica de extremidades, associada ao baqueteamento digital). Secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIADH): mais frequente em carcinomas de pequenas células de pulmão e caracterizada pelo quadro de hiponatremia grave, além de manifestações neurológicas, como a síndrome de Eaton-Lambert, ataxia cerebelar, neuropatia sensorial, encefalite límbica ou ainda encefalomielite. Síndrome de Cushing: resulta do excesso de produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) devido a secreção de ACTH pelo carcinoma de pequenas células do pulmão. Os principais sintomas incluem face em lua cheia, obesidade do tronco com supraclavicular proeminente e bolsas de gordura cervicais dorsais (giba de búfalo). LOCAIS MAIS COMUNS DE METÁSTASE As neoplasias pulmonares malignas metastatizam principalmente para linfonodos hilares, cervicais e pericárdios. As metástases por via hematogênica ocorrem na maioria das vezes para glândulas suprarrenais e cérebro. RASTREAMENTO E DIAGNÓSTICO Entre os possíveis riscos do rastreamento, destaca- se a possibilidade de resultados falsos-negativos em função da alta prevalência de tuberculose no Brasil, gerando imagens radiológicas que criam dificuldades no diagnóstico diferencial. Além disso resultados falso-negativos, resultarão em nova tomografia computadorizada, biópsia para descartar o câncer, podendo levar a complicações, achados incidentais, além da possibilidade do sobrediagnóstico. Indivíduos submetidos ao rastreamento com tomografia de baixa dose têm nódulos pulmonares não calcificados detectados em cerca de 15 a 20% dos casos. No entanto, apenas 1 em cada 20 nódulos detectados é realmente câncer de pulmão. A cada 1.000 pessoas de alto risco, que realizaram 3 vezes o rastreamento de câncer de pulmão: • 180 terão um resultado falso-positivo,necessitando fazer um novo exame de imagem. • 13 delas precisarão fazer uma biópsiapara descartar o câncer. • 41 terão o câncer confirmado. • 4 poderão ser cânceres que não causariam danos à vida (sobrediagnóstico). • 3 pessoas terão a vida salva pelo rastreamento. Assim, até o momento, não há uma recomendação oficial do INCA sobre essa modalidade de rastreamento A Força Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos recomenda o rastreamento anual com tomografia computadorizada de baixa dose em indivíduos de alto risco, com idade entre 50 e 80 anos e história de tabagismo com carga tabágica de 20 maços / ano e atualmente fumam ou pararam nos últimos 15 anos. O rastreamento deve ser interrompido assim que a pessoa não fumar por 15 anos ou desenvolver um https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-pulmonares/tumores-dos-pulm%C3%B5es/carcinoma-pulmonar#v923748_pt 5 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 problema de saúde que limite substancialmente a expectativa de vida ou a capacidade ou vontade de fazer uma cirurgia pulmonar curativa. Para definição do diagnóstico é realizado um exame de imagem (radiografia de tórax) + exame histopatológico (biópsia) para definir qual o tipo e guiar na escolha do melhor tratamento. 1. Biópsia transtorácica: guiada por TC, é inserida uma agulha e feita a biópsia do nódulo, é indicada para nódulos periféricos. 2. Broncoscopia: após sedação, há introdução do broncoscópio pelas vias aéreas e a biópsia por visualização direta da lesão. Ideal para lesões centrais e hilares (broncoscópio não atinge brônquios periféricos). Citologia de escarro ou do líquido pleural (método menos invasivo). Nos pacientes com tosse produtiva, os espécimes do escarro obtidos ao despertar podem conter altas concentrações de células malignas, mas o rendimento deste método é de < 50% como um todo. O líquido pleural é outra fonte conveniente de células. Os exames recomendados para pesquisa de metástases à distância são: • Tomografias computadorizadas (TC) de tórax, abdome e pelve. • Ressonância magnética (RM) de crânio, especialmente em caso de sintomas neurológicos ou alterações ao exame clínico. • PET-CT – Exame com a maior sensibilidade para detecção de metástases. Está indicado em casos em que seja necessário excluir pequenos focos de doença metastática, quando o paciente será submetido à alguma modalidade de tratamento local com intuito curativo, como cirurgia radical. • Cintilografia óssea pode ser útil na vigência de sintomas ósseos e se e se for detectada elevação de fosfatase alcalina. ESTADIAMENTO Consiste em estadiar de acordo com o tumor (T), se os linfonodos estão ou não acometidos e se há presença de metástase(M), além da classificação do tipo histológico. O estadiamento contribui para definir os locais de mais fácil acesso para realização de biópsia, definir o melhor tratamento e avaliar o prognóstico. SISTEMA DE ESTADIAMENTO INTERNACIONAL PARA CÂNCER PULMONAR Tumor primário (T) T0 Não há evidências de tumor T1 Tumor ≤ 3 cm, sem invasão mais proximal que o brônquio lobar. T2 Tumor > 3 cm, mas ≤ 5 cm, ou com qualquer um dos seguintes: • Envolve brônquio principal ≥ 2 cm distalmente à carina. • Invade a pleura visceral • Associado com atelectasia ou pneumonia obstrutiva que se estende à região hilar, mas envolve parte ou todo o pulmão T3 Tumor > 5 cm, mas ≤ 7 cm ou com algum dos seguintes: • Invade a parede torácica (incluindo tumores do sulco superior), nervo frênico, pericárdio parietal • Nódulos tumorais separados no mesmo lobo T4 Tumor > 7 cm ou com um dos seguintes • Invade o diafragma, o mediastino, o coração, os grandes vasos, a traqueia, o nervo laríngeo recorrente, o esôfago, o corpo vertebral ou a carina • ≥ 1 nódulos tumorais satélites em umlobo ipsolateral diferente Linfonodos regionais (N) N0 Nenhuma metástase nos linfonodos regionais N1 Metástases aos linfonodos peribrônquicos ipsilaterais e/ou hilares ipsilaterais e aos linfonodos intrapulmonares, incluindo aqueles envolvidos por extensão direta do tumor primário N2 Metástases aos linfonodos mediastinais ipsilaterais e/ou subcarinais N3 Metástases aos linfonodos mediastinais contralaterais, hilares contralaterais, escalênicos ipsilaterais ou contralaterais, ou supraclaviculares, ou uma combinação Metástases a distância (M) M0 Nenhuma metástase a distância M1 Metástase à distância M1a Tumor com algum dos seguintes: • ≥ 1 nódulos tumorais no pulmão contralateral • Nódulos pleurais ou pericárdicos • Derrame pleural ou pericárdico maligno M1b Metástase extratorácica isolada em um único órgão M1c Múltiplas metástases extratorácicas em um ou vários órgãos TRATAMENTO 6 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 CARCINOMA PULMONAR DE PEQUENAS CÉLULAS (CPCP) Em qualquer estágio costuma ser responsivo ao tratamento no início, mas geralmente as respostas são de curta duração. Administra-se quimioterapia, com ou sem radioterapia, em função do estado da doença. Em geral, a cirurgia não tem qualquer papel no tratamento do CPCP, embora possa ser curativa nos raros pacientes que tenham tumor pequeno, focal e sem disseminação CARCINOMA PULMONAR DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS (CPCNP) Normalmente envolve a avaliação da elegibilidade para a cirurgia, seguida pela opção por cirurgia, quimioterapia, radioterapia, ou uma combinação de modalidades conforme apropriado, dependendo do tipo e do estágio do tumor. Cirurgia: de retirada do tumor com uma margem de segurança, além da remoção dos linfonodos próximos ao pulmão e localizados no mediastino É essencial o adequado estadiamento pré- operatório (nesses casos está indicado o Pet-Scan (PET-CT) para excluir doença à distância e evitar uma intervenção cirúrgica desnecessária). As cirurgias para tratamento do câncer de pulmão podem ser: Segmentectomia e ressecção em cunha: Quando se retira uma parte pequena do pulmão, reservada para pacientes com tumores pequenos e que não suportam cirurgias maiores por apresentarem idade ou condições clínicas e/ou respiratórias limitadas. Lobectomia: É a cirurgia de escolha para o tratamento do câncer de pulmão. Retira-se todo o lobo pulmonar (grupo de segmentos), onde o tumor está situado. É o mais adequado por remover toda a doença de forma anatômica. Pneumectomia: É a retirada de um pulmão inteiro (suas indicações são limitadas e restritas). Procedimento com morbidade maior e não tolerado por alguns pacientes. Quimioterapia: pode ser usada como terapia neoadjuvante, ou seja, para redução do tumor e para posteriormente realizar a remoção cirúrgica. O carcinoma de pequenas células responde muito bem a quimioterapia. Radioterapia: também pode ser usada como terapia adjuvante para redução tumoral ou após a cirurgia para destruir células tumorais persistentes, já que possui efeito regional, limitada a região escolhida. PROGNÓSTICO Geralmente está associado ao nível de estadiamento. A taxa de sobrevida relativa em 5 anos para câncer de pulmão é de 18% (15% para homens e 21% para mulheres). Apenas 16% dos cânceres são diagnosticados em estágio inicial (câncer localizado), para o qual a taxa de sobrevida de cinco anos é de 56%. PREVENÇÃO • Não fumar • Evitar o tabagismo passivo • Evitar a exposição a agentes químicos (como arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil), presentes em determinados ambientes de trabalho. MÉTODOS PARA CESSAÇÃO DO TABAGISMO . Estimular a cessação do tabagismo e destacar sua importância se somam ao conjunto de ações para o controle do tabagismo recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 7 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 Uma das medidas a serem implementadas para estímulo à cessação de produtos de tabaco é a recomendação a todos os profissionais de saúde para que exerçam uma das ações de “Boas Práticas no Tratamento do Tabagismo”. Trata-se de possibilitar que todo usuário receba de um profissional de saúde pelo menos um aconselhamento breve para parar de fumar em qualquer situação de atendimento em saúde, seja em uma consulta médica, psicológica, nutricional, assistencial, odontológica, de atividade física ou estética. Abordagem breve/mínima: consiste em perguntar, avaliar, aconselhar e preparar o fumante para que deixe de fumar, no entanto, sem acompanhá-lo neste processo. Pode ser feita por qualquer profissional da saúde. Quando comparadas com as situações em que nenhum aconselhamento é dado ao fumante, abordagens com, no máximo, três minutos podem aumentar as chances de cessação de fumar. Abordagem básica: consiste em perguntar, avaliar, aconselhar, preparar e acompanhar um fumante para que deixe de fumar. Também pode ser feita por qualquer profissional da saúde durante uma consulta de rotina, com duração de três a cinco minutos em cada contato. É mais recomendada que a anterior porque prevê o retorno do paciente para acompanhamento na fase crítica da abstinência. COMO ABORDAR O PACIENTE? Você fuma? Há quanto tempo? Permite diferenciar a experimentação do uso regular Quantos cigarros fuma por dia? Pacientes que fumam 20 cigarros ou mais por dia provavelmente terão uma maior chance de desenvolverem fortes sintomas de síndrome de abstinência na cessação de fumar Quanto tempo após acordar você acende o primeiro cigarro? Pacientes que fumam nos primeiros 30 minutos após acordar provavelmente terão uma maior chance de desenvolverem fortes sintomas de síndrome de abstinência na cessação de fumar O que você acha de marcar uma data para deixar de fumar? Permite avaliar se o fumante está pronto para iniciar o processo de cessação de fumar Já tentou parar? Se a resposta for afirmativa, fazer a próxima pergunta O que aconteceu? Permite identificar o que ajudou e o que atrapalhou a deixar de fumar, de modo que esses dados sejam trabalhados na próxima tentativa Os fumantes que não estiverem dispostos a parar nos próximos 30 dias devem ser estimulados a pensar sobre o assunto e deverão ser abordados no próximo contato. Para aqueles interessados em parar de fumar, a etapa seguinte é prepará-los para isso. • Sugerir que o fumante marque uma data para o início do seu processo • Explicar os sintomas da abstinência • Sugerir estratégias para controlar a vontade de fumar, como repetidamente tomar água, escovar os dentes e respirar fundo, • Recomendar que o fumante adote medidas para evitar os estímulos para fumar, como restringir o uso de café e bebidas alcoólicas, desfazer-se de isqueiros, evitar ambientes ou situações que incentivem o fumo e aprender a lidar com situações de estresse, entre outros. Quando identificar dificuldades do paciente em conseguir parar com a abordagem breve/mínima/básica, encaminhar os fumantes para o tratamento mais intensivo disponível nas unidades de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), que possuem uma abordagem mais prolongada e insumos que auxiliam na cessação BENEFÍCIOS AO PARAR DE FUMAR 1. Após 20min a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal; 2. Após 2h não há mais nicotina circulando no sangue; 8 MÓDULO II – PROLIFERAÇÃO CELULAR ANA LUÍZA A. PAIVA – 4° PERÍODO 2/2021 3. Após 8h o nível de O2 no sangue se normatiza;4. Após 12 a 24h os pulmões já funcionam melhor; 5. Após 2 dias o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida; 6. Após 3 semanas a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora; 7. Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade. COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS As duas dimensões da comunicação, a verbal e a não verbal, são fundamentais quando pensamos na melhor maneira de darmos uma má notícia, pois toda comunicação tem duas partes: Conteúdo: fato ou informação que queremos ou necessitamos transmitir Sentimento que temos em relação à própria notícia, à pessoa para quem estamos transmitindo a mensagem e a situação: contexto em que a interação está ocorrendo. Essas dimensões se complementam (dizer “sinto muito” e estar com a fisionomia séria, olhando nos olhos da pessoa, por exemplo), se contradizem (dizer “sinto muito” e sair andando imediatamente, sem dar tempo para a outra pessoa se expressar) e expressam sentimentos (dizer “sinto muito” e demonstrar tristeza no tom de voz e na expressão facial). De maneira geral, os protocolos que tentam auxiliar os profissionais de saúde para que transmitam uma má notícia orientam: antes de dizer, pergunte; tome conhecimento das emoções do paciente e lide com elas por meio de respostas empáticas; ofereça apoio ao paciente ouvindo suas preocupações; não subestime o valor de apenas ouvir e, às vezes, não faça nada: mas fique por perto. Toques afetivos podem ser adequados, se o paciente for receptivo e não o rejeitar; Evitar interrupções enquanto o outro fala (é demonstração de respeito e interesse). Usar o meneio positivo da cabeça (significa: “estou te ouvindo”, “entendo”, “pode continuar falando” ...)
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