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AULA 5 - Anestesia local em pequenos animais

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Anestésicos locais: atuam a partir do bloqueio dos canais de sódio, impedindo a condução nervosa. A depender do local aplicado teremos uma anestesia mais localizada ou podemos aplicar em troncos nervosos e assim, anestesiar regiões mais abrangentes.
Anestesia retro bulbar: aplicação do anestésico local atrás do globo ocular por meio de um acesso na comissura nasal. Geralmente utiliza-se o mandril de um cateter bem pequenino.
A agulha irá passar margeando a região óssea, sem tocar no globo ocular. Para conferir se não está na região subaracnóidea faz-se a aspiração para ver se vem líquor, já que se trata de uma local onde o sistema nervos está chegando (presença de leptomeninges e nervo óptico). Se não houver líquor, aplica-se o anestésico no fundo do olho. Após essa anestesia ocorre a centralização imediata do globo ocular e dessensibilização completa das estruturas que envolvem o bulbo do olho. É um tipo de anestesia utilizada principalmente para enucleação podendo, também, ser usada para cirurgias que exigem centralização como no caso de cirurgia de catarata. 
Para o processo de enucleação geralmente se faz uma anestesia infiltrava na pálpebra superior e outra na inferior e depois a anestesia retro bulbar. Já que depois da enucleação retira-se uma parte da pálpebra superior e inferior para poder fechar a cavidade ocular.
Bloquei infraorbitário e o mentoniano: O forame infraorbitário fica localizado na porção inferior do globo ocular, logo abaixo da orbita, em gatos. Nos cães o forame infraorbitário fica entre o terceiro pré-molar e o primeiro pré-molar (fácil de palpar dentro da mandíbula) e o forame mentoniano é fácil de palpar dentro da cavidade oral. Dessas regiões irão sair nevos para a região rostral da maxila e da mandíbula. O bloqueio desses nervos são muito utilizados para procedimentos odontológicos craniais a sua aplicação. 
Quando há o bloqueio infraorbitário ocorre a dessensibilização dos caninos, incisivos, m maxila, pré-molar e toda região de tecido mole inervada pelo plexo nervoso dessa região. Esse tipo de anestesia tem por vantagem reduzir o gasto de anestésicos. 
Forame maxilar: possível de palpar pelo interior ou exterior da boca, no encontro do ramo vertical da mandíbula com a maxila. A anestesia dessa região permite um dessensibilizarão completa da região maxilar.
Forame mandibular: fica localizado na face interna da mandíbula, na junção do ramo vertical com o horizontal, pode ser palpado pela parte interna da boca. A anestesia desse local permite a dessensibilizarão completa da mandíbula, de modo que se a anestesia for feita dos dois lados a mandíbula “cai”, já que o animal perde a sensibilidade e a função motora.
Perineural dos nevos intercostais: é uma anestesia imprescindível e de efeito imediato em condições em que existem lesões de costelas e tórax. Devido ao grau de inervação dessa região a dor é bastante intensa, gerando dificuldade respiratória. Essa anestesia permite a dessensibilização de determinadas regiões do tórax onde se encontra a lesão, por meio do bloqueio dos nervos intercostais. É aplicado para toracotomias, drenagem pleural e fraturas de costela. 
São dois bloqueios principais: o(s) intercostal(s) e interpleural. O primeiro é realizado nos processos espinhoso, transverso e costelas, geralmente dois espaços intercostais antes da lesão e dois depois, para que ocorra sobreposição do fármaco, conseguindo assim a analgesia completa. A referência para o local de aplicação é justamente a junção da costela com o processo transverso da vertebra (local de saída de veias artérias e nervos), região cranial da vertebra é mais fácil de fazer a aplicação sem acessar estruturas vasculares. 
Na interpleural é feita uma pequena incisão ou utilizada uma agulha grossa para passagem de um pequeno cateter ou a depender do tamanho do paciente uma sonda uretral. O objetivo disso é levar o anestésico par o espaço interpleural (entre a pleura parental e visceral), ou seja, entre as vísceras e a parede do tórax. O anestésico se dissipa nesse espaço e faz a anestesia de quase o M tórax todo. O objetivo de fazer a interpleural é deixar o cateter e cada vez que for necessário faz-se a reaplicação para manter a região dessensibilizada por períodos maiores.
O anestésico local mais utilizadas são a bupivacaína e ropivacaína. Caso seja necessário doses mais altas pode-se fazer a lidocaína com a bupi para se ter uma anestesia mais duradoura (até 6 horas).
Perineural- Tronco – Orquiectómia: Não é utilizada quando já foi feito o bloqueio peridural.
Faz-se um bloqueio infiltrativo nas duas linhas de incisão, 0,5 ml é suficiente, podendo ser feito, também, 0,3 ml intratesticular para dessensibilizar o testículo e ainda um pouco de anestésico na parte do cordão espermático que vai ficar no paciente. Esse procedimento ajuda muito na dor relativa a incisão e na dor da retirada do testículo. Esse anestésico demora um tempo para fazer efeito. Caso seja necessário um grande quantidade de lidocaína dilui-se o anestésico para se ter maior volume.
Se eu preciso usar lidocaína a 2%, posso usar ela a 1% e dobrar o volume em solução fisiológica e infiltrar. Isso é muito utilizado em grandes, já que fazemos muita anestesia local. Calcula-se a dose toxica e a depender do procedimento, se ele é rápido, eu diluo o anestésico local em solução salina. Podemos fazer, também, uma associação de fármacos para o anestésico render. Deve-se lembrar que cada droga terá seu próprio período de latência e duração. Para cesarianas em bovinos em que é necessário um grande volume de anestésico local as vezes associamos um de longa latência com um de curta latência, e diluímos em solução salina, conseguimos com isso fazer bloqueio infiltrativo pra linha, L invertido ou ainda fazer o bloqueio para vertebral.
Infiltrava -Tronco – Tumescência: é uma técnica relativamente recente, desenvolvida para procedimentos de anestesia plástica. Consiste da infiltração subcutânea de grandes volumes de solução contendo anestésico local. Geralmente utilizamos ringer lactato gelado + lidocaína+ adrenalina e fazemos uma solução para tumescência. A solução gelada ajuda na vasoconstrição e diminui o sangramento cirúrgico, a adrenalina aumenta ainda mais a vasoconstrição e o anestésico local faz a analgesia. Quando se utiliza um volume bem grande ocorre a hidrosecção do tecido. Normalmente o cirurgião, quando vai retirar uma cadeia mamaria faz uma pequena incisão e com poucos piques a cadeia se solta, levando parte do anestésico e deixando parte no tecido infiltrado.
Há uma divergência sobre essa técnica já que não se sabe se a movimentação pode causar a liberação de células neoplásicas e possíveis metástase. No entanto, não há nenhuma comprovação, e ela é muito utilizada já que leva a um reduzido sangramento e menor tempo de cirurgia.
Perineural – Membros- Bloqueio do plexo braquial: para procedimentos no membro torácico. A inervação começa na região cervical e segue até as pontas dos membros. O plexo braquial se encontra próximo a região escapulo umeral e o pulso da artéria axilar é o ponto de referência. Injeta-se uma considerável quantidade de anestésico para que ele possa se dissipar nessa região e atingir as raízes nervosas. Os nevos que passam na região subaxilar vão inervar a região distal ao cotovelo. 
Para a dessensibilização completa do membro deve-se fazer o bloqueio cervical, para isso, palpa-se as saídas cervicais entre c4,c5,c6,c7 e t1, dando preferência as últimas cervicais e primeiras torácica, mesmo com a variação do número de vertebras de cada animal.
Para a dessensibilização distal do rádio ou articulação do cotovelo faz-se um bloqueio subescapular.
Massagem na região da aplicação do fármaco irá ajudar a espalhar a anestesia.
Um instrumento bastante utilizado para localização dos nervos é o neuroestimulador o qual por meio da passagem de uma corrente ira indicar quão próxima a agulha está da passagem dos nervos. As anestesias do plexo braquial tem muito mais sucesso quando esse aparelho é utilizado. 
Anestesia intravenosa– Membros: muito feita em animais de pequeno porte, principalmente para extremidade, deve-se tomar cuidado para usar lidocaína menos concentrada e sem vasoconstritor (não haver risco de necrose). O tempo máximo de bloqueio é 75 min, não usar fármacos cardiotóxicos como a bupvicaína, o garrote deve ser retirado devagar para evitar que o anestésico local caia de vez no sistema circulatório central. 
Usa-se uma bandagem de smarche começando na ponta do membro e vai passando uma ela apertada com o intuito de drenar o sangue para uma região mais cranial e então coloca-se o garrote e retira a bandagem, após isso coloca-se o escalpo e o cateter e retira-se o sangem de uma veia periférica, substituindo o mesmo volume por anestésico local. A intenção é a embebição retrograda do anestésico, que ele saia do vazo e caia no tecido ao redor, dessensibilizando a região. O garrote é retirado aos poucos para que o fármaco caia lentamente na circulação, deve-se lembrar que ele está no tecido.
Anestesias espinhais: deposição do fármaco no canal espinhal, promovendo uma anestesia segmentar ou regional, com bloqueio sensitivo e motor. As técnicas utilizadas são raquidiana e peridural, são técnicas de fácil execução com treinamento e podem ser utilizados como técnica única (mais utilizada em animais de grande porte).
Em animais de grande porte a gente faz a coccígena e há a sensibilização da região do períneo. Em pequeno porte fazemos a lombos sacral. 
Pridural: é feita acima da dura-máter para qualquer tipo de procedimento distal a inserção do diafragma ou na cicatriz umbilical. O espaço a ser puncionado em cão é entre L7 e S1, no gato ente L7 e S1 ou no espaço sacrococcígeno. Lembrando que a medula no cão vai até L6 e no gato até L7. O animal deve estar em posição de esfinge.
Posicionamento: dedo polegar e dedo médio nas asas do íleo e polegar entre o processo espinhos de L7 e S1, formando um triangulozinho. Transpassa o ligamento supra espinhoso e intervertebral e o flavo (ligamento amarelo), de modo que se sente a crepitação de papel após a ruptura do último. Para ter certeza da localização pode-se fazer o teste da gota pendente e da resistência do embolo. Após a aplicação do anestésico observa-se imediatamente o relaxamento do esfíncter anal.
Dose: 1 ml para cada 4kg, se for um animal gestante ou idoso usa-se 1 ml para cada 4,5kg. Difusão do anestésico irá depender da velocidade de aplicação, volume administrado, volume do espaço epidural, gravidade (anestésico migra de acordo com a gravidade), complicações (contaminações), aplicação intravascular inadvertida, traumas, aplicação rápida levando a um bloqueio simpático.
Subaracnóide: a agulha será mais profunda, passando, ligamento amarelo, dura-máter e aracnoide, colocando o anestésico no líquor. Iremos trabalhar entre L4, L5, L6, local onde medula passa, o que exigem uma maior precisão. 
Dose: usa-se 1 ml para cada 10 kg. É um espaço melhor acessado com o paciente em decúbito lateral e com a coluna arqueada. Geralmente não é utilizado em felinos.

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