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Apostila norma juridica


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INTRODUÇÃO AO DIREITO – ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE 19/03/2020 
 
 
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Apostila – material 
NORMAS JURÍDICAS – LEI NO TEMPO E ESPAÇO – RELAÇÃO JURÍDICA 
 
 
Norma jurídica – as normas jurídicas são concebidas através da abstração da 
realidade social em função de fatos que se pretende disciplinar e dos valores 
que se pretende consagrar. Ou seja, o legislador supõe as condutas que 
possivelmente podem ocorrer e disciplina as formas corretas de 
comportamento nestas situações. 
Assim, normas jurídicas são padrões obrigatórios de conduta e organização social. Fixam pautas 
de comportamento interindividual e por elas também o Estado dispõe quanto à sua própria 
organização, de forma que organiza o modo de proceder das pessoas e de si mesmo. 
Também é possível defini-la como sendo a proposição enunciativa de uma forma de organização 
ou de uma conduta que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória. Em fáceis palavras, 
uma norma é um conjunto de palavras que possuem um significado no seu todo. 
Dessa forma, as normas jurídicas são o ponto culminante do processo de elaboração do direito e 
a estação de partida operacional da dogmática jurídica. Portanto, conhecer o Direito é conhecer 
as normas jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. As normas ou regras jurídicas 
estão para o Direito assim como as células estão para um organismo vivo. 
 
Características da norma jurídica 
1. Bilateralidade – o direito está sempre vinculado a duas ou mais pessoas, atribuindo poder a 
uma parte e dever a outra. A bilateralidade significa que a norma jurídica possui dois lados, um 
representado pelo direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal modo que não pode existir 
um sem o outro. Vale dizer de outro modo: ser bilateral significa que a norma dá direitos e 
deveres, assim, um exemplo seria no contrato de aluguel, em que o dono do imóvel terá direito 
de cobrar o aluguel, mas também terá o dever de disponibilizar a posse do imóvel para a pessoa 
que está alugando. 
2. Generalidade – a norma jurídica é um preceito de ordem geral, obrigatório a todos que se 
acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma deduz-se o princípio da isonomia 
segundo o qual todos são iguais perante a lei. Essa característica ensina que a norma é aplicada 
genericamente, ou seja, a todos sem distinção. É geral. Por isso, tem relação com o princípio da 
isonomia (igualdade) e trata a todos de forma igual. 
 
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3. Abstratividade – visando atingir o maior número possível de situações, a norma jurídica é 
abstrata, regulando os casos conforme ocorrem na regra geral. Se o legislador abandonasse a 
abstratividade para adotar as normas com previsão no caso a caso, com todas as variações que 
ocorrem na vida concreta, além de produzirem-se códigos e leis muito mais extensos, o legislador 
não alcançaria seu objetivo, pois a vida social é mais rica do que a imaginação do Homem e cria 
sempre acontecimentos novos e de formas imprevisíveis. Nesse viés, entendemos que a 
abstratividade quer dizer que a norma é escrita de uma forma abstrata, imaginando uma situação 
que pode ocorrer. Ex. a norma que descreve o crime de homicídio: “matar alguém”. A norma é 
genérica, não descreve sequer de que forma a situação poderia ocorrer ( se por acidente, se de 
propósito, se por afogamento etc...) quando a norma apenas diz ‘matar alguém’ ela está sendo 
genérica. 
4. Imperatividade – o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações 
necessárias, devendo se manifestar de forma imperativa. Se assim não fosse o direito não 
conseguiria estabelecer segurança, sem justiça. A norma não imperativa não consegue ser jurídica, 
pois o caráter imperativo da norma significa imposição de vontade e não mero aconselhamento. 
Assim, a norma jurídica não é uma sugestão de comportamento, mas sim, um mandamento, uma 
ordem a ser cumprida. 
5. Coercibilidade – significa dizer que há possibilidade de uso da coação, do uso da força. Existe 
nela dois elementos, o psicológico e o material. No elemento psicológico há a intimidação, através 
das penalidades previstas para a hipótese de violação das normas jurídicas. O elemento material 
é a força propriamente que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre 
espontaneamente. As noções de coação e sanção não se confundem, pois a coação é uma reserva 
de força a serviço do direito, enquanto a sanção é considerada geralmente medida punitiva para 
a hipótese de violação de normas. 
 
 Técnica legislativa para aprovação de leis 
A técnica legislativa é o conjunto de atos através dos quais se opera a gênese legal, ou seja, criam-
se as normas. Segundo Maria Helena Diniz, o processo legislativo vem a ser um conjunto de fases 
constitucionalmente estabelecidas, pelas quais há de passar o projeto de lei, até sua 
transformação em lei vigente. É dizer, é o conjunto de passos que o legislativo dá, desde o projeto 
de lei (PL) até a entrada da lei em vigor. 
Ou ainda, é o conjunto de atos realizados pelos órgãos do Poder Legislativo, de acordo com 
regras previamente fixadas, para elaborar normas jurídicas (emendas à Constituição, leis 
complementares, leis ordinárias e outros tipos normativos dispostos no art. 59 da Constituição 
Federal). 
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O processo legislativo 
 
O processo legislativo é o conjunto de atos através dos quais se opera a 
gênese legal, ou seja, a lei é feita. Este conjunto de atos está estabelecido pela 
Constituição Federal e que se desdobra nas seguintes fases: 
1. Apresentação do projeto de lei; 
2. Exame das comissões; 
3. Discussão e aprovação; 
4. Revisão; 
5. Sanção; 
6. Promulgação; 
7. Publicação. 
Vejamos a seguir cada tópico. 
1.Apresentação do Projeto de lei (PL) 
Inicialmente as leis precisam ser apresentadas, ou seja, protocoladas na casa 
legislativa correspondente à sua espécie de lei. Isso significa que se o projeto 
de lei é municipal, deverá ser apresentado na Câmara de Vereadores, se é 
estadual, deverá ser apresentado na Câmara de Deputados Estadual e se é PL 
federal, deverá ser apresentada em uma das duas casas do Congresso 
Nacional (Senado Federal ou Câmara de Deputados Federal). 
Contudo, a apresentação do projeto de lei deve obedecer a critérios definidos 
na Constituição Federal, dentre eles, deve ser apresentada somente pelos 
sujeitos enumerados no artigo 61 da CF/88: 
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a 
qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do 
Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da 
República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, 
ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos 
casos previstos nesta Constituição. 
(...) 
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à 
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por 
cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos 
eleitores de cada um deles. 
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Assim, além dos membros do legislativo, judiciário e o Presidente da 
República, os cidadãos podem propor Projeto de lei, desde que obedeçam 
aos critérios do parágrafo 2º (acima escrito), ou seja, desde que seja subscrito 
(assinado) por 1% do eleitorado nacional e que este 1% seja distribuído (em 
assinaturas) por 5 estados da federação. Exemplos de lei de iniciativa popular 
é a lei nº 8.930/94 (Daniela Perez). 
Essa lei foi de iniciativa do povo (popular) e resultou do assassinato da Daniela 
Perez, ocorrido nos anos 80, quando ela filmava uma novela e seu colega de 
trabalho a assassinou com tesouradas. O crime foi tão bárbaro e a sociedade 
ficou tão comovida com a situação,que se propôs uma lei incluindo o 
homicídio qualificado como sendo um dos crimes hediondos previstos no 
direito. 
2.Exame das Comissões 
Uma vez feito o protocolo do Projeto de lei, ele tramita por várias Comissões 
parlamentares relacionadas com a matéria inscrita no projeto, a fim de ser 
analisado por elas. Estas Comissões elaborarão pareceres a respeito do 
projeto (esses pareceres dizem o que elas acham do projeto de lei, se ele está 
de acordo com o direito vigente, se não tem nada ilegal ali ou inconstitucional) 
e ao final o encaminharão para o plenário da casa para discussão e votação. 
No nosso regime que é bicameral (temos duas casas legislativas: câmara de 
deputados e senado federal) é indispensável que o projeto seja aprovado 
pelas duas casas. 
 
 
Exemplo de uma 
comissão no senado. 
Esta comissão analisa os 
projetos de lei conforme 
a CF/88, verificando 
possíveis 
inconstitucionalidades. 
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3.Discussão e Aprovação 
Uma vez passado pelas comissões, o projeto de lei segue para o plenário da 
casa em que está a fim de ser discutida a matéria e ser votada pelos 
parlamentares, podendo ser aprovado ou não. 
 
4.Revisão 
O projeto de lei poderá ser iniciado em qualquer das casas legislativas (senado 
ou câmara). Uma vez iniciado na Câmara dos Deputados, o senado funcionará 
como uma casa revisora e vice-versa. Se a casa revisora o aprovar, ele deverá 
ser encaminhado à Presidência da República para a Sanção. 
5.Sanção 
A Sanção é a aquiescência, ou seja, a concordância do chefe do executivo com 
o projeto ora aprovado pelo legislativo. É a concordância do Presidente da 
República a respeito do projeto de lei. 
Poderá ser tácita ou expressa. Será tácita quando o Presidente não se 
manifesta dentro do seu prazo de 15 dias para sancionar a lei, e será expressa 
quando, dentro deste prazo, ele declara a concordância com o projeto. 
Na hipótese de veto presidencial, o congresso nacional deverá, dentro de 30 
dias, analisar as razões do veto e poderá rejeitar o veto, com votação das duas 
casas reunidas em voto de maioria absoluta e escrutínio secreto (votação 
secreta). Derrubado o veto presidencial, o projeto de lei volta para o 
Presidente a fim de que ele o sancione, promulgue e mande publicar. Se ele 
se negar ou não puder, será o presidente do senado o responsável por estes 
atos, e caso ele não possa, será o vice-presidente desta casa. 
 
 
Foto do plenário da Câmara dos 
deputados em Brasilia. 
É ali que ocorrem as discussões sobre 
os projetos de lei e também as 
votações. 
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6.Promulgação 
A lei passa a existir com a promulgação, sendo um ato do chefe do executivo. 
É a declaração formal do chefe do executivo da existência da lei. Rejeitado o 
veto presidencial, a lei será encaminhada para a promulgação que deverá 
ocorrer em 48h. 
 
7.Publicação 
É o ato indispensável para que a lei entre em vigor e deverá ser feita por órgão 
oficial. O início da vigência pode respeitar certo lapso de tempo que é 
chamado de vacatio legis, que é o tempo entre a publicação e o início da 
vigência. 
 
Exemplo de lei que teve veto presidencial: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp157.htm 
 
Importante lembrar que a CF não integra o processo legislativo porque o antecede. 
 
 
 
 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp157.htm
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A lei no tempo e no espaço 
 
Pelo sistema brasileiro, a lei entra em vigor em todo o país quarenta e cinco dias após a sua 
publicação (é a vacatio legis). Contudo, conforme a natureza da lei, o legislador pode optar por 
um prazo diferente ou até suprimi-lo. 
O tempo de duração de uma lei é variável, sendo que a perda de vigência (ela passa a não valer 
mais, a não produzir efeitos) de uma lei pode se dar por: 
a. Revogação da outra lei (tácita ou expressa) 
b. Decurso de tempo, 
c. Desuso. 
A revogação de uma lei pode ser tácita ou expressa. Expressa, quando estiver escrito em 
alguma lei que ela está revogando a lei anterior. Pode ser revogação da lei toda ou somente 
de alguns artigos, veja-se: 
 
A revogação tácita se dá: 
a. Quando a lei nova dispõe de maneira diferente sobre o assunto contido em lei anterior, 
estabelecendo-se um conflito entre as duas ordenações. Assim, se temos uma lei que diz que 
pode circular livremente pela rua e surge uma nova lei dizendo que não pode mais circular 
livremente pela rua, entende-se que essa última lei revogou tacitamente a anterior. 
b. Quando a lei nova disciplina inteiramente os assuntos abordados em lei anterior. É um princípio 
da hermenêutica que a lei geral não revoga a lei especial. Foi o caso da reforma trabalhista. A 
nova lei revogou artigos muito genéricos dentro da CLT e colocou situações bem mais 
detalhadas no lugar. 
 
Ao lado observa-se o 
código Civil 1916, 
pela lei 10.406/2002 
que é o Código Civil 
de 2002, utilizado 
ainda hoje. 
Observe-se o artigo 6º da CLT que foi revogado, dando lugar ao novo artigo 6º, com mais detalhes e até um 
parágrafo para regular profundamente o trabalho a distância. 
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A repristinação de uma norma jurídica vem a ser fazer retornar à vida uma norma já revogada, 
pelo fato de a norma revogadora ter perdido a sua vigência. Quando a lei revogadora for 
revogada, o fato não tem efeito repristinatório sobre a lei por ela revogada. 
Ou seja: quem se lembra desta cena no filme “Senhor do Anéis”? 
 
 No Brasil, se o inimigo morresse, ainda assim o rei não voltaria à vida, porque não existe 
repristinação no Brasil. 
Por isso, vale repetir, no Brasil não existe repristinação, ou seja, se uma lei revogar outra e mais 
tarde perder a sua vigência, a lei que foi revogada não volta a ter vigência. 
 
Conflito das leis no tempo – direito intertemporal 
 
Quando um fato jurídico se realiza e produz os seus efeitos sob a vigência de uma determinada 
lei, não ocorre o conflito das leis no tempo. O problema surge quando um fato jurídico, ocorrido 
na vigência de uma lei, estende os seus efeitos até a vigência de uma outra. Quando a lei aplicável 
aos efeitos do fato jurídico: a da época em que se realizou ou o do tempo em que vai produzir 
seus efeitos? 
Exemplo: você entra na faculdade e cursa normalmente até a 4 fase. Contudo, no semestre 
seguinte o MEC muda totalmente a grade curricular. O que se faz nesse caso? Você terá direito 
a seguir o curso ou vai reiniciar tudo novamente para se submeter a nova grade? 
Esta é a cena de uma batalha. O inimigo (cavaleiro das trevas) 
montado no dragão havia acabado de ferir gravemente o rei, 
caído com seu cavalo. Sua filha se coloca entre os dois para 
defendê-lo, eis que o dragão havia voltado para devorá-lo 
ainda vivo. 
Ela mata o dragão, arrancando sua cabeça e mata também o 
cavaleiro das trevas, usando sua espada. 
Se ao matar o inimigo, o rei levantasse plenamente curado de 
suas feridas e vivo, estaríamos diante de um fenômeno de 
repristinação. 
Isso porque a lei nova (inimigo) havia revogado a lei velha 
(rei), mas se essa lei nova perdesse a vigência (inimigo 
morresse), e a lei velha voltasse a vigência (rei voltasse à vida) 
estaríamos diante da repristinação. 
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Inicialmente precisamos entender que a lei nova, que surge no 
mundo jurídico, em regra geral, deve somente produzir efeitos para o 
futuro. Esse é um princípio que está ligado à segurança jurídica. 
 
Esse princípio é o princípio da irretroatividade 
Por ele uma lei nova não alcança os fatos produzidos antes de sua vigência. É uma proteção 
constitucional, artigo 5º, XXXVI: a lei não prejudicaráo direito adquirido, o ato jurídico perfeito e 
a coisa julgada. Ao se pensar na segurança jurídica, sabe-se que o princípio da irretroatividade é 
muito importante para a proteção dos indivíduos, pois impede que a lei volte no tempo e regule 
fatos já passados. A única exceção é a do O inciso XL do artigo 5º da CF/88, que diz: a lei penal 
não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. Isso significa que a lei somente volta no tempo se for 
para trazer benefícios aos réus. 
Mas o que vem a ser ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada? 
Ato jurídico perfeito – é aquele que já se consumou (já terminou) e obedeceu a norma vigente 
ao tempo em que foi efetuado, ou seja, é um ato que foi realizado totalmente de acordo com a 
lei. Este ato não poderá sofrer nenhuma mudança que possa ser exigida por alguma lei que vier 
depois que ele for consumado, pois a lei não pode atacar o ato que já está acabado (perfeito). 
Um exemplo seria o de um contrato feito em abril e em junho surja uma nova lei que altera os 
requisitos do contrato. Assim, ainda que surja uma nova lei mudando os contratos, aquele que foi 
feito antes da lei surgir, não será complementado ou modificado por causa dessa lei. 
Direito adquirido –é um direito que se incorporou totalmente ao patrimônio do titular nos 
termos da lei, e é exercitável e exigível de acordo com a vontade desse titular. Assim, é um direito 
que se incorporou ao patrimônio do titular para ser exercido quando convier, pois quem tem o 
direito não é obrigado a exercê-lo e só o faz quando quiser. A aquisição do direito não pressupõe 
o seu exercício. Por exemplo, quando a pessoa já cumpriu todos os requisitos para conseguir um 
benefício, ainda que a lei mude, a pessoa terá direito ao benefício. 
Coisa julgada – é uma decisão judiciária de que já não caiba mais recurso. É quando existe uma 
sentença que não tem mais como recorrer. A coisa julgada deve ser respeitada, de forma que a 
lei nova não pode modificar a decisão já realizada. 
Mas admite-se o efeito imediato da nova lei em alguns casos – exceção - nas normas processuais, 
ou seja, leis que modificam a forma de realizar os processos judiciais (ex: honorários 
sucumbenciais trabalhistas que agora são cobrados dos trabalhadores quando perdem no 
processo trabalhista.), nas normas do direito das sucessões, em que prevalecem as normas 
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vigentes no momento da abertura da sucessão (quando abre o inventário) e, quanto ao 
testamento, as normas da época em que foi passado. 
 
Eficácia da lei no espaço 
 
Em razão da soberania estatal, a norma se aplica no espaço delimitado pelas fronteiras do Estado. 
Assim, a norma brasileira se aplica no território brasileiro. Territorialidade e extraterritorialidade – 
sem comprometer a soberania estatal e a ordem internacional, os Estados modernos têm 
permitido, em seu território, e em determinadas hipóteses, a aplicação de normas estrangeiras, 
admitindo o sistema da extraterritorialidade, para tornar mais fáceis as relações internacionais. 
Territorialidade – a norma se aplica dentro do território do Estado brasileiro, inclusive território 
ficto (fictício) tais como as embaixadas, navios de guerra onde quer que se encontrem e navios 
mercantes em águas brasileiras ou em alto-mar. 
Extraterritorialidade – aplica-se a norma em território de outro Estado, segundo os princípios e 
convenções internacionais. É a hipótese em que a norma de um Estado acompanha o cidadão 
para regular seus direitos em outro país. Baseia-se na lei da nacionalidade ou na do domicílio. 
Territorialidade moderada – o Brasil adotou a doutrina da territorialidade moderada. Ou 
seja, ora utiliza a regra da territorialidade, ora utiliza a regra da extraterritorialidade. 
 
 
ANTINOMIA JURÍDICA 
 
É o conflito, total ou parcial, entre duas ou mais normas 
jurídicas em sua aplicação prática a um caso concreto. 
Para que haja a antinomia é necessário que haja a existência de duas ou mais normas de direito 
relativas ao mesmo caso, imputando-lhe soluções logicamente incompatíveis. Seria o caso em 
que há uma lei que autoriza a fazer algo e outra que proíbe. Como fazer neste caso? 
 
 
 
 
Como 
resolver? 
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Critérios de solução: 
1. CRITÉRIO HIERÁRQUICO 
A lei de hierarquia superior revoga a lei inferior. Este critério baseia-se na superioridade de uma fonte de 
produção jurídica sobre a outra, ou na ordem hierárquica entre as fontes das normas antinômicas. Estabelece 
que num conflito entre normas de diferentes níveis, sendo a lei de nível mais alto, qualquer que seja a ordem 
cronológica, terá preferência em relação à de nível mais baixo. Por exemplo, uma norma constitucional (norma 
da Constituição Federal) é superior a qualquer outra norma jurídica. 
 
2. CRITÉRIO CRONOLÓGICO 
A lei posterior revoga a anterior, ou seja, a lei nova revoga a lei velha. Esse critério se baseia no tempo em que as 
normas começaram a ter vigência. Imaginando que a lei seria uma expressão da vontade do legislador, o critério 
se justifica na lógica de que em dois atos de vontade da mesma pessoa, se entende válida a vontade realizada por 
último. Neste caso, a solução pela lei mais nova, no caso de leis de mesma hierarquia. 
 
3. CRITÉRIO DE ESPECIALIDADE 
A lei especial revoga a lei geral. Baseia-se na superioridade da norma mais especial sobre a geral. Mas o que é 
uma norma especial? É especial quando possui em sua definição legal todos os elementos típicos de norma geral 
e mais alguns de natureza objetiva ou subjetiva, denominados especializantes. Assim, a norma é geral quando 
trata de um ramo específico do direito (código civil) e ela é especial quando se detém a um setor especializado, 
dentro de um ramo do direito (lei de inquilinato dentro do código civil). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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