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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com 1. CONCEITO DE DIREITO Heidegger afirma que toda pergunta já envolve, de certa forma, uma intuição do perguntado. Desta forma, não se pode estudar o Direito sem ter uma noção preliminar do que ele o seja. Somente em principio, partamos do senso comum do que seja Direito. O que vocês entendem por Direito? Partindo do senso comum entendemos “Direito como lei e ordem, isto é, um conjunto de regras obrigatórias que garante a convivência social graças ao estabelecimento de limites à ação de cada um dos seus membros. Assim, diz-se que quem age em conformidade com tais regras comporta-se direito, quem não o faz, age torto” (Miguel Reale). Não há um consenso sobre o conceito do direito. Pode ser mencionado, dentre vários, o de Radbruch: " o conjunto das normas gerais e positivas, que regulam a vida social" (Introducción a la filosofia del derecho, p.47). Origina--se a palavra "direito" do latim directum, significando aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. Nasceu junto com o homem, que é um ser eminentemente social. Destina-se a regular as relações humanas. As normas de direito asseguram as condições de equilíbrio da coexistência dos seres humanos, da vida em sociedade. Há marcante diferença entre o "ser" do mundo da natureza e o "dever ser" do mundo jurídico. Os fenômenos da natureza, sujeitos às leis físicas, são imutáveis, enquanto o mundo jurídico, o do "dever ser" , caracteriza-se pela liberdade na escolha da conduta. Direito, portanto, é a ciência do "dever ser". A vida em sociedade exige a observância de outras normas além das jurídicas, como as religiosas, morais, de urbanidade etc. As jurídicas e morais tem em comum o fato de constituírem normas de comportamento. No entanto, distinguem-se precipuamente pela sanção (que no direito é imposta pelo Poder Público para constranger os indivíduos à observância da norma, e na moral somente pela consciência do homem, traduzida pelo remorso, pelo arrependimento, porém sem coerção) e pelo campo de ação, que na moral é mais amplo. È célebre, neste aspecto , a comparação de Bentham, utilizando-se de dois círculos concêntricos, dos quais a circunferência representativa do campo da moral se mostra mais ampla. Algumas vezes tem acontecido de o direito trazer para sua esfera de atuação preceitos da moral, considerados merecedores de sanção mais eficaz. 1.1 DIREITO POSITIVO E DIREITO NATURAL Direito positivo é o ordenamento jurídico em vigor em determinado país e em determinada época. É o direito posto. Direito natural é a idéia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com O jusnaturalismo foi defendido por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, bem como pelos doutores da Igreja e pensadores dos séculos XVII e XVIII. Hugo Grócio, já no século XVI, defendia a existência de um direito ideal e eterno, ao lado do direito positivo, sendo considerado o fundador da nova Escola de Direito Natural. A Escola Histórica e a Escola Positivista, entretanto, refutam o jusnaturalismo atendo-se à realidade concreta do direito positivo. Neste século, renasce e predomina a idéia jusnaturalista, especialmente em razão do movimento neotomista e da idéia neokantiana. È, realmente, inegável a existência de leis anteriores e inspiradoras do direito positivo, as quais, mesmo não escritas, encontram-se na consciência dos povos. Para o direito positivo, não é exigível o pagamento de dívida prescrita e de dívida de jogo. Mas para o direito natural esse pagamento é obrigatório. 1.2 DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO Direito objetivo é o conjunto de normas impostas pelo Estado, de caráter geral, a cuja observância os indivíduos podem ser compelidos mediante coerção. Esse conjunto de regras jurídicas comportamentais (norma agendi) gera para os indivíduos a faculdade de satisfazer determinadas pretensões e de praticar os atos destinados a alcançar tais objetivos (facultas agendi). Encarado sob esse aspecto, denomina-se direito subjetivo que nada mais é do que a faculdade individual de agir de acordo com o direito objetivo, de invocar a sua proteção. Direito Subjetivo é, portanto, o meio de satisfazer interesses humanos e deriva do direito objetivo, nascendo com ele. Se o direito objetivo é modificado, altera-se o direito subjetivo. As teorias de Duguit e de Kelsen (Teoria Pura do Direito) integram as doutrinas negativistas, que não admitem a existência do direito subjetivo. Para Kelsen, a obrigação jurídica não é senão o direito objetivo. Predominam, no entanto, as doutrinas afirmativas, que se desdobram em: a) teoria da vontade; b) teoria do interesse; e c) teoria mista. Pela a primeira, o direito subjetivo constitui um poder da vontade (Windscheid). Para a segunda, direito subjetivo é o interesse judiridicamente protegido (Ihering). A teoria mista conjuga o elemento vontade com o elemento interesse. Jellinek o define como o interesse protegido que a vontade tem o poder de realizar. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com Na realidade, direito subjetivo e direito objetivo são aspectos da mesma realidade, que pode ser encarada de uma ou de outra forma. Direito subjetivo é a expressão da vontade individual, e direito objetivo é a expressão da vontade geral. Não somente a vontade, ou apenas o interesse configuram o direito subjetivo. Trata-se de um poder atribuído à vontade do indivíduo, para a satisfação dos seus próprios interesses protegidos pela lei, ou seja, pelo direito objetivo. 2. CONCEITO DE DEVER (JURÍDICO) A) Recaséns Siches: "exigência que o Direito objetivo faz à determinado sujeito para que assuma uma conduta em favor de alguém". B) Alves da Silva: "obrigação moral absoluta de fazer de omitir algum ato, conforme as exigências das relações sociais é obrigação moral ou necessidade moral da qual só é capaz o ente moral". C) Izquierdo: "necessidade moral que o homem tem de cumprir a ordem jurídica". D) Kelsen: "o dever jurídico não é mais que a individualização, a particularização de uma norma jurídica aplicada a um sujeito". E) Recaséns Siches ainda acrescenta que o dever jurídico se funda única e exclusivamente na existência de uma norma de direito positivo que o impõe. Este, juntamente com Kelsen são modernistas que enquadram o dever jurídico como assunto exclusivo do direito. F) Garcia Maynes: "O sujeito do dever jurídico possui direito subjetivo de cumprir ou não a obrigação". G) Paulo Dourado de Gusmão: "O lado oposto do direito subjetivo é o dever jurídico". H) Em Paulo Nader "Só há Dever Jurídico quando há possibilidade de violação da regra social, o Dever Jurídico é a conduta exigida". I) Recaséns Siches: "O dever jurídico se baseia pura e exclusivamente na norma vigente ". J) Orlando de Almeida Secco: "Dever Jurídico é a conduta a que está sujeito o responsável por uma obrigação em decorrência do que estabelece a lei. É a obrigação imposta pela lei, cujo cumprimento esta garante e assegura, sob pena de uma sanção". K) Garcia Maynes, define o dever jurídico como a "restrição da liberdade exterior de uma pessoa, deriva da faculdade concedida a outra ou outras, de exigir da primeira uma certa conduta, positiva ou negativa". O Dever Jurídico é a situação em que uma pessoa (sujeito passivo) tem de praticar uma ação ou omissão, em vantagem de outra, sob pena de sofrer uma sanção, é então o vínculo que une o titular do direito ao devedor. É imposição que pode decorrer diretamente de uma norma de caráter geral, como a que estabelece obrigatoriedade de pagamentos de impostos, ou indiretamente, pelaocorrência de certos fatos jurídicos de diferentes espécies. Exemplos: a prática de um ilícito civil que gera dever jurídico de INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com indenização; um contrato pelo qual se contraem obrigações; declaração unilateral de vontade, um se faz uma determinada promessa. O direito jurídico é a exigência que o Direito objetivo faz a determinado sujeito para que assuma uma conduta em favor de alguém. Quando o direito jurídico consiste na prestação de natureza patrimonial, temos obrigação, esta é um meio jurídico apto a realizar troca de bens e serviços. O dever jurídico é fundamental à própria ideia de direito, como também é essencial aos propósitos do ordenamento jurídico. Não há direito que não corresponda a um dever, a uma obrigação. O direito de alguém há de ser exercido sempre contra outrem que em última análise é o responsável pela obrigação ou pelo dever correspondente. O direito há de estar totalmente amparado e tutelado pelo ordenamento jurídico. O dever jurídico, pois é importante à própria ideia do direito porque não se pode conceber a existência deste, sem que, em contrapartida, exista uma obrigação. Também é essencial aos propósitos do ordenamento jurídico porque a organização da sociedade pelo direito exige que a obrigação seja determinada por lei, justamente para que o seu cumprimento se torne obrigatório e garantido. Na ideia de dever jurídico está implícita conduta imposta por lei, consistente em se fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Desse modo o dever jurídico consiste na obrigação imposta por esta norma jurídica, de observar uma certa conduta. O conteúdo do dever jurídico, segundo a distinção tradicional consiste em fazer ou não fazer algo. Toda norma jurídica faz referência a um ou a vários deveres jurídicos e isso não impede distinguir entre o dever jurídico a obrigação de uma certa conduta, e o conceito normativo, que também é denominado obrigação. 2.1 DISTINÇÃO ENTRE DEVER JURÍDICO E MORAL O direito distingue-se do dever moral por ser exigível. O dever moral não pode ser exigido, enquanto o cumprimento do dever jurídico pode ser a condição para a aplicação de uma sanção jurídica, caso seja cobrado judicialmente. A moral exerce influência no processo de elaboração das normas jurídicas, quando o legislador se baseia nos valores básicos consagrados pela sociedade, a moral participa, portanto, na criação dos futuros deveres jurídicos. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com Muitas vezes há coincidência de disposição entre as diferentes espécies de deveres, por exemplo, a obrigação de não matar é, ao mesmo tempo, um dever de ordem jurídica e moral, social e religiosa. 2.2 CARACTERÍSTICAS DO DEVER (JURÍDICO) • Contratual ou extracontratual; • Positivo ou negativo; • Permanente ou transitório; 3. CONCEITO DE NORMA Kant considera ser a norma jurídica um juízo hipotético. No Kantismo vamos encontrar a origem da distinção de imperativo categórico do hipotético. O primeiro impõe dever sem qualquer condição ( norma moral), enquanto o hipotético é condicional. O categórico ordena por ser necessário, enquanto no hipotético a conduta imposta é meio para uma finalidade. Assim, o imperativo hipotético estabelece condição para a produção de determinado efeito. Kelsen retomou essa distinção, considerando a norma jurídica um juízo hipotético por dependerem as suas consequências da ocorrência de uma condição: se ocorrer tal fato deve ser aplicada uma sanção. Daí Kelsen ter dito que a estrutura da norma jurídica é a seguinte: em determinadas circunstâncias, determinado sujeito deve observar determinada conduta; se não a observar, outro sujeito, órgão do Estado, deve aplicar ao infrator uma sanção. Paulo Nader diz que ao dispor sobre fatos e consagrar valores, as normas jurídicas são o ponto culminante do processo de elaboração do Direito e o ponto de partida operacional da dogmática jurídica , cuja função é a de sistematizar e descrever a ordem jurídica vigente. Afirma o ilustrado doutrinador que conhecer o direito é conhecer as normas jurídicas em seu encadeamento lógico e sistemático. Aduz, ainda, que as normas jurídicas estão para o Direito de um povo, assim como as células para um organismo vivo, raciocina. Para atingir o conceito de norma jurídica, segundo ensina Maria Helena Diniz, é necessário chegar a essência, graças a uma intuição intelectual pura, ou seja, purificada de elementos empíricos. Em seu trabalho a autora afirma que uma vez apreendida, com evidência intuitiva, a essência da norma jurídica, é possível formular o conceito universal. Continua a professora dizendo que como só a inteligência tem a aptidão de perceber em cada essência as notas INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com concretas de que essa essência se pode compor, emprega-se a intuição racional, que consiste em olhar para uma representação qualquer, prescindindo de suas particularidades, de seu caráter psicológico, sociológico, etc., para atingir aquilo que tem de essencial ou de geral, aduz. Conclui a renomada professora paulista que o conceito de norma jurídica é um objeto ideal que contém notas universais e necessárias, isto é, encontradas, forçosamente, em qualquer norma de direito. Norma jurídica, leciona didaticamente Paulo Dourado de Gusmão, é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica, garantida pelo poder público ou pelas organizações internacionais. Coloca o citado mestre que tal proposição pode disciplinar condutas ou atos, como pode não as ter por objeto, coercitivas e providas de sanção. Visam, consoante o autor, a garantir a ordem e a paz social e internacional. Podemos concluir então que o conteúdo da norma jurídica é uma relação de justiça. Sim, uma simples relação de justiça, pois, indubitavelmente, se a norma não circunda tal relação não é jurídica. Ao estudar o conceito da norma jurídica, o prof. Arnaldo Vasconcelos infere ser a vocação especial da norma jurídica a realização do direito, afirmando que se há direito a partir de uma norma que o preveja (positivismo ou principiológica). O campo de incidência das normas jurídicas, continua o mestre, constitui o mundo do Direito, havendo, entretanto, sempre normas para todas as hipóteses possíveis. Conclui o autor: se não se encontram explícitas no ordenamento, com certeza nele estão implícitas. 4. CONCEITO DE VALOR Valor é um substantivo masculino que dependendo do contexto pode ter diferentes acepções: • Valor é a qualidade atribuída a quem tem talento, prestígio, competência, virtude, mérito ou merecimento intrínseco. • Valor é uma qualidade conferida a quem tem bravura, coragem e valentia. • No sentido figurado, valor é a importância dada a quem se tem estima, afeto, apreço e consideração. • Valor é o preço, o custo, o montante, a estimativa em dinheiro de alguma coisa. É o equivalente justo em dinheiro do que se pode ser comprado ou vendido. É o preço de mercado. É o papel representativo do dinheiro. A expressão “de valor” é usada como referência àquilo que tem preço elevado. • Valor, em Economia Política, é a relação entre a intensidade das necessidades econômicas do homem e as quantidades de bens disponíveis para satisfazê-las. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com PARA A ONTOLOGIA: O conceito de valor (do latim valore) exprime uma relação entre as necessidades do indivíduo (respirar, comer,viver, posse, reproduzir, prazer, domínio, relacionar, comparar) e a capacidade das coisas e de seus derivados, objetos ou serviços, satisfazerem o pensamento racional do indivíduo. É na apreciação desta relação que se explica a existência de uma hierarquia de valores, segundo a urgência/prioridade das necessidades e a capacidade dos mesmos objetos para as satisfazerem, diferenciadas no espaço e no tempo. Reconhecer um certo aspecto das coisas como um valor consiste em hierarquizá-las para tê-las em conta na tomada de decisões: ou, por outras palavras, em estar inclinado a usá-lo como um dos elementos a se ter em consideração na escolha e na orientação que damos às decisões sobre nós próprios e aos outros. A abordagem filosófica descreve-o como nem totalmente subjetivo, nem totalmente objetivo, mas como algo determinado pela interação entre o sujeito e o objeto. 5. CONCEITO DE MORAL No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”. Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau. No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade. Etimologicamente a palavra deriva do latín moris, cuja tradução seria a de costume, então e ainda que a maioria das pessoas utilize os termos moral e ética indistintamente e não está mau também não, moral está mais associado à ação concreta e prática, por exemplo, pode ter costumes ou morais corretas ou incorretas, como a de ceder o assento a uma pessoa maior, incapaz ou grávida num transporte público, para ilustrar mais graficamente o primeiro caso e a de não responder a um saúdo que seria o caso do costume incorreto. A moral, como dizíamos, está estreitamente vinculada à ação, no entanto, a cada ação humana haverá uma incidência no âmbito social produzindo algum tipo de consequência que pode ser positiva ou negativa e por esta situação INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Profa. Ma. Caroline Vargas Barbosa profcarol.vargas@gmail.com será que uma ação será julgada como boa ou como má, segundo corresponda, pelo resto da sociedade, por isso é que é necessário para a feliz e sã convivência de um grupo, que exista esta espécie de guia pré-estabelecida de ações boas e más para que a cada indivíduo que recém saia ao mundo saiba de que lado decidirá estar. Neste último que lhes comentava o denominamos moral objetiva, porque além de que o indivíduo as queira acatar ou não, estas normas morais existem apesar do que ele pode fazer. Seguindo todas estas determinações que expressamos mais acima, se desprende que está em cada indivíduo eleger que caminho vai querer seguir, aquele que se ajusta ao regulamento moral do lugar em que vive ou se rebelar contra ele, porém estando atento às consequências negativas que isto supostamente terá, como a discriminação ou o isolamento que o resto da comunidade lhe causará. O Direito, dizia ele, só deve cuidar da ação humana depois de exteriorizada; a Moral, ao contrário, diz respeito àquilo que se processa no plano da consciência. Enquanto uma ação se desenrola no foro intimo, ninguém pode interferir e obrigar a fazer ou deixar de fazer. O Direito, por conseguinte, rege as ações exteriores do homem, ao passo que as ações íntimas pertencem ao domínio especial da Moral. A moral e o Direito ficavam assim totalmente separados, sem possibilidade de invasão recíproca nos seus campos, de maneira que a liberdade de pensamento e de consciência recebia, através de doutrina engenhosa, uma tutela necessária.(Miguel Reale) Direito e Moral, em alguns pontos se convergem, e a teoria do mínimo ético explicita tal convergência, também denominada como “teoria dos círculos concêntricos”, onde o círculo maior seria o da Moral, e o círculo menor o do Direito. Desta forma, existem pontos iguais entre Direito e Moral, já que esta seria mais ampla do que aquele. Foi dessa teoria que surgiu a explanação “tudo o que é jurídico é moral, mas nem tudo o que é moral é jurídico”, tão usada pelos estudantes do Direito, iniciantes da graduação. Ao lermos essa explanação concluímos que o campo moral é mais amplo que o campo jurídico. Sobre a teoria do mínimo ético enfatiza Reale: A teoria do mínimo ético, consiste em dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobrevier. Como nem todos podem ou querem realizar de maneira espontânea, mas como as violações são inevitáveis, é indispensável que se impeça, com mais vigor e rigor, a transgressão dos dispositivos que a comunidade considerar indispensável à paz social. 6. CONCEITO DE INTERESSE SOCIAL Alinhamento dos vértices de uma sociedade descritos (ou não) na Constituição Federal para (des)envolvimento e (re)conhecimento de um povo por meio do exercício e cumprimento de seus direitos. Temos, por vezes, a ponderação de direitos individuais em prol do coletivo. Assim, entende-se que para que a sociedade possa conviver de forma igualitária e solidária há de se atender os interesses da coletividade.