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Direito processual penal - rito comum att

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Direito processual penal - rito comum (6° semestre)
Aula - 28/08/2020
24 de dezembro de 2019: aprovada a Lei n. ° 13.964/2019, que nasceu do “pacote anticrime” que propôs inúmeras mudanças ao Código de Processo Penal e o Congresso Nacional modificou esse pacote e acrescentou outros artigos.
Entre as modificações que fizeram foi a inclusão do “juiz de garantia”. Houve ações de inconstitucionalidade com relação a essa Lei, e o Toffoli suspendeu por seis meses, só que acabou as férias e foi distribuído para outro ministro, que suspendeu por tempo indeterminado. 
Atualmente temos uma Lei nova que está sendo aplicada (em vigor), mas grande parte está suspensa por liminar do STF. Então o que está sendo aplicada, de fato, é a Lei antiga.
Na parte sobre o juiz de garantia, o professor vai dar aula a respeito das duas leis.
Conceito de direito processual penal: quando é praticada uma infração penal, o Estado que é o único titular do direito de punir passa a ter uma pretensão punitiva, isto é, interesse em aplicar ao autor da infração a pena prevista na lei penal.
Exemplo: art. 121 – matar alguém. A lei penal material (código penal) prevê penas para pessoas que praticarem determinadas condutas. Pedro mata o João, tendo em vista a notícia que houve o crime, o Estado passa a ter a pretensão de punir o Pedro com a pena prevista na lei penal (reclusão de 6 a 20 anos), no entanto, o Estado não pode exercer imediatamente o direito de punir, antes disso deverá obter do Poder Judiciário o título executivo penal, que é uma sentença penal condenatória transitada em julgado.
Para que o Estado exerça o direito de punir ele precisa de título executivo do Poder Judiciário, que é uma sentença penal condenatória. Essa sentença irá definir se o Estado tem ou não o direito de punir o autor da infração e, se tiver, qual é a pena que ele tem o direito de executar.
Se Pedro for condenado a 10 anos transitada em julgado, o Estado, agora sim, terá o direito de executar.
Para executar precisamos ter um título executivo. Precisa ter reconhecido o direito de punir.
Portanto, quando surge a notícia de uma infração penal, denominada de notitia criminis, o Estado passa a exercer uma atividade cujo objetivo é obter do Judiciário o reconhecimento do direito de punir e a execução da penal imposta na sentença. Essa atividade tem o nome de persecução penal (persecutio criminis).
O Estado passa a perseguir o criminoso e executar a pena que foi imposta.
A persecução penal tem três fases (três etapas): 
1° fase: fase de investigação. O Estado passa a investigar a infração, a fim de obter os elementos necessários para promover uma ação em face do suspeito da infração. O que é necessário? Quais serão os elementos? Serão dois: 1. prova da existência da infração (materialidade) e 2. indícios de autoria.
É preciso que haja dois elementos:
I. prova da existência (prova da materialidade). Ninguém pode ser processado por uma infração cuja existência não está demonstrada. Precisa provar que aquela contravenção existiu. 
II. Indícios de autoria. Não se pode processar alguém que não seja suspeito de autoria daquela infração. Só podemos acusar alguém de infração penal se essa pessoa for ao menos suspeita de ter cometido a infração penal.
Esses elementos serão obtidos através de uma investigação.
Essa investigação na maioria das vezes (embora nem sempre) é realizada pela chamada Polícia Judiciária (que é a Polícia Federal da União e, nos Estados, são as Polícias Civis), através de um procedimento chamado inquérito policial. É um dos meios de investigação, que poderá ser feita por outros meios e órgãos.
Não se confunde investigação com inquérito policial. Investigação é a primeira fase, enquanto inquérito policial é um dos meios de investigação (temos outros meios de investigação).
Se essa investigação for bem-sucedida, portanto, obtiver prova da existência da infração e indícios de autoria, haverá a segunda fase da persecução penal.
2° fase: ação penal, também chamada de persecutio criminis in judicio. É a fase judicial da persecução. Nesta fase, o Estado através do MP (em regra) ou, em certos casos excepcionais, a vítima ou seu representante legal, promovem perante o Judiciário uma ação penal em face do suspeito da autoria da infração penal.
Quem promove ação penal? Na grande maioria dos casos será o órgão do Estado (MP, promotor de justiça). Em alguns outros casos a própria vítima ou representante legal.
Ele é suspeito, acusado, réu, não sabemos se ele é o autor ou não. Se essa ação penal terminar com uma condenação transitada em julgado, terá início a terceira fase da persecução penal.
3° fase: persecução penal. É a fase em que o Estado (exclusivamente ele) executa a pena imposta na condenação. Aqui o Estado já tem título executivo e agora poderá promover a execução da pena.
(pergunta e resposta da própria aula) como se explica a prisão em flagrante? Preventiva? Já que somente poderá ser presa depois de transitada em julgada. O Estado só pode punir uma pessoa depois de transitada em julgado. Essas prisões não têm natureza de punição, não tem função punitiva. Ele não está sendo preso porque é considerado culpado, mas sim perigoso, é uma prisão preventiva. É exceção.
(um breve resumo). Portanto, persecução penal é atividade que o Estado desenvolve em busca do reconhecimento (da sentença transitada em julgado) e da realização do seu direito de punir o autor de uma infração. Ela se inicia com a notícia de uma infração e somente termina com o integral cumprimento da pena.
Obs.: alguns autores, doutrinadores, entendem que a persecução penal tem como objetivo apenas o reconhecimento e não a realização do direito de punir. Para eles, portanto, a persecução só tem duas fases: investigação e ação penal. A execução estaria fora da persecução penal.
Conceito de direito processual penal: é o conjunto de princípios e regras que regulam a persecução penal, em todas as suas fases. 
Sistemas processuais penais: são modos, modelos, de realização do processo penal nas diversas legislações mundiais.
A doutrina separou esses modelos em três. O Brasil e Argentina seguem o modelo acusatório.
A França, Espanha e Itália seguem o modelo misto.
Basicamente existe três modos:
1° sistema: inquisitivo. Não há diferença entre quem acusa e quem julga. O próprio juiz faz a acusação e depois julga o réu. É um sistema autoritário de processo penal. Não é o sistema adotado no Brasil.
2° sistema: acusatório. A principal característica é a diferença entre a pessoa do acusador e a pessoa do juiz. Quem acusa é parcial e não pode julgar. Quem julga deve ser imparcial, e, portanto, não pode ser o acusador. É este o sistema adotado no Brasil, conforme expresso no art. 3-A do CPP.
Art. 3º-A. O processo penal terá estrutura acusatória, vedadas a iniciativa do juiz na fase de investigação e a substituição da atuação probatória do órgão de acusação. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
3° sistema: misto. O processo de inicia em modo inquisitivo, todas as provas são colhidas pelo juiz sem participação de um órgão acusador e depois, em uma segunda fase, os autos são remetidos ao órgão acusador (MP) que dará ou não prosseguimento a ação. Portanto, há uma fase inicial inquisitiva e uma fase posterior acusatória. Esse sistema é adotado em alguns países da Europa como a França, Itália e Espanha.
Aula - 04/09/2020
Princípios do processo penal
Quando falamos em princípios, começamos com exemplos para ter uma base do que são os princípios.
O que quer dizer princípio? Ela é usada no sentido de base, fundamento. Ex. é igual construção de uma casa, que começa com as bases da casa. 
Quando estudamos os princípios de qualquer disciplina, estamos falando da base e tudo que vem depois devem estar de acordo com esses princípios. Ex. princípio da ampla defesa. Há uma série de cuidados para que o réu tenha conhecimento do que está sendo acusado e uma série de proteção, então ele será chamado para apresentar defesa. Caso não seja comunicado, essa norma seria construída fora do princípio da ampla defesa.
Aonde estão os princípios? A quase totalidade dos princípios do processo penal está no art. 5° da CF, que trata dos direitos e garantias individuais.
Nenhuma área do direito tem mais princípios previstos no art. 5° do que direito penal e direito processual penal.
Todos os Estados se preocupam muito com o direito penal e processo penal porque através dele o Estado pode restringir a liberdade e a vida (quando há pena de morte).
Isto ocorre porque esses ramos do Direito são aqueles em que o Estado pode invadir mais severamente os direitos individuais mais importantes, como a liberdade e o patrimônio (quando há pena de morte, o Estado pode até tirar o direito à vida).
1. Princípio da presunção de inocência: 
Art. 5°, LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
Esse princípio (também chamado de estado de inocência) determina que durante todo o curso da investigação e da ação penal o réu seja tratado como pessoa inocente. Ele só pode ser considerado culpado depois de uma condenação contra a qual não caibam mais recursos (transitada em julgado).
Para considerar culpado é preciso que o Estado tenha o reconhecimento, quando não há dúvidas de que ele é culpado.
Consequências desse princípio: 
a. o ônus de provar a culpa é de quem acusa. O acusado não tem o ônus de provar a sua inocência, pois ela é presumida. Quem acusa é que deve provar.
O réu não precisa provar sua inocência, mas sim o autor.
Quando o MP faz uma acusação, é ele que tem que provar a culpa do réu. Caso o réu prove que seja inocente é melhor ainda.
b. In dubio pro reo (na dúvida, o juiz deve decidir em favor do réu). Ex. o juiz pensa que pode até que o réu tenha cometido o crime, mas não tem a certeza, então ele deve absolver o réu.
Se a acusação não conseguiu provar a culpa do réu a ponto de dar certeza ao juiz, a presunção de inocência continua prevalecendo e o réu deve ser absolvido. 
c. o réu não pode ser punido (não pode sofrer pena) enquanto não transitar em julgado a sua condenação, pois não se pode punir quem é inocente. Portanto, a execução da pena só pode começar após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
Mas e quanto à prisão preventiva? Não é de caráter punitiva, ele não está preso por ser culpado e sim por ser perigoso.
A prisão anterior à condenação não tem (e não pode ter) caráter ou finalidade punitiva. Ela não é decretada por se considerar que aquela pessoa é culpada pelo crime passado. Ela pode ser presa, se for absolutamente necessário, por uma previsão de um risco futuro da liberdade (periculum libertatis)
A avalição não é, nesse momento, de que a pessoa é culpada, mas sim de que ela é perigosa. Ex. maníaco do parque.
A prisão cautelar ou preventiva é excepcional. A regra é que as pessoas respondam à investigação e à ação penal em liberdade. A prisão só pode ser decretada em casos de absoluta necessidade.
Por outro lado, se a prisão anterior à condenação é decretada ou mantida sem que haja necessidade, por não haver nenhum risco na liberdade, ela não será de fato uma prisão cautelar, mas sim uma punição antecipada (ex. do pai de família que comete um pequeno furto). Nesse caso, a prisão configurará uma violação à presunção de inocência.
Questão do cumprimento da pena após a condenação em segundo grau.
Em 2009 o STF decidiu que, por conta da presunção de inocência, a pena não pode ser iniciada antes do trânsito em julgado final da condenação.
Em 2016, julgando o HC 126292 o STF mudou esse entendimento e passou a decidir que a execução pode ser iniciada após uma condenação em segunda instância, ainda que haja recursos aos tribunais superiores.
Em 2019 o STF nas ADCs 43, 44 e 54, mudou novamente o entendimento voltando ao que havia decidido em 2009, ou seja, que a execução da pena só começa após o trânsito em julgado, ou seja, após esgotados todos os recursos.
2. Princípio do devido processo legal
Art. 5°, LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
O Estado não pode exercer diretamente o seu direito de punir, privando alguém da liberdade ou de seus bens. Para isso, será preciso que haja um processo. Ele não pode punir diretamente, mas sim ir até o Judiciário.
Mas não basta que haja um processo. É necessário o devido processo legal, ou seja, um processo que obedeça a todas as normas legais.
3. Princípio do contraditório e ampla defesa
Art. 5°, LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
São dois princípios no mesmo dispositivo. 
a. contraditório (ou bilateralidade de audiência). O processo é constituído por duas partes que litigam entre si em situação de isonomia, tendo os mesmos direitos e deveres. O juiz imparcial é equidistante (mantem igual distância) de ambas as partes.
E quando o juiz toma qualquer decisão importante, ele é obrigado, antes, a ouvir ambas as partes.
b. ampla defesa
no processo penal, a acusação é limitada, é restrita aos fatos ilícios atribuídos pelo acusador ao réu na petição inicial (denúncia ou queixa).
A petição inicial delimita (estabelece os limites) da acusação, de modo que o réu não pode ser condenado por nenhum fato que não esteja narrado na inicial. 
Ação pública: denuncia.
Ação privada: queixa.
A defesa, por outro lado, é ampla.
Isso significa que o réu pode alegar o que quiser em sua defesa (negar a tipicidade, negar a existência do fato, negar a autoria, negar o dolo ou culpa etc.) 
A ampla defesa inclui o direito a uma defesa técnica, ou seja, exercida por um técnico do direito, que é um Advogado ou Defensor Público. Ninguém pode ser processado sem defesa técnica.
4. Princípio do juiz natural
Art. 5°, LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Juiz natural é aquele cuja competência para julgar o fato foi pré-estabelecida pela lei, antes da ocorrência do fato.
A competência do juiz está estabelecida antes mesmo que o crime aconteça.
Autoridade competente é aquela estabelecida antes que o crime acontecesse. É o juiz natural.
Juiz de exceção: é o oposto de juiz natural. É um juiz designado após o fato acontecer para julgar aquele fato.
Ex. Tribunal de Nuremberg foi um Tribunal de exceção. Foi criado para julgar os nazistas depois da segunda guerra mundial.
Filme: Operação Final
Livro: Hanna Arednt Eichman em Jerusalém
5. Princípio do duplo grau de jurisdição
Esse princípio não está explícito na CF. Apenas implicitamente ela o prevê quando cria tribunais para julgarem recursos e, ao prever a ampla defesa, como já vimos, menciona "com os meios e recursos a ela inerentes"
Por esse princípio, as decisões de primeiro grau de jurisdição devem estar sujeitas a uma revisão e reforma um órgão do Judiciário de jurisdição superior.
Essa regra é consequência da falibilidade humana. A ideia é de que a possibilidade de revisão das decisões, por um órgão colegiado (tribunal) reduza a possibilidade de haver erro judiciário.
As decisões importantes dos juízes devem estar sujeitas às revisões.
O Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos Humanos), do qual o Brasil é signatário, prevê expressamente o duplo grau de jurisdição no seu art. 8, 2.
Artigo 8º - Garantias judiciais
2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
6. Princípio da publicidade
Art. 5°, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Art. 93, IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
A Constituição Federal estabelece como regra a publicidade dos atos processuais e das decisões do Poder Judiciário. Acesso aberto e público a todos.
A publicidade é um meio de controle do Poder Judiciário não só pelas partes, mas por toda a sociedade.
Da mesma forma, o juiz é obrigado pelo art. 93, IX da CF a fundamentar (expor as razões) as suas decisões. Ele pode até errar de boa-fé, mas ele é obrigado a expor as razões que o levaram a adotar aquela decisão.
Como exceção, a CF permite o sigilo quando necessário para garantir um de dois bens:
a) o interesse público. Ex. interceptação telefônica ou busca e apreensão;
b) intimidade das pessoas (desde que não prejudique um superior interesse público à informação) ex. processo por estupro, para assegurar a intimidade da vítima.
Aula – 11/09/2020
Inquérito policial
Antes de conceituar o inquérito policial, é preciso estudar o que é Polícia.
Polícia é a instituição de direito público, ou seja, do Estado, a quem incumbe manter e recuperar a ordem pública e a segurança individual.
Existem duas espécies de Polícia: 
a. Polícia preventiva ou administrativa: aquela que atua antes que as infrações ocorram, a fim de evitar essa ocorrência. Sua função é manter a ordem pública e a segurança individual. 
Nos Estados, o policiamento preventivo é realizado pelas Polícias Militares.
Não é a Polícia Militar a encarregada da investigação. Quando o crime ocorre e a PM prende o autor em flagrante, ela o leva à Polícia Civil.
b. Polícia Repressiva ou Judiciária: é aquela que atua depois que as infrações acontecem, com a finalidade de obter elementos para punir o autor da infração e assim recuperar a ordem pública e a segurança individual. 
É a ela que incumbe a investigação.
Nos Estados as funções de polícia repressiva ou judiciária são exercidas pelas Polícias Civis.
Obs. A denominação "Polícia Judiciária" não significa que essa Polícia pertença ao Poder Judiciário (ela é órgão do Poder Executivo, assim como a polícia administrativa). Essa denominação significa que ela trabalha, fazendo a investigação, para fornecer ao Poder Judiciário elementos para julgar.
Polícia Federal: é a polícia da União. Trata-se de uma polícia com função híbrida (mista):
A Polícia Federal tem suas funções definidas no art. 144, §1° da CF. Algumas dessas funções são de polícia judiciária ou repressiva. De modo geral, ela investiga os crimes que são da competência da Justiça Federal. Ex. crimes contra o patrimônio da União ou de suas empresas (ex. roubo contra a Caixa Econômica Federal) e crimes transnacionais (praticados no exterior com resultado no Brasil e vice-versa)
Art. 144, § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União.
Exemplos: tráfico internacional de drogas, ou de pessoas, ou de órgãos.
Por outro lado, algumas das funções da Polícia Federal são preventivas, ou seja, objetivam evitar que infrações ocorram. Ex. patrulhamento de fronteiras, polícia marítima, polícia aeroportuária etc.
A Polícia Federal é vinculada ao Poder Executivo Federal, subordinada diretamente ao Ministro da Justiça.
Obs. Guardas municipais – A Constituição Federal no seu art. 144, § 8° autoriza os municípios a constituírem guardas municipais.
Art. 144, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
No entanto, essas guardas não são polícias.
Elas têm a função de cuidar do patrimônio municipal (praças, ruas, escolas, monumentos etc.).
São uma organização de segurança para garantir os bens do município. 
Não fazem policiamento nem preventivo nem repressivo.
No entanto, se a guarda municipal durante o exercício de sua atividade, se depara com uma situação de flagrante delito, ela pode prender em flagrante, pois qualquer pessoa do povo pode prender em flagrante.
Sem que haja situação de flagrância, a guarda municipal não pode intervir. Por exemplo, não pode fazer busca domiciliar ou pessoal.
Investigação por outros órgãos (entre os quais o Ministério Público):
O art. 144, § 4° da Constituição Federal afirma que incumbe às Polícias Civis a investigação criminal. Esse mesmo dispositivo dá à Polícia Federal a incumbência de ser a polícia judiciária da União
A questão que surge é saber se incumbência é exclusiva ou se é permitido que outros órgãos (inclusive o MP) também realizem investigação criminal.
O art. 144, § 4° da Constituição Federal atribui às polícias civis e federal a investigação criminal. Por muito tempo se discutiu se essa atribuição é exclusiva, ou se outros órgãos podem investigar. O MP criou GAECOS (grupos de combate ao crime organizado) e passou a realizar algumas investigações.
O STF acabou por decidir que a atribuição das polícias não é exclusiva e que outras instituições, entre elas o MP, podem investigar.
Hoje, o MP faz investigações, seguindo normas do Conselho Nacional do MP -CNMP através de um procedimento chamado PIC - Procedimento de Investigação Criminal.
A decisão do STF que afirmou com repercussão geral a possibilidade de investigação pelo MP foi proferida no RE 593727.
Conceito de inquérito policial:
É um procedimento de polícia judiciária, presidido por Delegado de Polícia, cuja finalidade é obter os elementos necessários à propositura de uma ação penal: prova da existência da infração e indícios de autoria.
Natureza jurídica de um inquérito: é um procedimento administrativo de natureza inquisitiva e preparatória de futura ação penal.
É um procedimento, e não um processo. Procedimento é simplesmente uma série de atos (não há partes no procedimento). O inquérito é uma série de atos de investigação, de coleta de provas.
É inquisitivo. Isso significa que não há contraditório no inquérito.
Ninguém é acusado de nada. O investigado (que não é réu) é mero objeto das apurações.
Isso não impede de ele constituir advogado para acompanhar o inquérito e fazer requerimentos, mas o inquérito ocorrerá mesmo que ele não constitua advogado.
Preparatório de ação penal: sua finalidade é buscar os elementos para que haja ação penal. Se ele não obtiver esses elementos, o inquérito será arquivado. 
Destinatários do inquérito policial (para quem é realizado):
Existem destinatários imediatos (ou diretos) e mediato (ou indireto)
Destinatários imediatos são os titulares da ação penal: o MP ou a vítima. O inquérito é feito diretamente para dar a eles elementos para promoverem a ação.
Destinatário mediato (ou indireto) é sempre o juiz, pois, no final das contas, o inquérito é feito para permitir que o juiz, julgando a futura ação, decida o caso.
Presidência do inquérito: ele é presidido pela "Autoridade Policial", ou seja, o Delegado de Polícia. Não é o juiz nem o promotor que presidem o inquérito.
A atuação do Delegado no inquérito é regulada pelo CPP e pela Lei 12830/2013.
Cabe a ele instaurar o inquérito, determinar quais provas devem ser produzidas e presidir a colheita dessas provas.
O promotor e o advogado do investigadopodem acompanhar a realização das provas, mas a presidência é sempre do Delegado.
Papel do MP no inquérito: o MP, além de acompanhar diligências do inquérito (presididas pelo Delegado) tem poder de requisição ao Delegado (art. 13, II do CPP e art. 129, VIII da CF).
Art. 13. Incumbirá ainda à autoridade policial:
II - realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público;
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;
Isso significa que o MP tem poder de requisitar a instauração de inquérito e, no curso dos inquéritos em andamento, de requisitar a colheita de provas ao Delegado.
O Delegado não pode deixar de atender essas requisições, salvo em hipótese de clara ilegalidade.
Requisição tem o sentido de determinação, que não pode deixar de ser cumprida.
Papel da vítima no inquérito (art. 14) a vítima, através de advogado, pode, se quiser, acompanhar as diligências e formular requerimentos, além fazer alegações. O Delegado não fica obrigado a atender esses requerimentos.
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.
Papel do investigado: ele é objeto de investigação. Pode se quiser constituir advogado para acompanhar o inquérito, formulando requerimentos.
Papel do juiz no inquérito (CPP, arts. 3-A a 3-F com redação da Lei 13.964/2019): o juiz de garantias.
Até o final de 2019, o Código de Processo Penal dispunha que o mesmo juiz que atuou na fase do inquérito (controlando prazos, decretando prisão, autorizando busca e apreensão ou outras provas etc.) seria o juiz encarregado da ação penal. Ele colheria as provas na ação e proferiria a sentença.
No dia 24/12/2019 foi promulgada a Lei 13.964/2019 que alterou esse sistema introduzindo no CPP os arts 3-a a 3-F e criando o chamado juiz de garantias.
No sistema da lei nova, um juiz atua na fase do inquérito, encarregado de deferir ou não providências que afetam as garantias individuais do investigado, como prisão, buscam domiciliar, quebra de sigilo telefônico, fiscal ou bancário etc. Esse juiz que atuou na fase do inquérito não pode atuar após o recebimento da denúncia, na ação penal.
Pela nova lei, quem atua é outro juiz, chamado "juiz da instrução e da sentença". Esse juiz recebe o processo sem as provas do inquérito, para que ele não seja influenciado pelas provas do inquérito, colhidas sem contraditório.
O STF, diante das dificuldades de implementação de vários pontos da lei nova, dentre os quais o do juiz das garantias suspendeu indefinidamente a vigência dessas normas. Portanto, até que o STF decida a questão, continua sendo aplicada a lei anterior e não há juiz das garantias.
Ou seja: por enquanto, o juiz que atuou na fase investigativa continua atuando na fase do processo.
Aula – 18/09/2020
Obrigatoriedade do inquérito: é da doutrina a jurisprudência. Uma vez que havendo elementos que justifiquem uma investigação, o delegado fica obrigado a instaurar o inquérito.
Indisponibilidade, art. 17 do CPP. Uma vez instaurado o inquérito, o delegado não pode arquivá-lo, a apuração deve prosseguir até o final.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Instauração do inquérito: todo inquérito é instaurado a partir de uma “notitia criminis” (notícia de um crime). Notitia criminis é o conhecimento pela autoridade policial de um fato aparentemente criminoso.
Existem 3 espécies de notitia criminis: 
a. espontânea: é aquela que chega ao delegado através da própria atividade da polícia. Não é oficialmente trazida por alguém de fora. 
Ex. relatórios de investigação da equipe policial, delações anônimas, notícias trazias informalmente por informantes da polícia.
b. provocada (de cognição indireta): é aquela levada à Polícia formalmente por alguém de fora da polícia.
Esse alguém pode ser a própria vítima ou qualquer pessoa do povo, ou o MP ou o Juiz.
c. de cognição coercitiva: é aquela que chega à polícia através de uma prisão em flagrante.
O início do inquérito vai variar de acordo com dois fatores: a espécie de notitia criminis e a ação penal referente ao crime a ser investigado.
Obs. As ações penais podem ser públicas ou privadas. Públicas são aquelas promovidas pelo MP. Privadas são aquelas promovidas pela vítima ou seu representante legal.
A petição inicial da ação pública se chama denúncia, e a da ação privada se chama queixa. 
A ação pública pode ser incondicionada ou condicionada. Incondicionada é aquela ação em que o MP não necessita de nenhum consentimento para promover a ação.
Condicionada é aquela ação pública em que o MP, para promovê-la, precisa de um consentimento, que em alguns casos será da vítima e em outros do ministro da Justiça.
Início do inquérito:
1. se o crime é de ação penal pública incondicionada: 
O inquérito pode ser iniciado:
a. de ofício pelo Delegado: na notitia criminis espontânea
b. por requerimento da vítima (art. 5°, II parte final do CPP) ou de qualquer do povo (art 5°. § 3°) ou por requisição do MP ou do judiciário (art. 5°, inciso II) - na notitia criminis provocada.
Art. 5° Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 3° Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Obs.: quando a notícia crime é levada pela vítima ou qualquer do povo, o delegado não fica obrigado desde logo a instaurar o inquérito. Ele pode antes determinar uma verificação da procedência dessas informações (art. 5°, § 3°).
O Delegado fará um Boletim de ocorrência e mandará informalmente investigar se a notitia criminis tem fundamento.
Se houver fundamento, ele instaura o inquérito. Se não houver ele não instaura, e arquiva o boletim de ocorrência.
Contra a decisão de arquivamento do boletim de ocorrência, ou seja, que nega a instauração de inquérito, o CPP prevê recurso ao "chefe de polícia" (art. 5°, § 2°).
Art. 5°, § 2° Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
Hoje não há mais cargo de "chefe de polícia". Entende-se que se trata do Secretário da Segurança Pública.
Quando se trata de requisição do MP ou do Judiciário o Delegado fica obrigado a instaurar o inquérito, salvo em caso de manifesta ilegalidade.
2) Se o crime é de ação pública condicionada: o inquérito só pode ser instaurado mediante representação da vítima ou de seu representante legal, ou, quando for o caso, do Ministro da Justiça (art. 5°, § 4°, CPP)
Art. 5°, § 4° O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
Sem essa manifestação de vontade, o Delegado não poderá instaurar o inquérito.
Não faria sentido investigar um fato sem que haja a possibilidade de ação penal. Se aquele que deve consentir na ocorrência da ação penal não manifestar a sua vontade, não deverá haver investigação.
3) Se o crime é de ação privada: o Delegado só pode instaurar inquérito se houver manifestação de vontade da vítima ou de seu representante legal (art. 5°, § 5°, CPP)
Art. 5, § 5° Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
Se a vítima não pretende promover a ação penal, não há razão para investigar o fato.
Peças inaugurais do inquérito:
São os documentos que abrem o inquérito.
Eles podem ser:
a. quando há requisição do MP ou do Juiz, a própria requisição
b) quando houver requerimento escrito da vítima ou qualquer do povo, o próprio requerimento
c) quando houver prisão em flagrante,o auto de prisão em flagrante
d) nas outras hipóteses (como p. ex. comunicação verbal da vítima ou qualquer do povo) a peça inaugural será uma Portaria do delegado, acompanhada do boletim de ocorrência
Portaria é uma ordem escrita do Delegado com relato da notitia criminis e determinação de instauração do inquérito.
Procedimento no inquérito policial
- O inquérito é uma série de atos de investigação, de colheita de provas
O art. 6 do CPP relaciona, exemplificativamente, provas a serem produzidas no inquérito
No entanto, cabe ao Delegado, em cada caso, verificar quais são as provas que devem e as que não devem ser realizadas
- essas diligências são estudadas no ponto das provas no processo penal
Indiciamento: no decorrer do inquérito, pode acontecer de o Delegado chegar a um suspeito.
Isso ocorrendo, ele determinará, de forma fundamentada, o indiciamento formal daquela pessoa (art. 2°, § 6°, da Lei 12830/2013)
Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.
§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas circunstâncias.
Indiciamento é a atribuição provisória de autoria de um crime a alguém, no inquérito policial.
O indiciamento aponta formalmente quem é a pessoa investigada naquele inquérito.
É direito do investigado saber que ele é objeto da investigação, para que ele possa tomar as providências que entender cabíveis.
p.ex. constituir um advogado para acompanhar o inquérito, impetrar habeas corpus etc.
- Quem determina o indiciamento é o delegado, que deve fundamentar, apontando quais são as razões pelas quais aquela pessoa é suspeita de autoria.
- o indiciamento de determinada pessoa não vincula o MP, ou seja, não obriga o MP a denunciar aquela pessoa. O MP pode entender que não há suspeita suficiente contra aquela pessoa e denunciar outra ou promover o arquivamento do inquérito.
Atos que compõem o indiciamento:
a. Interrogatório: o Delegado interroga o indiciado sobre os fatos. O indiciado não é obrigado a responder, pois tem direito ao silencia (art. 5°, LXIII, CF)
art. 5°, LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
Interrogatório diz respeito ao indiciado no inquérito e ao réu na ação penal. Só eles são interrogados. Testemunhas e vítimas não são interrogadas, mas ouvidas. O juiz ou o delegado realizam a oitiva delas.
O art. 15 do CPP prevê que ao indiciado menor de 21 anos o Delegado deverá nomear um curador durante o interrogatório, para assegurar o respeito aos seus direitos.
Art. 15. Se o indiciado for menor, ser-lhe-á nomeado curador pela autoridade policial.
No entanto, é entendimento predominante que o atual código civil, ao dar plena capacidade aos 18 anos, revogou essa norma.
b. Identificação criminal (quando cabível)
Lei 12.037/2009.
O art. 6, VIII do CPP determina a identificação do indiciado no inquérito através de processo datiloscópico (coleta de impressões digitais)
Art. 6° Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá:
VIII - ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
Identificação: é a obtenção de informações a respeito de alguém suficientes para distinguir essa pessoa de todas as outras. É o conjunto de informações que diferenciam uma pessoa de todas as outras, tornando-a idêntica apenas a si mesma
É o processo pelo qual se estabelece a identidade de alguém.
Existem duas espécies de identificação: a civil e a criminal
A identificação civil é obrigatória para todos. É ela que permite a realização de atos da vida civil, como contratar, casar, trabalhar, votar etc. 
Tudo isso exige que a pessoa esteja identificada.
A identificação civil é feita por um órgão da polícia chamado Instituto de Identificação. A pessoa identificada é fotografada, fornece informações de qualificação e impressões digitais.
Em seguida, ela recebe um documento comprobatório de sua identificação civil, chamado cédula de identidade.
Identificação criminal: é aquela realizada no inquérito policial, para fins penais.
Sua finalidade é identificar o suspeito, para evitar que outra pessoa seja confundida com ele e eventualmente seja condenada e venha a cumprir pena.
Até a CF de 1988 todos os indiciados eram submetidos a identificação criminal, mesmo que já tivessem a identificação civil. Portanto, na Delegacia, ao serem indiciados, forneciam informações, eram fotografados, forneciam impressões digitais etc.
A CF de 88 tratou disso no art. 5°, LVIII, dizendo que "o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei".
A CF, portanto, estabeleceu como regra que o civilmente identificado (ou seja, aquele indiciado que apresenta cédula de identidade) não será submetido no indiciamento a nova identificação, para fins criminais.
Excepcionalmente isso poderá ocorrer, em hipóteses a serem previstas em lei.
Essas hipóteses excepcionais hoje estão reguladas na Lei 12037/2009, art. 3°. Por exemplo, permite-se a identificação criminal daquele que apresenta cédula de identidade muito antiga, ou em mau estado de conservação, ou com indícios de falsificação etc.
c. pregressamento
O art. 6, inciso IX do CPP determina que o Delegado, no indiciamento, colha informações sobre a vida pregressa (sobre o passado) do indiciado: escolaridade, profissão, salário, bens, família, relacionamento social etc. 
Art. 6°, IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.
Isso serve para conhecer melhor a pessoa do indiciado e será levado em conta pelo juiz no momento de dosar eventual pena.
Encerramento do inquérito: 
Encerramento do inquérito: (art. 10 CPP)
O art. 10 prevê o prazo de 30 dias para encerrar o inquérito se o indiciado estiver solto e de 10 dias se estiver preso.
Art. 10. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
O art. 10 § 3° permite que, nos casos de indiciado solto, o juiz pode prorrogar esse prazo, quando o fato for de difícil elucidação.
Art. 10, § 3° Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
OBS: o art. 3°. - A § 2° (que está no capítulo do juiz das garantias, e, portanto, está suspenso) prevê que no caso de indiciado preso o juiz das garantias pode prorrogar o prazo por uma vez, até mais 15 dias. Mas isso ainda não está sendo aplicado.
Esses prazos do CPP não se aplicam aos inquéritos da Polícia Federal, mas só aos inquéritos das polícias civis dos estados.
Isso porque para a Polícia Federal o art. 66 e parágrafo único da Lei 5010/66 determina que o prazo de inquérito de indiciado preso será de 15 dias prorrogável por mais 15 dias.
Art. 66. O prazo para conclusão do inquérito policial será de quinze dias, quando o indiciado estiver prêso, podendo ser prorrogado por mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.
Parágrafo único. Ao requerer a prorrogação do prazo para conclusão do inquérito, a autoridade policial deverá apresentar o prêso ao Juiz.
Aula – 25/09/2020
Encerramento do inquérito: concluídas as investigações, o delegado deverá fazero relatório do inquérito (art. 10). Ele relatará as diligências realizadas e dará a sua conclusão sobre os fatos apurados, apontando qual é o eventual crime e o eventual suspeito. 
Ele dará a sua conclusão.
Essa conclusão do delegado não vincula (não obriga) o MP ou, na ação privada, a vítima. 
O titular da ação penal poderá entender que o crime é outro, ou que o suspeito é outro. 
Não obriga a processar alguém de acordo com o que entendeu o delegado. 
Concluído o inquérito e juntado o relatório do delegado, os autos são remetidos ao juiz.
OBS. Há locais em que, nos crimes de ação pública, remete-se o inquérito policial diretamente ao MP.
Se o crime apurado no inquérito for de ação privada, o juiz aguardará a iniciativa da vítima ou o decurso do prazo decadencial (decadência é uma das causas extintivas da punibilidade).
Se decorrido o prazo a vítima não promover a ação, o juiz declarará extinta a punibilidade do indiciado. 
Se o crime apurado no inquérito for de ação pública, o juiz remete desde logo o inquérito ao MP, que é o titular do direito de ação pública. 
Opções do promotor (a) ao receber o inquérito: 
a. oferecer acordo de não persecução penal – ANPP (art. 28-A, CPP): esse acordo é mais uma medida de justiça penal consensual, ao lado daquelas previstas na Lei 9.099/05 (transação penal do art. 76 e a suspensão condicional do processo do art. 89)
Art. 28-A. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça e com pena mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente:
I - reparar o dano ou restituir a coisa à vítima, exceto na impossibilidade de fazê-lo;
II - renunciar voluntariamente a bens e direitos indicados pelo Ministério Público como instrumentos, produto ou proveito do crime;
III - prestar serviço à comunidade ou a entidades públicas por período correspondente à pena mínima cominada ao delito diminuída de um a dois terços, em local a ser indicado pelo juízo da execução, na forma do art. 46 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal);
IV - pagar prestação pecuniária, a ser estipulada nos termos do art. 45 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), a entidade pública ou de interesse social, a ser indicada pelo juízo da execução, que tenha, preferencialmente, como função proteger bens jurídicos iguais ou semelhantes aos aparentemente lesados pelo delito; ou
V - cumprir, por prazo determinado, outra condição indicada pelo Ministério Público, desde que proporcional e compatível com a infração penal imputada.
Conceito de acordo de não persecução penal – ANPP: é um acordo em crimes de ação pública com pena mínima inferior a 4 anos, praticados sem violência ou grave ameaça, entre MP e indiciado confesso, pelo qual este aceita cumprir determinadas condições em troca de não ser processado.
Requisitos para o ANPP: esses requisitos devem estar todos presentes cumulativamente para que o acordo seja possível. Eles são objetivos e subjetivos.
Objetivos (dizem respeito ao fato apurado):
a. não ser caso de arquivamento do inquérito: é preciso que haja elementos para promover a ação penal (prova do crime e indícios de autoria). Não faria sentido submeter o indiciado a cumprir determinadas condições se não há nem possibilidade de ele ser processado
Se for caso de arquivamento, o MP deve promover o arquivamento.
b. o crime deve ter pena mínima inferir a 4 anos (consideradas aí as causas de aumento e diminuição – 28-A, § 1°).
Art. 28-A, § 1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo, serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto.
Ex. o crime tem pena mínima de 4 anos, mas é tentado.
Na tentativa, há uma redução da pena de 1/3 a 2/3.
Portanto, a pena mínima desse crime, na forma tentada, é inferior a 4 anos. Cabe ANPP.
c. o crime não pode ter sido praticado mediante violência ou grave ameaça
d. o acordo deve ser necessário e suficiente para a reprovação e prevenção do crime (a critério do MP). O MP vai analisar o caso concreto e verificar se o acordo é suficiente ou se não há outra solução senão a ação penal.
O MP deve fundamentar eventual recusa com base no caso concreto. 
e. não pode ser cabível transação penal no JECRIM
Se a infração admite transação penal, é esta que deve ser feita, e não ANPP.
(transação penal só cabe em infrações de menor potencial ofensivo, da competência do juizado especial criminal)
f. não pode se tratar de crime que envolva violência doméstica ou crime de gênero.
Requisitos subjetivos: (dizem respeito à pessoa do indiciado)
a. o indiciado deve ser confesso.
Ele deve confessar o crime.
Uma posição afirma que a confissão já deve ter ocorrido no curso do inquérito. Se negou ou silenciou no inquérito, para essa posição não cabe ANPP. 
Outra posição afirma que mesmo que o indiciado tenha negado ou silenciado inquérito, ele poderá se dispor a confessar no acordo, com a finalidade de obtê-lo.
b. o indiciado deve ser primário e não haver indicação de que se trate de criminoso habitual, reiterado ou profissional, salvo se as infrações cometidas tiverem sido insignificantes.
c. não ter sido o indiciado já beneficiado por outro ANPP ou transação penal ou suspensão condicional do processo, nos cinco anos anteriores.
Portanto, se alguém celebra um ANPP ou transação penal ou suspensão condicional do processo, ficará impedido durante cinco anos de celebrar novamente qualquer desses acordos.
Conteúdo do acordo
Pelo acordo, o indiciado se compromete a cumprir condições estabelecidas na negociação com o MP.
A lei prevê essas condições, que podem ser acordadas cumulativa ou isoladamente, segundo o avençado entre as partes
Condições previstas no CPP:
a. reparar o dano causado pelo crime ou restituir a coisa obtida, salvo impossibilidade de fazê-lo 
b. renúncia voluntária do indiciado a certos bens e direitos indicados pelo MP como instrumentos, produtos ou proveito do crime
ex. o agente subtraiu dinheiro e comprou um automóvel que é proveito do crime. A condição pode ser de entregar o automóvel.
c. prestação de serviços à comunidade ou entidade pública pelo tempo mínimo da pena prevista para o crime, reduzido entre 1/3 e 2/3 e sem remuneração.
d. prestação pecuniária – é um pagamento em dinheiro à vítima, seus descendentes ou entidade pública com destinação social
e) outra condição imposta pelo MP, com prazo determinado, desde que seja proporcional e compatível com a infração.
Ex. para alguém que cometeu crime de trânsito, fazer um curso de direção defensiva ou para alguém que cometeu um crime alcoolizado, um tratamento para o vício etc.
É claro que há uma condição implícita em todo acordo: ele não voltar a cometer crimes
Procedimento do acordo
A iniciativa de propor acordo pode ser tanto do MP como do indiciado
Recusa do MP (art. 28-A § 14) caso o MP recuse o acordo e o indiciado entenda que estão presentes os requisitos, ele pode pedir ao juiz que remeta os autos ao chefe do MP, que é o Procurador-Geral de Justiça
Art. 28-A, § 14. No caso de recusa, por parte do Ministério Público, em propor o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 deste Código.
O Procurador-Geral poderá insistir na recusa (e nada haverá a fazer) ou designar outro promotor para promover o acordo
Esse novo promotor fica obrigado a celebrar o acordo, pois age por delegação do procurador geral.
OBS. Poderia o juiz, na recusa do MP, promover ele o acordo? Resposta. Não. o juiz não é parte para fazer acordo.
A mesma questão surgiu com a transação penal, e a jurisprudência afirmou que só o titular da ação pode fazer acordo com o autor do fato.
Aceitação do acordo: se ambas as partes aceitarem o acordo, ele deverá ser escritoe assinado pelo representante do MP, pelo indiciado e por seu defensor.
Portanto, o defensor é imprescindível na celebração do acordo.
Formalizado o acordo, ele deve ser encaminhado ao juiz, para análise.
Homologação pelo juiz:
Homologação é a decisão que declara a legalidade de um ato e dá a esse ato força coercitiva (torna obrigatório seu cumprimento)
Para homologar, o juiz deve analisar:
a. a voluntariedade do acordo
Para isso ele deve marcar uma audiência intimando MP, defensor e indiciado. Na audiência ele ouvirá o indiciado para verificar se este consentiu voluntariamente no acordo.
b) legalidade: o juiz deve verificar se estavam presentes os requisitos legais para o acordo e se as condições estabelecidas estão dentro do que a lei permite.
c. verificação das condições (§ 5° do 28-A) após analisar as condições sob o aspecto da legalidade, o juiz também verificará a adequação delas, ou seja, se elas são adequadas para o caso concreto. Ele vai verificar se não são excessivas ou se não são insuficientes.
Art. 28-A, § 5º Se o juiz considerar inadequadas, insuficientes ou abusivas as condições dispostas no acordo de não persecução penal, devolverá os autos ao Ministério Público para que seja reformulada a proposta de acordo, com concordância do investigado e seu defensor.
O juiz, se entender que está tudo correto, homologará o acordo. Feito isso, o MP promoverá a execução do acordo perante o juízo das execuções criminais.
Se o juiz indeferir a homologação, o juiz remete o acordo ao MP para readequar os seus termos (§ 7°) ou para novas diligências ou para oferecer denúncia.
Art. 28-A, § 7º O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos requisitos legais ou quando não for realizada a adequação a que se refere o § 5º deste artigo.
Da decisão que nega a homologação cabe recurso em sentido estrito (art. 581, XXV do CPP). Podem recorrer ou o MP ou a defesa.
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença:
XXV - que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A desta Lei.
Efeitos do acordo homologado:
Ele não consta dos registros de antecedentes do indiciado (folha de antecedentes), salvo para a finalidade de impedir novo ANPP em cinco anos.
Portanto, o acordo não gera maus antecedentes nem reincidência.
(caso o acordo venha a ser descumprido, aí terá início a ação penal, e em caso de condenação, aí sim ela poderá gerar reincidência).
O acordo suspende o prazo da prescrição (art. 116, IV do CP). Ou seja: a prescrição não corre durante o período em que o indiciado estiver cumprindo as condições.
Art. 116 - Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre:
IV - enquanto não cumprido ou não rescindido o acordo de não persecução penal.
Entre a homologação do acordo e o cumprimento das condições ou a rescisão do acordo a prescrição não corre. O prazo é suspenso.
Descumprimento do acordo (§ 10°): em caso de descumprimento, o MP deve noticiar ao juiz encaminhando a ele para rescisão do acordo.
Art. 28-A, § 10. Descumpridas quaisquer das condições estipuladas no acordo de não persecução penal, o Ministério Público deverá comunicar ao juízo, para fins de sua rescisão e posterior oferecimento de denúncia.
Cabe ao juiz declarar rescindido o acordo.
Feito isso, o juiz devolve os autos ao MP para oferecer denúncia e assim dar início à ação penal.
Cumprimento (§ 13°) caso sejam cumpridas todas as condições, o MP encaminhará o acordo ao juiz para que este declare extinta a punibilidade do indiciado.
Art. 28-A, § 13. Cumprido integralmente o acordo de não persecução penal, o juízo competente decretará a extinção de punibilidade.
A vítima deverá ser comunicada (§ 12°).
Ele não poderá ser processado por esse fato.
Ler: art. 28-A, CPP.
Aula - 02/10/2020
Como vimos, ao receber o inquérito policial que apurou crime de ação pública, o MP tem várias opções: 
a. oferecer, caso presentes requisitos, acordo de não persecução penal ao indicado – já visto.
b. requisitar novas diligências ao Delegado: 
Isso ocorrerá quando o Promotor entender que as provas do inquérito ainda não lhe fornecem elementos suficientes para oferecer denúncia ou ANPP, mas outras diligências do delegado poderão trazer esses elementos.
Obs. Lembremos que o ANPP só pode ser oferecido quando não for caso de arquivamento, ou seja, quando há elementos para oferecer denúncia.
Esta hipótese é aquela em que o MP entende que o inquérito está incompleto, necessidade de mais provas. Ex. ouvir uma nova testemunha, realizar um reconhecimento, uma acareação, uma perícia etc. 
Nesse caso, o Promotor devolve o inquérito ao Delegado requisitando as diligências que entende serem necessárias.
O Delegado fica obrigado a cumprir essas diligências, salvo se forem manifestamente ilegais.
Inquérito com cota: relatado pelo Delegado, foi ao MP e voltou com cota.
Nesse caso, o inquérito vai ao Delegado e, após o cumprimento das diligências, retorna ao MP.
c. oferecer denúncia: denúncia é a petição inicial da ação pública. Oferecendo denúncia, o MP está promovendo a ação.
Ele oferecerá denúncia quando o inquérito lhe fornecer elementos necessários para a ação (prova da existência do crime e indícios de autoria) e não for caso de oferecer proposta de ANPP.
d. promover o arquivamento do inquérito: art. 28 do CPP.
Art. 28. Ordenado o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer elementos informativos da mesma natureza, o órgão do Ministério Público comunicará à vítima, ao investigado e à autoridade policial e encaminhará os autos para a instância de revisão ministerial para fins de homologação, na forma da lei.
Esse art. está atualizado com a Lei nova, no entanto, essa parte foi suspensa juntamente com o juiz de garantia. 
O MP promoverá o arquivamento do inquérito quando as provas produzidas não lhe trouxerem elementos para oferecer denúncia ou ANPP, e não houver possibilidade de que novas diligências probatórias tragam esses elementos.
Ex. não há prova da existência de um crime, o promotor entende que o fato é atípico, está extinta a punibilidade, não se chegou a identificar um suspeito etc. 
O pacote anticrime (Lei 13.964/2019) modificou o art. 28 do CPP, trazendo uma nova forma de arquivamento do inquérito. No entanto, esse dispositivo está suspenso pelo STF. Até que haja decisão do STF, aplica-se a antiga redação do art. 28, ou seja, a antiga sistemática de arquivamento de inquérito.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender.
O art. 17 que continua em vigor, proíbe Delegado de Polícia de arquivar inquérito.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Quem pode arquivar inquérito?
Sistema antigo (do art. 28 revogado pela Lei 13964/2019, mas que continua sendo aplicado): só juiz pode arquivar inquérito.
Nesse sistema, o membro do MP, entendendo que é caso de arquivamento, deve requerê-lo ao juiz, fundamentadamente.
Opções do juiz ao receber o pedido de arquivamento do MP: 
a) concordar com o promotor e homologar o arquivamento.
Nesse caso, arquivado o inquérito, um futuro desarquivamento só poderá ocorrer se surgirem "provas novas" (art. 18 do CPP e súmula 524 do STF).
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.
SÚMULA 524 -
Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.
A doutrina e a jurisprudência exigem, para o desarquivamento,que haja uma prova substancialmente nova, ou seja, que traga uma informação, um conteúdo que não se conhecia, e que modifique a situação da prova dentro da qual havia sido determinado o arquivamento.
Uma prova nova que só repita aquilo que já se sabia antes do arquivamento é apenas uma prova formalmente nova, e não é suficiente para justificar o desarquivamento.
ex. uma nova testemunha que repita os que as testemunhas anteriores já haviam dito, sem nada de novo, é prova apenas formalmente nova e não permite o desarquivamento.
Obs. segundo a doutrina a jurisprudência, se o motivo do arquivamento tiver sido a atipicidade do fato não cabe desarquivamento, nem que surja prova substancialmente nova.
O arquivamento por atipicidade faz coisa julgada formal e material a respeito daquele fato. 
Não se encontra no CPP, se encontra na doutrina e jurisprudência.
b) o juiz pode discordar do pedido de arquivamento do MP e então encaminhar o inquérito ao órgão de controle do MP (nos Estados é o Procurador Geral de Justiça, e no MP federal é a Câmara de Coordenação e Revisão).
O órgão de controle poderá: 
a) concordar com o Promotor e devolver o inquérito ao juiz insistindo no arquivamento. Nesse caso, o juiz nada poderá fazer, pois o único titular da ação, por sua mais alta autoridade, está se recusando a promovê-la.
b) concordar com o juiz e entender que, de fato, havia elementos para oferecer denúncia. Nesse caso, o órgão de controle designa outro promotor para oferecer denúncia, encaminhando-lhe o inquérito.
Esse novo promotor não pode pedir o arquivamento. Ele fica obrigado a oferecer denúncia, mesmo que isso seja contra o seu convencimento, pois ele age não em nome próprio, mas apenas por delegação de seu órgão superior.
Sistema novo (do art. 28 modificado pela lei 13964/2019):
Está suspenso até nova decisão do STF.
No novo sistema, o próprio Promotor, se entender que é caso de arquivamento, determina esse arquivamento, sem encaminhar ao juiz.
Ele junta a manifestação de arquivamento, comunica a vítima (embora a lei não diga, deverá também comunicar o juiz) e em seguida encaminha o inquérito ao órgão de controle (Procurador Geral ou Câmara)
O órgão de controle do próprio MP poderá confirmar o arquivamento (e nesse caso um eventual desarquivamento dependerá de prova substancialmente nova, nos termos do art. 18) ou então designará outro promotor para oferecer denúncia.
O juiz não tem participação no arquivamento.
Como o MP não tem estrutura preparada para rever todos os arquivamentos, o STF suspendeu o novo art. 28.
Ação penal
Direito de ação é o direito de pedir ao Poder Judiciário que solucione um litígio, aplicando a lei ao caso concreto.
A ação pressupõe uma lide, ou seja, uma pretensão de uma parte que é resistida pela outra parte.
O direito de ação (direito instrumental, direito de pedir, de postular) é independente do direito material que é objeto do pedido.
Todas as vezes que o juiz julga o mérito de uma ação (ou seja, julga o pedido formulado pelo autor na inicial) improcedente, ele reconhece que o autor tinha o direito de pedir (direito de ação) mas não tinha o direito àquilo que foi pedido (direito material)
Mérito é a procedência ou improcedência do pedido formulado pelo autor na petição inicial.
O direito de ação (direito de pedir) está subordinado a determinadas condições. Nem todos podem formular pedidos ao Poder Judiciário, nem é possível pedir qualquer coisa.
O próprio direito de postular é subordinado a essas condições, que são as condições da ação.
Quando essas condições não estão presentes (e o autor não tem o direito de ação) o juiz não julga o pedido formulado pelo autor (não julga o mérito). Ele simplesmente rejeita a petição inicial por falta de condição da ação.
Em processo penal, as condições a ação penal podem ser gerais ou específicas.
a. gerais: são aquelas que se exigem para toda e qualquer ação
elas são:
1. legitimidade: nem todos podem pedir. Só podem mover ação, como regra, aqueles que, em tese, são titulares do direito reclamado. 
Ex. só pode cobrar dívida o credor; só pode pedir reintegração de posse o proprietário etc. 
Em matéria penal, o que se pede na ação é o direito de punir o réu.
Esse direito cabe exclusivamente ao Estado.
Portanto, ordinariamente, só o Estado tem legitimidade ativa para promover a ação penal, e ele o faz através de um órgão do Estado chamado MP.
Excepcionalmente, a lei pode permitir que um terceiro venha pedir, através da ação, o reconhecimento de um direito que não é seu.
É a chamada legitimidade extraordinária: a lei autoriza excepcionalmente que alguém que não é titular do direito reclamado, venha pedi-lo através de uma ação.
É isso que ocorre, em processo penal, com a ação penal privada. Nesses casos, a lei autoriza que vítima ou seu representante movam ação para obter o reconhecimento do direito de punir que não é dela, mas do Estado.
Se, por exemplo, o MP movesse uma ação em crime de ação privada, o juiz deveria rejeitar a inicial, pois o MP não tem legitimidade para isso.
2. interesse de agir: 
Para que haja direito de ação, é condição que a sentença seja necessária, útil e eficaz para obter o direito pretendido.
Por exemplo, não haveria interesse em obter a condenação de alguém que já morreu pela prática de um crime.
Não há interesse porque a morte extingue a punibilidade.
3. Possibilidade jurídica do pedido: só há direito de pedir aquilo que a lei autoriza.
Ex. não há direito de pedir pena de morte, ou pena de chicoteamento etc. porque o direito não autoriza essas penas.
b. Condições específicas da ação (condições de procedibilidade): 
Como o nome indica, são condições exigidas apenas para algumas espécies de ações. Nesses casos, além de todas as condições gerais, deve estar presente ainda uma outra condição, específica. 
Ex. a representação do ofendido ou de seu representante dos crimes de ação pública condicionada a ela.
Ex. crime de ameaça.
Ex. a requisição do Ministro da Justiça nos crimes de ação pública condicionada a ela.
Ex. crime contra a honra do Presidente da República.
Classificação das ações penais
Existem várias classificações das ações penais. A mais importante é aquela que diferencia as ações penais de acordo com o seu titular (o seu autor).
Em relação ao titular, as ações penais podem ser:
1. pública ou 
2. privadas
1. Ações públicas são aquelas promovidas com exclusividade pelo MP (art. 129, I da CF e 257, I do CPP).
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei;
Art. 257. Ao Ministério Público cabe: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma estabelecida neste Código; e
A CF dá ao MP o monopólio da ação pública.
2. Ações privadas são aquelas promovidas pela vítima ou seu representante legal.
Ações penais públicas: elas têm duas espécies:
1. Ações penais públicas incondicionadas: são aqueles em que o MP move a ação sem condições específicas, ou seja, ele não precisa da manifestação de vontade de ninguém para promover essas ações penais.
2. Ações penais públicas condicionadas: são aquelas em que o MP, além das condições gerais da ação, deve ter uma condição específica, que é uma manifestação de vontade para que possa promover a ação.
Essas ações podem ser condicionadas a: a) representação do ofendido ou seu representante legal ou b) requisição do Ministro da Justiça (art. 100 § 1° do CP e art. 24 do CPP).
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido.
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça.
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
Ação penal pública: é aquela movida pelo MP.
Ela é incondicionada quando o MP não necessita de autorizaçãopara promovê-la.
A regra é que os crimes sejam de ação penal pública incondicionada. As outras ações são exceções.
Por isso, quando a lei penal, ao prever o crime, nada diz sobre a espécie de ação, nós devemos deduzir que essa regra se aplica, ou seja, que a ação é pública incondicionada. Ex. homicídio, roubo, latrocínio, extorsão, corrupção ativa ou passiva etc.
Quando a ação penal é pública condicionada a representação do ofendido a lei penal, ao prever o crime afirma "somente se procede mediante representação do ofendido".
E quando a ação penal é pública condicionada a requisição do ministro da justiça, a lei penal afirma "somente se procede mediante requisição do ministro da justiça".
Obs. Quando a ação é privada a lei penal, ao prever o crime, diz “somente se procede mediante queixa”.
Princípios da ação penal pública (se aplicam a todas as ações públicas):
a) Oficialidade: todos os órgãos da persecução penal nesta ação são órgãos públicos (oficiais)
O MP ou a Polícia investigam, o MP acusa, o juiz julga.
b) Obrigatoriedade: por esse princípio, o MP, se dispuser dos elementos necessários para promover a ação pública, fica obrigado a promovê-la, salvo se for hipótese de possibilidade de acordo (transação penal ou ANPP)
Quando cabe a transação penal ou o ANPP a obrigatoriedade é mitigada (abrandada), pois o MP pode deixar de promover a ação para fazer o acordo. No entanto, caso o acordo não se realize, o promotor ficará obrigado a promover a ação.
c. Indisponibilidade (art. 42 do CPP). O MP não pode desistir da ação já iniciada.
Art. 42. O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
Se, no curso da ação, o MP se convencer de que o réu deve ser absolvido, ele deverá pedir a absolvição, mas não poderá desistir da ação.
Esse pedido não obriga o juiz a absolver. Caso ele condene, o MP poderá até apelar em favor do réu.
d. divisibilidade: esse princípio só de aplica nos casos de crimes praticados em concurso de agentes.
Quando o MP tiver elementos para denunciar uma parte deles e não tiver elementos para denunciar os outros, ele pode fazer isso: denunciar os primeiros e requisitar novas diligências ou arquivar o inquérito em relação aos demais.
Ex. dois agentes praticam um roubo e um dele é preso em flagrante enquanto o outro foge. O MP pode denunciar o primeiro e aguardar diligências para identificar o segundo.
Aula - 09/10/2020
Espécies de ação pública.
1. Ação penal pública incondicionada: é aquela em que o MP não necessita de nenhuma manifestação de vontade para promover a ação.
Esse tipo de ação é a regra. Os demais são exceções.
Portando, quando o legislador penal não nos diz qual é a ação, devemos entender que é pública incondicionada.
2. Ação penal pública condicionada. CP, art. 100, § 1° e CPP art. 24. É aquela em que o MP, para promover a ação pública, necessita de uma manifestação de vontade (que é chamada de representação do ofendido nos crimes sujeitos ao consentimento da vítima e de requisição do ministro da justiça nos casos de crimes sujeitos ao consentimento desse ministro).
a. ação penal pública condicionada a representação do ofendido.
Representação do ofendido é manifestação de vontade da vítima ou seu representante de que o MP promova a ação penal pública quando ela é condicionada a essa representação
Quando o crime admite essa ação penal, a lei penal nos diz: "somente se procede mediante representação do ofendido"
Ex. crime de ameaça ou de estelionato
(A manifestação de vontade normalmente ocorrerá no início do inquérito. Tem que ser antes do início da ação)
Titulares do direito de representação: (quem pode oferecer a representação)
a. vítima maior de 18 anos: pode oferecer representação ela mesma, pessoalmente ou através de procurador com poderes especiais (art. 34, caput, do CPP)
Art. 34. Se o ofendido for menor de 21 e maior de 18 anos, o direito de queixa poderá ser exercido por ele ou por seu representante legal.
OBS. O art. 34 do CPP se refere ao direito de queixa (que é o direito de oferecer ação penal privada). No entanto, como o CPP omitiu quem são os titulares do direito de oferecer representação, aplicam-se a eles, por analogia, as normas relativas à titulares do direito de queixa.
Portanto, as mesmas pessoas que na ação privada podem oferecer queixa, na ação pública condicionada podem oferecer representação.
O art. 34 fala em maior de 21 anos, e não em maior de 18 anos. No entanto, a partir da vigência do atual Código Civil (que deu plena capacidade ao maior de 18) é unânime entendimento que isso se aplica ao processo penal, ou seja, o maior de 18 poder oferecer representação (e também queixa).
b. vítima menor de 18 anos ou mentalmente enferma. Art. 33, CPP.
Art. 33. Se o ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e não tiver representante legal, ou colidirem os interesses deste com os daquele, o direito de queixa poderá ser exercido por curador especial, nomeado, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, pelo juiz competente para o processo penal.
O direito de representação pertence aos seus representantes legais (pais, tutor ou curador). 
Ex. um menor de 18 anos é vítima de ameaça. Quem pode exercer o direito de representação são seus pais.
Se não tiver pais, tutor.
E se não tiver representante legal? Quando a vítima menor ou doente mental não tem representante legal, o juiz deve nomear um curador para oferecer representação. 
O mesmo ocorre quando a vítima tem representante legal, mas os interesses deste colidem/confronta com os da vítima. Os interesses da vítima colidem com os interesses do representante legal.
Ex. o próprio representante legal é autor do crime. 
Nesse caso o juiz também nomeia um curador para a representação.
Ex. o pai da vítima é o autor do crime
O curador pode ser qualquer pessoa plenamente capaz.
Essa é a norma. No entanto, no que se refere ao direito de representação em favor do menor de 18 ou do doente mental, a jurisprudência tem alargado a possibilidade de oferecimento de representação.
Tem permitido representação oferecida por padrasto, madrasta, avós, irmãos maiores etc. 
Isso apenas no que se refere ao direito de representação (e não de queixa).
OBS. a lei não diz nada a respeito, mas a jurisprudência afirma que se o representante legal do menor de 18 anos não oferecer representação, ele mesmo poderá fazê-lo ao completar os 18 anos.
Isso se não tiver ocorrido ainda a prescrição.
c. vítima morta ou judicialmente declarada ausente (art. 24, § 1°).
Art. 24, § 1° No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
Nesse caso, a representação pode ser oferecida por Cônjuge, Ascendente, Descendente ou Irmão (CADI).
Para que isso seja possível, é preciso que a morte da vítima ou a declaração de sua ausência tenham ocorrido antes do fim do prazo para representação.
d. vítima pessoa jurídica (art. 37) nesse caso, a representação será oferecida pelo representante estatutário da pessoa jurídica. Aquele que responde pela pessoa jurídica de acordo com os seus estatutos.
Art. 37. As fundações, associações ou sociedades legalmente constituídas poderão exercer a ação penal, devendo ser representadas por quem os respectivos contratos ou estatutos designarem ou, no silêncio destes, pelos seus diretores ou sócios-gerentes.
Prazo para representação
Prazo para a representação (103 do CP e 38 CPP): a representação pode ser oferecida no prazo de 6 meses, contados da data em que o titular do direito de representação toma conhecimento da autoria do crime.
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da denúncia.
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixaou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
Trata-se de prazo decadencial: 
Decadência é a extinção da punibilidade (ou seja, a extinção do direito de punir do estado) em razão do decurso do prazo de representação na ação condicionada ou de queixa na ação privada.
Como depois do prazo não poderá haver representação (e nem queixa), não poderá haver ação, e o autor do crime não poderá ser punido.
Obs. Diferença entre prescrição e decadência. Ambas extinguem a punibilidade pelo passar do tempo. No entanto, a prescrição atinge diretamente o direito de punir. Quando ocorre a prescrição, o Estado imediatamente perde o direito de punir.
A decadência atinge diretamente o direito de representação na ação pública condicionada e o direito de queixa na ação privada. Indiretamente ela atinge o direito de punir do Estado. O Estado não poderá punir porque, não havendo mais direito de representação ou de queixa, não pode haver ação penal.
A prescrição ocorre em todos os crimes (exceto dois que são imprescritíveis: racismo e terrorismo).
A decadência só pode ocorrer em crimes de ação pública condicionada a representação do ofendido ou de ação privada.
No caso de vítima menor de 18 anos, os pais têm esse prazo de 6 meses a partir da ciência da autoria para oferecer a representação. Se eles não o fizerem a decadência ocorrerá para eles.
No entanto, segundo a jurisprudência, a vítima, ao completar 18 anos, caso não tenha ocorrido prescrição, poderá ainda oferecer representação. 
Nesse caso, segundo a jurisprudência, o prazo dela será de 6 meses contados da data em que completou os 18 anos.
Forma da representação (art. 39 caput CPP) diz o CPP que a representação será formulada oralmente ou por escrito, perante Delegado, Promotor ou Juiz. Se for oral, será tomada por termo e a vítima ou seu representante assinarão.
Art. 39. O direito de representação poderá ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaração, escrita ou oral, feita ao juiz, ao órgão do Ministério Público, ou à autoridade policial.
Embora a lei preveja essa forma, a jurisprudência afirma que não há formalidade alguma para a representação, que pode ser feita por qualquer meio de manifestação de vontade.
Ex. e-mail, WhatsApp etc.
Até mesmo tem-se admitido representação implícita, ou seja, se a vítima comunica o fato ao Delegado já se entende que ela quer representar, ainda que não conste formalmente a representação.
Opções do MP em face da representação: a representação, nos crimes de ação condicionada a ela, é necessária, mas não é suficiente para que o MP promova a ação.
Para isso, além da representação, devem se apurar prova da existência do crime e indícios de autoria.
Portanto, a mera existência da representação não basta para que o MP ofereça denúncia.
se ele entender que não há elementos para isso, promoverá o arquivamento do inquérito e da representação.
Possibilidade de retratação da representação (art. 102 do CP e art. 25 do CPP): esses dispositivos afirmam que a representação será irretratável após o oferecimento da denúncia.
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia.
Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.
Portanto, deduz-se que ela é retratável antes do oferecimento da denúncia.
Retratar é voltar atrás, querer desfazer a representação.
Se a vítima se retratar a tempo, o Delegado fará um termo de retratação da representação e ela assinará.
Retratação da retratação: a questão é saber se, após ter-se retratado da representação, a vítima pode tornar a oferecer representação pelo mesmo crime.
A lei nada diz a respeito, mas a jurisprudência afirma que ela ainda poderá representar novamente, desde que não tenha ocorrido a decadência.
No entanto, isso só poderá ocorrer uma vez. Ou seja, caso ela se retrate novamente, não poderá mais representar. Estará extinta a punibilidade do agente do crime.
OBS.: a Lei Maria da Penha (Lei 11340/2006), em seu art. 16, afirma que, nos crimes abrangidos pela lei (crimes praticados com violência doméstica contra vítima mulher) a retratação da representação só poderá ocorrer perante juiz de direito, na presença do MP.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.
Como vimos o CP permite retratação até o oferecimento da denúncia pelo MP. A Lei Maria da Penha, no entanto, dá mais prazo para a retratação, pois a permite até o recebimento da denúncia pelo juiz.
Quando o MP oferece a denúncia, o juiz a analisa e a recebe ou rejeita. Na Lei Maria da Penha, a vítima pode retratar-se mesmo após o oferecimento da denúncia, mas antes do recebimento pelo juiz.
b. Ação penal pública condicionada a "requisição" do Ministro da Justiça.
Em alguns crimes, com p. ex. crimes contra a honra do Presidente da República (CP art. 145 § único) a ação é pública, mas o MP, para promovê-la necessita de uma manifestação de vontade do ministro da justiça, que lei chama erradamente de "requisição".
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código.
Nesses casos, a lei penal, ao prever o crime, afirma: "somente se procede mediante requisição do ministro da justiça".
Embora a lei use a palavra "requisição", que em si significa ordem, determinação, a requisição do ministro não obriga o MP a oferecer denúncia. Ele só o fará se obtiver os elementos para isso.
Não há hierarquia entre ministro da justiça e MP.
Essa requisição é uma simples manifestação de vontade.
Não há prazo decadencial para o ministro da justiça. Ele pode oferecer essa manifestação de vontade a qualquer tempo, enquanto não houver prescrição.
A requisição deve ser oferecida por escrito.
A requisição do ministro é irretratável.
3. Ação penal privada
É aquela promovida diretamente pela vítima ou seu representante legal.
Princípios da ação penal privada:
Eles são o oposto dos princípios da ação pública.
a) Oportunidade: é o contrário de obrigatoriedade. Na ação privada, a vítima promoverá a ação se quiser, se julgar oportuno.
b) Disponibilidade: mesmo após ter iniciado a ação privada, a vítima pode desistir dela a qualquer tempo, antes do trânsito em julgado da sentença.
É o contrário de indisponibilidade.
c) Indivisibilidade (art. 48, CPP): só se aplica em casos de crimes de ação privada praticados em concurso de pessoas.
Art. 48. A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade.
Nesse caso, ou a vítima promove a ação privada em face de todos os autores conhecidos do crime, ou ela não poderá fazê-lo em face de nenhum deles.
Ela não pode escolher alguns e mover ação só contra eles, deixando de fazê-lo em relação a outros.
Ex. João e Pedro assinam juntos um artigo na internet caluniando a vítima.
Calúnia é crime de ação privada.
Ou a vítima apresenta queixa contra os dois, ou não poderá apresentar queixa contra nenhum deles.
Ela não pode apresentar queixa contra um e deixar de fazê-lo contra o outro.
Titularidade do direito de ação privada (quem pode oferecer queixa)
Como vimos ao tratar da titularidade do direito de representação, as normas ali aplicadas dizem respeito ao direito de queixa.
Ou seja: na ação privada, podem oferecer queixa aqueles mesmos que na ação pública condicionada podem oferecer representação
No entanto, aqui

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