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Formação Econômica 
do Brasil
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Ms. Nelson Calsavara Gonçalves de Medeiros
Revisão Textual:
Prof. Esp. Márcia Ota
As Economias Cafeeira e da Borracha
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• Introdução
• Gestação da economia cafeeira
• O problema da mão de obra
• Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do século XIX
• O fluxo de renda na economia de trabalho assalariado
 · Nesta Unidade, serão abordadas as Economias cafeeira e da borracha, que, em 
termos práticos, retrata o nível de renda e o ritmo de crescimento do país na 
segunda metade do século XIX. Com isso, será possível compreender a formação 
da economia do café e da borracha, a transição do trabalho escravo para o 
assalariado, contando com a mão de obra estrangeira e como ocorreu o fluxo de 
renda dessa atividade.
O primeiro passo para o entendimento dessa Unidade é a leitura completa da bibliografia 
indicada, inclusive do material complementar. Em seguida, você deverá (toda vez que julgar 
necessário) entrar em contato com o tutor para que as dúvidas sejam esclarecidas. Feito isso, 
deverá ainda assistir à videoaula e à apresentação narrada para só então executar as atividades 
que serão propostas ao longo do estudo da unidade.
As Economias Cafeeira e da Borracha
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
Contextualização
Com término do ciclo do ouro e a consequente regressão da atividade econômica, os 
fatores de produção presentes no país voltaram a ser subutilizados, ocasionando na prática em 
larga escala da atividade voltada à subsistência. Porém, essa conjuntura foi muito importante 
para o desenvolvimento da economia cafeeira, até que a mesma se expandiu até que a pauta 
de exportações brasileira tivesse como principal representante esse produto. 
Essa prática gerou transformações não só econômicas, mas também sociais para o país, 
já que a mão de obra escrava estava muito escassa e a ocupação do território nacional era 
esparsa e pessoas livres ocupadas com a subsistência não tinham interesse em trabalhar nas 
condições praticadas nas grandes fazendas de café. Os donos das grandes plantações de café 
preferiram não contar com a mão de obra abundante oriunda do nordeste brasileiro (que, em 
parte, foi utilizada no ciclo da borracha), em detrimento da mão de obra estrangeira. 
Se os habitantes locais não queriam se sujeitar às condições de remuneração oferecidas 
pelas fazendas cafeeiras, os estrangeiros, por sua vez, as aceitariam? A resposta é também 
não. Ainda assim, os fazendeiros (contando com a colaboração do governo para custear a 
vinda desse tipo de mão de obra), ao longo dos anos, foram ajustando a forma adotada para 
a remuneração dos trabalhadores, passando de um regime muito próximo à escravidão até 
chegar a um modelo que tratava essa mão de obra como trabalhadores livres, com direito até 
a uma parte da colheita.
 Paralelamente a essa situação, o trabalhador nordestino foi inserido pelo governo na região 
do Amazonas para a exploração da borracha, porém com condições de remuneração muito 
piores daquelas oferecidas à mão de obra estrangeira. Você pode imaginar o que era trabalhar 
na selva, sujeito a todo o tipo de intempéries e ainda ter que prover a sua subsistência, 
vendendo a sua liberdade para os donos das fazendas em troca de comida e ferramentas? 
Por fim, cabe salientar a vida do ponto de vista do escravo, que com a aprovação da lei 
áurea teve a sua liberdade assegurada, mas não a sua sobrevivência, pois com a utilização 
maciça de mão de obra estrangeira, o forte preconceito e a falta de preparo para lidar com a 
liberdade, sobreviver não era tarefa fácil.
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Introdução
As economias do café e da borracha cumpriram um papel importante na economia brasileira, 
aliadas obviamente à mão de obra estrangeira e nordestina, com a demanda internacional e 
preços atrativos trouxeram de volta o país ao cenário internacional, alavancando as exportações. 
Entretanto, várias foram as dificuldades encontradas até que essas duas economias 
apresentassem resultados econômicos importantes, como a questão da mão de obra. Mesmo 
assim, uma questão muito importante ficou esquecida, sem solução nesse caminho: como 
inserir o ex- escravo na economia. 
Gestação da economia cafeeira
A primeira metade do século XIX foi marcada por algumas dificuldades (já retratadas) 
ocasionadas pela estagnação econômica, porém havia uma transformação em curso, que 
contava com a instalação de um rudimentar sistema administrativo, a criação de um banco 
nacional (Banco do Brasil em 12/10/1808, por D. João VI) e iniciativas governamentais que 
procuram preservar a unidade nacional.
Com uma análise mais profunda, é possível identificar todo o imbróglio em torno da 
estagnação decorrente da falta de participação do comércio internacional, motivada 
pela impossibilidade de contar com a entrada de capitais em uma economia estagnada. 
Para levantar recursos no mercado de capitais, era necessário apresentar projetos 
muito atrativos.
Os empréstimos externos (poucos), que o país conseguiu no período, não tiveram objetivos 
produtivos, prejudicando a situação fiscal.
Além disso, a estagnação da exportação ocasionou um maior controle das importações, 
impedindo, desse modo, o governo de aumentar o imposto sobre importações. 
Com a dificuldade para arrecadar, o governo também tinha dificuldade de fomentar: o 
crédito interno e o desenvolvimento, além da dificuldade natural para o serviço da dívida.
O café conseguiu inserir a economia brasileira de volta ao comércio internacional, porém 
cabe informar que tal cultura foi introduzida no começo do século XVIII e fora cultivada por 
quase toda parte, no intuito de abastecer o consumo local.
Como destaque comercial, essa cultura despontou no fim do século XVIII, devido à alta do 
preço, motivada pela falta de abastecimento do Haiti, até então, colônia francesa.
A evolução do comércio internacional do café começou na primeira década após a independência, 
quando esse produto contribuiu com 18% do valor total das exportações brasileiras.
Nas décadas seguintes, passou ao primeiro lugar, onde alcançou mais de 40% do valor total 
das exportações.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
O desenvolvimento da produção do café se concentrou na região montanhosa próxima à 
capital do país, Rio de Janeiro. Um dos motivos para que isso ocorresse foi a abundância de 
mão de obra da região do Vale do Paraíba, devido ao fim da atividade mineira.
“Dois fatos (aliás, intimamente relacionados) a constituem; um de 
natureza geográfica: é o deslocamento da primazia econômica das 
velhas regiões agrícolas do Norte para as mais recentes do Centro-
Sul (o Rio de Janeiro e partes limítrofes de Minas Gerais e São 
Paulo). Outro é a decadência das lavouras tradicionais do Brasil — 
da cana-de-açúcar, do algodão, do tabaco —, e o desenvolvimento 
paralelo e considerável da produção de um gênero até então de 
pequena importância: o café, que acabará por figurar quase isolado 
na balança econômica brasileira”.
PRADO (1970, p. 114).
A decadência da atividade mineira deixou também outra população a serviço do café: a de 
mulas, que foram amplamente utilizadas como facilitadoras do transporte do café.
Ademais, essa região contava com um fator importante, a proximidade do porto, que 
contribuía para a redução do custo do transporte. Em suma: a primeira fase da expansão cafeeira 
foi realizada com base no aproveitamento do que sobrou e dos recursos subutilizados da região.
Na segunda metade do século XIX, ocorreu a gestação da economia cafeeira e essa atividade 
apresentou, como similaridade ao modelo adotado pela indústria açucareira, a utilização da mão de 
obra escrava, porém possibilitou um grau de capitalização muito mais baixo, já que suas necessidades 
monetárias de reposição eram muito menores, devido à fabricação do equipamento no local.
Esta etapa de gestação também foi marcada pela formação de uma nova classe empresária, 
os cafeicultores.A região do Rio de Janeiro se tornou o principal mercado consumidor do 
Brasil, já que os hábitos de seus moradores foram muito influenciados devido à convivência 
com a corte portuguesa.
O desenvolvimento dessa cultura alavancou a necessidade do abastecimento, fato que incitou 
o crescimento dos núcleos de produção rural que estavam localizados no sul da província de 
Minas Gerais.
Nessas províncias, era comum o comércio de gêneros e animais de transporte, dando origem 
à formação de grupos de empresários comerciais. Futuramente, com o acúmulo de capital por 
parte desses empresários, eles passaram a se interessar também pela produção do café.
A formação da nova elite dominante apresentou algumas diferenças importantes, em 
comparação com a indústria açucareira, a saber:
• Indústria açucareira: na formação da elite açucareira, o comércio (atividades comerciais) 
eram monopólios situados em Portugal ou na Holanda. As principais decisões foram tomadas 
a partir da fase comercial e os homens que dirigiam a produção foram substituídos por 
feitores e escravos.
• Indústria cafeeira: a elite era formada por comerciantes com experiência comercial. 
Na etapa da gestação, os interesses da produção e do comércio estavam em sincronia. 
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“A nova classe dirigente formou-se numa luta que se estende em 
uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento de mão de 
obra, organização e direção da produção, transporte interno, 
comercialização nos portos, contatos oficiais e interferência na 
política financeira e econômica”.
FURTADO (2007, p. 172).
A interferência política e econômica foi muito acentuada e representativa, sobretudo no que 
diz respeito à proximidade da capital do país, pois desde cedo, eles compreenderam a enorme 
importância de ter o governo como instrumento de ação econômica. 
A necessidade da intervenção estatal desencadeou o processo da conquista da 
autonomia estadual, ao proclamar-se República, pois antes disso, o efeito da intervenção 
governamental era lento e atendia a vários interesses, já que havia somente um 
governo central.
O fato de terem utilizado o governo para alcançarem seus objetivos ainda não singulariza os 
cafeicultores, mas sim, o fato de eles terem conseguido isso, com a consciência clara que não 
houve em nenhum momento anterior.
“O café deu origem, cronologicamente, à última das três grandes 
aristocracias do país, depois dos senhores de engenho e dos grandes 
mineradores, os fazendeiros de café se tornam a elite social brasileira. 
E em consequência (uma vez que o país já era livre e soberano) na 
política também. O grande papel que São Paulo foi conquistando 
no cenário político do Brasil, até chegar à sua liderança efetiva, se 
fez à custa do café; e na vanguarda deste movimento de ascensão, e 
impulsionando-o, marcham os fazendeiros e seus interesses”.
PRADO (1970, p. 122-123).
Próximo ao fim da década de 1875, os problemas econômicos brasileiros haviam se 
modificado e o país conseguiu inserir-se na expansão do comércio internacional.
Após o período de gestação, a economia cafeeira tinha condições de financiar sua 
expansão e já estava formada a nova classe dirigente, porém existia um problema a ser 
resolvido: a mão de obra.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
O problema da mão de obra
Lá pela metade do século XIX, a força de trabalho no país era constituída por quase 2 
milhões de escravos. Isso era um impedimento, já que esse fato poderia ser encarado com a 
inelasticidade da força de trabalho.
Esse número foi corroborado pelo primeiro censo demográfico realizado no Brasil, no ano 
de 1872, que apontou o número de 1,5 milhão de escravos.
Além do fato da pouca quantidade de mão de obra, outro fator importante foi que a taxa 
de mortalidade era superior a de natalidade.
“A gradual diminuição da população escrava que havia quase 
trinta anos deixara de ser alimentada pelo tráfico africano, tornara 
premente o problema do fornecimento de braços para a lavoura”.
PRADO (1970, p. 132).
No início do século XIX, o Brasil possuía cerca da mesma quantidade de escravos dos EUA: 
1 milhão de escravos. Com o passar dos anos, a importação de escravos pelo Brasil foi três 
vezes maior do que a americana, aproximadamente.
Contudo, com o início da Guerra da Secessão (1861-1865) nos EUA, eles contavam com 
uma força de trabalho escravo de cerca de 4 milhões.
Esse avanço não pode ser explicado pelo aumento das importações, que foi inferior à 
praticada pelo Brasil. Uma explicação utilizada é o crescimento vegetativo (diferença entre 
nascimentos e óbitos) dessa população, que vivia em sua maioria nas propriedades pequenas.
Nessas localidades, as condições de vida eram relativamente favoráveis e seus donos 
puderam contar com uma renda, fruto do aumento do preço dos escravos, que contribuíram 
para a expansão algodoeira.
Aqueles escravos nascidos no país tinham muitas vantagens, pois já tinham conhecimento 
da língua, eram bem alimentados e estavam culturalmente integrados nas plantações.
Por outro lado, no Brasil, as condições de vida dos escravos eram muito inferiores, 
denunciadas pelo crescimento vegetativo negativo. 
Com o aumento da procura de escravos no sul para as plantações de café, houve a 
intensificação do tráfico interno, dificultando ainda mais a situação das regiões que praticavam 
a cultura algodoeira (Maranhão) e que tinham uma lucratividade reduzida.
As regiões, que praticavam a cultura açucareira, eram melhores capitalizadas e, portanto, 
conseguiram se defender melhor. Com a elevação do preço, em razão da escassez da mão de obra, 
houve uma utilização ainda maior dos escravos restantes, ocasionando um sobre desgaste dessa mão 
de obra, que ajuda a explicar a decadência das condições de subsistência dessa força de trabalho.
Na Europa, o crescimento das economias levou a uma revolução tecnológica, durante o século 
XIX. Esse desenvolvimento necessitava de mão de obra e sua oferta crescia suficientemente 
para abastecer um setor em franca expansão, o setor mecanizado.
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Ainda, levando-se em consideração a existência de precárias condições de trabalho e de 
distribuição de renda, o desenvolvimento desse setor intensificou o processo de urbanização, 
contribuindo para melhorar as condições de assistência médica e social, com a intensificação 
do crescimento vegetativo da população. Resultado: crescimento da população na Inglaterra, 
tendo em vista o período de 1775-1825.
Paralelamente, no Brasil, a chave de todo o problema estava na oferta de mão de obra. Por 
isso, cabe a seguinte interrogação: Existia oferta de mão de obra no setor de subsistência, em 
constante expansão?
Sim, a prática da subsistência, oriunda de regiões do norte ao sul do país, era marcada por 
uma grande dispersão na ocupação territorial, que se ocupava da agricultura e pecuária, todas 
exercidas com técnicas muito rudimentares, porém a roça era a base de sua economia.
Com a abundância das terras e o mínimo de capital, o roceiro utilizava os métodos mais 
primitivos. Normalmente, em grupos, eles abatiam árvores e utilizavam o fogo para a limpeza 
do terreno. Na etapa seguinte, em meio aos destroços, ocorria a plantação, que era suficiente 
para sua família.
Um dos casos em que esse sistema poderia formar uma unidade mais produtiva, além de 
constituir uma unidade social, baseava-se na figura do proprietário das terras.
Quando havia um dono, este tinha o interesse de que suas terras fossem exploradas por um 
número cada vez maior de pessoas para que pudesse auferir a maior renda possível.
Porém, alguns obstáculos para o incremento dessa atividade não foram vencidos, tais como: o 
recrutamento da mão de obra devido à necessidade de grandes recursos, já que essa população 
ocupava irregularmente o país. Além disso, soma-se a falta de cooperação entre os donos de 
terra, já que havia interesses competitivos para obter, entre outras coisas, o poder político.
Nas zonas urbanas, havia se acumulado uma grande quantidade de pessoas que nãopossuíam trabalho fixo, o que contribuía para a degradação social.
Essas pessoas tinham muita dificuldade para a adaptação ao trabalho agrícola e às condições 
de vida nas grandes fazendas, em detrimento daquelas que já trabalham exercendo as atividades 
de subsistência.
Com base na dificuldade de adaptação de parte da população livre, surgiu a crença de que 
elas não serviam para o trabalho na grande lavoura.
Por isso, não evoluiu no país a ideia de um grande recrutamento interno com ajuda 
financeira do governo e foi cogitada até a importação de mão de obra asiática, no regime 
de semiservidão.
Como resolução para o impasse da falta de mão de obra, poder-se-ia incentivar a imigração 
europeia. Um exemplo de que essa atitude poderia resolver tal impasse, era a enorme 
quantidade de pessoas que saíam da Europa e seguiam em direção aos EUA.
Em momentos anteriores, inclusive antes da independência, o governo já havia fomentado 
tal atitude, porém sem colher os frutos desejados, pois a vinda dos europeus e a formação das 
colônias, além de pesar e muito sobre as finanças do país, não resolveram a questão da falta 
de mão de obra.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
Como exemplo, esses gastos foram para custear: transporte, gastos de instalação e a criação 
de obras públicas. Porém, quando essa ajuda era retirada, a colônia definhava, retrocedendo 
a uma simples colônia de subsistência.
Isso ocorreu com a colonização alemã do Rio Grande do Sul, onde houve a implantação 
pelo governo imperial da primeira colônia em 1824, na região de São Leopoldo.
A involução dessas colônias, com o tempo, acabou desencadeando um efeito negativo para 
o Brasil, já que os viajantes europeus, que estavam no país, notaram a situação precária dessas 
colônias e relatavam isso quando retornavam à Europa. Isso desencadeou um movimento 
contra a imigração e em 1859, a imigração de alemães para o Brasil foi proibida.
Nesse momento, a necessidade era de pessoas para o trabalho na lavoura. Com essa 
finalidade não havia ainda, no continente, mão de obra livre que estava trabalhando para 
suprir essa finalidade.
Para a mesma questão enfrentada pelo governo brasileiro, a Inglaterra conseguiu adotar 
uma política inusitada: os escravos, que eram apreendidos nos navios e seguiam em direção 
ao Brasil, eram capturados e levados para as colônias inglesas situadas na região do Caribe e 
lá eram tratados como “livres”.
Nos EUA, esse impasse foi solucionado com a forte intensificação no crescimento da 
população escrava. Coincidentemente, nesse mesmo período, houve um influxo da população 
europeia nos EUA. Esses dois fatos são considerados autônomos, pois a expansão das 
plantações ocorreria mesmo sem a entrada em massa dos europeus nesse país. 
Com efeito, a entrada maciça de europeus nos EUA ocasionou a ampliação da demanda 
por algodão e o barateamento da oferta de alimentos. Um dos atrativos para a emigração foi 
a baixa dos preços das passagens em navios cargueiros e semicargueiros, devido à sobra de 
espaços em navios que faziam a entrega de produtos exportados para os EUA.
Entretanto, o principal impulso foi a oportunidade que se vislumbrava para os colonos, 
já que havia um mercado em franca expansão, desenvolvido pela expansão das lavouras de 
algodão, na região sul.
No Brasil, para que as colônias de europeus tivessem êxito, era necessário que fossem 
desenvolvidas imediatamente atividades produtivas rentáveis nessas regiões.
Para que isso fosse alcançado, era preciso cumprir dois fatores: integrar a colônia nas linhas 
de produção de um artigo de exportação ou orientando-a para a produção de artigos que 
tivessem demanda no país.
A viabilização da exportação passava pela necessidade de muito capital, utilizada nos 
sistemas de grandes plantações e no caso da plantação do café, havia a concorrência com 
empresas que possuíam mão de obra escrava, fator barateador do custo, que se refletia 
no preço.
Aliás, para essas empresas, o incentivo à entrada de imigrantes europeus no Brasil era 
tratado com total desinteresse, principalmente pelo temor da concorrência.
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Contudo, esse tipo de prática mudou com o passar dos anos. Um exemplo disso foi que 
em 1852, o Senador Vergueiro, que era um grande produtor de café, resolveu contratar 
trabalhadores europeus, contanto com financiamento do governo brasileiro para o transporte. 
Foram contratadas oitenta famílias de camponeses alemães para trabalharem em sua fazenda, 
na região de Limeira – São Paulo.
“O idealizador do novo sistema será um grande proprietário de 
São Paulo, lavrador de café e figura prestigiosa na política do país: 
o Senador Nicolau de Campos Vergueiro”.
PRADO (1970, p. 139).
Tal iniciativa fez com que mais de duas mil pessoas fossem contratadas, principalmente da 
Alemanha e da Suíça até 1857.
Qual foi a mudança no tratamento do imigrante europeu praticada pelo Senador 
Vergueiro que despertou o interesse de outros fazendeiros? O imigrante deveria vender 
seu trabalho futuro.
Em suma, o governo financiava a operação de transporte, o fazendeiro efetuava o pagamento 
ao governo e o colono e sua família hipotecavam seu futuro e estavam obrigados por contrato 
a não sair da fazenda enquanto não efetuassem o pagamento integral de sua dívida.
Que tipo de trabalho essa prática com o tempo iria desencadear?
É provável que um sistema muito parecido com o trabalho escravo. Por isso, em 1867, 
houve na Europa uma reação negativa, quando um observador alemão apresentou à Sociedade 
Internacional de Emigração de Berlim, argumentos de que os imigrantes estavam submetidos 
a uma escravidão disfarçada.
De 1860 em diante, a situação da mão de obra no Brasil enfrentou maiores problemas, 
pois com a melhora nos preços do café, houve a expansão da atividade e também pela alta 
nos preços do algodão, provocada pela Guerra da Secessão nos EUA.
A alta nos preços do algodão deu início a uma forte expansão dessa cultura nos estados do 
norte, minimizando o tráfico de escravos para a região sul (café).
Sem muitas opções, o tratamento ao colono foi modificado, com a adoção do regime de 
parceira, em que a renda do colono era incerta, imputando-lhe 50% do risco que corria o dono 
das terras. 
Esse sistema evoluiu para outro em que fora garantido ao colono a maior parte de sua 
renda. Para tanto, deveria cuidar de um número de pés de café e por isso, receberia um 
salário anual, completado por outro variável, pago no momento da colheita em função 
do volume.
Porém, ainda havia uma questão para ser resolvida: o pagamento da viagem. Isso ainda 
despertava no colono o medo de que sua liberdade futura estava ameaçada.
A solução foi adotada em 1870, quando esses gastos ficaram a cargo do governo imperial, 
desde que os mesmos tivessem o destino da lavoura cafeeira.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
Cabia ao fazendeiro a cobertura dos gastos dos imigrantes durante o seu primeiro ano de 
trabalho, considerado como uma etapa de maturação e a disposição de terras em que pudesse 
cultivar gêneros de primeira necessidade para o sustento da família.
Tais medidas tornaram possível a promoção na América de uma grande corrente imigratória 
para viabilizar a plantação em grandes empresas agrícolas.
Mas não foram somente a criação de condições favoráveis para a vinda do imigrante 
responsáveis pelo grande influxo de pessoas. Devem-se considerar também outros aspectos, 
como a unificação política da Itália.
Esse fato gerou pressão sobre a terra, com excesso de população dedicada à atividade 
agrícola, com o crescimento da incerteza em relação ao futuro. Isso contribuiu para o 
deslocamento a um novo lugar, o Brasil. Mais especificamente, a região produtora de café.
Como resultado da nova política de imigração, em 1870, o número passou para treze mil 
em São Paulo. Em 1880, a quantidade de imigrantes subiu para cento e oitenta e quatro mil 
e em 1890, apresentou o resultado de seiscentos e nove mil.
Além da já explorada questão sobre a migraçãoda população europeia para o cultivo do café, 
um fato novo ocorreu: a mudança da população que ocupava a região nordestina para a amazônica.
O sistema implantado com êxito pelos jesuítas para a exploração da mão de obra indígena 
entrou em colapso e a região não se desenvolveu.
Em uma pequena parcela do Pará, foi desenvolvida uma agricultura voltada à exportação, 
que acompanhou a evolução de parte da região do Maranhão por meio do comércio. Houve 
um período em que o comércio das culturas de algodão e arroz obteve êxito, mas não alcançou 
expressão nacional.
Restava então a região e a exploração de especiarias da floresta amazônica, que tinha 
como principal produto o cacau. Contudo, não havia produtividade, fato que não despertou 
resultados significativos em termos econômicos.
Um obstáculo era comum para a exploração da região: a falta de mão de obra local e a 
dificuldade de organizar a mão de obra indígena, que também era escassa na região.
Com a evolução da tecnologia, sobretudo aquela desenvolvida com a Revolução Industrial, 
novos produtos (como o carro, caminhões e assim por diante) surgiram e demandavam um 
produto que tínhamos em abundância nessa região: a borracha extraída das árvores.
Um incentivo muito grande para que a extração fosse intensificada estava no aumento do 
preço dessa matéria-prima.
A exploração da borracha desdobrou-se em duas fases. Na primeira, os preços continuaram 
a subir, alcançando no triênio 1909-1911, a média de 512 libras por tonelada (10 vezes 
mais do que o preço da segunda metade do século anterior), fato que indica que a oferta era 
insuficiente.
Na segunda, a produção foi organizada para que a oferta adquirisse a elasticidade necessária 
pela rápida expansão da procura mundial.
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A falta de mão de obra foi minimizada com o influxo de pessoas para a região da bacia 
amazônica. De acordo com os censos de 1872 e 1900, a população do Pará e do Amazonas 
cresceu de 329 mil para 695 mil habitantes.
Contudo, algo importante é que o método de produção em nada foi modificado. 
Ainda sobre o grande influxo populacional para essa região, pode-se supor que caso o país 
não conseguisse suprir a necessidade de mão de obra para a lavoura cafeeira com a chegada 
dos europeus, havia um contingente que poderia ser utilizado, a população nordestina.
A população nordestina tinha se ocupado historicamente de duas atividades: açúcar 
e pecuária. Com a decadência do açúcar devido os motivos já explorados anteriormente, 
acentuou-se a procura pela segunda atividade.
A economia de subsistência nesse regime faz com que a população normalmente apresente 
crescimento, já que existe alimento e não havia indisponibilidade de terras para o rebanho.
Outra questão, que ajudou no influxo da população em direção à bacia amazônica, foi a 
seca prolongada de 1877-80 que matou muitos animais, desfazendo o sucesso anterior da 
exploração de algodão que tinha sido motivada pela Guerra Civil americana.
“Em consequência da grande seca no interior nordestino que 
durou de 1877 a 1880, estabelece-se uma forte corrente 
migratória daí para o Amazonas. Ela se empregará na extração 
da borracha cuja exportação se eleva em 1887 para mais de 
17.000 toneladas. O crescimento continuará ininterrompido 
durante mais de vinte anos, de uma parte estimulado pelo 
crescente alargamento do consumo mundial e ascensão de 
preços, e facultado doutra pelo afluxo constante de trabalhadores 
nordestinos impelidos pelas contingências naturais desfavoráveis 
de sua região nativa, ou pelas precárias condições de vida numa 
terra empobrecida e em decadência”.
PRADO (1970, p. 178).
Esse fenômeno climático matou de 100 mil a 200 mil pessoas e resultou na migração das 
demais para a região amazônica, ajudadas pelo governo amazônico que estava interessado na 
mão de obra, concedendo subsídios para os gastos de transporte.
Podem-se comparar dois grandes movimentos populacionais ocorridos no país, no final 
do século XIX e início do XX. Primeiro, o imigrante europeu que era exigente, fora ajudado 
pelo seu governo e chegava às plantações de café com todos os gastos pagos, residência 
assegurada, gastos de manutenção garantidos até a colheita, com terra para sua subsistência, 
fato que lhe protegeu das especulações dos comerciantes locais.
Já o nordestino enfrentava outra situação, pois tinha que reembolsar os gastos com o 
transporte, com os instrumentos de trabalho e outras despesas de instalação. Para a alimentação, 
dependia de suprimento local, que via de regra, pertencia a um monopólio (empresário local). 
Por fim, as grandes distâncias onde enfrentava as dificuldades de viver na floresta, a 
insalubridade de seu trabalho e a precariedade de sua situação financeira fez com que ele 
vivesse sob um regime de servidão e reduziram sua expectativa de vida.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
Com isso, essa população foi regredindo à forma mais primitiva de economia de subsistência, 
que é composta do homem que vive na floresta tropical, tendo que completar seu orçamento 
com a caça e a pesca.
O problema da mão de obra no Brasil foi resolvido com a lavoura cafeeira e a borracha na 
bacia amazônica. Porém, uma questão ainda está pendente: o trabalho escravo.
A escravidão no Brasil era um sistema de vida econômico e secular, que possuía grande 
estabilidade estrutural e o fim desse sistema, sem uma ocupação para essas pessoas, resultou 
em uma “hecatombe social”.
Somente em condições especiais, a abolição se limitaria em transformar as pessoas que 
viviam sob esse regime em assalariados. Isso ocorreu, por exemplo, em algumas ilhas das 
Antilhas inglesas, já que os ex-escravos não tinham possibilidade de emigrar, possibilitando o 
escravo liberado receber um salário monetário para sua subsistência.
Se essa mudança fosse implantada, os efeitos não seriam sentidos na distribuição de renda, ou 
riqueza. Porém, se após a libertação, os mesmos passassem a praticar a agricultura de subsistência, 
as modificações da produção seriam enormes, reduzindo a rentabilidade desse sistema.
Com a falta de mão de obra, os empresários passariam a oferecer salários mais elevados, 
ocasionando em uma distribuição de renda.
Já no Brasil, nenhum dos modelos comentados foi adotado. As economias açucareira e 
cafeeira se aproximaram mais do primeiro modelo e do segundo, respectivamente.
No nordeste, os escravos libertados, que saíram dos engenhos, tiveram muitas dificuldades para 
sobreviver. Isso se deve ao fato de que nas regiões urbanas já havia um excedente populacional 
que se transformava em um problema social. No interior, a economia de subsistência se expandiu 
e já havia pressão demográfica sobre as terras semiáridas do agreste e da caatinga.
Em suma, esses fatores limitaram a mobilidade da massa de escravos libertos na 
região açucareira.
Não se pode afirmar que os escravos não conseguiram trabalho assalariado, ainda que a um 
preço relativamente baixo. Porém, a questão é que não houve distribuição de renda.
A economia açucareira enfrentou, nos últimos dez anos do século XIX, modificações muito 
importantes, com impactos negativos para o comércio brasileiro.
Os EUA fizeram inversões maciças de capital em Cuba nessa atividade, desencadeando 
inovações técnicas e aumentando significativamente a concorrência, reduzindo, assim, a 
procura pela mão de obra.
Já na região cafeeira, a abolição apresentou diferentes consequências. Nas regiões do Rio de 
Janeiro e Minas Gerais e em pequena escala em São Paulo, a primeira expansão cafeeira destruiu 
a fertilidade da terra e com o advento da estrada de ferro, que possibilitou a utilização de terras, 
colocou a essa atividade em situação desfavorável no momento anterior à abolição dos escravos.
Para tanto, os ex-escravos poderiam ter migrado para as terras mais férteis onde havia a 
exploração do café, porém, nessa época, começou a chegar o imigrante europeu.
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Ainda assim, a situação do ex-escravo da lavoura cafeeira foi mais favorável do que aqueleda 
região açucareira. Isso ocorreu devido à falta de mão de obra que valeu salários relativamente 
elevados, ocasionando uma redistribuição da renda.
Após uma análise mais profunda, notou-se que o ex-escravo estava totalmente desaparelhado 
intelectualmente para responder à nova realidade, pois não estava habituado à ideia de 
acumulação de riqueza ou da vida familiar.
A falta de conteúdo intelectual levou o ex-escravo ao ócio, isso quando ele recebia um 
salário acima das suas necessidades de subsistência. Nas regiões em que recebia esse salário, 
ele trabalhava somente de dois a três dias para satisfazer suas necessidades de subsistência.
Com essa prática, a grande massa de ex-escravos e seus descendentes continuaram vivendo 
com a mesma prática, por toda a primeira metade do século XX, exercendo um papel passivo 
nas transformações econômicas do país.
Nível de renda e ritmo de crescimento na segunda metade do Século 
Motivada pela resolução de vários fatores econômicos (falta de mão de obra, demanda 
internacional e uma nova fonte de renda), a economia brasileira conseguiu apresentar taxas 
de crescimento, tendo em vista a segunda metade do século XIX.
Para se solidificar essa afirmação, nota-se que o volume físico das exportações aumentou 
214%, levando em comparação os anos de 1890 e 1840.
Mesmo com números relevantes sobre a evolução do setor externo, não existem dados 
disponíveis para determinar o efeito da renda gerada por esse resultado positivo. 
É possível constatar que a economia brasileira estava divida em três setores: O primeiro era 
o açúcar e algodão (economia de subsistência da região nordeste), na região que compreende 
a faixa de terra que se estende do Maranhão até o Sergipe, com exceção da Bahia pelo 
cultivo do cacau. A população de acordo com o senso de 1872, aproximadamente 30% da 
população total do país.
O segundo era a economia de subsistência (região sul) que encontrou um mercado 
no país capaz de consumir os excedentes de produção e aproveitou da expansão das 
exportações. Exemplo: região do Paraná conseguiu expandir a plantação de erva-mate, 
fato que trouxe benefícios à economia de subsistência, devido aos costumes implantados 
pelos Europeus, a saber:
• Região interiorana: colonos conseguiram dividir o tempo na plantação de subsistência 
e na extração das folhas de ervas-mate, resultando em um incremento da renda.
• Região litorânea: já esses colonos se beneficiaram da expansão do mercado urbano, 
destinado às exportações.
Para a região do Rio Grande do Sul, o destaque ocorreu na atividade de criação de gado. 
Já na região das colônias, houve um incremento nas vendas de vinho e banha de porco.
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Unidade: As Economias Cafeeira e da Borracha
Essas atividades contribuíram para uma maior distribuição de renda entre a população, 
principalmente quando comparada com as atividades praticadas na região nordeste do país, 
facilitada pela abundância de terras e aumento da produtividade.
Por fim, o terceiro setor era formado pela economia cafeeira (região sudeste) formada pelos 
estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. A população entre 1872 
e 1900 aumentou a uma taxa de 2,2%. Essa taxa é superior à do Nordeste (1,2%) e da Bahia 
(1,5%), porém inferior à da Amazônia (2,6%) e da região Sul (3,0%).
Apesar de números que não são tão expressivos em relação ao aumento da população 
nessa região, isso somente vem a confirmar o aumento da produtividade experimentado por 
essa região. Isso pode ser notado pelo aumento da quantidade de café exportado em 341%, 
entre os anos de 1840 e 1890.
A região da Bahia ficou fora das três regiões mais relevantes em termos econômicos. Possuía em 
1872 13% da população total do país. A produção de cacau iniciou-se voltada para a exportação, 
na segunda metade do século XIX, fato que proporcionou para essa região uma ocupação para 
a mão de obra ociosa. Até o fim do século XIX (1890), a produção dessa cultura não apresentou 
aumento significativo, já que representava somente 1,5% do valor das exportações totais do país.
Ademais, a produção de fumo apresentou recuperação a partir da segunda metade do 
século XIX, quando deixou de ser moeda de troca ao escambo de escravos, para atender 
à crescente demanda do mercado europeu. Apesar de números crescente em relação à 
produção de fumo e cacau juntos, não se pode admitir que a região experimentou o mesmo 
desenvolvimento percebido nas três principais, sobretudo, pela falta de economias de apoio e 
falta de produtividade.
Outra região mais relevante, em termos econômicos, foi a Amazônia. No mesmo período, 
possuía 3% da população total do país e a participação da produção da borracha nas 
exportações brasileiras aumentou de 0,4% nos anos de 1840, para 15% nos anos de 1890. 
Mesmo com dados importantes, notou-se um grande aumento das importações, fato que não 
gerou desenvolvimento local (economia de apoio).
Com isso, a taxa de crescimento anual do país, levando em consideração os dados das 
principais regiões comentadas, foi de 3,5%. Isso equivale afirmar que a renda real do Brasil 
no período teria se multiplicado por 5,4. Comparando-se com a taxa de crescimento mundial, 
percebida no século XIX, foi, sem dúvida, um marco importante a despeito de todos os 
problemas e dificuldades encontradas.
Entretanto, quando comparada com a percebida pelos EUA, notam-se algumas diferenças, 
a saber: por exemplo, o fator de crescimento da economia americana foi de 5,7 e a havia 
diferença na distribuição de renda, já que no Brasil não se pode esquecer que o escravo foi 
utilizado na produção e a maioria não possuía renda.
Em suma: o problema brasileiro não foi o quanto a economia cresceu na segunda metade do 
século XIX, mas sim, o quanto ela deixou de crescer no início do século, sobretudo, motivada 
pela ausência de uma atividade econômica que conseguisse preencher o “vazio” deixado pelo 
fim do ciclo do ouro. Caso tivéssemos experimentado o mesmo crescimento desde o início do 
século, entraríamos no século XX, com uma renda real muito próxima daquela atingida pelas 
nações europeias.
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O fluxo de renda na economia de trabalho assalariado
Nos últimos quinze anos do século XIX, um fator de destaque foi o crescimento do setor 
assalariado. Cita-se um movimento inicial ainda sob o regime de escravidão e outro, mais 
recente, pós-escravidão, com diferenças, mas também similaridade.
Um exemplo de similaridade deveu-se à multiplicidade de unidades produtoras que possuíam 
ligação com o comércio exterior. 
O movimento assalariado, iniciado após o período da libertação dos escravos, caracterizou-
se pela estabilidade (fator diferente), baseado, sobretudo, na economia cafeeira, independente 
do sucesso.
A utilização da renda auferida pelos produtores e pelos trabalhadores é outro fator distinto 
entre os períodos, pois os assalariados transformavam sua renda em gastos de consumo, que 
potencializou a utilização dos fatores de produção que estavam ociosos, desencadeando um 
efeito multiplicador, modificando o setor de subsistência ligado ao setor exportador.
Quanto aos proprietários, eles retiveram parte dela para aumentar o capital, o que futuramente 
converteu-se em maiores lucros, mesmo considerando que a expansão do negócio necessitou 
de mais mão de obra, que, até então, ocupava-se da subsistência ou estava sem atividade.
Tudo isso reforçado pelo aumento da produtividade (não resultante da utilização de 
maquinário, mas, sobretudo, pela utilização de novas terras e ocasionalmente pelo aumento 
do preço internacional do café), culminou em uma estabilidade do preço do salário médio, 
minimizando o aumento de custo do proprietário da terra.
Com isso, nota-se a importância que o setor exógeno da economia, ligação à economia 
cafeeira, exerceu no período em estudo. Outro ponto de vista a ser considerado é a dependência 
que a economia brasileira tinha acerca da elasticidade dessa demanda externa.
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MaterialComplementar
Leituras:
ABREU, M. de P. & LAGO, L. A. C. do. A economia brasileira no Império, 1822-
1889. PUC Rio, Departamento de Economia: Texto para discussão, no. 584.
Disponível em: http://www.economia.puc-rio.br/PDF/td584.pdf
Acesso em 21/03/2015.
OLIVEIRA, M. C. F. A. de & PIRES, M. C. S. Imigração italiana para o Brasil e as 
Cidades. Campinas: UNICAMP, Núcleo de Estudos de População, 1992.
Disponível em: http://www.nepo.unicamp.br/textos/publicacoes/textos_nepo/textos_nepo_21.pdf.
Acesso em 21/03/2015.
OLIVEIRA, W. P. de; TRINDADE, J. R. B. & MACHADO, N. M. Borracha, Nordestino 
e Floresta: A economia e a sociedade amazônica nos dois ciclos gomíferos. Cadernos 
CEPEC. V. 1, no. 1, fevereiro de 2012.
Disponível em: http://www.ppgeconomia.ufpa.br/documentos/Cadernos%20CEPEC%20Vol.01%20n01%20(fev2012).pdf
Acesso em 21/03/2015.
REISS, G. D. O crescimento da empresa industrial na economia cafeeira. Revista de 
Economia Política, Vol. 3, no. 2, abril-junho/1983.
Disponível em: http://www.rep.org.br/pdf/10-5.pdf
Acesso em 21/03/2015.
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Referências
FURTADO, CELSO. Formação Econômica do Brasil. 34 ed. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2007. Páginas: 164 a 222.
PRADO JUNIOR, Caio. História Econômica do Brasil. 26 ed. São Paulo: Brasiliense, 1970, 
p. 114, 122-123, 132, 139 e 178.
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