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RESPOSTA - CASO PRÁTICO DISCIPLINA DD104 - RESOLUÇÃO DE CONFLITOS NO AMBITO PENAL

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RESPOSTAS – CASO PRÁTICO 
DISCIPLINA: DD104 – RESOLUÇÃO / TRANSFORMAÇÃO DE CONFLITOS NO ÂMBITO PENAL.
ALUNO: RONALDO ROSALINO JUNIOR.
I. Após estudar o caso descrito, responda às seguintes perguntas:
1. Elabore uma proposta de intervenção, seguindo os princípios da Justiça Restaurativa, desenvolvendo de maneira argumentativa as fases do processo e as técnicas comunicativas a utilizar.
De acordo com Sica (2017), na Justiça Restaurativa há três questões de grande importância:
1ª. Qual é a natureza dos danos resultantes do crime? Neste caso de natureza emocional.
2ª. Quais necessidades devem ser atendidas para "acertar" ou reparar os danos? A pessoa afetada neste caso manifesta seu desejo de conhecer os motivos que levam o menino a realizar esse ato.
3ª. Quem é responsável por reparar os danos? O objetivo é reparar o dano pelo menor, evitando a punição exclusiva do dano causado, mas também fornecendo soluções positivas para o futuro, buscando uma solução pacífica. Percepção da punição como uma ferramenta necessária na prevenção e redução do crime. A sociedade entende a justiça como um meio de vingança.
 Entendo que a principal solução está relacionada à base da pirâmide social e, portanto, às crianças, com base em programas e planos educacionais dos centros, que promovem o desenvolvimento de uma sociedade futura, crítica, reflexiva e empática. Entender a comunicação e o diálogo como uma base essencial na resolução de conflitos.
Minha Proposta de intervenção, seguindo os princípios da Justiça Restaurativa seria da seguinte forma:
Nesse caso específico, podemos optar por desenvolver um processo de conferência, que compreende quatro fases:
1. Fatos.
A pessoa que causou o dano descreve o evento, os motivos que levaram ao crime e o que aconteceu a seguir. A vítima, por sua vez, costuma fazer uma pergunta por que eu?
2. Sentimentos.
A pessoa ferida manifesta as consequências que ela pode ter sofrido; sendo uma oportunidade para o ofensor ouvir as verdadeiras consequências de suas ações.
3. Implicações para o futuro.
Cada participante fornece alternativas para que as coisas desse momento em diante e olhando para o futuro fiquem melhores.
4. Reintegração.
Primeiro, através da desaprovação do comportamento, o respeito também é mostrado ao ofensor e o trabalho é feito para reintegrá-lo à sociedade.
Os Padrões mínimos que garantam a fluidez e eficácia do processo de comunicação devem ser respeitados nesta intervenção, como:
- Escuta ativa;
- Fazer perguntas para descobrir os interesses e necessidades das partes;
- Reconhecer emoções como legítimas;
- Estabelecer padrões mínimos que favoreçam o intercâmbio comunicativo;
 	-Respeito das posições de cada uma das partes envolvidas.
2. Na sua opinião, quais seriam as principais diferenças se a pessoa infratora fosse um adulto e não um menor?
A principal diferença estaria fundamentalmente relacionada ao aumento da sentença se nos referirmos à figura de um adulto, e à sua autonomia e independência para enfrentar os procedimentos sem a necessidade de outra figura de apoio, que seria essencial o caso do menor (pais, parentes, etc). Um exemplo prático: Um homicídio cometido por um garoto de 13 anos e por um jovem de 22 anos, ambos do sexo masculino.
 O garoto será tratado como menor infrator, não será preso em uma cadeia comum, irá para um estabelecimento de pena socioeducativo (que muitas vezes só piora a índole de um ser desses), com uma pena bem mais branda, onde logo já estará nas ruas novamente, voltando para sua casa, apto a cometer outro crime. Não estará sozinho ao enfrentar a acusação e sua punição: seus pais e/ou responsáveis estarão com ele em todas as etapas, se responsabilizam por ele. Para a maioria dos direitos penais dos países, principalmente em qual eu vivo – o Brasil, tratam um delinquente desse tipo como uma pessoa em formação, que não tem capacidade de discernir que o que fez é errado, portanto deve ser julgado de forma mais branda. 
Já o rapaz de 22 anos é maior de idade na maioria dos países, será acusado e julgado como adulto, podendo receber pena máxima, dependendo de onde foi cometido o crime, e responderá sozinho, de forma independente, pois é adulto e arcará com as consequências do crime cometido, podendo até mesmo ser preso perpetuamente.
Podemos dizer, de acordo com Pinto (2015), que o Direito Penal geral no mundo está dividido em dois segmentos: o Direito Penal infanto-juvenil que pune na faixa etária que vai dos 10 aos 18 anos, embora numa etapa inicial (de 10 a 16 anos) de modo menos repressivo e mais protetivo, na etapa seguinte (de 16 a 18/21 anos) já com medidas mais repressivas, mais severas. A partir dessa etapa (dos 18/21) há o Direito Penal dos adultos, ou seja, o ser humano cujo desenvolvimento geral básico já está encerrado, nessa etapa, em muitos países, há ainda um tratamento especial ao jovem-adulto que vai até 21/22 anos. Em alguns países também se faz uma mescla do sistema do discernimento com o do sistema etário, tudo para se apurar melhor a justiça do caso concreto e a utilidade da retribuição penal, que não deve ser uma vingança oficializada.
A capacidade de dolo que o mundo inteiro busca descobrir no homem na hora de puni-lo criminalmente é bem mais exigente que a de punir um menor infrator. Para que o dolo criminal se configure faz-se necessário a consciência do ilícito criminal e a idade é relevante na hora de imputar a pena e determinar o grau de consciência e culpa do criminoso. 
3. Considerando como marco de referência o seu próprio país, na sua opinião, quais são as principais falhas da justiça restaurativa? Justifique o porquê e aponte o que poderia ser feito para melhorá-la.
Os índices de criminalidade são alarmantes no Brasil, e o que mais espanta com as poucas pesquisas efetivadas para início das atividades científicas é que os menores infratores (abaixo dos 18 anos de idade) figuram como uma determinada camada da sociedade que vêm praticando muitos ilícitos, em especial, para o consumo de substâncias entorpecentes, ocasionando, portanto, outros tantos crimes que são decorrentes do uso ou da busca pelo uso de drogas.
Portanto, o crime, como conhecido pela norma penal e processual penal pode ser praticado pela pessoa que conta com, pelo menos, 18 (dezoito) anos de idade. Todavia, quando é um adolescente que pratica uma conduta que é prevista na norma penal, ou em legislação penal especial como crime, diz-se que o referido adolescente, na verdade, praticou um ato infracional, podendo ser representado, recebendo uma medida socioeducativa ou medida protetiva como espécie de sanção para o ato praticado, na forma do disposto no artigo 112 do ECA (Estatuto da criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90).
Referida informação consta no Estatuto da Criança e do Adolescente, precisamente no artigo 103 que dispõe que todo o crime ou contravenção penal que é praticada por criança e adolescente é reconhecido pela denominação de ato infracional.
Ou seja, embora praticado o fato típico e antijurídico, pela presunção absoluta de inimputabilidade em prol do menor de dezoito anos, o adolescente, e por isso chamado de infrator, não será responsabilizado penalmente, como asseverado acima, sendo a responsabilidade, por questões de política criminal, ditadas de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), recebendo, na oportunidade do cometimento do chamado ato infracional, portanto, medidas socioeducativas proporcionais e adequadas à gravidade dos atos praticados e a idade.
A aplicação da Justiça Restaurativa no Brasil é algo relativamente novo. O atual sistema de justiça penal brasileiro, exclusivamente punitivo-retribuído, não contribui para a ressocialização do infrator; ao revés, de socializa o agente ativo do fato típico, haja vista que direitos e garantias fundamentais do apenado não são respeitados durante a execução da pena restritiva de liberdade, tornando-se imperioso, a aplicação de práticas alternativas de pacificação social.
Consoante Vasconcelos (2017), entrementes, a aplicação de medidas alternativas,notadamente a Justiça Restaurativa, encontra relutância para a sua aceitação no Brasil, tanto em âmbito cultural como entre os estudiosos e operadores do direito.
Na seara cultural brasileira, para que o desiderato da Justiça Restaurativa seja efetivamente implantado, faz-se necessário reavivar as ideias do favor libertatis, sacrificado com a aplicação contumaz e irracional da medida constritiva de liberdade. Ademais, é imperioso acolher a noção de subsidiariedade do direito penal, abrindo-se espaço para outros ramos do direito e outras formas de solução dos conflitos. Infelizmente, o direito penal não é visto como ultima ratio, sendo aplicado irrestritamente como o único instrumento de resolução de conflitos.
Contudo, esse empecilho cultural é clarividente e mais intenso dentro do nosso Poder Judiciário. De acordo com Cardozo (2009), como a justiça penal tradicional corresponde a uma imposição unilateral e verticalizada da norma positiva, impregnada de um formalismo inútil protagonizado pelos juízes togados em nossos pretórios, cuja pena de prisão é vista como manifestação de autoridade, há um rígido bloqueio por parte do Estado-Juiz em aplicar medidas alternativas como a Justiça Restaurativa.
Afora a barreira cultural sobredita, podemos destacar críticas doutrinárias, notadamente aquelas que enfatizam o estímulo à vingança privada que pode resultar da aplicação desse modelo alternativo de solução de conflitos. Parte da doutrina contrária à sua incidência defende que a Justiça Restaurativa implica num retrocesso, pois estar-se-ia abrindo mão da justiça imposta pelo Estado, cogente, imperativa, em favor de um sistema privatizado e vazio de garantias favorável à autotutela.
Para melhorar no que concerne ao uso da Justiça Restaurativa no Brasil devemos nos arriscar numa tentativa comedida de abrir espaço para esse democrático e legítimo método alternativo de pacificação de litígios. Ademais, vale salientar que não advogamos a supressão total do atual sistema de justiça criminal brasileiro. A prática restaurativa e o modelo retributivo podem coexistir, desde que o direito penal tradicional seja visto como ultima ratio, subsidiário aos métodos alternativos.
Continuando, como a implementação da Justiça Restaurativa envolve gestão concernente à administração da Justiça, é também fundamental que as partes tenham o direito a um serviço eficiente (princípio constitucional da eficiência – art.37 da Constituição Brasileira), com facilitadores realmente capacitados e responsáveis, com sensibilidade para conduzir seu trabalho, respeitando os princípios, valores e procedimentos do processo restaurativo, pois é uma garantia implícita dos participantes a um, digamos, devido processo legal restaurativo.
Não podemos esquecer que todos os princípios e garantias fundamentais das partes envolvidas devem ser rigorosamente observados, tais como: a dignidade da pessoa humana, razoabilidade, proporcionalidade, adequação e interesse público.
O certo é que apesar das vantagens que podem oferecer as práticas restaurativas, no sistema de justiça criminal elas devem ser implementadas com cautela e devem estar sempre sendo fiscalizadas e avaliadas. Logo, espera-se que a Justiça Restaurativa se desenvolva como produto de debates em fóruns apropriados, com ampla participação da sociedade para que seja concebida definitivamente no Brasil, onde é manifesta a falência do sistema de justiça criminal tradicional e o crescimento contumaz da violência e criminalidade.
Conclui-se que talvez seja possível a Justiça Restaurativa no Brasil, como oportunidade de adoção de uma justiça criminal informal, democrática, participativa e capaz de operar uma real transformação na vergonhosa realidade de nosso sistema, promovendo os direitos humanos, a cidadania, a dignidade e paz social esquecidos no atual sistema de Justiça Retributiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Cardozo, R. N. (2009). Os conflitos e as formas de mediação. São Paulo: Lazuli.
Pinto, R. S. G. (2015). A construção da Justiça Restaurativa no Brasil. O impacto no sistema de Justiça criminal. São Paulo: Editora Método.
Sica, L. (2017). Justiça Restaurativa e Mediação Penal. O Novo Modelo de Justiça Criminal e de Gestão do Crime. Rio de Janeiro. Editora Lumen Juris.
Vasconcelos, C. E. (2017). Mediação de conflitos e práticas restaurativas. São Paulo: Editora Método.

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