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FUNDAÇÕES I Apostila e Notas de Aula Prof. MSc. Eng. CLAITON MESACASA (diretor@c2.eng.br) – Watts 49 33315051 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 2 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Diagrama QAPF ....................................................................................................... 14 Figura 2 - Quadro de Correlação e Classes granulométricas ................................................... 15 Figura 3 - Exemplo de Sondagem SPT .................................................................................... 16 Figura 4 - Fundação Direta ....................................................................................................... 18 Figura 5 - Blocos de Fundação ................................................................................................. 19 Figura 6 - Sapata retangular, quadrada e corrida ...................................................................... 20 Figura 7 - Sapatas associada e associada de divisa .................................................................. 20 Figura 8 - Sapatas de divisa ligada com outra sapata através de uma viga de equilíbrio ......... 21 Figura 9 - Sapatas de divisa vista em corte com o esquema estático ....................................... 21 Figura 10 - Funcionamento do Radier ...................................................................................... 22 Figura 11 - Radier concretado .................................................................................................. 23 Figura 12 - Radier com cabos de protensão ............................................................................. 24 Figura 13 - Locação de pilares com sapatas ............................................................................. 25 Figura 14 - Detalhe locação de sapata ...................................................................................... 26 Figura 15 - Sapatas escalonadas ............................................................................................... 27 Figura 16 - Risco de queda de talude e medidas de contenção do solo .................................... 28 Figura 17 - Preparação da rocha para receber sapatas .............................................................. 29 Figura 18 - Lastro de brita, não aceitável ................................................................................. 29 Figura 19 - Lastro de concreto, ideal. ....................................................................................... 30 Figura 20 - Forma lateral em madeira, gabarito ....................................................................... 30 Figura 21 - Sapata com esperas do pilar ................................................................................... 31 Figura 22 - Sapata concretada com arranque de pilar .............................................................. 31 Figura 23 - Sapata corrida sob parede de alvenaria .................................................................. 32 Figura 24 - Sapata corrida com lastro e ferragem preparada .................................................... 32 Figura 25 - Sapata corrida concretada e a cura ......................................................................... 33 Figura 26 - Sapata isolada ........................................................................................................ 34 Figura 27 - Sapatas para pilar em L. ......................................................................................... 35 Figura 28 - Sapata associada .................................................................................................... 36 Figura 29 - Perspectiva sapata associada .................................................................................. 36 Figura 30 - Solução para evitar sapata associada ..................................................................... 37 Figura 31 - Perspectiva sapata de divisa ................................................................................... 38 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 3 Figura 32 - Sapata de divisa em planta ..................................................................................... 38 Figura 33 - Sapata de divisa em corte....................................................................................... 39 Figura 34 - Corte sapata de divisa ............................................................................................ 42 Figura 35 - Planta sapata de divisa ........................................................................................... 43 Figura 36 - Diagramas de solicitações na viga de equilíbrio .................................................... 43 Figura 37 - Sapata de divisa com viga de transição ................................................................. 45 Figura 38 - Sapata com carga excêntrica .................................................................................. 46 Figura 39 - Sapata com momento (a) e os efeitos causados (b) ............................................... 46 Figura 40 - Sapata com dupla excentricidade ........................................................................... 49 Figura 41 - Situação especial de cálculo, observar combinações de carregamentos e análise de recalques diferenciais ............................................................................................................... 51 Figura 42 - Sapata como uma placa (laje) ................................................................................ 52 Figura 43 - Sapata como uma placa (laje) ................................................................................ 54 Figura 44 - Detalhe da biela de compressão ............................................................................. 54 Figura 45 - Sapata como uma placa (laje) ................................................................................ 57 Figura 46 - Distribuição linear das tensões no solo .................................................................. 58 Figura 47 - Distribuição linear das tensões no solo com tensões de tração entre solo e sapata59 Figura 48 - Dente inferior na sapata para combate a esforços horizontais ............................... 59 Figura 49 - Forma típica de sapatas .......................................................................................... 60 Figura 50 - Sapatas com forma de tronco piramidal ................................................................ 60 Figura 51 - Sapatas a > 2b, com nervura .................................................................................. 61 Figura 52 - Eixo I-I para cálculo dos momentos fletores ......................................................... 62 Figura 53 - Eixo I-I, sapatas alongadas .................................................................................... 63 Figura 54 - Armadura negativa em sapatas .............................................................................. 64 Figura 55 - Dados geométrico, corte ........................................................................................ 64 Figura 56 - Dados geométricos, planta ..................................................................................... 65 Figura 57 - Seção II-II para verificação do esforço cortante .................................................... 69 Figura 58 - Seção II-II para sapatas alongadas l >1,5b ............................................................ 70 Figura 59 - Área de seção de aço .............................................................................................. 78 Figura 60 - Área de seção de aço .............................................................................................. 79 Figura 61 - Tabela 7.2 NBR6118, Cobrimento Nominal .........................................................80 Figura 62 - Tabela 1 NBR6118, Classe Agressividade ............................................................ 80 Figura 63 - Sapata à flexão ....................................................................................................... 81 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 4 Figura 64 - Blocos de apoio ...................................................................................................... 82 Figura 65 - Blocos de apoio de seção plena ............................................................................. 83 Figura 66 - Alicerce de tijolos .................................................................................................. 84 Figura 67 - Paredes de pedra, tijolo e concreto ciclópico ......................................................... 84 Figura 68 - Ângulo β que produz tração menor que fct ............................................................. 85 Figura 69 - Tipos mais usuais de forma de execução de blocos de seção plena ...................... 86 Figura 70 - Distribuição de tensões na zona de perturbação em blocos de seção reduzida ..... 87 Figura 71 - Distribuição das tensões na zona de perturbação e suas resultantes em armaduras .................................................................................................................................................. 88 Figura 72 - Resultantes dos esforços Fd, visualizados pelo método das bielas ........................ 89 Figura 73 - Resultante Nt e Nc, sendo que Nc é resistido pelo concreto e Nt pelo aço ........... 90 Figura 74 - Distribuição da armadura em m camadas .............................................................. 91 Figura 75 - Armadura de fretagem disposta em estribos quadrados e retangulares ................. 92 Figura 76 - Armadura de fretagem em peças de pequenas dimensões ..................................... 93 Figura 77 - Ancoragem da armadura do pilar no bloco ............................................................ 94 Figura 78 - Operário escavando o tubulão................................................................................ 99 Figura 79 - Vista do fuste a partir da base alargada ............................................................... 100 Figura 80 - Tubulão e suas partes ........................................................................................... 100 Figura 81 - Transferência de cargas em tubulões ................................................................... 104 Figura 82 - Tubulão em corte, dimensionamento de seus componentes ................................ 111 Figura 83 - Tubulão em planta, situação usual ....................................................................... 111 Figura 84 - Fissuração na região de contato do pilar .............................................................. 112 Figura 85 - Base alargada ....................................................................................................... 114 Figura 86 - Região de contato com pilar, armadura de fretagem ........................................... 116 Figura 87 - Detalhe de armadura de fretagem ........................................................................ 117 Figura 88 - Base alargada como falsa elipse .......................................................................... 118 Figura 89 - Estaca de madeira ................................................................................................ 123 Figura 90 - Estaca metálica ou de aço .................................................................................... 124 Figura 91 - Estaca pré-moldada .............................................................................................. 126 Figura 92 - Estaca de reação ................................................................................................... 127 Figura 93 - Estaca tipo broca .................................................................................................. 128 Figura 94 - Estaca tipo Strauss ............................................................................................... 129 Figura 95 - Estaca tipo Franki ................................................................................................ 130 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 5 Figura 96 - Estaca Raiz ........................................................................................................... 131 Figura 97 - Estaca tipo Hélice contínua.................................................................................. 132 Figura 98 - Estaca com fluído estabilizante ........................................................................... 133 Figura 99 - Distribuição de 2 e 3 estacas em torno do centro de carga do pilar ..................... 144 Figura 100 - Distribuição de 4 estacas em torno do centro de carga do pilar ........................ 144 Figura 101 - Distribuição de 5 estacas em torno do centro de carga do pilar ........................ 145 Figura 102 - Distribuição de 6 estacas em torno do centro de carga do pilar ........................ 145 Figura 103 - Distribuição de 7 estacas em torno do centro de carga do pilar ........................ 145 Figura 104 - Distribuição de 8 estacas em torno do centro de carga do pilar ........................ 146 Figura 105 - Espaçamento entre estacas de blocos próximos ................................................ 146 Figura 106 - Distribuição das estacas em relação ao pilar ..................................................... 146 Figura 107 - Distribuição recomendável e não recomendável de estacas num bloco ............ 147 Figura 108- Efeitos da carga vertical e momentos nas estacas............................................... 148 Figura 109 - Valores recomendados pelas NBR 6122/10 ...................................................... 153 Figura 110 - Conjunto de estacas junto a momentos fletores ................................................. 161 Figura 111 - Conjunto de estacas junto a momentos fletores e forças horizontais ................ 165 Figura 112 - Estaqueamentos ................................................................................................. 166 Figura 113 - Estaqueamernentos planos verticais .................................................................. 167 Figura 114 - Estaqueamentos planos verticais ....................................................................... 168 Figura 115 - Travamento de pilar/ fundação com uma única estaca ...................................... 169 Figura 116 - Travamento de bloco com duas estacas ............................................................. 169 Figura 117 - Conjunto de estacas junto a momentos fletores ................................................. 170 Figura 118 - Soluções em situações de estacas perdidas no bloco ......................................... 171 Figura 119 - Excentricidade devido á má locação de estacas................................................. 172 Figura 120 - Inclinação das bielas comprimidas .................................................................... 174 Figura 121 - Distância entre pontos de reações nas estacas ................................................... 175 Figura 122 - Ancoragem da aramadura dos pilares no bloco ................................................. 175 Figura 123 - Pequena excentricidade no conjunto.................................................................. 176 Figura 124 - Pilares com grande excentricidade .................................................................... 177 Figura 125 - Excentricidade com estaca com reação nula...................................................... 178 Figura 126 - Excentricidade gerando reação negativa ............................................................ 178 Figura 127 - Bloco de 1 estaca, esquema geral...................................................................... 179 Figura 128 - Bloco de 2 estacas, esquema geral ..................................................................... 183 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 6 Figura 129 - Bloco de 3 estacas, esquema geral ..................................................................... 185 Figura 130 - Esquema de forças - bloco sobre três estacas .................................................... 186 Figura 131 - Disposição da armadura no bloco sobre três estacas ......................................... 186 Figura 132 - Disposição da armadura no bloco sobre quatro estacas ..................................... 187 Figura 133 - Seções de referência para cálculo do bloco sobre mais de 4 estacas ................. 187 Figura 134 - Bloco flexível - a/ d >1 ...................................................................................... 188 Figura 135 - Bloco rígido 0,5 ≤ a/d ≤ 1 .................................................................................. 189 Figura 136 - Bloco rígido a/d < 0,5 ........................................................................................ 189 Figura 137 - Fundação com estaca T ...................................................................................... 193 Figura 138 - Fundação tipo estapata ....................................................................................... 195 Figura 139 - Variação do custo de fundações diretas em função do número de andares ....... 197 Figura 140 - Radier sobre solo melhorado, confinado ........................................................... 198 Figura 141 - Tensões geradas no solo pelo radier .................................................................. 199 Figura 142 - Comportamento do radier como laje invertida .................................................. 199 Figura 143 - Posicionamento correto de armadura em radier ................................................ 200 Figura 144 - Sistemas estruturais usuais com pilares ............................................................. 200 Figura 145 - Radier juntamente como contrapiso .................................................................. 201 Figura 146 - Coincidir centro de carga pilares com centro de gravidade do radier ............... 201 Figura 147 - Avanço do radier para evitar torção na viga periférica ...................................... 202 Figura 148 - Vãos ideais para solução em alvenaria estrutural .............................................. 203 Figura 149 - Radier com dupla armadura ............................................................................... 203 Figura 150 - Radier com armadura simples............................................................................ 204 Figura 151 - Região dos esgotos em radier ............................................................................ 204 Figura 152 - Estratégias de moldagem do sistema estrtural pelo MEF .................................. 210 Figura 153 - Representação de uma grelha sobre base elástica .............................................. 211 Figura 154 - Aplicação de carga concentrada na grelha ......................................................... 213 Figura 155 - Barras da grelha ................................................................................................. 214 Figura 156 - Representação de um elemento de grelha ......................................................... 215 Figura 157 - Esforços atuantes nas barras .............................................................................. 216 Figura 158 -Recalque absoluto e diferencial .......................................................................... 220 Figura 159- Fator de correção ................................................................................................ 221 Figura 160- Perfis de Índice de deformação específica .......................................................... 226 Figura 161- Fator de Influência na deformação vertical ........................................................ 228 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 7 Figura 162- Valores coeficiente Poisson ................................................................................ 229 Figura 163- Coeficiente α ....................................................................................................... 229 Figura 164- Distorção angular no recalque admissível .......................................................... 231 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 8 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ........................................................................................................... 12 CAPÍTULO I – SONDAGEM ............................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 1.1 SONDAGEM SPT ............................................................................................ 13 1.2 TENSÃO ADMISSÍVEL.................................................................................. 16 CAPÍTULO II – ANÁLISE, PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇ ÕES RASAS .... 18 2 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 18 2.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS ......................................... 19 2.1.1 Blocos de Fundação......................................................................................... 19 2.1.2 Sapatas de Fundação ...................................................................................... 19 2.1.3 Fundação em Radier ....................................................................................... 22 2.2 CONTROLE DE EXECUÇÃO DE SAPATAS ............................................... 24 2.3 DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES DIRETAS .................................. 33 2.4 SAPATA ISOLADA ........................................................................................ 33 2.5 SAPATA ASSOCIADAS ................................................................................. 35 2.6 SAPATAS DE DIVISA .................................................................................... 37 2.7 DIMENSIONAMENTO DE VIGA DE EQUILÍBRIO ................................... 41 2.8 HIPÓTESE DE CÁLCULO DE SAPATA COM VIGA DE TRANSIÇÃO ... 44 2.9 SAPATAS SUJEITAS A CARGA VERTICAL E MOMENTO ..................... 45 2.10 FUNDAÇÕES DIRETAS SUJEITAS A CARGAS ACIDENTAIS (CONDIÇÕES À PARTE) ....................................................................................................... 49 CAPÍTULO III – DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE SAPATA S .................... 52 3 generalidades ................................................................................................... 52 3.1 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO ESTRUTURAL DE UMA SAPATA 53 3.2 DETERMINAÇÃO DAS DIMENSÕES E FORMA DA SAPATA ................ 60 3.3 ARMADURA DE FLEXÃO ............................................................................ 61 3.4 RESISTÊNCIA AO ESFORÇO CORTANTE ................................................. 66 3.5 VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DAS ARMADURAS DE FLEXÃO ...... 71 CAPÍTULO IV – BLOCOS DE APOIO .............................................................................. 81 4 generalidades ................................................................................................... 81 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 9 4.1 BLOCOS DE SEÇÃO PLENA ........................................................................ 82 4.2 BLOCOS DE SEÇÃO REDUZIDA .................................................................86 4.2.1 Procedimentos ................................................................................................. 86 4.3 ANCORAGEM DA ARMADURA DOS PILARES NOS BLOCOS .............. 93 CAPÍTULO V – TUBULÕES ............................................................................................... 99 5 definição ........................................................................................................... 99 5.1 VANTAGENS DOS TUBULÕES ................................................................. 100 5.2 TUBULÕES NÃO REVESTIDOS................................................................. 102 5.3 TUBULÕES REVESTIDOS .......................................................................... 102 5.4 COMPORTAMENTO DOS TUBULÕES ..................................................... 103 5.5 CAPACIDADE DE CARGA DOS TUBULÕES........................................... 105 5.5.1 Para solos coesivos (argilosos)...................................................................... 105 5.5.2 Para solos não coesivos (arenosos)............................................................... 107 5.6 TUBULÕES EM ROCHA .............................................................................. 108 5.7 RECALQUES EM TUBULÕES .................................................................... 110 5.8 DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL ...................................................... 110 5.9 PRESSÃO DE CONTATO ENTRE PILAR E TUBULÃO .......................... 111 5.10 CÁLCULO DA FUSTE .................................................................................. 113 5.11 CÁLCULO DA BASE ALARGADA ............................................................ 113 CAPÍTULO VI – DIMENSIONAMENTO GEOTÉCNICO DE ESTACAS ................. 122 6 introdução ...................................................................................................... 122 6.1 ESTACA DE MADEIRA ............................................................................... 123 6.2 ESTACA METÁLICA OU DE AÇO ............................................................. 123 6.3 ESTACA PRÉ-MOLDADAS ......................................................................... 124 6.4 ESTACA DE REAÇÃO (MEGA) .................................................................. 126 6.5 ESTACAS DE CONCRETO MOLDADAS IN LOCO ................................. 127 6.5.1 Brocas ............................................................................................................. 127 6.5.2 Strauss ............................................................................................................ 128 6.5.3 Franki ............................................................................................................. 129 6.5.3.1 Strauss e Franki (1) x Pré-moldada (2) ....................................................... 131 6.5.4 Estaca Raiz .................................................................................................... 131 6.5.5 Hélice Contínua ............................................................................................. 131 6.5.6 Escavada com Fluído Estabilizante ............................................................. 132 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 10 6.5.7 Capacidade de Carga em Estacas ................................................................ 133 6.6 MÉTODOS DE CÁLCULO: TEORIA NA PRÁTICA ................................. 133 6.6.1 Método de Décourt-Quaresma (1996) ......................................................... 133 6.6.1 Método de Aoki-Velloso (1975) .................................................................... 135 6.7 DISTRIBUIÇÃO ESTACAS (ALONSO 2010) ............................................. 143 6.7.1 Efeito de grupo (1976) .................................................................................. 149 CAPÍTULO VII – DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE ESTACA S ................ 152 7 Generalidades ................................................................................................ 152 7.1 DIMENSIONAMENTO NA COMPRESSÃO............................................... 153 7.2 DIMENSIONAMENTO NA TRAÇÃO ......................................................... 154 7.3 DIMENSIONAMENTO NA FLEXÃO SIMPLES E COMPOSTA .............. 155 7.4 ESTACAS SUJEITAS A CARGA VERTICAL E MOMENTOS ................. 160 7.5 CARREGAMENTOS HORIZONTAIS EM ESTACAS ............................... 164 7.5.1 Método de Nökkentved ................................................................................. 164 7.6 RECOMENDAÇÕES DIVERSAS ................................................................ 168 7.7 CUIDADOS GERAIS .................................................................................... 170 7.7.1 Pilares muito Próximos................................................................................. 170 7.7.2 Estaca perdida ou mal executada ................................................................ 170 7.7.3 Erro de inclinação de estacas ....................................................................... 171 7.7.4 Erro de excentricidade nas estacas .............................................................. 171 7.7.5 Sequência executiva de estacas .................................................................... 172 CAPÍTULO VIII – BLOCOS DE COROAMENTO DE ESTACAS ... ........................... 174 8 Bloco sobre estacas ........................................................................................ 174 8.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ...................................................................... 174 8.2 ANCORAGEM DE ARMADURAS DOS PILARES .................................... 175 8.3 BLOCO DE COROAMENTO DE 1 ESTACA.............................................. 179 8.4 BLOCO DE COROAMENTO DE 2 ESTACA.............................................. 182 8.5 BLOCO DE COROAMENTO DE 3 ESTACA.............................................. 184 8.6 BLOCO SOBRE QUATRO ESTACAS ......................................................... 186 8.7 BLOCO SOBRE UM NÚMERO QUALQUER DE ESTACAS ................... 187 CAPÍTULO IX – FUNDAÇÕES MISTAS ........................................................................ 190 9 introdução ...................................................................................................... 190 9.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES MISTAS .............................................................. 191 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 11 9.1.1 Fundações Basicamente Profundas ............................................................. 191 9.1.2 Fundações Basicamente Rasas ..................................................................... 191 9.1.3 Sapatas Estaqueadas ..................................................................................... 192 9.2 ESTACAS E SAPATAS COM CONTATO FÍSICO ..................................... 192 9.2.1 Fundações tipo Estaca - T – Generalidades ................................................ 192 9.2.2 Processo Simplificado para o Dimensionamento de Fundação tipo Estaca – T ......................................................................................................................... 193 9.3 ESTACA(S) E SAPATA SEM CONTATO FÍSICO ..................................... 194 9.3.1 Fundações tipo Estapata............................................................................... 194 CAPÍTULO X – RADIER ................................................................................................... 196 10 introdução ...................................................................................................... 196 10.1 APLICAÇÃO DO RADIER ........................................................................... 196 10.2 COMPORTAMENTO DO RADIER .............................................................198 10.3 USO DE RADIER EM PEQUENAS OBRAS ............................................... 202 10.4 PRÉ-DIMENSIONAMENTO DO RADIER .................................................. 205 10.5 CÁLCULO EXATO DO RADIER ................................................................ 205 10.6 MODELOS DE CÁLCULO ........................................................................... 206 10.7 ESTABILIDADE E CAPACIDADE DE PORTE DO RADIER ................... 206 10.8 DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES E CÁLCULO DE ESFORÇOS ................. 206 10.9 MÉTODOS DE CÁLCULO ........................................................................... 207 10.9.1 Método estático.............................................................................................. 207 10.9.2 Método da placa sobre solo de winkler ....................................................... 208 10.9.3 Método do american concrete institute (a.c.i.) ........................................... 208 10.9.4 Sistema de vigas sobre base elástica ............................................................ 209 10.9.5 Método das diferenças finitas ...................................................................... 209 10.9.6 Método dos elementos finitos ....................................................................... 209 10.10 ANALOGIA DE GRELHA ............................................................................ 210 10.10.1 Malha da grelha ............................................................................................ 212 10.10.2 Carregamento das barras............................................................................. 212 10.10.3 Propriedades geométricas e físicas das barras ........................................... 214 10.10.4 Esforços nas barras ....................................................................................... 215 10.11 CUIDADOS NA EXECUÇÃO E CONTROLES .......................................... 216 11 – RECALQUE ............................................................................................... 218 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 12 11.1 RECALQUES ................................................................................................. 218 11.2 TIPOS DE RECALQUES .............................................................................. 219 11.3 MÉTODOS PARA PREVISÃO DE RECALQUE ........................................ 220 11.4 MÉTODO EMPÍRICO ................................................................................... 223 11.4.1 Método semi-empírico .................................................................................. 223 11.4.2 Método de Terzaghi e Peck .......................................................................... 224 11.4.3 Método de Meyerhof ..................................................................................... 224 11.4.4 Método Schmertmann .................................................................................. 225 11.4.5 Métodos racionais ......................................................................................... 229 11.5 RECALQUE ADMISSIVEL .......................................................................... 230 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 232 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 13 AGRADECIMENTOS Agradeço ao professore Silvio Edmundo Pilz, o qual cedeu gentilmente a versão inicial desta apostila, a qual reúne uma farta literatura e conhecimentos na área de fundações. CAPÍTULO I – SONDAGEM 1 INTRODUÇÃO Os estudos para o projeto e a execução de fundações de estruturas (edifícios, pontes, viadutos, tuneis, muros de arrimo, etc.), requerem, como é obvio, prévias investigações geotécnicas, este estudo é normalmente embasado em ensaios de campo ou, quando necessário, ensaios laboratoriais. Portanto, neste capítulo retomaremos brevemente o que foi estudado na disciplina de Geologia e Mecânica dos Solos, visto que já temos domínio do que se trata. As Sondagens são um dos métodos mais utilizados para caracterizar e determinar os coeficientes e tipos de solo, sendo as mais utilizadas as Standard Penetration Test (SPT) e rotativas. 1.1 SONDAGEM SPT Normatizada pela NBR 6484: 2001, e conhecida também por “Sondagem SPT”, cuja sigla é abreviatura do nome internacional “Standard Penetration Test”, este tipo de sondagem aplica-se unicamente a solos. Seus objetivos são a determinação das camadas, a identificação do nível d’água, e o principal deles para finalidades construtivas, que é a determinação da resistência. A resistência dos solos é medida pelo índice de resistência a penetração (N), que é um número dado pela soma dos golpes do martelo, necessários para cravação dos dois últimos segmentos de 15cm do amostrador padrão. Cada golpe do martelo consiste em uma massa de ferro padronizada de 65kg, caindo livre e verticalmente a uma altura de 75cm. Neste tipo de sondagem, a profundidade é limitada aos critérios considerados impenetráveis pela norma, ou por especificação do solicitante (cerca de 50 golpes). FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 14 Esta sondagem pode ser acompanhada dos Ensaios de Infiltração (EI), quando deseja- se mensurar a permeabilidade dos solos, e deve trazer várias características dos solos e o número de golpes a cada metro perfurado. Relembrando um pouco de Geologia os solos serão classificados de acordo com os Diagramas QAPF, que são diagramas concebidos por Streckeisen (1967), nos quais é feita a classificação de rochas plutônicas e vulcânicas de acordo com a composição modal das rochas em questão. Figura 1- Diagrama QAPF FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 15 Figura 2 - Quadro de Correlação e Classes granulométricas FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 16 Figura 3 - Exemplo de Sondagem SPT Neste capítulo foi apenas demonstrado que para determinação de qual tipo de fundação será utilizado na obra, é imprescindível o projetista ter experiência em geotécnica, pois a fundação necessariamente depende das características de cada solo ou rocha que são apresentados em diversos formatos de sondagem. Os estudos mais aprofundados sobre os solos e rochas o acadêmico deverá buscar nas disciplinas de Geologia e Mecânica dos Solos. 1.2 TENSÃO ADMISSÍVEL O método empírico considera como método de cálculo a capacidade de carga obtida com base na descrição das condições do terreno e em tabelas de tensões básica. Já o método FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 17 semi empírico busca informações nas propriedades dos materiais. Quando métodos semi empíricos são usados, devem-se apresentar justificativas, indicando a origem das correlações (HACHICH, et al 1998). Na Tabela 1, os índices do coeficiente de ponderação da capacidade de carga são a base para indicar as ações permanentes, ação variáveis, pretensão e para efeitos de deformação. Os valores são baseados de acordo com as ações empregadas na fundação, porém em fundação superficial e profunda a capacidade de carga é obtida pelo método semi empírico e empírico (NBR 6122; ABNT, 2019). Tabela 1 - Coeficiente de Ponderação da Capacidade de carga das fundações Condição Coeficiente Fundação Superficial (sem prova de carga) 2,2 Fundação Profunda (sem prova de carga) 1,5 Fundação com prova de caga 1,5 Os métodos que estão relacionados aos resultados de ensaios de campo SPT com tensões admissíveis, determina as limitações e valida o método adotado, a Equação 1 é um exemplo de equação que define a tensão admissívelde qualquer tipo de solo pelo método semi empírico é fornecida Terzaghi e Peck apresentado por Velloso e Lopes (2010) ���� = ��� �� (MPa) (1) Onde: ����: é a tensão admissível em kg/cm² ou MPa; ����: é o número de golpes no esnaio SPT; Método de Meyehof (1956) Citado por Dias (2012) ���� = Ñ�� (2) Onde: Ñ é a média dos valores NSPT em uma espessura a 1,5B metro abaixo do nível de assentamento do elemento estrutural; B é a largura de elemento estrutural (m); Recomendação de Alonso (1983) para fundações rasas e NSPT ≤ 20 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 18 ���� = ��� ,�é���� (MPa) (3) Onde: NSPT,MÉDIO é o valor médio calculado com valores de NSPT na profundidade de 2B abaixo da cota de assentamento do elemento estrutural. CAPÍTULO II – ANÁLISE, PROJETO E EXECUÇÃO DE FUNDAÇ ÕES RASAS 2 INTRODUÇÃO As fundações rasas ou diretas são assim denominadas por se apoiarem sobre o solo a uma pequena profundidade, em relação ao solo circundante. De acordo com essa definição, uma fundação direta para um prédio com dois subsolos será considerada rasa, mesmo se apoiando a 7,0 m abaixo do nível da rua. Figura 4 - Fundação Direta No presente capítulo serão apresentados os tipos de fundações rasas e seu dimensionamento em planta a partir de uma tensão admissível σadm do solo de apoio. D B FUNDAÇÃO RASA D / B < 1 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 19 2.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES RASAS OU DIRETAS Do ponto de vista estrutural as fundações diretas dividem-se em blocos, sapatas e radier . 2.1.1 Blocos de Fundação São elementos de apoio construídos de concreto simples e caracterizados por uma altura relativamente grande, necessária para que trabalhem essencialmente à compressão. Normalmente, os blocos assumem a forma de um bloco escalonado, ou pedestal, ou de um tronco de cone (Figura 5). Figura 5 - Blocos de Fundação Os blocos em tronco de cone, ainda que não reconhecidos como tais, são muito usados, constituindo-se na realidade em tubulões a céu aberto curtos. A altura H de um bloco é calculada de tal forma que as tensões de tração atuantes no concreto, possam ser absorvidas pelo mesmo, sem necessidade de armar o piso da base. Neste sentido se utiliza um ângulo β adequado, para que as tensões de tração na base do bloco possam ser suportadas pelo concreto. 2.1.2 Sapatas de Fundação As sapatas são elementos de apoio de concreto armado, de menor altura que os blocos, que resistem principalmente por flexão, necessitando assim de armadura na sua base, pois que as tensões de tração são superiores as que o concreto pode suportar. As sapatas podem assumir praticamente qualquer forma em planta (Figura 6), sendo as mais frequentes as sapatas quadradas (B=L), regulares (L>B) e corridas (L>>B). Para efeito β β β HH σ σ σ FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 20 de cálculos geotécnicos, considera-se como retangular uma sapata em que L≤ 5B e corrida sempre que L > 5B. Figura 6 - Sapata retangular, quadrada e corrida Figura 7 - Sapatas associada e associada de divisa Além dos tipos fundamentais acima, deve-se também reconhecer as sapatas associadas, as quais são empregadas nos casos em que, devido à proximidade dos pilares, não é possível projetar-se uma sapata isolada para cada pilar. Nestes casos, uma única sapata serve de fundação para dois ou mais pilares (Figura 7). Muitas vezes as sapatas de divisa necessitarão de um elemento estrutural complementar para que possam suportar adequadamente as cargas impostas. Este elemento é a viga de equilíbrio (ou viga alavanca) que liga a sapata de divisa a um a outra sapata próxima (Figura 8). C.C. C.C. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 21 Figura 8 - Sapatas de divisa ligada com outra sapata através de uma viga de equilíbrio Uma vista em corte pode ser vista na Figura 9, bem como o esquema estrutural básico de uma sapata de divisa com uma viga de equilíbrio. Figura 9 - Sapatas de divisa vista em corte com o esquema estático D IV IS A viga de equlíbrio B L e RA RB BPAP RA RB PA BP D IV IS A FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 22 2.1.3 Fundação em Radier Quando todos os pilares de uma estrutura transmitirem as cargas ao solo através de uma única sapata, tem-se o que se denomina de uma fundação em radier (Figura 10). Dadas as suas proporções, envolvendo grandes volumes de concreto armado, o radier é uma solução normalmente mais onerosa e de difícil execução em terrenos urbanos confinados, ocorrendo por isso com pouca frequência. Porém, em certas soluções de projetos, é uma alternativa interessante, e quando devidamente projetado poderá se tornar uma solução técnica e econômica interessante (Figura 11). Figura 10 - Funcionamento do Radier P1 Superestrutura Tensões no solo Reação do solo P2 3P RADIER FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 23 Figura 11 - Radier concretado O radier pode ser protendido, para diminuir a espessura do concreto ou os esforços de tração no concreto, sendo muito utilizado (Figura 12). FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 24 Figura 12 - Radier com cabos de protensão 2.2 CONTROLE DE EXECUÇÃO DE SAPATAS O controle de execução de sapatas consiste essencialmente em fazer com que as sapatas sejam apoiadas sobre o solo previsto em projeto. Também deve ser efetuada a locação correta das sapatas, devendo ser utilizado o projeto de locação de pilares, na qual conste as dimensões em planta das sapatas, como, por exemplo, nas Figura 13e Figura 14 abaixo: FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 25 Figura 13 - Locação de pilares com sapatas FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 26 Figura 14 - Detalhe locação de sapata Nas escavações, é sempre conveniente que a escavação das sapatas se inicie nas imediações de uma sondagem, para permitir a comparação “in loco” do previsto com o real. Nesta fase inicial se esclarecerá também eventual variabilidade nas características do solo de apoio, visando estabelecer níveis que permitam o escalonamento entre sapatas apoiadas em cotas diferentes. No caso de sapatas apoiadas em solo, o escalonamento será feito conforme Figura 15. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 27 Figura 15 - Sapatas escalonadas A sapata situada no nível inferior deve ser executada antes da sapata situada em nível superior. Porém deve se ter cuidado, para que a distribuição de tensões da sapata ao solo (bulbo de tensões) não fique muito próximo de talude. Deve ainda se respeitar em sapatas assentes em cotas diferentes um ângulo mínimo de 30º (rochas), 45º (solos resistentes) e 60º nos demais solos (Figura 15), para que os bulbos de tensões não interfiram um no outro, sendo este ângulo é uma medida aproximada, para uma análise inicial devendo o valor exato ser calculado em função das características do solo. Durante a escavação das sapatas deve ser dada atenção à segurança dos funcionários, para que não ocorrem desmoronamentos de taludes durante a escavação, se a mesma tiver profundidade razoável (acima de 2,00 metros pela NR-18). Se necessário devem ser tomadas medidas de contenção do solo para escavação segura (Figura 16). α FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 28 Figura 16 - Risco de queda de talude e medidas de contenção do solo Cuidado especial deve ser dado às edificações vizinhas, para que não se afetem as fundações existentes. Em caso de risco às fundações vizinhasexistentes, normalmente se executam as contenções e medidas necessárias para restabelecer as condições de segurança das fundações vizinhas antes de se iniciar as fundações da obra nova. Escavando-se as cavas de cada sapata, estas serão inspecionadas uma a uma, sendo conveniente o emprego de um “penetrômetro” (barra de aço de ø12.5mm) para testar uniformidade do solo de apoio. Atingida a profundidade prevista e no caso do terreno não atingir a resistência compatível com a exigida em projeto, a critério da fiscalização, deve se consultar o autor do projeto, a escavação pode ser aprofundada até a ocorrência de um material adequado. Na inspeção, se dará especial atenção à eventual ocorrência de poços, fossas, ou buracos de formigueiros, a exigir um tratamento adequado. Poços e fossas deverão ser limpos e preenchidos com concreto magro. Alternativamente poderão ser injetados com calda de cimento, ou uma mistura ternária adequada (solo + cimento + água). No caso de sapatas assentes em rocha, deverá ser verificada a continuidade da mesma e a sua inclinação, para evitar que a sapata “deslize” sobre a rocha (Figura 17). Parte do trabalho onde busca-se opiniões de outros autores, trabalhos já executados na mesma área, livros publicados, artigos, revistas, teses, dissertações. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 29 Todo texto apresentado, retirado integralmente ou apenas a ideia de outro autor, deve ser referenciado. Figura 17 - Preparação da rocha para receber sapatas Aprovado o solo de apoio, a sapata será limpa para receber o lastro de concreto magro (Figura 19), não sendo aceitável um lastro de pedra britada (Figura 18), pois pode ocorre fuga de nata de concreto junto às armaduras. Figura 18 - Lastro de brita, não aceitável FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 30 Figura 19 - Lastro de concreto, ideal. O lastro de concreto deve ter de 5 a 10 cm e ajuda a distribuir os esforços da sapata, além de propiciar uma qualidade na execução e deve ter uma área levemente superior à da sapata. É usual se efetuar uma forma para as laterais das sapatas, sendo que estas formas podem servir de gabarito para a colocação das esperas dos pilares (Figura 20). Figura 20 - Forma lateral em madeira, gabarito Posicionado a ferragem da sapata e do pilar (Figura 21), a sapata poderá então ser concretada (Figura 22). FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 31 Figura 21 - Sapata com esperas do pilar Figura 22 - Sapata concretada com arranque de pilar No caso de sapatas corridas (aquelas em que o comprimento é maior que a largura) os procedimentos são idênticos (Figura 23). FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 32 Figura 23 - Sapata corrida sob parede de alvenaria Da mesma forma, escava-se até o solo previsto, faz-se o lastro de concreto e posiciona-se a ferragem da sapata. Neste caso não há a ferragem de espera dos pilares (Figura 24). Figura 24 - Sapata corrida com lastro e ferragem preparada FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 33 E após faz-se a concretagem, sempre lembrando de que todo concreto deve ter a cura adequada (Figura 25). Figura 25 - Sapata corrida concretada e a cura 2.3 DIMENSIONAMENTO DE FUNDAÇÕES DIRETAS O dimensionamento geométrico de fundações diretas e seu posicionamento em planta é a primeira etapa de um projeto, a ser feito para uma tensão admissível σadm (ou também p ) previamente estimada. As dimensões das superfícies em contato com o solo não são escolhidas arbitrariamente, mas sim através de dimensionamento estrutural econômico. No caso particular de um radier para um edifício, será fundamental a participação do engenheiro estrutural, a fim de se conseguir proporções adequadas tanto sob o ponto de vista de fundação como do estrutural. 2.4 SAPATA ISOLADA Considere-se o pilar retangular da Figura 26, de dimensões l x b e carga P. A área necessária da sapata será: A = P/σadm = B . L FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 34 Figura 26 - Sapata isolada Dimensionamento: Através das duas equações podemos determinar os lados L e B A = P/σadm = B . L L – B = l – b (Fómula de Bhaskara) A região em que o pilar tem contato com a sapata chamamos de mesa. Muitas vezes, para facilitar a colocação das fôrmas para a concretagem do pilar, as dimensões da mesa são ligeiramente superiores a do pilar (por exemplo 2,5 cm). O dimensionamento econômico será aquele que conduz a momentos aproximadamente iguais nas duas abas, em relação à mesa da sapata. Para tanto, os balanços d deverão ser aproximadamente iguais nas duas direções, ou seja: B = b + 2d + 5cm; L = l + 2d + 5cm (considerando folga de 2,5 cm na mesa) Resolvendo-se simultaneamente obtêm-se as dimensões procuradas, que são normalmente arredondadas para variar de 5 em 5 cm. Exemplo: ⋅ Pilar com 110 x 25 cm ⋅ Carga P = 3800 kN 2,5 b L B 2,5 d d A = B x L 10,86 = B x (0,85 + B) 10,85 = 0,85B + B² B² + 0,85B – 10,85 = 0 B = 3,16 m ~ 3,20 m FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 35 ⋅ σadm = 350 kN/m2 Resolvendo temos: A = 3800 kN / 350 kN/m2 A = 10,86 m2 = B . L l – b = 110 – 25 = 85 cm l – b = L – B 0,85 + B = L 0,85 + B = L L = 0,85 + 3,20 L = 4,05 m OBS: No caso de pilares de edifícios, a dimensão mínima é da ordem de 80 cm. Para sapatas corridas, adota-se um mínimo de 60 cm de largura. Para residências é usual uma sapata com uma dimensão mínima de 60 cm. No caso de pilares em L, a sapata será centrada no centro de gravidade do pilar, sendo que os balanços iguais serão procurados em relação à mesa retangular do topo da sapata (Figura 27). Nesta figura são mostrados outros exemplos de sapatas para pilares não retangulares. Figura 27 - Sapatas para pilar em L. 2.5 SAPATA ASSOCIADAS Quando as cargas estruturais forem muito altas em relação à tensão admissível, poderá ocorrer o caso de não ser possível projetar-se sapatas isoladas para cada pilar, tornando necessário o emprego de uma sapata única para dois ou mais pilares ou chamada de sapata c.g c.g FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 36 associada Figura 28 e Figura 29). Neste caso a sapata será centrada no centro de cargas dos pilares, procedendo-se então à escolha das dimensões de maneira a obter um equilíbrio entre as proporções da viga de rigidez e os balanços da laje. Figura 28 - Sapata associada No caso ao lado temos: A = P1 + P2 /σadm A = B . L l. PP P x 21 2 1 + = Figura 29 - Perspectiva sapata associada A sapata associada será evitada, sempre que for possível uma solução com sapatas isoladas, mesmo a custo de se distorcer o formato lógico das sapatas (Figura 30). Via de regra, duas sapatas isoladas serão mais econômicas e mais fáceis de executar do que uma sapata FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 37 associada, porque para equilibrarmos a rigidez do conjunto, normalmente temos que fazer uma viga de rigidez ligando os dois pilares. À medida que a concentração de cargas aumenta, a liberdade de escolha do tipo e dimensões das sapatas diminui. O problema de projeto torna-se então o de se encontrar sapatas de qualquer forma, que caibam dentro da área disponível para a fundação. Sapatas associando três ou mais pilares poderão então, tornarem-se necessárias, respeitando-se sempre a coincidência do CG da sapata com o centro de cargas dos pilares envolvidos. Figura 30 - Solução para evitar sapata associada 2.6 SAPATAS DE DIVISA No caso de pilares junto aos limitesdo lote (divisa e alinhamento da rua) não é possível projetar-se uma sapata centrada, tornando-se necessário o emprego de uma viga de equilíbrio (viga alavanca) para absorver o momento gerado pela excentricidade da sapata (Figura 31, Figura 32 e Figura 33). A sapata de divisa, pilar PA, será dimensionada para a reação RA, a qual, por sua vez, não é conhecida de início, pois depende da largura da sapata. O problema é resolvido por tentativas, considerando-se a sugestão adicional de que a sapata de divisa tenha uma relação L/B em torno de 2. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 38 Figura 31 - Perspectiva sapata de divisa Figura 32 - Sapata de divisa em planta D IV IS A viga de equlíbrio B L e FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 39 Figura 33 - Sapata de divisa em corte Sequência de cálculo: Na Fig. 2.30, tomando-se momentos em relação a B (CG da sapata de centro) lPelR AA .)(. =− el l PR AA − = . Adota-se um valor para RA = R’ > PA, pois será sempre maior que 1. (Usar +10%) Para o valor de R’, adotam-se as dimensões da sapata de divisa: A = R’/σadm = B1 L1 Para o valor de B1 adotado calcula-se a excentricidade (e) a reação RA1. Se RA1 ≠ R’ adotada, refaz-se o cálculo mantendo-se a mesma largura da sapata para não alterar a excentricidade e, consequentemente, a reação RA1 Para A = RA1/σadm, B = B1 adotado L = A/B1 adotado Se os valores de B e L encontrados forem aceitáveis (L/B em torno de 2), as dimensões são aceitas. Uma vez dimensionada a sapata de divisa, procede-se ao dimensionamento da sapata interna. RA RB PA BP D IV IS A FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 40 Da figura 1.29 (e fig. 1.6 anterior), verifica-se que a viga alavanca tenderá a levantar o pilar PB, reduzindo a carga aplicada ao solo de um valor dP = RA – PA Na prática, esse alívio na carga do pilar não é adotado integralmente no dimensionamento da sapata interna, sendo comum a adoção da metade do alívio. Assim, a sapata interna será dimensionada para: 2 dP PR BB −= A redução no valor do alívio é atribuída ao fato de a alavanca não ser rígida (alavancas longas), além de as cargas de projeto incorporarem sobrecargas, que nem sempre atuam integralmente (cargas acidentais), o que causaria um alívio hipotético. No caso de obras em que a carga acidental é o principal carga atuante, deve-se calcular as sapatas para o caso de cargas atuantes totais e cargas atuantes sem consideração das cargas acidentais. No caso de a alavanca não ser ligada a um pilar interno, mas sim a um contrapeso ou um elemento trabalhando a tração (estaca ou tubulão), o alívio é aplicado integralmente, a favor da segurança. Frequentemente, pela sua própria natureza, sapatas de divisa estão associadas a escavações profundas junto a construções vizinhas. Nestes casos, pode ser preferível uma sapata mais próxima de um quadrado que uma retangular, ou seja, com L/B ≈ 2. O projeto sacrificaria a viga alavanca, na busca de uma solução mais exequível. Exemplo: ⋅ PA = 100 x 22 cm carga 1400 kN ⋅ PB = 70 x 70 cm carga 1900 kN ⋅ Distância entre eixos de pilares l = 5,50 m FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 41 ⋅ σadm = 250 kN/m2 Resolvendo temos: Sapata de divisa Adotando R’ = 1500 kN A = 1500 kN / 250 kN/m2 = 6,0 m2 Adotando B1 = 1,80 m L1 = 6,0 / 1,80 = 3,33 L – B = l – b L – B = 100 - 22 L – B = 78 cm L = 78 + B e = (1,80 / 2) – (0,22 / 2) = 0,79 m el l PR AA − = . RA1 = 1.635 kN Como RA1 ≠ R’ redimensionar, mantendo-se B, pois assim não muda “e” Novo A = 1.635 kN / 250 kN/m2 = 6,54 m2 L = 6,54 / 1,80 = 3,63 m L/B ≈ 2 (OK !) Adotar para sapata de divisa 1,80 m x 3,65 m Sapata interna dP = RA – PA = 1.635 – 1.400 = 235 kN RB = PB – dP/2 = 1.900 – 235/2 = 1.783 kN A = 1783 / 250 = 7,13 m2 L = B = 2,67 m Adotar sapata interna 2,70 m x 2,70 m 2.7 DIMENSIONAMENTO DE VIGA DE EQUILÍBRIO Obs: Disciplina de concreto armado L x B = A L x B = 6 m² (78 + B) x B = 6 m² B² + 78B – 6 = 0 L/B = 2B Área = B x L Área = B x 2B Área = 2B² B = �Á���� FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 42 Sapatas com vigas de equilíbrio quando integradas (a sapata e a viga tem a base no mesmo nível) são projetadas com base nas seguintes hipóteses (Figura 34, Figura 35 e Figura 36): 1. A viga deve ser rígida. Esta condição é satisfeita fazendo-se a viga com momento de inércia Iv de 2 a 4 vezes maior que o momento de inércia Is da sapata e altura h maior, no mínimo igual a l/5 da distância l entre pilares 2. As sapatas devem ser dimensionadas para aproximadamente a mesma pressão e devem ser evitadas grandes diferenças entre as suas larguras b, no máximo 60 cm, para reduzir o recalque diferencial. 3. A viga de equilíbrio, entre os bordos das sapatas, é apenas uma peça fletida e não deve absorver reações do solo que modifiquem as hipóteses de cálculo. Para que isto ocorra, a camada de solo subjacente ao fundo da viga deve ser afrouxada ou retirada antes de sua execução. Figura 34 - Corte sapata de divisa e (a) R1 h P1 R2 P2 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 43 Figura 35 - Planta sapata de divisa Figura 36 - Diagramas de solicitações na viga de equilíbrio Admitindo alívio teórico integral do pilar central ( R2 = P2 - P∆ ), fazendo 1 1 1 b R r = E 2 2 2 b R r = (Reações do terreno por unidade de comprimento da viga), resultam os seguintes diagramas: Diagrama de corte: 1b 01b 1a (b) 0a 1 b 2b 02 0a 2 2a (d) (c) x Momento Fletor Esforço Cortante 0 1 2 3 4 5 6 FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 44 V1 = - P1 + r1 b01 V2 = V3 = - P1 + R1 = P2 – R2 +−= 2 022 224 bb rPV −++−= 2 022 211 bb rRP −−= 2 022 25 bb rV 2 022 211 2 P bb rRP − +++−= Diagrama de momentos: 1 1 2 101 1 22 r P xcom xrb xPM máx =− −= 22 1 1 01 112 b R b bPM − −= 2 2 3 b PM ⋅∆= 2.8 HIPÓTESE DE CÁLCULO DE SAPATA COM VIGA DE TRANSIÇÃO Uma outra hipótese, bastante utilizada para resolver o problema de sapata de divisa é o uso de viga de transição. Neste caso a sapata não é de divisa, mas o pilar de divisa nasce sobre uma viga de transição (Figura 37). Esta solução é bastante interessante, principalmente porque nós podemos fazer as sapatas e a viga de transição em níveis diferentes, evitando assim uma escavação maior no local de implantação da viga. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 45 Figura 37 - Sapata de divisa com viga de transição O cálculo da viga de transição passa a ser um cálculo convencional de uma viga, como transição, aprendida na disciplina de Concreto Armado. Deve-se lembrar que esta viga deve ter uma grande rigidez, pois qualquer deformação na viga, no balanço, será imposta ao pilar e consequentemente ao restante da obra. Cuidado especial também deve ser dado as tensões tangenciais que serão grandes no balanço, onde o esforço cortante também é elemento importante no cálculo da viga. Por vezes, deve-se dimensionar a viga por verificação das tensões de cisalhamento atuantes. As sapatas são calculadas como centradas. 2.9 SAPATAS SUJEITAS A CARGA VERTICAL E MOMENTO Em muitos casos práticos, além da carga vertical, atua também um momento na fundação. Esse momento pode ser causado por cargas aplicadas excentricamente ao eixo da sapata (Figura 38 e Figura 39) por efeito de pórtico em estruturas hiperestáticas, por cargas horizontaisaplicadas à estrutura (empuxos de terra em muro de arrimo, vento, frenagem etc.). RA PA RB PB D IV IS A FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 46 Figura 38 - Sapata com carga excêntrica Figura 39 - Sapata com momento (a) e os efeitos causados (b) Na Figura 38, ilustra-se o caso de uma sapata carregada excentricamente com uma carga P. Nesse caso, as tensões aplicadas ao solo não serão uniformes, variando ao longo da base da sapata. No caso de a carga P estar dentro do núcleo central da base, as tensões aplicadas serão obtidas considerando-se a superposição dos efeitos de uma carga centrada mais um momento, conforme ilustrado na Figura 39. A tensão máxima deverá ser inferior à tensão admissível adotada para o solo. Assim temos: W M A P σ ±= onde, 6 . 2LB W = , assim podemos dizer que P M P e M P σmin σmax B L σP P M σM maxσ σmin FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 47 admW M A P σσ ≤+=max 0min >−= W M A Pσ Exemplo: Para a sapata abaixo e sendo o pilar de 20 x 80 cm, e o solo com σadm = 3,5 kgf/cm2, e sendo os esforços P = 100 tf e M = 15 tfm e o momento atuando no sentido de L (lado maior) da sapata, ache as dimensões da sapata, sendo que no momento mais solicitado as tensões entre solo e estrutura sejam menores que as admissíveis e não haja tração entre sapata e solo. Admite-se precisão no ponto máximo da tensão entre 3,4 e 3,6 kgf/cm2. Resolvendo temos: Inicialmente podemos achar a área da sapata A = P / σadm = 28.571 cm2 ou 2,85 m2 Com estes dados e mantendo o hometetismo das faces, obtemos os lados das sapatas (é óbvio que se levarmos em consideração somente a carga P inicialmente as tensões máximas não passarão, mas por fim didático assim o faremos). L - B = 80 – 20 = 60 cm = 0,6 m e L x B = 2,85 m2 Das duas equações obtemos B = 1,45 m (arredond.) L = 2,02 m L = 2,00 m Assim obtemos W = B. L2 /6 = 0,97 m3 ou 9700 cm² e calculamos as tensões máximas e mínimas. W M A P ±=σ onde achamos: σmax = 3,44 + 1,55 = 4,99 kgf/cm2 > σadm (não passou) P M FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 48 σmin = 3,44 - 1,55 = 1,89 kgf/cm2 > 0 (OK!) O passo seguinte é calcularmos novas dimensões da sapata e verificarmos novamente as tensões máximas e mínimas (o método é de tentativas). Lembrar de manter o homotetismo. 2ª tentativa Com B = 160 cm e L = 220 cm σmax = 2,84 + 1,16 = 4,00 kgf/cm2 > σadm (não passou) σmin = 2,84 - 1,16 = 1,68 kgf/cm2 > 0 (OK!) 3ª tentativa Com B = 170 cm e L = 230 cm σmax = 2,55 + 1,00 = 3,55 kgf/cm2 ≅ σadm (OK!) σmin = 2,55 - 1,00 = 1,55 kgf/cm2 > 0 (OK!) Então a sapata terá 170 x 230 cm. No caso de dupla excentricidade (Figura 40), com a carga ainda dentro do núcleo central da sapata, o momento resultante será decomposto em relação aos dois eixos da sapata e seus efeitos somados. Neste caso temos: MX= P. eY MY= P. eX 6 L.B W 2 Y = 6 B.L W 2 X = Y Y X X W M W M A P ±±=σ Esta condição de cálculo para dupla excentricidade é válida somente para pequenas excentricidades, ou seja, 100.000 Kgf + 1.500.000 kgf.cm (145x200)cm 970.000 cm³ FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 49 6 L eX ≤ e 6 B eY ≤ Figura 40 - Sapata com dupla excentricidade No caso de sapatas com simples ou dupla excentricidade, onde podem ocorrer tensões de tração entre a sapata e o solo, pela complexidade da solução de um problema de interação solo-estrutura com tensões de tração, o profissional deverá inicialmente buscar uma configuração de projeto de fundação em que não ocorra tensões de tração entre o solo e a sapata, seja através inicialmente através de vigas de equilíbrio ou através de outros mecanismos. 2.10 FUNDAÇÕES DIRETAS SUJEITAS A CARGAS ACIDENTAIS (CONDIÇÕES À PARTE) Nos itens anteriores discutiu-se o dimensionamento de fundações diretas, sem nenhuma referência à natureza do carregamento. Em inúmeros casos de interesse prático, além de carga morta (carga permanente) e de sobrecargas efetivas, atuam também esforços acidentais de pequena duração e/ou pequena ex ey B L Y XP maxσ FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 50 probabilidade de ocorrência simultânea. Nestes casos, a tensão admissível costuma ser majorada quando da verificação das tensões decorrentes da somatória das cargas acidentais. A NBR 6122/96, parágrafo 5.5.3 estipulava a este propósito: “Quando forem levadas em consideração todas as combinações possíveis entre os diversos tipos de carregamento previstos pelas normas estruturais, inclusive ação do vento, pode-se, na combinação mais desfavorável, majorar 30% os valores admissíveis das tensões no terreno, e das cargas admissíveis em estacas e tubulões. Entretanto, esses valores admissíveis não podem ser ultrapassados quando consideradas as cargas permanentes e acidentais”. Na expressão abaixo, se considerado conforme acima, σadm pode ser majorado em 30 %.: admW M A P σσ ≤+=max Exemplos de casos de sapatas sujeitas a cargas acidentais: • Painéis publicitários de grande altura e pequeno peso próprio • Caixas d’água altas e esbeltas, chaminés • Galpões industriais em estrutura metálica com fechamentos leves (pequeno peso próprio, grande efeito de vento) • Idem com pontes rolantes a gerarem mais momentos acidentais na fundação. • Pontes rodoferroviárias (esforços longitudinais e transversais de vento, frenagem, temperatura, multidão etc.) Cabe aqui também uma menção a estruturas muito particulares em que a carga viva supera a carga morta, exigindo um cuidado extremo no estudo de suas fundações. Como por exemplo dessas estruturas pode-se citar os tanques de armazenamento de combustíveis e os silos de armazenagem de grãos. No caso dos tanques, o peso próprio é desprezível diante da carga útil, a qual pode ser totalmente aplicada em questão de horas. O primeiro enchimento é na realidade uma prova de carga, sendo normalmente feito controladamente com observação dos recalques resultantes. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 51 Face à grande área carregada, as tensões aplicadas ao solo alcançam grandes profundidades, podendo causar recalques decimétricos. Da mesma forma nos solos, além de a carga poder ser aplicada rapidamente, existe também o problema de carregamentos diferenciados nas várias células que podem compor o silo. Alguns autores descrevem, por exemplo, o caso de uma bateria de silos que sofreu danos estruturais severos, apesar de os recalques medidos estarem na faixa de valores normalmente aceitáveis em outros tipos de estrutura. A Figura 41 ilustra o caso de uma bateria de 06 silos, em que as combinações de carregamentos podem ser as mais variadas possíveis, devendo ser verificado todas estas combinações, em especial se as fundações que sustentam os pilares forem em sapatas excêntricas (devido a edificações próximas, por exemplo), ligadas por vigas de equilíbrio. Figura 41 - Situação especial de cálculo, observar combinações de carregamentos e análise de recalques diferenciais SILO CHEIO SILO CHEIO SILO VAZIO SILO VAZIO SILO VAZIO SILO VAZIO FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 52 CAPÍTULO III – DIMENSIONAMENTO ESTRUTURAL DE SAPATA S 3 GENERALIDADES Um método simples e muito utilizado no dimensionamento de sapatas rígidas e flexíveis de concreto armado é o método das placas. Baseia-se no princípio de que a sapata é um elemento flexível, tal como uma laje maciça, sujeito a carregamentos, que irão produzir esforços, os quais podemos determinar (flexão que causa tração, compressão e esforços cortantes). Uma forma bem simples de se generalizareste método é invertemos uma sapata sujeita a um carregamento qualquer (Figura 42). Figura 42 - Sapata como uma placa (laje) A vantagem do método das placas, quando comparado ao método das bielas (outro método de dimensionamento de sapatas), é que pode ser utilizado quando temos carga excêntrica na sapata, ou ainda sapata com carga concentrada com momento atuante nesta sapata. Para tanto basta sabermos a distribuição de tensões no solo devido ao carregamento. Um método simplificado derivado do método das placas é o método das bielas: é aplicável aos casos em que atuam uma carga linear no eixo de uma fundação corrida ou uma carga concentrada no baricentro de uma sapata isolada e quando a sapata tem uma determinada rigidez mínima. Este método de cálculo foi concebido por M. Lebelle e comprovado através de numerosos ensaios executados pelo Bureau Securitas. V MM V FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 53 De acordo com estes ensaios, quando a altura útil da sapata é relativamente grande e as pressões são distribuídas uniformemente no solo, as transmissões da carga ao solo se faz ao longo de bielas comprimidas de concreto, ancoradas nas armaduras inferiores por aderência ou dispositivos apropriados. 3.1 PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO ESTRUTURAL DE UMA SAPATA a) Método das bielas Inicialmente admitindo uma distribuição uniforme de pressões no solo tem-se, sendo P a carga por unidade de comprimento da sapata (portanto em uma sapata corrida), conforme a figura 43 e conforme detalhe da biela de compressão indicado na figura 44, temos: dx a P dp = onde, 0 0 d x dx a P tgdPdF ⋅== α Integrando para toda a largura da sapata e levando em conta que d aa d a 0 0 −= , resulta: ( ) − == za d aaP dFF / 0 0 .8 (equação 1) FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 54 Figura 43 - Sapata como uma placa (laje) Figura 44 - Detalhe da biela de compressão A força F da equação 1 acima é a força de tração na armadura por unidade de comprimento da sapata. Este é uma simplificação para sapatas corridas, que ao ser analisada no outro sentido nos dará a força de tração na outra armadura quando numa sapata isolada. Numa sapata corrida, se analisarmos no outro sentido teremos uma força aplicada por metro. Porém se define que a armadura de distribuição não deve ser menor que ¼ da seção da armadura principal. dR dP x dF 0 P 0 dx a d a α α ds Z h d cos ds=z/d dx0 dR α S α z FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 55 De acordo com ensaios realizados, a altura útil da sapata, para aplicação deste procedimento, deve ser 4 0aad − ≥ . Quanto à aderência das armaduras, deve-se tecer as seguintes considerações: Os esforços elementares dF são transmitidos às barras por meio da aderência. Este esforço, por unidade de comprimento, é igual a dx dF . Ele é nulo no eixo e máximo nas extremidades onde vale ( ) ad aaP d P G 22 0 0 − == Haverá mais segurança ao escorregamento das armaduras, ou quanto a aderência se bd s f b f G f ≤= µ γ , com os seguintes significados: bf = Tensão de escorregamento na armadura fγ = Coeficiente de majoração das solicitações sµ = πφn = perímetro da armadura por unidade de comprimento de sapata ( n é o número de barras por unidade de comprimento de sapata e φ o seu diâmetro) bdf = Tensão de aderência de cálculo, sendo: ctdbd ff ... 321 ηηη= (Conforme 9.3.2.1 da NBR 6118/2003) Observação buτ (NBR 6118/80) é atualmentebdf (NBR 6118/03) FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 56 Na prática é mais fácil verificar se a armadura escolhida apresenta segurança quanto a aderência, comparando o seu perímetro sµ com mínsµ dado pela expressão bd f míns f Gγ µ = Dever-se-á ter ≥sµ mínsµ Ganchos nas extremidades das barras devem ser utilizados. b) Método das placas O procedimento para cálculo e detalhamento estrutural de sapatas isoladas, baseia-se primordialmente em princípios contidos nas recomendações do CEB, divulgadas em seus códigos modelos e em seus boletins de informação. Os métodos de cálculo e de dimensionamento são aplicáveis às sapatas apresentando as características geométricas definidas pela (Figura 45) e altura “d” indicada abaixo: FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 57 Figura 45 - Sapata como uma placa (laje) A altura da sapata pode ser linearmente decrescente desde a face do pilar ou parede até sua extremidade livre, desde que a segurança ao corte não seja prejudicada em qualquer seção e o recobrimento nas zonas de ancoragem das armaduras seja suficiente. A altura útil “d” da sapata deve ser: 4 oaad − ≥ Se o comprimento l é inferior, em todas as direções, à metade da altura h admite-se que se trata de um bloco de fundação e as recomendações deste capítulo não serão aplicáveis, sendo visto mais adiante. Também a altura das sapatas deve ser verificada de modo que a carga P aplicada não provoque puncionamento da mesma. Segundo Caquot, para que se tenha segurança ao puncionamento deve-se ter: aa hh dd o h d a ao ll l l Cobrimento mínimo 5 cm FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 58 cd f f P d 85,0 44,1 γ ≥ Onde: γf = coeficiente de majoração das cargas = 1,4 fcd = tensão de cálculo do concreto ao puncionamento = 4,1 ck cd ff = A altura total da sapata deve ser verificada ainda à ancoragem das armaduras dos pilares, conforme estabelece a NBR 6118/2014. Resistência característica do concreto (fck em MPa) Comprimento de ancoragem 15 20 25 30 Sem gancho lb = ø.fyd/(4fbd) 53 ø 44ø 38ø 34ø Com gancho lb,nec = α . Lb = 0,7lb 37ø 31ø 26ø 24ø Admite-se ainda que a distribuição de tensões devidas à reação do solo é linear (Figura 46). Figura 46 - Distribuição linear das tensões no solo Se o sistema de forças exteriores aplicado à sapata não puder ser equilibrado sem o aparecimento de tensões de tração sobre a superfície de apoio, admitir-se-á a distribuição de tensões representada na Figura 47. FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 59 Figura 47 - Distribuição linear das tensões no solo com tensões de tração entre solo e sapata Admite-se, ainda, que o equilíbrio das ações horizontais que solicitam eventualmente a sapata, é assegurado unicamente pelas forças de atrito desenvolvidas entre a superfície de apoio da sapata e do solo. Obs: Caso os esforços horizontais possam ser significativos, recorre- se a execução de um dente na sapata (Figura 48) para auxiliar nas forças de atrito, porém é recomendável verificar como ficará a nova distribuição de tensões no solo Não é admitido que as forças de atrito possam reduzir a força de tração na armadura principal da sapata. Figura 48 - Dente inferior na sapata para combate a esforços horizontais DENTE INFERIOR FUNDAÇÕES I Prof. MSc. Eng. Claiton Mesacasa 60 3.2 DETERMINAÇÃO DAS DIMENSÕES E FORMA DA SAPATA As formas típicas de seção de sapatas são as representadas na Figura 49. As suas dimensões em planta são calculadas conforme explicado anteriormente, no capítulo II – item 2.3, de maneira que a tensão máxima no terreno seja inferior à admissível. As sapatas de espessura constante são mais simples de construir, mas conduzem a um maior consumo de concreto. Nas sapatas piramidais, a espessura h0 do bordo deve ser: cm h h 20 30 ≥≥ Figura 49 - Forma típica de sapatas O ângulo 'β que forma os parâmetros superiores da sapata com o plano horizontal deve ser o30'≤β que corresponde, aproximadamente, ao ângulo de talude natural do concreto fresco. Com esta limitação, não é necessário emprego de
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