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CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Eugenio

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(
INSTITUTO SUPERIOR DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
)
CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
___________________________
	______________________	
Trabalho de Conclusão de Licenciatura 
Contributo da Intervenção do Estado Sobre as Empresas Públicas na Melhoria da Prestação dos Serviços Públicos ao Cidadão: Caso da EDM-EP (2012-2016)
O Candidato O Supervisor 
Eugénio Carlos Matlava José Ricardo Manhiça(MAPP)
Maputo, Junho de 2017
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Eu, Eugénio Carlos Matlava, declaro, por minha honra, que o presente trabalho é da minha autoria, e que nunca foi anteriormente apresentado para efeitos de avaliação em nenhuma Instituição de Ensino Superior, Nacional ou de outro País.
 Maputo, Junho de 2017
 _______________________________________________
 (Eugénio Carlos Matlava)
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DO SUPERVISOR
“Contributo da Intervenção do Estado Sobre as Empresas Públicas na Melhoria da Prestação dos Serviços Públicos ao Cidadão: Caso da EDM-EP (2012-2016)”
Trabalho a ser submetido ao Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) como cumprimento parcial dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública.
O candidato
___________________________________________________
(Eugénio Carlos Matlava)
O supervisor
___________________________________________________
(José Ricardo Manhiça, M. A.P.P)
ii
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE AUTORIA	i
TERMO DE RESPONSABILIZAÇÃO DO CANDIDATO E DO SUPERVISOR	ii
AGRADECIMENTOS	iii
DEDICATÓRIA	iv
EPÍGRAFE	v
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS	vi
LISTA DE GRÁFICOS	vii
SUMÁRIO EXECUTIVO	viii
CAPÍTULO 1	1
INTRODUÇÃO	1
1.1.	Delimitação espácio-temporal	2
1.2.	Justificativa	3
1.3.	Contextualização	3
1.4.	Problematização	4
1.5.	Objectivos do Estudo	6
1.5.1.	Objectivo Geral	6
1.5.2.	Objectivos Específicos	6
1.6.	Questões de Pesquisa	6
1.7.	Hipóteses	6
1.8.	Metodologia do Trabalho	7
1.8.1.	Métodos de Abordagem	7
1.8.2. Métodos de Procedimento	8
1.8.3. Quanto à natureza	8
1.8.4. Quanto à forma de abordagem	9
1.8.2.	Técnicas de recolha de dados	9
1.9. População e Amostra	10
ESTRUTURA DO TRABALHO	12
CAPÍTULO 2	13
ENQUADRAMENTO TEÓRICO E DEBATE CONCEPTUAL	13
2.1.	Enquadramento Teórico	13
2.1.1.	Abordagem Keynesiana	13
2.2.	Debate Conceptual	15
2.2.1.	Empresa Pública	15
2.2.2.	Serviços Públicos	15
2.2.3.	Estado	16
2.2.4.	Intervenção do Estado	17
CAPÍTULO 3	19
CONTRIBUTO DA INTERVENÇÃO DO ESTADO SOBRE AS EMPRESAS PÚBLICAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS AO CIDADÃO	19
3.1. Pressupostos Básicos da intervenção do Estado na Economia	19
3.1. Tipologias de Intervenção	21
3.1.1. Intervenção Directa	22
3.2 Empresas Públicas Vs Intervenções directas	23
3.2.1. Razões da Criação das Empresas Públicas	24
3.2.2. Espécies de Empresas Públicas	24
3.2.3.Percurso Histórico Empresas Públicas moçambicanas	25
3.3. Relação entre o Estado e as Empresas Públicas	27
3.3.1. Formas de Controlo das Empresas Públicas	28
3.3.2. Autonomia e Personalidade Jurídica das Empresas Públicas	31
3.3.3. Empresas Públicas Fornecedoras de Serviços Públicos	33
CAPÍTULO 4	37
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DE CAMPO	37
4.1. Caracterização da empresa EDM-EP	37
4.2. Formas e pressupostos da intervenção do Estado na EDM-EP	39
4.3. Relação entre o Estado e a Empresa EDM	43
4.4. Contributo da Intervenção do Estado Sobre a E.D.M na melhoria Prestação de Serviços Públicos de Qualidade ao Cidadão	44
CONCLUSÃO	48
RECOMENDAÇÕES	49
 REFERÊNCIAS	50
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar a Deus Senhor de eternidade em eternidade, pela graça da vida que justifica a minha existência, por me mostrar por meio do Espírito Santo que aquele que anda nos caminhos do Senhor e deles nunca se desvia, na verdade é muito mais que vencedor. A ele sou grato eternamente, por todas as minhas realizações até aqui conseguidas. EBENEZER[footnoteRef:1]. [1: Até aqui me ajudou o Senhor.] 
Agradeço a minha família, particularmente o meu pai Carlos Eugénio Matlava, por não ter poupado nem uma gota do seu esforço, para que eu me tornasse o que sou hoje, e minha mãe Violeta Vasco Muianga, por me ter dado o apoio que nenhum dinheiro compraria, amor de mãe incondicional, apesar de todo sofrimento. Nunca me esquecerei. Aos meus queridos irmãos, Charles Albertino Matlava, Winasse Amália e a pequena Violeta Carlos Matlava (Vivi), que influenciam grandemente o meu mundo académico.
Agradeço também a todo ISRI[footnoteRef:2], especialmente ao corpo docente de Licenciatura em Administração Pública, pelo acompanhamento académico pelo qual me sinto hoje como um novo homem, de espírito aberto ao conhecimento académico. Reconheço o grande valor dos quatro anos colhendo conhecimentos teóricos que abrem espaço para novos horizontes no mundo académico. [2: Instituto Superior de Relações Internacionais e Diplomacia] 
Agradeço em Especial ao Dr. José Ricardo Manhice, que pela sua paciência, disponibilizou seu tempo para supervisionar a elaboração do presente trabalho, endereço o meu muito obrigado.
Aos meus colegas do ISRI, especialmente os do segundo grupo, Joaquim Mairosse Samacais, Jaime Celestino Xavier. Aos colegas Marta Celícia Lumbela, bem como colegas da UEM[footnoteRef:3], Hilário, Yuze Vitória Nhanala, Etelvina, e a Turma do DMI da faculdade de ciências. [3: Universidade Eduardo Mondlane] 
Os meus agradecimentos são extensivos a todos que de forma directa e/ou indirecta auxiliaram me ao longo desta caminhada rumo a licenciatura.
Obrigado a todos por tudo! 
DEDICATÓRIA
 Aos meus pais:
 (Carlos Eugénio Matlava e Violeta Vasco Muianga)
 Obrigado por existirem, por apoiarem me e investirem na minha formação. 
EPÍGRAFE
“Se você encontrar um caminho sem obstáculos, ele provavelmente não leva a lugar algum.”
(Frank Clark)
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
EP - Empresas Públicas
EDM – Electricidade de Moçambique
FRELIMO – Frente de Libertação de Moçambique
RENAMO – Resistência Nacional de Moçambique
EE’s – Empresas Estatais
TEP – Teoria da Escolha Pública
HCB – Hidroeléctrica de Cahora Bassa
CIP – Centro de Integridade Pública
SADC – Comunidade Para desenvolvimento da África Austral
ESCOM – Electricity suply corporation of Malawi Limited
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 ……………………………………………………………………………………38
Gráfico 2 …………………………………………………………………………………….45
SUMÁRIO EXECUTIVO
A intervenção do Estado é um tema muito importante e levanta debates, pois trata-se de um fenómeno que fortifica o papel do Estado quando se trate de actividades económicas. Facto é que o Estado actua em prol da satisfação das necessidades dos cidadãos, e neste sentido deve desencadear as acções tendentes a prosseguir o seu objecto. Por meio das Empresas públicas o Estado procura consolidar as suas políticas, sendo que considerando esta questão o Estado aprovou a Lei no 6/2012 de 8 de Setembro e o seu respectivo regulamento, o Decreto no 84/2013 de 31 de Dezembro. Assim, o presente trabalho está subordinado ao tema “Contributo da Intervenção do Estado Sobre as Empresas Públicas na Prestação de Serviços Públicos ao Cidadão. Caso da EDM-EP 2012-2017 ”. Com este tema mostrou-se as formas pelas quais o Estado intervém sobre as Empresas Públicas, a relação existente entre o Estado e as Empresas públicas, bem como uma avaliação do contributo do Estado sobre as Empresas Públicas na provisão de serviços Prestados pela EDM-EP. A teoria Keynesiana serviu de suporte para explicar a importância que o Estado tem no que tange a prossecução das actividades das EmpresasPúblicas particularmente a EDM-EP. A partir do Estudo feito, pode-se afirmar que a intervenção do Estado sobre as empresas públicas, particularmente na EDM-EP, contribui para a melhoria na prestação de serviços Públicos, visto que assegura a prestação de serviços públicos através do acompanhamento que faz desta empresa.
Palavras-chave: Intervenção do Estado, Empresas Públicas, Serviços Públicos, Estado.
iii
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A provisão de serviços ao cidadão assumida como tarefa do Estado, tem sido um desafio e responsabilidade de grande importância visto que desta resulta a satisfação dos utentes a quem o Estado tem de prover os serviços. O Estado por sua vez pelo processo de descentralização coloca a provisão de serviços públicos a cargo de pessoas colectivas públicas com personalidade jurídica por forma a reduzir o grande volume de actividades que tem a seu cargo. Mas quando estas actividades pela sua natureza assumem carácter económico o Estado garante que actuem de modo eficiente, flexível e eficaz utilizando-se de recursos que na esfera da Administração pública não seria possível ter-se tal eficiência, eficácia e flexibilidade. Tal facto sucede nas Empresas Públicas que são objecto de análise no presente trabalho, que na forma de pessoa colectiva de direito público e fazendo uso de regras de direito privado encontra meios necessários para prosseguir o fiz para o qual foram criadas, apesar de estarem sujeitas ao controlo estatal.
As Empresas Públicas são criadas pelo Estado e para prosseguir interesses impostos pelo próprio Estado, visto que apesar daquelas mantiverem a sua personalidade jurídica e autonomia não são independentes e por isso têm de conformar a sua actuação aos objectivos traçados pelo Governo (Amaral, 2006:149). Por outro lado o controlo estatal a que se sujeitam as Empresas públicas demonstram a preocupação do Estado pelo seu funcionamento e representa uma característica muito importante do Estado intervencionista preconizado pelo Keynesianismo como forma de garantir o bem esta económico e social (Moncada,1988). 
Em Moçambique As Empresas Públicas actuam de modo a prosseguir a política económica nacional traçada pelo Governo de Moçambique. O desafio das empresas é garantir que do seu funcionamento resulte a prossecução do interesse público, ou seja cidadãos satisfeitos com a sua actuação. Dentre as Empresas Públicas salientam-se as que prestam serviços públicos que são essenciais, exigindo destas medidas eficientes e eficazes. O desafio deve-se ao facto de as Empresas não estarem em condições de fazer face às exigências actuais, ou então perderem de vista o objecto para o qual foram criadas, abrindo assim espaço para uma rápida intervenção por parte do Estado no sentido de corrigir o seu modo de actuação.
É nesta esfera que o presente trabalho tornou-se subordinado ao tema: “Contributo da Intervenção do Estado Sobre as Empresas Públicas na melhoria daprestação de Serviços Públicos ao cidadão.”. Como local para o estudo de caso, foi definida a Empresa Electricidade de Moçambique-EP e foi considerado o período de 2012 a 2016. Neste trabalho espera-se trazer contributos para constante melhoria do funcionamento das Empresas Públicas, bem como a satisfação e melhoramento da qualidade de vida dos utentes dos serviços públicos prestados pelas Empresas Públicas. Não obstante, este trabalho insere-se no cumprimento dos requisitos para a obtenção do grau de Licenciatura em Administração Pública no Instituto Superior de Relações Internacionais. 
1.1. Delimitação espácio-temporal
O presente trabalho de Pesquisa foi realizado tendo em conta Empresa Electricidade de Moçambique (E.D.M-EP), tendo em conta o período compreendido entre 2012 e 2014.
A Escolha da Empresa EDM deveu-se ao facto de esta empresa estar a desempenhar uma função muito importante no que concerne a distribuição da energia eléctrica, sendo este um serviço Público importante visto que muitas das actividades desenvolvidas no nosso país, por vários sectores de actividade bem como pela população em geral, necessitam indubitavelmente dos serviços prestados pela EDM-EP. 
A escolha do período de 2012 a 2016, é motivado pelo facto de ter sido neste período que o Governo aprovou uma legislação relativa ao sector empresarial do Estado, com enfoque para a Lei no 6/2012, de 8 de Fevereiro, que aprova o regime jurídico das Empresas Públicas (BR, 2012), que entrou em vigor posteriormente a sua aprovação. É neste período que o Estado procura, fortificar o seu papel na economia através da reformulação do seu relacionamento com o sector empresarial, no sentido de garantir a prossecução dos objectivos colocados na sua responsabilidade. O Estado precisa garantir que as actividades ligadas a provisão de energia eléctrica sejam o mais eficientes possível, para a satisfação dos cidadãos como parte dos beneficiários.
1.2. Justificativa
A escolha do tema deveu-se ao facto de os serviços Públicos, principalmente os prestados pelas EP’s suscitarem conflitos, Funcionarem de forma deficiente provocando desse modo descontentamento por parte dos cidadãos. Deste modo se a provisão de Serviços Públicos afigura-se como tarefa do Estado e por sua vez o Estado fá-lo por meio das EP’s, torna-se fundamental perceber o que o Estado tem feito de modo a garantir que estes serviços operem de modo a satisfazer o Cidadão. E esta questão está ligada aos poderes de intervenção do Estado na Economia visto que é uma actividade tipicamente económica e desenvolvida nos moldes das regras da economia de mercado, e ao Estado caber o papel de garantir o seu bom funcionamento.
Sob o ponto de vista académico, a elaboração deste trabalho torna-se fundamental visto que este tema tem sido pouco discutido particularmente pelos Estudantes do Instituto Superior de Relações Internacionais, sendo que poderá trazer subsídios de elevada significância para todos os que estiverem interessados em desenvolver trabalhos académicos nesta área, e aprimorar conhecimentos. 
1.3. Contextualização
A actuação do Estado no âmbito sócio-económico, levou ao surgimento de várias concepções, no que concerne a definição do papel do Estado principalmente no domínio económico. De tal facto, resultaram concepções liberais que defendiam um Estado abstencionista no sentido de salvaguardar o desenvolvimento da liberdade individual, (Moncada 1988: 23). Neste sentido, o Estado deveria limitar-se às actividades que não fossem de âmbito económico.
Com o decorrer do tempo, alteraram-se as características do Estado liberal, na medida em que o papel do Estado alargou-se com destaque para a economia e a sua actividade que assumiu funcionalidades próprias diferentes das dos indivíduos, pelo que a actividade económica deixou de ser mais um sector de actividade privada e passou a integrar-se nos poderes públicos, (Ibdem).
Estes fenómenos retractam a questão do intervencionismo do Estado no domínio económico, que é um fenómeno historicamente permanente, tendo assumido diversas formas consoante o menor ou maior grau em que o Estado se fez presente na economia, (Moncada, 1988).
Autores como waty (2011), defendem que o intervencionismo do Estado na economia não é necessariamente resultado da concepção negativa do funcionamento do mercado, ma sim por imperativos de justiça distributiva ou mesmo social numa tentativa de controlo e conformação dos resultados do mercado. Essa colocação é essencial para a compreensão da actual intervenção do Estado na Economia.
Actualmente o Estado tem assumido funções e responsabilidades, sendo que algumas delas são resultado do seu intervencionismo no domínio económico, e que tem como finalidade a promoção do bem-estar comum que são resultado da globalização, progressos na tecnologia e na informação e a emergência da sociedade civil organizada. Como consequência, surge um novo papel do Estado que passa de produtor directo de bens e serviços para regulador do desenvolvimento sócio-económico, (Amaral, 2006). Assim, a medida que o Estado foi assumindo a responsabilidade por diversasactividades foi constatando que não dispunha de organização adequada à realização dessas actividades.
É nesse panorama de intervencionismo económico que surgem as Empresas Públicas, como entidades distintas da pessoa colectiva do Estado, para prosseguir fins que são na verdade fins do próprio Estado, como forma de descentralizar funções em organismos que, embora mantendo-se-lhes ligados e com ele colaborando na realização das atribuições recebem um série de prerrogativas que os erigem a entidades autónoma, (Idem).
Deste modo, o tema de pesquisa enquadra-se no contexto da reformulação do relacionamento entre o Estado e as Empresas Públicas, que se consubstancia com a aprovação da lei no. 6/2012 de 8 de Setembro que aprova o regime jurídico das Empresas Públicas. Neste contexto o Estado procura ter um papel mais activo, dado que tem a seu cargo a satisfação das necessidades colectivas particularmente a provisão de serviços públicos tal como electricidade. Assim, o presente trabalho de pesquisa procura compreender como é que a intervenção do Estado nas EP’s pode contribuir para a melhoria da prestação de serviços públicos para o cidadão tomando como caso particular a empresa EDM-EP no que concerne a prestação de serviços de Fornecimento da energia eléctrica.
1.4. Problematização
O papel jurídico do Estado alargou-se a todas as esferas de actividade, com destaque para a economia e a sua actividade assumiu finalidades próprias, distintas das dos indivíduos, (Moncada 1988: 15).
A actividade económica deixou de ser mais um sector indiferenciado da actividade privada para passar a ser um objecto específico da actividade conformadora dos poderes públicos. Deste modo o Estado actual surge-nos como um agente de realizações que se reportam principalmente ao domínio da economia, na qualidade de responsável principal pela condução e operabilidade das forças económicas, enquanto verdadeira alavanca da sociedade actual, (idem). Assim, o sector público deixa de ser mais um sector distanciado de actividades económicas e do mesmo modo o sector privado deixa de estar exclusivamente ligada à actividades económicas, tornando-se assim ambos sectores interdependentes entre si.
O Estado assume com frequência formas de actividades organizadas em ordem à produção e distribuição de bens e serviços para o mercado e submetidas muitas vezes à concorrência das empresas privadas, (idem).
Com intervenção do Estado na economia, este assume dois tipos, nomeadamente, o Estado como produtor de bens ou de serviços, no qual o Estado afigura-se como Empresário e o Estado como regulador em que ao Estado cabe regular, as actividades de terceiros, (Waty, 2011: 200).
O Sector Empresarial do Estado, ou seja, onde o Estado se afigura como Empresário exerce uma função importante na economia moçambicana. O Estado, por ausência de vocação empresarial, decidiu criar e atribuir a entidades com personalidade jurídica própria, o exercício de diversas actividades, (Timbane, 2013:01). 
Deste modo para garantir que as E.P’s operem tendo em conta a prossecução do interesse público, o Estado intervém com capitais públicos e regulamentando o modo de funcionamento destas. Mas também as empresas na prossecução do lucro necessitam de certa autonomia, no processo de gestão das E.P’s e consequente prossecução do lucro. Desse modo, o maior ou menor grau de intervencionismo do Estado nas E.P’s é que poderá determinar o sucesso e alcance dos resultados almejados.
Por outro lado o Estado tem a tarefa de garantir que o cidadão tenha acesso aos serviços Públicos de qualidade que não sendo gratuitos tem de estar a preços que sejam acessíveis, que são factores que podem determinar a satisfação do cidadão pelos serviços providos. 
De que forma a intervenção do Estado sobre as Empresas Públicas contribui para a melhoria da Prestação de Serviços Públicos ao Cidadão?
1.5. Objectivos do Estudo
1.5.1. Objectivo Geral
· Analisar o contributo da Intervenção do Estado Sobre as Empresas Públicas na melhoria da prestação de serviços Públicos ao Cidadão.
1.5.2. Objectivos Específicos
· Identificar as Formas e os pressupostos básicos da intervenção Económica do Estado na EDM-EP;
· Descrever a relação existente entre a intervenção do Estado e a prestação de serviços Públicos por parte da EDM-EP;
· Avaliar o Contributo da Intervenção do Estado Sobre a E.D.M na melhoria Prestação de Serviços Públicos ao Cidadão.
1.6. Questões de Pesquisa
· Quais são as formas e pressupostos básicos da intervenção económica do Estado na EDM-EP?
· Qual é a relação Existente entre a intervenção do Estado e a prestação de serviços Públicos?
· Qual é o Contributo da Intervenção Económica do Estado sobre a E.D.M na melhoria da prestação de Serviços Públicos ao cidadão?
1.7. Hipóteses
H1: A intervenção do Estado sobre as EP´s contribui sobretudo na melhoria dos serviços públicos prestados pela EDM-EP, na medida em que permite que a prossecução do lucro por parte desta empresa não se sobreponha aos interesses dos cidadãos.
H2: O Estado tem contribuído muito pouco na EDM-EP, pela sua intervenção estando tal facto associado a falta de Recursos que possibilitem a sua consolidação como Estado Empresário.
H3: A intervenção do Estado sobre as EDM afecta negativamente a eficiência e eficácia desta, principalmente pelas políticas e orientações Governamentais que inibem o seu crescimento.
1.8. Metodologia do Trabalho
Para a realização da Pesquisa serão aplicados alguns métodos e certas técnicas de modo a permitir a fiabilidade dos resultados e a legitimidade do próprio trabalho.
Segundo Galliano[footnoteRef:4] (1979:06) citado por kauark et al (2010: 66), afirma que método é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um determinado fim. Desse modo entende-se que método é o conjunto de processos racionais e sistemáticos, ordenadamente dispostas e que permitem alcançar resultados com segurança e economia. [4: Galiano Guilherme (1979:06),O Método Científico. Teoria e Prática. Editora Harba. Porto Alegre. ] 
1.8.1. Métodos de Abordagem
· Método hipotético-dedutivo 
Segundo Lakatos e Marconi (1992: 65) o método hipotético-dedutivo Consiste […] na construção de conjecturas, que devem ser submetidas a testes, os mais diversos possíveis, à critica intersubjectiva, ao controle mútuo pela discussão critica, à publicidade critica e ao confronto com os factos, para ver quais as hipóteses que sobrevivem como mais aptas na luta pela vida, resistindo, portanto, às tentativas de refutação e falseamento […] este método foi útil para o estudo na medida em que, permitiu o levantamento de hipóteses que foram analisadas e enquadradas no estudo na tentativa de refuta-las ou valida-las. 
1.8.2. Métodos de Procedimento
· Método Histórico – Lakatos e Marconi (1992: 81), defendem que o método histórico consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade de hoje. Sendo que o fenómeno da intervenção do Estado, assumiu ao longo do tempo várias formas, tanto qualitativa como quantitativamente, relativamente as formas de intervenção que são manifestas actualmente. Desse modo com este método foi possível compreender como é surgem as actuais formas de intervenção do Estado na Economia, particularmente nas E.P’s.
· Método Estatístico, segundo a perspectiva de Lakatos e Marconi (1992: 83) o método estatístico […] Consiste na redução de fenómenos sociológicos, políticos, económicos a termos quantitativos e a manipulação estatística que permite comprovar as relações dos fenómenos entre si, e obter generalizações sobre sua natureza, ocorrência ou significado [...]. Os procedimentos estatísticos fornecem considerável reforço as conclusões obtidas, sobretudo mediante a experimentação e a observação (Gil, 2008: 17).
Deste modo para o presente trabalho o método estatístico consistiu na quantificação do fenómenos da disponibilização de energia eléctrica no sentido de se perceber o seu nívelde eficiência e o seu impacto na vida dos cidadãos.
· Método Monográfico, o método monográfico segundo Lakatos e Marconi (1992: 83), consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com a finalidade de obter generalizações. Desse modo, o caso da EDM-EP sendo representativo das empresas Públicas permitiu fazer generalizações relativamente ao contributo da intervenção económica do Estado sobre as Empresas Públicas na Provisão de Serviços Públicos.
1.8.3. Quanto à natureza 
Pesquisa Aplicada: Objectiva gerar conhecimentos para a aplicação prática e dirigidos à solução de problemas específicos, (Silva &Meneses , 2001: 20). Tomando em consideração este tipo de pesquisa, foi possível a produção de novos conhecimentos que serviram de base para a elaboração das recomendações, para a solução dos problemas atinentes a intervenção do Estado nas Empresas Públicas. 
1.8.4. Quanto à forma de abordagem
Pesquisa Quantitativa: na medida em que se procura quantificar as opiniões dos cidadãos envolvidos na pesquisa por meio de técnicas estatísticas de modo a facilitar o processo e análise dos dados colhidos (Silva & Meneses, 2001:21). De salientar que os cidadãos para esta pesquisa, foram os seleccionados segundo os critérios de definição da população e amostras, cujas opiniões possibilitaram perceber o nível de satisfação e as dificuldades por eles enfrentadas.
Pesquisa Qualitativa: que surge, pela necessidade de interpretação de fenómenos e atribuição de significados a dados que não podem ser quantificados, pois bastará a simples interacção entre o sujeito e o objecto (Ibdem). Para este tipo de pesquisa, perceber a questão da intervenção do Estado sobre as Empresas Públicas foi possível por meio da colecta de informações de pessoas inteiradas no assunto.
1.8.5. Quanto aos objectivos
Pesquisa Exploratória: Visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vista a torna-lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, análise de exemplos que estimulem a compreensão, e assume em geral as formas de pesquisas bibliográficas e Estudos de caso (Silva &Meneses, 2001: 21). Baseando-se na Pesquisa Exploratória, fez-se um levantamento bibliográfico, bem como um estudo de caso onde se efectuou entrevistas com pessoas familiarizadas com o problema, no sentido de perceber a questão da intervenção do Estado sobre as Empresas Públicas na provisão de serviços Públicos de qualidade.
1.8.2. Técnicas de recolha de dados
· Técnica documental: Segundo Lakatos & Marconi (2009: 43), a técnica documental, sendo o conjunto de documentos de fonte primária que englobam todos os materiais, ainda não elaborados, escritos ou não, que podem servir como fonte de informação para a pesquisa científica. Para a pesquisa desencadeada , este método foi útil na medida em que possibilitou a utilização de vários documentos não tratados como é o Caso da LEP, alguns excertos dos jornais, informações das páginas da internet etc.
· Técnica Bibliográfica: Segundo Lakatos & Marconi (2009: 44), refere-se ao levantamento de toda a bibliografia já publicada, com a finalidade de colocar o pesquisador em contacto directo com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto. Para a presente pesquisa, está técnica possibilitou a utilização de diversa literatura constituída de livros de autores que abordam sobre a intervenção do Estado na Economia, e particularmente nas E.P’s.
· Entrevista Segundo Gil (2008: 109), a entrevista é a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interacção social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca colectar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. Para a presente pesquisa esta técnica consistiu na interação com os diferentes funcionários que fazem parte da EDM-EP sobre diversos aspectos relacionados a intervenção do Estado na referida instituição.
· Questionário, É a técnica de investigação composta por um conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações, temores, comportamento presente ou passado (Gil, 2008: 121). A escolha do questionário como técnica de recolha de dados permitiu suportar as deficiências que surgiram durante a entrevista. A técnica do questionário foi bastante útil para aferir os reais contornos da questão do fornecimento de energia sobretudo as restrições que se registam, durante o processo de fornecimento.
1.9. População e Amostra
A População é também considerada como o universo da pesquisa, que corresponde a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. E, a parte da população seleccionada de acordo com o plano do estudo designa-se por Amostra que pode ser probabilística e não-probabilística (Silva & Meneses, 2001:32).
Para a recolha de dados no presente trabalho recorreu- se a técnica de amostragem casual, que é um tipo de amostragem não probabilística em que os entrevistados e inqueridos são acidentalmente escolhidos, no intuito de colher opinião acerca de determinado assunto.
Neste trabalho a população-alvo são os funcionários da EDM-EP, e os usuários dos serviços prestados pela referida instituição[footnoteRef:5]. Foi seleccionada uma amostra[footnoteRef:6] de 30 pessoas, através da técnica de amostragem por acessibilidade, que enfatiza-se a qualidade da informação obtida, e dá mais liberdade ao pesquisador de escolher a melhor forma de realizar a recolha de dados. [5: Moçambique tem uma população de 26.423.623. A província de Maputo tem uma população de 1.191.613, sendo que uma boa parcela da população ainda não tem acesso aos serviços da EDM (INE, 2016). www.ine.gov.mz. Consultado no dia 08 de Junho de 2017.] [6: Amostra é um subconjunto da população usado para obter informação acerca do todo, e se impõe que seja representativa (Ribeiro: 2012)] 
Neste sentido, foram entrevistados dois (2) funcionários da EDM-EP, dentre os quais um é chefe do departamento comercial e o outro é chefe do departamento da área de economia e finanças, escolhidos através da técnica de amostragem intencional. Foram inquiridos 28 utentes dos serviços das EDM-EP, residentes nos diferentes bairros da cidade e província de Maputo. 
ESTRUTURA DO TRABALHO
O presente trabalho está organizado em quatro Capítulos, sendo que, os mesmos estruturam-se da seguinte forma:
O primeiro Capítulo trata das questões introdutórias do trabalho, incluindo os aspectos ligados a delimitação do trabalho, contexto, justificativa, problematização, objectivos, questões de pesquisa e hipóteses.
O segundo Capítulo é referente ao quadro conceptual e teórico, onde apresentam-se os conceitos fundamentais para o tema em análise e consequentemente a teoria que serve de alicerce para o trabalho.
O terceiro Capítulo destina-se a Revisão da Literatura, que é a parte do trabalho em que procede-se o levantamento do posicionamento de alguns autores relativamente a questão do contributo da intervenção do Estado sobre as Empresas Públicas na Provisão de Serviços Públicos aos cidadãos.
O quarto Capítulo é último do trabalho e é direccionado a análise e interpretação de dados colhidos no terreno relativamente a ocupação de terra e atribuição de DUAT. Posteriormente a apresentação do quarto Capítulo segue-se a conclusão do trabalho e a apresentação das recomendações. Ou seja, a apresentação das principais ilações tiradas aquando da pesquisa de campo e a apresentação de soluções para contornar os problemas encontrados no terreno. 
CAPÍTULO 2
ENQUADRAMENTO TEÓRICO E DEBATE CONCEPTUAL
Nesse capítulo o trabalho consiste na apresentação de conceitos acerca do tema em discussão no sentidode facilitar a compreensão do objecto a ser estudado. E para sustentar o trabalho, é apresentada a teoria que permite explicar os fenómenos relacionados com o objecto a ser abordado no trabalho.
2.1. Enquadramento Teórico
2.1.1. Abordagem Keynesiana
A abordagem Keynesiana emergiu no século XX na obra de John Mayanard Keynes (1936)[footnoteRef:7] Intitulada The general Theory of Employment Interest and Money, por meio da qual Keynes (1936), veio a ser o precursor da teoria. A abordagem Keynesiana rejeita os postulados liberais que defendem uma abstinência do Estado nas questões económicas[footnoteRef:8], pelo facto de que o desenvolvimento económico far-se-ia de acordo com as leis naturais do mercado para assegurar as condições estritamente necessárias para que a sociedade e a economia actuem por si só (Barbieri & Ribeiros, 2011: 03), que certamente contribuiriam para o fracasso no que tange ao alcance do bem-estar económico e social dos intervenientes. [7: KEYNES, J.M (1936), The General Theory of Employment Interest and Money. The Collected Writings of John Mayanard Keynes, Vol 7. Londres: Mac Millan.] [8: ROBERT N. & Fernandez R. G (2010), História do Pensamento Económico. Escola de Economia de São Paulo. São Paulo.] 
A teoria Keynesiana mostra a necessidade de o Estado intervir na economia garantindo a coordenação da acção colectiva dos indivíduos, tornando possível que eles busquem objectivos superiores aos que desejariam na inexistência dessa acção, conduzindo a economia ao equilíbrio de pleno emprego[footnoteRef:9] e garantindo a recuperação económica em situações de crises (Barbieri & Ribeiro, 2011: 04). [9: ANTUNES, F. da Silva (2014), Importância do papel do Estado na actividade Económica. Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Brasil.] 
O Estado deve praticar uma política económica conveniente com o intuito de compensar a insuficiência da demanda efectiva[footnoteRef:10] privada agindo sobre variáveis que afectam o consumo e/ou investimentos. Os gastos públicos principalmente os financiados por endividamento ou emissão da moeda causariam um crescimento da renda completando a insuficiência da demanda efectiva (Antunes, 2014: 04). Assim o Estado surge como o garante da ordem no mercado corrigindo as suas respectivas falhas e proporcionando um ambiente em que haja equilíbrio e que da actuação de cada agente económico não seja prejudicial a outros agentes em causa. [10: Demanda efectiva é o valor da demanda agregada no ponto de intercessão entre a demanda agregada e a oferta agregada, onde a expectativa de lucros dos empresários são maximizadas.] 
2.1.1.1. Pressupostos Básicos da Abordagem Keynesiana
Os pressupostos básicos que sustentam a abordagem Keynesiana são, segundo Mendes (2009: 67), os seguintes:
· O mercado sozinho não promove a perfeita distribuição de renda, pois as empresas estão preocupadas em maximizar os seus lucros, não estando preocupadas com questões redistributivas;
· A actuação sobre a formação de preços, impostos, subsídios bem como a fixação do salário mínimo, são tidos como papéis do Estado;
· Fornecimento de Serviços Públicos;
· Complemento e incentivo da iniciativa Privada.
2.1.1.2. Aplicabilidade da Abordagem Keynesiana ao Trabalho
Esta abordagem, preconiza a intervenção do Estado na economia como meio de garantir a recuperação, o equilíbrio bem como a continuidade da economia. Adequa-se ao trabalho na medida em que permite perceber até que ponto a intervenção do Estado na economia particularmente sobre as Empresas Públicas pode ser um factor de desenvolvimento que se pretende por parte destas, e o seu impacto na vida do cidadão que é o consumidor dos serviços oferecidos pelas Empresas.
2.2. Debate Conceptual
2.2.1. Empresa Pública
O artigo 1 da lei no 6/2012, referente ao regime jurídico das Empresas Públicas, define E.P’s como sendo entidades de âmbito empresarial que são criadas pelo Estado, nos termos da lei e com capitais próprios ou de outras entidades públicas e que exploram actividades de natureza económica e social. 
Moncada (1988: 188), não foge a regra no seu conceito segundo o qual Empresa Pública, é uma entidade criada pelo Estado com capitais fornecidos pelo Estado ou outras entidades públicas para explorarem actividades de natureza económica ou social. 
No mesmo raciocínio Macie (2011: 343), traz a ideia de que as empresas Publicas são organizações económicas de fim lucrativo, criadas e controladas pelo Estado com capitais por este fornecidos.
Das definições apresentadas depreende-se que as E.P’s são entidades controladas por pessoas colectivas públicas, que pode ser o próprio Estado ou então outras pessoas colectivas pública dela distintas e, são tidas como unidades económicas de natureza empresarial criadas pelo Estado e com capital estatal, que desempenham actividades que tem como fim o lucro. Há também que observar que as Empresas Públicas exploram actividades de natureza económica, ou seja que visam obter o lucro. Também, percebe-se que as Empresas Públicas desempenham suas actividades no âmbito das competências e atribuições que lhes são conferidas por lei, daí que o princípio da legalidade esteja subjacente nas definições.
2.2.2. Serviços Públicos
Relativamente ao conceito de Serviços Públicos, Schier, 2009 & Macie (2011), afirmam ser um conjunto de meios, sejam eles humanos ou materiais que se encontram integrados no seio de uma pessoa colectiva, e que tem como fim realizar as atribuições a estas incumbidas nos termos da lei. 
Serviço Público na concepção de Mello (2006:42), é toda actividade de provisão de utilidade e comodidade material à satisfação da colectividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume pertinente a seus devedores e presta por si mesmo ou sob regime de direito total ou parcial público. Por seu turno Duguit[footnoteRef:11], define Serviço Público como toda actividade cija realização deve ser assegurada , regulada e controlada pelos Governantes, porque a consecução desta é indispensável à concretização e ao desenvolvimento da interdependência social, de tal natureza que só pode ser realizada completamente pela intervenção da força governante. [11: Léon Duguit (1911), Traté de Droit Constitucional. É considerado o pai da Escola dos Serviços Públicos.] 
Para Caupers (2005: 126), “Serviços Públicos são as estruturas organizativas encarregadas de preparar e executar as decisões dos órgãos das pessoas colectivas que prosseguem uma actividade administrativa Pública”.
“Serviços Públicos são organizações humanas criadas no seio de cada pessoa colectiva pública, com o fim de desempenhar as atribuições desta, sob a direcção dos respectivos órgãos” (Amaral 2006:792).
Temos a definição trazida por Sá (1999:78), segundo a qual Serviços Públicos “são organizações criadas no seio das pessoas colectivas Públicas, com o fim de desenvolver actividades que contribuam para a realização das suas atribuições e exercer suas competências”.
Deste modo, os Serviços Públicos podem ser vistos como um conjunto de meios humanos e materiais, que são articulados dentro de uma determinada pessoa colectiva, de modo a possibilitar que as atribuições da mesma seja alcançadas efectivamente, sob a direcção de seus respectivos órgãos.
2.2.3. Estado
No que tange ao conceito de Estado, Amaral (2006: 221), traz três acepções nomeadamente a acepção internacional, acepção constitucional e a acepção administrativa:
· Na acepção internacional, o Estado é titular de direitos e obrigações na esfera internacional.
· Na acepção Constitucional, o Estado é uma comunidade de cidadãos que, nos termos do poder constituinte que a si atribui assume uma determinada forma política para prosseguir seus fins nacionais.
· Na acepção Administrativa, o Estado é a pessoa colectiva Pública que no seio da comunidade nacional, desempenha, sob a direcção do Governo, a actividade Administrativa.
Um outro conceito de Estado é trazido por Filho (2001: 47), segundo a qual Estado é “uma associação humana (povo), radicada em base territorial (território),que vive sob o comando de uma autoridade (poder) não sujeita a qualquer outra”.
Para Caetano (2010: 91), Estado é um povo fixado num território de que é senhor, e que dentro das fronteiras desse território institui por autoridade própria, órgãos que elaborem leis necessárias à vida colectiva e imponham a respectiva execução. A definição de Marcelo Caetano, traz a ideia de uma ordem interna que é garantida por um poder político que é instituído pelo povo, o que leva a crer que essa definição pode ser enquadrada na acepção constitucional, quando analisada sob o ponto de vista das três acepções descritas por Amaral (2006).
No entanto, para o presente trabalho adopta-se o conceito Estado na acepção Administrativa, em que o Estado é uma pessoa colectiva pública que desempenha a sua actividade sob a direcção do Governo, pois pretende-se analisar o contributo da intervenção do Estado sobre as E.P’s, tem de ser no âmbito da realização da actividade administrativa, no sentido de facilitar a compreensão.
2.2.4. Intervenção do Estado
A Intervenção Económica do Estado é um sistema baseado no uso de poderes discricionários do Estado para lidar com os problemas directamente relacionados com a propriedade privada dos meios de produção e o processo de mercado desregulado[footnoteRef:12]. Esse conceito traz consigo a ideia de que a intervenção do Estado é necessária pela incapacidade das forças de mercado harmonizar-se entre si no ambiente de concorrência. [12: In Portal Liberalismo. O que é Intervencionismo. Disponível em www.liberalismo.org/index.php/artigos/intervencionismo. Acessado em 15/06/2016.] 
Por outro lado temos o conceito trazido por Mises (1966: 718), segundo o qual a Intervenção do Estado é vista sob o ponto de vista normativo, no qual o próprio Estado é responsável por emitir um conjunto de ordens normativas a todos os capitalistas e empreendedores, no sentido de estes usarem os seus meios de produção para prosseguir objectivos que são diferentes dos que caracterizam a actividade privada.
O conceito de intervenção do Estado trazido Araújo (2007: 04), visa fazer uma separação entre actuação e intervenção, ou seja, circunstâncias em que o Estado age na sua área de titularidade natural, e circunstâncias em que o Estado actua em área de titularidade da iniciativa privada respectivamente.
Desse modo, neste trabalho a Intervenção do Estado é o conjunto de medidas que o Estado toma de modo a disciplinar os agentes económicos através de ordens normativas e outras formas de coerção, bem como a sua participação com acções concretas que o tornam verdadeiro agente económico, mas não descurando dos fins que prossegue.
CAPÍTULO 3
CONTRIBUTO DA INTERVENÇÃO DO ESTADO SOBRE AS EMPRESAS PÚBLICAS NA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS AO CIDADÃO
O presente capítulo é dedicado essencialmente a apresentação da percepção de diferentes autores a respeito do contributo da intervenção do Estado sobre as Empresas Públicas na melhoria da prestação de serviços ao cidadão, por forma a trazer subsídios sobre a forma pela qual o Estado tem dado o seu contributo com a sua forma intervencionista na qualidade de agente responsável pela satisfação das necessidades dos cidadãos.
3.1. Pressupostos Básicos da intervenção do Estado na Economia
A intervenção do Estado na Economia é ditada por considerandos de justiça distributiva[footnoteRef:13] ou mesmo social numa tentativa de controlo ou conformação dos resultados do mercado (Moncada, 1988:23). O Estado pretende com a sua intervenção, que do mercado[footnoteRef:14] resulte uma situação materialmente adequada para cada indivíduo, segundo os critérios de uma justiça distributiva que se vai configurar na materialização da tarefa da satisfação das necessidades da colectividade. [13: Justiça distributiva é um termo que se refere ao tratamento comparativo, que consiste em dar a cada um na medida da proporcionalidade e necessidade.] [14: Mercado é um processo impulsionado pela interacção das acções dos vários indivíduos que cooperam sob o regime da divisão do trabalho, actuando uns do lado da oferta e outros lo lado da procura, visando garantir a satisfação de interesses particulares.] 
Deste modo o autor anteriormente citado traz a ideia de que a preocupação do Estado em garantir uma justiça distributiva é que está na origem da sua intervenção na economia, que está directamente ligada a prossecução dos fins do Estado. A justiça distributiva que tem a ver com a apropriada distribuição de bens e encargos pelos indivíduos (Rodrigues, 2012), é o resultado que o Estado pretende alcançar de tal modo que da actuação do mercado resulte o bem-estar dos indivíduos pela satisfação das necessidades da colectividade.
Tal ideal acha-se consagrado na Constituição da República de Moçambique de 2004 (CRM) nos números 1 e 2 do artigo 96, no que se refere a política económica do Estado Moçambicano segundo a qual:
A política económica do Estado é dirigida à construção das bases fundamentais do desenvolvimento, à melhoria das condições de vida do povo, ao reforço da soberania do Estado e à consolidação da unidade nacional, através da participação dos cidadãos, bem como da utilização eficiente dos recursos humanos e materiais.
Sem prejuízo do desenvolvimento equilibrado, o Estado garante a distribuição da riqueza nacional, reconhecendo e valorizando o papel das zonas produtoras.
Assim, o Estado Moçambicano por meio de suas políticas intervencionistas pretende responder aos anseios da colectividade, cuja concretização será possível por meio da construção de bases de desenvolvimento, que por sua vez vai configurar-se na melhoria das condições de vida dos cidadãos. Estão patentes também os imperativos da justiça distributiva que foram referenciados pelos autores nos argumentos acima expostos, como fazendo parte da agenda da política económica nacional, e aspectos como o reforço da unidade nacional e a eficiência que se pretende alcançar com a correcta utilização dos recursos. 
Segundo Moncada (1988:30), com a intervenção o Estado pretende que resulte em uma situação adequada para cada agente económico bem como para os indivíduos e que responda aos objectivos de uma justiça distributiva, e que se concretiza na melhoria da condição dos mais desfavorecidos.
Esta situação vai exigir que o Estado adopte medidas de correcção, de controlo ou de conformação dos resultados do mercado, sendo estas medidas dependentes do modelo de intervenção que o Estado por sua vez adoptar.
Verifica-se paralelamente que a intervenção do Estado não é um fenómeno homogéneo e nem orientado para as mesmas finalidades, daí que se exige do estado medidas que vão de acordo com as possíveis manifestações do mercado (Moncada:1988: 31). Daí surge a necessidade de classificar os diferentes tipos de intervenção e arrolar as respectivas características conforme os objectivos que o Estado pretende alcançar.
3.1. Tipologias de Intervenção
Deste modo Quanto ao conteúdo a intervenção pode ser classificada segundo vários critérios (Moncada, 1988):
· Intervenções globais, sectoriais, e pontuais
a) Intervenções globais, quando o Estado adopta normas gerais de fixação de margens de comercialização, ou de encorajamento do investimento global.
b) Intervenções sectoriais, em que o Estado concede crédito bonificado a um dado sector, ou adoptando medidas de organização e disciplina de um determinado sector de produção.
c) Intervenções pontuais, aquelas em que o Estado determina a intervenção de uma empresa ou celebra um contracto-programa.
· Intervenções mediatas e imediatas
a) Intervenções mediatas, quando a intervenção não tem apenas objectivos económicos, embora repercutindo-se na economia.
b) Intervenções imediatas, nas quais o Estado intervém directamente na economia prosseguindo objectivos directamente económicos.
· Intervenções unilaterais e bilaterais
a) Intervenções unilaterais, quando o Estado intervém proibindo ou autorizando certas actividades em determinados sectores, por meio de regulamentos e actos administrativos.
b) Intervençõesbilaterais, Nas quais o Estado intervém por via de contractos, devido a sua eficácia na medida em que a contraparte assegura comprometimento logo a partida, e garantem um clima de paz social e entendimento.
· Intervenções directas e indirectas
a) Intervenções directas, existem quando o próprio Estado assume o papel de agente produtivo, criando empresas públicas ou actuando através delas, intervindo nos circuitos de comercialização.
b) Intervenções indirectas, em que o Estado limita-se a condicionar, a partir de fora, a actividade económica privada, sem que o Estado assuma papel de sujeito económico activo.
Naturalmente as circunstâncias em que o Estado actua na ordem económica directamente, assumindo o papel de agente produtivo, logicamente para a solução dos problemas fundamentais do povo e para a redução das desigualdades, são aquelas por meios das quais o Estado por meio de Empresas Públicas torna-se parte integrante dos circuitos económicos no sentido de salvaguardar a prossecução do interesse colectivo por meio destas. 
Por esta razão a atenção será voltada para a intervenção directa como forma ou tipologia de intervenção que está directamente relacionada com a existência de EP´s que são objecto em análise no presente trabalho.
3.1.1. Intervenção Directa
Quando o Estado intervém directamente na economia assume o papel de agente económico principal ao mesmo nível que um agente privado, pois trata-se de uma questão de racionalidade económica da actuação do Estado (Moncada, 1988: 182). Figueiredo (2014: 89), comunga com a mesma ideia afirmando que a intervenção directa ocorre quando o próprio Estado assume para si a exploração da actividade económica na qualidade de agente empreendedor no mercado.
Percebe-se deste modo que o Estado assume papel de verdadeiro empreendedor e empresário e que desenvolve por conta própria actividades directamente económicas em pé de igualdade com os demais agentes económicos no mercado, como forma de garantir a exploração racional dos benefícios do sector privado. 
A intervenção directa do Estado manifesta-se de formas distintas a sabe (Figueiredo 2004):
· Intervenções directas em que o Estado Assume a forma de sujeito ou agente económico sob a forma de titular, exclusivo ou não, de explorações económicas, isto é, sob a forma de empresas públicas ou de serviços não personalizados que exerçam actividade económica.
· Intervenção em que empresas privadas mantêm sua titularidade e continuam na esfera de particulares a quem pertencem, mas o Estado assume a sua gestão através de comissões administrativas de sua nomeação. Nesta categoria estão as Empresas intervencionadas[footnoteRef:15]. [15: As Empresas intervencionadas são aquelas em que o Estado não detém a maior parte do capital (Moncada, 1988)] 
· O Estado pode intervir directamente por meio de empresas participadas, em que nelas estão associados capitais públicos e capitais privados, sendo a sua administração exercida por representantes dos particulares e da Administração
3.2 Empresas Públicas Vs Intervenções directas
Segundo Moncada (1988: 189) Empresas Públicas são empresas criadas pelo Estado e com capitais do Estado, e que exploram actividade de natureza económica ou social. Por seu turno Macie (2011: 343) afirma que a EP combina no seu substrato, capitais públicos com a técnica e com o trabalho para a produção de bens e serviços para o mercado mediante a venda por preços economicamente calculados. Amaral (2006:391) salienta que a produção de bens e serviços deve ter como finalidade a obtenção de lucros, sendo este o factor que vai determinar o carácter empresarial da unidade de produção.
Verifica-se deste modo que a actividade das EP´s é uma actividade da administração pública, mas sob a égide do direito privado (Amaral, 2006: 150), ou seja, sendo as EP´s pessoas colectivas públicas despidas do poder público, encontram-se em posição de paridade com os particulares, portanto, nas mesmas condições e nas mesmas condições em que poderia proceder um particular, com a submissão às normas do direito privado. Pode-se dizer que as EP´s são pessoas colectivas[footnoteRef:16] públicas de Gestão privada. [16: Pessoas colectivas públicas são pessoas jurídicas criadas para a prossecução necessária do interesse público, dotada de personalidade jurídica, titular de direitos e deveres públicos em nome próprio (glossário da lei no 6/2012 de 8 de Fevereiro-LEP)] 
Caetano (2010: 378), traz a percepção de que nas EP´s há conjugação de capitais públicos com a direcção pública, ou seja, os capitais são fornecidos por uma pessoa colectiva pública, e os órgãos dirigentes da empresa são nomeados e exonerados pelo Governo ao qual pertencem os poderes de tutela.
Deste modo o carácter público não lhe advém apenas pelo facto de o capital ser maioritariamente público, mas também o facto de que as empresas sujeitam-se ao controlo público. Aqui manifesta-se o carácter interventivo do Estado sobre as EP´s, no sentido de salvaguardar os seus interesses para com a colectividade.
3.2.1. Razões da Criação das Empresas Públicas
Existem diversas razões que estão na origem da criação das Empresas Públicas das quais pode-se destacar (Amaral, 2011: 397):
· Domínio de posições chaves na economia: as Empresas Públicas podem surgir da necessidade que o Estado tem de assumir posições estrategicamente fundamentais na economia. 
· Modernização e eficiência da Administração: a necessidade de para maior eficiência da Administração, de transformar velhos serviços, organizados segundo moldes burocráticos, em EP´s modernas, geridas sob a forma industrial ou comercial. 
· Execução de um programa ideológico, também se têm criado EP´s por motivos ideológicos em cumprimento de programas doutrinários de natureza socialista ou socializante, que consideram necessário alargar a intervenção do Estado a determinados sectores que, até aí, estavam nas mãos de particulares.
3.2.2. Espécies de Empresas Públicas
	As EP´s pode classificar-se na concepção de Amaral (2006: 401), do seguinte modo:
· Quanto à titularidade, onde podemos encontrar Empresas púbicas estaduais ou municipais, conforme pertençam ao Estado ou ao município.
· Quanto à natureza jurídica, nesta classificação podemos encontrar as empresas públicas com personalidade jurídica e empresas públicas sem personalidade jurídica;
· Quanto à forma, onde encontramos empresas públicas sob a forma pública e empresas públicas sob a forma privada;
· Quanto ao objecto, as empresas públicas distinguem-se entre si conforme tenham ou não por objecto a exploração de um serviço público ou de um serviço e interesse económico geral;
Deste modo, na última classificação observa-se que existem EP´s que prestam serviços públicos e as que não o fazem. Para o presente trabalho interessam as EP´s que prestam serviços públicos. A Este respeito, Amaral (2006: 402), salienta que são empresas que asseguram a satisfação do interesse económico geral, exemplificando as empresas de fornecimento de água, energia eléctrica, que por sua vez distinguem-se das empresas públicas que tem por objecto a prossecução de um interesse económico de âmbito geral, exactamente porque as EP´s de serviços públicos estão orientados a obtenção de níveis adequados de satisfação de interesse da colectividade.
3.2.3.Percurso Histórico Empresas Públicas moçambicanas
A realidade das EP´s em Moçambique começa com a entrada em vigor do Decreto lei no 16/75 de 13 de Fevereiro, estabelecendo medidas que visavam garantir maior intervenção do Estado e dinamizar a actividade económica ou impedir que essa actividade fosse prejudicada. O referido Decreto-lei estabelecia que se uma empresa não funcionasse em termos de contribuir para a satisfação das necessidades colectivas, poderia ser intervencionada pelo Governo, conforme estabelecido no seu artigo 1, sendo dirigidas por comissões administrativas nomeadas nos termos do referido decreto.
Logo a seguir as comissões Administrativas foram transformadas em Empresas estatais[footnoteRef:17], decisão resultante da necessidadede materializar os objectivos da edificação de uma sociedade socialista que impunha o desenvolvimento, consolidação de e o desenvolvimento do sector estatal na esfera da produção e da circulação e a necessidade de a actividade privada sujeitar-se aos interesses da economia nacional (Macie 2011: 345). [17: Empresas Estatais são unidades de produção socioeconómicas criadas pelo Estado para exercerem uma actividade de acordo com o plano de desenvolvimento nacional, e funcionando sob a direcção do Estado, com o objectivo de edificar a base material da democracia popular (Macie 2011:346)] 
Factores como o encerramento total ou parcial da empresa, iminência de despedimento de trabalhadores, desvio de fundos, poderiam levar a intervenção do Estado (Idem). Desse modo verifica-se a manifestação do princípio segundo o qual o poder económico deve submeter-se ao poder político, ou seja, do primado do poder político, visando-se que os bens nacionalizados fiquem ao serviço do interesse público e, desta forma, o interesse geral (Waty 2011: 208). O património das Empresa estatais é património do Estado, embora se atribua autonomia Administrativa Financeira e patrimonial, conforme o artigo 2 do Decreto 17/77, de 28 de Abril. Deste modo esta autonomia visava somente permitir que as empresas estatais agissem no âmbito do direito privado, mas os seus órgãos são estaduais, seus funcionários são igualmente do Estado (Macie, 2011: 346). Por esta razão não há que se falar de uma verdadeira personalidade jurídica, muito menos de autonomias, em particular, financeira e patrimonial, sendo que o seu funcionamento regia-se pelo centralismo democrático com subordinação das estruturas inferiores, e da empresa aos interesses da maioria representada pelo Estado (Idem).
Com a aprovação do Decreto no 13/91 de 3 de Agosto as Empresas estatais foram integradas no sector empresarial do Estado[footnoteRef:18]. Dá-se a privatização da Administração Pública e nascimento da actividade administrativa de gestão privada (Waty 2011). Surge então a necessidade de reestruturar o sector público empresarial do Estado, no sentido de se organizar actividades que pela sua natureza devam ser realizada por regime de exclusividade por empresas do Estado (Waty, 2011:348). [18: O sector Empresarial do Estado é o conjunto de empresas estatais e empresas públicas as sociedades comerciais cujo capital pertença exclusivamente ao Estado e /ou a outras pessoas colectivas de direito público, as empresas, estabelecimentos e instalações cuja propriedade tenha revertido para o Estado nos termos do artigo 2 da lei no 15/91 de 13 de Agosto (Br 1991).] 
Com a aprovação da Lei no 17/91, de Agosto certas empresas estatais foram transformadas em empresas públicas, onde Macie (2011: 400) faz distinção entre as formas que as Empresas públicas podem assumir:
· Empresas Públicas sob a forma societária, que são as sociedades Anónimas com natureza privada;
· Empresa pública sob forma Pública, que são pessoas colectivas públicas;
· Empresas públicas sob forma público-mista, na medida em que são participadas financeiramente;
· Empresas públicas integradas no Estado Administração, ou autarquias, sem contudo, detiverem personalidade jurídica, muito menos qualquer tipo de autonomia.
Actualmente o regime quadro das EP´s acha-se estabelecido pela Lei no 6/2012, de 8 de Fevereiro, devido a necessidade de se enquadrar o regime jurídico das EP´s à actual conjuntura e prioridades e exigências que se impõem o Estado, no que tange ao seu papel no que concerne ao seu relacionamento com o sector empresarial.
3.3. Relação entre o Estado e as Empresas Públicas
Reconhece-se por um lado que o Governo não pode alhear-se do comportamento das empresas públicas, não só pelas consequências do seu mau funcionamento no domínio das finanças do Estado, muitas vezes obrigado a cobrir os seus deficits[footnoteRef:19], ou a financiar parte substancial dos seus investimentos, e pelas incidências desse mau funcionamento na economia nacional, mas também pelo facto de as Empresas serem grande instrumento de execução da política Governamental (Vaz, 1998: 228). [19: É uma palavra de origem latina que representa um saldo negativo, um prejuízo ou um sistema em que se gasta mais do que se ganha, ou seja, no âmbito empresarial o nível das despesas efectuadas é superior ao nível das receitas arrecadadas (Dicionário de Significados. http://balanca-comercial.info/superavit-deficit.html). Concultado a 04 de Maio de 2017.] 
Sendo as EP´s instrumentos do Estado para acção na ordem económica e social, faz-se necessário que os procedimentos e mecanismos de verificação dos resultados na órbita interna, acrescente-se o exame periódico das suas actividades por parte do Estado, que assim, e por consequência poderá promover as necessárias correcções (Ommati, 1980:213).
Aponta-se também a necessidade de serem escolhidos métodos e fórmulas que, assegurando a flexibilidade de funcionamento dessas empresas garantem o resguardo dos interesses maiores da Administração Pública, traduzidos no cumprimento das leis, na consecução da finalidade dos recursos públicos e na conformidade com as metas traçadas pelo Governo (idem).	
Por outro lado o reconhecimento de uma razoável autonomia às EP´s é condição necessária para uma gestão eficiente e dinâmica das mesmas, o que significa que uma excessiva ingerência do Governo ou Estado pode destruir a iniciativa e a responsabilidade dos seus gestores (Vaz, 1998:225).
Desse modo verifica-se dois vectores de incidência contrária mas que mas que se acredita poderem ser conciliados no regime jurídico da empresa pública. Por um lado temo os critérios de gestão empresarial e a responsabilização dos gestores que apontam para a autonomia administrativa e por outro lado o privilégio de o Estado intervir na economia através das EP´s exercendo desse modo o controle público (idem).
A relação entre o Estado e as EP´s resume-se no facto de as actividades destas últimas acharem-se submetidas ao controlo estatal, para que seja salvaguardado o interesse colectivo e um funcionamento, bem como a utilização racional dos recursos colocados à disposição das EP´s. No entanto não se exclui a necessidade de garantir o reconhecimento da autonomia das EP´s que pode minar os princípios da gestão privada preconizadas pelas EP´s e deste modo reduzir a sua eficiência.
3.3.1. Formas de Controlo das Empresas Públicas
Tendo o Estado a responsabilidade de garantir a satisfação das necessidades colectivas, por meio das EP´s, tem de garantir a correcta utilização dos recursos, garantir que o interesse colectivo esteja a ser prosseguido no exercício das actividades das empresas públicas. Deste modo os métodos e fórmulas que asseguram a flexibilidade das actividades das EP´s visam promover eficiência por parte destas garantir satisfação do interesse geral.
Neste sentido, a problemática reside no facto de que, sendo mantidos os resguardos e assegurados os fins públicos garantir às empresas públicas, autonomia operacional para que cumprindo sua finalidade, o façam com eficiência e rentabilidade esperadas segundo os ditames de moldes empresariais privadas (Ommati, 1980:214).
Os argumentos acima expostos mostram a responsabilidade do Estado no que concerne a verificação da conformidade das actividades das EP`s com o interesse geral da colectividade, apontado a importância da aplicação de métodos de controlo eficientes que possam servir de suporte e contribuir para o crescimento das EP´s, sem tirar o seu carácter empresarial.
O controlo das EP´s em Moçambique é feito mediante a tutela e superintendência. Caupers (2013:165), afirma que a superintendência confere ao órgão de uma determinada pessoa colectiva poderes de definir os objectivos e orientar a actuação dos órgãos da outra pessoa colectiva.
O controlo sobre as EP´s pode ser exercido mediante a tutela por parte dos órgãos do Governo competentes. Gozando as EP´s de autonomia administrativa, o Controlo do Governo sobre as EP´s terá de qualificar-se como um controlo de tutelae não de relação hierárquica)[footnoteRef:20] (Vaz, 1998: 228). Os poderes de tutela exercem-se sobre pessoas colectivas públicas autónomas, significando poder de fiscalização, de orientação. É neste contexto de controlo tutelar que se atribui ao Ministro da tutela o poder de dar directivas e instruções genéricas aos administradores das EP´s, no âmbito da política geral do desenvolvimento do sector (ibdem, 229). Além de orientação a tutela Administrativa sobre as EP´s pode expressar-se no poder conferido ao Ministro da Tutela de autorizar e aprovar os actos expressamente na respectiva lei. [20: Os poderes hierárquicos são exercidos no interior de uma mesma pessoa colectiva, pelos órgãos superiores sobre os órgãos subalternos.] 
Os órgãos dirigentes das empresas públicas dispõem de autonomia de gestão, mas tem de conformar-se com os objectivos fixados pelo Governo, pois estas pertencem ao Estado e representam o Governo que os nomeou. Daí que entre o Governo e as EP´s haja uma relação de dependência (Amaral, 2011: 408).
 No âmbito da tutela destaca-se a tutela sectorial e a tutela financeira, acha-se estabelecido na Lei nº 6/2012, de 8 de Setembro, que aprova o regime jurídico das Empresas Públicas (BR 2012). No âmbito do exercício da tutela a LEP estabelece que compete aos Ministros ou dirigentes dos órgãos de tutela sectorial e ao Ministro que superintende a área de finanças, apreciar e deliberar sobre:
· Políticas gerais de desenvolvimento da Empresa Pública;
· Política de salários, remunerações e outras regalias dos titulares dos órgãos sociais, podendo delegar a apresentação e análise de propostas a uma comissão de remunerações a criar.
· Planos plurianuais de actividades económicas e financeiras;
· Planos anuais de actividades e os respectivos orçamentos;
· Relatórios de gestão e as contas do exercício, bem como apreciar o parecer do conselho fiscal sobre as mesmas.
 Neste contexto percebe-se que o Governo, ao criar uma Empresa Pública, define nos respectivos estatutos, o órgão do aparelho do Estado que é responsável pela superintendência e tutela (Macie, 2011: 354).
Verifica-se também que o controlo a que se sujeitam as Empresas Públicas inclui a aprovação do seu regulamento pelo órgão de tutela e superintendência, a definição dos objectivos económico-financeiros, a definição da política de preços, caso a empresa tenha posição de monopolista no mercado, a definição da política salarial, aprovação dos instrumentos de exploração e investimento, o controlo de planos de gestão previsional, entre outras formas de controlo (Idem).
De um modo Geral a tarefa do Estado é definir a orientação estratégica de cada Empresa Pública, ou seja, definir os objectivos a atingir e os meios e modos a empregar para atingi-los (Amaral, 2011:408).
· Competência da tutela Sectorial
Em relação a competência da tutela sectorial o Decreto no 84/2013, de 31 de Dezembro que regulamenta a Lei das EP´s estabelece que é da exclusiva competência do Ministro ou dirigente que exerce a tutela sectorial apreciar e decidir sobre matérias estritamente técnicas próprias da actividade da empresa pública.
· Competência da Tutela financeira
Em relação a competência da tutela financeira o Decreto no 84/2013, de 31 de Dezembro que regulamenta a Lei das EP´s estabelece que é da competência do Ministro que superintende a área das finanças apreciar e decidir sobre matérias de carácter financeiro das EP´s não abrangidas no âmbito da competência conjunta das tutelas, podendo delegar esta competência, nos termos da lei ao dirigente da unidade orgânica dentro do Ministério das Finanças que responde pelas actividades das EP´s.
Com a tutela Financeira exercida pelo titular do Ministro das Finanças, pretende-se garantir que a gestão das EP´s não seja feita de modo a causar encargos injustificados ao erário público, que terá por sua vez repercussões no orçamento do Estado (Santos, 1999:188).
A questão da tutela é uma das questões mais importantes e complexas nas EP´s visto que o equilíbrio que se conseguir alcançar entre a intervenção do Governo e autonomia de gestão vai depender em larga medida do bom funcionamento da empresa, pois a natureza pública desta implica necessariamente a obediência a objectivos de interesse geral que com alguma frequência restringem a margem de decisão dos gestores (Ibdem, 189).
3.3.2. Autonomia e Personalidade Jurídica das Empresas Públicas
A lei das Empresas Públicas (LEP), reconhece o traço característico de as empresas públicas serem dotadas de personalidade jurídica e autonomia (Amaral, 2011: 405). A personalidade jurídica das EP´s distingue estas da Pessoa colectiva Estado e a capacidade jurídica lhes permite gozar de um leque de direitos e assumir obrigações necessárias e proporcionais aos fins aos quais são criadas (Macie, 2011: 350). Nesta senda as EP´s são pessoas colectivas públicas autónomas relativamente ao Estado, que é condição indispensável para que a actividade empresarial possa ser configurada como actividade principal das EP´s e a partir daí constituir o respectivo regime jurídico (Moncada, 1988:194). 
	As EP´s gozam de autonomia Administrativa, financeira e patrimonial. 
a) Autonomia Administrativa
A autonomia administrativa é a faculdade que as EP´s tem de gerir os seus recursos.
A autonomia Administrativa das EP´s significa que estas podem praticar actos administrativos definitivos e executórios, que é como quem diz, que dos actos praticados pelos seus órgãos e no âmbito das suas competências não cabe recurso hierárquico, mas só contencioso, para os tribunais Administrativos conforma estabelece a lei no 6/2012 de 8 de Setembro (BR, 2012). Por seu turno Macie (2011: 195), afirma que autonomia administrativa é o poder conferido aos órgãos de uma pessoa colectiva pública, de direito público de praticar actos administrativos definitivos, que serão executórios desde que obedeçam todos os requisitos exigidos para tal efeito por lei.
b) Autonomia Patrimonial
A Autonomia patrimonial é a capacidade que as Empresas Públicas têm de adquirir, registar, gerir, e dispor de bens patrimoniais necessários à prossecução do seu objecto, tal definição encontra-se na lei no 6/2012, de 8 de Setembro, que aprova o regime jurídico das Empresas Públicas (BR, 2012). A autonomia patrimonial significa que pelas dívidas das EP´s responde apenas o respectivo património, excluindo os bens de domínio público que possam estar sob administração sobre as EP´s (Moncada 1988: 195). 
c) Autonomia Financeira
A autonomia financeira compreende a capacidade de a empresa pública gerar receitas no decurso da sua actividade operacional que cubram a totalidade das despesas. A autonomia das EP´s significa que estas dispõem de um orçamento privativo, por elas elaborado e aprovado pelo Governo (Moncada 1988:195). Por essa razão as EP´s têm competência para cobrar receitas provenientes da sua actividade ou que lhes sejam facultadas nos termos dos estatutos ou da lei, para realizar as despesas inerentes a prossecução do seu objecto (Ibdem). Ainda na mesma ordem de ideias Macie (2011), afirma que há autonomia financeira quando os rendimentos da pessoa colectiva e outros que a lei lhe permite cobrar sejam considerados receita própria, aplicável livremente, segundo o orçamento privativo, às despesas ordenadas por exclusiva autoridade dos seus órgãos.
Segundo Moreira[footnoteRef:21] (2003: 200) Citado por Licumba (2016:29), a autonomia financeira pode decompor-se nas seguintes modalidades: [21: MOREIRA, Vital (2003), Administração Autónoma e Associações Públicas. Editora Coimbra. Portugal.
] 
· Autonomia patrimonial – ter património próprio e/ou poder tomar decisões relativas ao património de que dispõem.
· Autonomia orçamentária – ter orçamento próprio, gerindo as respectivas receitas e despesas.
· Autonomia de tesoraria - poder gerir autonomamente os recursos monetários próprios, em execução ou não do orçamento,
· Autonomia creditícia – poder de contrair dívidas, assumindo as correspondentes responsabilidades, pelo recurso a operações financeirasde crédito.
No entanto há que salientar que apesar de as Empresas públicas gozarem de autonomia administrativa financeira e patrimonial, estas não gozam de independência, pois não se administram mas sim desenvolvem uma administração indirecta (Amaral, 2006: 408). Os órgãos das EP´s gozam de autonomia de gestão mas têm de conformar-se aos objectivos fixados pelo Governo, porque apesar de serem autónomas pertencem ao Estado (Idem). 
Percebe-se assim o Estado de quem dependem as EP´s, reserva-se o direito de lhes definir o objectivo, orientando superiormente a sua actividade por meio da superintendência e das tutelas acima descritas. 
3.3.3. Empresas Públicas Fornecedoras de Serviços Públicos
Apesar da prestação de serviços públicos ser assumida como tarefa do Estado, surge a necessidade de se criar estruturas autónomas que assumam a responsabilidade de prestação (Guimarães, 2017). Trata-se de um processo de organização de competências dentro da Administração Pública, sem no entanto retirar do Estado a actividade ainda que esta passa a não pertencer por sua vez a administração directa (Zannela, 2015). Facto é que as pessoas jurídicas da administração indirecta não se confundem com a administração directa, sendo que esta exerce a capacidade de orientação e controle sobre aquelas (Idem).
Assim, a actividade de prestação de serviços públicos fica não somente a cargo da administração directa, ou seja, o Estado mas passando também à esfera da administração indirecta, resultando deste modo que esta por sua vez constitui-se por via legal para servir a administração directa.
A criação de serviços públicos de carácter económico dentro da esfera do próprio Estado, veio também acompanhada da tendência para a submissão desses serviços a regras do direito privado, sem que todavia isso prejudicasse a sua vinculação institucional ao sector público de aspectos de seu funcionamento (Santos, 1999:168). Tal facto sucede nas EP´s que se dedicam a prestação de serviços públicos em geral de carácter económico, e que são materialmente privadas actuando de modo isonómico à iniciativa privada.
Amaral (2006: 411), afirma ainda que se o Estado, através das EP´s fosse participar directamente no exercício das actividades económicas, aplicando às mesmas os métodos burocráticos das partições públicas ou das direcções gerais, é óbvio que se depararia com dificuldades intransponíveis, de modo que a gestão das mesmas seria uma experiência desastrosa.	
As EP´s pela natureza do seu objecto e pela índole específica da actividade a que se dedicam, são organismos que precisam de uma grande liberdade de acção, de um grande maleabilidade e flexibilidade no seu modo de funcionamento (Amaral, 2006: 411), de modo que o Estado só pode dedicar-se com êxito ao exercício de actividades económicas produtivas se for autorizado por lei a utilizar instrumentos e técnicas e métodos de actuação que sejam especialmente flexíveis, ágeis e expeditos (Amaral, 2006: 411). Deste modo verifica-se que estes métodos, técnicas e formas, são precisamente aquelas que se praticam no sector privado, que caracterizam a gestão de empresas privadas e que o próprio direito privado reconhece e protege como formas típicas de gestão privada (Idem). 
A transferência de actividades à administração indirecta é uma técnica que incrementa efectividade da capacidade do Estado ingerir sobre as mesmas, pois não se interpolam interesses privados entre a formulação política e a prestação do serviço público (Guimarães, 2017). 
	
3.3.3.1. Princípios Fundamentais do Serviço Público
	Os serviços públicos no âmbito do seu funcionamento e independentemente da pessoa colectiva pública a que estejam acometidos, obedecem no seu funcionamento, aos seguintes princípios fundamentais (Macie, 2011: 217):
· Princípio da continuidade dos serviços públicos, segundo o qual os serviços públicos, em particular os essenciais devem ser mantidos de forma contínua tendo em conta que o interesse público é contínuo. Sendo assim o funcionamento do serviço público não pode abrir espaço para interrupções, como meio de satisfação da colectividade.
· Princípio da modificabilidade do Serviço público, que resulta da variação do interesse público, dado que o conceito de interesse público é altamente flexível devendo ser acompanhado pela necessidade de modificar o funcionamento dos serviços públicos sem prejudicar os direitos adquiridos.
· Princípio da igualdade de tratamento, onde qualquer particular tem direito de obter as prestações que o serviço público fornece sem distinção de sexo, raça, religião, filiação, etc.
· Princípio da gratuitidade, sem embargo de pagamento de taxas reduzidas somente pelos utentes, que visam atender o custo de funcionamento ou da existência do serviço, porque os serviços públicos não tem fins lucrativos, excepto quando se acharem integrados nas EP´s. 
Paralelamente aos princípios que orientam o funcionamento dos Serviços públicos, existem também os princípios orientadores do modo de funcionamento das EP´s, que se pretende que do seu funcionamento resulte a satisfação do interesse da colectividade, ou seja os cidadãos em geral, conforme estabelece o Decreto no 84/2013, de 31 de Dezembro (BR, 2013):
· Princípio da legalidade, que significa a conformidade da acção dos órgãos da empresa pública com a lei e com o direito (artigo 4).
· Princípio da prossecução do interesse público, que implica a publicidade da actividade e dos actos dos órgãos da empresa pública. Por outro lado os órgãos das EP´s estão sujeitos à fiscalização e auditorias periódicas pelas entidades competentes (Artigo 5).
· Princípio da eficiência e eficácia, a eficiência da empresa pública pressupõe que os seus órgãos se organizem e actuem de modo economicamente mais vantajoso para a empresa, mas sem prejuízo da satisfação do interesse colectivo (artigo 7).
· Princípio da economicidade, pressupõe que a empresa pública, no exercício da sua actividade, se empenha na promoção dos resultados com menor custo possível (artigo 8).
3.3.3.2. Requisitos e pressupostos do Serviço Público
Para que o serviço público exista é preciso que satisfaça um conjunto de exigências tais como as seguintes (Macie, 2011:215):
· A autoridade pública competente aprecie as exigências do interesse geral, embora seja de forma discricionária;
· A autoridade pública competente deve decidir a criação do serviço público que pode ser ex nihilo[footnoteRef:22], ou resultante da transformação de uma actividade privada preexistente, através da lei, e deve decidir sobre a sua extinção. [22: É uma expressão latina que significa nada surge do nada. É uma expressão que indica um princípio metafísico segundo o qual o ser não pode começar a existir a partir do nada.] 
· O acto de autoridade pública criador do serviço público deve indicar a designação do mesmo, e identificação das respectivas funções e a sua organização interna;
· O serviço público tem de ser actual e eficiente;
· Modicidade, ou seja, aplicação de tarifas razoáveis;
· Definição clara da gestão do serviço, ou seja se é de gestão pública ou gestão privada;
· Garantia da permanência, isto é, continuidade do serviço público, em particular quando se tratar de serviços essenciais;
· Generalidade, ou seja, serviço igual a todos;
· Vinculação do serviço público aos direitos fundamentais dos cidadãos e outros princípios do direito,
· Organização mediante Regulamento Administrativo;
Estes são os pressupostos que todo serviço público deve respeitar no sentido de se tornar eficiente. No entanto há que verificar que no caso dos serviços colocados a cargo das Empresas Públicas, dada a sua autonomia em relação ao Estado, estes serviços poderão funcionar sob poderes de controlo por parte do Estado, não porque as EP´s por si não prossigam objectivos ligados ao interesse público, mas por questões de garantia dos interesses dos particulares, ou seja dos Administrados.
CAPÍTULO 4
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS DE CAMPO
O presente capítulo é essencialmente dedicado a apresentação dos resultados dos

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