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HEMATOLOGIA CLÍNICA Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões Departamento de Ciências da Saúde Curso de Farmácia Hematologia Clínica Profª. Dra. Manuela Sangoi Cardoso Santiago, 2020 -Eritrograma- HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Angiogênese – origem das células-tronco e a hierarquia das células sanguíneas HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Angiogênese – origem das células-tronco e a hierarquia das células sanguíneas A hematopoese origina-se de células-tronco pluripotentes na medula óssea. Células-tronco dão origem a células progenitoras que, após divisão e diferenciação, formam eritrócitos, granulócitos (neutrófilos, eosinófilos e basófilos), monócitos, plaquetas e linfócitos T e B. O tecido hematopoético ocupa cerca de 50% do espaço medular na medula óssea normal do adulto. A hematopoese no adulto é confinada ao esqueleto central; em lactentes e crianças jovens, o tecido hematopoético estende-se pelos ossos longos dos membros superiores e inferiores. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Angiogênese – origem das células-tronco e a hierarquia das células sanguíneas Locais de hematopoese Feto 0 -2 meses (saco vitelino) 2 – 7 meses (fígado, baço) 5 – 9 meses (medula óssea) 0 – 2 anos Medula óssea (praticamente todos os ossos) Adultos Vértebras, costelas, crânio, esterno, sacro e pelve, extremidades proximais dos fêmures HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Eritropoese PROERITROBLASTO ERITROBLASTOS INICIAIS ERITROBLASTOS INTERMEDIÁRIOS (POLICROMÁTICOS) ERITROBLASTOS DESENVOLVIDOS (PICNÓTICOS) RETICULÓCITOS ERITRÓCITOS M ED U LA Ó SS EA SA N G U E HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Eritropoetina - Hormônio que regula a eritropoese; - Produção: células tubulares renais (90%), fígado e outros locais; - Produção ocorre via estímulo da tensão de O2. Usos clínicos da eritropoietina Anemia da doença renal crônica Síndromes mielodisplásicas Anemia associada ao câncer e quimioterapia Anemia das doenças crônicas Anemia da prematuridade Usos perioperatórios HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Hemoglobina FUNÇÃO DO HEMOGLOBINA ESTRUTURA DA HEMOGLOBINA E DO HEME HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Eritrócito Disco bicôncavo; 7 – 9 µm de diâmetro; ± 2 µm de altura; Funções: manter a hemoglobina em forma reduzida (ferrosa) e manter o equilíbrio osmótico; Sobrevida: ± 120 dias; Metabolismo: via de Embden-Meyerhof, via da hexose monofosfato; Membrana do eritrócito. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Eritrograma Algumas considerações importantes É a seção do hemograma que avalia o eritrônio: “órgão difuso” que engloba 25 a 30 trilhões de eritrócitos circulantes e o tecido eritroblástico da medula óssea que lhes dá origem. Eritrônio Transporte de O2 Pulmões - tecidos Patologia essencialmente quantitativa!! ANEMIA da Hb sanguínea HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Algumas considerações importantes A anemia pode ou não acompanhar-se de eritrocitopenia!!! Pode haver uma insuficiência funcional do eritrônio sem haver redução da Hb. Exemplos: intoxicação por CO, transfusão após hemorragia. O termo anemia NÃO se aplica a estes casos! Expansão da massa eritroide/hemoglobínica = POLIGLOBULIA. Costuma ser decorrente do aumento da eritropoese. ERITROCITOSE = aumento da contagem de eritrócitos, nem sempre acompanhado de aumento da massa eritroide/hemoglobínica. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Algumas considerações importantes IMPORTÂNCIA DO ERITROGRAMA: Destina-se a fazer notar, quantificar e ajudar no diagnóstico causal das anemias e poliglobulias. Anemia é uma doença?? Detecção da sua presença; Etiologia. Considerar: - Idade; - Sexo; - Etnia; - Condições externas de realização do exame. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Algumas considerações importantes Um aspecto que deve ser levado em conta na interpretação da concentração de hemoglobina é o volume plasmático do paciente! Existem situações onde a hemoglobina pode estar elevada ou diminuída de forma falsa. Causas de hemoconcentração e hemodiluição Hemodiluição Hemoconcentração Gravidez Anemias carenciais Insuficiência renal ou cardíaca Macroglobulinemia Hipoalbuminemia Hiperesplenismo Posição ortostática Desidratação Diarreia Distúrbios intestinais Diálise peritoneal Acidose diabética HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Valores de referência: Eritrócitos: M/µL; Hemoglobina: g/dL; Hematócrito: %; VCM: fL. A contagem de eritrócitos deve ser interpretada no contexto do hemograma. NUNCA utilizá-la como parâmetro de anemia. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Contagem de eritrócitos Valores de referência: Causas de erros: Variações: sexo, altitude; Correlação negativa com o VCM. 5,3 ± 0,6 M/µL 4,7 ± 0,5 M/µL Leucocitose acentuada Plaquetas gigantes Microcitose extrema HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Dosagem de hemoglobina Valores de referência: Causas de erros: Variações: sexo, etnia; Anemia: hemoglobina abaixo do valores de referência para o sexo e grupo etário do paciente, considerando-se a diferença racial. 15,3 g/dL (13,7 – 16,8 g/dL) 13,6 g/dL (12,2 – 15,0 g/dL) Lipemia Alta contagem de leucócitos Sujeira na parede da câmara de leitura do contador Hemogramas anteriores: considerar ou não? HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Dosagem de hemoglobina: - Eritrocitose com anemia em β-talassemia minor e eritrocitopenia sem anemia em policitemia em tratamento com hidroxicarbamida. Dosagem de hemoglobina e contagem de eritrócitos NÃO são necessariamente paralelos. Considerar macro e microcitose! HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Hematócrito Micro-hematócrito HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Hematócrito Valores de referência: Fórmula para Hct em automação: Variações: sexo, etnia; 47,0 ± 7% 42,0 ± 7% Hct (%) = VCM X E X 106µL 10 O hematócrito correlaciona-se melhor com a viscosidade sanguínea do que a contagem de eritrócitos e é o parâmetro mais utilizado para avaliar alterações volêmicas. Varia de modo paralelo à dosagem de hemoglobina (exceto em anemias hipocrômicas). HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Correlação entre contagem de eritrócitos, Hb, Htc e volemia: Eritrócitos, hemoglobina e hematócrito medem a concentração e a proporção em relação ao plasma dos componentes eritroides contidos na amostra examinada. Costuma haver uma correlação linear entre estes parâmetros! Estas cifras, via de regra, representam a massa hemoglobínica/eritroide circulante. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Correlação entre contagem de eritrócitos, Hb, Htc e volemia: Situações em que E, Htc e Hb NÃO representam com fidelidade a massa eritro/hemoglobínica circulante: Hemodiluição – pseudoanemia. Gravidez, atletas em treinamento intensivo, retenção de líquidos (insuficiência cardíaca ou renal); Hemoconcentração – pseudopoliglobulias. Desidratação (uso intensivo de diuréticos, queimaduras, perdas líquidas). Primeiras horas após hemorragia (diminuição harmônica ainda não compensada da volemia total), primeiras semanas de vida extrauterina dos prematuros. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Volume corpuscular médio (VCM): Valores de referência: Variações: idade, etnia; O VCM correlaciona-se inversamente com a contagem de eritrócitos: 88 – 90 ± 7 fL VCM = Hct (%) X 10 E x 106µL HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Volume corpuscular médio (VCM): A exatidão (correspondência com a realidade) do VCM determinado por medidas de impedância é discutível. Existeuma limitação denominada “efeito de forma” – o valor do VCM de um eritrograma não reflete exatamente o tamanho fisiológico do eritrócito, mas sim um tamanho próximo do real. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Volume corpuscular médio (VCM): Determinação do tamanho de um eritrócito grande (macrócito) em analisador hematológico que utiliza impedância como método de contagem. O tamanho aumentado da célula é percebido pela altura do pulso elétrico. Determinação do tamanho de um eritrócito grande (micrócito) em analisador hematológico que utiliza impedância como método de contagem. O tamanho diminuído da célula é percebido pela altura do pulso elétrico. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Volume corpuscular médio (VCM): Deformação que o eritrócito sofre ao passar pela zona de contagem de um analisador hematológico que utiliza a impedância método de contagem de eritrócitos em forma de charuto (efeito de forma). Forma bicôncava Deformação HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Volume corpuscular médio (VCM): Causas de erros: Crioaglutinação Conservação do sangue in vitro Excesso de EDTA em relação ao volume coletado Hiperosmolaridade do sangue Macrocitose (VCM > 98 fL) Microcitose (VCM < 82 fL) VCM (média de distribuição de valores) Curva de frequência (histograma) CV = RDW HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Histograma e RDW Histogramas com microcitose em anemia ferropênica e macrocitose em anemia perniciosa. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Histograma e RDW Histogramas ilustrativos com RDW normal à esquerda e RDW muito aumentado à direita. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - RDW (Red blood cell distribution width) Expressa as variações de tamanho da população eritrocitária; Pode ser o primeiro indício de um distúrbio na eritropoese; Importância do RDW: - Anisocitose é um parâmetro numérico objetivo, matemático, estatisticamente correto e de utilidade clínica; - Dizer que as populações normais de eritrócitos têm volume corpuscular homogêneo é uma afirmativa simplista e criticável. - Útil no diagnóstico diferencial das anemias por deficiente síntese de hemoglobina. RDW “normal” = 11,5 – 14,5 Valores mais baixos não costumam ser vistos; Valores mais altos: ANISOCITOSE. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - RDW (Red blood cell distribution width) Histogramas de anemia ferropênica antes (a) e após (b) tratamento; os mesmos histogramas superpostos pelo computador (c). Histogramas de anemia ferropênica em tratamento em dois analisadores distintos (d) e (e). HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Hemoglobina corpuscular média (HCM) Quantidade média de hemoglobina por eritrócito: Sofre influência direta do VCM; O HCM é um parâmetro que deve ser analisado no contexto do hemograma e não de forma isolada. O HCM depende do VCM, o que limita sua utilização como parâmetro de hipocromia ou de hipercromia. HCM = Hg (g/dL) X 10 E x 106µL HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) A concentração média (massa/volume) da hemoglobina nos eritrócitos é calculada pelo quociente da média do HCM pelo VCM: Valores de referência: 31 – 36 g/dL (31 – 36%) – singularmente constante; CHCM = HCM/VCM Como HCM = Hb/E e VCM = Htc/E CHCM = Hb (g/dL) X 100/Htc (%) Utilização para controle das máquinas: CHCM fora da faixa usual exige confirmação das cifras que lhe deram origem (E, Hb, VCM). Erros comuns: crioaglutininas, hemólise e erros na dosagem de Hb e VCM. Avaliação de hipo e hipercromia HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) VCM = exato HCT = exato CHCM = exata Deformabilidade eritrócito normocrômico Zona de contagem Menor deformabilidade Zona de contagem HCT = aumentado CHCM = subestimada Deformação sofrida pelo eritrócito normocítico e normocrômico. Apesar da deformabilidade, são gerados parâmetros exatos e próximos aos verdadeiros. Deformação sofrida pelo eritrócito hipercrômico. A menor deformabilidade gera uma superestimação do VCM com aumento espúrio do hematócrito e diminuição da CHCM. VCM falsamente elevado HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) Zona de contagem HCT = diminuído CHCM = superestimada Maior deformabilidade Deformação pelo eritrócito hipocrômico. O VCM é menor do que o real, o hematócrito tem redução espúria e a CHCM é superestimada. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) Extensão sanguínea de paciente com anemia ferropriva instalada com hipocromia evidente. A CHCM foi obtida por automação E= 4,68 Hb=9,0 Hct=28,0 VCM=59,8 HCM=19,2 CHCM=32,1 Nesta situação, a análise da extensão sanguínea é a forma mais correta para avaliar a hipocromia! HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Concentração hemoglobínica corpuscular média (CHCM) HIPERCROMIA (CHCM 36 – 39%) • Esferocitose; • Coma hiperosmolar; • Desidratação; • Hemoglobinopatias; • CHCM > 37% deve ser reconferida! HIPOCROMIA (CHCM < 31%) • Deficiência de Fe com amenização progressiva – CHCM diminui lentamente, de modo linear e proporcional à queda de Hb. Pode ser importante anotar “hipocromia” ou “hipercromia” nos resultados, após o valor da CHCM, se ela estiver abaixo de 31% ou acima de 36%, respectivamente. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Contagem de reticulócitos Eritropoese – regulada por ILs e fatores de crescimento Células primitivas, sob influência da eritropoietina, sofrem mitoses, excluem o núcleo e passam ao sangue periférico como eritrócitos RNA ribossômico sofre progressivo catabolismo RNA residual Coloração acinzentada ou arroxeada Policromatocitose RETICULÓCITOS HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação laboratorial do eritrograma - Contagem de reticulócitos Os eritrócitos policromáticos do hemograma correspondem aos reticulócitos corados pelo azul de cresil brilhante! A policromatofilia está associada com anemias hemolíticas, regeneração medular e resposta ao tratamento de anemias carenciais. Os reticulócitos quase maduros, com poucos grânulos de RNA, possuem aspecto policromático de difícil identificação e, às vezes, não são visíveis ao olho humano. Por isso, a contagem de reticulócitos é mais exata que a policromatofilia em lâmina! HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Microscopia e conferência Mesmo com a supremacia da automação em relação aos dados numéricos, a microscopia persiste necessária no eritrograma. Amostra com contagens eletrônicas normais Observação rápida da lâmina para evidenciar/excluir possíveis alterações de significação diagnóstica Amostras com anormalidades das contagens eletrônicas Confirmar alterações numéricas, pesquisar dados morfológicos, consultar resultados dos demais exames, contatar médico requisitante... HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Policromatocitose Dado mais importante a pesquisar no sangue anêmico! Presença de número chamativo de eritrócitos recém saídos da medula (cor acinzentada/arroxeada) denota hiper-regeneração eritroide; Em casos de anemia sem causa óbvia, se a policromatose for inaparente ou duvidosa, deve ser comprovada ou excluída pela coloração de reticulócitos. Hipoxemia síntese renal de Epo eritropoese na medula HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretaçãogeral do eritrograma e alterações eritroides - Policromatocitose Quantificar Atentar para as dimensões dos eritrócitos policromáticos. Anotar macrócitos policromáticos. Quantificar eletronicamente, se disponível. Quantificação da policromatofilia Policromatófilos/ campo de 1.000X (100 – 200 células) Quantificação Reticulócitos (%) 1 Discreta ± 2,5 – 3,0 2 – 6 + ± 3,0 – 6,0 7 - 12 ++ ± 6,0 – 11,0 > 12 +++ ± > 11,0 Regenerações pós- hemorrágicas, anemias hemolíticas, tratamento de anemias carenciais, regeneração da medula óssea após quimioterapia ou aplasia transitória. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Macrocitose Os macrócitos costumam apresentar hipercromia ao microscópio; têm aumento da HCM, mas não da CHCM – NÃO há hipercromia real; O olho humano, ao microscópio, tem dificuldade de notar alterações discretas no diâmetro de uma população eritrocitária; Evitar denominar anemias macrocíticas de hipercrômicas! Observar VCM – considerar e avaliar a macrocitose. Diante de uma macrocitose, avaliar o HISTOGRAMA – distinção de uma macrocitose generalizada e de uma população bimodal. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Macrocitose Causas: Alcoolismo Hipotireoidismo Fármacos (iatrogênica) Hepatopatias Esplenectomia Hiper- regeneração eritroide Anemias megaloblásticas Anemia aplásica Síndromes mielodisplásicas Idiopática Síndrome de Down Artefatual Diversos HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Microcitose e hipocromia O olho humano, ao microscópio, tem dificuldade de notar alterações discretas no diâmetro de uma população eritrocitária; Síntese deficiente de Hb Estroma elástico se retrai Eritrócitos diminuem de volume Observar VCM – considerar e avaliar a microcitose. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Microcitose e hipocromia Causas: Anemia ferropênica Talassemia minor Anemia sideroblástica congênita Hemoglobinopatias Esferocitose Ovalocitose Anemia das doenças crônicas Síndromes mieloproliferativas HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Microcitose e hipocromia Dupla população microcítica/hipocrômica e normocítica pós-transfusional Hipocromia vista em grande aumento. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Microcitose e macrocitose Para identificar microcitose e macrocitose, compara-se o tamanho dos eritrócitos com o tamanho do núcleo de um linfócito pequeno. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Anisocitose Variabilidade excessiva no tamanho dos eritrócitos, com presença concomitante de macrócitos e micrócitos; Como simples observação baseada na microscopia, anisocitose é um dado subjetivo de duvidoso valor: A heterogeneidade volumétrica é quantificada pelo RDW. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Anisocromia Variabilidade excessiva na intensidade da coloração hemoglobínica dos eritrócitos, com presença concomitante de eritrócitos de aspecto hipercrômico e hipocrômico; O olho humano, ao microscópio, nota com facilidade a variação cromática, mas não consegue distinguir se as disparidades de coloração, de translucidez e de opacidade devem-se à espessura aumentada do glóbulo ou à excessiva concentração hemoglobínica. ANISOCROMIA VERDADEIRA?? Verificar o índice HDW. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Anisocromia e anisocitose Anemia sideroblástica: anisocitose e anisocromia extremas com o eritrograma respectivo e histograma característico de enorme abertura. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Pecilocitose (poiquilocitose) Presença de formas anormais de eritrócitos; A maioria tem denominações específicas (de acordo com suas características morfológicas individuais), outros não possuem características específicas, sendo chamados de poiquilócitos; Podem ter significância diagnóstica. Pode ser encontrada nas anemias graves com regeneração eritrocitária ativa ou hematopoiese extramedular. O aquecimento do sangue in vitro (T>42ºC) causa uma pecilocitose artefatual extrema! HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica A exata e difícil caracterização das formas anormais tem pré- requisitos: Lâminas impecavelmente coradas e distendidas; Cuidado na escolha dos campos a examinar: áreas onde os eritrócitos tocam-se mas não se empilham; Experiência do técnico e conhecimento da patologia eritroide. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Lâminas no caso de anemia ferropênica, distendidas antes e depois da retirada do excesso de plasma. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Interpretação geral do eritrograma e alterações eritroides - Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Escolha de campos para microscopia da série vermelha: inapropriado e apropriados. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Normócitos (eritrócitos normais): discos bicôncavos, com notável área mais clara decorrente da menor espessura central; Esferócitos: não são esféricos, mas têm biconcavidade reduzida. Contorno circular regular, volume mantido, diâmetro reduzido. Perdem a zona clara central na microscopia ótica; - Originam-se de defeitos genéticos nas proteínas de membrana que desestabilizam o citoesqueleto; - Hemolisam prematuramente. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Esferócitos: anemias hemolíticas imunológicas. Eliptócitos ou ovalócitos: podem ser ovais ou em forma de charuto. Associados com defeitos genéticos que afetam as proteínas do citoesqueleto. Sobrevida próxima a normal; -Anemias microcíticas e megaloblásticas e síndromes mieloproliferativas. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Estomatócitos: eritrócitos com membrana retraída em cúpula. Podem ser artefatuais ou reais. - Sangue do RN, doenças hepáticas, tratamento com asparaginase e estomatocitose familiar (rara). Equinócitos: HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Acantócitos: eritrócitos contraídos (densos), esferoides, com espículas de dimensões e distribuição irregulares; algumas têm ponta alargada; - Deformação irreversível – formação in vivo; - Hipofunção esplênica e pós-esplenectomia, acompanhados de corpos de Jolly; - Hepatopatias avançadas (comum), abetalipoproteinemia congênita; - Deficiência de tocoferol nos primeiros meses de vida. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Leptócitos: eritrócitos delgados, com excesso membrana. Tênues e deformáveis; ondulam-se na circulação, tomando aspecto de codócitos; -Eritrócitos em alvo; -Hemoglobinopatia C, síndromes falcêmicas e β-talassemia; -Alterações na composição lipídica do plasma – icterícias obstrutivas e tratamento com asparaginase; -Hipofunção esplênica. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Dacriócitos: eritrócitos em forma de gota ou lágrima; - Deformam-se no baço: estiramento além dos limites de elasticidade; - Acredita-se que se formem durante a remoção de inclusões anormais; - Mielofibrose primária (numerosos); - Anemia ferropênica, megaloblástica e outras (pequeno número). HEMATOLOGIACLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Drepanócitos (eritrócitos falciformes): - Caracterizam as síndromes falcêmicas, decorrentes da presença de Hb S. Hb S – variante genética da Hb A (troca de ácido glutâmico por valina). Alteração da solubilidade da Hb, que cristaliza quando submetida a baixas tensões de oxigênio = deformação falciforme dos eritrócitos. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Eritrócitos fragmentados, irregularmente contraídos e mordidos - Originam-se de vários mecanismos: Trauma por colisão em zonas de fluxo turbulento com superfícies mal endotelizadas ou artificiais (próteses); Trauma ao ultrapassar depósitos intravasculares de fibrina ou agregados plaquetários; Trauma mecânico sobre os eritrócitos na circulação cutânea por choque corporal; Agressão térmica nas queimaduras; Agressão química pelo uso de fármacos oxidantes. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Formas anormais (pecilócitos) de significação diagnóstica Eritrócitos fragmentados, irregularmente contraídos e mordidos - O trauma e a agressão fragmentam os eritrócitos, gerando formas características, algumas com designações próprias (queratócitos ou helmet cells, degmócitos ou bite cells, blebs); - A intermação do sangue in vitro causa artefatos similares. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Inclusões nos eritrócitos Corpos de Howell-Jolly: - Cromossomos aberrantes, remanescentes de mitoses anômalas; - Hipofunção esplênica (asplenia), doenças com diseritropoese; - IMPORTANTE – relatar a presença de corpos de Howell-Jolly em pessoas não esplenectomizadas: sugestivo de hipofunção esplênica. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Inclusões nos eritrócitos Pontilhado basófilo: -Artefato da coloração pela precipitação dos ribossomos quando muito ricos em RNA; -Visto em micrócitos da β-talassemia minor (diferencia da anemia ferropênica); -Observado na intoxicação pelo chumbo (saturnismo): pontilhado grosseiro; -Patognomônico na anemia hemolítica por deficiência genética de pirimidina-5-nucleotidase: pontilhado tênue, na maioria dos eritrócitos. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Inclusões nos eritrócitos Corpos de Heinz: -Corpúsculo de hemoglobina desnaturada, precipitados por corantes supravitais; -Variantes genéticas instáveis da hemoglobina, crises hemolíticas em pacientes com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e na agressão dos eritrócitos por fármacos oxidantes; -Numerosos somente em pessoas esplenectomizadas. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Inclusões nos eritrócitos Siderossomos (corpúsculos de Pappenheimer): -Grânulos de ferro dispostos de forma irregular, na periferia do eritrócito; -Vistos na síndromes mielodisplásicas; -Melhor visualizados com coloração de Perls. HEMATOLOGIA CLÍNICAEritrograma Inclusões nos eritrócitos Anéis de Cabot -Restos do fuso mitótico; -Raramente vistos nas diseritropoeses (anemia perniciosa e síndromes mielodisplásicas). Cristais: - Hemoglobinopatia C homozigótica, protoporfiria eritropoética.
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