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DISTÚ RBIOS OSTEOARTICÚLARES 1. DESENVOLVIMENTO ÓSSEO Os ossos são derivados do mesoderma que origina o mesênquima composto por células pluripotenciais. Na quinta semana do desenvolvimento embrionário forma-se o esboço mesenquimal do esqueleto. Enquanto na sexta semana forma-se o esqueleto cartilaginoso. Entre a sétima e décima segunda semana começa a OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL, responsável por originar todos os ossos axiais a partir de um processo inicial de cartilagem e posterior substituição por tecido ósseo. A maior parte dos ossos do crânio e das clavículas se origina por outro tipo de ossificação denominada de OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA em que o tecido ósseo já é inicialmente formado. O processo de ossificação endocondral inicia-se na diáfise do osso (centro de ossificação primário) onde o tecido cartilaginoso pré- formado é calcificado provocando a morte dos condrócitos. Após a calcificação é invadido por mesênquima rico em vasos sanguíneos e osteoblastos que serão responsáveis pela formação do tecido ósseo mineralizado. A partir de então, o centro de ossificação começa a se expandir para as extremidades dos ossos. No nascimento, as diáfises já estão todas ossificadas. Nas extremidades dos ossos, encontramos a epífise e juntamente o centro de ossificação epifisário. A ossificação da epífise tem inicio um pouco antes do nascimento em dois locais principais: epífise distal do fêmur e na proximal da tíbia. Após o nascimento os demais centros epifisário ou secundário como também podem ser denominado vão surgindo e expandindo deixando uma placa cartilaginosa entre a epífise e a metáfise ossificadas denominada de PLACA EPIFISÁRIA. É pela placa epifisária que o osso cresce de comprimento por ser um tecido cartilaginoso rico em condrócitos que se proliferam intensamente. Na fase adulta, a placa epifisária torna-se ossificada e o crescimento cessa. Na diáfise é que o osso cresce de espessura pela ossificação do periósteo e endósteo que é a camada que reveste o canal medular. 2. HISTOLOGIA - CANAIS DE HAVERS: - Canais com vasos sanguíneos paralelos presentes no osso cortical que são ligados entre si pelos canais transversais de Volkmann. - Cada canal de Havers é circundado por camadas concêntricas de osso lamelar (não desenvolvido) que abriga osteócitos também arranjados em anéis concêntricos. - Cada osteócito vive em sua pequena lacuna, e se comunica com os vizinhos e com o canal de Havers por diminutos canalículos. O interior de cada canal de Havers é forrado por osteoblastos inativos ou células osteoprogenitoras. O mesmo ocorre na superfície interna da cortical óssea e superfície externa das trabéculas ósseas do osso esponjoso. São as células dessa camada chamada de endósteo que depositam osso novo quando ocorre remodelação óssea Em casos de regeneração óssea, os osteoblastos presentes em volta dos canais de Havers são responsáveis por depositar matriz óssea que auxiliara na remodelação. 3. DOENÇAS DA INFÂNCIA A. LEGG-CLAVÉ-PERTHES É uma doença em que ocorre a necrose avascular idiopática da epífise femoral em crescimento devido a pouca irrigação sanguínea da epífise por vasos da cápsula articular. Pode se apresentar bilateral em ate 20% dos casos, ocorrendo mais comumente em meninos do que meninas. Os sintomas são dores na região inguinal ou na parte anterior da coxa com claudicação (dificuldade de caminhar) e limitações na rotação do quadril e abdução. O tratamento consiste em evitar o desgaste da epífise do fêmur mantendo uma contenção da cabeça desse osso a fim de evitar que saia do acetábulo da pelve. B. EPIFISIÓLISE DO QUADRIL Como o próprio nome já diz, acomete a epífise proximal do fêmur, próximo ao quadril. Ocorre um deslizamento da epífise do fêmur em relação ao colo do fêmur devido ao enfraquecimento da placa epifisária (tecido cartilaginoso em crescimento). A cabeça do fêmur rotacional para baixo e para trás fazendo uma rotação interna. Enquanto o colo desliza para cima, para frente e faz uma rotação externa formando uma espécie de bengala. Os sintomas indicam dores no quadril, claudicação, limitação da rotação interna, flexão e abdução do quadril. O tratamento é cirúrgico com o objetivo de promover o fechamento da placa epifisária prendendo o colo femoral á epífise e evitando o deslizamento de ambas as partes entre si. 3. DISPLASIA CONGÊNITA DO QUADRIL Como o próprio nome já diz, displasia significa deformação de algum órgão ou tecido, congênita significa que o individuo já nasce com isso e do quadril é a região afetada. Essa displasia envolve uma deformação progressiva dos ossos do quadril provocando defeitos no fêmur proximal, na capsula articular, no musculo ileopsoas e adutores, além de defeito no acetábulo que se torna mal direcionado provocando uma luxação excessiva. O diagnostico deve ser realizado o mais rápido possível para elevar a eficácia do tratamento, existe manobras especificas para determina o prognostico da doença. Manobra de Ortolani e Barlow Sinal de Galeazzi Sinal de Trendelenburg 4. FRATURAS A. TIPOS DE FRATURAS Podem existir inúmeros tipos de fraturas nos ossos dependendo da força exercida sobre os mesmos. Forças de angulação produzem fraturas transversas ou obliquas. Forças de torção produzem fraturas espirais Força de tração exagerada em um ligamento promove fraturas de avulsão (separa o osso) Forças compreensivas promovem fraturas por compressão ou fraturas impactadas. Existem fraturas patológicas, ou seja, que são causadas por algum tipo de doença como a osteosporose, infecções e inflamações. B. CONSOLIDAÇÃO DE FRATURAS A consolidação de fraturas, ou seja, a recuperação óssea após uma fratura subdivide-se em três fases: 1. FASE PRECOCE (INFLAMAÇÃO) Ocorre o rompimento dos pequenos vasos do osso e periósteo com sangramento formando hematomas no local fraturado. A coagulação do hematoma serve de estimulo para iniciar o processo de consolidação, sendo invadido por pequenos vasos (angiogênese) trazendo consigo células mesenquimais pluripotentes de tecido conjuntivo originadas do periósteo (condroblastos). 2. FASE DO CALO FRATURÁRIO MOLE Nas primeiras duas semanas, começa a se formar tecido frouxo fibrocartilaginoso devido a presença de condroblastos circundando a lesão, dando a forma de abaulamento no ponto de fratura do osso (calo). 3. FASE DO CALO FRATURÁRIO DURO Aparecem os osteoblastos que começam a produzir tecido ósseo um pouco longe ainda da fratura ou do traço da fratura. Em seguida começa a preencher todo o foco da fratura, incluindo o traço e regiões adjacentes. Forma-se um verdadeiro calo ósseo apresentado no Raio – X a partir de cerca de seis semanas. Após 4 a 8 meses há formação do osso maduro e a fratura desaparece no RX. Ao longo dos próximos meses o osso vai se remodelando, retirando os excessos ate que volte a forma normal antes da fratura. C. COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS As fraturas podem trazer inúmeras complicações além de uma simples fratura óssea. Em casos mais raros podem-se apresentar lesões arteriais como, por exemplo, fraturas do acrômio podem comprometer as artérias radiais e ulnar, fraturas femorais podem prejudicar as artérias femorais. Os ossos fraturados podem sofrer com infecções por estafilococos áureos levando a um quadro de OSTEOMIELITE, muito comum em fraturas expostas já que a Aureus é uma microbiota natural da pele. SÍNDROME COMPARTIMENTAL – aumento de pressão em determinado local fraturado resultando em diminuição da perfusão sanguínea (passagem de sangue para algum tecido) de músculos e órgãos. Ocorre dor intensa que não melhora com analgésicose piora com a palpação, parestesia de extremidades, palidez, paralisia e ausência de pulsos (diminuição da perfusão sanguínea). O tratamento é realizado por FASCIOTOMIA quando se corta a fáscia para aliviar a pressão interna. Podem ocorrer casos de NECROSE AVASCULAR como ocorre na doença de LEGG-CARVÉ-PERTHES em que o osso sofre processo de necrose devido ao pouco fluxo sanguíneo que o atinge. EMBOLIA GORDUROSA - A embolia gordurosa (EG) é a oclusão de pequenos vasos por gotículas de gordura, geralmente originadas nas fraturas do fêmur, tíbia e bacia, e nas artroplastias do joelho e quadril. Normalmente não causa danos aos órgãos atingidos, a menos que seja maciça. Quando ocorre a fratura, lesões da medula óssea amarela composta por gorduras podem ser liberadas e entrarem na corrente sanguínea. EMBOLIA PULMONAR – fraturas podem gerar a trombos para conter o sangramento ósseo, resultado do processo de coagulação. Esses trombos podem evoluir para um quadro de trombose caso não sejam eliminados, se atingirem os vasos pulmonares, causarão um quadro de embolia pulmonar. 5. DISTÚRBIOS ARTICULARES A. CLASSIFICAÇÃO DOS DISTÚRBIOS: GRUPO I: - doença articular não inflamatória - osteoartrite, articulação neuropática. GRUPO II - doença articular inflamatória - artrite reumatoide e gota GRUPO III - doença séptica da articulação (infecção) - doença de Lyme (LD)e gonococcemia disseminada (GD) GRUPO IV -doença hemorrágica da articulação - trauma, hemofilia A e B B. SINAIS E SINTOMAS DE D.A ARTRALGIA: dor nas articulações ARTRITE: inflamação da articulação associada a dor, inchaço, sensibilidade e calor RIGIDEZ MATINAL: dor ou rigidez nas articulações por mais de 30 minutos MOBILIDADE ARTICULAR DIMINUIDA INCHAÇO DA ARTICULAÇÃO: causada pelo aumento do fluido articular VERMELHIDÃO E CALOR: sinais de inflamação da articulação CREPITAÇÃO ARTICULAR AO MOVIMENTO: barulho ou estalo da articulação. C. OSTEOARTRITE Osteoartrite é a degeneração progressiva da cartilagem articular que acomete principalmente as articulações que são usadas frequentemente, muito comuns nas regiões dos joelhos em atletas, além de mãos e vertebras cervicais e lombares. Não apresentam predileção por sexo, ocorrem universalmente, mais comum em pessoas com mais de 65 anos de idade devido ao desgaste com o tempo, indivíduos com a doença de Legg- Carvé-Perthes onde ocorre a necrose da epífise femoral. Outros indivíduos com fatores de risco para osteoartrite são os obesos, indivíduos com lesões no menisco, doença articular neuropática e traumas recorrentes. Dificilmente atingem ombros e cotovelos, e pés com exceção da primeira articulação metarsofalangiana. PATOGENESE: A cartilagem articular é composta por proteoglicanos que conferem elasticidade para a cartilagem e colágeno tipo II que garantem resistência a tração. No caso da Osteoartrite as citocinas ativam proteínas que degradam os proteoglicanos e o colágeno da articulação. Ocorrem erosão e fissuras na cartilagem articular, formação óssea reativa nas margens da articulação (forma uns carocinhos, muito visíveis nas mãos), cistos subcondrais, ausência de fusão da articulação e fragmentos de cartilagem articular no espaço articular. ACHADOS CLÍNICOS: Ocorrem dores nas articulações devido a inflamação sinovial (camada óssea revestindo a articulação) e o encontro de osso com osso, sendo a dor agravada com movimentações das articulações. Ocorre rigidez articular após um longo período de inatividade, geralmente ao acordar ou sentar. Crepitação das articulações e diminuição da amplitude dos movimentos articulares. Nas mãos, ocorre o aumento das articulações interfalangeanas distais causadas por osteófitos. Nas vertebras ocorre degeneração do disco vertebral e compressão nervosa, causando dor, parestesia e atrofia muscular. D. ARTRITE REUMATÓIDE É uma condição sistêmica autoimune associada à inflamação articular crônica que afeta comumente as articulações periféricas como punhos, mãos e pés. Outras articulações comumente atingidas incluem a coluna cervical, ombros, cotovelos, quadris, joelhos. Acomete mais mulheres entre 30 a 50 anos, o uso de tabaco, obesidade e silicose são fatores de risco para artrite reumatoide. Existem varias associações de antígenos leucocitários humanos que envolvem sinalização intracelular e produção de certos tipos de proteínas citrulinadas sinoviais. Essas proteínas cirtrulinadas sinoviais encontrada no liquido sinovial (fluido localizado entre as articulações) são atacadas por auto anticorpos do sistema imune no caso clinico de AR. Alguns agentes microbianos iniciam a inflamação sinovial como o vírus Epstein-Barr, o parvovirus B19, o hespersvirus 6 e o Mycoplasma spp. Na artrite reumatoide pode ocorrer reações tanto do tipo II (inflamatórias) quanto do tipo IV (hemorrágicas). Um mecanismo proposto é que as células T CD4 + auxiliares sejam ativadas, conduzindo a liberação de agentes pós-inflamatórios (TNF) Quando as células sinoviais encontram-se inflamadas expressam antígenos fazendo com que as células B produzam fator reumatoide. FR é um auto anticorpo IgM que possui especificidade para IgG. Os IC ativam C5a um agente quimiotático para neutrófilos e leucócitos entrarem no espaço articular e promoverem a Sinovite Crônica e a formação de Pannus (tecido de granulação que é formado dentro da cavidade articular que destroem a cartilagem articular) ACHADOS CLÍNICOS Envolvimento simétrico das articulações metacarpofalangeanas e interfalangeanas proximais com conservação das interfalangeanas distais. Apresentam algumas alterações articulares: desvio ulnar bilateral nas MCF, deformidade em pescoço de cisne, deformidade “casa de botão”. As radiografias mostram erosões osseas ao redor das articulações envolvidas e osteopenia periarticular. Podem ocorrer alterações pulmonares como pleurite crônica com efusões, fibrose intersticial e bronquite obliterante. Doenças hematológicas também são comuns como anemia de doença crônica e Síndrome de Felty – AR, esplenomegalia, neutropenia autoimune, ulceras em MMII. AR X OSTEOARTRITE A Artrite Reumatoide (AR) e a Osteoartrose (OA) são doenças articulares crônicas degenerativas que apresentam sintomas comuns causados pelas alterações estruturais e funcionais das articulações, porém distintas. A Artrite Reumatoide é classificada como doença autoimune. Ela é produzida pelo próprio organismo como um tipo de resposta imunitária contra os seus próprios tecidos, articulações e órgãos, e os trata como estranhos. Tendo como principais sintomas a dor, rigidez, inchaço e inflamação nas membranas sinoviais e estruturas articulares. As articulações mais acometidas são punho, interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas. A Osteoartrose é uma doença que atinge, fundamentalmente, a cartilagem articular, que é um tecido conjuntivo elástico que se encontra nas extremidades dos ossos que se articulam entre si. Os principais sintomas são dor e rigidez, crepitações, limitação nos movimentos das articulações. Frequentemente a osteoartrose aparece em idosos, mas outros fatores podem levar ao desenvolvimento da doença como a obesidade, uso excessivo e inadequado das articulações e disfunções hormonais. Acomete as articulações do quadril, joelho, coluna e dedos. De acordo com os levantamentos feitos, foi verificado que a Osteoartrose e Artrite Reumatoide são doenças distintas, mas que apresentam algumas semelhanças. Havendo diferenças em suas patologias, tendo na Artrite Reumatoide a inflamação nos tecidos que formam as articulações e a Osteoartrose a degeneração articular. Através de imagens radiográficaspodemos perceber o diagnóstico diferencial. Na Artrite Reumatoide são apresentadas deformidades características como “pescoço de cisne”, “dedo em botoeira” e na Osteoartrose observamos a presença de osteófitos.
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