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INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA As imagens radiográficas são possíveis porque os raios X atravessam a matéria, então os tecidos absorvem os raios X e, partir do tipo de tecido e a sua espessura, pode-se criar uma imagem padrão de raio X. As áreas da imagem que são pretas representam regiões onde muitos raios X passaram através do paciente e atingiram o receptor. As áreas de imagem que são brancas representam regiões onde muitos raios X foram absorvidos pelo paciente e, poucos ou nenhum atingiram o recepto. Entre os dois extremos de preto e branco, estão os muitos tons de cinza. A radiopacidade de cada um está diretamente relacionada com o número de raios X que penetram o paciente e atingem o receptor. NOMEANDO AS PROJEÇÕES RADIOGRÁFICAS As projeções radiográficas são nomeadas de acordo com a direção em que o raio central do feixe primário de raios X penetra na parte de interesse do corpo (do ponto de entrada ao ponto de saída) Denominando as projeções: Membro torácico • Craniocaudal (imagem de frente pra trás) • Dorsopalmar (depois do carpo) • Médiolateral (de um lado para o outro) • Lateromedial (grandes animais) Membro pélvico: • Dorsoplantar (depois do tarso) • Ventrodorsal SISTEMA ÓSSEO 2.1 - HISTOLOGIA O sistema ósseo tem a função de sustentação do corpo e seus componentes musculoesquelético, de tecidos moles, protege dos órgãos vitais, aloja a medula óssea, reserva íons e compostos inorgânicos sendo os mais importantes cálcio e fosfato. O tecido ósseo é um tipo especializado de tecido conjuntivo. A mineralização da matriz proporciona dureza ao tecido, sendo que, a matriz colágena concede certa flexibilidade sendo demasiadamente dinâmicas, podendo crescer, se remodelar e manter sua atividade durante toda a vida do organismo. CLÍNICA COMPLEMENTAR AO DIAGNÓSTICO I EXAMES DE IMAGEM Os OSTEOBLASTOS são responsáveis pela sintetização da matriz orgânica óssea, é encontrado na periferia da matriz óssea. Os OSTEÓCITOS são osteoblastos aprisionados dentro da matriz óssea, responsáveis pela manutenção da matriz óssea, é encontrado dentro da matriz óssea. Os OSTEOCLASTOS são responsáveis pela reabsorção e remodelagem óssea, a sua atividade é regulada por hormônios. Encontra-se na periferia da matriz óssea. A PARTE INORGÂNICA DA MATRIZ ÓSSEA é aproximadamente de 50% do peso da matriz óssea. Os íons mais abundantes são o fosfato e o cálcio. Possuem também bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato em pequenas quantidades. Os cristais que se formam pelo cálcio e o fósforo têm a estrutura da hidroxiapatita, com a seguinte composição: Ca10 (PO4) 6(OH) 2. A PARTE ORGÂNICA DA MATRIZ ÓSSEA é constituída por fibras colágenas, sendo aproximadamente de 95%. São formadas de colágeno do tipo I e por pouca quantidade de proteoglicanos e glicoproteínas. A combinação de hidroxiapatita a fibras colágenas é responsável pela rigidez e resistência do tecido ósseo. O PERIÓSTEO é uma membrana de tecido conjuntivo denso modelado que reveste as camadas externas do osso. É responsável pela nutrição, inervação e pela osteogênese. Contém osteoblastos e osteoclastos. O ENDEÓSTEO é semelhante ao periósteo, porém é mais delgada e reveste as camadas internas dos ossos esponjosos. 2.2 - ALTERAÇÕES NA RADIOPACIDADE DO OSSO DIMINUIÇÃO DA RADIOPACIDADE: OSTEÓLISE É destruição óssea em decorrência da reabsorção da mesma pelos osteoclastos. Esta condição ocorre mais frequentemente nos ossos do quadril, membros inferiores, tórax e coluna. Surge quando não estão sendo produzidas células ósseas suficientes para substituir as células antigas, que sofreram reabsorção. Fatores que levam à osteólise: neoplasias ósseas e mieloma, metástase de neoplasias, inflamação das articulações e cirurgia de substituição articular. REABSORÇÃO ÓSSEA O processo da remodelação óssea ocorre através da reabsorção e da formação óssea, dois processos intermediados pelos osteoclastos e osteoblastos. Durante a reabsorção óssea ocorre o adelgaçamento da região cortical óssea. A estrutura óssea é dissolvida e digerida pelos ácidos e enzimas produzidas pelos osteoclastos. OSTEOPENIA Condição fisiológica característica pela diminuição da densidade mineral (massa), principalmente de cálcio e fósforo dos ossos, precursora da osteoporose. Classifica-se osteopenia quando a massa óssea é de 10% a 25% menor que a considerada normal. Mais do que isso, classifica-se como osteoporose. AUMENTO DA RADIOPACIDADE: PROLIFERAÇÃO PERIOSTAL É o crescimento de tecido ósseo sobre os ossos dos membros torácicos e/ou pélvicos. É irregular e possui orientação perpendicular à córtex. A intensidade das reações periosteais pode ser uniforme, regular ou ainda agressivo. Assemelha-se a espículas ósseas muito próximas entre si. ESCLEROSE (OSTEOCLEROSE) Condição em que a densidade óssea é aumenta significativamente. Ocorre o endurecimento e engrossamento ósseo. Causado por osteoartrite e osteoma. https://www.infoescola.com/citologia/osteoclasto/ https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Condi%C3%A7%C3%A3o_fisiol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Osso https://pt.wikipedia.org/wiki/Osteoporose 2.3 - REAÇÃO PERIOSTAL Quando ocorre um insulto que induz a reação periosteal, há proliferação vascular e espessamento do periósteo normal em resposta ao fator desencadeante. As causas de reação periosteal podem ser muito variadas e uma lista geral deve incluir tumores, infecção, trauma, drogas, estase venosa, doenças osteometabólicas, congênitas e artrites. A morfologia da reação periosteal reflete a intensidade, a duração e a agressividade do agente desencadeante. TIPOS DE REAÇÃO: SÓLIDA A reação periosteal sólida representa uma neoformação óssea contínua e acoplada à superfície externa do córtex e tipicamente ocorre em resposta a processos indolentes e benignos. Pode ser fina, mas esporadicamente processos crônicos podem originar reações sólidas mais espessas. LAMELAR A reação periosteal lamelar, também denominada “casca de cebola”, origina-se pela deposição de camadas concêntricas e superpostas de neoformação óssea periosteal, separadas por dilatação vascular e por tecido conjuntivo frouxo. ESPICULADA A reação periosteal espiculada corresponde a finas espículas com orientação perpendicular à cortical óssea (as espículas apontam para um epicentro no osso). “Sunburst”. TRIÂNGULO DE CODMAN O triângulo de Codman é a versão interrompida da reação lamelar. A região do triângulo de Codman em geral é livre de tumor, mas pode ser secundariamente infiltrada. Este tipo de reação periosteal foi descrito inicialmente no osteossarcoma, mas pode ser observado em outros tumores ósseos primários malignos ou nas metástases ósseas, na osteomielite, no trauma, em tumores benignos, porém ativos, como o cisto ósseo aneurismático. 2.4 - FRATURAS ÓSSEAS As fratura ósseas podem ser completas ou incompletas. A FRATURA COMPLETA é aquela que o osso sofre descontinuidade total. A FRATURA INCOMPLETA atravessa apenas uma parte do osso (são fraturas com um pequeno desvio). DIÁSTASE é quando ocorre a ruptura/perda da continuidade do osso (solução de continuidade). É o afastamento ou desvio atípico e duradouro de duas estruturas que, em regra geral, se encontram em contato contíguo. • O desvio do eixo ósseo é sempre considerado a partir do fragmento distal ao foco da fratura CLASSIFICAÇÃO DA FRATURA: POR ESTRESSE OU ESFORÇO Fratura induzida por fadiga óssea causada por tensão repetida ao longo do tempo. Em vez de resultar de um único impacto severo, as fraturas por estresse resultam de traumas acumulados de carga submáximas repetidas, como correr e pular. Comum em equinos. ABERTAOU FECHADA As FRATURAS ABERTAS (EXPOSTA) são aquelas em que os ossos quebrados saem do lugar, rompendo a pele e deixando exposta uma de suas partes, que pode produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por objetos penetrantes. Pode causar infecções. As FRATURAS FECHADAS (INTERNAS) são aquelas nas quais os ossos permanecem no interior do membro sem perfurar a pele. Pode, entretanto, romper um vaso sanguíneo ou cortar um nervo. SIMPLES OU MÚLTIPLA A FRATURA SIMPLES é quando apenas um osso é afetado. A FRATURA MÚLTIPLA é aquela que existe mais de uma fratura no mesmo osso. Existem dois tipos de fraturas múltiplas: cominutiva e segmentada. A FRATURA COMINUTIVA é a fratura com numerosos fragmentos. A FRATURA SEGMENTADA (DUPLA) é quando há até 3 fraturas no mesmo osso. OSTEOCONDRAL Defeito na cartilagem de uma articulação e no osso subjacente. Cartilagem é um tecido conjuntivo que cobre os ossos entre as articulações. Quando há degeneração, separação ou ruptura da cartilagem, pode ser referida como uma lesão osteocondral. O osso direito embaixo da cartilagem pode também ser afetado. A articulação do joelho, do tornozelo e do cotovelo são locais comuns onde esse defeito ocorre principalmente em animais atletas. No exame de imagem não é possível enxergar a parte cartilaginosa. Não há formação de calo ósseo pois não se encontra no periósteo. PATOLÓGICA Ocorre por uma doença óssea prévia, afetando a estrutura óssea e o enfraquecendo. Comum em desbalanços nutricionais, osteossarcoma, osteomielite e osteoporose. EPIFISÁRIA (SALTER-HARRIS) Utilizada para classificar fraturas ósseas que afetam a cartilagem de crescimento do osso. Usado em fraturas de animais em crescimento. Após o crescimento completo do osso essa classificação não será mais utilizada. Classificada em 5 tipos: • I: fratura transversa através da placa de crescimento (fise) • II: fratura através da placa de crescimento e metáfise, mas poupando a epífise • III: fratura através da placa de crescimento e epífise, mas poupando a metáfise • IV: fratura atravessa todos os três elementos do osso (placa de crescimento, metáfise e epífise) • V: fratura compressiva da placa de crescimento (que resulta em uma diminuição na percepção do espaço entre a epífise e diáfise no RX CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TRAÇO: TRANSVERSA O osso se fratura transversalmente (em 90°) em relação ao eixo. LONGITUDINAL Fratura incompleta ao longo do eixo do osso. Fácil cicatrização. OBLÍQUA A fratura cresce na diagonal. ESPIRAL Fratura por força rotacional. Fratura onde um pedaço do osso é girado. O osso tende ir à diáfise. COMINUTIVA O osso quebra em vários pedaços (fragmentos). É uma fratura grave, sem osteosíntese e sem procedimentos cirúrgicos. AVULSÃO Ocorre próximo às articulações. A própria articulação faz compressão no osso. Uma forte contração muscular separa o tendão do osso. Entorce (cão). Tração muscular (equino) IMPACTAÇÃO Fratura por queda ou esmagamento (rara). GALHO VERDE O osso se deforma, mas não ocorre a fratura. É a flexão excessiva do membro. Comum em filhotes pela imaturidade óssea. Fratura de fácil reparação. LUXAÇÃO Deslocamento repentino e duradouro, parcial ou completo de um ou mais ossos de uma articulação. Sucede quando uma força atua diretamente ou indiretamente numa articulação, empurrando o osso para uma posição anormal. Perda da articulação óssea. SEQUESTRO ÓSSEO É quando um fragmento ósseo necrosado se destaca ou se separa de sua região de origem. Tem formato elíptico e é muito evidente no osso cortical. É geralmente secundário a traumas. Comum em equinos. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À LOCALIZAÇÃO: • Intrarticular • Diafisária • Epifisária • Salter-Harris MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DO PACIENTE COM FRATURAS ÓSSEAS: Os sinais e sintomas de uma fratura dependem do osso afetado, idade, saúde geral e gravidade das lesões • Dor • Aumento do volume no local lesionado (edema) e formação de calo ósseo • Esquimoses, hematomas ou manchas na pele. Mudanças na cor da pele. • O paciente não é capaz de suportar o peso sobre a perna ferida (impotência funcional e claudicação) • Barulho de crepitação no segmento ósseo afetado • Fístula-tunante 2.5 - FORMAÇÃO DO CALO ÓSSEO FASE 1: INFLAMATÓRIA Imediatamente após o trauma, ocorre a formação de um hematoma formado por células sanguíneas. A lesão inicia uma resposta inflamatória que é necessária para o processo de cicatrização. A resposta inflamatória faz com que o hematoma coagule entre e ao redor das extremidades da fratura, e dentro da medula formando um modelo para a formação do calo ósseo. Secreções rápidas e bem reguladas de moléculas pró-inflamatórias após uma lesão aguda é fundamental para a regeneração do tecido. A resposta inflamatória aguda atinge seu pico nas primeiras 24 horas e se completa após sete dias, embora as moléculas pró-inflamatórias mais tarde continuem desempenhando um papel importante no final da regeneração. FASE 2: RECRUTAMENTO DE CTM Para o osso se regenerar, células-tronco mesenquimais (CTM) específicas devem ser recrutadas, proliferar, e se diferenciar em células osteogênicas. FASE 3: FORMAÇÃO DO CALO ÓSSEO CARTILAGINOSO E PERIOSTAL Embora a consolidação da fratura consista de uma ossificação intramembranosa e endocondral, ocorre a formação de um calo cartilaginoso, que posteriormente sofre mineralização, reabsorção e é então substituído por osso que é a característica principal deste processo. Após a formação do hematoma primário, é formado um tecido de granulação rico em fibrina. Dentro desses tecidos, ocorre a formação endocondral entre as extremidades da fratura e o periósteo. Essas regiões são mecanicamente menos estáveis e o tecido cartilaginoso forma um calo que promove maior estabilidade na região local da fratura FASE 4: REVASCULARIZAÇÃO E NEOANGIOGÊNESE A consolidação das fraturas requer um suprimento sanguíneo e a revascularização é essencial para o sucesso da reparação óssea. FASE 5: FORMAÇÃO DO CALO ÓSSEO DURO Para que a regeneração óssea progrida, o calo mole principal precisa ser reabsorvido e substituído por um calo ósseo. O mecanismo de calcificação envolve o papel da mitocôndria, que contém grânulos de cálcio, criando hipóxia no local da fratura. Depois de preparar o citoplasma, os condrócitos do calo da fratura e os grânulos de cálcio são transportados para a matriz extracelular onde se precipitam com o fosfato e iniciam a formação de depósitos minerais. Esses depósitos de cálcio e fosfato se agrupam e formam cristais de apatita. Com o tempo o calo rígido e a cartilagem calcificada são substituídos por osso esponjoso e se torna mais sólido e mecanicamente rígido. FASE 6: REMODELAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO ÓSSEA Embora o calo rígido seja uma estrutura que proporcione uma estabilidade biomecânica, ele não restaura completamente as propriedades biomecânicas do osso normal. Para alcançar isso, o processo de cicatrização da fratura inicia uma segunda fase de reabsorção, desta vez para remodelar o calo rígido em uma estrutura de osso lamelar com uma cavidade central medular. O processo de remodelação é realizado por um difícil equilíbrio de reabsorção do calo pelos osteoclastos, e deposição de osso lamelar pelos osteoblastos. Para que a remodelação óssea seja bem-sucedida, um adequado suprimento sanguíneo e um aumento da estabilidade mecânica são decisivos. Isto é claramente demonstrado nos casos em que esses fatores decisivos não são atingidos, resultando no desenvolvimento de uma fibrose atrófica (não união óssea). No entanto, nos casos em que se tem uma boa vascularização, mas há uma fixação instável, o processo de cicatrizaçãoevolui para a formação de um calo cartilaginoso, que resulta em uma pseudoartrose (não união hipertrófica). 2.6 - DEFEITOS E COMPLICAÇÕES NAS CONSOLIDAÇÕES ÓSSEAS OSTEOPOROSE POR DESUSO Causada falta de sustentação de peso e de atividade física, provocando uma diminuição no estímulo mecânico necessário para crescimento e remodelamento ósseo. Carga mecânica promove deformação no osso, e conseqüentemente gera um estímulo para uma resposta óssea local. CALO ÓSSEO EXUBERANTE Formado quando o periósteo é bastante vascularizado (comum em filhotes), a formação do calo ósseo é reduzido, formando um calo ósseo precoce e exuberante. NÃO UNIÃO DA FRATURA Quando a reparação e cicatrização não ocorreu, não apresentando progresso em sequências radiográficas. Radiograficamente a não-união apresenta defeitos entre as extremidades da fratura, cavidade medular fechada, superfícies lisas dos fragmentos da fratura, esclerose, com ou sem hipertrofia ou atrofia dos fragmentos ósseos. PSEUDOARTROSE O osso nunca se regenera. A pseudoartrose geralmente ocorre quando as fracturas não foram imobilizadas na posição adequada e por tempo suficiente para consolidação óssea ou quando os ossos não receberam nutrientes suficientes pelos vasos sanguíneos. Sem tratamento resulta em deformidade e prejuízo permanente da função, como por exemplo uma perna torta e incapaz de suportar peso se a pseudoartrose é no fêmur ou na tíbia. O tratamento é cirúrgico e a recuperação demora muitos meses. OSTEOMIELITE Geralmente por bactérias como Staphylococcus aureus ou Streptococcus grupo A. Raramente é causado por fungos. Comum em ossos longos e MO. Pode afetar qualquer animal vertebrado. Os ossos podem infectar-se por três vias: a circulação sanguínea, a invasão direta e as infecções dos tecidos moles adjacentes. No RX: refração óssea (perda da mineralização), sequestro ósseo e esclore em casos tardios). https://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus_aureus https://pt.wikipedia.org/wiki/Staphylococcus_aureus https://pt.wikipedia.org/wiki/Streptococcus https://pt.wikipedia.org/wiki/Animal https://pt.wikipedia.org/wiki/Vertebrado 2.7 - OSTEODISTROFIAS (OR) DE ORIGEM NUTRICIONAL É uma doença comum em cães jovens de regiões marginalizadas pela má nutrição. Pode ser também atribuída a nutrição inadequada de animais silvestres e exóticos. A concentração de cálcio no plasma é regulada por hormônios calciotrópicos por meio de sistemas que envolvem o intestino, os rins e o osso. Os hormônios calciotrópicos que incluem o paratormônio (PTH), a calcitonina (CT) e os metabólitos da vitamina D têm em comum a habilidade de regular o metabolismo do cálcio com influência direta na mineralização do esqueleto. PTH e CT são sintetizados nas glândulas paratireóides e tireóides respectivamente, enquanto os metabólitos da vitamina D, no cão, existem como formas hidroxiladas da vitamina D que provém da dieta. Os hormônios calciotrópicos regulam o metabolismo do cálcio em um esforço de manter a concentração de cálcio circulante dentro de limites estreitos. HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO NUTRICIONAL É a doença mais frequente em cães jovens. Desenvolve-se em dietas pobres em cálcio e/ou ricas em fósforo. A hipocalcemia é estímulo para a hiperatividade da paratireóide. Esta pode ser induzida, do ponto de vista nutricional, por uma dieta pobre em cálcio, rica em fósforo, ou ambas as situações. Em resposta à hipocalcemia de origem nutricional, as células da paratireóide sofrem hipertrofia e hiperplasia. O excesso de paratormônio impede a mineralização do osteóide. Aspectos radiográficos: • Mineralização óssea inadequada (aparentam ter a mesma radiopacidade dos tecidos moles) - Osteopenia • Corticais extremamente delgadas (pode estar presente uma linha de maior densidade nos bordos epifisários das metáfises) - Diáfises • Desvio do eixo anatômico da coluna vertebral • Estreitamento pélvico (gera constipação) • Fraturas patológicas RAQUITISMO O cão é capaz de sintetizar vitamina D na pele através de compostos lipídicos sob a influência de raios ultravioleta. Porém, esta quantidade parece não ser suficiente para as suas necessidades diárias. Deficiências, entretanto, são raras e níveis críticos são atingidos apenas quando os níveis de cálcio e fósforo estão baixos.A deficiência de vitamina D causa a produção de uma matriz de cartilagem altamente estável e, portanto, não calcificável e difícil de ser reabsorvida. Há um acúmulo de células de cartilagem que produzem mais matriz não reabsorvível. Aspectos radiográficos: • Alargamentos dos discos epifisários e das metáfises • Falha na ossificação da fise (afeta todas as linhas fisárias) • Falha na mineralização adequada dos ossos • Encurvamentos dos ossos longos e engrossamentos extremo das metáfises adjacentes aos discos epifisários • Pode resultas em severas deformidades ósseas OSTEODISTROFIA HIPERTRÓFICA Afeta principalmente cães jovens de raças grandes e gigantes, com desenvolvimento rápido. Doença envolvida na “superalimentação” pela dieta rica em proteína e carboidrato, fazendo o osso produzir excessivamente cálcio (hipercalcitonismos), o que retarda a absorção óssea. As manifestações clínicas são variáveis: aumento de volume e sensibilidade das regiões metafisárias dos ossos afetados, febre, diarreias, hiperqueratose dos coxins, leucocitose, anemia e pneumonia. Aspectos radiográficos: • Linha radiotransparente nas metáfises dos ossos longos “colar de osso”. As metáfises acabam se tornamento mais densas e perdem o padrão trabecular • Lesões bilaterais e simétricas nas regiões metafisárias dos ossos longos nos terços distais de rádio, ulna e tíbia • Osteólise paralela a linha metafisária e proliferação periostal • Esclerose óssea metafisária e alargamento da região metafisária 2.8 - OSTEODISTROFIAS DE ORIGEM METABÓLICA HIPERPARATIREOIDISMO SECUNDÁRIO RENAL Geralmente acomete cães e gatos jovens (fase de crescimento), estando mais susceptíveis aos efeito secundários do hiperparatireoidismo. Acomete também animais em DRC (principalmente cães), impossibilitando total excreção de fosfato e, subsequentemente, hiperfosfatemia por hipocarcemia. A balanço alterado na relação P:Ca resulta em hiperpatireoidismo. Aspectos radiográficos: • Osteopenia (formação de lâmina dura ao redor dos dentes e alvéolos) • “Dentes flutuantes” • Diminuição da radiopacidade óssea e aumenta de tecidos moles • Mineralização de parede gástrica OSTEOPATIA HIPERTRÓFICA (OH) A OH é uma doença que resulta no aparecimento de proliferação periosteal (crescimento de tecido ósseo) sobre os ossos dos membros torácicos e/ou pélvicos. No início, observa-se reação periosteal nos ossos dos dedos e depois a proliferação pode atingir grandes ossos das patas dianteiras e traseiras. Normalmente está relacionado a tumores primários de tórax ou metástases pulmonares cujo tumor primário pode ter várias origens. Outras causas: abscesso pulmonar, infecção parasitária pulmonar como Spirocerca lupi, Dirofilariose, sarcoma em esôfago, persistência de arco aórtico, megaesôfago congênito, endocardite infecciosa, tuberculose e corpo estranho brônquico com pneumonia lobar.O mecanismo de formação da reação periostal não é totalmente conhecido e sugere-se como causa a anóxia crônica, mecanismos reflexos autônomo pelos ramos eferentes do vago ou de nervos intercostais. Manifestações clínicas: espessamento dos membros (edema dos membros), dor e claudicação, anorexia, perda de peso, emagrecimento e apatia Aspectos radiográficos: • Reação periostal em paliçada nas extremidades dos membros locomotores PANOSTEÍTE A panosteíte é uma doença causada pela escassez óssea, levando a uma produção deum novo osso a partir de uma cavidade formada. Ela ocorre espontaneamente em cães de rápido crescimento (porte médio e grande), geralmente sem história de trauma ou exercício excessivo. A doença se manifesta sob forma de claudicação intermitente de um ou mais membros e é autolimitada, podendo eventualmente desaparecer, com ou sem tratamento. Em muitos casos, os membros dianteiros são primeiramente afetados e logo após, o problema progride de perna em perna, ou podendo ter claudicação alternada dos membros. Mais comum em machos. Aspectos radiográficos: • Aumentos da radiopacidade do canal medular • Aumento da opacidade adjacente aos forames nutrientes 2.9 - PROCESSOS INFECCIOSOS OSTEOMIELITE E OSTEÍTE INFECCIOSA As bactérias, micobactérias ou fungos podem infeccionar os ossos, disseminando-se através da corrente sanguínea ou, mais frequentemente, disseminando-se a partir de tecidos próximos infectados ou de uma ferida aberta contaminada. A osteomielite ocorre mais comumente em filhotes e em animais idosos, porém, todas as faixas etárias estão em risco. Quando um osso se torna infectado, a MO muitas vezes incha. À medida que o tecido inflamado pressiona a rígida parede externa do osso, os vasos sanguíneos da MO podem ser comprimidos, o que reduz ou corta o fornecimento de sangue ao osso. Pode ocorrer necrose. As manifestações clínicas mais comuns são: claudicação quando em aparelho locomotor, pontos drenantes, fístulas, trauma prévio, fratura ou cirurgias, febre e edema local Aspectos radiográficos: AGUDO CRÔNICO • Edema de tecidos moles • Proliferação periostal • Osteólise • Alteração mista (heterogênea) • Linha radiotrans- parente entre o córtex e a prolife- ração • Alteração do trabeculado ósseo em osso esponjoso • Margens escleróticas ao redor da esteólise • Proliferação periostal • Sequestro ósseo • Edema de tecidos moles • Fistula • Fraturas patológicas • Separação de frag- mentos ósseos ou de reações esteo- proliferativas 2.10 - NEOPLASIAS ÓSSEAS Tumores ósseos primários são caracterizados por uma única lesão óssea agressiva metafisária. Neoplasia benigna: é menos comum, aparenta forma de cisto ósseo, acomete cães e gatos jovens, de crescimento lento e sem manifestações clínicas. Neoplasia maligna: é mais comum, é predisposto em raças grandes/gigantes e em animais adultos e velhos. Causa claudicação aguda ou progressiva do membro afetado. Os tipos mais comuns: osteossarcoma (90%), fibrossarcoma, condrossarcoma, hemangiossarcoma, histiocitoma maligno, linfossarcoma e melanoma múltiplo. OSTEOSSARCOMA Pode se originar em qualquer lugar do esqueleto, mas ocorrem classicamente na metáfise dos ossos tubulares longos. Os sítios mais comuns de osteossarcoma: membro anterior (úmero proximal e distal do rádio - longe do cotovelo) e no membro posterior (fêmur distal e tíbia proximal - perto do joelho). Aspectos radiográficos: • Lesão solitária e focal na metáfise (raramente na diáfise/epífase) • Osteólise agressiva • Sunburst • Triângulo de Codman • Margem pouco definida entre o osso normal e anormal ALTERAÇÕES ARTICULARES 3.1 - ARTICULAÇÃO SINOVIAL As superfícies articulares dos ossos são protegidas por uma cartilagem do tipo hialina que confere resistência à superfície articular. As superfícies articulares estão então revestidas por uma camada de cartilagem que forma como que uma bolsa onde se encontra a articulação. Os ligamentos, que também são feitos de tecido fibroso muito resistente, ajudam a manter a estabilidade da articulação, podendo inclusive ser expansões da capsula articular. A área dentro dessa cápsula articular é chamada de cavidade articular e está repleta de um fluido chamado líquido sinovial que nutre a articulação uma vez que não é irrigada diretamente e permite que as superfícies deslizem entre si pela lubrificação. Aspecto radiográfico: • Interlinha radiográfica • Duas fazes articulares • Espaço articular As cartilagens articulares, o fluído sinovial e a cápsula articular não são visíveis radiograficamente. 3.2 - DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVAS (DAD) É uma desordem não-inflamatória de articulações móveis, sendo considerada como um grupo de distúrbios caracterizado pela deterioração progressiva da cartilagem articular acompanhada de alterações ósseas e de tecidos moles. Acrescente-se que a DAD é uma condição crônica que leva a degeneração do menisco e ao espessamento da cápsula articular DOENÇA ARTICULAR DEGENERATIVA PRIMÁRIA OU SECUNDÁRIA A DAD é classificada em primária quando sua origem é desconhecida/senescência e secundária quando há fatores predisponentes à ocorrência de defeitos de conformação (doenças articulares) ou infecção articular. O estágio final das DAD é chamado de angulose: quando ocorre a perda da movimentação articular. Aspectos radiográficos: • Diminuição do espaço articular • Aumento de tamanho de partes moles (efusão articular ou aumento de tamanho de tecidos moles) • Esclerose óssea subcondral • Osteofitos • Enteseofitos • Mineralização intra e periarticulares OSTEOARTROSE INTERFALANGEANA PROXIMAL (RING BONE) Os cavalos praticantes de saltos de obstáculos, dressage e modalidades western estão predispostos a este tipo de lesão, devido ao efeito cumulativo de microtraumas durante o treino e provas. Estes microtraumas levam à inflamação da articulação e da cápsula articular, cujo processo inflamatório persistente conduz à degeneração articular. Este tipo de lesão está frequentemente associado a traumas primários como fraturas articulares, infeções ou osteocondrose. Manifestações clínicas: incluem um claudicação média a severa de início espontâneo, apresentando a região da quartela um aumento de volume. Aspectos radiográficos: • Diminuição do espaço articular • Osteófitos peri-articulares • Esclerose do osso subcondral • Proliferação óssea peri-articular e periostal https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADquido_sinovial 3.3 - DOENÇAS DO DESENVOLVIMENTO NÃO-UNIÃO DO PROCESSO ANCÔNEO (NUPA) É uma doença que afeta cães de grande porte em fase de crescimento, em que o processo ancôneo não forma união óssea a ulna. O processo ancôneo surge como um centro secundário de ossificação no cotovelo com 11-12 semanas de idade. Ele não se funde a ulna antes de 4 a 5 meses de idade, portanto o diagnóstico de NUPA não pode ser feito antes dessa idade. A falha na ossificação endocondral oportuna da ligação do processo ancôneo com a ulna induz espessamento, necrose e fissuras de cartilagem. O estresse de sustentação de peso nessa cartilagem anormal causa a falha na união da ulna. Manifestações clínicas: claudicação no membro afetado, dor, dificuldade em estender e flexionar o cotovelo e edema. A melhor projeção é ML com o membro hiperflexionado. Aspectos radiográficos: • Linha radiotransparente separando as estruturas FUSÃO OU FECHAMENTO PRECOCE DO DISCO DE CRESCIMENTO DISTAL DA ULNA EM CÃES A incongruência articular tem sido definida como má-formação e desalinhamento da articulação do cotovelo. A incongruência era definida apenas como desenvolvimento anormal da incisura troclear da ulna, resultando em uma superfície articular levemente elíptica com um arco de curvatura pequeno em comparação com a tróclea umeral. Isso poderia criar uma articulação com maior ponto de contato nas áreas dos processos ancôneo e coronoide, mas sem um ponto de contato entre a incisura troclear e a tróclea umeral. A cartilagem distal da ulna tem formado em “V” no RX Manifestações clínicas: claudicação, dor à palpação do processo coronóide medial e da manipulaçãoda articulação e atrofia muscular Aspectos radiográficos: • Perda do formato da cartilagem em “V” da articulação DISPLASIA DO COTOVELO (DC) É um desenvolvimento anormal da articulação úmero-rádio-ulnar que afeta principalmente cães de grande porte durante a fase de crescimento, sendo uma das causas mais comuns de claudicação em cães jovens. A DC pode ser resultante de pelo menos quatro anormalidades principais: osteocondrite dissecante (OCD), não-união do processo ancôneo (NUPA), fragmentação do processo coronóide medial da ulna (FPCM) e incongruência articular (IA) Estas anormalidades parecem ser decorrentes de distúrbios na ossificação endocondral (osteocondroses) sejam das cartilagens fisárias (NUPA, FPCM e IA) ou articulares (OCD) Aspectos radiográficos: • Esclerose da incisura troclear • Desnível entre rádio e ulna • Osteófitos 2-5mm ou > DISPLASIA COXOFEMORAL (DCF) É uma alteração do desenvolvimento que afeta a cabeça e colo femoral, e o acetábulo. Sua transmissão é hereditária, recessiva, intermitente e poligênica. Fatores nutricionais, biomecânicos e de meio ambiente, associados à hereditariedade, pioram a condição da displasia. A doença afeta muitas raças caninas sendo mais comum nas de grande porte, tais como Pastor-Alemão, Rotweiller, Labrador e São Bernardo. Pode acometer gatos. O exame radiográfico deve ser feito na posição ventro-dorsal. Manifestações clínicas: claudicação uni ou bilateral, dorso arqueado, peso corporal deslocado em direção aos membros anteriores, com rotação lateral desses membros e andar bamboleante. Aspectos radiográficos: • Usualmente bilateral • Rasamento acetabular • Cabeça do fêmur deslocada do acetábulo • Remodelamento da cabeça e do colo femoral • DAD secundária • Ângulo de Norberg maior que 105° (boderline de 90-105°) OSTEOCONDROSE (OC) É uma desordem da ossificação endocondral, em que porções da fise e camadas profundas da superfície articular perfazem uma maturação errônea. Essa doença resulta em um espessamento de cartilagem articular, havendo assim a morte dos condrócitos das camadas mais profundas. É uma doença que ocorre na superfície articular de animais em crescimento. Exame contrastado pela Artrografia de Iohexol (300mgI/ml -0,1 ml/kg). Tipos: • Adensamento de cartilagem articular • Distanciamento do osso subjacente • Não-união do processo ancôneo • Retardamento do crescimento de um osso longo Articulações comprometidas: • Escápulo-umeral (cabeça umeral) • Úmero-rádio-ulnar (côndilo-ulnar) • Fêmoro-tíbio-patelar (côndilos femorais) É uma doença com predisposição genética/racial e outros fatores secundários, como: efeitos nutricionais, como superalimentação mineral e calórica; e influências traumáticas sobre articulações. Aspectos radiográficos: • Irregularidade óssea subcondral • Osteólise subcondral OSTEOCRONDRITE DISSECANTE (OCD) É uma complicação originada da osteocondrose, um distúrbio de ossificação endocondral, que resulta em atraso na ossificação e espessamento da cartilagem, em que a mesma comumente sofre uma maior pressão. Acomete cães mais jovens, entre quatro e cinco meses de idade, visto que é nesta fase que o animal encontra-se em desenvolvimento. Cães de porte grande e gigante são mais prédispostos como, Labrador, Golden Retriever, Dogue Alemão, Rottweiler, Bernese, Pastor Belga, Border Collie e Sheepdog, entretanto pode acometer animais de médio porte. Fatores como excesso de peso, hereditariedade, traumas, exercícios que causem força nas articulações e excesso de suplementação podem levar ao surgimento de OCD. O animal afetado pode apresentar menor resistência ao atrito, perda de massa osteocartilaginosa, dor, e em casos mais graves necrose. Segundo estudos, machos são mais acometidos que fêmeas, pois alguns deles tendem a crescer mais rapidamente. Dietas errôneas com exagerados níveis de proteínas podem se tornar um agravante Manifestações clínicas: claudicação unilateral ou bilateral, dor à palpação, inchaço do membro e necrose articular Os tipos e as articulações acometidas são as mesmas da OC já que a OCD é uma complicação da OC. Aspectos radiográficos: • Irregularidade óssea subcondral • Osteólise subcondral • Retalho cartilaginoso intra-articular (mineralizado ou não) NECROSE ASSÉPTICA DA CABEÇA FEMORAL (NACF) É uma afecção não inflamatória e asséptica da cabeça e colo femoral que ocorre principalmente em animais de pequeno porte e jovens (3 a 13 meses), antes do fechamento fisário da cabeça do fêmur. Ocorre devido a uma diminuição do fluxo sanguíneo intraósseo na cabeça do fêmur, que acarreta morte do tecido ósseo, levando a focos de isquemia. Essa isquemia acaba fragilizando a cabeça do fémur que posteriormente evolui para necrose provocando microfraturas e consequente deformação na superfície articular Manifestações clínicas: claudicação, incapacidade parcial de sustentação do próprio peso sobre o membro afetado, dor na manipulação da articulação afetada, limitação da amplitude dos movimentos, crepitação, podendo ocorrer até atrofia muscular do membro afetado Aspectos radiográficos: • Osteólise da epífise da cabeça femoral • Colapso da epífise • Esclerose na metáfise • Fratura da cabeça femoral • Remodelamento ósseo da cabeça femoral 3.4 - CONGÊNITAS LUXAÇÃO PATELAR A afecção pode ser congênita, também referida como de desenvolvimento, ou traumática, sendo a luxação de patela medial congênita a mais frequentemente observada. A pétala se desvia sua posição normal, geralmente, medial ou lateral. A luxação de patela em cães pode ter diferentes origens. Na maioria das vezes, é uma questão congênita: o cachorro já nasce predisposto ao problema, e apresenta sintomas após certa idade. Tipos: • Luxações mediais: cães de raças “toy”, miniatura, e de grande porte. É a mais comum • Luxações mediais resultantes de traumatismo: cães de várias raças (raras) • Luxações laterais: cães de raças de grande porte e gigantes Graus: • I: O veterinário consegue deslocar a paleta do lugar e ela volta automaticamente para o local correto. Geralmente, o problema se encerra aí • II: Neste caso, a paleta fica saindo e voltando para o lugar correto. Recomenda- se cirurgia. • III: Neste caso, a patela sai do lugar de maneira permanente, e é necessário o auxílio médico ou cirúrgico • IV:Cirúrgico Aspectos radiográficos: • Normal: se luxação intermitente • Deslocamento LM da petalea: projeção Cr-Ca • Patela sobreposta aos côndilos femorais: projeção ML • Deformidades ósseas: artrose 3.5 - TRAUMÁTICAS RUPTURA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL (RLCC) O mecanismo mais comum da ruptura aguda do LCC é a rotação interna extrema da tíbia com a articulação FTP flexionada entre 20-50°. Nesta posição, os ligamentos cruzados giram entre si para limitar a rotação interna da tíbia. Porém, essa rotação excessiva, o LCC torna-se bastante tenso e susceptível ao trauma provocado pelo côndilo femoral lateral. Na prática, esse tipo de lesão ocorre quando o cão gira o seu corpo lateralmente apoiando o peso sobre o membro pélvico fixo ao solo, o que leva à ruptura do ligamento ou ao arrancamento em sua inserção. Está também associado a idade, conformação, atividade excessiva e a processos imunomediados. Embora a ruptura aguda do LCC normalmente possa ocorrer por traumatismo, acredita-se que, na maioria das vezes, o ligamento encontra-se enfraquecido em decorrência de um processo degenerativo crônico (lesão crônica). A degeneração é mais intensa na região central do ligamento, provavelmente devido ao menor suprimento sanguíneo. Manifestações clínicas: claudicação. Sinal de gaveta +/- Aspectos radiográficos: • Desvio cranial da tíbia em relação ao fêmurna projeção ML • Efusão articular • DAD secundária MEDULA ÓSSEA CÃO E GATO A fórmula vertebral do cão e do gato é C7-T1-3L- 7S-3Cd (variável). As vertebrais caudais são variáveis nos carnívoros. Sem disco intervertebral entre C1-2. Na C6 o processo transverso é maior (serve como referência). A vértebra torácica com um processo espinhoso vertical é chamada vértebra anticlinal (entre T10- 11). Cranial à vértebra anticlinal, os processos espinhosos angulam caudalmente, enquanto que caudal à vértebral anticlinal, os processos espinhosos angulam cranialmente. 4.1 - CONGÊNITAS: SUBLUXAÇÃO ATLANTOAXIAL Doença também conhecida como “instabilidade atlantoaxial”. É uma doença relacionada ao aumento da distância entre C1-2. É uma doença genética que afeta principalmente cães jovens e miniaturas. Aspectos radiográficos: • Aumento da distância entre C1-2 4.2 - DEGENERATIVAS: ESPONDILITE OU ESPONDILOSE DEFORMANTE É uma doença degenerativa e proliferativa da coluna vertebral caracterizada pela presença de osteófitos entre as vértebras resultando na formação de pontes ósseas entre os corpos vertebrais. É caracterizada pelo aparecimento de projeções ósseas nas vértebras torácicas, lombares e lombo-sagradas. Estas projeções podem unir-se formando pontes ósseas entre os corpos vertebrais adjacentes. A espondilose pode aparecer adjacente a um disco intervertebral degenerado, herniado ou normal. É uma doença relacionada a senescência. Aspectos radiográficos: • Diminuição dos espaços intervertebrais • Esclerose dos corpos vertebrais • Estenose do canal vertebral DOENÇA DEGENERATIVA DO DISCO INTERVERTEBRAL (DDIV) Ocorre a formação de hérnias de disco. Com o passar dos anos o anel fibroso e o núcleo pulposo perdem água causando degeneração e perda da elasticidade do disco intervertebral, o que prejudica as funções de absorver os impactos e permitir mobilidade da coluna vertebral. Existem dois tipos principais de hérnia de disco intervertebral: • Extrusão: também chamada de Doença de Hansen Tipo I, o anel fibroso se rompe e a substância, já então desidratada e calcificada, contida no núcleo pulposo entra em contato com a medula. Ocorre o que se costuma chamar de extrusão ou uma “explosão” do disco • Protrusão: também chamada de Doença de Hansen Tipo II, ocorre o inchaço do disco, que vai pressionar a medula espinhal e suas ramificações Aspectos radiográficos: • Diminuição do espaço intervertebral • Diminuição do forame intervertebral • Diminuição da interlinha entre as faces articulares • Aumento da radiopacidade (mineralização) em espaços ou forames intervertebrais • Mineralização quando extrusão • Presença de osteofitos e esclerose subcondral SÍNDROME DA CAUDA EQUINA (SCE) A SCE é caracterizada pela compressão das raízes nervosas lombares e sacrais de L6-7 e S1. É uma doença provocada por estenose congênita ou adquirida do canal vertebral lombossacro. É comum em cães de grande porte, especialmente da raça Pastor Alemão, Border Collie e Labrador Retriever e acomete mais machos do que fêmeas, entre os 2 e 13 anos. As causas mais comum é por adquirida: extrusão de disco, estenose do canal devido à espondilose crônica, fraturas e luxações, que determinam a compressão da região. As manifestações clínicas: lentidão e relutância ao exercício, claudicação e fraqueza dos membros pélvicos e retenção de urina e fecal. A cauda equina é um feixe de nervos contidos no interior do canal espinhal da coluna vertebral lombar inferior e sacral. Ela contém grande número de raízes nervosas em uma pequena área localizada em L6 até S3 e, por isso, uma lesão na região pode envolver vários nervos. Aspectos radiográficos: • Estenose da região lombossacral (L7-S1) SÍNDROME DE WOBBER Também conhecida como Espondilomielopatia Cervical (EMC). É uma doença de etiologia multifatorial ligada à genética, nutrição, taxa de crescimento rápida e conformação corpórea. É comum em adultos jovens de raças grandes como Dogue Alemão, Doberman e Rottweiler. A patogenia envolve basicamente estenose do canal vertebral, presente em praticamente todos os casos, associada com uma compressão mais severa em algum ponto da coluna vertebral cervical, causada por herniação do disco intervertebral ou má-formação óssea As manifestações clínicas é a ataxia proprioceptiva (incoordenação) nos membros pélvicos. O andar é incoordenado com passadas com amplitude exagerada, geralmente com base ampla. O diagnóstico é geralmente feito por mielografia. Aspectos radiográficos: • Malformação de um ou mais corpos vertebrais (C5-6-7) • Diminuição do espaço intervertebral • Espondilose deformante associada • No cão a localização mais frequente é entre C6-7 e, no equino, C3-C4 4.3 - INFECCIOSA: DISCOESPONDILITE E OSTEOMIELITE DAS VÉRTEBRAS ADJACENTES A discoespondilite é uma infecção dos discos intervertebrais e corpos vertebrais adjacentes. As bactérias podem localizar-se nas articulações espinais, particularmente nos discos intervertebrais, sendo que o espaço discal lombossacro é o mais comumente afetado. As causas mais comuns são por corpo estranho inalado, ferida penetrante, complicações cirúrgicas prévias, hematógena (infecção do trato urinário, odontológico ou endocardite), Staphylococcus sp e Brucelas canis. Aspectos radiográficos: Em fase aguda: • Osteólise das faces articulares dos corpos vertebrais • Espessamento do espaço intervertebral Em fase crônica: • Esclerose das faces articulares dos corpos vertebrais • Colapso do espaço intervertebral • Espondilose • Espondilose deformante
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