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FUNGOS Os fungos são organismos EUCARIOTOS que literalmente estão em todos os lugares da Terra. Juntamente com bactérias heterotróficas são os principais decompositores da biosfera, pois são tão necessários quanto os produtores de alimentos na continuidade da vida. Os fungos até 1969 eram considerados vegetais, a partir de 1969 passaram a integrar um reino exclusivamente próprio, denominado de Reino Fungi. Deixaram de ser considerados vegetais por não sintetizarem nenhum tipo de pigmento fotossintético ou clorofila, são exclusivamente heterótrofos. Possuem reserva de glicogênio e não de amido e parede celular de quitina e não composta por celulose. 1. ORGANIZAÇÃO CELULAR DOS FUNGOS Os fungos podem ser organizados em UNICELULARES como é o caso das leveduras (Saccharomyces cerevisiae) ou em PLURICELULARES que são os fungos filamentosos com hifas em suas estruturas, além de corpos de frutificação como os cogumelos. 2. MORFOLOGIA DOS FUNGOS Os fungos se desenvolvem em meios especiais a partir de colônias de dois tipos baseados na sua organização celular correspondente: COLÔNIA LEVEDURIFORME – pastosas cremosas e caracterizam o grupo das leveduras. São microrganismos unicelulares que se reproduzem por brotamento e geralmente tem forma arredondada ou ovalada. COLÔNIAS FILAMENTOSAS – são alongadas, aveludadas com vários tipos de pigmentação. São constituídos por elementos multicelulares em forma de tubo. Além disso, os fungos podem ser divididos quanto a classificação das hifas em vários critérios: 1. QUANTO A PRESENÇA DE SEPTOS: ASSEPTADAS SEPTADAS 2. QUANTO A COLORAÇÃO HIALINAS – MAIS CLARAS DEMÁCEAS – MAIS ESCURAS 3. ESTRUTURA DOS FUNGOS: Todos os fungos possuem parede celular de QUITINA, MANANAS E GLICANAS. Além de membrana celular formada por uma bicamada lipídica que contém ERGOSTEROL (análogo ao colesterol) que são alvos para os antifúngicos. OBS: ANTFÚNGICOS Os antifúngicos agem em inúmeros locais diferentes nas células dos fungos, como no núcleo, nos microtúbulos, na parede de ERGOSTEROL, entre outros. 1. UNICELULARES – LEVEDURAS Como o próprio nome já diz, são fungos formados por uma única célula, logo, não formam hifas nem micélios. Geralmente possuem forma ovalada ou esférica e são chamados genericamente de leveduras. Muitas realizam fermentação na ausência de O2 e reproduzem assexuadamente por brotamentos. 2. PLURICELULARES Os fungos pluricelulares podem ser denominados também de fungos filamentosos ou fungos carnosos. As hifas são estruturas típicas dos fungos pluricelulares. Essas hifas se desenvolvem por esporos e formam uma extensa rede de filamentos. Um conjunto de hifas é denominado de MICÉLIO. Quando os micélios estão abaixo da terra, são denominados de micélios vegetativos. No entanto, podem também formarem os corpos de frutificação na superfície, denominado de micélio reprodutivo. 3. DIMÓRFICOS Existem fungos que são do tipo DIMÓRFICOS, ou seja, apresentam duas formas diferentes podendo ser leveduras ou formas filamentosas. A temperatura ambiente esses fungos desenvolvem-se como bolores (fungos filamentosos). Já à temperatura corporal se desenvolvem como leveduras. São inúmeras as espécies com potenciais patogênicos: Coccidioides immitis Paracoccidioides brasiliensis Candida albicans Blastomyces dermatitidis Histoplasma capsulatum Sporothrix schenckii 4. BENEFÍCIOS DOS FUNGOS: Os fungos podem trazer inúmeros benefícios para os seres humanos e para a natureza como um todo: CADEIA ALIMENTAR: são decompositores de matéria orgânica, fazem reciclagem de materiais vitais. FORMAÇÃO DE MICORRIZAS: simbiose entre fungos e plantas. FORMAÇÃO DE LIQUENS – simbiose entre fungos e algas que são indicadores da qualidade do ar, pois essa formação de liquens só é possível em lugares com baixa incidência de CO2. PRODUÇÃO DE ANTIBIÓTICOS ALIMENTOS BIORREMEDIAÇÃO – degradam inseticidas, herbicidas e plásticos. 5. MALEFÍCIOS DOS FUNGOS No entanto, os fungos podem provocar inúmeros malefícios também: Doenças em plantas (tomate, uva...) Existem cogumelos venenosos e alucinógenos Doenças humanas como a candidíase, frieira, alergias... Contaminação de alimentos e instrumentos ópticos. Porem, das 100 mil espécies de fungos encontradas, apenas 200 são patogênicas aos homens e animais. 6. PATOGENIA DOS FUNGOS: Os fungos podem ser patógenos primários quando infectam indivíduos normais, sem nenhum tipo de imunidade anteriormente comprometida. Ou os fungos podem ser oportunistas quando infectam hospedeiros que apresentam imunidade já reduzida. São inúmeros os mecanismos de ação dos fungos: 1.MICOTOXINAS – liberam substancias que causam micotoxicoses. Geralmente adquirida a partir da ingestão de alimentos que liberam as toxinas fúngica. O amendoim é o caso mais conhecido. 2. HIPERSENSIBILIDADE – a exposição repetida de fungos permite que ocorra o aumento na produção de Ig ou de linfócitos no hospedeiro. 3. INFECÇÃO INVASIVA – quando os fungos invadem células e tecidos provocando lesões. 7. REAÇÃO DE SENSIBILIZAÇÃO: A reação de sensibilização inicia-se quando ocorre a primeira exposição ao alérgeno que irá estimular a ativação de linfócitos do tipo Th2. Esses linfócitos a partir de uma série de reações irão ativar os mastócitos que secretarão mediadores para o controle da patogenia. Os mediadores dos mastócitos irão promover uma serie de consequências fisiológicas como o aumento da permeabilidade vascular, bronco-constrição, hipermotilidade intestinal, inflamação, lesão tecidual, morte de parasitas e de células do hospedeiro. 8.REPRODUÇÃO DOS FUNGOS: Os fungos podem apresentar reprodução de dois tipos distintos, assexuada e sexuada. A reprodução ASSEXUADA pode ocorrer de duas maneiras: FRAGMENTAÇÃO -> fragmentação do micélio e origem de um novo tipo de micélio. BROTAMENTO -> quando um broto ou gêmula sai de outro fragmento, pode ou não se separar, depende do tipo de fungo. ESPORULAÇÃO -> quando os esporos dos fungos caiem em um local ideal para a germinação, originando um novo fungo. É o que ocorre em bolores por exemplo. Já a reprodução SEXUADA ocorre da seguinte maneira: 9. FUNGOS E DOENÇAS ASSOCIADAS As micoses, doenças causadas por fungos são divididas conforme os tecidos e órgãos afetados. Micoses superficiais Micoses subcutâneas Micoses sistêmicas ou profundas Micoses oportunistas Alguns fatores podem contribuir para o aparecimento de micoses superficiais como diabetes, AIDS e doenças sistêmicas que diminuem a imunidade do hospedeiro. E alguns fatores exógenos como a umidade, má higiene e distrofias. A resposta imune contra os fungos pode ser INESPECÍFICA, sinônimo de imunidade inata, em que temos a presença das barreiras na pele, muco nas cavidades, temperatura, escamação... E a imunidade ESPECÍFICA que ocorrem a partir da migração de linfócitos, podendo ate atingir um quadro de hipersensibilidade. 1. MICOSES SUPERFICIAIS São aquelas micoses que afetam as camadas mais superficiais do organismo como pele e anexos epidérmicos como unhas e pelos. São também denominadas de micoses cutâneas ou dermatomicoses. Dependendo do tipo de fungos, as micoses podem aparecer em locais específicos. Se os fungos forem queratolíticos, ou seja, alimenta-se de queratina, a pele, pelos e unhas são afetadas (DERMATOFITOSES). Caso os fungos sejam não queratolíticos as mucosas são afetadas, podendo viver sobre a pele ou ao redor dos pelos e utilizam restos epiteliais ou produtos de excreção (CERATOFITOSES).A. PTIRÍASE VERSICOLOR Colonizam as camadas queratinizadas da pele, dos pelos e das unhas. As infecções causadas por estes organismos induzem pouca ou nenhuma resposta imune do organismo, não são destrutivas e logo, assintomáticas. São somente de caráter estético, fáceis de diagnosticar e tratar. A PTIRÍASE VERSICOLOR é uma infecção fúngica superficial comum que ocorre em todo o mundo. Em certos ambientes tropicais, ela pode afetar ate 60% da população. É causada pela levedura Malassezia ssp com atividade lipofílica e interfere na melanogênese. São assintomáticas, as lesões são hipo ou hiperpigmentadas, com bordas delimitadas no tórax, abdômen, pescoço, membros e virilha. O diagnostico baseia-se no aspecto clinico das lesões. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL – o diagnostico laboratorial consiste em visualizar diretamente os elementos fungicos ( hifas curtas já que são leveduras) no exame microscópio das escamas epidérmicas. São facilmente visíveis na coloração HE e na PAS, além de ficarem amareladas na lâmpada de Wood. TRATAMENTO – é variável, o mais comum é o uso de HIPOSSULFITO DE SÓDIO a 40% que agem impedindo a formação de ERGOSTEROL. Alguns fármacos como Cetoconazol, Fluconazol restauram a pigmentação normal da pele. B. TINHA NEGRA Causada pelo fungo Hortaea werneckii. Esse fungo já foi isolado do solo, areia da praia também. Prevalece em áreas tropicais. Assim como a Ptiríase versicolor é uma doença assintomática que ocorre nas palmas das mãos, na planta dos pés e em outras partes do corpo. As manchas são comumentes marrons, escuras ou negras, dai o nome de TINHA NEGRA. O diagnostico diferencial pode ser realizado com melanoma, nevus e fitomelanose. DIAGNÓSTICO – hifa demácea (escura), septada, frequentemente ramificada com células alongadas por brotamento e septos irregularmente distribuídos. TRATAMENTO – Agentes ceratinolíticos que combatem o fungo causador. 2. MICOSES CUTÂNEAS Complexos de doenças causadas por qualquer das varias espécies de fungos filamentosos do gênero TRICHOPHYTON, MICROSPORUM E EPIDERMOPHYTON. Esses fungos são conhecidos coletivamente como DERMATÓFITOS e possuem habilidades de causar doenças em humanos. Todos tem elevada capacidade de invadir pele, unhas ou pelos. Provocam lesões descamativas na pele, circulares e bordas eritrematosas com lesões úmidas, esbranquiçadas e avermelhadas. Nas unhas provocam uma coloração branco- amarelada, porosas e quebradiças – sem brilho, espessada, endurecido e escuro. 1. TRICHOPHYTON RUBRUN A transmissão desse tipo de fungo ocorre entre os humanos, de contato de pessoa por pessoa ou por fômites contaminados. É responsável por quase todos os tipos de dermatofíticas humanas (facilidade em invadir as defesas inatas do hospedeiro). O diagnostico desse tipo de fungo é realizado pelas escamas das unhas por microscopia óptica. Observa-se hifas septadas, hialinas, microgonídios... 2. TRICHOPHYTON VERRUCOSUM É causador da tricofitose bovina (parasita em bovinos). Provocam lesões inflamatórias que afetam o couro cabeludo, pele, barba e bigode provocando lesões secas. O diagnostico é realizado em escamas da pele e do cabelo a partir de microscopia óptica observa-se um fungo filamentoso, septado, hialino (claro). É comum a presença de cadeia de pérolas. 3. MICROSPORUM GYPSEUM São fungos geofílicos isolados normalmente em um solo podendo provocar doenças no homem e no animal. Esses fungos se diferem M.Canis por apresentarem parede mais fina tanto externa quanto a dos septos bem como uma extremidade mais pontiaguda. As lesões são encontradas em partes descobertas do corpo como o couro cabeludo provocando uma lesão úmida. Diagnostico pode ser identificado por amostras da pele e cabelo por microscopia ótica. Os fungos são filamentosos, de hialina, dermatófitos, de parede finas e rugosas... 4. MICROSPORUM CANIS É um dermatófitos zoofilico transmitidos ao homem por diversos animais domésticos tendo em nosso meio como principal reservatório os felinos jovens. Clinicamente responsável por lesões do couro cabeludo. O diagnostico é realizado por amostras de escamas de pele e cabelo por microscopia óptica. 6. EPIDERMOPHYTON FLOCCOSUM Demartófitos antropofílico responsável por tinea na região inguinal, da pele, do pé. Não afeta o couro cabeludo. O diagnostico provem da pele e do cabelo de microscopia óptica presença de macroconídeos de parede fina. 7. CANDIDA ALBICANS Faz parte da microbiota humana normal nas porções oral, vaginal e TGI podendo, no entanto causar doenças em indivíduos normais e pacientes imunocomprometidos (oportunistas) A micose causada por essa levedura é denominada de candidíase e vários fatores podem provocar o surgimento desta doença como antibióticos, anticoncepcionais, gravidez, diabetes... 3. MICOSES SUBCUTÂNEAS Certos fungos são comumente introduzidos de maneira traumática através da pele e tem tendência a envolver camadas mais profundas da derme, tecido subcutâneo e osso. Agregam lesões na pele e raramente se disseminam para regiões distantes. As principais infecções fúngicas subcutâneas incluem a ESPOROTRICOSE LINFOCUTANEA, CROMOBLASTOMIOSE, MICETOMA EUMICÓTICO, ZIGOMICOSE SUBCUTÂNEA E FEO-HIFOMICOSE SUBCUTÂNEA. Esses fungos apresentam potencial patogênico baixo e são geralmente isolados no solo, de madeira ou em decomposição. A exposição é geralmente ocupacional ou relacionada a passatempos. 1. SPOROTHRIX SCHENKII Fungo dimórfico localizado no solo e na vegetação em decomposição. A infecção com esses organismos é crônica e caracterizada por lesões nodulares e ulcerativas que se desenvolvem ao longo dos vasos linfáticos. A ferida pode progredir para ulceras onde a pele foi infectada. O diagnostico é feito a partir de biópsia nas feridas e citologia ou cultura de fungos. 2. FONSECAE PEDROSOI É um dos agentes causadores de cromomicose. Causa infecção crônica, granulomatosa, caracterizada por lesões nodulares. A principal via de contágio é a partir de solução de continuidade produzida na pele por fragmentos de vegetais ou madeira contaminados. 3. FEO-HIFOMICOSE Causada por fungos oportunistas da zona rural, patógeno de humanos e animais. Implantação traumática e infecção sistêmica. São os fungos: Exophiala, Alternaria, Cladosporium e Phialophora. 10. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL São as maneiras possíveis de identificar os fungos, principalmente os filamentosos. A. EXAME MICROSCÓPIO A morfologia colonial deve ser interpretada com cautela, pois fatores como tipo de meio de cultura, temperatura de incubação e tempo de incubação interferem nos aspectos macroscópicos das culturas fúngicas. As características a serem investigadas são: TEXTURA: algodonosa, velutina, granular, pulverulenta ou glaborosa. TOPOGRAFIA : rugosa, umbeliforme, umbilicada ou verrucosa COLORAÇÃO: negra, cinza, branca, marrom, amarela, creme, laranja, verde, vermelha, violeta...
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