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Taenia solium e Taenia sagitana – Complexo teníase É uma doença causada por helmintos, essencialmente, por duas espécies de Taenia: a solium e a sagitana. Trata-se de um problema de saúde pública que afeta, principalmente, regiões com alto consumo de carnes e de precariedade sanitária na criação de animais como bovinos e suínos, assim como, precariedades socioeconômicas e culturais, que contribuem para a transmissão. As espécies de teníase são popularmente conhecidas como solitárias, são responsáveis pelo complexo teníase- cisticerose, que pode ser definido como um conjunto de alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. A teníase é uma alteração provocada pela presença da forma adulta da T. solium ou T. sagitana no intestino delgado do hospedeiro definitivo, o homem. A cisticercose é uma alteração provocada pela presença da larva (cisticerco) de T. solium ou T. sagitana nos tecidos dos hospedeiros intermediários normais, respectivamente, suínos e bovinos. Os humanos são hospedeiros anormais, podendo albergar larvas de T. solium. Cisticercose animal – presente nos tecidos do hospedeiro intermediário; cisticercose humana – quando está acidentalmente no homem. Pertencem ao: • Filo: Platyhelmintes; • Classe: Cestoídea; • Família: Taeniidae Dentro da família, destaca-se: a T. solium e a T. sagitana que apresentam a principal diferença entre si, a presença da coroa de ganchos, os rostros, na T. solium. Morfologia ▪ Verme adulto: • São vermes achatados, em forma de fita; • São hermafroditas; • O aparelho reprodutor é hipertrofiado, produzindo milhares de ovos que são eliminados para o ambiente; • Não possui aparelho digestivo; • Possuem cor branca leitosa com a extremidade anterior bastante afilada de difícil visualização; Possuem o corpo dividido em: • Escólex ou cabeça – situa-se na extremidade anterior e funciona como órgão de fixação à mucosa do intestino delgado humano; • Colo ou pescoço a região de crescimento, onde se forma as proglotes; • Estróbilo ou corpo é formado pela união das proglotes, os anéis. As proglotes podem se desprender do estróbilo da Taenia de forma passiva pelas fezes de três a seis anéis unidos, na espécie T. solium ou de forma ativa pelo ânus, as proglotes se destacam separadamente, se for da espécie T. sagitana. • Possuem 4 ventosas musculosas presentes no escólex que auxiliam na fixação; • A T. solium possui coroa de ganchos; • A T. sagitana não possui coroa de ganchos. ▪ Ovo: • Identificado nas duas espécies; • Possui de 30-40 µm; • Possui uma casca formada por quitina – o embrióforo; • Dentro do ovo, o embrião é hexacanto ou oncosfera. O ovos saem nas fezes do hospedeiro, o hospedeiro intermediário come o ovo, formando a larva de cisticerco. Se o homem ingerir o ovo, ele também desenvolverá a larva, que não concluirá o seu ciclo e morrerá na fase larvária, na fase de larva cisticerco. A cisticercose humana só pode ser causada por T. solium. O homem ingerirá o ovo, que cairá no tubo digestivo, penetrará na mucosa intestinal, cairá nos vasos sanguíneos e se disseminará por ele para qualquer órgão. ▪ Cisticerco: • A larva de cisticerco da T. solium é chamada de Cysticercus cellulosae e a da T. sagitana de Cysticercus bovis; • Podem apresentar até 12 mm; • São constituídos por uma vesícula cheia de líquido; • Possuem o escólex invaginado dentro da vesícula; • A parede da vesícula dos cisticercos é composta por três membranas: curticular ou externa, uma celular ou intermediária e uma reticular ou interna. Com a ingestão da larva de cisticerco pelo humano, sendo proveniente da carne crua ou mal passada, o suco gástrico realizará um estímulo que causa o desvaginamento o que possibilita que a Taenia cresça no organismo humano. Hábitat ▪ Forma adulta reprodutiva: Intestino delgado do humano. ▪ Cisticercos da T. solium: • Tecido subcutâneo; • Tecido muscular; • Tecido cardíaco; • Olhos. Dos HOSPEDEIROS INTERMEDIÁRIOS – suínos e bovinos (qualquer órgão). ▪ Cisticercos da T. saginata: Tecidos de bovinos. ▪ Hospedeiros acidentais do cisticercos de T. solium: Homens e cães nos tecidos subcutâneo, muscular, vísceras, olho, medula e SNC (qualquer órgão). Ciclo biológico . Transmissão Teníase: Ingestão de carne crua ou mal passada de bovinos ou suínos que contenham cisticercos. Cisticercose humana: É adquirida pela ingestão acidental de ovos viáveis da T. soliium que foram eliminados nas fezes de portadores de teníase. Os mecanismos possíveis de infecção humana são: • Heteroinfecção: acontece a partir da ingestão de ovos da T. solium que podem estar em alimentos ou água contaminados com os ovos; • Auto-infecção externa: pessoas que possuem a Taenia adulta se contaminam com os ovos das suas fezes, levando-os para as mãos; • Auto-infecção interna: por movimentos retroperistálticos, por vômitos, por anestesia, onde as proglotes grávidas retornam para o estomago, onde as enzimas do estomago estimulam a saída do embrião de dentro do ovo. Patologia/sintomatologia ▪ Teníase: • Fenômenos tóxicos-alérgicos; • Inflamação; • Consumo de nutrientes pelo parasito; • Apetite excessivo; • Tonturas e náuseas; • Vômitos; • Diarréia; • Alargamento abdominal (em crianças); • dor abdominal; • Perda de peso; • Obstrução intestinal; • Penetração no apêndice. ▪ Cisticercose: Depende do número, localização, tamanho, estágio de desenvolvimento e do grau de resposta imune. O cisticerco, muitas vezes quando vivo, não pode ser identificado, mas é identificado após a sua morte, pois ele se calcifica e pode ser detectado por exames de imagens. • Muscular/subcutânea: dor, cãibras e fadiga. • Cardíaca: palpitações, ruídos, dispnéia, insuficiência cardíaca. • Ocular: descolamento/perfuração de retina, catarata, perda da visão. • Mamária: nódulo indolor e móvel. • Oral: dor à palpação e interfere na movimentação da língua. • Neurocisticercose: cefáleia, vômitos, crises epiléticas, hidrocefalia, desordem mental, prostação, alucinações, hipertensão craniana, infartos, demência, meningite – mais grave e mais comum. Diagnóstico ▪ Clínico: Baseia-se em aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais. ▪ Parasitológico: • Exame parasitológico de fezes (onde se pesquisa ovos ou proglotes nas fezes); • Pesquisa de ovos na região perianal com o método da fita gomada- no caso de T. saginata. O diagnóstico é genérico, pois microscopicamente os ovos das duas espécies são iguais. ▪ Antígenos parasitários: • ELISA – coproantígenos gênero- específico realizado por soro e líquido cefalorraquidiano (NCC); • PCR – espécie especifica por DNA das fezes. ▪ Anticorpos: ELISA – indica apenas a exposição. ▪ Neuroimagens: • Tomografia computadorizada; • Ressonância magnética. ▪ Anatomia patológica. Epidemiologia • É uma doença passível de erradicação através da OMS; • É rara em determinados povos, como os: Hindus (não comem carne bovina, assim, apresentam a T. saginata como rara) e entre os judeus (não comem carne suína, assim, apresentam a T. solium como rara); • No sudeste da Ásia, o cão, funciona como hospedeiro intermediário da T. solium. • Precárias condições de higiene e criação de animais; • Consumo de carnes cruas ou mal passadas; • Falta de inspeções nos matadouros; • Dejetos humanos contaminados que contaminam a água e as hortaliças; • Ovos que resistem ao tratamento de esgotos; • Disseminação por insetos e aves; • Acidentes de laboratórios; • Práticas sexuais orais;• Ordenha com mãos contaminadas. Tratamento Teníase: • Niclosamida; • Praziquantel; • Semente de abóbora; • Purgativo. • Neurocisticerose: • Albendazol; • Anticonvulsivos; • Corticóides; • Cirurgia. Profilaxia • Impedir o acesso do hospedeiro invertebrado as fezes humanas – cuidados na suinocultura; • Realizar o saneamento básico adequado; • Tratar o homem infectado; • Realizar a inspeção de carnes e produtos vegetais – legislação; • Educação sanitária.
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