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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 02ª VARA CÍVEL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE ÁGUAS CLARAS – DF. AUTOS DO PROCESSO Nº 0700076-53.2020.8.07.0020 UNIDADE TORRE H4-22 CONDOMÍNIO JARDINS DOS IPES, já devidamente qualificado nos autos em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, por meio de seus procuradores signatários, apresentar as CONTRARRAZÕES AOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos por JARDINS MANGUEIRAL EMPREENDIMENTOS IMOBILIARIOS S.A., pelos possíveis efeitos infringentes, que faz nos seguintes termos. I – DO NÃO CABIMENTO DOS EMBARGOS Considerando a nítida intenção de rediscutir a matéria, os embargos opostos devem ser sumariamente rejeitados, pela inadequação da via eleita. Os embargos declaratórios podem ser opostos exclusivamente para os fins previstos em lei, conforme preceitos dispostos no artigo 1.022 do CPC. No presente caso inexiste omissão pois a decisão rebateu pontualmente cada um dos argumentos trazidos na exordial, não sendo o caso para o cabimento dos embargos, conforme precedentes sobre o tema: EMBARGOS DECLARAÇÃO – obscuridade, contradição e omissão inexistente efeito infringente inadmissível na espécie – embargos rejeitados (TJSP, Embargos de Declaração Cível 1016835-03.2018.8.26.0071; Relator André Luiz Bicalho Buchignani; Órgão Julgador 2ª Turma Cível; Foro Central Cível – 16ª Vara Cível; Data do Julgamento 26/03/2019; Data de Registro 26/03/2019). EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NA APELAÇÃO CÍVEL. AUSÊNCIA DOS VÍCIOS DESCRITOS NO ART. 1.022 DO CPC. OMISSÃO E ERRO MATERIAL. INOCORRÊNCIA. PRETENSÃO DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA JÁ DECIDIDA. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1) Não padece de qualquer vício o Acordão que demonstra de forma clara e coerente os motivos que ensejaram a decisão, ora vergastada. 2) O que se verifica, na realidade, é a intento da Embargante de rediscutir a matéria já analisada e decidida, porque inconformada com o resultado do julgamento da apelação, o que é vedada nesta via recursal. Recurso conhecido e desprovido. (TJ-ES – ED: 00005368320148080046, Relator JORGE DO NASCIMENTO VIANA, Data de julgamento 08/05/2017, QUARTA CÂMARA CÍVEL, Data de publicação 19/05/2017). Razão pela qual, devem ser rejeitados os embargos. II – DO MÉRITO DOS EMBARGOS Não obstante o descabimento da propositura dos embargos, cumpre trazer os seguintes esclarecimentos: O deposito realizado não possui caráter liberatório, mas de garantia do juízo e necessária para se discutir a execução através dos recursos que os devedores, certamente, usarão. Por outro lado, não há que se falar que os rendimentos usuais acrescidos pelo próprio banco depositário ao capital penhorado, já teriam o condão de remunerar o crédito exequendo, pela correção e pelos juros devidos. É cediço que a correção ou valoração da penhora beneficia o devedor, enquanto à atualização do débito beneficia o credor. Logo, os juros de mora são devidos até o efetivo pagamento, entendido este como a tradição do numerário do devedor para o credor (ou do depositário para o credor), porque a obrigação se extingue com o pagamento ao credor "EM DINHEIRO" e não com o mero depósito bancário para garantia do juízo. Assim, a diferença entre o valor atualizado monetariamente pelo banco depositário deverá ser complementada pelo devedor, em favor do credor. Destarte, há controvérsia do tema, nesse contexto, pode-se dizer que se limita à legalidade ou não da aplicação de juros e correção monetária ao crédito exeqüendo, mesmo após o oferecimento à penhora pelo devedor e o respectivo depósito judicial de quantia em dinheiro. Nesta linha, destaca-se a Súmula 179, do Superior Tribunal de Justiça: “O estabelecimento de crédito que recebe dinheiro, em depósito judicial, responde pelo pagamento da CORREÇÃO MONETÁRIA relativa aos valores recolhidos.” De antemão, percebe-se que a referida súmula prevê correção monetária o que, salvo posições contrárias, é diferente de JUROS LEGAIS. Por sua vez, os bancos sempre atualizam os valores. A diferença entre o valor depositado e o valor constante no título judicial, portanto, incide na aplicação dos juros legais, como dispõe o título judicial. Quanto à correção monetária, não existe divergência, uma vez que os bancos sempre corrigem os valores. Logo, constando no título executivo judicial que sobre o montante devido incidirão os juros legais, esses serão devidos até a data do efetivo pagamento, quando então o devedor satisfaz a obrigação (art. 794, I, CPC). Assim é porque o devedor não priorizou o pagamento efetivo ao credor. Efetuou o depósito judicial com a finalidade de garantir o juízo, para ingressar com impugnação, ou ainda para argumentar que o exeqüente não poderá levantar a importância depositada, por ser provisória a execução, uma vez que os seus recursos (especial e extraordinário) poderão ser providos. O eminente doutrinador Mendonça Lima já dizia que “a execução é campo fértil para as chicanas, por via de procrastinações e formulação de incidentes infundados”. Logo, justo que o executado seja responsabilizado pela diferença, pois optou por depositar judicialmente o valor, recusando-se a extinguir a execução pelo pronto pagamento, conforme inteligência dos artigos 233 e 234, do Código Civil. Obviamente, em se tratando de execução provisória, poderá acontecer o provimento de um dos recursos interpostos (especial e extraordinário) pelo executado e ficar decidido, definitivamente, que o débito não era o apontado pelo credor. Portanto, demonstra que a sentença recorrida não merece reforma. III – DA MANIFESTA INTENÇÃO PROTELATÓRIA O princípio da lealdade processual e boa-fé deve vigorar plenamente em qualquer atuação processual, exigindo dos litigantes o respeito aos deveres impostos pelo art. 80 do CPC. No presente caso, considerando dispor os presentes embargos somente sobre a atualização dos valores depositados, matéria perfeitamente clara na decisão, tem-se por inequívoca a intensão protelatória. Ao sedimentar tais princípios, o novo CPC dispõe em seus art. 5º e 79º o principio da boa-fé deve ser obedecido por todos que fazem partes do processo. No presente caso, quando os embargos são opostos para fins meramente protelatórios, tem-se o enquadramento claro ao art. 80, inc. VII, bem como ao art. 1.026 do CPC. Neste sentido, considerando o fim protelatório do presente, configurada, portanto, a má fé. Diante todo o exposto, requer o não recebimento dos embargos opostos, bem como o reconhecimento do intuito meramente protelatório dos embargos. IV – DOS PEDIDOS Nestes termos, requer o recebimento das presentes contrarrazões ao recurso, para fins de ser negado seguimento aos Embargos Declaratórios, por notória inadmissibilidade. Requer ainda, seja aplicada a multa do art. 80, inc VII, bem como a aplicação do art. 1.026 do CPC, por manifestamente protelatórios os embargos de declaração apresentado pela parte requerida. Requer que todas as intimações sejam realizadas exclusivamente em nome do Dr. Antônio Luiz de Hollanda Rocha, OAB-DF 47.811, OAB-PI 4.273, OAB-CE 32.329A, OAB-ES 32.253, OAB-MA 16.292-A, sob pena de nulidade. Nestes termos, pede deferimento. Brasília - DF, 17 de novembro de 2020. (assinado digitalmente) ANTÔNIO LUIZ DE HOLLANDA ROCHA OAB/PI 4273 OAB/DF 47811 OAB/CE 32329A OAB/ES 32253 OAB/MA 16.292A LUIZ SEGUNDO DE CARVALHO OAB/PI 4.638 OAB/DF 62.301 OAB/CE 42.132-A OAB/ES 32.158 GUIDA SCARLATH RANAIRA BONFIM DE SOUSA OAB/PI 18.112 OAB/DF 65.627 LEANDRO MIRANDA DOS SANTOS OAB/DF 40.369 CAMILA ROSSI HULEK OAB/DF 51.653 Página 2 de 2