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Espécies de trabalhadores e o vínculo empregatício Nesse artigo, analisaremos as espécies mais comum de trabalhadores, fazendo uma reflexão sobre o vínculo empregatício, pois ainda é um tema que gera muitas dúvidas. Estágio Profissional O estágio visa à preparação do estudante para o mercado de trabalho, a importância dele para o profissional é algo já relatado por muitos estudiosos, há no Brasil uma lei que o regulariza (lei 11.788/08), a mesma estabelece normas de contratação e de trabalho, estabelecendo a carga horária de trabalho, a lei ainda estabeleceu algumas regras prevista para profissionais CLT, profissionais com carteira assinada, como férias remuneradas, vale transporte e jornada de trabalho reduzida. Somente são estagiários alunos matriculados em instituições ou de ensino público ou particular, podendo ser de nível superior ou nível médio. Apesar de a lei estabelecer novos direitos, o estagiário ainda não se compara com um emprego, pois não possui PIS, não possui décimo terceiro salário, aviso prévio, ou vale alimentação, e a remuneração que o estagiário recebe, tem a nomenclatura de bolsa-estágio, e não nomeado como salário, será um valor para que possa ajudar a pagar o ensino, essa nomenclatura é uma forma de não caracterizar um vínculo empregatício, visto que se o mesmo recebe o denominado salário, ele possui o vínculo. Nosso ponto principal é o vínculo empregatício, e a própria lei de estágio deixou alguns critérios para que justamente não ocorra o vínculo, veremos os pontos principais. Exige-se assim a matrícula e a frequência do educando no curso, ou de ensino superior ou de ensino médio. Exige-se também a celebração de termo de compromisso entre as partes, o estágio deve ser compatível com o ensino, ou seja tem que ser a mesma atividade. Há ainda que ter a orientação de um funcionário com experiência profissional, pois dessa forma o mesmo pode ensinar e verificar o trabalho do estagiário, e a contratação de estagiários conforme o número de empregados, cumprindo esses critérios o profissional não tem como alegar vínculo empregatício e o empregador fica assegurado. Trabalhador Autônomo O empregado é exposto pelo art 3 da clt, porém autônomo é um trabalhador que não possui vínculo empregatício, ele trabalha para ele mesmo, ou seja, não é subordinado a ninguém, não exerce trabalho habitual, http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/93117/lei-do-est%C3%A1gio-lei-11788-08 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/103882/lei-de-criacao-do-pis-lei-complementar-7-70 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10634289/artigo-3-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 fazendo o seu próprio horário, sua escala de trabalho, ou seja, o profissional autônomo não possui os requisitos para ter o vínculo empregatício, como habitualidade, onerosidade, subordinação, pessoalidade. Desse modo vemos algumas diferenças entre empregado e autônomo, o empregado é regido pela clt, o autônomo pela lei 8.212/91, empregado presta serviços habitualmente e não assume o risco da atividade, já o autônomo presta serviço eventualmente e assume o risco da atividade, o empregado recebe salário e é subordinado, e o autônomo recebe remuneração e não é subordinado. Estabelecemos assim a grande diferença de um e de outro, porém não quer dizer que um profissional autônomo não possa ter o vínculo empregatício, cabe ao empregador não deixar que o mesmo exerça os critérios, é o que ocorre em muitos caso, apesar do profissional ser autônomo ele tem a característica de empregado, constituindo sim um vinculo empregatício, o risco não está na classificação da modalidade de empregado, mas nas características do trabalho. A contratação de profissionais autônomos por empresas é totalmente lícita, devendo somente a empresa se atentar ao vínculo empregatício. Alguns exemplos são os profissionais de beleza, como manicure, profissionais de tecnologia da informação (pois esses geralmente trabalham em casa). Trabalhadores Voluntários O trabalho voluntário está estabelecido pela lei 9.608/98, que regularizou a prestação de serviços voluntários, o que difere nesse caso do empregado CLT, a própria lei estabeleceu que esse trabalho não gera vínculo empregatício, vemos a seguir algumas características: Para se configurar serviço voluntário a atividade não pode ser remunerada, o que não entra como vínculo empregatício, deve ser prestada por pessoa física a entidade pública, ou a instituição privada sem fins lucrativos, com os seguintes objetivos: cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social. Existe porém ao exercer um trabalho voluntário há um termo de adesão, no qual ambas as partes assinam, constando o trabalho que exercerá, porém esse termo não se parece em nada com o contrato de trabalho, apesar de estabelecer o trabalho ou seja o objeto e as condições, ele não impõe os requisitos do contrato de trabalho, e desta forma não age com uma das principais características do emprego, ele não é oneroso. Empregado Doméstico Quando falamos de empregado doméstico temos que ressaltar a diferença de empregado doméstico e diarista, pois o empregado doméstico possui o vínculo empregatício, principalmente com a emenda constitucional nº 72 que garante aos empregados domésticos direitos como FGTS e jornada http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983686/lei-org%C3%A2nica-da-seguridade-social-lei-8212-91 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/109379/lei-9608-98 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1034514/emenda-constitucional-72-13 de trabalho, vale ressaltar que o empregado doméstico é o que presta serviços de natureza contínua e de finalidade não lucrativa, ou seja diferente do empregado clt, ele não visa o lucro da entidade ou empresa, apenas presta um serviço dentro do âmbito familiar. O advogado Décio Scraravaglioni, advogado trabalhista e previdenciário afirma: “A emenda trata de empregados domésticos. O que vem em mente, primeiro, é a secretária do lar, que trabalha todos os dias no ambiente familiar. Mas não podemos esquecer de motoristas, jardineiros, entre outros funcionários que também trabalham em residências”, 1 Ainda é um tema de debate, o que seria ou não empregada doméstica, pois somente após essa definição é que podemos estabelecer se há ou não vinculo empregatício. Alguns doutrinadores afirmam que se a pessoa frequenta até 3 vezes na semana a mesma residência seria diarista e não empregado doméstico, pois não há um quesito importante continuidade, ou seja, um trabalho não eventual. Muda-se o regime trabalhista quando definido o que seria o trabalhador, diaristas não entram no sistema onde é obrigatório férias, jornada de trabalho ou até mesmo pagamento do INSS. Trabalhador Eventual O trabalho avulso é aquele prestado de forma esporádica a várias empresas, agrupado em entidade de classe, por intermédio desta e sem vínculo empregatício, além de não perceberem qualquer remuneração direta destas. Também não são considerados empregados do sindicato, já que este não exerce atividade lucrativa, não paga salário e funciona como mero agente de recrutamento e colocação. O trabalhador eventual é facilmente confundido com o trabalhador avulso, porém os mesmos são diferentes, o trabalhador avulso presta seu serviço de forma esporádica a varias empresas, não possui nesse caso nenhum vinculo empregatício, ele é contratado por sindicatose órgãos, mas não recebe salário do sindicato e não são considerados empregados deste, pois não exerce atividade lucrativa, é definido pela doutrina como “aquele que sindicalizado ou não, presta serviços de natureza urbana ou rural, sem vínculo empregatício, com intermediação obrigatória do sindicato da categoria (fora da faixa portuária) ou do órgão gestor de mão obra (na área portuária).” Alguns exemplos são: carregador, agarrador de embarcações. Já o trabalhador eventual realiza um trabalho eventual, ou seja, não há rotina no seu trabalho, e o mesmo realiza uma vez ou outra em determinado lugar, um exemplo desse trabalho é um encanador que vai arrumar um vazamento, somente realizou o trabalho uma vez, esse modelo de trabalho não configura http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 um vinculo empregatício, visto que o mesmo não preenche os requisitos, a lei 8.212/91 alínea a do inciso IV do art. 12, define trabalhador eventual como sendo: “Aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego”. Desta maneira é possível observar que ambos os trabalhadores citados acima não possuem vinculo empregatício. Definição de vínculo empregatício Quando falamos de vínculo empregatício, precisamos primeiro analisar e verificar o que seria um emprego. A lei define o empregado no art 3 da CLT, como “toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”. Toda pessoa que esteja nessas condições possui um emprego. E o termo emprego designa um oficio, durante muitos anos o trabalho predominante era o escravo, ou seja, trabalhava-se apenas porque era de uma raça considerada inferior, ou perderam em batalhas virando escravos dos rivais, não era uma relação de emprego e sim uma forma de propriedade, o escravo nada mais era que uma moeda de troca, podendo ser vendido, ou trocado quando seu ‘’dono’’ assim quisesse. Somente a partir da revolução industrial, onde o mundo passou a determinar as relações de trabalho, visto que surgiram grandes indústrias, fábricas, precisando de pessoas para exercer o trabalho, nesse período, mas ou menos século XIX, as mudanças começaram a ocorrer, com criação de sindicalismo, e até mesmo da democracia. Atualmente a forma mais comum de emprego é o assalariado, como definido pelo artigo 3 da CLT, há nesse caso um contrato com uma pessoa física ou jurídica, e nesse caso estabelecem o valor do salário, que nada mais é do que a venda da forca de trabalho, define-se também as condições do serviço prestado. O salário ou remuneração pode ser pago de forma seminal, quinzenal, mensal ou até mesmo diariamente. Délio Maranhão define contrato de trabalho da seguinte forma (2002:236): “Contrato de trabalho ‘stricto sensu’ é o negócio jurídico pelo qual uma pessoa física (empregado) se obriga, mediante o pagamento de uma contraprestação (salário), a prestar trabalho não eventual em proveito de pessoa física ou jurídica (empregador), a quem fica juridicamente subordinado”. Já se tratando de vínculo empregatício podemos definir como um fato jurídico, que ocorre quando alguém presta serviço para outra pessoa, de forma onerosa, podendo prestar serviço para pessoa física ou jurídica, pode ser para pessoa física em caso de empregada doméstica, ela não é contratada por uma empresa e sim por uma única pessoa e mesmo dessa forma configura um vinculo e uma relação de empregado e empregador, para configurar um vínculo são necessários alguns elementos como pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983686/lei-org%C3%A2nica-da-seguridade-social-lei-8212-91 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11364855/alinea-a-do-inciso-iv-do-artigo-12-da-lei-n-8212-de-24-de-julho-de-1991 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11364892/inciso-iv-do-artigo-12-da-lei-n-8212-de-24-de-julho-de-1991 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/11365444/artigo-12-da-lei-n-8212-de-24-de-julho-de-1991 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10634289/artigo-3-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/10634289/artigo-3-do-decreto-lei-n-5452-de-01-de-maio-de-1943 http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/111983249/consolida%C3%A7%C3%A3o-das-leis-do-trabalho-decreto-lei-5452-43 Necessário citar a diferença de empregado e trabalhador, pois somente um deles tem o vinculo empregatício, empregado é de certa forma um trabalhador, porém possui um contrato de trabalho, como já dito oneroso, e não é eventual. Já o trabalhador é um indivíduo, que se dispõe a vender sua força de trabalho, de forma autônoma e eventual, nesse caso vemos a diferença em relação a subordinação, principalmente em relação ao trabalhador autônomo, agora a diferença entre empregado e trabalhador eventual é a não eventualidade, pois o mesmo trabalha de vez em quando, não possui o contrato de trabalho que o empregado tem. Dessa forma concluímos que o empregado possui apenas um tipo, o definido acima, já o trabalhador existe algumas espécies, e o autônomo e o eventual não possuem vincula empregatício.
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