Buscar

8 Músicas, a arte sempre presente

Prévia do material em texto

97
 Música, a arte sempre presente
A palavra música tem sua raiz na palavra 
grega mousikós, que na Antiguidade fazia refe-
rência às musas e a qualquer vínculo humano 
com a inspiração artística. Entretanto, ao longo 
da história, essa palavra ficou limitada a toda a 
forma de criação artística relacionada à combi-
nação dos sons.
Ao coordenar os sons, o homem consegue 
produzir fenômenos acústicos em vários as-
pectos, dos mais simples e primitivos como as 
músicas tribais1 até os sons das grandes sinfô-
nicas. A música tem o poder de unir as pessoas 
e consegue chegar a todos os lugares. Ela está 
presente em todas as culturas e por vezes está 
apoiada apenas na tradição oral. Mesmo assim, 
ela consegue resistir ao tempo e mostrar as 
particularidades de cada povo.
Aqui no Brasil temos vários exemplos de 
musicalidade, como o samba e a bossa-nova 
que estão entre os temas do capítulo. Veremos 
também como o som é produzido, as diversas 
formas de música, a representação gráfica do 
som e os cinco elementos que definem o som 
e a música.
É importante conferir o que o estudioso na 
área musical, Bruno Kiefer, escreveu no Pre-
âmbulo de seu livro, Elementos da Linguagem 
Musical:
A música-arte é, entre outras coisas, uma linguagem. 
Para entendê-la, precisamos, antes de mais nada, 
ouvir ativamente. Mas só isso não basta. Precisamos 
ter um mínimo de conhecimento para entendê-la. 
Afinal de contas estudamos Português durante anos, 
lendo críticas e documentários sobre cinema com o 
intuito de aprofundar a nossa compreensão, por que a 
música haveria de fazer distinção? Se uma análise da 
Nona de Beethoven poderia nos revelar, muito além 
da personalidade do autor, aspectos essenciais da 
1 Músicas tribais fazem parte de um gênero que emergiu ou foi 
influenciado pela cultura africana. As músicas tribais africanas, 
por exemplo, no caso do Brasil foram trazidas pelos escravos 
na época da colonização. Como tendências genuinamente tribais 
podemos citar o Axé, Funk, Rap, Maracatu e o Reggae.
cultura de seu tempo, com todo o condicionamento 
histórico que remonta à Idade Média, por que então 
pretender que uma audição ingênua, destituída de 
qualquer conhecimento de música como arte, permita 
aprender o que essa obra tem de profundo e original? 
(KIEFER, 1979, p. 18)
Kiefer acredita que é fundamental certa 
dose de conhecimento musical para poder usu-
fruir de uma obra musical. Também acreditamos 
nisso e vamos ajudá-lo a entender e se aproximar 
da música através desse trabalho. Para tanto, 
vamos evitar ao máximo os aspectos técnicos 
e procurar fazer desse capítulo uma produtiva 
reflexão pelos caminhos musicais.
O que é o som?
O som é o resultado da propagação de 
ondas formadas pela vibração de algum tipo 
de objeto. No caso da música, esses objetos 
são os instrumentos musicais, por exemplo: as 
cordas de um violão ou a pele de um tambor. 
Em outras palavras, quando um objeto vibra, ele 
movimenta o ar ao seu redor, esse ar produz 
vibrações na forma de ondas e se espalha em 
diversas direções propagando o som. A citação 
a seguir classifica brevemente o que vem a ser 
o conteúdo de uma onda sonora:
O som é o produto de uma sequência rapidíssima (e 
geralmente imperceptível) de impulsões e repousos, 
de impulsos (que se representam pela ascensão da 
onda) e de quedas cíclicas desses impulsos, segui-
das de sua reiteração. A onda sonora, vista como 
um microcosmo, contém sempre a partida e a con-
trapartida do movimento, num campo praticamente 
sincrônico [...] não é a matéria do ar que caminha 
levando o som, mas sim um sinal de movimento que 
passa através da matéria modificando-a [...] (WISNIK, 
1989, p. 18)
As ondas sonoras são apenas sensações, 
mas podemos representá-las graficamente. 
Veja a seguir algumas representações gráficas 
do som.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
98
intensidade • : esse aspecto diz respeito 
ao volume e à intensidade do som, serve 
também para dar riqueza à música, enfa-
tizando as suas passagens musicais. É 
também a qualidade que temos de julgá- 
-lo mais forte ou mais fraco que outro.
Timbre • : é a qualidade do som. Sua maior 
importância está em definir a origem 
do som, por exemplo, um prato ou um 
triângulo emitem timbres metálicos e 
um contrabaixo emite timbre grave. Essa 
é a qualidade que dá oportunidade ao 
ouvido de diferenciar sons de altura e 
mesma intensidade, emitidos por fontes 
diferentes.
Todas essas propriedades são representa-
das ao mesmo tempo quando temos a possibili-
dade de ouvir a apresentação de uma orquestra, 
como na imagem a seguir. Uma orquestra é 
um conjunto de músicos que executam obras 
musicais por meio de instrumentos musicais. 
Orkhéstra é um vocábulo grego e sua primeira 
significação era “dançar”. Posteriormente, foi 
utilizado para designar o espaço ocupado pelos 
senadores no teatro romano e foi apenas no 
século XVIII que foi reconhecido como é atual-
mente.
P
re
fe
it
ur
a 
do
 M
un
ic
íp
io
 d
e 
M
ar
in
gá
.
Orquestra Sinfônica do Paraná.
Harmonia, 
ritmo e melodia
Ao compor uma música, o autor precisa se-
lecionar sons. Para fazer essa escolha ele entra 
em um mundo de infinitas escalas musicais pos-
Ondas sonoras – modelo para reprodução.
Som agudo e forte Som agudo e fraco
Som grave e fracoSom grave e forte
A seguir, veremos as propriedades do som 
que fazem com que as ondas se modifiquem 
como as que você viu na ilustração anterior.
Os cinco elementos 
que definem o som
Já vimos que a música tem como matéria- 
-prima o som e é importante assinalar também 
que o som se define por meio de cinco proprie-
dades: altura, duração, densidade, intensidade 
e timbre.
Altura • : é a responsável pela distinção 
do som, ou seja, se ele é grave, médio 
ou agudo. A direção das ondas do som 
agudo se dirige para cima e a direção 
das ondas do som grave se dirige para 
baixo, enquanto que a altura média se 
mantém intermediária. Quanto maior a 
frequência, maior a altura, ou seja, mais 
agudo é o som.
duração • : essa propriedade do som nos 
permite observar o espaço de tempo 
em que cada onda se propaga. Algumas 
podem permanecer por um tempo longo, 
enquanto que outras são rápidas. Não 
podemos esquecer das pausas, que são 
os momentos de ausência de som.
densidade • : serve para identificar a com-
plexidade da música e pode ser classifi-
cada como cheia/complexa ou simples/
primitiva.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
99
síveis. Esse músico necessariamente transitará 
pelas implicações da harmonia, do ritmo e da 
melodia. Não se pode pensar música sem esses 
elementos e é deles que trataremos agora.
A harmonia estuda as relações de enca-
deamento dos sons e obedece a uma série 
de normas, chamadas de composição. Ela é a 
organização interna dos sons e se refere aos 
acordes. Acorde é a emissão de três ou mais 
sons distintos. A palavra harmonia teve vários 
significados no decorrer da história e desde o 
século XIX é usada para designar tudo o que se 
relaciona aos acordes. Existem várias aplicações 
desse termo em música, por exemplo: harmonia 
entre sons sucessivos de uma melodia, harmo-
nia entre sons simultâneos e harmonia entre 
sons de uma escala. Na música eletrônica e na 
música concreta2 o sentido tradicional da palavra 
harmonia se perde.
A melodia, derivada dos radicais gregos me-
los e odé, significa sucessão melódica de sons e 
canto. Do ponto de vista teórico, podemos resu-
mir isso em um conceito que exprime a sucessão 
de sons isolados. Melodia significa, portanto, 
a sucessão de sons e silêncios (pausas) que 
procuram manter na música uma característica 
de cantabilidade. O compositor pode alternar 
ou repetir a relações melódicas de uma música 
de forma a tornar a música mais interessante e 
não deixá-la monótona.
A melodia encontra apoio musical na harmo-
nia e no ritmo. Um fato que não se pode deixar 
de citar é que uma melodiaé mais do que uma 
sucessão de sons: “[...] cada elemento adquire 
a sua significação não isoladamente mas sim 
como parte de um todo. [...] Muito característico 
das linhas melódicas é seu caráter ondulatório. 
Este implica um crescimento ou decrescimento 
de tensões, condicionadas novamente, pelo 
contexto” (KIEFER, 1979, p. 50).
A palavra ritmo vem do grego rhythmos e 
quer dizer: aquilo que flui, aquilo que se move. 
2 Música concreta é uma modalidade de música eletrônica que 
edita o áudio de sons naturais ou industriais, ou seja, são coloca-
dos fragmentos de objetos sonoros, que podem ser desde ruídos 
de ambiente até de sons de máquinas. Esse gênero nasceu na 
década de 1940-1950 com a evolução da tecnologia na área de 
áudio, dos microfones e dos gravadores magnéticos.
Mas essa palavra também está associada a 
outras ideias, como por exemplo, a de medida. 
Ritmo é o encadeamento das durações dos 
sons colocados de forma organizada. Ele se 
fundamenta em duas qualidades: a duração e 
a intensidade dos sons. A variação de sua re-
petição e o tempo, ou seja, a duração dos sons 
é que vão caracterizar um ritmo.
Se pensarmos no fluir tranquilo de uma corrente de 
água ou na emissão contínua de um som no qual 
nada se altere, não teremos a noção de ritmo. Fa-
lamos em ritmo a partir do momento em que o fluir 
apresenta descontinuidades. [...] a percepção das 
continuidades traz consigo a comparação, a meida-
de entre fragmentos daquilo que flui. Constatamos 
fragmentos mais longos, outros mais curtos, por 
exemplo. (KIEFER, 1979, p. 23) 
Quando o ritmo é regido por regras, chama-
-se métrica e o estudo do ritmo é chamado de 
prosódia. Vejamos a seguir uma breve apresen-
tação de ritmos encontrados na história durante 
o desenvolvimento dos estilos musicais.
Ritmos musicais 
através dos tempos
Período gótico • : ocorreu entre o século XII 
e o século XIV. No início tinha um ritmo 
rígido e anguloso que lhe conferiu um ca-
ráter tosco e forte. Entretanto, ao final do 
século XIII surge um movimento que pre-
tendia romper com essa rigidez e conferir 
mais liberdade à musica gótica e é essa 
que conhecemos em nossos dias.
renascença • : transição da música gótica 
para a renascentista. O ritmo é fluído e 
tranquilo, quebrado por pequenas assi-
metrias e uma leve flexibilidade. A divisão 
dos tempos é feita em duas ou quatro 
partes iguais e é disso que resulta o fluir 
tranquilo da música renascentista.
Barroco • : o que mais chama a atenção no 
ritmo desse período é a regularidade ma-
temática de seu som. O período Barroco 
é marcado por um ritmo pesado e seus 
principais representantes foram Bach, 
Händel e Vivaldi.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
100
clássico • : teve sua origem dentro do Roco-
có e está impregnado dessa tendência. O 
ritmo pesado, matemático e uniforme do 
período anterior desaparece e ocorre uma 
variedade rítmica. Seus principais autores 
foram Beethoven, Haydn e Mozart.
romantismo • : nesse período ocorre uma 
novidade em termos de ritmo: a plas-
ticidade. Por meio dela ocorrem sutis 
inflexões no andamento da música. É 
preocupação dos autores românticos 
descrever estados emocionais e é por 
essa razão que o ritmo se torna plástico, 
ou seja, há uma sobreposição de ritmos. 
O resultado disso é que o ritmo global 
acaba se tornando difuso.
século XX • : o ritmo é redescoberto como 
elemento fundamental e muitas obras de 
percussão se destacam com novidades. 
Muitos compositores procuram complicar, 
inventar ritmos e uma nova estética surge. 
Outra característica dessa época é que rit-
mos primitivos3 são trazidos para a música 
erudita4. No universo da música do século 
XX surgem possibilidades sonoras inusita-
das ao unir sons de instrumentos da mú-
sica primitiva (congas, gonguê, marimba, 
etc) a instrumentos clássicos (violinos, 
pianos, etc) em arranjos para músicas 
de compositores consagrados, como por 
exemplo, o grupo mineiro Uakti.
Os instrumentos 
musicais
A história dos instrumentos musicais é 
remota e sua origem se perdeu no tempo. Não 
há notícias de povos, por mais primitivos que 
fossem, que não tenham feito uso de instru-
mentos musicais. O que parece confirmar que 
3 Ritmos primitivos são derivados da música tribal.
4 Música erudita (ou música clássica) se refere à modalidade mu-
sical academicamente estudada, elaborada dentro das tradições 
constituídas entre os séculos XVI e XIX. É o oposto da música 
popular.
a música é inerente ao homem. É possível que 
muitos instrumentos tenham surgido ao mesmo 
tempo em locais distintos do planeta e numa 
época muito remota, mas seu uso como entre-
tenimento é recente.
Os povos mais primitivos acreditavam que 
os deuses foram os criadores dos instrumentos 
musicais, pois para eles a música tinha origem 
divina. Para os gregos antigos, a flauta foi criada 
por Pan, a cítara por Apolo e a lira por Hermes. 
Os orientais, por outro lado, acreditavam que sua 
origem estava em tentar imitar os sons da natu-
reza e os historiadores modernos concluem que 
a origem dos instrumentos estava intimamente 
ligada aos ritos religiosos e à dança.
As pesquisas arqueológicas no período 
Paleolítico encontraram instrumentos feitos de 
pedra e ossos utilizados como chocalhos, apitos 
e matracas. No Neolítico surgiram tambores, 
flautas e até instrumentos de corda. Foi ape-
nas em torno do ano 3 000 a.C. que surgiram 
as liras, as harpas e os alaúdes no Egito. Os 
instrumentos de palheta surgiram muito tempo 
depois, na Idade Média.
Foi com a invenção da prensa por Gutem-
berg (1390-1468) que ocorreu maior estímulo e 
a divulgação de partituras musicais. Isso provo-
cou uma popularização da música com o apare-
cimento de instrumentos novos e aperfeiçoados. 
Juntamente com essa popularização firmaram-se 
os primeiros fabricantes de instrumentos e com 
a Revolução Industrial, ocorreu a mecanização 
que tornou possível fabricar instrumentos em 
larga escala barateando seus custos e popula-
rizando ainda mais a música da época.
O início do século XIX trouxe a formação das 
grandes orquestras e os instrumentos adquiriram 
as formas que conhecemos hoje em dia. O próxi-
mo passo dessa evolução foi o uso da tecnologia 
que equipou os músicos para a execução da músi-
ca do século XX com instrumentos eletroacústicos 
e geradores de alta frequência.
Sabemos que todo som nasce de uma vi-
bração e as vibrações produzem ondas que se 
movimentam pelo espaço chegando aos nossos 
ouvidos. Esses sons produzidos podem ser dividi-
dos em sons da natureza e sons mecânicos. Nos-
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
101
so mundo está imerso em sons que se propagam 
com particularidades e características diversas. 
Os instrumentos musicais fazem parte de uma 
classificação integrada aos sons mecânicos.
Classificação 
dos instrumentos musicais
Existem muitas formas de agrupar os instru-
mentos musicais a fim de classificá-los. A seguir 
veremos uma tabela com a classificação pontual 
de instrumentos divididos em sopro, percussão 
e cordas e, em seguida, alguns exemplos espe-
cíficos de instrumentos com suas respectivas 
ilustrações.
 
sopro Percussão cordas
Flauta Tímpano Violino
Oboé Carrilhão Viola
Clarinete Xilofone Violoncelo
Fagote Triângulo Contrabaixo
Trompete Prato Alaúde
Saxofone Bumbo Guitarra
Trombone Castanhola Harpa
Trompa Pandeiro Cravo
Tuba Caixa Piano
 
A bateria é um instrumento formado por um 
conjunto de tambores e pratos. Foi no século XX 
que a bateria se destacou como instrumento 
musical ao participar ativamente de bandas e 
orquestras. Em seu início, cada pessoa tocava 
uma coisa de cada vez: o bumbo, a caixa e os 
pratos. Foi apenas com a invenção do pedal, em 
1910, que foi possível que uma pessoa execu-
tasse o instrumento e, posteriormente, com a 
ideia de acoplar tudo em um único instrumento 
surgiu a bateria como conhecemos hoje.
Bateria.
D
om
ín
io
 púb
lic
o.
O violão é um dos instrumentos mais popu-
lares da atualidade e sua origem provavelmente 
remete a um instrumento árabe chamado alaú-
de. Esse instrumento foi conhecido no ocidente 
por meio das invasões muçulmanas, posterior-
mente adaptado ao contexto europeu e passou 
a se chamar vihuela.
Violão e guitarras.
Is
to
ck
 P
ho
to
.
A guitarra surgiu em torno de 1930 e a tran-
sição do violão para esse instrumento eletrônico 
ocorreu quando inseriram captadores eletrônicos 
que funcionavam como uma espécie de microfo-
ne. Seu uso foi popularizado nos anos de 1950 e 
1960 e atualmente é possível que existam mais 
de 50 milhões de guitarristas no mundo inteiro.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
102
A flauta é um pequeno instrumento musical 
onde o som é produzido por meio de um orifício 
aberto em uma das extremidades de um tubo. 
Sua característica em termos de som é que as 
notas agudas são claras e frias, enquanto que 
as notas graves são intensas e doces.
C
om
st
oc
k 
C
om
pl
et
e.
Flauta.
O saxofone foi criado em 1840 por Adolphe 
Sax e é um instrumento de metal que se constitui 
por um tubo com aproximadamente 24 orifícios 
controlados por uma clave. Pode ser encontra-
do em diversos tamanhos e sua sonoridade é 
anasalada, suave e lírica.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Saxofone.
A vida do homem 
inspira a música
A música religiosa é um estilo musical pró-
prio para celebrações ritualísticas e sua principal 
característica é ser fundamentalmente orante, 
ou seja, constitui-se de orações reforçadas por 
sons e ritmos. Muitas delas se apresentam 
envolvidas por batuques que predispõem um 
envolvimento corporal, chegando a alguns ca-
sos a levar o ouvinte a estados hipnóticos. Veja 
esta passagem do livro O Som e o Sentido que 
expõe brevemente o contexto ritual e místico 
da música:
[...] a música é um espelho de ressonância cósmica, 
que compreende todo o universo sob a dimensão 
demasiado humana – da voz. O canto nutre os 
deuses que cantam e que dão vida ao mundo [...] 
Mas o homem que canta profundamente, e realiza 
interiormente o sacrifício, ascende ao mundo divino 
na medida em que investe da energia plena do ser, 
ganhando como homem-cantor a imortalidade dos 
deuses-cantores. (WISNIK, 1989, p. 39)
Está indicado acima, nas palavras de José 
Miguel Wisnik, que a música com fins religiosos 
é essencialmente voltada para uma pulsação 
que esteja a serviço da elevação espiritual do 
homem.
Assim como a música religiosa, a música 
militar tem compromisso duplo: deve servir como 
arte e como motivadora das tropas militares. Sua 
característica fundamental é a beleza. A quali-
dade de seus arranjos são fundamentalmente 
dotados de grande harmonia e vigor. Muitos gran-
des músicos fizeram composições para músicas 
militares, incluindo Ludwig van Beethoven, que 
compôs em 1802 a Terceira Sinfonia (Opus 55) 
feita em homenagem a Napoleão Bonaparte. O 
compositor queria enaltecer as qualidades de 
liderança de Napoleão, que ele acreditava ter a 
nobreza de espírito e a integridade de caráter 
que um grande militar deve possuir.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
103
Música brasileira
A palavra samba é de origem africana, 
provavelmente de Angola ou Congo, que tinha 
seu significado ligado às danças tribais e em 
sua raiz era dito “semba”. O costume foi trazido 
ao Brasil pelos escravos africanos e o primeiro 
samba foi gravado em 1917, escrito por Mauro 
Almeida e Donga.
Foi com a difusão do rádio na década de 
1930 que o samba adentrou os lares brasileiros 
e tornou-se mais popular com as criações de 
Noel Rosa, Cartola e Ary Barroso. Posteriormen-
te, na década de 1970, surgiu outra geração de 
sambistas com Paulinho da Viola, Jorge Aragão, 
Beth Carvalho e Elza Soares, entre outros. Os 
mais importantes sambistas do país foram 
Pixinguinha, Ataulfo Alves, Lupicínio Rodrigues, 
Clara Nunes e Lamartine Babo.
Os estados brasileiros onde o samba tem 
sua maior repercussão são a Bahia, São Paulo 
e Rio de Janeiro, entretanto existem algumas 
peculiaridades em cada um deles. Por exemplo, 
na Bahia, o samba é influenciado pelo maxixe, 
tem letras simples e ritmo repetitivo. No Rio de 
Janeiro há influência das comunidades do morro 
e as letras das músicas falam das mazelas da 
vida urbana, muitas vezes com humor. Em São 
Paulo, o samba expõe a mistura de raças com 
letras elaboradas e a visão dos trabalhadores 
da terra. Entre os principais tipos de samba po-
demos citar: samba-enredo, samba do partido 
alto, pagode, samba-canção, samba carnava-
lesco, samba exaltação, samba de gafieira e o 
sambalanço.
Surgida no Rio de Janeiro, a Bossa Nova foi 
batizada com esse nome em função da forma 
como o samba era tocado naquela época e se 
tornou um dos gêneros mais destacados da 
música brasileira.
A Bossa Nova teve seu início numa das 
faixas de um disco que contou com pouquíssi-
ma aceitação pelo público. Essa faixa do disco 
continha a música Chega de Saudade, de 1958, 
que foi composta por Vinicius de Moraes, escrita 
por Tom Jobim e ficou quase um ano sem ser 
gravada, abandonada por seus criadores. Essa 
canção, que marcou a história da música bra-
sileira, tinha como referência o samba-canção 
e era dividida em três partes. Gravada meses 
depois, no ano de 1959 por João Gilberto, Che-
ga de Saudade acabou ganhando o Brasil e o 
mundo.
Inicialmente considerado um ritmo intelectu-
al e elitista, a Bossa Nova rapidamente tornou-se 
popular em todo o Brasil e em 1962 foi apresen-
tada ao público americano no Carnegie Hall de 
Nova York. Desse espetáculo participaram alguns 
de seus idealizadores: Tom Jobim, João Gilberto, 
Luiz Bonfá, Carlos Lyra, Sergio Mendes e Roberto 
Menescal, entre outros.
Outra música que marcou o movimento da 
Bossa Nova foi Garota de Ipanema, que teve 
aproximadamente 100 regravações através de 
vozes importantes como Frank Sinatra e Sarah 
Vaughan. Foi em 1965 que Vinicius de Moraes e 
Edu Lobo compuseram Arrastão, cantada por Elis 
Regina no importante Festival da Música Popular 
Brasileira, que marcou o fim da Bossa Nova e o 
início da MPB, que dominou a cena pública da 
música brasileira até o surgimento do Pop Rock 
Nacional.
Para saber mais
Grupo Uakti
(RIBEIRO, 2009)
No mundo pós-guerra, grandes avanços 
tecnológicos vêm ocorrendo em praticamente 
todas as áreas do conhecimento. O impacto 
da ciência se fez sentir também na música, 
mediante o advento do rádio, da televisão e 
dos diferentes meios de suporte fonográfico. 
No que concerne aos instrumentos musicais, 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
104
ressaltam-se o surgimento e desenvolvi-
mento de novos instrumentos eletrônicos e 
sua própria evolução, que acompanha, de 
certa forma, o desenvolvimento acelerado 
da informática. Entretanto, Marco Antonio 
Guimarães, fundador e líder do grupo Uakti, 
nos chama a atenção para a relativa inércia 
na criação de instrumentos musicais acús-
ticos tradicionais. De fato, observa-se que 
o surgimento de novos instrumentos para 
concerto encontra-se praticamente esta-
cionado desde o final do século XIX. De lá 
para cá, as principais mudanças nessa área 
restringiram-se à melhoria dos métodos de 
fabricação e ao aperfeiçoamento dos princí-
pios de funcionamento e produção do som.
Um fato comumente verificado é o hiato 
entre construtores de novos instrumentos 
acústicos e os compositores. Esse afasta-
mento impede o desenvolvimento de um 
repertório específico para ambos, o que, de 
certa forma, explica a tendência de acumula-
ção das funções de construtor e compositor 
de novos instrumentos. No século XX, an-
tecedendo a experiência de Marco Antonio 
Guimarães com o Uakti, deve-se ressaltar 
o trabalho histórico de dois construtores de 
novos instrumentos acústicos, que consegui-
ram integrar suas novas fontes sonoras ao 
seu processocompositivo: Harry Partch1 nos 
EUA e Walter Smetak2 no Brasil.
1 Harry Partch nasceu na cidade de Oakland, Califórnia, EUA, em 
24 de junho 1901, vindo a falecer em San Diego, Califórnia, em 
3 de setembro de 1974. Harry Partch idealizou e construiu uma 
série de instrumentos, em sua maioria de cordas e percussão.
2 Walter Smetak, nascido em 1913, de origem suíça, era vio-
loncelista, compositor e construtor de instrumentos não tradi-
cionais. Emigrou para o Brasil em 1937, onde trabalhou como 
Os trabalhos de Partch e Smetak são 
exceções dentro de um quadro no qual há 
poucos estudos sistemáticos ou consolida-
dos sobre a criação de novos instrumentos 
musicais. Na Inglaterra, um projeto pioneiro 
denominado Alternative Tuning Projects dirigi-
do por Patrick Ozzard-Low3 em parceria com a 
London Guildhall University, visa à criação de 
um Centro de Novos Instrumentos Musicais. 
Tal empreendimento contemplará, prioritaria-
mente, o surgimento de novos instrumentos 
orquestrais no século XXI, reunindo tanto 
estudiosos de diferentes áreas. Contudo, 
a partir da década de 1980, a construção 
de novos instrumentos musicais passou 
a congregar, cada vez mais, construtores, 
compositores e grupos de músicos. Desde 
1986, o festival Sound Symposium, realiza-
do bienalmente na cidade de Saint John´s, 
Newfoundland, Canadá, dedica-se à temá-
tica da construção de novos instrumentos 
musicais e instalações sonoras. O simpósio 
reúne construtores e instrumentalistas de 
diversos países, promovendo o intercâmbio 
de ideias e experiências construtivas de 
performance.
violoncelista das mais importantes orquestras e institutos de 
artes, do Rio Grande do Sul, do Rio de Janeiro e de São Paulo, 
onde viveu até meados da década de 1950. Finalmente, mu-
dou-se para Salvador, no ano de 1957, a convite do professor 
Hans Joachim Koellreutter, para lecionar nos Seminários de 
Música da UFBA. A partir de 1958, paralelamente à sua ativida-
de como violoncelista e professor, começou a se dedicar, com 
maior intensidade, à construção de novos instrumentos.
3 Patrick Ozzard-Low, pianista, compositor e filósofo, nasceu na 
Inglaterra em 1958.
Dicas de estudo
No texto complementar você pode ver a mú-
sica Chega de Saudade, de Vinicius de Moraes 
e Tom Jobim que reconstitui a vida boêmia no 
contexto carioca dos anos 1960. Essa música é 
um mosaico do comportamento e dos sentimen-
tos daquela época. Você pode percebê-la como 
uma espécie de romance escrito por seus prota-
gonistas. A Bossa Nova foi um amplo movimento 
musical que pode ser tomado como o retrato de 
uma época. De acordo com esse pensamento, 
pesquise letras de músicas desse movimento. 
Para saber um pouco mais sobre a história da 
Bossa Nova, consulte o site comemorativo dos 
50 anos da Bossa Nova no seguinte endereço: 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
105
<www.abril.com.br/bossa-nova-50-anos/>.
A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) 
foi criada em 1940 e tem sua sede no Rio de 
Janeiro. Foi somente na década de 1970 que 
a OSB alcançou projeção nacional com o Proje-
to Aquarius. Esse projeto tinha a intenção de 
aproximar a população mais carente de cultura 
da música clássica e previa concertos ao ar 
livre, abertos ao público em geral. Foi nessa 
época que o maestro Isaac Karabtchevsky as-
sumiu a OSB e a dirigiu por 26 anos. Acesse 
o seguinte endereço, no site: <www.youtube.
com/watch?v=PhbeYFmGvEQ>, para assistir 
a um vídeo da Orquestra Sinfônica Brasileira, 
com entrevistas de seus formadores e de seus 
ouvintes.
Exercícios de aplicação
Observe a indicação dos instrumentos a 1. 
seguir e relacione com a coluna.
ritmo:b) 
melodia:c) 
1) Sopro
2) Percussão
3) Cordas
( ) Violino
( ) Tambor
( ) Alaúde
( ) Flauta
( ) Pandeiro
( ) Bumbo
( ) Trompa
( ) Guitarra
( ) Violoncelo
( ) Oboé
( ) Saxofone
( ) Prato
Resuma com suas palavras os seguintes 2. 
conceitos musicais:
harmonia:a) 
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
106
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
107
Gabarito
Exercícios de aplicação
Resposta: 3, 2, 3, 1, 2, 2, 1, 3, 3, 1, 1, 2.1. 
2. 
Harmonia é a organização dos sons; ela a) 
obedece a algumas regras.
Melodia é a sucessão de sons e silên-b) 
cios que se alternam e repetem durante 
a execução da música.
Ritmo é a variação e a repetição de sons c) 
dentro da música; é a duração dos sons 
que determina o ritmo.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
108
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br

Continue navegando