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Atividade Avaliativa Este trabalho visa correlacionar o tema do filme “Kinsey, vamos falar de sexo” com o conceito de sexualidade para a psicanálise. Este filme, de 2004, dirigido por Bill Condon, é baseado na trajetória de vida de Alfred Charles Kinsey e como este, revolucionou as pesquisas sobre a sexualidade humana. O filme se passa no início do século 20. Kinsey, também chamado carinhosamente de Prok, era um biólogo famoso no estado de Indiana, EUA. Seu interesse no estudo da sexualidade humana, começa após conhecer sua esposa na universidade onde leciona, quando se casa com ela, e sofre alguns problemas durante o ato sexual na lua de mel. Assim, quando este resolve procurar ajuda, tem a reflexão de que “sexo” é um tema que a sua sociedade pouco sabe a respeito. Um fato interessante que o filme mostra é que a infância de Kinsey foi difícil, pois sofreu com muitas doenças respiratórias, o que lhe conferiu uma condição em que passava muito tempo na cama e sozinho. Além disso, ele também nasceu em um meio religioso, no qual seu pai, um fanático, lhe reprimia e proibia o exercício de várias atividades consideradas por ele, ilícitas. A sexualidade é abordada no filme como algo chocante devido à época no qual este é retratado. A trama mostra o tema sendo discutido por membros da igreja e por escritores do período, estes repassando informações que o ato sexual deve ser realizado apenas no casamento e que existem maneiras corretas para se portar, não havendo espaço para diferenças. O filme também evidencia que naquele momento, ocorria um grave surto de sífilis e que as medidas de prevenção eram no investimento em aulas de higiene nas universidades, não havendo assim aulas sobre educação sexual. O professor Kinsey, então surge nesse contexto, buscando investigar a sexualidade humana através de uma visão científica e cumprindo com os desejos dos alunos da universidade em que ministrava, de realizar um curso sobre educação sexual, afim de trazer esclarecimentos sobre o tema. As aulas de Kinsey eram um diferencial na época, pois ele ao invés de trazer apenas meras explicações teóricas, fazia seus alunos refletirem sobre o assunto e chocava-os com o uso de slides com imagens reais de órgãos genitais durante o ato sexual. No decorrer das aulas, este se deparava com várias dúvidas trazidas por seus alunos e também, se surpreendia com as respostas destes aos questionários feitos por ele, revelando que comportamentos ditos anormais se mostram mais comuns do que o imaginado. Pode-se dizer, que Prok possuía uma vantagem em ser biólogo e zoólogo. Logo, o estudo destas áreas tornou mais “fácil” o estudo da “natureza humana”, pois lhe abriram a mente no quesito “diversidade”. Este mesmo afirma que com os estudos com animais, percebeu que se um ser vivo é diferente de outro ser vivo, então a diversidade não pode ser de maneira nenhuma reduzida. Assim, ele afirma: “Apenas as variações são reais e que para vê-las, devemos simplesmente abrir os olhos”. Então, depois de fazer mais pesquisas e posteriormente, trazer isso à tona na publicação de seu livro “Comportamento Sexual do Homem” em 1948, ele enfatiza ao público que as pessoas estão sempre preocupadas se o que fazem está dentro na normalidade, o que não deveriam fazer pois todos os indivíduos são diferentes. Para ele, o ser humano nega suas próprias vontades para poder ser aceito na sociedade em que se vive. O filme mostra que a publicação de seu primeiro livro tornou-o famoso, mas que o processo de publicação do segundo “Comportamento Sexual da Mulher” em 1953, foi um período conturbado. Pois, o conteúdo do livro se mostrou tão chocante que fez com que suas pesquisas perdessem investimentos. O que mostra que o tabu de que a mulher não era um “ser sexual”, era muito forte naquela época. Após perder seus investimentos, Prok com sua saúde já debilitada, morreu anos depois e assim, não conseguiu fazer mais estudos na área. Entretanto, o filme mostra que seus livros puderam ajudar pessoas a não se sentirem anormais devidos seus comportamentos serem, como retratados nos livros, comuns. Além disso, nota-se a importância de suas pesquisas para a contemporaneidade, pois através delas que se começou efetivamente o estudo do comportamento sexual humano. Em síntese, o filme nos mostra que Alfred Charles Kinsey, enxergava a sexualidade como uma fonte de prazer do ser humano (algo chocante para a época), sendo algo natural deste, além de complexo e que não visa apenas a reprodução. Ele também desmistificou muitos tabus sobre como cada indivíduo pode atingir o prazer, sobre as mulheres e os homossexuais. Sigmund Freud, nos traz a visão de que a sexualidade surge a partir de uma energia de vida instintiva e que esta existe desde o nosso nascimento, possuindo um papel funcional na estrutura orgânica dos seres humanos. Assim, ela permite que sobrevivamos nos primeiros anos de vida, principalmente durante a fase oral, além de que formemos nossa personalidade durante as outras fases. Dessa maneira, para o criador da psicanálise, o “sexual” não visa apenas a reprodução. Muitos pontos de vistas trazidos por Kinsey durante o filme, conciliam-se com a concepção de sexualidade para o criador da psicanálise. Por exemplo, quando este diz que a fonte de muitas obsessões deriva de desejos sexuais que não podem ser realizados, pois são considerados proibidos. Ou, quando declara publicamente (e choca o público), que as consideradas “perversões sexuais” constam dentro da normalidade biológica. Analogamente, Freud, acredita que a repressão sexual exercida pela a moralidade da sociedade é a fonte de doenças neuróticas e que a barreira que divide perversão e normalidade não existe, o que existe é uma continuidade entre essas duas. Portanto, conclui-se que tanto para Alfred Charles Kinsey como para Sigmund Freud, a sexualidade é algo complexo e ela de maneira nenhuma pode ser definida rapidamente, pois o ser humano não pode ser definido. E quando a sociedade o faz, este pode entrar em um processo de adoecimento psíquico. Referências BEARZOTI, Paulo. Sexualidade: um conceito psicanalítico freudiano. Arquivos de Neuro- Psiquiatria, v. 52, n. 1, p. 113-117, 1994. CECCARELLI, Paulo Roberto. Sexualidade e preconceito. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, v. 3, n. 3, p. 18-37, 2000. SILVA, Fábio Brandão; BRÍGIDO, Edimar. A sexualidade na perspectiva freudiana. Revista Contemplação, n. 13, 2016.
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