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Aula 3 - Alterações Fisiopatológicas


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Lesão celular e morte celular
Porquê adoecemos?
Como 
adoecemos?
De quê adoecemos?
Há alterações
morfológicas? 
Há alterações funcionais?
Lesões reversíveis ou degenerações
Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as
alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o
estímulo nocivo for removido.
Nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e
funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para
um dano severo àmembrana e dissolução nuclear.
Quando a alteração atinge o núcleo e as membranas
celulares, ela se torna irreversível.
Fatores e agentes que podem levar a uma lesão 
celular:
Privação de oxigênio:
Obstrução do fluxo sanguíneo -> falta deoxigênio;
Hipóxia: a redução de fornecimento de oxigênio (anemias,
envenenamento (CO: forma um complexo estável com a
hemoglobina que impede a ligação ao oxigênio), Insuf.
cadiorespitarória, pneumonia,isquemia);
Anóxia: a privação total de oxigênio (afogamento);
Ambas são causas frequentes de lesões;
O oxigênio -> envolvido no processo de produção de energia (ATP)
-> respiração oxidativa aeróbica;
Mediador de diversas reações metabólicas;
Agentes químicos
químicas que podemGrande diversidade de substâncias
desencadear alterações celulares;
Inclusive substâncias indispensáveis para célula podem se tornar
agentes nocivos em excesso, como aglicose e íons.
Os agentes conhecidos como venenos/toxinas atuamna degradação
da membrana celular, alterando todo o equilíbrio osmótico
e,também, podem inativar enzimas e cofatores.
Grandes vilões celulares: o monóxido de carbono, álcool emetais
pesados (chumbo e mercúrio) -> dia adia
-> Modificações no genoma, transformação nas moléculas, ou atuar
como antígeno, induzindo resposta imunitária humoral.
Agentes patogênicos biológicos
Grande diversidade -> vírus, bactérias, fungos eparasitas.
O agente pode atuar invadindo a célula, proliferando-se e
causando amorte celular por ruptura.
-> Por liberação de toxinas e antígenos, promovendo a
ativação do processo inflamatório e indução de resposta
imunitária.
Fatores genéticos
Mutações nos genes e alterações cromossômicas
resultam em doenças;
Ex: Síndrome de Down - trissomia do cromossomo21.
Ex:Anemia falciforme – substituição de 1 aminoácido daHgS.
-> Causam lesão celular devido a deficiência de proteínas funcionais,
defeitos enzimáticos nos erros inatos do metabolismo, acúmulo de DNA
danificado ou proteínas mal dobradas.
Ambos disparando a morte celular quando sãoirreparáveis.
As variações genéticas (polimorfismos) podem influenciar também a
suscetibilidade das células a lesão por substâncias químicas e outras lesões
ambientais.
Desequilíbrios Nutricionais
Era de borbulhante riqueza global - as deficiências nutricionais
permanecem como a principal causa de lesão celular.
Ex: Deficiências proteico-calóricas entre as populações
desfavorecidas. Deficiências de vitaminas específicas mesmo em
países desenvolvidos com alto padrão de vida.
Os excessos nutricionais são também causas importantes de
morbidade e mortalidade -> a obesidade aumenta
consideravelmente o risco para diabetes mellitus tipo 2.
As dietas ricas em gordura animal estão fortemente implicadas no
desenvolvimento da aterosclerose, como também na vulnerabilidade
aumentada amuitas desordens, incluindo o câncer.
Desequilíbrios Nutricionais
A célula, em seu funcionamento normal, necessita de proteínas, 
lipídios, vitaminas e minerais.
Grande parte dessas substâncias são obtidas por meio de 
reações metabólicas e síntese proteica;
Algumas substâncias precisam ser adquiridas pela alimentação
-> a ausência pode acarretar danos celulares;
A ausência de algumas vitaminas na alimentação representa
uma das principais causas de lesão.
Ex: Anorexia, Bulimia, Escorbuto.
Agentes físicos
Força mecânica;
Extremos de temperatura;
Radiação;
Choque;
Alteração brusca de pressão;
Lesões traumáticas: feridas abrasivas, laceração de tecidos, 
torções, corte eperfuração.
Reações Imunológicas
 Reações autoimunes contra os próprios tecidos e as
reações alérgicas contra substâncias ambientais, em
indivíduos geneticamente suscetíveis;
Os anticorpos podem lesar o funcionamento da
célula, inibindo ou estimulando uma função.
Assim, quando os anticorpos se ligam aos receptores 
celulares pode ser estimulada uma reação inflamatória.
Envelhecimento Celular ou Senescência Celular
Resultado do declínio progressivo do tempo de vida e da
capacidade funcional das células.
Os indivíduos envelhecem porque suas células envelhecem.
-> Alterações nas habilidades replicativas e de reparo das
células e tecidos -> diminuição da capacidade de responder ao
dano -> morte das células e do organismo.
Foco de atenção pública para o processo de envelhecimento
-> suas manifestações estéticas.
Constitui um dos fatores de risco -> para muitas doenças
crônicas, como o câncer, a doença de Alzheimer e a doença
cardíaca isquêmica.
Lesão celular - Mecanismos
Principais mecanismos bioquímicos e sítios de lesão celular. ATP, trifosfato de adenosina; ERO, 
espécies de oxigênio reativo.
Mecanismos da lesão celular
Depleção deATP: ATP é a principal fonte de energia.
Principais causas de depleção de ATP: redução do suprimento de
oxigênio e nutrientes, o dano mitocondrial e as ações de algumas
toxinas (ex: cianeto: afinidade pela e enzima citocromo c oxidase –
bloqueio da cadeia respiratória).
Tecidos com maior capacidade glicolítica (fígado) são
capazes de sobreviver melhor à perda de oxigênio e ao
decréscimo de fosforilação oxidativa do que os tecidos
com capacidade limitadapara aglicólise (ex: cérebro).
síntese de ATP na cadeia respiratória -> reduz as
oxidações e o bombeamento de eletrólitos nas
membranas celulares;
Redução das sínteses celulares -> redução de glicogênio
que se transforma em ácido lático, reduzindo o pH e
prejudicando as atividades enzimáticas da célula.
Outro efeito da depleção de ATP: é a redução da atividade da
bomba de Na+ e K+ na membrana plasmática = desequilíbrio
osmótico.
A falha da bomba de Na+ provoca influxo de sódio e efluxo de
potássio celular, resultando no ganho osmótico de água,
causado tumefaçãocelular e dilatação do RE.
A falência da bomba de Ca2+ a [ ] desse elemento no
citoplasma, o que desencadeia a ativação de diversas enzimas,
como as fosfolipases (degradam lipídeos), proteases (clivam
proteínas) e endonucleases (cortam o DNA) e dispara o
processo de apoptose.
Defeitos na Permeabilidade da
Membrana
Ocorre degradação e redução de lipídios e proteínas ->
modificações do citoesqueleto.
O aumento da permeabilidade da membrana -> necrose.
Esses danos fazem com que os materiais dentro do lisossomo,
mitocôndria e até da própria célula extravasem resultando em
morte celular.
A membrana plasmática pode ser danificada por isquemia, várias
toxinas microbianas, componentes líticos do complemento e
por uma variedade de agentes químicos e físicos.
Consequências morfológicas e 
funcionais da diminuição de 
ATP intracelular. RE, retículo 
endoplasmático.
Os radicais livres são elementos químicos que possuem um
único elétron não pareado e, devido a isso, são extremamente
reativos, atacando ácidos nucléicos, lipídios eproteínas.
Acúmulo de Radicais Livres Derivados do Oxigênio 
(Estresse Oxidativo)
ERO´s - Espécies Reativas de Oxigênios.
3 principais: Superóxido (O2-), peróxido de hidrogênio
(H2O2) e a hidroxila (OH) - formada em decorrência de
reações com o H2O2, sendo esta amais reativa.
Nas células saudáveis -> moléculas são produzidas
normalmente -> suas [ ] intracelulares são rigorosamente
reguladas para evitar seus efeitos lesivos.
-> São produzidas pelos leucócitos, principalmente neutrófilos
e macrófagos, como uma arma para destruição de micróbios e
outras substâncias durante a inflamação e defesa do
hospedeiro -> reagem com macromoléculas -> causam lesões.
Mecanismos para a remoção de 
radicais livres
1 – Enzima Superóxido Dismutase -> converte O2-em H2O2.
2 –Catalase: uma das mais importantes enzimas conhecidas, capaz de 
degradar milhões de moléculas de H2O2 por segundo -> H2O + O2.
3 - Glutationa Peroxidase:converte +OH -> H2O2 -> H2O + O2.
Principal função é proteger as células da lesão oxidativa -> é encontrada no 
citoplasma de todas as células.
Os antioxidantes endógenos ou exógenos (p. vitaminas E, A, C e o b-
caroteno) podem bloquear a formação de radicais livres ou removê-los,
uma vez que tenham sido formados.
Mecanismos para a remoção de 
radicais livres
Geração, remoção e papel das espécies reativas de oxigênio (ERO) na lesão celular. A produção de ERO é
aumentada por muitos estímulos nocivos. Esses radicais livres são removidos por decomposição
espontânea e por sistemas enzimáticos especializados. A produção excessiva ou a remoção inadequada
resulta em acúmulo de radicais livres na célula que lesa os lipídios (por peroxidação), proteínas e DNA,
resultando em lesão celular.
Morfologia das lesões a nível celular
1º - o agente nocivo atua ao nível molecular, alterando a 
quantidade e as moléculas disponíveis, o que acarreta um 
desequilíbrio fisiológico, resultando na disfunção celular.
Consequências: alterações morfológicas como alteração 
na sua forma e tamanho.
Lesão Reversível
celularPrincipais características morfológicas da lesão 
reversível: tumefação celular e a degeneração gordurosa.
Tumefação celular: é resultado da falência das bombas de
íons dependentes de energia na membrana plasmática, levando
auma incapacidade de manter ahomeostasia iônica e líquida.
-> aumento de água intracelular -> a redução de síntese de ATP
-> interfere na eficiência da bomba de Na+.
A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em
várias formas de lesão metabólica ou tóxica e manifesta-se pelo
surgimento de vacúolos lipídicos, grandes ou pequenos, no
citoplasma.
Tumefação celular
É a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular.
Difícil observação na microscopia óptica -> mais visível ao nível do
órgão inteiro.
Quando afeta muitas células em um órgão, causa alguma palidez
(resultante da compressão dos capilares), aumento do turgor e
aumento do peso do órgão.
Microscopia: pode revelar pequenos vacúolos claros dentro do
citoplasma que representam segmentos distendidos e separados do
retículo endoplasmático.
Padrão de lesão não letal também chamado de degeneração
hidrópica ou degeneração vacuolar.
Degeneração Gordurosa
Presença de vacúolos lipídicos no citoplasma.
células que participam doEncontrada principalmente
em metabolismo
da gordura
(ex. hepatócitos e células
miocárdicas).
As células lesadas podem exibir também coloração eosinofílica
que se torna muito mais pronunciada com a progressão para a
necrose.
Quando afeta muitas células em um órgão causa coloração
amarelada devido àpresença de lipídeos.
Morte Celular
Com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível 
e, com o tempo, a célula não pode se recuperar emorre.
Existem dois tipos de morte celular — necrose e
apoptose — que diferem em suas morfologias, 
mecanismos e papéis na fisiologia e na doença.
Apoptose/Necrose
Apoptose -> célula privada de fatores de crescimento;
-> ou quando o DNA celular ou as proteínas são danificadas sem
reparo, a célula se suicida -> caracterizada pela dissolução
nuclear sem a perda da integridade da membrana.
Necrose -> constitui sempre um processo patológico ->
provocado pela alteração da funcionalidade das membranas,
possibilitando que o conteúdo presente nas organelas
membranosas citoplasmáticas extravase e acelere o processo de
degradação enzimática.
Figura 1- Características celulares da necrose (esquerda) e da apoptose(direita).
Necrose
É um tipo de morte celular que está associado à perda da
integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos
celulares.
Apresenta alterações no citoplasma e no núcleo das células
lesadas.
Com a diminuição de glicogênio, o citoplasma fica mais vítreo e
se torna vacuolado, devido à degradação das organelas e do
seu conteúdo.
Necrose
As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas
dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou
dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte
da reação inflamatória às células mortas.
Os conteúdos celulares também extravasam através da
membrana plasmática lesada e iniciam uma reação
(inflamatória) no hospedeiro.
Principal via de morte celular em muitas lesões comumente
encontradas, como as que resultam de isquemia, de exposição
atoxinas, várias infecções etrauma.
Alterações citoplasmáticas
Eosinofilia aumentada: coloração rósea do corante eosina, o
“E” no “H&E” -> Proteínas citoplasmáticas desnaturadas
(eosina) e perda de RNA citoplasmático -> perde a basofilia
(coloração azul do corante hematoxilina - H);
derivadas das
Citoplasma vacuolizado: organelas digeridas.
Figuras de mielina: massas fosfolipídicas
membranas celulares lesadas.
As figuras de mielina são mais evidentes nas células necróticas 
do que nas células com lesão reversível.
Alterações morfológicas na lesão celular reversível e irreversível (necrose).
A, Túbulos renais normais com células epiteliais viáveis.
B, Lesão isquêmica inicial (reversível) mostrando, em células ocasionais, bolhas na superfície, 
eosinofilia aumentada do citoplasma e tumefação celular.
C, Necrose (lesão irreversível) de células epiteliais com perda dos núcleos, fragmentação das
células e extravasamento dos conteúdos.
Alterações nucleares
• -> resultado da redução acentuada de
pH na célula morta e da digestão da 
cromatina e de seu envoltório nuclear.
• 1 - Picnose: retração nuclear e aumento da 
basofilia. o DNA se condensa em uma massa sólida 
e encolhida.
• II - Cariorrexe: o núcleo picnótico sofre 
fragmentação. Dentro de 1-2 dias, o núcleo da 
célula morta desaparece totalmente.
• III - Cariólise: núcleo
apresenta coloração pálida, devido à
• dissolução da cromatina -> perda de DNA
Destino das células necróticas
As células necróticas podem persistir por algum tempo
ou ser digeridas por enzimas e desaparecer.
As células mortas são substituídas por figuras de mielina
que são fagocitadas por outras células ou, mais tarde,
degradadas em ácidos graxos.
Esses ácidos graxos se ligam a sais de cálcio, resultando
em células mortas calcificadas.
Padrões de Necrose Tecidual
A necrose de um conjunto de células em um tecido ou órgão, por
exemplo, na isquemia miocárdica, resulta em morte de todo o
tecido e,algumas vezes, do órgão inteiro.
Existem vários padrões morfológicos distintos de necrose tecidual,
os quais podem fornecer pistas sobre acausa básica.
Embora os termos que descrevem esses padrões não reflitam os
mecanismos básicos, são de uso comum e suas implicações são
compreendidas por clínicos e patologistas.
A maioria desses tipos de necrose possui aparência macroscópica
distinta.
A necrose fibrinoide é detectada apenas por exame histológico.
Necrose de coagulação
É a forma de necrose tecidual na qual a arquitetura básica dos tecidos 
mortos é preservada, por pelo menos, algunsdias.
Os tecidos afetados adquirem textura firme.
Supostamente, a lesão desnatura não apenas as proteínas estruturais, como
também as enzimas, bloqueando assim a proteólise das células mortas ->
células anucleadas e eosinofílicas persistem por dias ou semanas.
Os leucócitos são recrutados para o sítio da necrose e suas enzimas 
lisossômicas digerem as células mortas.
Finalmente, os restos celulares são removidos por fagocitose.
É característica de infartos (áreas de necrose isquêmica) em todos os
órgãos sólidos, exceto o cérebro.
A, Infarto renal em forma de cunha (amarelo), 
com preservação dos contornos.
B, Aspecto microscópico da borda do infarto, 
com rim normal (N) e células necróticas no infarto 
(I). As células necróticas mostramcontornos
preservados, com ausência de núcleos e infiltrado 
inflamatório (difícil de perceber nesse aumento)Necrose liquefativa
Observada em infecções bacterianas focais ou, ocasionalmente, nas
infecções fúngicas porque os microorganismos estimulam o acúmulo de
células inflamatórias e as enzimas dos leucócitos adigerirem (“liquefazer”) o
tecido.
Por motivos desconhecidos, a morte por hipóxia, de células dentrodo
sistema nervoso central, com frequência leva a necroseliquefativa.
Seja qual for apatogenia, a liquefação digere completamente as células mortas,
resultando em transformação do tecido em uma massa viscosa líquida.
Finalmente, o tecido digerido é removido por fagocitose. Se o processo foi
iniciado por inflamação aguda, como na infecção bacteriana, o material é
frequentemente amarelo cremoso e é chamado de pus.
Necrose liquefativa. Infarto no cérebro mostrando a dissolução do tecido.
Necrose gangrenosa
Não é um padrão específico de morte celular, mas o termo
ainda é usado comumente na prática clínica.
Em geral, é aplicado a um membro, comumente a perna, que
tenha perdido seu suprimento sanguíneo e que sofreu necrose
de coagulação, envolvendo várias camadas de tecido.
Quando uma infecção bacteriana se superpõe, a necrose de
coagulação é modificada pela ação liquefativa das bactérias e
dos leucócitos atraídos (resultando na chamada gangrena
úmida).
Necrose caseosa
Mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa.
O termo caseoso (semelhante a queijo) é derivado da aparência friável branco-
amarelada da área de necrose.
Ao exame microscópico, pela coloração de hematoxilina e eosina, o foco
necrótico exibe uma coleção de células rompidas ou fragmentadas, com
aparência granular amorfa rósea.
da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido é
obliterada, e os contornos celulares não podem ser
Diferentemente
completamente
distinguidos.
A área de necrose caseosa é frequentemente encerrada dentro de uma borda
inflamatória nítida; essa aparência é característica de um foco de inflamação
conhecido como granuloma.
Pulmão tuberculoso com grande área de necrose caseosa contendo restos branco-amarelados e 
semelhantes a queijo.
Necrose gordurosa
Refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da
liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na
cavidade peritoneal.
Ex: pancreatiteaguda.
As enzimas pancreáticas que escapam das células acinares e dos ductos
liquefazem as membranas dos adipócitos do peritônio, e as lipases dividem os
ésteres de triglicerídeos contidos nessas células.
Os ácidos graxos liberados combinam-se com o cálcio, produzindo áreas
brancas gredosas macroscopicamente visíveis (saponificação da gordura), que
permitem ao cirurgião e ao patologista identificar as lesões.
Ao exame histológico, os focos de necrose exibem contornos sombreados de
adipócitos necróticos com depósitos de cálcio basofílicos circundados por
reação inflamatória.
Pancreatite aguda:As áreas de depósitos gredosos, brancas, representam focos de necrose gordurosa com 
formação de sabão de cálcio (saponificação) nos locais da degradação dos lipídiosno mesentério.
Necrose fibrinoide
É uma forma especial de necrose, visível à microscopia óptica,
geralmente observada nas reações imunes, nas quais
complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas
paredes das artérias.
Os imunocomplexos depositados, em combinação com a
fibrina que tenha extravasado dos vasos, resulta em aparência
amorfa e róseo-brilhante, pela coloração do H&E, conhecida
pelos patologistas como fibrinoide.
Doenças imunologicamente mediadas (ex: a poliarterite
nodosa).
A parede da artéria mostra área circunferencial de necrose, com depósito de proteína e inflamação.
Apoptose
Apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio
estritamente regulado no qual as células destinadas a morrer ativam
enzimas que degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e
citoplasmáticas.
Os fragmentos das células apoptóticas então se separam, gerando a
aparência responsável pelo nome (apoptose,“cair fora”).
A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é
alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos
atraentes para os fagócitos.
Rapidamente, as células mortas e seus fragmentos são removidos antes que
seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa via não induz
umareaçãoinflamatórianohospedeiro.
Ocorre normalmente em muitas situações e funciona para 
eliminar células potencialmente prejudiciais e células que 
tenham sobrevivido mais que sua utilidade.
É também um evento patológico quando as células são lesadas 
de modo irreparável, especialmente quando a lesão afeta o 
DNA ou as proteínas dacélula;
Nessas situações, a célula lesada de modo irreparável é 
eliminada.
A apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a apoptose 
induzida por alguns estímulos patológicos progride para a 
necrose.
Apoptose em Situações Fisiológicas
A morte por apoptose é um fenômeno normal que funciona para
eliminar as células que não são mais necessárias e para manter, nos
tecidos, um número constante das várias populações celulares.
É importante nas seguintes situações fisiológicas:
Destruição programada de células durante a embriogênese:
O desenvolvimento normal está associado à morte de algumas
células e ao surgimento de novas células e tecidos.
A expressão morte celular programada foi criada originalmente para
denotar a morte de tipos celulares específicos, em tempos definidos,
durante o desenvolvimento de um organismo.
Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de
hormônio: tal como a célula endometrial, que se desprende
durante o ciclo menstrual, e a regressão da mama após o
desmame.
Perda celular em populações celulares proliferativas: como o
epitélio de cripta intestinal, mantendo assim um número
constante.
Morte de células que já tenham cumprido seu papel: como os
neutrófilos na resposta inflamatória aguda e os linfócitos, ao
término da resposta imune.
Nessas situações, as células sofrem apoptose porque estão
privadas dos sinais de sobrevivência necessários, como os
fatores de crescimento.
Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos: 
antes ou depois de eles terem completado sua maturação, 
para impedir reações contra os tecidos da própria
pessoa.
Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos:um 
mecanismo de defesa contra viroses e tumores que mata 
e elimina células neoplásicas e infectadas por vírus.
MORFOLOGIA
Em tecidos corados pelo HE, os núcleos das células
apoptóticas exibem vários estágios de condensação e
agregação da cromatina e,finalmente, cariorrexe.
Em nível molecular, isso é refletido na fragmentação do DNA
em peças do tamanho dos nucleossomos.
Rapidamente as células retraem, formando brotos
citoplasmáticos, e se fragmentam em corpos apoptóticos
compostos por vesículas envoltas por membrana contendo
citosol e organelas.
Em razão de tais fragmentos serem rapidamente expulsos e
fagocitados, sem induzir resposta inflamatória, mesmo a
apoptose substancial pode, histologicamente, ser indetectável.
Aparência morfológica de células
apoptóticas. Células apoptóticas (algumas
indicadas por setas) do epitélio de cripta
do colo. (A
colonoscopia
preparação para a 
frequentemente
apoptose em células epiteliais, o
induz
que
explica a abundância de células mortas
nesse tecido normal.) Note os núcleos
fragmentados, com cromatina condensada
e corpos celulares retraídos, alguns com
falhas.
Mecanismos da Apoptose
A apoptose resulta da ativação de enzimas chamadas caspases.
A ativação das caspases depende de um equilíbrio finamente 
sintonizado entre vias moleculares pró e antiapoptóticas.
Duas vias distintas convergem para a ativação de caspase: via 
mitocondrial e via receptor de morte.
Embora essas vias possam interagir, geralmente são induzidas 
sob diferentes condições, envolvem diferentes moléculas e 
exercem papéis diferentes na fisiologia e na doença.
AUTOFAGIAà digestãoA autofagia (“comer a si próprio”) refere-se 
lisossômica dos próprios componentes da célula.
Constitui mecanismo de sobrevivência, em períodos de
privação de nutrientes, de tal modo que a célula privada de
alimento sobrevive ingerindo seu próprio conteúdo e recicla
os conteúdos ingeridos para fornecer nutrientes e energia.
Nesse processo, as organelas intracelulares e partes do citosol
são primeiramente sequestradas do citoplasma em um vacúolo
autofágico, formado a partir de regiões livres de ribossomos do
retículo endoplasmático.
O vacúolo se funde com os lisossomos para formar um
autofagolisossoma, que digere os componentes celulares
através das enzimas lisossômicas.
A autofagia é iniciada por várias proteínas que percebem a
privação de nutrientes e estimulam a formação do
vacúoloautofágico.
Com o tempo, acélula privada de nutrientes não perdurará
canibalizando a si mesma; nesse estágio, a autofagia pode
também sinalizar amorte celular por apoptose.
O estresse celular, como a privação de nutrientes, ativa os genes da autofagia
(genes Atg), que iniciam a formação de vesículas revestidas por membrana nas
quais as organelas celulares são sequestradas. Essas vesículas se fundem com os
lisossomos, onde as organelas são digeridas, e os produtos são usados para
fornecer nutrientes à célula. O mesmo processo pode desencadear apoptose por
mecanismos ainda não bem definidos.