Buscar

LESÃO E MORTE CELULAR (Patologia Geral)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

1 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
Processos Patológicos Gerais 
L E S Ã O E M O R T E C E L U L A R 
 
 
- É o conjunto de modificações morfológicas, 
moleculares e/ou funcionais que surgem nas 
células após agressões. 
- O estímulo deve interferir no metabolismo da 
célula de maneira que sua função fisiológica 
não consiga ser realizada de forma plena, 
sendo reduzida (ex.: menor síntese proteica e 
comprometimento da produção de energia). 
 
- As causas das lesões celulares podem ser 
endógenas (próprio organismo) ou exógenas 
(meio ambiente). Ex. de causas exógenas: 
→ Agentes físicos: força mecânica (trauma), 
radiação, alterações de pressão atmosférica e 
variações de temperatura. 
→ Agentes químicos: substâncias tóxicas como 
poluentes ambientais, medicamentos, drogas 
ilícitas e contaminantes alimentares. 
→ Agentes biológicos: micoplasmas, riquétzias, 
vírus, bactérias, protozoários e metazoários. 
→ Desvios da nutrição: deficiência/excesso de 
nutrientes. 
- Frente a agressões, as células dão respostas 
gerais por meio de mecanismos semelhantes, 
que podem torná-las mais resistentes ou mais 
adaptadas à agressão, com (1) ativação das 
vias de sobrevivência, ou induzir (2) morte 
celular, que é a sua completa inativação. 
→ Reversível: inicialmente ou nas formas leves 
de lesão, as alterações morfológicas e 
funcionais podem ser reversíveis, caso a fonte 
nociva seja retirada. Esse tipo de lesão pode ser 
caracterizado pela redução da fosforilação 
oxidativa, consequência da diminuição de 
armazenamento de energia na forma de ATP, 
e edema celular causado por alterações na 
concentração de íons e influxo de água. 
→ Irreversível / morte celular: quadro causado 
pela progressão do dano, em que a lesão se e 
a célula não apresenta mais meios de se 
recuperar. Assim, lesão celular irreversível 
significa morte celular. 
Obs.: produzir lesões reversíveis ou irreversíveis 
depende da natureza do agente agressor, da 
intensidade e da duração da agressão e da 
capacidade do organismo de reagir. 
- As alterações celulares que reduzem a função 
e resultam em acúmulos intracitoplasmáticos 
na célula, são denominadas degenerações 
celulares ou lesão celular reversível. Nesses 
casos, a célula pode recompor a atividade 
metabólica, a composição intracitoplasmática 
e retomar o seu estado normal caso o estímulo 
nocivo seja cessado. 
- A célula tem 4 sistemas interdependentes 
que, quando alterados, podem levar à morte 
celular. São eles: (1) membranas (que mantêm 
a homeostasia iônica e osmótica dela e de 
suas organelas); (2) respiração aeróbica 
(fosforilação oxidativa com produção de ATP 
nas mitocôndrias); (3) síntese de proteínas e 
manutenção do citoesqueleto; e o (4) material 
genético. 
 
 
2 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
 
- As lesões celulares ocorrem por mecanismos 
distintos que envolvem: (1) redução da 
disponibilidade de oxigênio às células, (2) 
radicais livres, (3) anormalidades em ácidos 
nucléicos (DNA e RNA) e proteínas, (4) resposta 
imunitária e (5) distúrbios metabólicos. 
➞ Hipóxia e anóxia 
- A redução no fornecimento de O2 é 
chamada hipóxia, enquanto que sua 
interrupção é denominada anóxia. Diversas 
lesões produzem obstruções vasculares que 
reduzem o fluxo sanguíneo ou causam sua 
interrupção. Dependendo da intensidade e 
duração do fenômeno e da suscetibilidade à 
privação de oxigênio e nutrientes, as células 
degeneram ou morrem. 
ANÓXIA  X O2 HIPÓXIA  ↓ O2 
- Quando surge a hipóxia, que causa lesão 
celular por reduzir a respiração oxidativa 
aeróbica, as células modificam seu 
metabolismo no sentido de adaptar-se a essa 
condição; se é ultrapassada a capacidade 
adaptativa, surgem lesões. 
- As causas da hipóxia incluem a redução do 
fluxo sanguíneo (isquemia), a oxigenação 
inadequada do sangue, devido à insuficiência 
cardiorrespiratória, e a redução da 
capacidade de transporte de oxigênio do 
sangue (na anemia ou no envenenamento por 
monóxido de carbono ou após grave perda 
sanguínea). 
- Dependendo da gravidade do estado 
hipóxico, as células podem se adaptar, sofrer 
lesão ou morrer. Ex.: se uma artéria for 
estreitada, o tecido suprido por ela pode, de 
início, atrofiar, enquanto uma hipóxia súbita e 
mais acentuada induz lesão e morte celular. 
- Bioquimicamente, a hipóxia faz com que as 
células (1) acelerem a glicólise, (2) aumentem 
a captação de glicose e (3) inibam a 
gliconeogênese e síntese de ácidos graxos, 
triglicerídeos e esteróides. Devido à redução na 
síntese de ATP, ocorre: 
• Redução da função das bombas eletrolíticas 
dependentes de ATP, o que leva a retenção de 
Na+ no citosol, aumento da osmolaridade e 
expansão isosmótica do citoplasma (inicia-se a 
degeneração hidrópica1). 
• Alteração na quantidade de Ca++ promove 
a desestruturação do citoesqueleto por ativas 
proteases calmodulina dependentes. 
• Aumento da oferta de acetilcoenzima A às 
mitocôndrias com cadeia respiratória 
parcialmente inativada provoca o acúmulo 
deste, favorecendo a síntese de ácidos graxos, 
o que pode levar ao acúmulo de triglicerídeos 
sob forma de pequenas gotas no citosol 
(esteatose). 
 
- Cessada a hipóxia, a célula recompõe a 
atividade metabólica, reajusta o equilíbrio 
hidroeletrolítico e volta ao aspecto normal. Se 
a hipóxia persiste, as perturbações eletrolíticas 
e na síntese de proteínas e lipídeos passam a 
agredir as membranas citoplasmáticas e de 
organelas, agravando progressivamente as 
condições da célula e levando a morte dela. 
1É consequência da entrada de água na célula devido a 
alteração da permeabilidade da membrana celular. O 
edema celular ocorre quando há alteração no equilíbrio 
iônico, com entrada de Na+, devido a diminuição na 
 
3 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
produção de energia (ATP). A célula fica com volume 
aumentado, organelas espaçadas e núcleo intacto, sem 
deslocamento. 
- Há diferenças na resistência das células à 
hipóxia, razão pela qual as lesões irreversíveis se 
instalam em tempos diferentes conforme o tipo 
celular. Ex.; alguns neurônios são muito sensíveis 
à anóxia, não suportando mais do que 3 min 
sem O2, já as células miocárdicas podem resistir 
até 30 min. A necrose é a lesão irreversível mais 
grave causada por hipóxia/anóxia. 
- Até o aparecimento de lesões irreversíveis, 
podem ser encontradas na célula, alterações 
como: (1) alteração das membranas celulares 
por perda de moléculas estruturais e pela 
incapacidade de repor os componentes 
perdidos; (2) as membranas formam figuras em 
bainha de mielina, por demolição de partes 
das membranas do retículo endoplasmático; 
(3) alterações na membrana das mitocôndrias, 
que levam à expansão da matriz interna e ao 
desaparecimento de cristas, formando 
estruturas floculares. A lesão mitocondrial leva 
à abertura de poros e permite a saída de íons, 
resultando em redução do potencial de 
membrana e diminuição da fosforilação 
oxidativa. Se a alteração na permeabilidade 
mitocondrial se torna irreversível, a atividade 
de ATPase e a síntese de ATP é cessada (ponto 
de não retorno); (4) os lisossomos se tornam 
tumefeitos e perdem a capacidade de conter 
suas hidrolases. Estas são liberadas no 
citoplasma e a autólise se inicia (digestão dos 
componentes celulares que permite evidenciar 
que a célula morreu). 
➞ Radicais livres 
- Os radicais livres são moléculas que 
apresentam um elétron desemparelhado no 
orbital externo. A energia criada por essa 
configuração é muito reativa, sendo liberada 
através de reações com outras moléculas, 
como proteínas, lipídios, carboidratos, ácidos 
nucleicos – muitas são componentes essenciais 
das membranas e núcleos celulares. 
- O oxigênio molecular é a principal fonte de 
radicais livres nas células. Diversas agressões 
produzem lesões por liberarradicais livres: (1) 
metabolização de substâncias químicas nas 
células; (2) radiações ionizantes de água; (3) a 
fumaça do cigarro e alguns elementos 
oxidativos. 
 
- Nas células, a principal fonte de radicais livres 
é a mitocôndria, oriundos dos processos 
oxidativos da respiração. Também são 
formados no citosol, lisossomos, RE e 
membranas, pela ação de enzimas, como as 
do citocromo P-450 e a xantina oxidase. Os 
principais radicais livres no organismo são 
derivados do oxigênio: ânion superóxido (O2•−) 
e íon hidroxila (OH•). O peróxido de hidrogênio 
(H2O2) é oxidante e fonte importante de 
radicais livres. 
 
Obs.: O óxido nítrico, um mediador químico 
importante gerado por células endoteliais, 
macrófagos, neurônios e outros tipos celulares, 
também pode atuar como radical livre. Dos 
radicais biológicos conhecidos, o radical 
hidroxila é o mais reativo. 
- Os radicais livres são potencialmente lesivos 
porque reagem com proteínas, lipídios e ácidos 
nucléicos. A peroxidação em cadeia que 
ocorre quando um radical livre reage com 
lipídeos de membrana provoca lesão pela 
modificação estrutural das membranas 
celulares2. A lesão pode surgir também pela 
modificação da conformação de proteínas, 
inativando-as ou induzindo a sua degradação 
por proteassomos. Quando interagem com o 
DNA, os radicais livres são capazes de causar a 
quebra dos filamentos únicos e duplos, da 
ligação cruzada dos filamentos e a formação 
de complexos de adição. A lesão oxidativa do 
 
4 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
DNA associa-se ao envelhecimento celular e 
na transformação maligna das células. 
- Até o momento, não há evidências que doses 
maciças de antioxidantes na dieta possam 
prevenir leões por radicais livres. Tudo indica, 
no entanto, que a ingestão regular de 
antioxidantes naturais é benéfica e está 
associada a um menor risco de doenças 
degenerativas, como a aterosclerose. 
2A reação é autocatalítica, a molécula atacada torna-se 
ativa e forma uma cadeia de reações 
➞ Alterações em ácidos nucléicos 
e proteínas 
- Por cumprirem funções tão essenciais às 
células, defeitos na quantidade e/ou na 
função de proteínas resultam em agressões 
variadas, como estresse oxidativo, e por 
modificações na expressão gênica, por 
mecanismos genéticos ou epigenéticos. Dessa 
forma, essas alterações são causa frequente 
de importante lesões e doenças. Ex: 
deficiências de uma enzima levam ao 
acúmulo do seu substrato, o que resulta em 
doenças de depósitos (como as glicogenoses); 
anormalidades em proteínas contráteis 
provocam doenças musculares; defeitos em 
proteínas estruturais causam vários efeitos, 
inclusive morte do indivíduo; alterações na 
expressão de proteínas do ciclo celular podem 
resultar em neoplasias, etc. 
➞ Reação imunológica 
- A resposta imunitária (inata e adaptativa) é o 
mecanismo de defesa mais importante que o 
organismo tem contra agentes infecciosos e 
faz parte do processo de reparo de lesões 
causadas pelos mais diferentes agentes 
agressores. 
- Essa resposta é capaz de provocar lesão e 
doença quando agride células e tecidos 
normais. Nas inflamações crônicas, como 
observado na tuberculose, a resposta 
imunológica contribui para destruição tecidual 
e progressão da doença. Uma outra forma de 
agressão pode ocorrer quando existe falhas 
nos mecanismos de tolerância imunológica e 
as células do sistema imune reconhecem 
antígenos próprios como estranhos, 
desencadeando uma resposta lesiva contra 
essas células. 
- A morte celular fisiológica é parte integrante 
para a transformação do primórdio 
embrionário em órgãos completamente 
desenvolvidos. Também é crucial para a 
regulação do número de células em vários 
tecidos, incluindo a epiderme, trato 
gastrointestinal e sistema hematopoiético. Ela 
envolve a ativação de um programa interno 
de suicídio que resulta na morte celular por um 
processo denominado apoptose. 
 
- Algumas vezes, a privação de nutrientes induz 
uma resposta adaptativa chamada autofagia, 
que pode culminar em morte celular. 
- Por outro lado, a morte celular patológica não 
é regulada e é invariavelmente lesiva ao 
organismo. Pode ser consequência de 
diferentes danos à integridade da célula. 
Quando a agressão interfere em uma estrutura 
ou função vitais de uma organela e não 
desencadeia a cascata enzimática da 
apoptose, o processo é denominado necrose. 
- Necrose significa morte celular ocorrida em 
organismo vivo e seguida de autólise. Quando 
a agressão é suficiente para interromper as 
funções vitais, os lisossomos perdem a 
capacidade de conter as hidrolases no seu 
interior e estas saem para o citoplasma, são 
ativadas pela alta concentração de Ca++ 
presente nele e iniciam a autólise. É a partir da 
ação dessas enzimas que dependem as 
alterações morfológicas observadas depois da 
morte celular. Após a necrose, são liberadas 
alarminas que são reconhecidas em 
 
5 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
receptores celulares e desencadeiam a 
reação inflamatória. 
- As células rapidamente se tornam não 
funcionais após o início da lesão, embora 
estejam ainda viáveis, com lesão 
potencialmente reversível; uma lesão de 
duração mais longa leva finalmente à lesão 
irreversível e morte celular. 
 
- Muitos agentes lesivos podem produzir 
necrose. O aspecto macroscópico da morte 
celular varia de acordo com a causa que a 
provocou. Ao microscópio, as alterações 
morfológicas só podem ser observadas depois 
de algum tempo decorrido da morte, pois eles 
são resultado da autólise. O tempo decorrido 
para que estas alterações sejam visíveis 
dependerá do tipo de tecido. Os principais 
achados microscópicos são: 
→ Alterações nucleares: caracterizadas por 
intensa contração e condensação da 
cromatina, tornando o núcleo intensamente 
basófilo, de aspecto homogêneo e bem menor 
que o normal (picnose nuclear). Outra 
alteração visível é a digestão da cromatina, 
que faz desaparecer a afinidade tintorial dos 
núcleos (cariólise). Às vezes, o núcleo se 
fragmenta e se dispersa no citoplasma, 
fenômeno denominado cariorrexe. 
 
 
→ Alterações citoplasmáticas: são menos 
típicas. Geralmente há aumento da acidofilia. 
O citoplasma se torna granuloso e tende a 
formar massas amorfas de limites imprecisos 
(ruptura da membrana). 
 
➞ Necrose por coagulação 
- É vista quando há uma isquemia 
ou hipóxia em qualquer tecido (exceto o 
tecido cerebral, que neste caso desenvolverá 
uma necrose de liquefação - por ser rico em 
lipídios, que não sofrem coagulação). 
- Macroscopicamente, a área atingida é 
esbranquiçada e salienta-se na superfície do 
órgão; quase sempre, a região necrótica é 
circundada por um halo avermelhado 
(hiperemia que tenta compensar a isquemia 
ocorrida). Uma área localizada de necrose de 
coagulação é chamada de infarto. Ex.: rim. 
 
- Esse tipo de necrose é determinado pela 
desnaturação da maioria das proteínas 
celulares (inclusive as autolíticas) devido à 
queda acentuada no pH celular. Com isso, o 
citoplasma celular se torna 
altamente eosinófilo e, como a maioria das 
enzimas autolíticas foram desnaturadas, a 
célula não é destruída e a arquitetura básica 
dos tecidos mortos é mantida por alguns dias 
até digestão e remoção do tecido necrótico 
por leucócitos. Os tecidos afetados exibem 
 
6 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
uma textura firme. Porém, mais tarde, toda a 
arquitetura tecidual fica perdida. 
HIPÓFISE NORMAL 
 
NECROSE COAGULATIVA 
 
 
- Outra grande característica da necrose de 
coagulação é a perda do contorno nuclear 
das células (cariólise, ou perda de basofilia 
nuclear) devido à quebra inespecífica do DNA 
(provavelmente pela ação de uma DNAse 
lisossômica). Pode haver também, no mesmo 
tecido necrótico, células com núcleo muito 
condensado e basófilo (núcleopicnótico) ou 
células com núcleo picnótico e fragmentado 
(cariorréxis). 
• Manutenção da arquitetura geral do tecido. 
• Perda da nitidez dos elementos nucleares das 
células. 
• Algumas células com núcleo picnótico, ou 
seja, núcleos extremamente condensados e 
fortemente basófilos (hematoxilina). 
• Alguns núcleos picnóticos fragmentados, 
tomando um aspecto granular. 
➞ Necrose gomosa 
- Trata-se de uma variedade de necrose por 
coagulação na qual o tecido necrosado 
assume aspecto compacto e elástico como 
borracha (goma), ou fluido e viscoso como a 
goma-arábica; é encontrada na sífilis tardia. 
 
➞ Necrose de liquefação 
- Ao contrário da necrose de coagulação, é 
caracterizada pela digestão das células 
mortas, resultando na transformação do tecido 
em uma massa viscosa líquida. 
 
 
Obs.: na imagem acima, o citoplasma contém 
restos dos axônios mielínicos necróticos. O 
grande e rápido afluxo das c. grânulo-adiposas 
à área necrótica caracteriza a liquefação. 
 
7 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
- Esse tipo de necrose se associa à infecção por 
agentes biológicos (principalmente bactérias) 
a um tecido ou, por razões desconhecidas, à 
morte por hipóxia de células dentro do SNC, 
que se manifesta com frequência como 
necrose liquefativa. 
- Em tecidos infectados, forma-se um processo 
inflamatório devido ao recrutamento de 
leucócitos para neutralizar os micro-
organismos. Neste caso, pode haver lesão e 
morte celular mediada por toxinas bacterianas 
ou fúngicas ou então devido ao processo 
inflamatório, e como o tecido inflamado é rico 
em leucócitos, as células mortas são 
rapidamente fagocitadas e digeridas. Em todo 
caso, a digestão do tecido necrótico resultará 
na formação de uma massa residual amorfa, 
composta por pus limitado a uma região 
geralmente cavitária (abscesso). 
• Completa destruição da arquitetura tecidual. 
• Transformação do tecido em uma massa 
amorfa (daí o termo liquefação). 
➞ Necrose caseosa 
- Do latim caseum (queijo), o tecido necrótico 
adquire um aspecto macroscópico 
semelhante ao queijo, como indica a própria 
etimologia da palavra. As áreas de 
caseificação se apresentam como massas 
circunscritas, amarelas, secas e friáveis. Ex.: 
pulmão de um indivíduo com tuberculose. 
 
 
- Microscopicamente, a principal característica 
é a transformação das células necróticas em 
uma massa homogênea, acidófila, contendo 
núcleos picnóticos e, principalmente na 
periferia, núcleos fragmentados (cariorrexe); as 
células perdem totalmente os seus contornos e 
os detalhes estruturais. Esse tipo de necrose é 
comum na tuberculose, mas pode ocorrer em 
outras doenças. 
 
➞ Necrose fibrinóide 
- É uma forma especial de necrose, geralmente 
observada nas reações imunes que envolvem 
os vasos sanguíneos. Esse padrão de necrose 
ocorre tipicamente quando complexos de 
antígenos e anticorpos são depositados nas 
paredes das artérias. Os depósitos desses 
“imunocomplexos”, em combinação com a 
fibrina que tenha extravasado dos vasos, 
resulta em uma aparência amorfa e róseo-
brilhante, pela coloração de H&E, conhecida 
pelos patologistas como “fibrinoide” 
(semelhante à fibrina). Ex.: artéria. Observa-se, 
em sua parede, uma área circunferencial de 
necrose, rósea-brilhante, com inflamação 
(núcleos escuros dos neutrófilos). 
 
➞ Esteatonecrose 
 
8 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
- Também denominada necrose enzimática do 
tecido adiposo, é uma forma de necrose que 
compromete adipócitos. Trata-se da necrose 
encontrada tipicamente na pancreatite aguda 
necro-hemorrágica, que resulta do 
extravasamento de enzimas de ácinos 
pancreáticos destruídos. Por ação de lipases 
sobre os triglicerídeos, os ácidos graxos 
liberados sofrem processo de saponificação na 
presença de sais alcalinos, originando 
depósitos esbranquiçados ou manchas com 
aspecto macroscópico de pingo de vela. Ex.: 
pancreatite aguda. 
 
 
- A apoptose é a via de morte celular 
programada e controlada intracelularmente 
através da ativação de enzimas que 
degradam o DNA nuclear e as proteínas 
citoplasmáticas. 
- A membrana celular permanece intacta (o 
que difere bastante das situações de necrose), 
com alteração estrutural para que a célula seja 
reconhecida como um alvo fagocitário. A 
célula é eliminada rapidamente, de maneira a 
não dar tempo de o seu conteúdo extravasar, 
causando uma reação inflamatória que 
poderia assemelhar-se à necrose tecidual. 
 
 NECROSE APOPTOSE 
TAMANHO 
CELULAR 
Aumentado 
(tumefação) 
Reduzido 
(retração) 
NÚCLEO 
Picnose  
cariorrexe 
Fragmentação 
em fragmentos 
do tamanho de 
nucleossomas  
cariolise 
MEMBRANA 
PLASMÁTICA 
Rompida 
Intacta; 
estrutura 
alterada, 
especialmente 
a orientação 
dos lipídios 
CONTEÚDOS 
CELULARES 
Digestão 
enzimática; 
podem 
extravasar da 
célula 
Intactos; podem 
ser liberados em 
corpos 
apoptóticos 
INFLAMAÇÃO 
ADJACENTE 
Frequente Nenhuma 
PAPEL 
FISIOLÓGICO 
OU 
PATOLÓGICO 
Invariavelmente 
patológico 
(finalização da 
lesão celular 
irreversível) 
Frequentemente 
fisiológico, 
significa a 
eliminação de 
células 
indesejadas; 
pode ser 
patológica após 
algumas formas 
de lesão celular, 
especialmente 
lesão de DNA 
➞ Por que ocorre apoptose?
- A apoptose acontece tanto em eventos 
patológicos como em eventos fisiológicos. (1) 
Morte de células nos processos embrionários; 
(2) involução dependente de hormônios nos 
adultos; (3) eliminação celular em populações 
celulares em proliferação; (4) neutrófilos e 
outros leucócitos após término de reações 
inflamatórias ou imunológicas; (5) eliminação 
de linfócitos auto-reativos potencialmente 
danosos; (6) morte celular induzida por células 
T citotóxicas são exemplos de apoptose 
fisiológica. Já a patológica ocorre, 
principalmente, na presença de vírus, estímulos 
nocivos (como radiação e drogas citotóxicas 
anticancerosas), atrofia patológica dos órgãos 
e tumores. 
 
➞ Morfologia das células 
apoptóticas 
- Apresentam encolhimento celular 
(citoplasma denso e organelas mais 
agrupadas); condensação da cromatina (a 
cromatina se agrega na periferia do núcleo, 
em massas densas de várias formas e 
tamanhos. O próprio núcleo pode se romper 
em dois ou mais fragmentos); formação de 
bolhas citoplasmáticas e corpos apoptóticos. 
Fagocitose das células ou corpos apoptóticos 
pelos macrófagos principalmente. As células 
 
9 Brenda Araújo (@brendaraujo____) – Odontologia, UFPE 
saudáveis do tecido migram e proliferam para 
ocupar o espaço da célula morta. 
- A degradação intracelular de proteínas 
ocorre por meio de enzimas denominadas 
caspases, outrora inativas. Elas clivam muitas 
proteínas nucleares vitais e do citoesqueleto, 
além de ativarem DNAases. 
 
➞ Vias da apoptose 
- A apoptose pode ocorrer por duas vias, 
Intrínseca e Extrínseca: 
→ Via Intrínseca / Mitocondrial: ocorre quando 
da retirada de fatores de crescimento ou de 
hormônios, ou quando acontece lesão ao DNA 
por radiação, toxinas ou radicais livres. Ela é 
regulada por membros da família Bcl-2, 
ativando moléculas pró-apoptóticas, como o 
citocromo c. Além disso, há a participação do 
gene supressor p53. Tudo isso culmina na 
ativação de caspases iniciadoras e efetoras, 
levando às alterações celulares e à morte. 
→ Via Extrínseca: acontece por meio da 
interação receptor-ligante, como por exemplo 
o Faz e o receptor de TNF. Isso ativará uma 
cascata de proteínas adaptadoras, que 
também culminará na ativação das caspases. 
A apoptose pode acontecer após a privação 
de fatores de crescimento; mediada por danos 
ao DNA; induzida pela família de receptores do 
Fator de Necrose Tumoral (TNF) ou mediada 
pelo linfócito T citotóxico. A apoptose e a 
necrose por vezes coexistem e compartilham 
mecanismos e características.

Continue navegando