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01.MA.Política de Alimentação Escolar Merenda e Cantina (2)

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POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR, 
MERENDA E CANTINA 
 
 
 
 
Profa. Roseli Moreira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 Histórico e discussão da merenda escolar ............................................................................. 3 
2 Programas de alimentação escolar ........................................................................................ 9 
3 Impactos da alimentação no desenvolvimento do educando .............................................. 23 
4 Educação, cultura e fiscalização nas escolas ......................................................................... 36 
5 Gestão da alimentação escolar ............................................................................................. 43 
6 Cozinhas e cantinas ............................................................................................................... 49 
 
 
 
3 
 
 
 
 
BLOCO 1. HISTÓRICO E DISCUSSÃO DA MERENDA ESCOLAR 
 
1.1 Introdução à merenda e cantina 
 
Você, provavelmente está se questionando sobre a importância dessa disciplina para 
sua formação. Pois bem, saiba que estudar alimentação escolar, em especial no que se 
refere aos temas merenda e cantina, é na atualidade uma tarefa desafiadora dada a 
abrangência de seus propósitos político-pedagógicos e de cidadania. 
Assim, mais do que garantir que a merenda seja oferecida aos educandos, é preciso 
controlar quantidade e qualidade com vistas a uma alimentação saudável que implique 
diretamente sobre a garantia da aprendizagem de todos. 
O profissional que se disponha a atuar nessa área deve estar receptivo às diferentes 
culturas alimentares próprias de um país com dimensões continentais como o Brasil. 
Reconhecer o impacto da alimentação no desenvolvimento dos educandos, bem como 
os desajustes em função de sua precariedade, também é papel do profissional 
responsável pelas merendas e cantinas. 
Compreender a diferença entre alimentação e alimentação saudável será essencial 
para traçar planos de atuação e projetos que incentivem a boa alimentação no âmbito 
escolar e na extensão para os lares de onde os educandos são oriundos. 
Os impactos da merenda na vida de boa parte dos brasileiros em idade escolar ressalta 
o quão importante é o debate sobre o que se oferta e em quais condições isso se dá. 
Assim, discutir merenda escolar e instituição de cantinas de modo responsável é, 
atualmente, uma tarefa que se diferencia quase que radicalmente se comparada à 
décadas passadas (1930-1940) já que nesse período a alimentação escolar ainda não 
se constituía como política pública e sim como ação filantrópica garantida por 
organizações internacionais por meio de doações. 
Ser um profissional que, longe de atuar filantropicamente, tem uma incumbência de 
implementar ações de políticas públicas significa ser um agente transformador no 
 
 
 
4 
 
cenário nacional no que se refere à aprendizagem como um direito a todos os 
educandos. Isso se refere a superar a visão médico-terapêutica de décadas passadas 
para a apropriação de ações sustentáveis estimulando a revitalização da saúde na 
escola sob uma base de respeito pelo bem comum e de afeto e diálogo, seja entre 
educadores, seja entre educadores e educandos, seja entre educandos e comunidade, 
seja entre educadores e comunidade ou entre diferentes setores, tais como saúde e 
educação. 
 
1.2 Panorama histórico de alimentação escolar 
 
 Década 1930-1940: Início dos debates sobre alimentação escolar por meio de 
movimentos sociais em prol de merenda escolar. A priori visava a arrecadação 
de fundos para fornecer alimento aos alunos. Tais movimentos não possuíam 
espaços suficientes de debate junto ao governo que alegava não possuir verbas 
para esse fim (DIAS; ESCOUTO, 2016); 
 
 Década de 1950: no governo JK foi assinado o Decreto nº 37.106 criando a 
Campanha de merenda Escolar (CME), atualmente denominado programa 
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). No início a merenda advinha de 
organizações internacionais por meio de doações, o que restringia a 
alimentação escolar a apenas uma parcela das escolas, priorizando as regiões 
com maior índice de desnutrição, iniciando, assim, pela região Nordeste do país 
(DIAS; ESCOUTO, 2016); 
 
 Década de 1960-1970: Houve uma diminuição nas doações, o que obrigou o 
governo federal a comprar produtos nacionais para a alimentação escolar. 
Dessas aquisições, 54% do total gasto em merenda ainda se referia, até a 
década de 1970, a produtos industrializados (DIAS; ESCOUTO, 2016); 
 
 Década de 1980: Promulgação da Constituição Federal do Brasil que passa a 
definir: 
 
 
 
5 
 
 
 A educação como direito de todos os cidadãos; 
 Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
 Repasse de recursos públicos às escolas e entidades educativas 
sem fins lucrativos; 
 Recursos para material didático; transporte; alimentação e 
assistência à saúde. Desse modo a alimentação fica garantida 
como um direito do estudante (DIAS; ESCOUTO, 2016). 
 
 Década de 2000: Lei n. 11.947/2009 define que 30% do valor repassado pelo 
PNAE deve ser destinado à aquisição de produtos da agricultura familiar e dos 
empreendedores rurais, garantindo uma alimentação mais saudável e o 
respeito às diversas culturas alimentares das diferentes regiões do país. 
 
1.3 Discussão sobre merenda escolar 
 
Em entrevista com a professora especialista Maria de Fátima Borges, diretora de 
escola da Prefeitura do Município de São Paulo que trouxe contribuições sobre 
alimentação escolar. Ela apresentou os projetos de alimentação que implementou em 
sua gestão na unidade escolar; comentou se houve mudança de atitude dos 
educadores e dos alunos; contou se houve alguma intervenção nas famílias; e qual a 
relação entre alimentação escolar e cidadania. 
 
1.4 Parâmetros atuais da alimentação saudável 
 
Os convidados do Participação Popular (...)[,] a nutricionista pela 
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e conselheira do Conselho 
Federal de Nutricionistas (CFN), Rosane Maria da Silva Nascimento, e a 
nutricionista e coordenadora de Segurança Alimentar e Nutricional do 
Ministério da Educação (MEC), Eliene Ferreira de Sousa, [falam sobre 
alimentação saudável nas escolas]. 
O deputado Lobbe Neto (PSDB-SP), autor do PL 127/2007, que “dispõe 
sobre a substituição de alimentos não saudáveis, nas escolas de educação 
infantil e do ensino fundamental, público e privado”, participa do programa 
por telefone e o presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições 
de ensino do DF, Luiz Claudio, concede entrevista ao programa, direto do 
 
 
 
6 
 
shopping Conjunto Nacional, na área central de Brasília (ALIMENTAÇÃO, 
2015). 
 
1.5 Parâmetros atuais da alimentação escolar 
 
Atualmente o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem como 
parâmetros: 
 Suplementação das necessidades nutricionais; 
 Formação de bons hábitos alimentares; 
 Construção de cardápio balanceado; 
 Acompanhamento dos casos tanto de desnutrição quanto de obesidade. 
 
O programa costuma observar a apresentação dos alimentos de modo que avaliem a 
qualidade de suas condições higiênico-sanitárias. Outro aspecto observado refere-se 
aos utensílios tanto em sua capacidade para atendimento quanto nas suas condições 
de higiene e das formas de acondicionamento para evitar contaminações. 
Nesse contexto, o educador responsável pela merenda tem a tarefa de apontar 
irregularidades e de atuar, junto à gestão, para que sejam corrigidas. 
A relação de diálogo entre o educador responsável pela merenda, o nutricionista, as 
merendeiras e o CAE (Conselho de Alimentação Escolar) é essencial para que, em 
conjunto, possam garantir o atendimento com qualidade. 
O cardápio é item de alta relevância no cotidiano do serviço de merenda escolar. 
Pensado por nutricionistas, ele busca atender às necessidades das diferentes faixas 
etárias matriculadasna Educação Básica, atendendo a um balanceamento nutricional 
bem como à preocupação com uma boa apresentação do alimento de modo que esse 
fique também atrativo para o consumo. 
Os porcionamentos também são definidos a partir das faixas etárias que serão 
atendidas, respeitando suas especificidades e garantindo os nutrientes necessários 
para o crescimento e desenvolvimento cognitivo e imunológico dos educandos. 
Reeducar hábitos alimentares carregados de vícios oriundos das famílias, como o apelo 
aos fast-foods, também se constitui como um dos parâmetros para alimentação 
escolar saudável. 
 
 
 
7 
 
Para que tais parâmetros sejam alcançados, o trabalho do educador responsável pela 
merenda, do gestor, do CAE e do nutricionista deve constar de planejamento, 
realização de diagnósticos do estado nutricional dos estudantes, acompanhamento e 
avaliação do cardápio (aceitação/rejeição), além da capacitação dos recursos humanos 
e do controle de qualidade. 
Os cardápios devem respeitar os hábitos alimentares da região do país em que cada 
escola está localizada, sua vocação agrícola e a preferência por produtos básicos. 
Os produtos devem ser, preferencialmente, semielaborados e in natura evitando, 
portanto, os multiprocessados. 
Quanto à aquisição dos alimentos, visando à redução de custos, orienta-se dar 
preferência a produtos regionais. 
O PNAE, em sua resolução n. 015/2003, define como obrigatório no cardápio fornecer, 
no mínimo, 15% das necessidades energéticas e nutricionais diárias dos alunos. 
As Diretrizes do PNAE reforçam a preocupação com o direito à alimentação e não 
como um programa de caráter paternalista. Por isso orienta que o termo merenda 
escolar, que tende a caracterizar-se por refeições rápidas, reduzidas ao equivalente a 
um lanche, seja substituído por alimentação escolar que mais se aproxima do conceito 
de refeição completa. 
 
Referências 
 
ALIMENTAÇÃO e uniforme podem ser incluídos em gastos constitucionais com 
educação. Senado Notícias, 4 jun. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/czjGm4>. 
Acesso em: 10 out. 2018. 
 
ALIMENTAÇÃO saudável nas escolas. Câmara dos Deputados, 10 abr. 2015. Disponível 
em: <https://goo.gl/Xm5e9A>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Escolas 
promotoras de saúde: experiências do Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2007. 
Disponível em: <https://goo.gl/YzzsFP>. Acesso em: 9 out. 2018. 
 
 
 
8 
 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Manual das cantinas escolares saudáveis: promovendo a alimentação 
saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: 
<https://bit.ly/2A2dWmj>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
CARVALHO, Fabio Fortunato Brasil de. A saúde vai à escola: a promoção da saúde em 
práticas pedagógicas. Physis, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 1207-1227, dez. 2015. 
Disponível em: <https://goo.gl/6yEejz>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
DIAS, L. B.; ESCOUTO, L.F.S. Um breve histórico sobre alimentação escolar no Brasil. 
Revista Científica de Ciências Aplicadas da FAIP, v. 3, n. 5, maio 2016. Disponível em: 
<https://goo.gl/WHdERg>. Acesso em: 9 ago. 2018. 
 
HÁBITOS alimentares no Brasil: conheça a cultura em cada região brasileira. 
Alimentação em Foco, 1º fev. 2018. Disponível em: <https://goo.gl/syg81P>. Acesso 
em: 10 out. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
BLOCO 2. PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR 
 
Segundo Peixinho (2014, p. 9), 
O PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] é o mais antigo 
programa do governo brasileiro na área de alimentação escolar e de 
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), sendo considerado um dos 
maiores e mais abrangentes do mundo no que se refere ao atendimento 
universal aos escolares e de garantia do direito humano à alimentação 
adequada e saudável. 
Esta política pública, gerenciada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento 
da Educação (FNDE), (...) atende (...) todos os alunos matriculados na 
educação básica das escolas públicas, federais, filantrópicas, comunitárias e 
confessionais do país, segundo os princípios do Direito Humano à 
Alimentação Adequada (DHAA) e da SAN. (...) 
Desta forma, o PNAE, cuja responsabilidade constitucional é compartilhada 
entre todos os entes federados, envolve um grande número de atores 
sociais como gestores públicos, professores, diretores de escola, pais de 
alunos, sociedade civil organizada, nutricionistas, manipuladores de 
alimentos, agricultores familiares, conselheiros de alimentação escolar, 
entre outros. 
(...) 
O PNAE tem por objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento 
biopsicossocial a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de 
hábitos saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e 
nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades 
nutricionais durante o período em que permanecem na escola. 
 
A infância é um período da vida em que o alimento é imprescindível para o 
desenvolvimento, em que a alimentação é um dos requisitos para um crescimento 
contínuo e para a vida saudável de uma criança. 
Segundo Ribeiro e Silva (2013, p. 79), “Podemos observar em várias pesquisas que a 
alimentação realmente influencia no desenvolvimento de aprendizagem da criança. 
Segundo Cavalcanti (2009, p. 28) ‘a infância corresponde ao período de formação dos 
hábitos nutricionais da vida adulta. É nessa fase que se fundam as bases para uma 
alimentação balanceada e saudável’”. 
 
2.1 PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar e dimensões legais 
 
Art. 208 da Constituição Federal de 1988 ⇒ Alimentação Escolar passa a ser direito 
constitucional. 
 
 
 
10 
 
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante 
a garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para 
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 59, de 2009)(Vide Emenda Constitucional nº 59, 
de 2009) 
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;(Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) 
III - atendimento educacional especializado aos portadores de 
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; 
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) 
anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) 
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da 
criação artística, segundo a capacidade de cada um; 
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do 
educando; 
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação 
básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 59, de 2009) (BRASIL, 1988). 
 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 
 
Documentos de orientação educacional como a LDB nº 9.394, de 1996 
incluem o direito à educação para todos, acrescidos da Lei n° 11.947, de 
2009, apontando para que os conteúdos educacionais sejam trabalhados de 
maneira interdisciplinar nas escolas; garante a Lei: 
‘[...] II - a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de 
ensino e aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o 
tema alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de 
vida, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional” (BRASIL, 2009). 
Dessa maneira, ao garantir a universalidade do ensino, a LDB 9.394, de 1996 
traz para o Estado o dever de manter a criança na escola. Alimentação e 
promoção do desenvolvimento integral da criança na escola, mais que os 
anseios da sociedade brasileira, refletem um cenário de lutas de um povo 
faminto por dignidade e equidade social que estão por vir. 
(...) 
Nos últimos vinteanos, após implantação da LDB, em seu artigo art. 4º, VIII, 
inclui-se a alimentação escolar como dever do Estado e um direito humano 
e social de toda criança e adolescente que frequentem a educação infantil e 
o ensino fundamental, mediante a execução do Programa Nacional de 
Alimentação Escolar (PNAE), coordenado pelo Fundo Nacional de 
Desenvolvimento da Educação (FNDE) (...) (BRASIL, 1996). 
 
Lei nº 11.947, de 16/6/2009 
 
(...) Lei nº 11.947, de 2009, que institui o PNAE, garantindo o direito à 
alimentação escolar. Destacamos o art. 2: 
“São diretrizes da alimentação escolar: alimentação saudável e adequada 
como aquela que faz: [...] uso de alimentos variados, seguros, que respeitem 
a cultura alimentar, as tradições e os hábitos alimentares saudáveis, 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1
 
 
 
11 
 
contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento dos alunos e para a 
melhoria do rendimento escolar, em conformidade com a sua faixa etária e 
seu estado de saúde, inclusive dos que necessitam de ações específicas” 
(BRASIL, 2009). 
(...) 
Ao atender a alimentação escolar aos alunos da educação básica por meio 
do Programa Nacional de Alimentação Escolar, o governo e o Ministério da 
Educação propõem ações educativas que perpassem pelo currículo escolar, 
abordando o tema alimentação e nutrição e a inclusão da educação 
alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem, na 
perspectiva do desenvolvimento de práticas saudáveis de vida e da 
segurança alimentar e nutricional, conforme disposto Lei nº 11.947, de 16 
de junho de 2009, em seu art. 15. 
(...) 
(...) é preciso acompanhar os projetos implementados nas escolas, desde o 
cardápio, e até mesmo a distribuição da merenda, conforme os artigos 18 e 
19 da Lei nº 11.947, de 2009: 
“Art. 18. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituirão, no âmbito 
de suas respectivas jurisdições administrativas, Conselhos de Alimentação 
Escolar - CAE, órgãos colegiados de caráter fiscalizador, permanente, 
deliberativo e de assessoramento [...] Art. 19. Compete ao CAE: I - 
acompanhar e fiscalizar o cumprimento das diretrizes estabelecidas na 
forma do art. 2o desta Lei; II - Acompanhar e fiscalizar a aplicação dos 
recursos destinados à alimentação escolar; III - Zelar pela qualidade dos 
alimentos, em especial quanto às condições higiênicas, bem como a 
aceitabilidade dos cardápios oferecidos; IV - Receber o relatório anual de 
gestão do PNAE e emitir parecer conclusivo a respeito, aprovando ou 
reprovando a execução do Programa” (BRASIL, 2009). 
 
Resolução FNDE/CD Nº 26 de 17/06/13 
 
Art. 1º Estabelecer as normas para a execução técnica, administrativa e 
financeira do PNAE aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às 
entidades federais. Parágrafo único. A alimentação escolar é direito dos 
alunos da educação básica pública e dever do Estado e será promovida e 
incentivada com vista ao atendimento das diretrizes estabelecidas nesta 
Resolução. 
Art. 2º São diretrizes da Alimentação Escolar: 
I – o emprego da alimentação saudável e adequada, compreendendo o uso 
de alimentos variados, seguros, que respeitem a cultura, as tradições e os 
hábitos alimentares saudáveis, contribuindo para o crescimento e o 
desenvolvimento dos alunos e para a melhoria do rendimento escolar, em 
conformidade com a sua faixa etária e seu estado de saúde, inclusive dos 
que necessitam de atenção específica; 
II – a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e 
aprendizagem, que perpassa pelo currículo escolar, abordando o tema 
alimentação e nutrição e o desenvolvimento de práticas saudáveis de vida 
na perspectiva da segurança alimentar e nutricional; 
III – a universalidade do atendimento aos alunos matriculados na rede 
pública de educação básica; 
IV – a participação da comunidade no controle social, no acompanhamento 
das ações realizadas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios 
para garantir a oferta da alimentação escolar saudável e adequada; 
 
 
 
12 
 
V – o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a 
aquisição de gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito 
local e preferencialmente pela agricultura familiar e pelos empreendedores 
familiares rurais, priorizando as comunidades tradicionais indígenas e de 
remanescentes de quilombos; e 
VI – o direito à alimentação escolar, visando garantir a segurança alimentar 
e nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as 
diferenças biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que 
necessitem de atenção específica e aqueles que se encontrem em 
vulnerabilidade social (BRASIL, 2013). 
 
2.2 Uso de verba para aquisição de merenda 
 
Segundo o site do Ministério da Educação, 
O Ministério da Educação, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento 
da Educação, garante a transferência de recursos financeiros para subsidiar 
a alimentação escolar de todos os alunos da educação básica de escolas 
públicas e filantrópicas. O repasse é feito diretamente aos estados e 
municípios, com base no censo escolar realizado no ano anterior ao do 
atendimento. 
 
De acordo com o site do PNAE, 
 
Atualmente, o valor repassado pela União a estados e municípios por dia 
letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e modalidade de 
ensino: 
 Creches: R$ 1,07 
 Pré-escola: R$ 0,53 
 Escolas indígenas e quilombolas: R$ 0,64 
 Ensino fundamental e médio: R$ 0,36 
 Educação de jovens e adultos: R$ 0,32 
 Ensino integral: R$ 1,07 
 Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral: R$ 
2,00 
 Alunos que frequentam o Atendimento Educacional Especializado no 
contraturno: R$ 0,53 
(...) 
Com a Lei nº 11.947, de 16/6/2009, 30% do valor repassado pelo Programa 
Nacional de Alimentação Escolar – PNAE deve ser investido na compra 
direta de produtos da agricultura familiar, medida que estimula o 
desenvolvimento econômico e sustentável das comunidades. 
 
Ainda segundo o site do PNAE, “Este encontro – da alimentação escolar com a 
agricultura familiar – tem promovido uma importante transformação na alimentação 
escolar, ao permitir que alimentos saudáveis e com vínculo regional, produzidos 
diretamente pela agricultura familiar, possam ser consumidos diariamente pelos 
alunos da rede pública de todo o Brasil”. 
 
 
 
13 
 
Órgãos gestores e áreas gestoras 
 
Do ponto de vista operacional, o PNAE funciona assim: 
 
 O Governo Federal, por meio do FNDE, é o responsável pela definição 
das regras do Programa. É aqui que se inicia o processo de 
financiamento e execução da alimentação escolar; 
 As Entidades Executoras (EEx) – que são as Secretarias de Educação 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e as escolas federais 
– se responsabilizam pelo desenvolvimento de todas as condições para 
que o Programa seja executado de acordo com o que a legislação 
determina; 
 A Unidade Executora (UEx) (...) é uma sociedade civil com 
personalidade jurídica de direito privado, vinculada à escola, sem fins 
lucrativos, que pode ser instituída por iniciativa da escola, da 
comunidade ou de ambas. Podem ser chamadas de “Caixa Escolar”, 
“Associação de Pais e Mestres”, ‘Círculo de Pais e Mestres” ou 
“Unidade Executora”. Representa a comunidade educativa. 
 O Conselho de Alimentação Escolar é responsável pelo controle social 
do PNAE, isto é, por acompanhar a aquisiçãodos produtos, a qualidade 
da alimentação ofertada aos alunos, as condições higiênico-sanitárias 
em que os alimentos são armazenados, preparados e servidos, a 
distribuição e o consumo, a execução financeira e a tarefa de avaliação 
da prestação de contas das EEx e emissão do Parecer Conclusivo. 
 
Contudo, existem outras instituições que apoiam o PNAE. São elas: 
 
 O Tribunal de Contas da União e o Ministério da Transparência, 
Fiscalização e Controladoria-Geral da União que são dois órgãos de 
fiscalização do governo federal; 
 O Ministério Público Federal que, em parceria com o FNDE, recebe e 
investiga as denúncias de má gestão do Programa; 
 As Secretarias de Saúde e de Agricultura dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios que são responsáveis pela inspeção sanitária, 
por atestar a qualidade dos produtos utilizados na alimentação 
ofertada e por articular a produção da agricultura familiar com o PNAE; 
e 
 O Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Nutricionistas que 
fiscalizam a atuação desses profissionais (BRASIL, 2017). 
 
Segundo o site do Ministério da Educação, “Os recursos do PNAE são liberados em dez 
parcelas, de forma a cobrir os 200 dias do ano letivo da educação básica. As secretarias 
da educação, que são responsáveis pelas redes de ensino, recebem os valores e 
operam a alimentação escolar” (BRASIL, 2018). 
 
 
 
 
 
 
14 
 
Distribuição de Recursos financeiros executados e nº de alunos atendidos no período 
de 1995 a 2017: 
Ano Recursos Financeiros 
(em milhões de Reais) 
Alunos atendidos 
(em milhões) 
1995 590,1 33,2 
1996 454,1 30,5 
1997 672,8 35,1 
1998 785,3 35,3 
1999 871,7 36,9 
2000 901,7 37,1 
2001 920,2 37,1 
2002 848,6 36,9 
2003 954,2 37,3 
2004 1.025 37,8 
2005 1.266 36,4 
2006 1.500 36,3 
2007 1.520 35,7 
2008 1.490 36,6 
2009 2.013 47,0 
2010 3.034 45,6 
2011-2016* 3.500 45,0 
2017 4.500 41,0 
*Segundo o Portal de notícias do FNDE não houve reajuste de 2011 a 2016 
Fonte: PEIXINHO, 2014. 
 
2.3 Merenda: PNAE e agricultura familiar 
 
Segundo o site do SEAF, “A aquisição da agricultura familiar para a alimentação escolar 
está regulamentada pela Resolução CD/FNDE nº 26, de 17 de junho de 2013, 
[atualizada pela Resolução CD/FNDE nº 04, de 2 de abril de 2015], que dispõe sobre o 
 
 
 
15 
 
atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do 
PNAE”. 
A alimentação escolar passou a contar (...) [a partir da Resolução nº 26/13] 
com produtos diversificados e saudáveis. E essa iniciativa pode ser bastante 
ampliada: é preciso obedecer ao limite mínimo, que é de 30%, mas podem 
ser aplicados até 100% dos recursos repassados pelo FNDE à alimentação 
escolar na compra da agricultura familiar. 
O programa incorpora, assim, elementos relacionados à produção, acesso e 
consumo, com o objetivo de, simultaneamente, oferecer alimentação 
saudável aos alunos de escolas públicas de educação básica do Brasil e 
estimular a agricultura familiar nacional. 
O apoio ao desenvolvimento sustentável local ocorre pela priorização da 
compra de produtos diversificados, orgânicos ou agroecológicos, e que 
sejam produzidos no próprio município onde está localizada a escola, ou na 
mesma região, com especial atenção aos assentamentos rurais e 
comunidades indígenas e quilombolas. Nesse sentido, para o município, 
significa a geração de emprego e renda, fortalecendo e diversificando a 
economia local, e valorizando as especificidades e os hábitos alimentares 
locais. 
Para o agricultor familiar, representa um canal importante de 
comercialização e geração de renda com regularidade, contribuindo para a 
inclusão produtiva, a geração de emprego no meio rural e o estímulo ao 
cooperativismo e ao associativismo. 
Para os alunos da rede pública de ensino, é o acesso regular e permanente a 
produtos de melhor qualidade nas escolas: um passo adiante para a garantia 
de alimentos e hábitos saudáveis, com respeito à cultura e às práticas 
alimentares regionais. 
(...) 
As Entidades Executoras – EEx são as instituições da rede pública de ensino 
federal, estadual e municipal que recebem recursos diretamente do FNDE 
para a execução do Pnae: 
• Secretarias estaduais de educação 
• Prefeituras 
• Escolas federais 
As compras podem ser feitas de forma centralizada, pelas secretarias 
estaduais de educação e prefeituras, ou de forma descentralizada, pelas 
Unidades Executoras das escolas (UEx). As UEx não recebem recursos 
diretamente do FNDE. 
(...) 
De acordo com a Lei nº 11.326/2006, é considerado agricultor familiar e 
empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, 
possui área de até quatro módulos fiscais, mão de obra da própria família, 
renda familiar vinculada ao próprio estabelecimento e gerenciamento do 
estabelecimento ou empreendimento pela própria família. Também são 
considerados agricultores familiares: silvicultores, aquicultores, 
extrativistas, pescadores, indígenas, quilombolas e assentados da reforma 
agrária. 
O agricultor familiar é reconhecido pelo Ministério do Desenvolvimento 
Agrário por meio da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP). Este 
documento é o instrumento de identificação do agricultor familiar, utilizado 
para o acesso às políticas públicas (BRASIL, 2016). 
 
 
 
 
 
16 
 
2.4 Cantina: fundamentos legais 
 
Portaria Interministerial nº 1010 de 08 de maio de 2006 
Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas 
de educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e 
privadas, em âmbito nacional. 
 
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, INTERINO, E O MINISTRO DE ESTADO 
DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições, e 
 
Considerando a dupla carga de doenças a que estão submetidos os países 
onde a desigualdade social continua a gerar desnutrição entre crianças e 
adultos, agravando assim o quadro de prevalência de doenças infecciosas; 
Considerando a mudança no perfil epidemiológico da população brasileira 
com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, com ênfase no 
excesso de peso e obesidade, assumindo proporções alarmantes, 
especialmente entre crianças e adolescentes; 
Considerando que as doenças crônicas não transmissíveis são passíveis de 
serem prevenidas, a partir de mudanças nos padrões de alimentação, 
tabagismo e atividade física; 
Considerando que no padrão alimentar do brasileiro encontra- se a 
predominância de uma alimentação densamente calórica, rica em açúcar e 
gordura animal e reduzida em carboidratos complexos e fibras; 
Considerando as recomendações da Estratégia Global para Alimentação 
Saudável, Atividade Física e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS) 
quanto à necessidade de fomentar mudanças socioambientais, em nível 
coletivo, para favorecer as escolhas saudáveis no nível individual; 
Considerando que as ações de Promoção da Saúde estruturadas no âmbito 
do Ministério da Saúde ratificam o compromisso brasileiro com as diretrizes 
da Estratégia Global; 
Considerando que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) 
insere-se na perspectiva do Direito Humano à Alimentação Adequada e que 
entre suas diretrizes destacam-se a promoção da alimentação saudável, no 
contexto de modos de vida saudáveis e o monitoramento da situação 
alimentar e nutricional da população brasileira; 
Considerando a recomendação da Estratégia Global para a Segurança dos 
Alimentos da OMS, para que a inocuidade de alimentos seja inserida como 
uma prioridade na agenda da saúde pública, destacando as crianças e jovens 
como os grupos de maior risco; 
Considerando os objetivos e dimensões do Programa Nacional de 
Alimentação Escolar ao priorizar o respeito aos hábitos alimentares 
regionais e à vocação agrícola do município, por meio do fomento ao 
desenvolvimento da economia local; 
Considerando que os Parâmetros Curriculares Nacionais orientam sobre a 
necessidade de que as concepções sobre saúde ou sobre o que é saudável, 
valorização de hábitos e estilos de vida, atitudesperante as diferentes 
questões relativas à saúde perpassem todas as áreas de estudo, possam 
processar-se regularmente e de modo contextualizado no cotidiano da 
experiência escolar; 
Considerando o grande desafio de incorporar o tema da alimentação e 
nutrição no contexto escolar, com ênfase na alimentação saudável e na 
promoção da saúde, reconhecendo a escola como um espaço propício à 
formação de hábitos saudáveis e à construção da cidadania; 
Considerando o caráter intersetorial da promoção da saúde e a importância 
assumida pelo setor Educação com os esforços de mudanças das condições 
 
 
 
17 
 
educacionais e sociais que podem afetar o risco à saúde de crianças e 
jovens; 
Considerando, ainda, que a responsabilidade compartilhada entre 
sociedade, setor produtivo e setor público é o caminho para a construção de 
modos de vida que tenham como objetivo central a promoção da saúde e a 
prevenção das doenças; 
Considerando que a alimentação não se reduz à questão puramente 
nutricional, mas é um ato social, inserido em um contexto cultural; e 
Considerando que a alimentação no ambiente escolar pode e deve ter 
função pedagógica, devendo estar inserida no contexto curricular, resolvem: 
Art. 1º Instituir as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas 
Escolas de educação infantil, fundamental e nível médio das redes pública e 
privada, em âmbito nacional, favorecendo o desenvolvimento de ações que 
promovam e garantam a adoção de práticas alimentares mais saudáveis no 
ambiente escolar. 
Art. 2º Reconhecer que a alimentação saudável deve ser entendida como 
direito humano, compreendendo um padrão alimentar adequado às 
necessidades biológicas, sociais e culturais dos indivíduos, de acordo com as 
fases do curso da vida e com base em práticas alimentares que assumam os 
significados socioculturais dos alimentos. 
Art. 3º Definir a promoção da alimentação saudável nas escolas com base 
nos seguintes eixos prioritários: 
I - ações de educação alimentar e nutricional, considerando os hábitos 
alimentares como expressão de manifestações culturais regionais e 
nacionais; 
II - estímulo à produção de hortas escolares para a realização de atividades 
com os alunos e a utilização dos alimentos produzidos na alimentação 
ofertada na escola; 
III - estímulo à implantação de boas práticas de manipulação de alimentos 
nos locais de produção e fornecimento de serviços de alimentação do 
ambiente escolar; 
IV - restrição ao comércio e à promoção comercial no ambiente escolar de 
alimentos e preparações com altos teores de gordura saturada, gordura 
trans, açúcar livre e sal e incentivo ao consumo de frutas, legumes e 
verduras; e 
V - monitoramento da situação nutricional dos escolares. 
Art. 4° Definir que os locais de produção e fornecimento de alimentos, de 
que trata esta Portaria, incluam refeitórios, restaurantes, cantinas e 
lanchonetes que devem estar adequados às boas práticas para os serviços 
de alimentação, conforme definido nos regulamentos vigentes sobre boas 
práticas para serviços de alimentação, como forma de garantir a segurança 
sanitária dos alimentos e das refeições. 
Parágrafo único. Esses locais devem redimensionar as ações desenvolvidas 
no cotidiano escolar, valorizando a alimentação como estratégia de 
promoção da saúde. 
Art. 5º Para alcançar uma alimentação saudável no ambiente escolar, 
devem-se implementar as seguintes ações: 
I - definir estratégias, em conjunto com a comunidade escolar, para 
favorecer escolhas saudáveis; 
II - sensibilizar e capacitar os profissionais envolvidos com alimentação na 
escola para produzir e oferecer alimentos mais saudáveis; 
III - desenvolver estratégias de informação às famílias, enfatizando sua 
corresponsabilidade e a importância de sua participação neste processo; 
IV - conhecer, fomentar e criar condições para a adequação dos locais de 
produção e fornecimento de refeições às boas práticas para serviços de 
 
 
 
18 
 
alimentação, considerando a importância do uso da água potável para 
consumo; 
V - restringir a oferta e a venda de alimentos com alto teor de gordura, 
gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal e desenvolver opções de 
alimentos e refeições saudáveis na escola; 
VI - aumentar a oferta e promover o consumo de frutas, legumes e 
verduras; 
VII - estimular e auxiliar os serviços de alimentação da escola na divulgação 
de opções saudáveis e no desenvolvimento de estratégias que possibilitem 
essas escolhas; 
VIII - divulgar a experiência da alimentação saudável para outras escolas, 
trocando informações e vivências; 
IX - desenvolver um programa contínuo de promoção de hábitos 
alimentares saudáveis, considerando o monitoramento do estado 
nutricional das crianças, com ênfase no desenvolvimento de ações de 
prevenção e controle dos distúrbios nutricionais e educação nutricional; e 
X - incorporar o tema alimentação saudável no projeto político pedagógico 
da escola, perpassando todas as áreas de estudo e propiciando experiências 
no cotidiano das atividades escolares. 
Art. 6º Determinar que as responsabilidades inerentes ao processo de 
implementação de alimentação saudável nas escolas sejam compartilhadas 
entre o Ministério da Saúde/Agência Nacional de Vigilância Sanitária e o 
Ministério da Educação/Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 
Art. 7º Estabelecer que as competências das Secretarias Estaduais e 
Municipais de Saúde e de Educação, dos Conselhos Municipais e Estaduais 
de Saúde, Educação e Alimentação Escolar sejam pactuadas em fóruns locais 
de acordo com as especificidades identificadas. 
Art. 8º Definir que os Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição, 
Instituições e Entidades de Ensino e Pesquisa possam prestar apoio técnico 
e operacional aos estados e municípios na implementação da alimentação 
saudável nas escolas, incluindo a capacitação de profissionais de saúde e de 
educação, merendeiras, cantineiros, conselheiros de alimentação escolar e 
outros profissionais interessados. 
Parágrafo único. Para fins deste artigo, os órgãos envolvidos poderão 
celebrar convênio com as referidas instituições de ensino e pesquisa. 
Art. 9º Definir que a avaliação de impacto da alimentação saudável no 
ambiente escolar deva contemplar a análise de seus efeitos a curto, médio e 
longo prazo e deverá observar os indicadores pactuados no pacto de gestão 
da saúde. 
Art. 10º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação (BRASIL, 
2006). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
Nota Técnica nº 02/2012 – COTAN/CGPAE/DIRAE/FNDE 
 
Experiências de regulamentação da comercialização de alimentos não 
saudáveis em cantinas escolares têm sido desenvolvidas em alguns estados 
e municípios brasileiros, cita-se como exemplo: 
Florianópolis/SC - Lei municipal n.º 5.853, de 04 de junho de 2001. 
Abrangência: Unidades educacionais públicas e privadas que atendem a 
educação básica do Município. 
Santa Catarina/SC - Lei estadual n.º 12.061, de 18 de dezembro de 2001. 
Abrangência: Unidades educacionais públicas e privadas que atendem a 
educação básica do Estado. 
Paraná/ PR - Lei estadual n.º 14.423, de 02 de junho de 2004 e Lei estadual 
n.º 14.855, de 19 de outubro de 2005. Abrangência: Unidades educacionais 
públicas e privadas que atendam a educação básica do Estado. 
Rio de Janeiro/RJ - Decreto municipal n.º 21.217, de 01 de abril de 2002, 
Portaria n.º 02/2004, da I Vara da Infância e da Juventude e Lei estadual n.º 
4.508, de 11 de janeiro de 2005. Abrangência: Rede pública e privada do 
município e Estado. 
Distrito Federal/DF - Lei n.º 3.695, de 8 de novembro de 2005. Abrangência: 
Escolas de educação infantil e de ensino fundamental e médio das redes 
pública e privada. 
São Paulo/SP - Portaria conjunta COGSP/CEI/DSE, de 23 de março de 2005. 
Abrangência: Rede pública do Estado. 
Ribeirão Preto/ SP - Resolução Municipal n.º 16/2002, de 29 de julho de 
2002 (BRASIL, 2007). 
Goiás/GO – Secretaria de Estado de Educação. Portaria GAB/SEDUC nº 3405, 
de 18 de maiode 2011. Resolve que fica terminantemente proibido, dentro 
das dependências permanentes à Secretaria de Estado de Educação, o 
comércio de qualquer tipo de produto ou mercadoria, seja por servidores ou 
por terceiros. 
É importante destacar que tais documentos têm por objetivo a 
regulamentação de alimentos que podem ou não ser comercializados nas 
cantinas escolares, contando com a proibição de refrigerantes, doces e 
alimentos considerados não saudáveis. 
De forma geral estas regulamentações abordam: 
- Proibição do comércio dos seguintes itens: bebidas alcoólicas; balas, 
pirulitos e gomas de mascar; refrigerantes, sucos artificiais; salgadinhos 
industrializados; salgados fritos e pipocas industrializadas; 
- Oferta de duas opções de frutas sazonais diariamente; 
- Presença obrigatória de mural ou material de comunicação visual para 
divulgação de informações relacionadas à alimentação e nutrição; 
- Proibição de exposição de cartazes publicitários que estimulem a aquisição 
e o consumo de balas, chicletes, salgadinhos e refrigerantes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Manual das cantinas escolares saudáveis 
 
A cantina escolar tem um compromisso social na saúde da comunidade 
escolar na qual ela se insere, pois os lanches e produtos que comercializa 
têm importante impacto na saúde dos alunos. À primeira vista, a influência 
na formação dos hábitos alimentares de crianças e adolescentes parece um 
trabalho difícil, mas é uma ação de grande importância em longo prazo, pois 
colabora para o desenvolvimento de uma vida mais saudável. Além disso, 
uma cantina que se preocupa com a saúde da comunidade escolar, a partir 
da oferta de alimentos adequados e saudáveis, desenvolve a confiança nos 
pais e alunos. 
(...) 
(...) para a promoção da alimentação saudável de crianças, adolescentes e 
clientes em geral, é necessário que a cantina promova mudanças em: 
Sua estrutura: Manter equipamentos, utensílios, bancadas, pisos e paredes 
sempre limpos e de acordo com a legislação que trata dos aspectos 
higiênico-sanitários (RDC nº 216). Sempre que possível, devem ser 
realizadas modificações no ambiente da cantina, ressaltando os lanches 
saudáveis e retirando as propagandas dos alimentos industrializados e ricos 
em gordura e açúcar. 
Seu conteúdo: O conteúdo mais importante de uma cantina são os 
alimentos que ela oferece. E preciso trocar salgados fritos por assados, 
refrigerantes por sucos naturais e os demais lanches não saudáveis por 
alimentos saborosos e nutritivos. Trabalhar a divulgação desses alimentos é 
fundamental. 
Sua clientela: A clientela, no caso, as crianças, adolescentes, professores e 
funcionários, precisa ser sensibilizada para trocar seus lanches antigos por 
lanches saudáveis e, assim, passar a ter mais qualidade de vida. Mobilizar os 
pais para essa mudança também é imprescindível. 
Seus funcionários: O apoio dos seus funcionários para que eles também se 
envolvam na promoção de alimentos saudáveis com todos os cuidados de 
higiene que isso requer (BRASIL, 2010). 
 
Conclusão 
 
A partir das discussões realizadas nesse bloco, podemos concluir que é expressa a 
necessidade de unir o trabalho de merendeiras e donos de cantina em prol de uma 
alimentação saudável e que o profissional responsável pela alimentação escolar 
precisa, necessariamente, estar atento às orientações do Ministério da Educação e do 
Ministério da Saúde e com trabalho de escuta e formação às famílias formando o tripé: 
 
Escola família serviço de saúde 
 
Em relação à parte educacional, os professores devem inserir no conteúdo de suas 
aulas informações sobre alimentação saudável, hábitos de consumo, tipos de alimento 
 
 
 
21 
 
e como eles influenciam a saúde das pessoas e a relação de alimentação com a mídia e 
a cultura. 
 
Referências 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 
1988. Disponível em: <https://goo.gl/HwJ1Q>. Acesso em: 22 ago. 2018. 
 
______. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 21 dez. 1996. Disponível em: 
<https://goo.gl/SD4KAm>. Acesso em: 22 ago. 2018. 
 
______. Ministério da Saúde. Portaria interministerial n. 1.010, de 8 de maio de 2006. 
Institui as diretrizes para a Promoção da Alimentação Saudável nas Escolas de 
educação infantil, fundamental e nível médio das redes públicas e privadas, em âmbito 
nacional. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: 
<https://goo.gl/mzMXPw>. Acesso em: 3 set. 2018. 
 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a 
população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2008. Disponível em: <https://goo.gl/UkE0T7>. Acesso em: 3 set. 2018. 
 
______. Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da 
alimentação escolar e do Programa Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação 
básica... Diário Oficial da União, Brasília, DF, 17 jun. 2009. Disponível em: 
<https://goo.gl/Zcesh4>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
______. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. Manual das cantinas escolares saudáveis: promovendo a alimentação 
saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: 
<https://bit.ly/2A2dWmj>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
 
 
22 
 
 
______. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 
Resolução n. 26 de 17 de junho de 2013. Dispõe sobre o atendimento da alimentação 
escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de 
Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 jun. 2013. 
Disponível em: <https://goo.gl/T4RYFN>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
______. Ministério da Educação. Conselho Nacional dos Procuradores Gerais do 
Ministério Público dos Estados, do Distrito Federal e da União. Cartilha Nacional da 
Alimentação Escolar. 2. ed. Brasília, 2015. Disponível em: <https://bit.ly/2pMzIEA>. 
Acesso em: 20 set. 2018. 
 
______. Ministério da Educação. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. 
Aquisição de produtos da agricultura familiar para a alimentação escolar. Brasília: 
FNDE, 2016. Disponível em: <https://goo.gl/VZ6Nx9>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
GABRIEL, C. G. et al. Regulamentação da comercialização de alimentos no ambiente 
escolar: análise dos dispositivos legais brasileiros que buscam a alimentação saudável. 
Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 71, p. 11-20, 2012. Disponível em: 
<https://goo.gl/1kYmjM>. Acesso em: 3 set. 2018. 
 
PEIXINHO, A. et al. Cartilha Nacional da Alimentação Escolar. Brasília: MEC, 2014. 
Disponível em: <https://goo.gl/jp4DVX>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
RIBEIRO, Gisele Naiara Matos; SILVA, João Batista Lopes da. A alimentação no processo 
de aprendizagem. Revista Eventos Pedagógicos, v. 4, n.2, p. 77-85, ago./dez. 2013. 
Disponível em: <https://goo.gl/HmbHE2>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
 
 
 
BLOCO 3. IMPACTOS DA ALIMENTAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DO EDUCANDO 
 
Este bloco tratará de dois fenômenos atuais que influenciam direta ou indiretamente o 
desenvolvimento da criança e do adolescente em idade escolar. São eles: desnutrição 
e obesidade. 
 
3.1 Alimentação e desenvolvimento cognitivo 
 
Em entrevista concedida para a nossa disciplina, a convidada Maria de Fátima nos 
trouxe contribuições a respeito do impacto da alimentação no desenvolvimento 
cognitivo das crianças em idade escolar. 
Podemos destacar que a escola tem papel fundamental sobre a construção de hábitos 
saudáveis de alimentação, principalmente em um contexto cada vez mais impregnado 
pela cultura do “fast-food” e do consumo de alimentos ultraprocessados em 
substituição aos naturais dentro da própria rotina familiar. 
Uma alimentação pobre em nutrientes, além de afetar a saúde física da criança, 
também atinge negativamenteo seu desenvolvimento cognitivo. Por isso uma dieta 
equilibrada se torna tema essencial na luta contra os casos de desnutrição e obesidade 
que influenciam o desenvolvimento cognitivo de crianças e adolescentes em idade 
escolar. E, nesse contexto, a alimentação escolar tem papel preponderante. 
 
3.2 Desnutrição e obesidade 
O Brasil ainda está distante de um cenário ideal no que se refere à qualidade de vida. 
Nesse contexto, muitos indivíduos se deparam com uma realidade de miséria, pobreza, 
desigualdade social e abandono por parte das autoridades políticas; e é nesse cenário 
que a desnutrição infantil se apresenta, por conta da privação de muitas pessoas de 
suas necessidades básicas (FRAGA; VARELA, 2013). 
 
 
 
24 
 
Dois problemas impactam a infância e o desenvolvimento das crianças e apesar de 
parecerem antagônicos fazem parte de um mesmo problema: a má alimentação. São 
eles, a desnutrição e a obesidade. 
Segundo o site da Fundação Maria Cecília Vidigal, 
No mundo, 1,9 bilhão de pessoas estão acima do peso, segundo a 
Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS). No universo infantil, 600 
milhões de crianças são consideradas obesas. Por outro lado, cerca de 2 
bilhões de pessoas, em todo o planeta, apresentam deficiências de 
micronutrientes, sendo 156 milhões de crianças, até cinco anos de idade, 
vítimas da desnutrição crônica, e 50 milhões apresentam desnutrição aguda 
(baixo peso para a altura). 
 
Desnutrição: 
 
De acordo com Cazarré (2017), “Em 2016, a desnutrição afetava 7,7% de crianças 
menores de 5 anos em todo o mundo, segundo o relatório [do The State of Food 
Security and Nutrition in the World 2017]. O dado representa cerca de 17 milhões de 
crianças”. 
Segundo estudos divulgados em 2016, realizados pelo Instituto Internacional de 
Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI), o Brasil era “exemplo” no combate à 
fome. O relatório publicado em Bruxelas aponta que os programas sociais tiveram 
eficácia na redução da pobreza, da fome e da desnutrição. Porém, após a crise 
econômica vemos que esses dados tiveram um retrocesso. 
De acordo com Weinberg, Bustamante e Sampaio (2018), houve um aumento 
considerável de mortes por desnutrição. A porcentagem foi de 12,6% em 2016 para 
13,1% em 2017 (Dados divulgados pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional 
(Sisvan) consolidados pela Fundação Abrinq). 
“Desnutrição e mortalidade infantil andam de mãos dadas, porque a criança 
malnutrida é mais vulnerável”, explica o médico sanitarista Nelson 
Neumann, coordenador internacional da Pastoral da Criança no Brasil. 
Adultos desnutridos também afetam o desenvolvimento dos filhos. “A má 
nutrição da mãe pode resultar em crianças menos saudáveis pela vida 
inteira” (WEINBERG; BUSTAMANTE; SAMPAIO, 2018). 
 
 
 
 
http://www.paho.org/bra/
http://www4.planalto.gov.br/consea/comunicacao/noticias/2017/organizacoes-internacionais-querem-estimular-uso-de-experiencias-do-brasil-no-combate-a-obesidade-infantil
http://www.sbp.com.br/pdfs/Cadernos_Micronutrientes_MS.pdf
http://www.sbp.com.br/pdfs/Cadernos_Micronutrientes_MS.pdf
http://www.minhavida.com.br/saude/temas/desnutricao
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_desnutricao_criancas.pdf
 
 
 
25 
 
Segundo o site Minuto Nutrição, 
A principal causa da desnutrição é a falta de ingestão de nutrientes. As 
consequências da desnutrição são: 
- Emagrecimento; 
- Problemas cardíacos; 
- Anemia; 
- Mau funcionamento intestinal; 
- Aumento da quantidade de bactérias no estômago que podem causar 
câncer; 
- Baixa imunidade, facilitando a entrada de microorganismos e favorecendo 
a instalação de doenças; 
- Dificuldade na cicatrização de feridas; 
- Atraso no desenvolvimento corporal e intelectual nas crianças; 
- Atrofia muscular; 
- Pele, cabelos e unhas frágeis; (...) 
Todas essas consequências podem ser tratadas. Mas as crianças desnutridas 
poderão apresentar problemas de saúde irreversíveis como baixa estatura 
ou baixo desenvolvimento intelectual e até mesmo esterilidade e problemas 
hormonais. 
 
Obesidade: 
 
De acordo com Chaput e Tremblay (2006, p. 1), 
 
A obesidade infantil resulta de uma falha do sistema de autorregulação do 
corpo na modulação de influências ambientais em relação às propensões 
genéticas individuais. Diversos fatores envolvidos nas complexas interações 
genes-ambiente que causam a obesidade promoverão um equilíbrio 
energético positivo em longo prazo. Resultados de estudos longitudinais 
sugerem que a causa última da obesidade tende a ser um pequeno 
desequilíbrio crônico de energia, que é difícil de detectar por meio dos 
métodos atuais de mensuração de ingestão e gasto de energia. É provável 
que mudanças ambientais – por exemplo, em nutrição e estilo de vida – 
sejam as principais responsáveis pela atual epidemia de obesidade, uma vez 
que um conjunto de genes não pode modificar-se em menos do que uma 
geração. 
 
Segundo o site da Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da 
Saúde Brasil (2015), os principais fatos sobre a obesidade são: 
 
 A obesidade mais do que duplicou desde 1980 em todo o mundo. 
(...) 
 A maior parte da população mundial vive em países onde o sobrepeso 
e a obesidade matam mais pessoas do que o baixo peso. 
 41 milhões de crianças com menos de 5 anos estavam com sobrepeso 
ou obesas em 2014. (...) 
 
 
 
 
26 
 
Conforme Guimarães (2017), 
 
De acordo com o estudo divulgado na [revista científica The] Lancet, a 
prevalência de obesidade global em meninas saltou de 0,7% em 1975 para 
5,6% em 2016. Em meninos, a alta foi ainda maior: saiu de apenas 0,9% em 
1975 para 7,8% em 2016. Como consequência, 124 milhões de crianças e 
adolescentes entre 5 e 19 anos ao redor do mundo estavam obesos em 
2016. 
 
De acordo com Portilho (2018), as causas podem ser genéticas, no entanto, pesquisas 
mostram que “95% dos casos estão ligados à falta de atividades físicas e à alimentação 
incorreta, com excesso de gorduras e açúcares”. 
 
Como reverter os impactos da desnutrição e da obesidade nas crianças? 
 
Desnutrição 
O combate à desnutrição é uma causa social e de responsabilidade em âmbitos 
federais: 
 Programas sociais para erradicação da fome no país; 
 Alimentação rica em nutrientes; 
 Oferta de merenda adequada nas escolas; 
 Campanhas que incentivem o aleitamento materno. 
 
Obesidade 
De acordo com a Federação Mundial de Obesidade, para reduzir a obesidade é preciso: 
 Aumentar o aleitamento materno na infância; 
 Limitar o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura; 
 Encorajar os jovens a praticar exercícios físicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
3.3 Desnutrição e desempenho escolar 
 
Segundo Mendes (2016), 
 
Dentre (...) [as maiores] problemáticas [da atualidade], destaca-se a fome e, 
resultante dela, a desnutrição. Há uma preocupação tamanha quanto a 
desnutrição infantil, que pode ser ocasionada pela deficiente educação 
alimentar oferecida às crianças. Uma vez desnutrida, a criança leva consigo 
consequências que geralmente são irreparáveis, em seu desenvolvimento 
físico e mental, ocasionando, por exemplo, deficiências na aprendizagem 
devido ao retardo na inteligência, problemas na calcificação dos ossos e nas 
funções vitais do mesmo. 
(...) 
É importante ressaltar que os indivíduos que não recebem quantidade 
calórico-proteica necessária por dia, não atingem o pleno desenvolvimento 
na infância, levando consigo efeitos nocivos para toda a vida e 
consequentemente para a própria atividade socioeconômica do país. É 
inadmissível que, aproximadamente, 150 milhões de crianças sejam 
desnutridas no mundo, e que muitas, morrem deste mal, enquanto 
toneladas de alimentos são desperdiçados diariamente. O Brasil apresenta 
um dos índices mais altos e preocupantes: um em cada dez brasileiros sofre 
de desnutrição. 
 
Conforme Sawaya (2006), 
 
Outra maneira de conhecer as causas da desnutrição e suas consequências 
para uma considerávelparcela das crianças pobres brasileiras é procurar 
compreendê-las como decorrência das concepções e das ações que se 
estabelecem entre os diferentes grupos sociais e as instituições a partir das 
relações sociais, econômicas e políticas que estruturam a sociedade 
brasileira. 
 
Isso num cenário de desigualdade, no qual grande parte da população vive com salário 
mínimo que não lhe dá condições de uma vida digna e com alimentação saudável. 
Além desses, há também os que estão abaixo da linha da pobreza que não possuem 
habitação, saneamento básico, saúde e outros direitos que em tese são garantidos por 
lei na condição de cidadãos que, supostamente, são. 
Segundo Viveiros (2014), 
O déficit de proteínas prejudica a produção de enzimas e hormônios na 
criança, o crescimento do corpo, a imunidade e a cicatrização, e a falta de 
vitaminas e minerais causa diversos problemas ao organismo, dentre eles a 
fadiga e danos neurológicos. Além disso, quando o sistema imunológico não 
se desenvolve de forma correta, a criança fica muito mais sujeita às 
patologias, e estas se apresentam em formas bem mais graves do que as 
que ocorreriam em um organismo bem nutrido. 
 
 
 
28 
 
Todos esses fatores se apresentam como entraves no desenvolvimento 
escolar da criança. Desse modo, o rendimento se torna bem menor do que o 
esperado, e o interesse pelo ambiente escolar diminui, o que reduz 
significativamente as perspectivas de um futuro melhor para a criança, 
dando continuidade a um ciclo de exclusão social. 
 
De acordo com o site Portabilis (2017), 
 
(...) uma nutrição insuficiente (...) pode trazer sérias consequências não 
apenas para a saúde do corpo, mas também à saúde da mente. Dificuldade 
de concentração é um dos grandes sintomas de uma alimentação deficitária 
ou inadequada. 
Crianças mal alimentadas terão maior dificuldade na realização das 
atividades propostas. Já uma alimentação saudável faz com que o aluno 
adoeça menos, falte menos às aulas e ainda, tenha um melhor 
desempenho. 
(...) Os recursos do Pnae destinam-se ao atendimento das necessidades 
nutricionais do aluno durante sua permanência nas aulas, especialmente. 
Por isso, os nutrientes que afetam diretamente a capacidade de 
aprendizado do aluno são priorizados. 
 
Segundo Recine e Radaelli (2001, p. 15), 
 
A desnutrição pode apresentar caráter primário ou secundário, dependendo 
da causa que a promoveu. 
Causas primárias 
A pessoa come pouco ou “mal”. Ou seja, tem uma alimentação quantitativa 
ou qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes. 
Causas secundárias 
A ingestão de alimentos não é suficiente porque as necessidades 
energéticas aumentaram ou por qualquer outro fator não relacionado 
diretamente ao alimento. Exemplos: presença de verminoses, câncer, 
anorexia, alergia ou intolerância alimentares, digestão e absorção deficiente 
de nutrientes. 
(...) 
A desnutrição também pode ser causada por: 
Desmame precoce 
O desmame precoce pode causar desnutrição em crianças entre 0 e 2 anos 
de idade. De modo geral, o desmame no Brasil se dá em torno de duas 
semanas ou num período menor do que três meses de idade. A alimentação 
introduzida normalmente é insuficiente para satisfazer as necessidades dos 
lactentes entre famílias de baixo poder aquisitivo (...). 
Socioeconômicos 
Crianças provenientes de famílias de baixa renda apresentam um risco 
maior relacionado a deficiências alimentares. Além disso, condições 
sanitárias precárias contribuem para o aparecimento de infecções, 
parasitoses e da desnutrição. 
Culturais 
Fatores culturais influenciam muito o consumo de alimentos. Mitos, crenças 
e tabus podem interferir negativa ou positivamente nos aspectos 
nutricionais, sendo mais comuns os prejuízos que os benefícios. 
Renda e disponibilidade de alimentos 
 
 
 
29 
 
Quanto mais alta a renda, maior é o acesso a hortaliças, frutas e outros 
elementos variados. A dieta, é claro, tem melhor qualidade. Quanto menor 
a renda, maior o comprometimento tanto da qualidade quanto da 
quantidade de alimentos consumidos. 
 
De acordo com Cazarré (2017), 
 
Após uma trajetória de queda, que durou mais de uma década, a fome em 
todo mundo parece estar aumentando de novo, afetando atualmente 11% 
da população mundial, segundo o relatório [The State of Food Security and 
Nutrition in the World 2017 (o estado da segurança alimentar e nutrição no 
mundo)]. 
Enquanto em 2015 o número de pessoas subalimentadas no mundo era 777 
milhões, agora o problema alcançou 815 milhões de pessoas. 
 
Conforme Recine e Radaelli (2001, p. 19), 
 
A desnutrição leva a uma série de alterações na composição corporal e no 
funcionamento normal do organismo. Quanto mais grave for o caso, 
maiores e também mais graves serão as repercussões orgânicas. As 
principais alterações são: 
 Grande perda muscular e dos depósitos de gordura, provocando 
debilidade física. 
 Emagrecimento: peso inferior a 60% ou mais do peso ideal (adultos) ou 
do peso normal (crianças). 
 Desaceleração, interrupção ou até mesmo involução do crescimento. 
 Alterações psíquicas e psicológicas: a pessoa fica retraída, apática, 
triste. 
 Alterações de cabelo e de pele: o cabelo perde a cor (fica mais claro), a 
pele descasca e fica enrugada. 
 Alterações sanguíneas, provocando, dentre elas, a anemia. 
 Alterações ósseas, como a má formação. 
 Alterações no sistema nervoso: estímulos nervosos prejudicados, 
número de neurônios diminuídos, depressão, apatia. 
 Alterações nos demais órgãos e sistemas respiratório, imunológico, 
renal, cardíaco, hepático, intestinal etc. 
 
3.4 Impactos da obesidade no desenvolvimento do educando 
 
Em entrevista concedida pela Dra. Michelle, ela abordou como o desenvolvimento do 
educando pode ser impactado pela obesidade. Muitos são os casos de crianças que 
dormem em sala de aula e se alijam de atividades de campo como correr, escalar e 
saltar obstáculos ou somente brincar com o grupo. Essas crianças são em geral obesas 
ou pelo menos possuem sobrepeso, o que lhes impede a agilidade própria de sua faixa 
etária. Os hábitos alimentares advindos da cultura familiar influenciam diretamente 
 
 
 
30 
 
sobre esse quadro e, uma vez que começam a frequentar o ambiente escolar, 
requerem cuidados específicos para que percam peso e ganhem maior qualidade de 
vida e de saúde. A hora da refeição na escola, portanto, precisa ultrapassar a ideia de 
mera recreação para assumir o lugar de educação alimentar, momento privilegiado 
para a construção de hábitos saudáveis de alimentação. 
 
3.5 Prática pedagógica para uma alimentação saudável 
 
Houve um aumento dos casos de doenças que têm como uma das causas a má 
alimentação atrelado aos fatores como mudança do perfil alimentar da população. Por 
isso entende-se que a escola seja o lugar ideal para fomentar a alimentação saudável, 
pois é na infância e na adolescência que começam a se definir os hábitos alimentares. 
Nesse contexto, a atividade física e a alimentação são fatores indissociáveis para a 
qualidade de vida do educando. Afinal, a educação alimentar das crianças deixou de 
ser uma responsabilidade exclusiva da família, tornando-se um assunto de relevância 
no contexto escolar. 
A alimentação saudável é um tema interdisciplinar que se aplica a diferentes 
disciplinas, como Ciências, Educação Física, Matemática, entre outras, uma vez que 
trata de temas como atividade física, dieta e evolução dos níveis de obesidade 
(gráficos). Esses temas visam desenvolver elementos de uma vida saudável, pois é na 
escola que a criança pequena passa boa parte do seu dia, construindo seus hábitos 
físicos e alimentares. 
Atualmente, é muito comum nos depararmos com crianças e adolescentes em idade 
escolar, obesos e inativos, substituindo a prática de atividades físicas (como as 
brincadeiras em grupo que há pouco tempo realizávamos nas ruas, calçadas, quintais 
etc.) pela televisão, pelo computador e, mais fortemente,pelo celular. Por isso, 
praticar atividades físicas, no âmbito escolar, será de grande valia para que os 
educandos sigam sua vida adulta praticando atividades físicas e tendo consciência do 
seu valor para a saúde. 
A escola precisa, necessariamente, se constituir em um ambiente promotor de bons 
hábitos alimentares como evidenciado no documento da Organização Mundial da 
 
 
 
31 
 
Saúde (OMS) “Estratégia Global para Alimentação Saudável e Atividade Física” (BRASIL, 
2004, p.43). 
Questões como corporeidade e ludicidade precisam caminhar juntas ao trabalho para 
uma alimentação saudável, visto que os educandos terão maior interesse e 
disponibilidade para o aprendizado. Desse modo, jogos, campanhas nutricionais e 
tantas outras atividades podem constituir o currículo no que tange à alimentação 
saudável. 
Considerando que cabe à escola uma parcela importante na tarefa de educar para 
práticas alimentares saudáveis, cabe também ao profissional responsável pela 
merenda, junto ao nutricionista, integrar e mobilizar a comunidade escolar. Nesse 
caso, tais profissionais precisam estar aptos a desempenhar o papel de articuladores 
de ações educativas, reunindo os esforços de outros colaboradores como a direção, 
coordenação pedagógica e docentes para o desenvolvimento de projetos de educação 
permanente em alimentação e nutrição. 
Alves (2003 apud SANTOS, 2013) cita que “ser fisicamente ativo desde a infância 
possui muitos benefícios não só na área física, mas também nas esferas sócio e 
emocional, e pode levar a um melhor controle das doenças crônicas da vida adulta”. 
A escola precisa ser bastante criativa para competir com os meios de comunicação e 
com as novas tecnologias. Assim, construção de hortas, visitas a uma feira de 
orgânicos, gincanas e competições saudáveis, observação e debate sobre o que é 
consumido em casa e na escola, leitura orientada de rótulos, oficinas de culinária e de 
reaproveitamento de alimentos passam a ser incentivo para que meninos e meninas 
coloquem a mão na massa e aprendam fazendo. 
Segundo Voll Pilates Group (2017), “O excesso do consumo de alimentos ricos em 
sódio, corantes, açúcares e conservantes, aliados ao sedentarismo é o grande 
responsável por diversas doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, colesterol 
alto, entre outras” próprias do momento atual. Assim ao desenvolver atividades como 
as citadas acima é preciso observar se esses alimentos estão no roteiro de trabalho, 
por exemplo, nas oficinas de culinária. Caso isso ocorra, muito do trabalho realizado 
será em vão. 
http://blogeducacaofisica.com.br/controle-da-pressao-arterial/
 
 
 
32 
 
Os educadores envolvidos na alimentação escolar devem buscar o diálogo com valores 
culturais, sociais e afetivos que envolvem as práticas alimentares em diferentes 
contextos já que vivemos numa sociedade multicultural e, portanto, com grande 
diversidade de hábitos alimentares. 
Outra parte importante da alimentação é a hidratação. O consumo de água é essencial 
para o bom funcionamento do organismo. Incentivar as crianças e adolescentes a 
carregarem garrafinhas de água durante as aulas é tarefa importante dos educadores 
no processo de construção de parâmetros para uma vida saudável. A água traz 
diferentes benefícios: 
 
• Regula a temperatura do corpo durante as atividades físicas ou quando 
o clima está muito quente (...). 
• Desintoxicação – A ingestão frequente de água, nos estimula a ir mais 
ao banheiro, pelo aumento da diurese, ou seja, a água auxilia na 
limpeza do trato urinário fazendo com que haja a prevenção de 
infecções (...). 
• Absorção e transporte de nutrientes e glicose (...). 
• Perda de peso – Por meio da diminuição da retenção de líquidos, uma 
vez que o trabalho renal é estimulado (...). 
• (...) em ação conjunta com as fibras alimentares, o líquido participa da 
formação e hidratação do bolo fecal (EQUIPE MAMUT, 2018). 
 
Conclusão 
 
A desnutrição e o excesso de peso, entre outras doenças crônicas não transmissíveis, 
coexistem e muitas vezes nas mesmas comunidades. Esse fenômeno pode ser 
considerado um dos maiores desafios para as políticas públicas no momento e, por 
isso, exige atenção à saúde tendo como propósito a formação integral do indivíduo 
com uma abordagem centrada na promoção da saúde. Para tanto, é preciso entender 
que a obesidade é um fenômeno cultural que pode e deve ser corrigido com o trabalho 
conjunto entre família e escola. 
A desnutrição, contudo, é um fenômeno socioeconômico e político, marcado pela 
desigualdade evidente em nossa sociedade. Para esse problema, a escola também tem 
papel importante junto às políticas públicas de saúde e de alimentação escolar. 
A importância desse trabalho se confirma pelo impacto que tanto a obesidade como a 
desnutrição trazem para o corpo e para o desenvolvimento cognitivo das crianças e 
 
 
 
33 
 
adolescentes em idade escolar. Daí a necessidade de trabalhos conjuntos entre 
profissionais da saúde, da educação e famílias. 
 
Referências 
 
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Organização Mundial da Saúde Brasil, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/RP9MGH>. 
Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
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27 ago. 2018. 
 
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out. 2018. 
 
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2012. Disponível em: <https://goo.gl/4Tp62N>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
GUIMARÃES, Kelly. Brasil terá 11,3 milhões de crianças obesas em 2025, estima 
organização. BBC Brasil, São Paulo, 11 out. 2017. Disponível em: 
<https://goo.gl/AMFtS5>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
 
 
34 
 
 
MENDES, L. V. As consequências da desnutrição no desenvolvimento físico e mental 
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Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
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2017. Disponível em: <https://goo.gl/N3p3eK>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
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Disponível em: <https://goo.gl/cqQSr6>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
RECINE, Elisabetta; RADAELLI, Patrícia. Obesidade e desnutrição. Brasília: NUT/FS/UnB 
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SAWAYA, Ana Lydia. Desnutrição: consequências em longo prazo e efeitos da 
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<https://goo.gl/12zUdh>. Acesso em: 10 out. 2018. 
 
VOLL PILATES GROUP. Qualidade de vida: atividade física aliada à alimentação. Blog de 
Educação Física, 19 maio 2017. Disponível em: <https://goo.gl/RxXtBN>. Acesso em: 10 
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WEINBERG, M.; BUSTAMANTE, L.; SAMPAIO, J. Alerta vermelho. VEJA, São Paulo, 
edição 2.592, n. 30, 25 jul. 2018. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/revista-
veja/alerta-vermelho/>. Acesso em: 27 ago. 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
 
 
BLOCO 4. EDUCAÇÃO PROMOTORA DE SAÚDE 
 
Durante muito tempo na história da educação brasileira acreditou-se que o insucesso 
de muitas crianças e adolescentes se dava pela falta de higiene e de saúde e também 
por distúrbios do desenvolvimento que sempre seguiam justificados por problemas 
orgânicos e biológicos. As questões ambientais e de convívio social e familiar e as de 
acesso à alimentação e nutrição adequadas não eram consideradas. 
Nesse processo, a escola não se corresponsabilizava pelos insucessos dos educandos, 
já que também não eram oferecidas a todos as oportunidades de aprendizagem e de 
construção de conhecimento visando a uma educação de qualidade. 
Atualmente, a escola tem como uma de suas incumbências ser PROMOTORA DE 
SAÚDE, relacionando saúde aos aspectos globais ligados à qualidade de vida, incluindo 
cidadania, numa relação entre meio, sociedade e cultura na garantia do acesso aos 
direitos básicos para a justiça social, entre os quais está a educação. 
 
4.1 Alimentação e sociabilidade do educando 
 
Nesta aula, falaremos sobre sociabilidade. Qual a ligação das relações sociais com a 
comida? 
Você se lembra, na sua infância, do momento do lanche? Do lazer no período da 
merenda em sua escola? Das conversas, risadas? Isso tudo fez parte do seu 
desenvolvimento social. 
Quando pensamos em alimentação, a princípio, podemos entendê-la como um ato 
mecânico para suprir necessidades orgânicas. Porém, vemos que a sociedade tem 
outro vínculo com a alimentação. 
Pense em um almoço em família ou um jantar para alguma determinada 
comemoração. Em todas essas ocasiões podemos perceber que o foco principal não 
está em alimentar-se, mas sim na união e socialização das pessoas. 
 
 
 
37 
 
Assim, levamos essa afetividade para nossa cultura. Partilhamos a comida, estreitamos 
os vínculos e também expressamos nossa identidade cultural. A identidade cultural de 
um grupo social é a representação do processo histórico, fruto dos elementos de sua 
tradição e seus costumes. 
E a escola? Qual o papel da escola nesse processo de sociabilizar o aluno? 
Sociabilizar significa tornar sociável, pertencente ao grupo, aceitando seus costumes, 
hábitos e características. E é no ambiente escolar que proporcionamos a união e 
envolvimento da diversidade cultural de seus componentes em todos os aspectos que 
circundam a educação. E assim como em sociedade, na escola o aluno também possui 
afetividade com a hora da alimentação. 
Chegamos ao ponto mais importante da nossa aula: o aluno tem um envolvimento 
afetivo com a merenda. Sendo assim, a hora da alimentação pode proporcionar 
momentos para aprofundamento das relações sociais, trocas culturais. 
Cabe à escola apresentar e contribuir para a aquisição de novos conhecimentos e 
formação de novos hábitos sociais, culturais e alimentares também. 
Agora você deve estar se perguntando: mas enfim, na prática, como trabalhar a 
sociabilização dos alunos a partir da alimentação escolar e ainda abordar um assunto 
tão importante nos dias de hoje, a alimentação saudável? 
 
Vídeo 
Que tal conhecer um projeto feito com crianças de uma escola de Educação Infantil 
em Alagoas? 
É o que mostra o vídeo “Alunos de Campo Alegre participam de projeto sobre 
alimentação Escolar” 
https://www.youtube.com/watch?v=iYsvczRPM74 
De forma simples e extremamente significativa essa escola trabalhou alimentação 
saudável, questões culturais e sociais e os alunos se envolveram no projeto de 
forma colaborativa. 
E como disse a coordenadora do projeto, os alunos, após passarem por essa 
experiência, podem socializar seu aprendizado, levando para suas famílias os 
costumes adquiridos na escola. 
https://www.youtube.com/watch?v=iYsvczRPM74
 
 
 
38

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