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PSICOPEDAGOGIA_ABORDAGEM_BIOLOGICISTA_DA_APRENDIZAGEM

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES 
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE 
CURSO DE PSICOPEDAGOGIA 
 
 
 
 
 
 
SHEILA DAMIÃO LEAL 
 
 
 
 
 
FRACASSO ESCOLAR E AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2009 
 
 
 
 
 
1
FRACASSO ESCOLAR E AVALIAÇÃO 
 
 
 
SHEILA DAMIÃO LEAL 
 
 
 
 
 
 
 
Projeto de monografia apresentada à 
Universidade Cândido Mendes, como 
requisito parcial para obtenção de grau 
de especialista em Psicopedagogia. 
 
 
 
 
 
Orientador: Flávia Cavalcanti 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2009 
 
 
 
 
2
FRACASSO ESCOLAR E AVALIAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
SHEILA DAMIÃO LEAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à 
Universidade Cândido Mendes, 
como requisito parcial para 
obtenção de grau de Especialista 
em Psicopedagogia. 
 
 
 
 
 
 
Aprovada em ________de_________________de 2009. 
 
 
 
______________________________________________ 
Avaliador: Prof. 
 
 
 
 
 
RIO DE JANEIRO 
2009 
 
 
 
 
 
 
3
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, por estar 
sempre me abençoando na caminhada por está vida. 
Depois, a uma pessoa muito especial : minha mãe, 
pela coragem e força que me proporciona. Enfim, a 
todos que indiretamente participaram desta 
caminhada : pai, irmãos, cunhadas, sobrinho e 
amigos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 Uma noite eu tive um sonho. Sonhei que estava 
andando na praia com o Senhor e, através do Céu, 
passavam cenas na minha vida. Para cada cena que 
passava, percebi que eram deixados dois pares de 
pegadas na areia : uma era o meu e o outro era do 
Senhor. Quando a última cena da minha vida passou 
diante de nós, olhei para trás para as pegadas na 
areia e notei que muitas vezes no caminho de minha 
vida havia apenas um par de pegadas na areia. Notei 
também, que isso aconteceu nos momentos mais 
difíceis e angustiosos do meu viver. Isso aborreceu-
me e então perguntei ao Senhor : “ Senhor, Tu me 
disseste que uma vez que eu resolvi Te seguir, Tu 
andarias sempre comigo, mas notei que durante as 
maiores atribulações do meu viver havia na areia dos 
caminhos da vida apenas um par de pegadas. Não 
compreendo porque nas horas que eu mais 
necessitava de Ti, Tu me deixastes.” O Senhor me 
respondeu : “ Meu precioso filho, Eu te Amo e jamais 
te deixarei nas horas do teu sofrimento. Quando viste 
na areia apenas um par de pegadas, foi justamente ai 
que Eu te carreguei nos braços. 
 Tu sabes o quanto tevês que me carregar nesta 
caminhada. Obrigado, Senhor por mais está Vitória. E 
também, pelo carinho, dedicação e profissionalismo 
da professora Flávia Cavalcanti. 
 
 
 
 
 
 
5
RESUMO 
 
 
 O fracasso escolar é hoje um grande problema para o sistema 
educacional. Muitas vezes, para se livrar da responsabilidade deste 
fracasso busca-se um “culpado”, ou seja, geralmente patologiza o 
aprendente . Este trabalho tem como objetivo questionar esta atitude e 
ampliar este foco. Assim, propõe discutir o fracasso escolar a partir de 
outras variáveis: como a prática avaliativa, que também influencia no 
processo de aprendizagem. A partir de tal prática refletirei a respeito do 
papel do psicopedagogo com relação ao fracasso escolar, como tal 
profissional poderá intervir nesta situação para revertermos tal quadro. 
 
Palavras-chave: Fracasso escolar, avaliação e intervenção 
psicopedagógica . 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6
METODOLOGIA 
 
 
Para alcançar aos objetivos que propõe este trabalho acadêmico, 
foram utilizados diversos autores significativos para tal estudo. Tendo como 
referencia estudos bibliográficos , procurei sintetizá-los de maneira clara e 
objetiva para o aperfeiçoamento da obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO__________________________________________________8 
 
CAPITULO I : FRACASSO NA APRENDIZAGEM_____________________11 
 
CAPITULO II : AVALIAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR_________________23 
 
 2.1 – PRÁTICAS AVALIATIVAS______________________________25 
 2.2 – O PAPEL DO PROFESSOR NA AVALIAÇÃO______________28 
 
CAPITULO III: O PSICOPEDAGOGO FACE AO FRACASSO ESCOLAR__31 
 
3.1 – APRENDIZAGEM E FRACASSO ESCOLAR_______________31 
3.2 – A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGOGICA__________________32 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________________________________36 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ________________________________38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8
INTRODUÇÃO 
 
Muitos autores e pesquisadores têm contribuído com estudos sobre o fracasso escolar nos últimos anos. Nem 
sempre a escola consegue atingir plenamente seus objetivos, deparando com situações em que os alunos não 
cumprem com o mínimo esperado. Quais as possíveis razões para o baixo rendimento escolar? Onde está o erro : 
na carência cultural do aluno, nos problemas concernente ao fator biológico e ou psicológico, ou no sistema 
escolar como um todo? 
 
O índice de repetência e baixo rendimento escolar são preocupantes. É 
necessário destacar as possíveis causas responsáveis pelo problema, 
apresentando alternativas para mudanças de posicionamento do professor e 
de outros profissionais da educação. 
 
Diante das questões levantadas acima, discutirei o cotidiano da escola 
com suas práticas educativas, que mais tem sido fator de exclusão do que o 
momento de estudo, bem como, o trabalho do Psicopedagogo neste processo. 
 
Assim as causas do fracasso escolar e a forma que a escola está 
organizada, seu compromisso ético e social é o objetivo maior deste trabalho. 
 
A escolha por este tema surgiu devido ao momento atual de reflexão e 
questionamentos em relação à educação, até porque como profissional da 
Educação senti a necessidade de discutir tal tema, tentando assim buscar 
alternativas para minimizar este problema. Identificando as possibilidades para 
reverter tal quadro do fracasso escolar e apresentar possíveis soluções para os 
problemas encontrados em cada situação. 
 
É importante ressaltar que a literatura voltada nas questões que 
tangem o fracasso escolar não apresentam soluções plausíveis para sanar tais 
dificuldades de aprendizagem. 
 
A trajetória histórica que envolve o fracasso escolar, sempre nos 
apresentou que as causas dos problemas de aprendizagem escolar 
encontrava-se na criança. Isto porque, ela era portadora de atraso no 
 
 
 
 
9
desenvolvimento cognitivo e emocional. Segundo estudos realizados em 
diferentes épocas, tiveram por premissa rotular esses indivíduos como sendo 
os maiores responsáveis pelo fracasso escolar. Contudo, ao longo deste 
trabalho tentarei desmistificar os mitos que cercam esta temática. 
 
As explicações contraditórias e mal compreendidas que envolvem o 
fracasso escolar, acabam por perpetuar tais afirmações. E é neste momento 
que o professor precisa questionar sobre tais informações, refletindo sobre as 
verdadeiras causas que envolvem o fracasso escolar. Nesta perspectiva, 
destacarei dois pólos que se evidenciam nesse processo: o fracasso escolar, 
pólo negativo e seu reverso: a aprendizagem -, ambos objetos centrais desse 
processo. A aprendizagem e a não-aprendizagem estão sendo tratadas como 
algo individual, muitas vezes inerente ao aluno em particular, quando na 
verdade a grande maioria das dificuldades de aprendizagem perpassam o 
sistema no qual o aluno esta inserido. Seja no patamar do micro-espaço, 
aquele no qual o aluno esta presente todos os dias – determinada escola ou 
sala de aula-, ou em um patamar mais amplo – o sistema em si (municipal, 
estadual ou federal), as políticas públicas implementadas para esse ou aquele 
segmento ou ainda, a situação do próprio estado ou país. 
 
Portanto, cabe destacar que a maneira pela qual concebemoso 
significado do fracasso escolar está intimamente ligado à concepção de escola 
e de vida de quem se propõe a analisar e entender o problema. Nos últimos 
anos a escola brasileira tem sido responsável por produzir o fracasso escolar, 
já que o sucesso, as pesquisas e avaliações tem demonstrado com grande 
veemência, que não é para todos. Ignora-se que a Educação tem que ser 
pensada privilegiando o universo do aluno, seja como função da realidade 
socioeconômica e cultural em que está inserido, ou nas relações e nas 
condições que a escola oferece aos educandos em processo de apropriação 
do conhecimento. 
 
Dessa forma, compreendo que a escola funciona como um instrumento 
que motiva o educando na relação social e, a sua relação com o próprio meio 
 
 
 
 
10
e como individuo social deve sempre ser levada em consideração no processo 
de aprendizagem. Pois, o saber advém dessa relação, sendo assim, um ser 
coagido, limitado, ignorado jamais poderá contribuir para o crescimento 
coletivo. A da inteligência humana deve ser embasada na cooperação mútua, 
criando e possibilitando condições plenas para o desenvolvimento de um 
individuo critico e atuante. 
 
Sendo assim, podemos dizer que é importante compreender o processo 
de construção e, o tipo de implicações envolvidas no processo de ensino-
aprendizagem, não deixamos de ressaltar que esse processo não é imediato, 
mas ele advém da complexidade da sociedade, da condição do sujeito e de 
sua interação com a realidade vivida. 
 
O tema em questão será desenvolvido em três momentos distintos. O 
primeiro capítulo concentra-se nas abordagens de autores em relação ao 
fracasso escolar; no segundo capítulo é apresentado a forma como a escola 
está organizada, bem como os sistemas de avaliações que são adotados nas 
escolas brasileiras e no terceiro capítulo é citado a importância e as 
contribuições do Psicopedagogo na intervenção do fracasso escolar. Partindo 
do exposto acima, farei uma análise crítica sobre o assunto mencionado, 
utilizarei para isso alguns teóricos que discutem esse assunto. Afim, de 
embasar tal trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11
CAPÍTULO I – FRACASSO NA APRENDIZAGEM 
 
Como fenômeno histórico, o fracasso escolar nem sempre existiu, 
devido ao fato da maioria da população brasileira não ter conseguido acesso à 
escola no passado, quando esta ainda atendia à elite. Com o movimento da 
educação para todos, no início do século XX, a população menos favorecida 
passou a freqüentar o ambiente escolar, a qual não se adaptou a realidade da 
nova clientela. 
 
As idéias atualmente existentes no Brasil a respeito das dificuldades de 
aprendizagem escolar, advém da necessidade do país em modernizar-se e 
isso só poderá acontecer se houver um investimento maciço na área 
educacional. Portanto, a trajetória histórica do fracasso escolar na realidade 
brasileira pode ser identificada a partir de alguns pontos básicos : explicações 
para o fracasso escolar baseadas na teoria do déficit e da diferença cultural; 
explicações adivindas das crises do sistema social, que estariam sendo 
reproduzidas no sistema escolar; o momento do fracasso analisado à luz do 
próprio sistema educacional que é gerador de obstáculos à realização de seus 
objetivos e o fracasso escolar como depositário das dificuldades dos 
protagonistas que atuam no processo educacional. 
 
Diante desses aspectos levantados e que serão discutidos 
posteriormente, vale ressaltar primeiramente sobre as raízes históricas das 
concepções sobre o fracasso escolar que já nos séculos XIX e XX na Europa e 
nos E.U.A foram objetos de estudos e reflexões que desafiariam estudiosos e 
especialistas. 
 
Os primeiros especialistas a se ocuparem de caso de dificuldades de 
aprendizagem foram os médicos. O final do século XVIII e o início do século 
XIX foram de grande desenvolvimento nas ciências médicas e biológicas, 
especialmente na psiquiatria. Com os estudos da neurologia, da neurofilosofia 
e da neuropsiquiatria, os distúrbios de aprendizagem tinham um tratamento 
 
 
 
 
12
diferenciado, sendo os portadores de tais distúrbios designados como 
anormais escolares. 
 
A corrente psicopedagógica para explicar a questão do fracasso escolar 
tem, no campo psicométrico, o embrião dessa abordagem. Inicialmente, com 
os trabalhos de Binnet, em 1985, autor da primeira escala métrica da 
inteligência para crianças; posteriormente, com os trabalhos de Claparéde – 
que influenciaram uma geração de psicólogos e pedagogos nessa questão da 
mediação da inteligência. 
 
Claparéde refere-se ao termo aptidões como sendo uma disposição 
natural do indivíduo, disposição esta que teria que levar em conta a educação, 
o nível de fadigamento, o exercício e o estado afetivo. 
 
Com o desenvolvimento dos testes os indivíduos puderam ser 
classificados como mais aptos e menos aptos, independentemente das 
influências ambientais, inclusive a de natureza sócio-econômica. A crença na 
oportunidade iguais era viabilizar através de dois recursos : o uso de 
instrumentos mediação das verdadeiras disposições naturais e o 
aprimoramento no sistema escolar. 
 
Todas as participações de psicólogos e pedagogos, em especial nas 
primeiras décadas do século XX, influenciaram a abordagem da análise das 
dificuldades de aprendizagem sob a luz do conhecimento das aptidões dos 
indivíduos. Os testes psicológicos nas escolas fazerem parte da vida cotidiana 
nos países capitalistas centrais. Dois pontos são importantes neste momento : 
a psicometria e a pedagogia nova, que estava sendo introduzida, 
principalmente nos meios educacionais da Europa e da América do Norte. Os 
testes de QI adquiriram um grande peso nas decisões dos educadores a 
respeito do destino escolar dos alunos que tiveram acesso à escola. 
 
Outro ponto que convém ressaltar é a influência das teorias 
psicanalísticas nas concepções sobre as causas das dificuldades de 
 
 
 
 
13
aprendizagem. Inicialmente tida como “anormal escolar”, a criança que 
apresentava problemas de ajustamento ou de aprendizagem escolar passou a 
ser vista como “criança problema”. Se antes as dificuldades eram identificadas 
por instrumentos da medicina e da psicologia, que falavam em anormalidades 
genéticas e orgânicas, o são por instrumentos da psicologia clínica de 
inspiração psicanalística, que buscam no ambiente sócio-familiar as causas 
dos desajustes infantis. As causas do fracasso vão desde as físicas até as 
emocionais e de personalidade, passando pelas intelectuais. 
 
No estudo da fundamentação sobre o fracasso escolar cabe uma 
palavra a respeito das questões de hereditariedade. Se na literatura 
psicológica predeterminista do desenvolvimento humano foi substituída por 
uma concepção interacionista, por outro lado a introdução de novas 
concepções, vindas da psicologia e da antropologia a respeito da influência 
ambiental e da teoria psicanalista no pensamento educacional, criou outras 
expressões simplificadoras que levaram pais e educadores a uma atitude 
também fatalistas frente a supostas causas físicas e psicológicas do fracasso 
escolar. 
 
Pude observar que essas concepções tiveram um peso significativo na 
análise do fracasso escolar. Convém lembrar que essas idéias foram 
estudadas e analisadas por estudiosos brasileiros principalmente nas primeiras 
décadas do século XX, mas precisamente na década de setenta, quando 
houve um investimento maior no campo educacional, pois como já foi citado 
mais acima, o país precisava de pessoas capacitadas para competir no 
mercado mundial, bem como foi nesta década que médicos e psicológos 
introduziram em nosso país a abordagem psiconeurológica ao 
desenvolvimento humano, trazendo com ela noções de disfunção cerebral 
mínima e de dislexia, objetos privilegiados pela atenção dos médicos, 
psicólogos e fonodiólogos. Inicialmente destinadoa atender alunos de melhor 
nível sócioeconômico, toda “uma equipe” de apoio analisava as dificuldades de 
aprendizagem que poderiam gerar fracasso escolar e procurava suprir as 
deficiências apresentadas. 
 
 
 
 
14
 
A partir dessas pesquisas várias foram as abordagens que 
historicamente tentam explicar o fenômeno do fracasso escolar em nosso 
país. Eis algumas delas : 
 
Ø Abordagem psicologicista - Explica o fracasso escolar pela existência 
de diferenças individuais na capacidade de aprendizagem das crianças : 
as crianças que não aprendem são consideradas como portadoras de 
distúrbios mentais, sensórias ou neurológicos, que originam 
dificuldades lingüistica, motora ou afetivas. 
 
Ø Abordagem biologicista- Essa abordagem tem como pressuposto as 
disfunções biológicas e a desnutrição como responsáveis pela não 
aprendizagem dos alunos. 
 
As duas abordagens citadas apresentam que as dificuldades estão no 
aluno, que por algumas característica individual (orgânica ou psicológica) 
não consegue aprender ou se adaptar. Essas abordagens interpretadas 
unilateralmente, dão origem a idéias equivocadas sobre homogeneidade 
na aprendizagem, testagens, categorização, classificação dos alunos, 
encaminhamento e exclusões diversas. 
 
Ø Abordagem culturalista – Essa abordagem supõe as crianças com 
dificuldades como produto de um ambiente cultural desfavorecido, pobre 
em estímulos e vivências. Parte da constatação de que a maior parte 
das crianças que fracassam são oriundas da classe popular. Essa 
abordagem dá origem a estudos valorativos e comparativos, segundo os 
quais há uma cultura dominante (universal) e culturas inferiores (cultura 
popular). Traz a idéia de educação compensatória pela “carência 
cultural”. Torna possível, a crença de que as crianças de meios 
desfavorecidos têm dificuldades de aprender. 
 
 
 
 
 
15
Ø Abordagem antropológica – Essa abordagem entende o fracasso não 
como um produto da família ou da escola isoladamente, mas de fatores 
externos que atingem a ambos. Analisa as relações de classes social 
que processos internos da família e da escola e as relações entre esses 
grupos sociais. Analisa o micro em suas relações com o macro (social). 
Permite, dessa forma, tecer uma rede de significados para o fracasso 
escolar. 
 
A partir dessas diferentes abordagens sobre o tema, pude perceber o 
quanto ele é complexo e concluir que sua análise não pode ser reducionista. 
Identificar as caraterísticas individuais, psicológicas ou biológicas que 
interferem no rendimento escolar é importante, mas, não para justificar o 
fracasso ou excluir o aluno do processo, e sim, para contribuir com a escola 
e a família no sentido de superação. Obviamente, existem patologias de 
aprendizagem, mas pelos índices do fracasso que ainda temos no Brasil, seria 
incoerente acreditarmos que todas as crianças por ele atingidas são 
portadoras de tais patologias. Outro risco que corremos é o de pensar que uma 
criança de classe popular, somente pela sua origem, está predestinada ao 
fracasso na escola ou de ficarmos apenas na análise ideológica do problema, 
sem considerarmos a individualidade e singularidade de cada sujeito no 
processo de construção de sua aprendizagem. 
 
A realidade do cotidiano da escola e suas relações com o processo de 
ensino-aprendizagem e muito complexa combater o fracasso escolar tem 
sido uma preocupação constante na educação. Mas a realidade existe e 
conforme Perrenoud : 
“... temos que enfrentar a complexidade dos processos 
mentais e sociais, a ambivalência ou a incoerência dos 
atores a das instituições, as flutuações da vontade 
política, a renovação dos currículos e das didáticas, as 
rupturas teóricas e ideológicas ao longo das décadas.” 
(PERRENOUD,2001, p.15) 
 
 
 
 
 
16
É muito importante discutir que tipo de escola o Brasil precisa e qual o 
aluno que se encontra nesta escola antes de editarem o seu currículo. Isso 
permitirá que uma escola, de conteúdos novos e de qualidade adequados a 
sua clientela seja construída para que as camadas populares permaneçam 
dentro dela e não excluídas e reprovadas como até agora vem acontecendo. 
 
 O estudo das questões que permeiam o fracasso escolar nos leva a 
crer que, se uma criança fracassa na aprendizagem escolar, não se deve ao 
fato dela ser deficiente ou possuir deficiências em seu contexto sócio-famíliar, 
mas é um fracasso da própria escola, por sua incapacidade de avaliar sua 
própria estrutura e pelo desconhecimento dos processos pelos quais as tem 
revelado incompetentes no aproveitamento das qualidades dos alunos, no 
processo de transmitir os conhecimentos formais as que se propõe. 
 
“ As dificuldades para superar o fracasso estão mais no 
campo social do que no campo pessoal, embora, 
sempre, recaia sobre o indivíduo a responsabilidade 
maior desta recuperação.”( GRINSPUN, 2002,p.69) 
 
Para a aquisição da competência, torna-se urgente que a escola, a partir de uma ampla reflexão de sua prática 
pedagógica e função social, tenha clareza dos fatores que determinam as causas do fracasso escolar e supere os 
mitos que há tanto tempo marcaram a realidade. 
 
Nessa perspectiva, a escola não pode ser um lugar de reproduções das 
desigualdades sociais a serviço de classes privilegiadas da sociedade. Deve 
ser um espaço que favoreça a construção de uma nova sociedade, dando a 
seus usuários condições de analisar está sociedade, identificar suas 
contradições e apontar alternativas de superação das mesmas. 
 
Considerando as condições históricas e culturais de nossa sociedade, é 
fundamental lutar pela efetiva democratização do saber, promovendo a 
igualdade real de oportunidade para todos, com vistas a diminuir a 
desigualdades entre classes. 
 
 
 
 
 
17
Para que possamos continuar buscando a escola desejada, precisamos 
definir alguns caminhos. Durante muitos anos, as pesquisas sobre fracasso 
escolar se preocupavam em descobrir suas causas ou verificar o que “faltava” 
nas crianças que “fracassavam”. Considero aqui alguns autores que vêm 
produzindo um movimento diferente que priorizam a investigação dos 
processos que produzem as experiências de fracasso e sucesso escolar e 
das relações que os alunos mantém como a escola e o saber. 
 
Charlot (2000), aborda o fracasso escolar a partir da perspectiva da 
relação com o saber e com a escola. Devemos segundo o autor, compreender 
a realidade social a partir dos processos que a constróem. A globalização nos 
empurra para uma sociedade de informações, e a informação, por si só, não é 
saber. Torna-se saber apenas quando trata do sentido do mundo, da vida, das 
relações com o mundo e do ser humano consigo mesmo. 
 
 “ É preciso tentar entender com histórias singulares se 
desenvolvem no interior de espaços sociais que são as 
mesmas para todos, e continuam sendo histórias 
individuais, singulares.”( CHARLOT,1996,p.9) 
 
A escola deve ter sentido para a vida do aluno, pois a criança que vai à 
escola vive também fora dela, tem práticas, conhecimentos construídos nas 
relações com a comunidade. Se não encontra sentido na escola, não pode 
aprender . 
 
“ Há uma diferença extremamente importante entre 
aquelas crianças para quem a verdadeira vida está fora 
da escola, e aqueles que tiveram acesso a outro universo 
na escola, um universo que produz sentido, dá prazer, e 
que é para elas a verdadeira vida, em relação ao saber.” 
( CHARLOT, 1996, p.12) 
 
Tais idéias me leva a pensar a questão das diferenças e no desafio que 
é para a escola trabalhar com a diversidade. Somos seres humanos 
originais, pertencentes a uma cultura, e temos o direito de ser respeitados 
 
 
 
 
18
na nossa sociedade singularidade. A escola deve conhecer as diferenças 
culturais, acolhê-las e respeitá-las, exercendo o duplo papel de não 
esquecer a realidade da comunidade, estabelecendorelações com ela, e, 
ao mesmo tempo, permitir um espaço para o distanciamento necessário 
para que a criança perceba que pode viver de outras maneiras. O direito a 
diferença cultural é emancipatório na medida em que se afirma, e ao 
mesmo tempo, a identidade de todos os seres humanos e o direito de cada 
um deles de ser sujeito singular. 
Cada ser humano tem o direito de ter raízes e construir sua 
subjetividade de acordo com elas. Se na escola isso não for respeitado , existe 
um risco maior de fracasso escolar, pois os alunos terão de viver na 
contradição, no “sem sentido”. 
 
“Não podemos subestimar o choque cotidiano das 
culturas. Ele influencia o fracasso escolar : as rejeições, 
as rupturas na comunicação, os conflitos de valores e as 
diferenças de costumes contam tanto quanto o eventual 
elitismo dos conteúdos.” (PERRENOUD, 2001, p.57) 
 
Em lugar de perceber que existem diferentes culturas, imaginamos que 
existe apenas uma cultura, a dominante, com a idéia equivocada de que 
cultura é algo que podemos ter ou não ter. Desta forma, as diferenças 
culturais se tornam um obstáculo para crianças oriundas da classe popular 
e acarretam maior possibilidade de fracasso escolar para elas. 
No sentido de romper com esses conceitos, (Bernard) Lahire (1997) 
realizou uma pesquisa enfatizando o sucesso escolar emergentes nas 
classes populares. Preocupou - se em analisar as diferenças “secundárias” 
entre famílias populares, com renda e escolaridade aproximadas, 
 
 
 
 
19
observando crianças com desempenhos e comportamentos escolares 
diversos dentro de famílias com realidade sócio-culturais semelhantes. 
 
“Se a família e a escola podem ser consideradas como 
redes de interdependências estruturadas por formas de 
relações sociais específicas, então o “fracasso” ou o 
“sucesso” escolares podem ser apreendidos como o 
resultado de uma maior ou menor contradição, do grau 
mais ou menos elevado de dissonância ou de 
consonância das formas de relações sociais de uma 
rede de interdependência a outra.”( LAHIRE, 1997, p.19) 
 
 Lahire afirma que, embora exista tendência de apresentar as classes 
populares como homogêneas, suas pesquisas explicitam a diversidade das 
relações que tais classes podem ter com a aprendizagem escolar, e que as 
situações de sucesso escolar “estão longe de ser improváveis em meios 
populares.” (LAHIRE,1997,p.51) 
Sendo assim, pude pensar que nem todas as crianças da escola 
pertencentes à classe popular, encontram-se em situação de fracasso. 
Devemos então, nos perguntar o que é fracasso e o que é sucesso para a 
escola, para os alunos a para a comunidade onde estão inseridos ? Como 
as crianças se relacionam com o saber e com a escola ? Que relações 
existem entre a vida da escola e vida da comunidade. 
A partir de tais indagações, é possível pensarmos a educação para 
além da escola oportunizando o rompimento de algumas práticas, buscando 
a lógica da permanência, da aprendizagem, do diálogo, da participação, da 
inclusão. 
 
 
 
 
20
 
“Estabelecem-se canais, até então inusitados, da 
comunidade para a escola e da escola para comunidade, 
que buscam reeducar, tanto uma quanto a outra. Tais 
processos não são lineares – sobretudo pela dificuldade 
em demover idéias naturalizadas do fracasso escolar e 
constituem “espaços e construção.” ( MOLL,2000, p.162) 
 
Já afirmei nesse trabalho a necessidade de ampliar nosso olhar sobre 
o fenômeno do fracasso escolar, tão complexo. Nesta perspectiva é que se 
estabelece a relação entre o combate ao fracasso escolar, trata-se de olhar 
para as questões da aprendizagem ou da educação para além dos muros 
da escola. 
 
“ A escola que pode enfrentar o fracasso escolar 
prevenindo-o é uma escola voltada para diversidade, 
voltada para o respeito ao particular de cada um, voltada 
a igualdade entre os diferentes : é uma escola cuja 
participação da comunidade é completamente 
indispensável, onde pais questionam e repensam sua 
função educacional junto aos professores : é uma escola 
que abandona seus isolamentos isolamento da 
comunidade e transforma-se em uma comunidade de 
aprendizagem, envolvendo a todos : pais, alunos e 
professores, transformando as relações entre os 
diferentes atores do fazer educativo; é uma escola que 
caminha na busca de uma ruptura paradigmática que 
substitua os valores de competição e utilitarismo por 
valores de solidariedade e igualdade.” ( DORNELLES, 
2000, p.28) 
 
Devido aos fatores anteriormente apresentados, percebe-se que a 
grande maioria dos professores tem uma formação precária, conduzindo-o a 
não preocupar-se em ver seu conhecimento como um fator principal de 
transformação social. O conhecimento para ele, tem um valor em si mesmo. É 
uma mera repetição. É responsabilidade de todos nós professores que 
 
 
 
 
21
devemos mudar a postura com relação ao trabalho realizado com os alunos e 
sociedade, precisamos definir o que esperamos realmente da escola. Não 
resta dúvidas de quem se vê excluído da escola, ou quem tem acesso a ela 
fica à margem dos conhecimentos e competências que ela promete, serão os 
marginalizados do próximo século. 
 
Sabemos de modo geral que a escola é o lugar onde o aluno tem a 
oportunidade de desenvolver-se culturalmente. O preenchimento de todos os 
quesitos de uma escola bem equipada, sem a presença de professores 
devidamente capacitados, não trará a mínima possibilidade de transformação e 
avanço nesses alunos. 
 
Entretanto, a mera constatação dos fatos não é o bastante para a 
reversão desse quadro, onde professores e alunos compartilham de uma 
frustração mútua na qual se materializa uma ideologia de incompetência. 
 
Porém em se tratando de dados estatísticos, percebe-se que o Brasil 
nas questões de fracasso escolar revela um aumento considerável do número 
de matrículas. Através do senso escolar, que é uma pesquisa de alcance 
nacional da qual participam todos os estabelecimentos de ensino público e 
privado é feito através do preenchimento de questionários padronizados, 
fixados pelo decreto n.º 73.177 de 20 d novembro de 1973. O objetivo desse 
censo é produzir os dados e informações educacionais de forma ágil e 
fidedigna, retratando a realidade educacional, sendo instrumentos de 
avaliação, planejamento e auxílio ao processo decisório para estabelecimento 
de políticas voltadas para a reformulação do quadro educacional brasileiro. Os 
dados estatísticos revelam que houve aumento do número de matrículas 
considerável no Ensino Fundamental, porém, no Ensino Médio e na Educação 
Superior, houve uma estagnação. 
 
Contudo, não existem dados específicos nas questões que tangem os 
alunos que fracassam. Constatando apenas os Estados que obtiveram êxito 
e/ou fracasso na Educação. 
 
 
 
 
22
 
Os desafios do futuro, portanto, são claras : melhorar a qualidade do 
ensino para todas as faixas etárias, e aumentar o acesso tanto de criança com 
menos de 5 anos a Educação Infantil, quanto de adolescentes e jovens ao 
Ensino Fundamental e Médio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23
CAPÍTULO II – AVALIAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR 
AVALIAÇÃO 
 
 
 Análise sobre a instituição escolar, nos permite refletir a cerca de 
inúmeros aspectos, tais como : : a prática educativa, o compromisso social e 
éticos dos professores, a formação profissional, a estrutura e os componentes 
do processo de ensino, nos métodos e os meios de ensino, a relação 
professor-aluno, enfim, diversas são as situações que podem levar o aluno ao 
fracasso. Contudo, o número de alunos que vão sendo reprovados e que 
abondanam a escola é assustador. 
 
Segundo Perrenoud, ( 1991, p.11) “os alunos são comparados e depois 
classificados em virtudes de uma norma de excelência definida no absoluto ou 
encarnada pelo professor e pelos melhores alunos.”. Certamente é possível 
observarinúmeros problemas que afloram durante a prática docente quando 
tema é avaliação. 
 
Avaliar é necessário em todas as atividades humanas e, em se tratando 
da questão educacional, mostra-se essencial, permanente e contínua, assim 
como preza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º 9394/96 
e de forma sociocultural no imaginário coletivo dos educadores : o agir em 
função dos desejos. 
 
Para Luckesi ( 1998), a avaliação é uma apropriação qualitativa sobre os 
dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o 
professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. De fato deve-se considerar a 
idéia de avaliação como inerente ao próprio ato de aprender. 
 
A partir do autor é possível observar as diferenças de prática avaliativa 
realizados em sala de aula : a classificação do aluno após a medida do 
 
 
 
 
24
quantitativo do que o aluno aprendeu e o ato dinâmico, aberto que oportuniza o 
aluno a vencer as etapas da aprendizagem. 
 
Em relação a primeira, numa visão mecanicista, o professor com toda a 
sua autoridade, é o único dono do saber na sala de aula quando faz uso dessa 
avaliação. Apesar de ser a escola o lugar onde se aprendeu, a valorização 
recai sobre os acertos, sendo estimulada a competição. “ Percebe-se o aluno 
sendo observado apenas em situações programadas. ”( Hoffmann, 2000, p.25) 
 
Hoffmann ainda salienta que nessa prática avaliativa tradicional, a 
postura do professor é “ corrigir tarefas e provas do aluno para verificar 
respostas certas e erradas e, como base nessa verificação periódica, tomar 
decisões ao seu aproveitamento escolar.” (2000, p.95) 
 
A escola não pode continuar trabalhando com verdades absolutas, 
prontas e acabadas. A avaliação da aprendizagem necessita cumprir o seu 
verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a construção da 
aprendizagem bem sucedida. 
 
Em se tratando da segunda observação, a avaliação da aprendizagem 
escolar como um ato amoroso já é encontrado no ambiente de sala de aula 
que possui a característica ‘de não julgar’. Como preza Luckesi (1998), o 
acolhimento afastado é o julgamento. 
 
Numa perspectiva semelhante, Hoffmann ( 2000 ) apresenta a 
avaliação mediadora, que avalia as várias manifestações dos alunos em 
situação de aprendizagem. 
“...para acompanhar as hipóteses que vem formulando a 
respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas 
do conhecimento, de forma a exercer uma ação 
educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores 
soluções ou formulação de hipóteses preliminarmente 
formuladas.” (HOFFMANN,2000,p.96) 
 
 
 
 
 
25
A falta de clareza conceitual, bem como, de competência técnica na 
elaboração de objetivos educacionais, na seleção e construção de 
instrumentos de medida tomada de decisões, tem contribuído para que a 
avaliação na sala de aula seja desenvolvida de forma fragmentada e 
descontextualizada. 
 
É preciso ter coragem para questionar, refletir e realizar uma avaliação 
dinâmica, significativa e libertadora. 
 
A ação educativa deve contar com a curiosidade de conhecer a quem se 
educa, possibilitando a descoberta de si próprio. 
 
2.1 – Práticas avaliativas 
 
A maneira como uma escola avalia é o reflexo da educação que ela 
valoriza. A avaliação deve ser capaz de julgar o valor do aluno e possibilitar 
que ele cresça, como indivíduo e como integrante de uma comunidade. Vários 
professores usam o termo avaliação, ora se referindo ao ato de medir, ora se 
referindo ao julgamento de valor. E para alguns, avaliação reduz-se à 
testagem bimestral. A falta de clareza desses conceitos tem certamente 
implicações na prática avaliativa. 
 
O que acontece freqüentemente é que o aluno é avaliado somente em 
determinados momentos, através de notas onde o conhecimento é medido. 
 
“Porém, o erro ou acerto de cada uma das questões não 
indica quais foram os saberes usados para respondê-las, 
nem os processos de aprendizagem desenvolvidos para 
adquirir o conhecimento demostrado, tampouco o 
raciocínio que conduziu à resposta.” (Esteban, 2002, 
p.100). 
 
 Nesta prática positivista e tecnicista há uma ênfase na atribuição de 
notas e na classificação de desempenho, em testes e provas com resultados 
quantitativos e numéricos - o importante é o produto. Nesse modelo, a 
 
 
 
 
26
avaliação é ameaçadora, um instrumento de dominação, uma verdadeira arma 
que desperta o medo. 
 
“ Pouco a pouco, eles vão perdendo a motivação para 
continuar se esforçando, vão se sentindo realmente 
incapazes de aprender e vão se resignando a um 
fracasso que vai marcar o resto de suas vidas.” ( Ceccon, 
1982, p.17) 
 
Espera-se da escola que ela cumpra o seu papel de fornecer instrução, 
criar e recriar o conhecimento. Mas na verdade, a escola produz muito 
fracasso pois reproduz o modelo ideológico da sociedade capitalista, a 
serviço de uma classe dominante. Estebam, coloca que a “Avaliação vai se 
distanciando do processo ensino/aprendizagem, ressaltando sua função de 
controle social mediada pela prática pedagógica.”( Op cit, 2002, p.102). Assim 
sendo, atende à necessidade de selecionar e excluir quando nota com 
avaliação ( nota é apenas uma forma de expressar os resultados de uma 
avaliação); o rendimento do educando vislumbra numa dinâmica de 
inclusão/exclusão, reprovação/sucesso. 
 A avaliação escolar ainda apresenta uma imagem negativa : lembra 
prova e nota, que provocam nervosismo e mal-estar. Desvaloriza uma série de 
manifestações de saber pelo fato de nivelar por baixo. O medo de ser avaliado 
faz com que os alunos acabem se preocupando mais com os resultados do 
que com o processo, pois percebem que essa prática avaliativa é castradora e 
classificatória. A instituição escolar que mantém a lógica do ‘exame’ apresenta-
se como elemento disciplinador, o que provoca a violência simbólica ‘o que 
contribui para que ele vá internalizando um forte sentimento de inferioridade e 
de culpa por seu fracasso, por suas impossibilidades”. ( Esteban, 2002, p.108). 
 
Esteban (2002), expõe que a correção de uma resposta errada pode 
ajudar o aluno a aprender o que não sabe, mas também pode impedir a busca 
de novos conhecimentos. A avaliação deve ter um caráter diagnóstico, onde o 
professor questione as dificuldades expressas e retorna essas dificuldades, 
procurando meios para solucioná-las. Bem como, a avaliação não deve ser 
considerada responsabilidade exclusiva do professor. “ Delegá-la aos alunos, 
 
 
 
 
27
em determinados momentos, é uma condição didática necessária para que se 
construam instrumentos de auto-regulação para as diferentes aprendizagens .” 
( PCN, vol 1, p.86) 
 
Mas como avaliar um estudante que avançou muito, mais não atingiu os 
objetivo propostos para a série? Aprova ou reprova o aluno que no fim do ano 
‘deu um estalo’ ? 
 A avaliação tradicionalmente tem pretendido atribuir 
objetivamente valores aos processos desenvolvidos e 
resultados alcançados, no entanto, o cotidiano da sala 
de aula nos mostra quanto podem variar estes valores, 
como é impreciso o ato de avaliar, como cada processo 
de avaliação comporta diferentes análises ( Esteban, 
2002, p.185) 
 
 
Contudo posso dizer que a sociedade tende a premiar os alunos que se 
adaptam, ou melhor, aquele que se incorpora do saber escolar. Tendo como 
termômetro desse saber, a avaliação realizada e sistematizada pelo sistema. 
Não poderia deixar de evidenciar o peso que é colocado na avaliação, em 
decorrência da incapacidade crescente dos alunos. Os analfabetos funcionais, 
que são incapazes de aprender os conteúdos por meio da leitura. O que me 
remete a Luckesi (1999), a avaliação que se prática na escola é a avaliação de 
culpa. Aponta ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidades 
de classificação dos alunos, onde são comparados desempenhos e, não 
objetivos que se deseja atingir. Assim, Perrenoud( 1999), lembraque é 
necessário determinar também quanto e em que nível os objetivos devem e 
estão sendo atingidos. Para isso é necessário o uso de instrumentos e 
procedimentos adequados ( Libâneo, 1994). 
 
Concordo que e na escola que o sujeito aprende e consequentemente e 
lá que deveria esta se preparando para identificar e solucionar suas 
necessidades. Não posso deixar de ressaltar que a escola é legitimado como 
espaço, é também onde o conhecimento é produzido historicamente. Por esse 
 
 
 
 
28
motivo que tendo esquecido o professor de ensinar e aluno de aprender, que a 
população escolar vem reproduzindo os índices de fracasso de nossas 
escolas. Elas ainda trabalham com métodos que repetidamente vem sendo 
considerados inadequados para a construção de indivíduos atuantes e críticos 
Enfim, fazer da avaliação um instrumento auxiliar da aprendizagem é o 
desafio no atual contexto escolar. 
 
2.2 – O papel do professor na avaliação 
 
 Muitas das vezes a falta de articulação entre a teoria , ou seja, o seu 
discurso e a sua prática, gera uma das piores ações do ser humano, a 
exclusão. Muitas vezes o professor nem se dar conta desse processo no 
momento da avaliação, o que ele quer é se “livrar” do problema e nem 
percebe que a repetência causa a evasão, que é sinônimo de exclusão. Assim 
, como poderemos pensar numa educação/avaliação que emancipa os 
indivíduos ? A avaliação se transforma no elemento principal da exclusão. 
Todo discurso sobre a inclusão através da educação será meramente uma 
utopia? 
 
 A escola que temos hoje, mas acessíveis as camadas populares, 
deveria ser uma outra escola. O que acontece é que a escola continua no 
modelo que atendia a classe dominante e, o “sonho” da inclusão social através 
da educação, se transformou no “pesadelo” da exclusão. Nem a escola, nem 
os profissionais que participam do processo educativo, estavam preparados 
para essa mudança, ou seja, esse público. O resultado desse processo é a 
reprovação e a evasão em massa, principalmente nas séries iniciais do Ensino 
Fundamental. 
 
 O modelo de escola e de profissionais que está ai é para atender os 
“bons alunos”, ou seja, aqueles que obedecem, isso fica claro na prática dos 
 
 
 
 
29
profissionais que fazem a escola. Quando o aluno não se enquadra no 
“padrão” estabelecido, fica perdido sem saberem o que fazer. Esse processo é 
complexo, pois a formação dos profissionais, principalmente do professor não 
lhe dá subsídios para conviver com a diversidade, o resultado disso é 
catastrófico e o “sonho” de se transformar a sociedade através da educação se 
transforma em uma utopia. 
 
 Mesmo que a sala de aula seja constituída pelo movimento, pela 
surpresa, pela turbulência, pela desordem, pela diferença, as práticas 
escolares e os processos ensino/aprendizagem estão estruturados para 
conduzir a homogeneidade, à linearidade, considerados essências para uma 
boa relação pedagógica. Isso fica implícito no discurso do professor e explicito 
na sua prática avaliativa, quando é dado um único modelo de avaliação para 
todos, sem respeitar a diversidade. 
 
 Segundo Demo (2004), cuidar da aprendizagem do aluno, é olhar cada 
um com atenção, saber de sua história, família, sobrevivência, representações 
sócias, amizades, problemas. Por vezes, há que acentuar a igualdade de 
condições de todos, outras vezes será o caso não tratar de modo igual a 
desiguais: o aluno que vai mal precisa de maior cuidado. Assim, o fracasso 
escolar tem como um dos fatores principais a ação pedagógica do educador. A 
avaliação é um dos aspectos principais deste fenômeno, principalmente 
quando o professor não assume a responsabilidade desse fracasso, colocando 
a culpa somente em outros aspectos, principalmente na falta de interesse do 
aluno, ou seja, o aluno se transforma no agente principal do seu próprio 
fracasso. 
 
 Na concepção de Hoffmann (2003), o professor não assume 
absolutamente a responsabilidade em relação ao fracasso do aluno. Em 
primeiro lugar, porque representaria assumir sua incompetência na 
organização do trabalho pedagógico, uma apresentação inadequada de 
 
 
 
 
30
estímulos de aprendizagem, em segundo lugar, porque aquilo que faz 
geralmente se traduz em resultados positivos para alguns alunos, então o 
problema está nos alunos que não aprendem e não na ação do professor. Sem 
ultrapassar a visão comportamentalista de conhecimento, nenhuma outra 
hipótese é levantada pelo professor sobre as dificuldades que os alunos 
apresentam, senão a sua desatenção e desinteresse. Em terceiro lugar, 
porque, coerente com tal visão de conhecimento, o avaliar reduz-se, para ele, 
a observação, o registro de resultados alcançados pelos alunos ao final de um 
período. Tal visão não absorve uma perspectiva reflexiva e mediadora da 
avaliação. 
 
Enfim, cabe a nós professores refletirmos a respeito do mundo que se 
quer ter, através da avaliação. Pode perpetuar o status ou pode-se transformar 
a sociedade, sendo que por traz do tipo de avaliação está o tipo de homem 
que se pretende formar : submisso ou autônomo, que apenas se submete a 
pensamentos ou o que pensa por si mesmo.Portanto, devemos assumir o 
fracasso escolar como um desafio e uma das possíveis alternativas para a 
superação está na avaliação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31
CAPÍTULO III – O PSICOPEDAGOGO FACE AO FRACASSO 
ESCOLAR 
 
 
O psicopedagogo deve buscar o que significado o aprender para esse 
sujeito e sua família, tentando descobrir a função do não aprender. Conhecer 
como se dá a circulação de conhecimento na família, qual a modalidade 
aprendizagem da criança, não perdendo de vista qual é o papel da escola na 
construção do problema de aprendizagem apresentado, tentando também 
engajar a família no projeto de atendimento para ampliar seu conhecimento 
sobre a dificuldade, modificando o seu modo de pensar e de agir com relação 
a criança e o desempenho escolar. 
 
 
3.1 Aprendizagem e Fracasso Escolar 
 
Não poderia falar em fracasso escolar sem deixar de comentar a 
importância do vínculo para a aprendizagem. Além de tentarmos analisar os 
fatores que contribuem para seu surgimento, é necessário conceituar aquilo 
que viria a ser seu oposto: a aprendizagem. 
“Pois sabemos que a aprendizagem é um processo 
vincular, ou seja, que se dá no vínculo entre ensinante e 
aprendente, ocorre portanto entre subjetividades. Para 
aprender, o ser humano coloca em jogo seu organismo 
herdado, seu corpo e sua inteligência construídos em 
interação e a dimensão inconsciente . A aprendizagem 
tem um caráter subjetivo pois o aprender implica em 
desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente. O 
desejar é o terreno onde se nutre a aprendizagem.” 
(FERNÁNDEZ, 2001, p.36 ). 
Aprender passa pela observação do objeto, pela ação sobre ele, pelo 
desejo. A aprendizagem é a articulação entre saber, conhecimento e 
informação. Esta última é o conhecimento objetivado que pode ser transmitido, 
o conhecimento é o resultado de uma construção do sujeito na interação com 
 
 
 
 
32
os objetos e o saber é a apropriação desses conhecimentos pelo sujeito de 
forma particular, própria dele, pois implica no inconsciente. 
A partir disso, posso definir aprendizagem como uma construção 
singular que o sujeito vai fazendo a partir de seu saber e assim ele vai 
transformando as informações em conhecimento, deixando sua marca como 
autor e vivenciando a alegria que acompanha a aprendizagem. 
Este processo se difere bastante do fracasso escolar que pode 
evidenciar uma falha nesta relação vincular ensinante- aprendente. Alicia 
Fernández diferencia fracasso escolar, problema de aprendizagem e 
deficiência mental. “ Para ela no fracasso escolar a criança não tem um 
problema de aprendizagem, mas eu, como docente, tenho um problema de 
ensinagem com ele. ”(FERNANDEZ, 2001,p.56 ). O problema de 
aprendizagempode ser um sintoma de outros conflitos ou ainda uma inibição 
cognitiva, e a deficiência mental tem incidência pequena na população. Enfim, 
a escola valoriza a inteligência e se esquece da interferência afetiva na não 
aprendizagem. O sujeito pode estar em dificuldades de aprendizagem por ter 
ligado este fato a uma situação de desprazer. Está situação pode estar ligada 
a algum acontecimento escolar. Portanto, a escola pode provocar na criança 
conflitos que influenciarão seu gosto pelo aprender. 
 
3.2 - A Intervenção Psicopedagógica 
 
Considerando os fatores implicados no processo da aprendizagem, 
poderíamos pensar no papel do psicopedagogo com relação ao fracasso 
escolar. Assim, psicopedagogo vem fazendo parte do cotidiano escolar, e no 
que se refere ao fracasso escolar, vem respondendo a ele com suas 
atribuições em um trabalho em conjunto com a equipe da escola. 
 
 Levando em considerações os aspectos do fracasso escolar cabe ao 
Psicopedagogo estar sempre atento a essas questões para não mencionar 
resposta errada quando solicitado, ou ausência de resposta, pois ele não é 
 
 
 
 
33
simplesmente transmissor de informações, deve ir além, preocupando-se em 
desenvolver capacidades e ter clareza na distinção entre erros de informação e 
problemas no desempenho de capacidades. 
 
Segundo Júlio Groppa ( 2002, p.48), “ um desempenho é classificado 
como satisfatório, ou não, dependendo das variáveis do contexto.” Por isto, é 
preciso que o Psicopedagogo desenvolva um trabalho cauteloso e realizado 
com muita distinção em suas atitudes. O Psicopedagogo tem que ter 
sabedoria para enfrentar situações aparentemente sem solução, sua atuação 
exige discernimento entre “certo e errado”, pois uma atitude distante do 
cotidiano pode vir a destruir todo um trabalho levando o aluno à desistência 
escolar. 
 
 Para conhecer fracasso escolar precisamos partir do princípio de que 
não é algo genérico, mas que diz respeito a um certo aluno, e sua história, em 
uma certa escola, em um certo sistema. Para detectar certo problema faz se 
necessário fazer um diagnóstico. 
 
 Os Psicopedagogos ao longo de sua trajetória utilizou-se e ainda se 
permitem a utilizar de alguns recursos como testes, desenhos históricos, 
atividades pedagógicas, jogos, brinquedos, etc. É bem verdade que estes 
tipos de recursos se tornam imprescindíveis como instrumentos de linguagem, 
pois muitos alunos que não conseguem se comunicar através da linguagem 
falada, o fazem por meio da linguagem escrita demostrando algum tipo de 
informação que são colhidos a partir dessa atividade. O trabalho do 
Psicopedagogo para com esses alunos é realizado com o auxílio do professor 
da classe, para a melhoria das condições do processo ensino-aprendizagem, 
além de prevenir os problemas relacionados ao aprendizado. Mais uma vez a 
atenção do Psicopedagogo é de real valor pois muitas crianças e adolescentes 
preferem acreditar, e reforçar na crença fazendo com que os outros acreditem 
também, que vão mal nos estudos meramente por falta de interesses, 
pensamentos errôneos que os fazem nutrir um sentimento destrutivo de sua 
 
 
 
 
34
capacidade. O trabalho do psicopedagogo pode ser relacionado a um trabalho 
de ‘formiguinhas”, onde devagar e em conjunto tem função transformadora, 
permitindo que o indivíduo se torne cidadão consciente em grau crescente de 
reflexão. Desta forma o exercício do psicopedagogo é percebido de forma 
global ao ato de educar e para a compreensão satisfatória dos objetivos da 
educação. O Psicopedagogo deve colaborar para a promoção do 
desenvolvimento das potencialidades e capacidades dos educandos. 
 
 Em se tratando de desempenho escolar a autora Grinspun faz a 
seguinte colocação : “ ao declarar-se “incompetentes” ante ao fracasso 
escolar, a Escola abre caminhos para que o aluno internalize esse fracasso 
como algo pessoal, social ou biológico.” (GRINSPUN, 2002, p.81) 
 
 A natureza desse discurso nos faz refletir como este ainda é muito 
comum em nossa formação, portanto cabe a nós psicopedagogo juntamente 
com toda a equipe pedagógica reavaliar a nossa prática, pois temos a 
oportunidade de estarmos a frente como agentes transformadores da 
educação. 
 
 As afirmações de que as causas do Fracasso Escolar até então 
estavam agrupadas na escola ou na clientela deparam – se agora, com uma 
outra visão do problema : a escola é inadequada aos novos tempos isto 
porque, o papel da escola é muito diferente de que alguns anos. Segundo o 
pedagogo e filósofo Gadotti (1989, p.23) “As exigências são outras e o papel 
do educador é adaptar-se : deixar de ser um selecionador para que se tornar 
um gestor do conhecimento.” 
 
 Em outras palavras, de nada adianta ficar se lamentando. De todas as 
profissões estão se exigindo mais competências, presença e versatilidade. Por 
que seria diferente com a educação ? Todos falam que só haverá espaço no 
mercado de trabalho para quem tiver conhecimentos. Porém percebe-se que 
os professores em sua grande maioria apresenta um discurso arcaico, isto 
porque o professor idealiza um estudante que não existe. 
 
 
 
 
35
 
 Suponho que os problemas extra escolares influenciam nas atividades, 
porém, este não é o fator determinante do fracasso escolar. 
 
 A escola em nossa sociedade contemporânea cada vez mais tem 
reconhecido a dificuldade que enfrenta ao educar integralmente, percebendo o 
quanto é difícil trabalhar valores e atitudes educativas quando a sociedade 
impõe valores contrários. Verifica-se que é inútil esperar que a escola 
desenvolva valores e atitudes que a comunidade não assuma como próprios. 
Não é possível pensar uma escola onde um espera que o outro solucione os 
problemas e onde as pessoas não modifiquem seus hábitos arraigados de 
não-envolvimento e não-participação. Retornando nessas colocações iniciais, 
sobre o trabalho do Psicopedagogo podemos afirmar que não existe presença 
constante do trabalho do mesmo nas escolas. Para que o trabalho realizado 
obtenha resultados satisfatórios é necessário que o Psicopedagogo 
desenvolva um trabalho em equipe com todos os integrantes da área 
pedagógica, para tratar a fundo os possíveis problema existentes. 
 
 Uma escola sintonizada com as conquistas da sociedade e, portanto, 
comprometida com a maioria da população, não se satisfaz em garantir o 
acesso de todos na escola, mas luta também pela permanência a fim de que 
todos tenham acesso ao conhecimento que nela buscam. Reverter o quadro 
do fracasso escolar é, pois, função de uma escola que se prenda fazer um 
trabalho em conjunto com todos os comprometidos da escola em busca de 
resultados satisfatórios. “ Só é bem sucedido na escola o aluno que, se vendo 
acreditado, acredita em sua capacidade de aprender.” (MAIA, 1990, p.59) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
No presente trabalho objetivei apresentar que não existe um único 
“culpado” pelo fracasso escolar. Muitas vezes a escola, situa o problema do 
fracasso no indivíduo, considerando-o como portador de algum tipo de “desvio” 
ou “anormalidade” e a avaliação que se da de forma meramente quantitativa. 
Assim, o “insucesso” é atribuído a debilidade das capacidades intelectuais e a 
cultura desviante. Sendo assim, culpa-se somente o aluno por tal fracasso 
desconsiderando que há ocasiões em que a avaliação do sistema educacional 
é totalmente fora da nossa realidade. 
 
Contudo, ao longo dessa produção pesquisei e apresentei a 
necessidade urgente de uma mudança de postura em relação a avaliação, no 
sentido de situar o papel dos profissionais comprometidos com a educação 
deste país. 
 
Também pude observar que pensar em fracasso escolar, a partir da 
perspectiva da escola, não é mais suficiente e nem tem possibilitado a 
reversão deste fenômeno. É necessário ampliar a forma de analisar o fracasso 
para alémdos muros da escola. 
 
O professor considerado agente de mudança social, não vem refletindo 
seriamente sobre a sua prática educativa e sobre as condições e contextos 
em que ocorrem o processo ensino-aprendizagem. 
 
Não basta ao educador criticar a metodologia e a eficiência de sua ação 
docente. É preciso que o professor assessore seu alicerce de um 
embasamento teórico que as ciências educacionais colocam à sua disposição 
como referencial teórico, além de uma postura critica. 
 
Torna-se necessário ainda destacar predominantemente em nosso 
cotidiano escolar, destacando a urgência de ser adotar uma nova postura 
 
 
 
 
37
visando a sua melhoria bem como, a compreensão de seu verdadeiro 
significado. 
 
Então de acordo com está pesquisa, pode-se supor que o melhor 
caminho para a melhoria do desempenho escolar dos alunos, surgirão a partir 
do momento em que a escola estiver aberta as mudanças, aceitando a 
realidade do fracasso escolar para que assim possamos encontrar soluções 
para este problema. 
 
Enfim, buscar soluções para este problema não consiste em patologizar 
o aprendente mas em ampliar este foco, abrindo espaço para outras variáveis 
que também influenciam o processo da aprendizagem como a instituição, o 
método de ensino e avaliação, as relações ensinante - aprendente e os 
aspectos sócio-cultural. Portanto está mudança deverá estar voltada para uma 
reflexão, com decisão critica a cerca de tal educação oferecida, apoiada no 
respeito e dedicação, associada ao comprometimento na formação de 
cidadãos atuantes e críticos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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	SHEILA DAMIÃO LEAL
	RIO DE JANEIRO
	DEDICATÓRIA
	AGRADECIMENTOS
	RESUMO
	CAPÍTULO I – FRACASSO NA APRENDIZAGEM
	
	
	CAPÍTULO II – AVALIAÇÃO E FRACASSO ESCOLAR
	AVALIAÇÃO
	2.1 – Práticas avaliativas
	CAPÍTULO III – O PSICOPEDAGOGO FACE AO FRACASSO ESCOLAR
	
	
	
	REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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