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Unidade I METODOLOGIA E PRÁTICA ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESADE LÍNGUA PORTUGUESA Profa. Ma. Lilian Pessôa Aspectos históricos em relação ao ensino. Indagações iniciais Por que a educação, que a tantos formou no passado, não é mais adequada para os dias atuais? É, de fato, necessário modificar todo o ensino? O que buscamos? O que queremos em relação ao ensino nos anos iniciais do Ensino Fundamental? Por que é preciso modificar o ensino? Discurso recorrente e contagiante. Mudanças devem ocorrer a partir de um processo reflexivo sobre o ensino. É preciso tomar cuidado com os modismos.modismos. Entre o já conhecido e a novidade. O que já conhecemos sobre o ensino nos conforta porque podemos prever, controlar e antecipar fatos. Mas isso não mobiliza para a mudança! A novidade assusta justamente pela imprevisibilidade e pelos riscos que oferece. Mas correr riscos é necessário! A transformação do ensino A inovação faz sentido quando faz parte da história do conhecimento pedagógico, e quando, ao mesmo tempo, retoma e supera o anteriormente produzido. (LERNER, 2002, p. 30) A importância dos aspectos históricos. Resgatar o ontem ajuda a compreender o hoje e planejar melhor o amanhã. Uma análise possível, mas não a única. A necessidade de selecionar alguns acontecimentos e tomá-los como pontosacontecimentos e tomá los como pontos de partida para a reflexão proposta nesta disciplina. O ensino e os interesses sociais O processo educativo não está isolado de outras instâncias sociais, mas apresenta estreita relação com as perspectivas sociais. Os propósitos do ensino podem servir essencialmente aqueles que estão no poder ou refletir a formação de um cidadão atuante na sociedade em que vive. Interatividade O discurso de que é preciso modificar o ensino deve ser compreendido na perspectiva de: a) retornar às práticas de ensino antigas, quando as pessoas aprendiam de d dverdade. b) exigir que o professor utilize toda a tecnologia moderna em suas aulas. c) articular diferentes métodos de ensino para formular um único modo de ensinar. d) possibilitar a mobilização de conhecimentos para a tomada de decisões. e) garantir ao aluno o direito de escolher se quer ir para a escola ou não. O ensino que recebemos O que sabemos sobre como nossos avós, pais, tios, enfim, aprenderam a ler e a escrever? Durante muito tempo o ensino adotou práticas que privilegiavam: o ensino homogêneo; as atividades mecanizadas (baseadas na cópia e na memorização); o processo de codificação e decodificação da escritadecodificação da escrita. Não buscamos culpados, mas refletir sobre o processo de ensino em diferentes épocas. A que momento histórico esse ensino nos remetem? Se tomarmos como ponto de partida o Descobrimento do Brasil, num tempo bem distante de nós, veremos que essa era a concepção de ensino dos jesuítas, responsáveis pela educação da época. Se pensarmos no regime militar ditatorial, vigente no Brasil no período de 1964 a 1985, portanto, bem mais próximo de nós, notamos que não há modificações significativas na concepção de ensinoconcepção de ensino. O que aprendemos com esse resgate de marcos históricos? Que é preciso romper com modelos que não contribuem para a aprendizagem do aluno, mas servem apenas para consolidar o poder dominante vigente. Que a leitura se constitui como via de acesso à informação e, portanto, é um importante instrumento de transformação social. Que concepções essas práticas revelam? Que a aprendizagem ocorre por meio do treino intensivo e pela repetição fiel de modelos. Que o aluno não participa do processo de sua aprendizagem, apenas a recebe passivamente. Que a aprendizagem ocorre por meio do acúmulo de conhecimentos e informações recebidas pelo aluno. Por que essas práticas eram interessantes? Num país de regime ditatorial (autoritário), por exemplo, pode interessar àqueles que detêm o poder que o ensino da leitura e da escrita permaneça na esfera da codificação e decodificação do “decifrar as palavras”decodificação, do “decifrar as palavras”. Quais os propósitos do ensino da leitura e da escrita hoje? Que se possa reconhecer que estas são vias de acesso à informação, a partir das quais se pode interpretar o que ocorre na sociedade para: tomar decisões; fazer exigências; sair da passividade para a atividade. Interatividade Durante a ditadura militar no Brasil bastava que as pessoas entendessem o que delas era esperado e soubessem cumprir ordens. Assim, as práticas educativas junto ao aluno privilegiavam: ) di ã fl ãa) a discussão e a reflexão, para que o seu papel fosse compreendido. b) a reprodução de modelos, para executar tarefas mecanicamente. c) a cópia de textos, para que a escrita fosse i ifi tisignificativa. d) a memorização, como forma de garantir sua participação no ensino. e) o trabalho em grupos, para o desenvolvimento do espírito de equipe. O ensino que desejamos. Deve ser pautado no desenvolvimento de competências de tal modo que, no caso da leitura e da escrita, frente a um texto de conteúdo polêmico ou duvidoso, por exemplo, o aluno saiba assumir uma posição expor sua opinião justificarposição, expor sua opinião, justificar suas escolhas, tomar decisões. Mas, o que é competência? Competência não é dom! Dom – dote natural; a pessoa nasce com ele ou não. Competência – desenvolvida frente a oportunidades de tomadas de decisão,oportunidades de tomadas de decisão, de desafios, de problematizações. A importância do ensino para desenvolvimento de competências. Tomemos como exemplo o processo eleitoral: O Brasil é referência em termos de democracia e tecnologia. Mas amarga as escolhas arbitráriasMas amarga as escolhas arbitrárias feitas pelos seus eleitores . Por isso, é função da escola Perpetuar o conhecimento valorizado por sua cultura de modo a subsidiar o aluno com experiências significativas de tomadas de decisão. Para muitas crianças, a escola é o único meio de acesso à: informação; leitura/ escrita; reflexão/ discussão; ação autônoma e criativa. O processo de aprendizagem. Segundo Délia Lerner (2002), não se chega ao conhecimento pela soma de pequenas aprendizagens, mas pela reorganização de objetos complexos. O tempo de aprender. Aprendizagem é processual. Não ocorre de um dia para o outro, mas gradativamente e durante um tempo que varia de indivíduo para indivíduo. É necessário instituir uma rotina de práticas em que o aluno possa mobilizar seus saberes. Interatividade O processo educativo atual investe no desenvolvimento de competências. Desse modo, espera-se que o aluno seja capaz de: a) reproduzir modelos propostos pelo professor, o que o fará aprender. b) cometer poucos erros, uma vez que estes o distanciam do aprender. c) acumular informações, que possam lhe ser úteis oportunamente. d) colocar em jogo talentos naturais a partird) colocar em jogo talentos naturais a partir dos quais pode-se desenvolver outros. e) mobilizar saberes para a resolução de problemas cotidianos. Avanços e equívocos no processo de transformação. “...a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita amortece ”limita, amortece.” (CORTELLA, 2008, p.11) As dúvidas em relação ao ensino atual movimentam a busca de soluções para os mesmos. As pesquisas de Ferreiro. Na década de 1980, as pesquisas de Emília Ferreiro influenciaram fortemente a educação brasileira. Com a preocupação de compreender como os alunos aprendem o funcionamento do sistema de escrita, Ferreiro conclui que estes levantam hipóteses provisórias que os ajudam a aproximar-se do entendimento do sistema alfabético. O conhecimento superficial. Propostascolocadas em prática rapidamente. Não houve investimento em estudos aprofundados ou formação de professores. Foi desconsiderado que a aprendizagem é processual e que isso é válido para a criança, mas também para o professor. Princípios equivocados. O professor não pode mais corrigir o aluno. Não se pode mais utilizar a caneta vermelha para corrigir o aluno. Cópia, memorização e treino estãoCópia, memorização e treino estão proibidos. O aluno constrói sozinho o seu conhecimento. Resultados que colhemos. Alunos concluem o Ensino Fundamental sem saber ler e escrever. E o que é pior: os alunos não dominavam nem a forma mecanizada de leitura e escrita, ou seja, codificação e decodificação. A sociedade começou a pressionar os professores que, por sua vez, sentiam-se perdidos. O que deu errado nesse processo? Saímos de um extremo em direção a outro. Antes: um ensino unicamente pautado no modelo, na cópia, na memorização. Depois: o aluno participa do seuDepois: o aluno participa do seu processo de aprendizagem, ele mesmo constrói o seu conhecimento. É preciso sair dos extremos para buscar um ponto de equilíbrio. Interatividade Com base nos pressupostos construtivistas afirmamos que o aluno constrói seu conhecimento. Com relação aos professores sabemos que, por serem adultos: a) já construíram o seu conhecimento. b) aprendem muito mais rápido. c) vivenciam o mesmo processo que o aluno. d) podem aprender conteúdos complexosd) podem aprender conteúdos complexos. e) têm um modo de aprender diferente dos alunos. Uma reflexão para terminar “O desafio é formar praticantes da leitura e da escrita e não apenas sujeitos que possam ‘decifrar’ o sistema de escrita. É – já o disse – formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para buscar a solução de problemas quepara buscar a solução de problemas que devem enfrentar e não capazes apenas de oralizar um texto selecionado por outro.” (LERNER, 2002, pp.27-28) ATÉ A PRÓXIMA! Unidade II METODOLOGIA E PRÁTICA ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESADE LÍNGUA PORTUGUESA Profa. Ma. Lilian Pessôa O que é ler? É viajar por lugares fantásticos. É sonhar de olhos abertos. É tornar possível o impossível. É conhecer, é aprender. É É atribuir sentido ao texto. Por que é preciso ler para os alunos? “Os mestres atuam como mediadores entre a realidade sociocultural e o sujeito, pois põem os alunos em contato, de uma forma crítica, com os instrumentos, os signos e os símbolos que compõem a cultura ”que compõem a cultura.” (RONCA, V. F. C. Docência e Ad-Miração: da imitação à autonomia. São Paulo, 2007, p.124) As diferentes formas de ler Os propósitos de leitura são diferentes: lemos para nos divertir, nos informar, para estudar, por lazer, para aprender a fazer algo etc. Quando o professor lê para seus alunos dá “vida” ao texto por meio de: entonação, expressão, ritmo, fluência, postura etc. A organização da rotina de leitura. A leitura deve ser diária. Os textos precisam ser variados . Deve-se escolher um bom momento da aula para a realização da leitura. Uma leitura exige planejamento. O professor deve ser cuidadoso na escolha do texto. No “papel” de leitor, o professor deve ser um bom ator. Deve ter lido o texto antes de apresentá-Deve ter lido o texto antes de apresentá lo aos alunos. É importante fazer comentários adicionais sobre o autor e a obra. A leitura deve ser realizada no seu portador de texto originalportador de texto original. Uma boa estratégia também é a leitura em capítulos. Acesso ao acervo literário. O desenvolvimento da competência leitora pressupõe autonomia por parte do leitor. Por isso, é preciso permitir o acesso do aluno ao acervo literário da escola para que ele vivencie situações que envolvem critérios de seleção eque envolvem critérios de seleção e tomadas de decisão. Interatividade Ao realizar uma leitura cuidadosa para os seus alunos, o professor torna-se uma referência de leitor, um modelo a partir do qual os alunos: a) compreendem que é preciso copiar quando leem. b) ampliam o que conhecem sobre as possibilidades de leitura. c) garantem o aprendizado de uma forma de leitura.de leitura. d) podem interpretar corretamente o texto. e) entendem como será a sua leitura quando forem adultos. Os conhecimentos prévios... O aluno não é uma folha em branco. Desde que nasce, nas interações que estabelece, vai aprendendo muitas coisas. O que ele sabe, o que experienciou, suasO que ele sabe, o que experienciou, suas preferências, servem de ponto de partida para o trabalho do professor. Desconstruir a homogeneidade ... frente à leitura na escola, parece necessário que o professor se pergunte com que bagagem as crianças poderão abordá-la, prevendo que esta bagagem não será homogênia. É(SOLÉ, 1998, p.104) Ponto de partida não é ponto final. É essencial que o professor tenha clareza de que os conhecimentos prévios dos alunos devem ser vistos como pontos a partir dos quais se pode ampliar o que eles sabem sobre o assuntoassunto. Não se pode permanecer nos conhecimentos prévios. O papel dos desafios no ensino. Gostamos de desafios. Por esse motivo, os jogos, charadas, enigmas, quebra- cabeças, são atraentes para todos nós. Esse é o motivo pelo qual os desafios costumam ser eficientes estratégias de ensino. A problematização da atividade. As atividades precisam ser apresentadas ao aluno sob a forma de um problema a ser resolvido. Uma boa situação problema é aquela em que o aluno mobiliza os seus saberes para encontrar uma solução até então desconhecida por ele. Problema solucionável. O desafio a ser apresentado ao aluno numa situação problema deve ser passível de solução. Caso contrário, pode gerar desinteresse e sentimento de incapacidade no aluno. Interatividade A ideia de que o aluno possui saberes sobre vários assuntos evidencia que: a) o trabalho do professor é facilitado, pois o aluno já sabe muita coisa. b) aos conhecimentos que o aluno jáb) aos conhecimentos que o aluno já possui, o professor deverá somar outros. c) o aluno tem participação ativa no seu processo de aprendizagem. d) o professor não precisa realizard) o professor não precisa realizar intervenções na aprendizagem do aluno. e) será necessário uniformizar os diferentes saberes que possam surgir na classe. Acompanhamento do professor. É imprescindível para o trabalho do professor, conhecer o que o aluno sabe. A partir desse conhecimento é que o professor orienta a sua prática. É preciso observar os alunos. As observações realizadas pelo professor em sala de aula devem prever um rodízio de alunos a serem acompanhados de modo mais próximo por atividade. Entretanto, deve-se garantir que ao final de um determinado período, todos os alunos tenham sido atendidos individualmente. Uma rotina de registros As diversas formas de registro possibilitam o resgate das informações, quando necessário, além do acompanhamento mais próximo das aprendizagens do aluno. Por sua importância, a rotina do professor deve contemplar momentos dedicados ao registro das observações realizadas. O papel das interações. Nosso pressuposto é de que o processo de aprendizagem se dá nas interações cotidianas, quando é possível: refletir, analisar,analisar, levantar hipóteses, buscar informações, trocar experiências. A troca de experiências Quando o professor é o único interlocutor autorizado para o aluno na sala de aula, será visto como o “detentor do saber”. Juntos conseguimos aprender mais do que sozinhos. A troca de experiência entre os alunos permite que estes percebam as diferentes possibilidade de resolver uma mesma situação. A questão da “dupla conceitualização”. Quando está realizando uma atividade em grupo ou coletivamente,o aluno está duplamente envolvido com a aprendizagem porque precisa: saber o conteúdo; saber argumentar/ justificar/ explicar para os colegas. Esse dinâmica foi chamada por Délia Lerner de “dupla conceitualização”. Interatividade A prática de observar os alunos em sala de aula tem como principal finalidade: a) avaliar o aluno, pois revelam quem está ou não envolvido na realização da tarefa. b) ganhar tempo para a realização dasb) ganhar tempo para a realização das atividades docentes mais burocráticas. c) supervisionar a condução das tarefas propostas, evitando a desordem na classe. d) aproximar se do que sabem seus alunosd) aproximar-se do que sabem seus alunos para o redirecionamento de sua prática. e) promover a socialização e integração dos alunos. A legitimação das aprendizagens. Na realização das atividades que o professor propõe, os alunos podem encontrar soluções válidas ou não para os desafios que enfrentam. Exemplo: numa situação de reescrita coletiva de um texto conhecido pela classe, um aluno sugere ao professor que a palavra “princesa” deve ser escrita com a letra “z”, ou seja: “princeza”. O que fazer? Discussões produtivas O professor deve aproveitar todas as situações de troca de experiências para propor discussão e debate junto aos alunos. Especialmente quando há dúvidas sobre o que foi dito, o professor deve envolver outros alunos na discussão para tentar chegar a um resolução possível para a questão. Questionamentos que ajudam. Uma resposta adequada também pode ser questionada. Com essa medida os alunos aprendem a justificar suas escolhas e a defender suas ideias. Aprender com o outro. O professor precisa promover atividades em que os alunos estejam agrupados de diferentes modos, visto que estes aprendem uns com os outros. Atividades em duplas, trios, quartetos etc., promovem o debate de ideias e a interação dos alunos com o objeto do conhecimento. Atividades coletivas. Antes de propor desafios, o professor precisa ter vivenciado com os alunos os encaminhamento possíveis para a resolução de uma atividade. Por exemplo: antes de solicitar a produção de uma narrativa, o professor deve ter realizado uma produção coletiva dessa natureza para que os alunos tenham parâmetros para o desenvolvimento dessa tarefa. As intervenções. O professor não é mero espectador da construção das aprendizagens dos alunos, mas interage com eles nesse processo. Reservar boas perguntas que possam desencadear análise e reflexão sobre o que está sendo discutido é sempre uma boa estratégia a ser adotada. Interatividade As discussões e debates entre os alunos são cada vez mais entendidos como potencializadoras da aprendizagem porque: a) possibilitam a troca de experiências e análises a partir de diferentes perspectivas. b) favorecem o encontro de um consenso sobre o assunto tratado. c) diminuem o volume de material a ser corrigido pelo professor.corrigido pelo professor. d) garantem a manifestação de pontos de vista muito parecidos entre os alunos. e) promovem o desenvolvimento do espírito de liderança. Uma reflexão para terminar... Ficava intrigado como num livro tão pequeno cabia tanta história, tanta viagem, tanto encanto. O mundo ficava maior e minha vontade era não morrer nunca para conhecer o mundo inteiro e saber muito como a professora sabia Osaber muito, como a professora sabia. O livro me abria caminhos, me ensinava a escolher o destino. Bartolomeu Campos de Queirós, em depoimento para “Na ponta do lápis” – Almanaque do Programa Escrevendo oAlmanaque do Programa Escrevendo o Futuro, Ano 1, Número 2, Ago/ Set 2005 – CENPEC. ATÉ A PRÓXIMA! Unidade III METODOLOGIA E PRÁTICA ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESAENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Profa. Ma. Lilian Pessôa Um começo de conversa Para discutir estratégias de leitura, imaginemos a seguinte situação: Você está numa livraria com a missão de escolher um livro para dar de presente a alguém. Que critérios utiliza para essa escolha? Quais são os indicadores de uma boa obra? Critérios de seleção e estratégias precisam ser ensinados na escola Apesar de sua importância no cotidiano de qualquer leitor, podemos dizer que, dificilmente, o aprendizado de critérios para a escolha de uma obra, por exemplo, ocorre no ambiente escolar. Na maioria das vezes, isso é aprendido na prática, na troca de experiências com parceiros (amigos, familiares etc.). Leitura: atividade complexa Toda atividade que envolve a leitura e a escrita é complexa, pois se articula com aspectos práticos (como a seleção do texto e a leitura propriamente dita), cognitivos (como o que sabemos sobre o que será lido e sobre o autor) e com as nossase sobre o autor) e com as nossas experiências pessoais (como as expectativas em relação à leitura e as nossas preferências). O uso de estratégias de leitura No caso da leitura, há procedimentos e estratégias que são utilizados na prática, mas não os ensinamos aos leitores iniciantes porque desconhecemos sua relevância na formação do aluno. Além disso, há o fato de que tais estratégias, na maioria das vezes, são utilizadas quase que intuitivamente. Mas, afinal, o que são estratégias? São procedimentos que contribuem para a fluência da leitura, aumentando a compreensão que se tem a respeito do assunto, tema ou conteúdo que está sendo lido. Que estratégias devo ensinar? As mais usadas são: Previsão/antecipação: Análise prévia de elementos como título, subtítulo, ilustrações, nome do autor etc., com vistas a aproximar-se do assunto. Inferência: ler o que não está escrito, obter informações contidas nas entrelinhas, compreender para além do texto. Verificação: Análise de elementos queVerificação: Análise de elementos que permitem o confronto entre as previsões e as inferências realizadas no decorrer da leitura e a apresentação dos fatos no texto Interatividade As estratégias de leitura utilizadas por leitores proficientes revelam que: a) o leitor não domina procedimentos de leitura. b) possivelmente o leitor está realizandob) possivelmente o leitor está realizando uma decodificação. c) há interação durante a leitura (autor- texto-leitor). d) ainda não há autonomia por parte do leitorleitor. e) provavelmente o texto lido já era conhecido pelo leitor. Um começo de conversa São questionamentos do nosso cotidiano: O que fazer depois que o aluno começa a escrever alfabeticamente? Como, a partir de então, é possível contribuir para que ele continuecontribuir para que ele continue avançando em suas aprendizagens? O que precisa ser ensinado? O que dizem os PCNs A conquista da escrita alfabética não garante ao aluno a possibilidade de compreender e produzir textos em linguagem escrita. Essa aprendizagem exige um trabalho pedagógico sistemático . (Brasil, 1997, p.23). O que ensinar ao aluno alfabético? É só quando o aluno entende que o nosso sistema de escrita tem uma organização alfabética que podemos propor outras reflexões. Esse é o momento para propor desafios de ordem ortográfica e iniciá-lo nas reflexões sobre a gramática, além da escrita cursiva. Só para lembrar Gramática – refere-se às regras que regulam a nossa língua (falada e escrita) Ortografia – refere-se ao modo correto de grafar as palavras Competência leitora O desenvolvimento da competência leitora ocorre por meio de situações em que o aluno reflete sobre o sistema de escrita. Na medida em que aprende determinado aspecto da língua, outros desafios devem lhe ser propostos. O trabalho coletivo É importante destacar que o trabalho em grupo ou o trabalho coletivo continua propício para o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos. É nele que as interações se intensificam e a troca dos diferentes saberes contribuem para que todos reflitam sobre o conteúdo da atividade proposta.Interatividade O trabalho sistematizado sobre a gramática e a ortografia deve ter início quando o aluno escreve alfabeticamente porque: a) essa é uma divisão que facilita o trabalho do professor junto aos alunos. b) nessa fase o aluno tem mais maturidade para aprender. c) não se deve tratar de assuntos complexos com os alunos antes dessa fase.fase. d) é quando as crianças demonstram interesse por essas questões. e) antes dessa compreensão tais reflexões não têm sentido para o aluno. Um começo de conversa Suponhamos que você acabou de ingressar numa escola para lecionar numa classe de 2º ano do EF, por exemplo. Ao final do 1º mês o seu coordenador solicita que a redação de um relatório sobre as impressões iniciaisum relatório sobre as impressões iniciais do aprendizado dos alunos. Por onde começar essa redação? Qual estrutura utilizar? Os comentários devem ser breves ou extensos? Um parceiro mais experiente Nessas situações costumamos recorrer a alguém mais experiente, não é mesmo? Alguém que sabemos já ter executado essa tarefa ou que julgamos ter conhecimento suficiente para nos orientar a respeitoorientar a respeito. Se esse é um procedimento que adotamos sempre que não sabemos realizar uma atividade, seria diferente para o desenvolvimento da competência escritora dos alunos dos anos iniciais doescritora dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental? O papel do modelo no ensino Existem várias formas de organizar um texto. Entretanto, é preciso mostrar ao aluno um modo de fazê-lo. Tal como na leitura, na escrita o professor atua como referência a partir da qual o aluno organiza a sua escrita. Por isso é fundamental que ele possa observar como o professor escreve. Repertoriar o aluno Quando escrevemos, colocamos em jogo muitos saberes, especialmente aqueles que se referem: ao conteúdo; à organização do texto;à organização do texto; à grafia das palavras. Se nosso objetivo é que o aluno aprenda a escrever, utilizando as convenções da nossa escrita, é fundamental que ele tenha “repertório” constituído por meio darepertório , constituído por meio da leitura, para fazê-lo. Do coletivo ao individual É recomendável que uma tarefa de escrita individual mais complexa, ocorra, considerando-se algumas etapas anteriores, ou seja: produção coletiva; produção em pequenos grupos ou pares; produção individual. A discussão dos assuntos tratados na leitura de modo coletivo, permitindo a participação do aluno, solicitando a sua opinião, convidando-o a pensar como seria um final diferente para determinada história ou modificando umhistória, ou modificando um acontecimento ao imaginar que o enredo fosse diferente, contribui para a construção do repertório que julgamos ser tão importante para a sua formação como escritor competente.como escritor competente. Interatividade Os conhecimentos que o aluno constrói na interação com o material escrito facilitam a produção de texto porque: a) originam muitas outras ideias sobre vários temas. b) revelam um conhecimento que se superpõe aos aspectos da escrita. c) trazem à tona reflexões sobre o tema sobre o qual escreve. d) possibilitam que sua atenção fiqued) possibilitam que sua atenção fique centrada na estrutura do texto. e) os conteúdos são mais importantes que os aspectos da escrita. Falando sobre revisão Depois que o aluno apresentou a sua produção textual, algumas dúvidas nos invadem: devo corrigir todo o texto? como realizar intervenções para que ocomo realizar intervenções para que o aluno, realmente, faça uma análise de sua produção e aprenda aspectos essenciais de uma produção escrita? A correção do professor Esse é o momento em que realiza seus registros acerca daquilo que observa como uma constante nos textos; ou seja, sua análise sobre as produções redigidas pelos alunos deve ser norteada pelas seguintes questões:questões: Quais são as dificuldades que mais aparecem nos textos? Quais os recursos estudados que, de um modo geral, não têm sido utilizados por eles? O que será preciso resgatar e em que é possível avançar? Uma escolha significativa É importante que o professor considere a seleção de uma das produções de seus alunos para discutir com a classe. O anonimato do aluno pode ser garantido com acordos estabelecidos. Essa produção deve ser representativa das dificuldades apresentadas pelo grupo. Por que a revisão de apenas um trecho de um único texto? Em primeiro lugar, porque se, a cada vez que os alunos produzirem um texto, nós, professores, solicitarmos que eles o refaçam por inteiro, estaremos indiretamente fazendo com que eles reduzam a quantidade produzida parareduzam a quantidade produzida para que, no caso de terem que revisá-la, não tenham muito trabalho. Em segundo lugar, porque, na maioria das vezes, as dificuldades apresentadas por um aluno se repetem para outros epor um aluno se repetem para outros e costumam aparecer em diferentes produções; sendo assim, trabalhar coletivamente contribuirá para a aprendizagem de todos. Por que a revisão de apenas um trecho de um único texto? Em terceiro lugar, porque essa é uma forma de conseguirmos tempo suficiente para uma análise realmente aprofundada da produção escrita, sem exceder o tempo de concentração e atenção dos alunos o que tornaria a atividade muitoalunos, o que tornaria a atividade muito cansativa e, portanto, improdutiva. A prática de revisão textual Uma prática constante de revisão coletiva de textos fará com que os alunos se tornem produtores reflexivos, exigentes e coerentes. O próprio processo de discussão coletiva fará com que desenvolvam o respeito pela opinião do colega, que compreendam a necessidade de esperar a vez de falar, que aceitem sugestões, que percebam o erro como constituinte do processo de aprendizagem e nãodo processo de aprendizagem e não como algo vexatório, enfim, que desenvolvam comportamentos e atitudes indispensáveis para o convívio social. Interatividade Quando ao aluno é solicitada a produção de um texto e verifica-se a necessidade de reformulação em muitos de seus aspectos, recomenda-se a seleção de apenas um deles porque: a) deve-se facilitar a escrita para o aluno. b) é preciso focalizar um aspecto por vez. c) considera-se só o mais importante. d) não se deve interferir na produção do alunoaluno. e) nota-se que este é um procedimento muito complexo. Uma reflexão para terminar Não podemos perder de vista que, dentre outras, a finalidade da educação é “permitir a todos, sem exceção, a frutificação de seus talentos e de suas capacidades de criação...” (Informe da UNESCO presidido por J.Delors – 1996) ATÉ A PRÓXIMA! sld_1 sld_2 sld_3
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