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morfologia vegetal

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Paulo Samuel Mugare 
 
 
 
 
 
 
 
Morfologia vegetal 
 
 
Botânica Geral 
 
Licenciatura em Ensino de Biologia com habilitações em Química 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Púnguè 
Tete, Novembro, 2020 
 
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Paulo Samuel Mugare 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Morfologia vegetal 
 
 
Licenciatura em Ensino de Biologia com habilitações em Química 
 
 
 
 
Trabalho a ser entregue no 
Departamento de Ciências Naturais 
e Matemática, como critério de 
avaliação para a cadeira de Botânica 
Geral, orientado por: Msc. Osmane 
Adrimo Ussene 
 
 
 
 
 
 
Universidade Púnguè 
Tete, Novembro, 2020 
 
iii 
 
Índice 
1. Introdução............................................................................................................................ 6 
2. Objetivos ............................................................................................................................. 6 
2.1. Objetivo geral .............................................................................................................. 6 
2.2. Objetivos específicos ................................................................................................... 6 
3. MORFOLOGIA VEGETAL ............................................................................................... 7 
3.1. Morfologia externa da raiz do caule ............................................................................ 7 
3.1.1. Estrutura básica e desenvolvimento da raiz .......................................................... 7 
4. Morfologia externa da raiz .................................................................................................. 7 
4.1. Quanto à origem ........................................................................................................... 8 
5. Morfologia externa do caule ............................................................................................... 9 
5.1. Quanto ao grau de desenvolvimento do caule ........................................................... 11 
5.2. Quanto à consistência ................................................................................................ 11 
6. Morfologia externa da folha e da flor ................................................................................ 12 
6.1. Morfologia externa da folha terminologia básica ...................................................... 12 
6.2. Constituição básica e nomenclatura da folha ............................................................. 12 
6.2.1. Estudo da lâmina ................................................................................................ 14 
6.2.2. Tamanho da lâmina ............................................................................................ 18 
7. Morfologia externa da flor a flor das angiospermas ......................................................... 18 
7.1. Bráctea e bractéola ..................................................................................................... 20 
7.1.1. Quanto à cor........................................................................................................ 22 
7.1.2. Tipos de corola ................................................................................................... 25 
8. Morfologia externa do fruto e semente ............................................................................. 28 
8.1. Origem do fruto ......................................................................................................... 28 
8.2. Fruto múltiplo ............................................................................................................ 29 
8.3. Fruto simples .............................................................................................................. 29 
8.3.1. Folículo ............................................................................................................... 30 
iv 
 
8.3.2. Legume ............................................................................................................... 30 
8.3.3. Legume samaróide .............................................................................................. 31 
8.3.4. Criptossâmara ..................................................................................................... 31 
8.3.5. Criptolomento ..................................................................................................... 31 
8.3.6. Sacelo ................................................................................................................. 31 
8.3.7. Lomento drupáceo .............................................................................................. 32 
8.3.8. Legume bacóide .................................................................................................. 32 
8.3.9. Legume nucóide ................................................................................................. 32 
8.3.10. Cápsula septicida ............................................................................................ 32 
8.4. Cápsula loculicida ...................................................................................................... 33 
8.4.1. Cápsula loculicida propriamente dita ................................................................. 33 
8.4.2. Cápsula rimosa ................................................................................................... 33 
8.4.3. Cápsula rúptil ...................................................................................................... 33 
8.4.4. Cápsula folicular ................................................................................................. 34 
8.4.5. Cápsula ringente ................................................................................................. 34 
8.4.6. Cápsula circundante ............................................................................................ 34 
8.4.7. Bertolonídio ........................................................................................................ 34 
8.4.8. Cápsula tubulosa ................................................................................................. 35 
8.4.9. Cápsula rompente ............................................................................................... 35 
8.4.10. Velatídio .......................................................................................................... 35 
8.4.11. Cápsula lobada ................................................................................................ 35 
8.4.12. Cápsula dentada .............................................................................................. 35 
8.4.13. Cápsula septífraga ........................................................................................... 36 
8.4.14. Síliqua e silícola .............................................................................................. 36 
8.4.15. Cápsula poricida ............................................................................................. 36 
8.4.16. Cápsula circuncisa ou pixídio ......................................................................... 36 
8.4.17. Cerastium ........................................................................................................ 37 
v 
 
9. Esquizocarpáceo ................................................................................................................ 37 
9.1. Microbasarium ........................................................................................................... 37 
9.2. Regmídio .................................................................................................................... 37 
9.3. Samarídio ................................................................................................................... 38 
9.4. Cocas ou mericarpos ..................................................................................................38 
9.5. Lomento ..................................................................................................................... 38 
9.6. Craspédio ................................................................................................................... 39 
9.7. Carcerulídio ............................................................................................................... 39 
10. Nucóide .......................................................................................................................... 39 
10.1. Sâmara .................................................................................................................... 39 
10.2. Betulídio ................................................................................................................. 39 
10.3. Aqüênio .................................................................................................................. 40 
10.4. Núcula .................................................................................................................... 40 
11. Morfologia da semente .................................................................................................. 40 
12. Conclusão ...................................................................................................................... 42 
13. Bibliografia .................................................................................................................... 43 
 
6 
 
1. Introdução 
A raiz é o órgão da planta que tipicamente se encontra abaixo da superfície do solo. Tem duas 
funções principais: fixação e sustentação da planta ao solo e absorção, condução e reserva de 
água, nutrientes (Açúcares) e substâncias minerais (Potássio, fósforo). 
Algumas vezes, atua também na aeração da planta. Para fixar e sustentar a planta ao solo, a 
raiz desenvolve-se numa série de ramificações ou feixes em um conjunto chamado de sistema 
radicular. 
As raízes são estruturas geralmente aclorofiladas e subterrâneas (geotropismo positivo), não 
segmentadas em nós e entrenós, desprovidas de folhas e gemas, com uma organização 
aparentemente bastante simples, ou seja, apresentando uma coifa ou caliptra, uma espécie de 
capuz de células estratificadas, que protege o ápice meristemático e confere resistência ao 
solo durante o crescimento da raiz. Folhas são originadas a partir de meristemas, tecidos 
caracterizados pela constante divisão de suas células e que resultam no crescimento da planta. 
O meristema apical é responsável pela adição de células, que irão promover o crescimento 
longitudinal do caule, sendo protegido por folhas jovens, que se dobram sobre ele (o 
meristema). O caule possui duas funções principais. A primeira está associada ao suporte das 
folhas, flores e frutos, além de diversos outros acessórios vegetativos. A segunda está 
relacionada à condução de substâncias nutritivas ou de reserva, tanto aquelas produzidas pelas 
folhas e distribuídas para sítios específicos do vegetal quanto aquelas extraídas do solo, tais 
como água e nutrientes minerais e transportadas da raiz para as folhas. 
2. Objetivos 
2.1. Objetivo geral 
 Conceituar os principais termos morfológicos. 
2.2. Objetivos específicos 
 Reconhecer os principais termos morfológicos da raiz e do caule, folha, flor e 
cemente. 
 Reconhecer seus principais termos morfológicos 
7 
 
3. MORFOLOGIA VEGETAL 
3.1. Morfologia externa da raiz do caule 
3.1.1. Estrutura básica e desenvolvimento da raiz 
 A primeira estrutura a emergir da semente em germinação é a raiz, fundamental para a 
plântula fixar-se no solo e dele extrair a água e os nutrientes necessários para continuar seu 
crescimento e desenvolvimento. Nesta condição, a raiz possui duas funções iniciais: fixação e 
absorção. Outras duas funções, associadas a estas, são condução e armazenamento. 
Raízes com função de armazenamento são aquelas que atuam como importantes órgãos de 
reserva e que apresentam um elevado potencial econômico, nutritivo e medicinal, tais como 
cenoura, cará, beterraba, gengibre, ginseng, aipim ou macaxeira, mandioca, batata-doce, nabo, 
rabanete, rábano, araruta e jacatupé. 
A primeira raiz da planta, que se origina do embrião, é chamada de raiz primária. Em todas as 
plantas com semente, exceto nas monocotiledôneas, a raiz primária é chamada de raiz 
pivotante. A raiz pivotante, à medida que cresce para baixo do solo, origina ramificações 
laterais denominadas raízes laterais ou raízes secundárias. 
Nas monocotiledôneas, a raiz primária é curta, e o sistema radicular deste grupo de plantas é 
formado por um conjunto de raízes adventícias, que se originam da base do caule, também 
chamadas de raízes fasciculadas. 
O ápice de uma raiz, seja ela primária ou secundária, pivotante ou fasciculada, é recoberto por 
uma capa de células parenquimáticas, denominada coifa. À medida que a raiz cresce, a coifa é 
empurrada, e sua camada mais superficial vai se descamando. Tanto o ápice da raiz quanto a 
coifa são protegidos por uma bainha mucilaginosa denominada mucigel, que lubrifica a raiz à 
medida que esta avança pelo subsolo. 
4. Morfologia externa da raiz 
As raízes podem ser classificadas quanto à origem e ao habitat, com base na sua diversidade 
de tipos. A classificação abaixo é didática e está de acordo com vidal & vidal (2005). 
8 
 
4.1. Quanto à origem 
 Normais: raízes que se desenvolvem a partir da radícula do embrião da semente, 
dando origem à raiz principal e às raízes secundárias. São subterrâneas ou aquáticas. 
 Adventícias: raízes que não se desenvolvem a partir da radícula do embrião da 
semente nem a partir da raiz principal. São forma- das a partir das porções aéreas da 
planta ou porções do caule subterrâneo. Ex: cinturas, fúlcreas, grampiformes, 
sugadoras. Quanto ao habitat 
Aéreas raízes que se desenvolvem acima do solo e em diferentes partes da planta. Os 
principais tipos são: 
 Cinturas ou estranguladoras, raízes adventícias de plantas epífitas, que envolvem a 
planta hospedeira, estrangulando-a. Ex: cipós. Alguns autores preferem separar as 
raízes do tipo cintura das raízes estranguladoras, visto que estas últimas, de fato, 
causam danos ao vegetal, enquanto as primeiras, como as orquídeas, apenas utilizam o 
vegetal como suporte. 
 Grampiformes ou aderentes, raízes adventícias em forma de grampos e que fixam a 
planta a um suporte, seja ele uma outra planta ou não. Ex: hera. Plantas que 
apresentam esse tipo de raiz são comumente chamadas de trepadeiras. 
 Respiratórias ou pneumatóforos, raízes com geotropismo negativo e que funcionam 
como órgãos de respiração, enviando oxigênio às porções submersas, presentes em 
plantas que vivem em locais alagadiços. Ex: plantas de mangue (laguncularia 
racemosa, xylocarpus). Essas raízes apresentam, externamente, lenticelas (pequenos 
orifícios) em toda a sua extensão, denominadas pneumatódios e, internamente, células 
de a rênquima bem desenvolvidas. 
 Sugadoras ou haustórios, raízes adventícias que se fixam através de estruturas de 
contato chamadas apressórios, em cujo interior surgem raízes finas, chamadas 
haustórios, que penetram na planta hospedeira, absorvendo a seiva. Ex: cuscuta, erva-
de-passarinho. Plantas que apresentam este tipo de raiz são comumente chamadas de 
parasitas. 
 Suportes ou fúlcreas raízes adventícias, que surgem na base do caule, crescem em 
direção ao solo, fixando-se e aprofundando-se, e auxiliam na sustentação da planta. 
Ex: spp. De palmeiras, pândano, milho, plantas de mangue (rizophora mangle). 
Alguns autores tratam, também, como raízes do tipo escora. 
9 
 
 Tabulares ou sapopemas raízes que se desenvolvem perpendicularmente ao caule, 
ampliando a base deste, formando grandes estruturas semelhantes a tábuas. Ex. pau-
de-alho, ficus. Raízes desse tipo conferem maior estabilidade à planta e são 
parcialmente aéreas e parcialmente subterrâneas.Subterrâneas raízes que se desenvolvem no subsolo. 
 Axiais ou pivotantes raízes chamadas principais, bastante desenvolvidas e com 
diversas ramificações (raízes secundárias, pouco desenvolvidas). São as raízes típicas 
das gimnospermas e das dicotiledôneas. 
 Fasciculados feixes de raízes de tamanho e espessura semelhantes. A raiz principal, 
neste caso, é atrofiada. São as raízes típicas das monocotiledôneas. 
 Ramificadas raízes principais, que imediatamente se ramificam em secundárias, estas, 
em terciárias e assim sucessivamente. Ex: dicotiledôneas. 
 Tuberosas raízes dilatadas pela reserva e pelo acúmulo de nutrientes. Podem ser axiais 
tuberosas (Ex: cenoura, beterraba, nabo, rabanete), adventícias tuberosas (ex: dália) ou 
secundárias tuberosas (Ex: batata-doce). 
Aquáticas raízes que se desenvolvem na água. Ex: aguapé 
5. Morfologia externa do caule 
Um caule típico apresenta as seguintes regiões distintas: 
 Nó: região caulinar, e.g. Dilatada, onde se insere uma ou várias folhas; 
 Entrenó: região caulinar entre dois nós, também chamada de meritalo; 
 Gema terminal: região localizada no ápice do caule, formada pelo meristema apical e 
protegida pelos primórdios foliares; 
 Gema lateral: região localizada nas porções laterais do caule, também formada por 
meristemas que dão origem a ramos laterais foliares ou florais. 
Os caules, de acordo com sua diversidade, podem ser classificados quanto ao habitat, à 
ramificação, ao desenvolvimento, à consistência e à forma. 
Assim como a raiz, o caule também pode ser aéreo, subterrâneo ou aquático. 
10 
 
Caules aéreos, por sua vez, podem ser eretos, rastejantes ou trepadores. Caules eretos são 
aqueles que apresentam crescimento quase ou totalmente vertical. É o caule que tipicamente 
caracteriza uma árvore. Os tipos mais comuns são: 
 Tronco: caule lenhoso, resistente, cilíndrico ou cônico e ramificado; caracteriza as 
árvores e os arbustos. 
 Haste: caule liso, típico das plantas herbáceas, fracamente lenhoso e pouco resistente; 
caracteriza as ervas e os subarbustos. 
 Estipe: caule longo, cilíndrico, sem nós e entrenós visíveis, sem ramificações, 
mantendo tão-somente um capitel de folhas largas na extremidade superior; 
caracteriza o caule das palmeiras, como o coqueiro. 
 Colmo: caule silicoso, cilíndrico, connosco e entrenós bem nítidos, podendo ser cheio 
ou oco (fistuloso); caracteriza o caule das gramíneas, como a cana-de-açúcar (caule 
cheio) ou o bambu (caule fistuloso). 
 Escapo: caule não ramificado, que sai de rizomas ou bulbos, muito reduzido ou 
subterrâneo, fazendo com que suas folhas aparentem originar-se diretamente do solo; 
caracteriza as monocotiledôneas ditas ‘acaulescentes’, como as bromélias. 
 Caules rastejantes: são tipos de caules aéreos apoiados e paralelos ao solo, podendo ou 
não apresentar raízes ao longo do seu desenvolvimento. Caracteriza o caule das 
cucurbitaceae, família de plantas eudicotiledôneas de amplo interesse econômico, 
alimentício ou medicinal, como a melancia, melão, abóbora ou jerimum, pepino, 
abobrinha e bucha, dentre outros. 
 Caules trepadores: são tipos de caules aéreos que crescem fixados em suportes e por 
meio de acessórios, como raízes adventícias (hera ou figo-bravo) ou gavinhas (chuchu, 
uva, maracujá ou melão-de-são-caetano). Quando não necessitam de suportes para 
fixação, os caules trepadores são ditos volúveis. 
 Caules subterrâneos: por sua vez, são aqueles que se originam abaixo da superfície do 
solo. Apresentam os seguintes tipos: 
 Rizoma: caule subterrâneo, no todo ou em parte, de crescimento horizontal e que emite folhas 
ou ramificações aéreas, dotado de nós, entrenós, gemas e escamas, podendo, ainda, emitir 
raízes; caracteriza o caule das samambaias e de algumas monocotiledôneas, como a 
bananeira, bambu, espada-de-são-jorge, abacaxi e gengibre, dentre várias outras. 
11 
 
 Tubérculo: caule subterrâneo, globoso ou ovóide, que se enche de substâncias nutritivas de 
reserva, com gemas nas axilas das escamas ou das cicatrizes; caracteriza a batata-inglesa e o 
inhame. 
Com relação ao padrão de ramificação, o caule pode ser monopodial, simpodial ou em 
dicásio. Caule com ramificação monopodial é aquele em que a gema terminal é persistente, ou 
seja, há predomínio do eixo principal sobre os ramos laterais, como nas gimnospermas. Numa 
ramificação simpodial, a gema terminal é de curta duração, substituída por uma lateral, que 
passa a ser a principal e assim sucessivamente. Desse modo, a gema principal atrasa seu 
crescimento, e uma gema lateral, que cresce mais, coloca-se no eixo da planta, deixando para 
o lado a primeira, e assim sucessivamente, como nas árvores em geral. Na ramificação em 
dicásio, as duas gemas laterais do caule principal crescem mais do que a sua gema terminal, 
formando ramos, sendo de- pois duas gemas em cada um desses ramos e assim por diante, 
como nas plantas inferiores. 
5.1. Quanto ao grau de desenvolvimento do caule 
Plantas são caracterizadas como ervas, pouco desenvolvidas e consistentes; subarbustos, com 
até 1 m de altura, e.g. Herbácea, porém, com base lenhosa; arbustos, com tamanho inferior a 3 
m de altura, porém resistente e lenhoso na porção basal e tenro e suculento na porção 
superior; arvoretas, com mesma arquitetura que uma árvore, porém com tamanho inferior; 
árvores, de grande tamanho, superior a 5 m de altura e com alto grau de lenhosidade no tronco 
e ramos e lianas, cipós trepadores com vários metros de comprimento. 
5.2. Quanto à consistência 
O caule pode ser herbáceo, com consistência de erva e sem lenhosidade; sublenhoso, com 
lenhosidade mais evidente na base, sendo tenro e suculento no ápice, como nos subarbustos e 
arbustos e lenhoso, bastante consistente, resistente e com alto grau de lenhosidade, o que 
caracteriza as árvores. 
Considerando a ampla variação morfológica de caules na natureza, alguns morfotipos mais 
comuns podem ser caracterizados, tais como cilíndricos (Ex, palmeiras), cônicos (Ex, 
árvores), comprimidos ou achatados (Ex, cipós, cactos), angulosos (Ex, gramíneas), sulcados 
(Ex, cipós), estriados (Ex, cactos) e bojudos ou barrigudos (Ex, palmeiras e baobás). 
12 
 
6. Morfologia externa da folha e da flor 
6.1. Morfologia externa da folha terminologia básica 
É importante que o aluno iniciante, antes de partir para a classificação propriamente dita das 
folhas, identifique regiões e termos específicos que são comuns aos diversos morfotipos 
foliares. A terminologia básica adotada aqui segue a descrita pelo leafarchitecture working 
group (1999): 
 Admedial: em direção ao centro da lâmina. Ápice, a porção superior da lâmina, 
correspondendo a cerca de 25% da região. 
 Apical (ou distal): em direção ao ápice. 
 Área intercostal: região circundada por duas nervuras (ou venações) costais. 
 Basal (ou proximal): em direção à base. 
 Base: a porção inferior da lâmina, correspondendo a cerca de 25% da região. 
 Côncavo: curvatura em direção ao centro da lâmina ou do dente. 
 Convexo: curvatura em sentido contrário ao centro da lâmina ou do dente. 
 Curso (ou sentido) de nervura (ou venação): trajetória da nervura na lâmina. 
 Exmedial: em direção oposta ao centro da lâmina. 
 Folíolo: estrutura secundária presente numa folha composta. 
 Lâmina (ou limbo): porção plana e expandida de uma folha ou folíolo. 
 Margem: o bordo (ou borda) da lâmina. 
 Nervura (ou venação) central: nervura central e primária da lâmina. 
 Nó: local onde a folha é ou foi inserida no ramo do caule. 
 Pecíolo: o eixo que se insere na base da lâmina e sustenta a folha no caule. 
 Peciólulo: o eixo que sustenta o folíolo na raque, numa folha composta. 
 Raque: o prolongamento do pecíolo de uma folha pinadamente composta na qual os 
folíolos inserem-se. 
 Séssil: a folha ou folíolo ausente de pecíolo ou peciólulo, respectivamente. 
6.2. Constituição básica e nomenclatura da folhaPartindo da inserção no nó do caule, uma folha típica apresenta as seguintes porções: 
 Pecíolo: haste ou eixo inserido na base da lâmina e que sustenta a folha no caule. 
 Lâmina: porção principal e bilateral da folha, geralmente verde, também chamada de 
limbo. 
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Em muitas monocotiledôneas (Ex, comigo-ninguém-pode), a porção basal do pecíolo, e que 
se prende ao caule, é alargada e denominada bainha. Em diversas dicotiledôneas (Ex, 
papoula), na haste basal do pecíolo, desenvolvem-se e projetam-se lateralmente dois 
apêndices laminares denominados estípulas. 
Com base na presença ou ausência destas porções principais ou modificações e acessórios 
particulares, vidal & vidal (2005) descreveram alguns tipos e comportamentos observados nas 
folhas. Os autores denominaram de folha incompleta aquela em que falta uma das principais 
porções constituintes, incluindo a bainha e as estípulas. Este termo é relativo, visto que a 
bainha é uma adaptação do pecíolo para melhor se ajustar ao caule assim como as estípulas 
são acessórios extras de proteção das gemas foliares, o que não significa que uma folha que 
não apresente bainha ou estípulas seja, necessariamente, uma folha incompleta. 
A presença ou ausência de pecíolo denomina uma folha peciolada ou folha séssil, 
respectivamente. 
Uma folha séssil, por sua vez, pode ser amplexicaule, quando a base da lâmina abraça o caule; 
perfoliolada, quando as duas metades da base do limbo circundam o caule e soldam-se entre 
si; ou adunada, quando duas folhas sésseis, opostas uma à outra, soldam-se por suas bases. 
Em folhas pecioladas, o pecíolo pode assumir algumas configurações. Assim, um filódio é um 
pecíolo dilatado e achatado, semelhante à lâmina de uma folha; pecíolo alado é aquele que, 
como na laranja, apresenta expansões laterais e peciólulo, como definido anteriormente, é o 
pecíolo dos folíolos das folhas compostas. Em alguns casos, a base do pecíolo pode apresentar 
um pulvino ou pulvínulo, um espessamento responsável por movimentos (nastias) nas folhas 
(Ex, sensitiva). 
Folhas cuja lâmina é irregularmente perfurada são ditas fenestradas e, se apresentam uma 
bainha extensa e contínua, são ditas invaginantes. Folhas invaginantes, cujas bainhas são 
continuamente e densamente sobrepostas umas às outras, podem dar à planta um aspeto 
falsamente caulinar, conhecido como pseudocaule. 
Em muitos vegetais, como em muitos pinheiros e afins (gimnospermas) ou em jaqueiras 
(angiospermas), as folhas apresentam um comportamento polimórfico denominado heterofilia 
ou anisofilia. 
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6.2.1. Estudo da lâmina 
De acordo com vidal & vidal (2005), a lâmina da folha pode ser caracterizada quanto à face, à 
nervação, à consistência e à superfície. 
6.2.1.1. Quanto à face 
A lâmina apresenta uma superfície superior, também chamada de ventral ou adaxial, 
correspondente à face cujas nervuras são menos salientes, e uma superfície inferior, também 
chamada de dorsal ou abaxial, cor- respondente à face, cujas nervuras são mais salientes. 
6.2.1.2. Quanto à nervação 
As folhas podem ser uni- nérveas, i. é, com uma única nervura (Ex, cica); paralelinérveas, 
com nervuras secundárias paralelas à principal, como nas monocotiledôneas; peninérveas, 
com nervuras secundárias dispostas ao longo da principal, como nas dicotiledôneas; 
palminérveas, com nervuras divergindo em várias direções, porém originadas em um único 
ponto (Ex, mamoeiro); curvinérveas, com curvas secundárias paralelas em relação à principal 
(Ex, plantago) e peltinérveas, cujas nervuras, nas folhas peltadas, irradiam a partir do pecíolo, 
como na mamoneira. 
6.2.1.3. Quanto à consistência 
A lâmina pode ser carnosa ou suculenta, quando possui suculência a partir de reservas de água 
(Ex, saião); coriácea, cuja textura assemelha-se a couro (Ex, abacateiro); herbácea, com 
consistência de erva (Ex, bredo) e membranácea, cuja consistência é flexível. 
Finalmente, quanto à superfície, a lâmina pode ser glabra, ou seja, desprovida de indumento 
(pêlos); pilosa, ou seja, provida de indumento (pêlos); lisa, com textura não acidental; e 
rugosa, cuja textura assemelha-se a rugas. 
As lâminas também podem ser descritas com relação à sua forma, cujos termos são 
combinações de raízes e sufixos gregos e latinos. Os seguintes morfotipos laminares são 
conceituados no parágrafo seguinte. Para uma melhor compreensão e aprendizado, a origem 
dos termos, também, é detalhada. 
 Acicular: em forma de agulha, fina e pontiaguda (Ex, araucária). 
15 
 
 Cordiforme: em forma de coração, cuja base é larga, reentrante e com margens 
arredondadas. 
 Deltóide: em forma de delta, também conhecida como triangular (Ex, cardeal). 
 Elíptica: em forma de elipse, cujo comprimento é duas vezes maior que a largura (Ex, 
figo-de-jardim). 
 Ensiforme: em forma de espada (ou espatiforme), longa, com margens paralelas e 
afiladas (Ex, espada-de-são-jorge). 
 Escamiforme: em forma de escama (Ex, cipreste). 
 Espatulada: em for- ma de espátula, de base estreita e ápice mais largo (Ex, jasmim). 
 Falciforme: o mesmo que falcada, em forma de lâmina de foice, encurvada (Ex, 
eucalipto). 
 Hastada: em forma de seta, de ponta de flecha, com lobos da base laminar voltados 
para o lado (Ex, mikania). 
 Lanceolada: um dos tipos mais comuns de lâmina foliar, em forma de lança, mais 
larga entre a base e o meio e gradualmente estreitando-se em direção ao ápice (Ex, 
mangueira). 
 Linear: semelhante à lâmina ensiforme devido às margens paralelas ou quase, porém 
bem mais estreita e comprida, sendo o comprimento bem superior à largura. 
 Oblonga: semelhante à lâmina elíptica, porém mais longa que larga, com base e ápice 
obtusos, margens paralelas ou quase e comprimento 3-4 maior que a largura (Ex, 
vinca). 
 Obovada: semelhante a um “ovo ao contrário”, com ápice larga e arredondada e base 
estreitada e aguda (Ex, buxo). 
 Orbicular: em forma mais ou menos circular (Ex, cabomba). 
 Ovada: em forma de ovo, oval, com base larga, arredondada a levemente reentrante e 
ápice estreitado e agudo (Ex, papoula). 
 Peltada: em forma de escudo (ou escutiforme), cujo pecíolo encontra-se inserido na 
face dorsal da lâmina (Ex, cabomba). 
 Reniforme: em forma de rim (nefróide), cuja lâmina é mais larga que longa (Ex, 
centela). 
 Sagitada: em forma de seta, aquela cuja lâmina assemelha-se à ponta de uma flecha, 
porém diferente de hastada, com os lobos voltados para baixo (Ex, comigo-ninguém-
pode). 
16 
 
 Subulada: em forma de ou semelhante à sovela, estreitando-se para o ápice e 
terminando em ponta fina (Ex, cebola). 
Em muitos casos, a margem da lâmina é um caráter determinante e associativo na descrição 
de um táxon. Com relação à margem da lâmina, os seguintes tipos podem ser descritos: 
 Aculeada: provida de acúleo, com pontas rígidas e agudas. 
 Crenada: provida de recortes pequenos e sucessivos, regulares ou não, em arcos de 
círculo. 
 Denteada: provida de dentes, regulares ou não e não inclinados. 
 Fendida: provida de fendas ou de cortes que chegam próximo ou até a metade do 
semilimbo, nas folhas peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no 
padrão de nervuras, as lâminas deste tipo podem ser pinatifendidas ou 
palmatifendidas. 
 Inteira: provida de margem lisa, sem deformações ou divisões. 
 Lobada: provida de lobos mais ou menos arredondados e inferiores à metade do 
semilimbo, nas folhas peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no 
padrão de nervuras, as lâminas desde tipo podem ser pinatilobadas ou palmatilobadas. 
 Ondulada: provida de ondulações, ondeada. 
 Partida: provida de partes ou de cortes além da metade do semilimbo, nas folhas 
peninérveas, ou do limbo, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, 
as lâminas deste tipo podem ser pinatipartidas ou palmatipartidas. 
 Sectada: provida de cortes que alcançam a nervura mediana, nas folhaspeninérveas, 
ou a base das nervuras, nas folhas palminérveas; com base no padrão de nervuras, as 
lâminas deste tipo podem ser pinatisectas ou palmatisectas. 
 Serreada: provida de dentes semelhantes à serra, inclinados para o ápice, serrada. 
 Serrilhada: provida de dentes diminutos. 
Assim como a margem, o ápice da lâmina também possui caracteres particulares. Os 
principais são definidos a seguir. 
 Acuminado: ápice gradualmente estreitado e terminado em ponta, pontiagudo. 
 Agudo: ápice termina- do em ponta aguda, em ângulo agudo, menor que 90º; difere de 
acuminado, por não ser gradualmente estreitado. 
 Cuspidado: ápice repentinamente termina- do em ponta fina. 
 Emarginado: ápice provido de uma pequena chanfradura ou reentrância. 
17 
 
 Mucronado: ápice provido de mucro, ponta dura e curta; quando o mucro é bem 
reduzido, o ápice é dito mucronulado. 
 Obtuso: ápice terminado em ângulo obtuso, rombo, arredondado. 
 Retuso: ápice truncado e ligeiramente emarginado, algumas vezes com apículo central. 
 Truncado: ápice que termina por segmento de reta. 
6.2.1.4. Quanto à base 
Caráter laminar associativo igualmente importante na descrição de um táxon, os tipos mais 
comuns podem ser descritos: 
 Acuneada: base em forma de cunha, com bordos retos e convergentes; outros 
sinônimos são empregados, como acunheada, cuneada ou cuneiforme. 
 Atenuada: base semelhante à acuneada, porém gradualmente mais estreitada, 
diminuída, enfraquecida. 
 Auriculada: base provida de apêndice ou pequeno lobo, semelhante à orelha. 
 Cordada: base reentrante, com lobos arredondados. 
 Hastada: base reentrante, porém com lobos agudos e voltados para o lado. 
 Oblíqua: base cujos la- dos formam ângulos adjacentes desiguais. 
 Obtusa: base arredonda- da, terminando em ângulo obtuso. 
 Reniforme: base em forma de rim (nefróide), com lobos largos e arredondados. 
 Sagitada: base reentrante cujos lobos direcionam-se para baixo. 
 Truncada: base que termina por segmento de reta. 
A lâmina foliar também é caracterizada quanto à divisão do limbo. Desta forma, uma folha 
pode ser simples, quando lâmina é única, ou seja, não dividida em folíolos, ou composta, 
quando a lâmina é dividida em folíolos. Neste caso, as folhas compostas podem ser 
unifolioladas, bifolioladas ou trifolioladas, quando apresentam um, dois ou três folíolos, 
respetivamente. 
Acima de três folíolos, a lâmina é classificada de acordo com o padrão de nervação, podendo 
ser pinada ou palmada. Numa folha pinada (ou penada), os folíolos estão inseridos lado a lado 
e em toda a extensão da raque; se o ápice termina em um par de folíolos, a folha é paripinada 
e, se termina em apenas um folíolo, a folha é imparipinada. 
18 
 
Folhas compostas ainda podem ser bipinadas (2-pinadas), tripinadas (3-pinadas) ou 4-pinadas. 
Numa folha palmada (ou digitada), os folíolos estão inseridos no ápice do pecíolo principal ou 
da raque. 
As folhas podem ser classificadas de acordo com sua filotaxia, ou seja, de acordo com a sua 
ordem ou disposição no caule. Apresentam uma filotaxia alterna, quando estão inseridas 
isoladas e alternadas em cada nó; oposta, quando há duas folhas em cada nó e dispostas em 
oposição recíproca; verticilada, quando três ou mais folhas inserem-se em cada nó, formando 
um verticilo; rosulada (ou em roseta), quando inúmeras folhas, demasiadamente próximas, 
estão inseridas na base ou ápice do caule, este com entrenós muito curtos, conferindo um 
aspeto de rosa; geminada, com um par de folhas em cada nó e num mesmo ponto e 
fasciculada, com três ou mais folhas num mesmo nó, resultando em um feixe. 
6.2.2. Tamanho da lâmina 
Segundo o leaf architecture working group (1999), o tamanho da lâmina foliar é determinado 
pela medição da área da folha. 
7. Morfologia externa da flor a flor das angiospermas 
O ciclo de vida das angiospermas é formado por duas gerações heteromórficas, diferentes: 
uma, a geração gametofítica ou fase haplóide (n), alternada com outra, a geração esporofítica 
ou fase diplóide (2n). O gametófito ou a planta propriamente dita corresponde à fase mais 
duradoura do ciclo, enquanto que o esporófito, ou seja, a flor, compreende a fase mais curta 
do ciclo e completamente de- pendente do gametófito. 
A flor é um conjunto de folhas profundas e progressivamente modificadas, transformadas em 
peças florais que, em conjunto, formam os verticilos de proteção (sépalas e pétalas) e 
reprodução (estames e carpelos) do órgão. A flor é um componente exclusivo e a única 
responsável pela reprodução sexuada das plantas superiores ou fanerógamas (gimnospermas e 
angiospermas). Nas gimnospermas (pinheiros e afins), a flor é formada por uma série de peças 
secas, com determinações particulares (não tratadas aqui), mas que, em conjunto, recebem o 
nome de estróbilo ou cone. 
Nas angiospermas, a flor assume uma diversidade de formas e tamanhos, cores e aromas, 
além de uma considerável variação no número e disposição das suas peças florais, atraindo 
19 
 
insetos e outros agentes visitantes e polinizadores. Essa personalidade floral é a principal 
resposta das angiospermas, dado o sucesso 
Evolutivo e que permitiu despontar como o grupo mais diversificado do reino das plantas, 
com, pelo menos, 250 mil espécies em todo o mundo. 
Partindo do nó caulinar ou do ramo da inflorescência, a flor apresenta as seguintes partes 
constituintes: 
 Pedúnculo (na flor solitária, não inserida numa inflorescência) e pedicelo (na flor 
inserida numa inflorescência); 
 Brácteas; 
 Bractéolas (muitas vezes com denominações específicas, de acordo com o grupo 
vegetal estudado); 
 Receptáculo; e 
 Verticilos florais. Todas as partes são detalhadas no parágrafo seguinte. Pedúnculo e 
pedicelo 
Pedúnculo e pedicelo são o eixo ou a haste de sustentação da flor. A diferença na aplicação 
desses nomes é que o pedúnculo se refere à haste que sustenta uma flor solitária, ou seja, sem 
que essa esteja reunida numa inflorescência. O pedúnculo origina-se a partir das gemas florais 
na axila ou ápice do caule, através da multiplicação sucessiva de células do meristema. 
Já o pedicelo corresponde à haste, que sustenta a flor inserida num agrupamento mais 
elaborado, denominada inflorescência. Alguns estudiosos referem-se à base do eixo floral da 
inflorescência, onde estão reunidas as flores, como pedúnculo primário, sendo os pedúnculos 
secundários os pedicelos propriamente ditos das flores distribuídas ao longo desse eixo floral. 
O pedicelo também origina-se a partir de gemas florais, que nascem ao longo do eixo. 
A presença ou ausência de pedúnculo e pedicelo, assim como uma série de caracteres 
morfológicos e anatômicos a eles relacionados, tais como tamanho, espessura, ornamentações 
(tricomas, acúleos, etc.) 
E disposição de feixes, podem proporcionar uma importante fonte de atributos a serem usados 
na sistemática. Em geral, uma flor que apresenta pedúnculo ou pedicelo é denominada flor 
pedunculada ou flor pedicelada. Por outro lado, uma flor sem esse atributo é chamada de flor 
20 
 
séssil (alguns autores aplicam o termo flor subséssil para aquela que possui pedúnculo ou 
pedicelo inconspícuo, ou seja, pouco evidente). 
7.1. Bráctea e bractéola 
Bráctea e bractéola são acessórios florais inseridos em regiões distintas do pedúnculo e 
pedicelo. São folhas modificadas, geralmente reduzidas, com formato, dimensão e coloração 
diferenciados e variáveis, que, muitas vezes, envolvem e protegem a flor. 
As brácteas, quando presentes na flor, encontram-se inseridas na base do pedúnculo. Surgem 
a partir da diferenciação de células marginais do meristema, na gema floral e são também 
denominadas hipsofilos. Atuam na proteção do botão floral, desde os primórdios do seu 
desenvolvimento, além de outras funções. Em muitas espécies, Ex, as brácteas tornam-se 
especialmente modificadas, adquirindo tamanhos vistosos e colorações atraentes,substituindo 
o papel das flores na atração de polinizadores. 
Em muitos grupos vegetais, as brácteas são tão especialmente modificadas que possuem 
denominações mais apropriadas. Os principais tipos de brácteas são as brácteas periclinais ou 
periclínios, calículo ou epicálice, cúpula, espata, glumas e invólucro. 
As brácteas periclinais ou periclínios, de aspeto petalóide, circundam as inflorescências 
capituliformes (tratadas mais adiante) das compostas, a exemplo da margarida e do girassol. O 
calículo, também chamado de epicálice, é formado por um conjunto de brácteas de aspeto 
foliar e que circundam a base do cálice, a exemplo da papoula e do algodão. A cúpula é um 
conjunto de pequenas brácteas endurecidas, que persistem na base de alguns frutos, como no 
carvalho. 
A espata, bráctea desenvolvida e volumosa, protege completamente as inflorescências das 
palmeiras, helicônias, antúrios e outras monocotiledôneas. As glumas são minúsculas brácteas 
que recobrem as espiguetas das gramíneas, dispostas aos pares, e uma em oposição à outra, 
geralmente naviculares. Finalmente, o invólucro é um conjunto de brácteas foliares, 
geralmente coloridas e vistosas, que se inserem na base da flor ou da inflorescência, como nas 
bouganvíleas. 
As bractéolas, quando presentes na flor, muitas vezes, apresentam a mesma morfologia e 
coloração das brácteas, à exceção, logicamente, do seu tamanho reduzido. Encontram-se 
inseridas no pedicelo e possivelmente têm a mesma origem meristemática das brácteas. 
21 
 
Geralmente há duas bractéolas nas dicotiledôneas, em oposição às monocotiledôneas, nas 
quais há apenas uma. 
A presença de brácteas ou bractéolas designa uma flor bracteada ou flor bracteolada assim 
como a ausência destes atributos nos grupos taxonômicos, em que estas estruturas são 
comuns, designa uma flor abracteada ou abracteolada. Assim, brácteas e bractéolas são ditas 
férteis, quando existem flores inseridas ou estéreis, quando vazias. Receptáculo 
O receptáculo é a porção superior do pedúnculo e do pedicelo, na qual estão implantados os 
verticilos de proteção e reprodução da flor. Pode ser reduzido ou alargado e, muitas vezes, é 
intumescido, principalmente nas flores de ovário ínfero. 
Além de sustentar os verticilos e proteger o ovário, em casos mais particulares, o receptáculo 
pode auxiliar na formação do pomídio, um tipo especial de fruto tratado mais adiante. 
Verticilos florais 
Verticilos florais são conjuntos ou séries de apêndices inseridos sobre o receptáculo e que 
atuam na composição da flor. Compreendem os apêndices mais periféricos, ditos externos ou 
protetores, denominados cálice e corola. 
A soma destes verticilos, desde que diferenciados entre si, constitui o perianto da flor. Além 
destes, fazem parte dos verticilos os apêndices mais centrais, ditos internos ou reprodutores, 
denominados androceu e gineceu. 
Quando diferenciada em cálice e corola, o perianto, nome designado ao conjunto, pode ser 
classificado de acordo com o número dos seus verticilos protetores e sua homogeneidade. 
Com base no número dos verticilos, a flor pode ser 
 Aperiantada ou aclamídea, i.é., destituída de perianto, sem os verticilos protetores; 
 Monoperiantada, monoclamídea ou haploclamídea, i. É., com apenas um dos dois 
verticilos protetores; e 
 Diperiantada, diclamídea ou diploclamídea, i.é., com os dois verticilos protetores. 
Com base na homogeneidade do perianto, uma flor pode ser 
 Homoclamídea, com sépalas e pétalas indistintas, semelhantes na forma, dimensão, 
número e coloração, como nas monocotiledôneas; ou 
22 
 
 Heteroclamídea, com sépalas e pétalas diferenciadas entre si, como na maioria das 
dicotiledôneas. 
O perianto, quando homoclamídeo, ou seja, quando seus verticilos protetores são 
indiferenciados, é denominado perigônio, e o seu conjunto, então, chamado tépalas (i.é., 
sépalas + pétalas). 
As flores podem ser designadas de acordo com a disposição dos seus verticilos. Dessa forma, 
uma flor cíclica compreende aquela em que seus verticilos encontram-se dispostos em 
círculos concêntricos (homocêntricos) no receptáculo, como na maioria das angiospermas 
mais evoluídas. Uma flor acíclica ou espiralada compreende aquela em que seus verticilos 
dispõem-se em espiral, em torno do receptáculo, como nas gimnospermas ou em grupos mais 
primitivos de angiospermas, como nas magnólias (magnolia spp., magnoliaceae) ou ninféias 
(nymphaea spp., nymphaeaceae). 
Todas as peças, que compõem os verticilos da flor, são detalhadas no parágrafo a seguir. 
Cálice 
O cálice compreende o verticilo mais externo ou periférico de proteção da flor. É formado por 
pequenas peças, geralmente verdes, individualmente denominadas sépalas. Assim, o cálice, 
basicamente, pode ser definido como o conjunto de sépalas. As sépalas, juntamente com as 
pétalas, tratadas mais adiante, formam as séries de apêndices protetores e estéreis da flor. 
Assim como a corola, o cálice apresenta um leque de atributos extremamente importantes na 
sistemática com relação à disposição das suas sépalas. De acordo com o grupo taxonômico 
estudado, as sépalas recebem, inclusive, denominações mais específicas. Nas bromélias 
(bromeliaceae), Ex, termos, como sépalas aladas, sépalas auriculadas ou sépalas carenadas, 
são frequentemente usados e podem, inclusive, ser úteis para definir uma nova espécie. 
De um modo mais geral, o cálice pode ser classificado de acordo com a coloração, com 
relação ao número e à soldadura das sépalas, duração e simetria. 
7.1.1. Quanto à cor 
O cálice é geralmente verde e pouco atrativo, exceto em casos em que as sépalas adquirem a 
mesma coloração das pétalas nas flores perigoniadas. Nesta situação, o cálice é denominado 
23 
 
petalóide ou com sépalas petalóides, como em algumas plantas mo- nocotiledôneas, Ex, nos 
curcúligos (curculigo spp., hypoxidaceae) e lírios (liliaceae s.l.). 
Com relação ao grau de soldadura das sépalas, o cálice pode ser 
 Gamossépalo, sinsépalo ou monossépalo, quando as sépalas estão soldadas entre si, 
em maior ou menor grau e 
 Dialissépalo, corisépalo ou polissépalo, quando as sépalas estão livres e isoladas. 
Um cálice pode ter desde zero, na flor aperiantada ou monoperiantada, a muitas sépalas. 
Assim, quanto ao número de sépalas, o cálice pode ser 
 Trímero, com sépalas em número de três ou de seus múltiplos, como nas 
monocotiledôneas; 
 Tetrâmero, com sépalas em número de quatro ou de seus múltiplos e 
 Pentâmero, com sépalas em número de cinco ou de seus múltiplos. 
Sépalas tetrâmeras e pentâmeras ocorrem nas dicotiledôneas. 
O cálice também pode ser classificado quanto à sua duração, podendo ser: 
 Caduco; 
 Decíduo; 
 Persistente; 
 Marcescente; e 
 Acrescente. 
O cálice é dito caduco quando suas sépalas caem antes da fecundação da flor. Após a 
fecundação, quando a que da acompanha a da corola, o cálice é dito decíduo, como na 
mostarda. Em situação inversa, é dito persistente, permanecendo, inclusive, no fruto, como na 
laranja ou no limão (citrus spp., rutaceae). Quando persiste até a formação do fruto, mas 
murcha, mesmo sem cair, é dito marcescente, como no tomate (lycopersicum spp., 
solanaceae) ou no caqui. Enfim, se é persistente e desenvolve-se juntamente com o fruto, o 
cálice é dito acrescente, como no balãozinho (physalis angulata, solanaceae). 
Um cálice pode ter desde um a vários planos de simetria, condição esta que permite classifica-
lo em: 
24 
 
 Actinomorfo ou radial, i.é., com vários planos de simetria, como em muitas 
angiospermas; 
 Zigomorfo ou bilateral, i.é., com um só plano de simetria, como nas leguminosas 
(leguminosae-faboideae) e 
 Assimétrico, i.é, sem plano de simetria. Corola 
A corola compreende o verticilo externo de proteção da flor imediatamente posterior ao 
cálice. É formado por peças imensamente variadas em forma, dimensão e coloração, 
individualmente denominadas pétalas.Assim, a corola, basicamente, pode ser definida como 
o conjunto de pétalas que, juntamente com as sépalas, formam as séries de apêndices 
protetores e estéreis da flor. 
Pela sua gama de variações, a corola possui inúmeros atributos especialmente importantes na 
sistemática das plantas, de acordo com a disposição das suas pétalas. 
De um modo mais geral, a corola pode ser classificada quanto à cor, ao número e à soldadura 
das pétalas, à duração, à simetria e aos tipos. 
Diferente das sépalas, a coloração das pétalas tem um papel importante na polinização da flor, 
servindo de atrativo para diversos animais. O sucesso desta relação planta/animal pode ser 
atestado pela grande diversidade de membros de angiospermas que, com cerca de 250 mil 
espécies, é o maior e mais difundido grupo do reino das plantas. Quando verde e semelhante 
às sépalas, a pétala é denominada sepalóide (há casos em que pétalas esverdeadas não são 
sepalóides!). 
Assim como o cálice, a corola também pode ser definido quanto à soldadura das pétalas, 
podendo ser 
 Gamopétala, simpétala ou monopétala, quando as pétalas, em maior ou menor grau, 
estão soldadas entre si, como na trombeta (datura spp., solanaceae) ou 
 Dialipétala, coripétala ou polipétala, quando as pétalas estão livres entre si, como na 
papoula (hibiscus spp., malvaceae). 
A corola também pode ser classificada quanto ao número de pétalas, sendo os tipos mais 
comuns a corola 
 Trímera, com pétalas em número de três ou de seus múltiplos, como nas 
monocotiledôneas; 
25 
 
 Tetrâmera, com pétalas em número de quatro ou de seus múltiplos, como na couve 
(brassica oleracea l., brassicaceae) e 
 Pentâmera, cujas pétalas estão em número de cinco ou de seus múltiplos, como na 
jurubeba (solanum spp., solanaceae). 
Quanto à duração, a corola pode ser 
 Caduca, quando as pétalas caem antes da fecundação da flor ou 
 Marcescente, mais rara, quando as pétalas permanecem, mesmo que murchas, até o 
desenvolvimento do fruto. 
Semelhante ao cálice, a corola também pode ser definida pela sua simetria, podendo ser 
 Actinomorfa ou radial, como na rosa (rosa spp., rosaceae; 
 Zigomorfa ou bilateral, como nas leguminosas (leguminosae-faboideae) e 
 Assimétrica, como da flor-de-defunto (canna spp., cannaceae). 
Com relação à morfologia geral, as pétalas apresentam 
 Limbo, porção geralmente livre e dilatada, dotada de nervuras evidentes ou 
inconspícuas e de diversos formatos e 
 Unha ou unguícula, porção estreitada e implantada no receptáculo, muitas vezes, 
maculada, ou seja, com coloração diferenciada do limbo e, muitas vezes, atuando 
como guia de nectário. 
7.1.2. Tipos de corola 
De acordo com vidal & vidal (2005), os principais tipos descritos são os seguintes: 
dialipétalas e actinomorfas 
 Cravinosa: corola em forma de cravo ou de cravina, com cinco pétalas de unha longa e 
lobo lacinulado, ou seja, leve e irregularmente recortado. 
 Cruciforme: corola com pétalas opostas duas a duas e dispostas em cruz. 
 Rosácea: corola com ornamentação sob forma de rosa, com cinco pétalas de unha 
curta e lobo arredondado. Dialipétalas e zigomorfas 
 Orquidiforme: corola com três pétalas, sendo duas laterais e uma mediana, 
denominada labelo. 
26 
 
 Papilionada: corola provida de cinco pétalas desiguais, sendo uma superior, a maior, 
chamada estandarte ou vexilo, duas menores laterais, denominadas alas e duas 
inferiores, mais interna, denominadas carenas. 
7.1.2.1. Gamopétalas e actinomorfas 
Campanulada: corola cujas pétalas formam um sino, com tubo alargando-se rapidamente na 
base. 
 Hipocrateriforme: corola de tubo comprido, porém se alargando rapidamente na 
porção superior e projetando um limbo plano. 
 Infundibuliforme: corola com aspeto de funil, afunilada. 
 Rodada: corola com tubo curto e limbo plano e circular. 
 Tubulosa: corola cujas pétalas se mostram concrescidas, formando uma espécie de 
tubo, com lobos curtos ou quase ausentes. 
 Urceolada: corola em forma de urna, com tubo ligeiramente alargado, estreitando-se 
na porção superior. Gamopétalas e zigomorfas 
 Digitaliforme: corola formada por pétalas concrescidas, assumindo um aspeto de um 
dedal ou dedo de luva. 
 Labiada: corola cujas peças formam como que um ou dois lábios. 
 Ligulada: corola cujas pétalas se fundem numa só, que se apresenta em forma de 
língua e com o ápice denteado. 
 Personada: corola com dois lábios justapostos e um prolongamento do lábio inferior, 
que fecha sua abertura. 
O androceu é o verticilo masculino de reprodução de uma flor bissexual, incluso na parte 
interna e, comumente, entre os verticilos de proteção. É formado por um conjunto de estames, 
órgãos especialmente modificados da folha, cuja função é produzir os grãos de pólen. 
O estame é uma unidade de reprodução do androceu. Compreende três porções distintas: 
filete, conectivo e antera. O filete é uma espécie de haste, que serve para sustentar a antera. 
Apresenta diversas formas e tamanhos, mas geralmente o filete é cilíndrico ou levemente 
achatado. O conectivo é uma espécie de teci- do pouco evidente, muitas vezes, inconspícuo, 
que une o filete à antera. A antera, por sua vez, é a porção dilatada do estame, geralmente 
formado por duas porções denominadas tecas, nas quais são produzidos, armazenados e 
liberados os grãos de pólen. Em razão disso, as anteras são denominadas de microsporângios 
27 
 
ou gametângios, ou seja, estruturas masculinas de reprodução da flor. Esse processo de 
formação de grãos de pólen, também chama- dos de esporos, é conhecido como 
microsporogênese ou gametogênese masculina. 
Os estames se encontram nas flores, de forma homogênea ou variada. Estames do mesmo 
tamanho identificam um androceu homodínamo, contrário a androceu heterodínamo, formado 
por estames de tamanhos variados. Ainda, flores com apenas quatro estames, sendo dois 
maiores e dois menores, identificam um androceu didínamo ou tetradínamo numa flor com 
seis estames, sendo quatro maiores e dois menores. 
O androceu também pode ser classificado com relação à soldadura dos estames. Estames 
livres entre si caracterizam um androceu dialistêmone em oposição a androceu gamostêmone, 
cujos estames apresentam filetes unidos entre si, formando feixes. 
Ainda, os estames podem ser desenvolvidos e ultrapassar os limites da flor, sendo então 
chamados de exsertos, enquanto que flores, que protegem totalmente os estames, caracterizam 
estes como inclusos. 
7.1.2.2. Gineceu 
O gineceu é o verticilo feminino de reprodução presente em uma flor bissexual ou unissexual 
feminina. Compreende um conjunto de carpelos, que vão formar um ou mais pistilos. O 
gineceu localiza-se na porção interna da flor e geralmente se encontra protegido pelos 
verticilos do cálice e da corola. Sua função é proteger os óvulos até sua fecundação, quando, 
então, participa diretamente do desenvolvimento e da formação do fruto. 
O pistilo compreende três estruturas fundamentais: ovário, estilete e estigma. O ovário é a 
porção basal do gineceu, geralmente dilatada, que delimita um ou mais lóculos e onde se 
encontram os óvulos. O estilete é a porção tubular, mais ou menos alongada, que segue em 
continuidade com o ovário. É o canal por onde passa, internamente, o tubo polínico. O 
estigma é a porção superior do gineceu, geralmente dilatada em relação ao estilete e que 
recebe o pólen. 
Com relação à soldadura dos carpelos, o ovário pode ser dialicarpelar ou apocárpico, ou seja, 
constituído de carpelos livres, formando tantos pistilos quantos forem os carpelos livres e 
gamocarpelar ou sincárpico, ou seja, constituído de carpelos soldados entre si, formando um 
único pistilo. 
28 
 
7.1.2.2.1. Quanto ao número de carpelos 
O gineceu pode ser uni, bi, tri ou pluricarpelar, respectivamente com um, dois, três ou mais 
carpelos. 
O ovário, como dito, é a porção que encerra os óvulos. Estes, por sua vez, localizam-seem 
cavidades denominadas lóculos. Com relação ao número dessas cavidades, o ovário pode ser 
uni, bi, tri ou plurilocular, respectivamente com um, dois, três ou mais lóculos. Por fim, com 
relação à posição do ovário na flor, este pode ser súpero, quando se encontra acima dos 
verticilos de proteção, i. É., cálice e corola, semi-ínfero, quando se encontra parcialmente 
mergulhado no receptáculo, ou seja, quando os verticilos de proteção encontram-se em torno 
do ovário, e ínfero, quando se encontra totalmente mergulhado no receptáculo, estando os 
verticilos de proteção acima dele. 
8. Morfologia externa do fruto e semente 
O fruto é uma estrutura presente em todas as angiospermas, resultado da fecundação do ovário 
da flor, protegendo as sementes durante todo o período de amadurecimento; em termos mais 
práticos, o fruto é qualquer estrutura portadora de sementes. 
8.1. Origem do fruto 
O fruto se origina a partir do momento em que os óvulos da flor são fecundados pelo tubo 
polínico dos grãos de pólen. Neste momento, as paredes do ovário, formadas por uma série de 
tecidos, iniciam um crescimento acompanhado de modificações desses tecidos, sendo estes 
influenciados por hormônios vegetais que interferem na estrutura, consistência, cores e 
sabores, dando origem ao fruto. 
Os frutos mantêm-se fechados durante todo o seu desenvolvimento, preservando, desta for- 
ma, a sua função de proteção das sementes. Quando estas estão prontas para germinar, os 
frutos amadurecem e podem ou não se abrir para facilitar a liberação das sementes ou tornam-
se comestíveis para a ingestão pelos animais, principais dispersores das sementes. 
Os frutos dispersam-se de várias maneiras. Frutos carnosos podem ser comestíveis, e suas 
sementes, liberadas pelo trato digestório dos animais, ou caem diretamente sobre o solo. 
Outros frutos liberam as sementes de forma explosiva, lançando-as a grandes distâncias. 
Frutos mais simples, geralmente sem suculência ou atrativos de coloração ou sabor, podem 
29 
 
desenvolver ornamentos ou acessórios na sua parede no sentido de, incidentalmente, 
agarrarem-se à pelagem ou penugem de mamíferos e aves e, desta forma, dispersarem-se a 
grandes distâncias. E, ainda, há frutos providos de pelos ou alas, que flutuam ao vento ou são 
carregados pela água antes de atingirem o solo. 
Os frutos são bastante variados e, com base em diversos critérios, extremamente importantes 
na classificação dos vegetais. 
8.2. Fruto múltiplo 
O fruto múltiplo é aquele originado do desenvolvimento do gineceu apocárpico de uma flor. 
De acordo com barroso (1999), estão aqui incluídos não só aqueles frutos que se originam de 
um típico gineceu apocárpico, como a pinha (annona squamosa) e a graviola (annona 
muricata),Ex, mas também aqueles frutos que se originam de um gineceu apocarpóide, ou 
seja, aquele gineceu cujos carpelos se apresentam levemente unidos em suas porções basais 
ou terminais, estando as demais porções livres entre si, constituindo uma apocarpia 
secundária. 
Os frutos múltiplos compreendem os três seguintes subtipos: 
 Fruto múltiplo livre, cujos frutículos, livres entre si, fica disposto sobre um 
receptáculo plano ou ligeiramente convexo; 
 Fruto múltiplo cupuliforme, cujos frutículos ficam dispostos sobre o receptáculo 
urceolado ou campanulado, como a rosa (rosa sp.) 
 Fruto múltiplo estrobiliforme, cujos frutículos, mais ou menos concrescidos ou livres 
entre si, formando um sincarpo, ficam dispostos sobre um receptáculo piramidal, 
cônico ou cilíndrico, como a pinha. 
Os frutículos podem ser deiscentes (folículos) ou indeiscentes (nucóides, bacóides ou 
drupóides), com uma ou mais sementes. 
8.3. Fruto simples 
O fruto simples é aquele originado do desenvolvimento do gineceu cenocárpico (sincárpico, 
paracárpico ou lisicárpico) ou monômero de uma flor. Dentre os frutos desenvolvidos de um 
gineceu monômero, citam-se os das leguminosae (família de dicotiledôneas, que produzem 
legumes como frutos) e lauraceae (família da canela). Frutos originados de um gineceu 
30 
 
paracárpico são os bacóides, que caracterizam os maracujás (passiflora spp.), Ex. Como 
exemplo de fruto originado de um gineceu lisicárpico, o mais evidente é o teofrastídio, um 
tipo de fruto bacóide encontrado na família theophrastaceae. 
Os frutos simples podem ser secos ou carnosos, deiscentes ou indeiscentes, monospermos ou 
polispermos. De acordo com barroso (2004), os frutos simples encontrados nas dicotiledôneas 
são os seguintes: 
8.3.1. Folículo 
É aquele originado do ovário súpero, monocarpelar, com uma ou mais sementes, aberto na 
maturação pela separação dos bordos carpelares. 
É frequentemente encontrado fazendo parte dos frutos múltiplos deiscentes, como os de 
xylopia spp. E anaxagorea spp., ambos da família annonaceae. 
Quanto à forma, os folículos podem ser ovóides, obovóides, globosos, turbinados, 
lanceolados, torulosos, etc. Quanto à ornamentação, podem ter superfície lisa ou equinada. O 
pericarpo geralmente é seco, mas há casos em que se apresenta carnoso. As sementes podem 
ter endosperma ou não, ser ariladas ou aladas, miméticas, com pleurograma em forma de u ou 
amplo, fechado. 
As famílias que apresentam este tipo de fruto são: apocynaceae, asclepiadaceae, connaraceae, 
leguminosae-caesalpinioideae p.p., leguminosae-faboideae p.p., leguminosae-mimosoideae 
p.p., myristicaceae, proteaceae, ranunculaceae e sterculiaceae. 
8.3.2. Legume 
É aquele originado do ovário súpero, unicarpelar, deiscente no ponto de junção das bordas do 
carpelo e na região dorsal, sobre a nervura mediana, formando duas valvas. 
O legume é encontrado, apenas, na família leguminosae, em muitos representantes das três 
subfamílias, sendo o fruto mais característico desse grupo de plantas. 
Quanto à forma, os legumes podem ser lanceolados, lineares, oblongos, elípticos, 
comprimidos, globosos, elipsóides, ovóides ou torulosos. As bordas podem ser finas ou 
espessadas, e as valvas podem ser ou não atravessadas na face interna, por falsos septos 
31 
 
transversais. O pericarpo do legume pode ser seco ou, mais raramente, carnoso e ter textura 
papirácea, coriácea ou lenhosa. 
Os legumes podem ser sésseis ou estipitados. Pela persistência do estilete, podem apresentar 
rostro curto ou longo e terem de uma a muitas sementes dispostas nas placentas marginais. 
Derivam-se dos legumes os seguintes tipos de frutos: legume samaróide, criptossâmara, 
criptolomento, lomento, craspédio, sacelo, lomento drupáceo, legume bacóide e legume 
nucóide, detalhados logo a seguir. 
8.3.3. Legume samaróide 
É o fruto seco, indeiscente, plano e comprimido, adaptado à dispersão anemocórica e com 
uma ou poucas sementes, como os frutos de bowdichia, ex. Difere da sâmara (detalhado mais 
adiante), porque o núcleo seminífero e a porção aliforme não são bem delimitados. 
8.3.4. Criptossâmara 
É o fruto caracterizado pelo fato de o pericarpo apresentar duas porções distintas, uma 
externa, que se separa em duas valvas distintas ou se rompe irregularmente, e uma interna, 
indeiscente, membranácea ou coriácea, que aloja uma única semente, a exemplo de amburana, 
pterodon, schizolobium, sclerolobium e tachigalia. 
8.3.5. Criptolomento 
É o fruto caracterizado pela diferenciação do pericarpo em duas partes distintas, uma externa, 
deiscente, bivalvar, de textura coriácea, e uma interna, indeiscente, membranácea ou 
papirácea, que se segmenta em artículos monospermos e corresponde ao endocarpo. São 
exemplos de criptolomento os frutos de melanoxylon braunia, pithecellobium e plathymenia. 
8.3.6. Sacelo 
É um fruto derivado do craspédio pela redução do fruto a um só artículo de forma oval, com 
abertura transverso-apical da borda do carpelo que, ao se abrir, forma um réplum curto e 
caduco. É encontrado reunido em glomérulos e, tem a superfície externa setosa, sendo 
característicos de mimosa acerba e m. Meticulosa. 
328.3.7. Lomento drupáceo 
É o fruto indeiscente, com epicarpo e mesocarpo contínuos e endocarpo articulado. Os 
artículos monospermos, indeiscentes e de consistência óssea ou coriácea, são liberados após a 
decomposição do mesocarpo. São frutos alongados, cilíndricos ou tetrangulares, de 
consistência carnosa, quando frescos, e endurecidos, quando secos. Caracteriza os frutos de 
cassia subg. Fistula. 
8.3.8. Legume bacóide 
É o fruto indeiscente com mesocarpo carnoso, caracterizando uma adaptação do pericarpo à 
dispersão zoocórica. 
8.3.9. Legume nucóide 
É o fruto indeiscente ou tardiamente deiscente, com pericarpo seco. O mesocarpo, quando 
distinto, apresenta-se lenhoso-fibroso ou fibroso-esponjoso, sem nunca mostrar diferenciação 
em polpa típica. O legume nucóide distingue-se da núcula por ser um fruto sempre 
oligospermo ou polispermo. 
8.3.10. Cápsula septicida 
É o fruto originado do ovário súpero ou ínfero, formado de dois ou mais carpelos e 
caracterizado como um sincarpo, no qual a união dos carpelos não se encontra completamente 
firmada. Quando o fruto está maduro, os carpelos separam-se em seus pontos de junção, 
ocorrendo, a seguir, uma abertura de cada um deles na linha ventral de sutura, e o eixo 
seminífero permanece como coluna, no centro da cápsula. A separação dos carpelos pode 
ocorrer da base do fruto para o ápice, como em aristolochia (aristolochiaceae), ex., ou do 
ápice para a base, como ocorre na maioria. Em geral, as cápsulas septicidas são polispermas, 
sendo poucas oligospermas. 
As famílias que apresentam esse tipo de fruto são: aristolochiaceae, buddlejaceae, 
cunoniaceae, elatinaceae, gesneriaceae, guttiferae, linaceae, loganiaceae, ochnaceae, 
polemoniaceae, rhizophoraceae. Rubiaceae p.p., saxifragaceae, scrophulariaceae p.p., 
solanaceae, sterculiaceae, theaceae p.p. E trigoniaceae. 
33 
 
8.4. Cápsula loculicida 
8.4.1. Cápsula loculicida propriamente dita 
É o fruto originado do ovário súpero ou ínfero, sincárpico, formado por dois ou mais carpelos, 
com poucos ou muitos óvulos. Caracteriza-se pela deiscência ao longo da nervura média, no 
dorso do carpelo, formando-se tantas valvas quantos forem os carpelos que compõem o fruto. 
Cada valva é constituída de duas metades de dois carpelos adjacentes e, na maioria dos casos, 
é percorrida, na sua porção mediana, por uma linha saliente, que representa os restos dos 
septos ou das placentas. 
Alguns frutos, considerados como cápsula loculicida, por apresentarem caracteres marcantes 
de deiscência, embora divirjam muito daquelas encontradas nas cápsulas loculicidas 
propriamente ditas, foram desmembrados do tipo fundamental, criando-se para eles nomes 
mais apropriados, como cápsula rimosa, cápsula rúptil, cápsula ringente e cápsula 
circundante. 
As famílias que apresentam este tipo de fruto são: acanthaceae, balsaminaceae, bignoniaceae, 
bixaceae, bombacaceae, caryophyllaceae, cistaceae, clethraceae, cochlospermaceae, 
cucurbitaceae, droseraceae, elaeocarpaceae, flacourtiaceae, hydrophyllaceae, lythraceae, 
malvaceae, melastomataceae, meliaceae, molluginaceae, moringaceae, passifloraceae p.p., 
polemoniaceae, rubiaceae p.p., salicaceae, sapindaceae, scrophulariaceae p.p., tama- ricaceae, 
theaceae p.p., tiliaceae, turneraceae, violaceae e vochysiaceae p.p. 
8.4.2. Cápsula rimosa 
É o fruto originado do ovário súpero ou ínfero, composto de dois ou mais carpelos, com 
deiscência loculicida, mantendo-se, porém, os carpelos presos ao eixo central do fruto, sem 
formar valvas independentes. Ocorre em oxalidaceae, polygalaceae p.p., rubiaceae p.p. E 
vochysiaceae p.p. 
8.4.3. Cápsula rúptil 
É o fruto originado do ovário com posição me- diana, bicarpelar, com espaço central amplo 
devido à atrofia dos septos em suas porções medianas, ficando persistente, apenas, o eixo 
central com as sementes. O pericarpo é membranáceo, hialino. As sementes são comprimi- 
das, e.g. Marginadas e sem endosperma. Ocorre apenas em cuphea (lythraceae). 
34 
 
8.4.4. Cápsula folicular 
É o fruto originado do ovário súpero, representando adaptações de uma cápsula loculicida, de 
uma síliqua ou de um tipo bacóide. 
Ocorre em spathodea (bignoniaceae) e em espécies de capparis (capparaceae). 
Em spathodea, o fruto, com pericarpo seco, apresenta deiscência apenas num dos lóculos e 
expõe o eixo seminífero largo (originado de placentação axial) com sementes aladas, 
dispostas imbricadamente. O fruto aberto é cimbiforme. Em capparis, o fruto é toruloso, com 
longo ginóforo, pericarpo carnoso, amarelado, de pouca espessura, e tardiamente deiscente. 
Abre-se numa das suturas do fruto bicarpelar, sobre a placenta parietal-marginal, expondo a 
superfície interna, vermelha, do pericarpo e as sementes com sarcotesta carnosa e alva, 
pêndulas das duas placentas. 
8.4.5. Cápsula ringente 
É o fruto originado do ovário súpero, bicarpelar. É mais ou menos orbicular, levemente 
comprimido, e sua abertura dá-se no ápice do fruto, na junção dos dois carpelos, em curta 
extensão, ficando a cápsula semi-aberta. 
É o tipo específico de mollia (tiliaceae), mitreola e mostuea (loganiaceae) e de espécies de 
veronica (scrophulariaceae) e oldenlandia (rubiaceae). 
8.4.6. Cápsula circundante 
É o fruto originado do ovário ínfero, bicarpelar. Pode ser globoso ou comprimido, 
arredondado. A deiscência loculicida dá-se no contorno do fruto. 
Ocorre em rubiaceae p.p. (gleasonia, henriquezia, molopanthera e simira p.p.). 
8.4.7. Bertolonídio 
É o fruto originado de um ovário súpero, triquetro, com as três deiscências loculicidas 
somente na porção superior, o que implica, conseqüentemente, que elas só podem ser vistas 
de cima, de onde aparentam um aspecto radial. 
É um tipo de cápsula com características bem particulares, encontrado, até o momento, nas 
melastomataceae. 
35 
 
8.4.8. Cápsula tubulosa 
É o fruto originado de um ovário súpero ou ínfero, com dois ou mais carpelos, que são 
concrescidos em tubo até quase o ápice do fruto, constituindo uma espécie de urna, onde se 
alojam as sementes. A deiscência dá-se loculicidamente, na porção médio-superior do fruto 
ou, mais frequentemente, só na região apical, formando-se lobos curtos ou dentes. São 
subtipos da cápsula tubulosa os seguintes frutos: cápsula rompente, velatídio, cápsula lobada, 
cápsula dentada, cápsula septífraga, síliqua e silícola, cápsula poricida, cápsula circuncisa ou 
pixídio e cerastium. 
8.4.9. Cápsula rompente 
É o fruto tubuloso com rompimentos irregulares da parede. O pericarpo propriamente dito 
pode apresentar deiscência loculicida e septicida basal ou apicais, apenas loculicida ou 
loculicida e rompimentos transversais. 
Ocorre em begoniaceae, marcgraviaceae, menyanthaceae, onagraceae e portulacaceae. 
8.4.10. Velatídio 
É o fruto tubuloso cuja deiscência só atinge a parede do pericarpo propriamente dita (parede 
ovariana), ficando o hipanto inteiro. A deiscência é tipicamente loculicida e pode ou não ser 
acompanhada de deiscência septífraga. 
Ocorre em muitos representantes de melastomataceae. 
8.4.11. Cápsula lobada 
É o fruto originado de um ovário ínfero ou súpero, com deiscência loculicida, que só atinge a 
porção apical do fruto, formando-se lobos curtos. A placentação pode ser axial ou parietal. 
Ocorre em representantes de campanulaceae, cucurbitaceae, loasaceae, theaceae e tiliaceae. 
8.4.12. Cápsula dentada 
É o fruto originado de um ovário súpero com dois ou mais carpelos, cujos septos, no 
desenvolvimento do ovário, vão-se atrofiando nas porções medianas, só restando deles, no 
final do desenvolvimento, o eixo central placentífero, o que dá a impressão de uma placenta 
36 
 
central livre. O pericarpo, neste tipo de fruto, é muito fino, membranáceo e, muitas vezes, 
hialino. A abertura loculicida ocorre por meio de dentes apicais. Ocorre em cerastium e silene 
(caryophyllaceae). 
8.4.13. Cápsula septífraga 
É o fruto que tanto pode originar-se de umovário súpero como de um ovário ínfero, cuja 
deiscência se dá sobre os septos, ao longo do dobramento dos carpelos, ficando intacta a 
coluna seminífera. Em certos casos, a coluna seminífera pode sofrer rompimento em sua 
porção basal, de modo que ela se desprende, juntamente com as valvas. 
Ocorre nas famílias bignoniaceae, convolvulaceae, guttiferae p.p., marcgraviaceae, meliaceae, 
rubiaceae p.p., sapindaceae e solanaceae p.p. 
8.4.14. Síliqua e silícola 
São frutos originados de ovário súpero, bicarpelar, com espaço central não dividido em 
lóculos, com placentação parietal-marginal. Na maturação, por deiscência septífraga, 
separam-se duas valvas a partir da base do fruto em direção ao ápice. As placentas marginais 
espessadas e as bordas dos carpelos constituem o réplum, onde se situam as sementes. 
É o tipo encontrado em capparaceae p.p. (cleome, dactylaena e physostemon) e cruciferae. 
8.4.15. Cápsula poricida 
É o fruto originado de ovário súpero, de dois ou mais carpelos, cuja deiscência se dá por meio 
de poros. Não se pode dizer que as sementes, em todos os casos, se libertam através dessas 
aberturas. Em apeiba (tiliaceae) e bertholletia excelsa (lecythidaceae), ex., o orifício do 
pericarpo não tem dimensões suficientes para permitir a saída das sementes. 
Ocorre em lecythidaceae p.p. (bertholletia excelsa), papaveraceae (argemone e papaver), 
scrophulariaceae p.p. (linaria, anthirrhinum e maurandya) e tiliaceae p.p. (apeiba). 
8.4.16. Cápsula circuncisa ou pixídio 
É o fruto originado de um ovário súpero ou ínfero, caracterizado pela deiscência transversal, 
que divide o fruto em duas porções distintas, uma urna e um opérculo. 
37 
 
Caracteriza os frutos de aizoaceae p.p. (sesuvium), amaranthaceae p.p. (amaranthus e celosia), 
lentibulariaceae p.p. (genlisea), oleaceae p.p. (menodora), plantaginaceae (plantago), 
portulacaceae p.p. (portulaca), primulaceae p.p. (anagallis) e rubiaceae p.p. (mitracarpus). 
8.4.17. Cerastium 
É o fruto originado de um ovário súpero, bicarpelar. Quando jovem, apresenta-se como 
estrutura provida de rostro longo ou curto com superfície lisa. Na maturação, a porção 
externa, fina e lisa, correspondendo ao exocarpo, rompe-se em valvas regulares, que acabam 
por se desprenderem da porção interna, lenhosa, correspondente ao endocarpo. 
É o tipo encontrado em martyniaceae. 
9. Esquizocarpáceo 
É o fruto formado de dois ou mais carpelos, originados de ovário súpero ou ínfero, com 
placentação axial, que se decompõe longitudinalmente, na maturação, em unidades de 
dispersão, tantas quantas são os carpelos componentes. Difere das cápsulas septicidas, porque, 
nestas, geralmente, uma porção basal ou apical dos carpelos sempre unida ao receptáculo. 
Os esquizocarpáceos dividem-se em microbasarium, regmídio, samarídio e cocas ou 
mericarpos. 
9.1. Microbasarium 
É o fruto originado de um ovário ínfero, bicarpelar, bilocular, com lóculos monospermos e 
indeiscentes. Na maturação, cada lóculo do fruto separa-se da coluna central (carpóforo), a 
partir da base, mantendo-se presos a ela, no ápice, por algum tempo. Seus pontos de junção 
são planos e recebem o nome de face comissural. 
9.2. Regmídio 
É o fruto constituído de cinco carpelos de posição superovariada, cujos estiletes são 
concrescidos em coluna mais ou menos longa, denominada rostro. Quando os tecidos estão 
secos, os carpelos separam-se do eixo central do fruto, mantendo-se, porém, presos a ele por 
suas bases e pelos ápices dos estiletes. Cada carpelo ou mericarpo se abre longitudinalmente 
38 
 
por uma fenda, mas as sementes ficam impedidas de sair por uma projeção na base da coluna 
central. Ocorre em geraniaceae. 
9.3. Samarídio 
É o fruto originado do ovário súpero ou ínfero, na maioria dos casos tricarpelar, e em menor 
proporção, bicarpelar, com três lóculos uniovulados. Às vezes, dois carpelos de um grupo de 
três podem abortar, ficando o fruto reduzi- do a uma unidade de dispersão. 
Os samarídios caracterizam-se pela formação de uma asa dorsal ou lateral em cada um dos 
carpelos. 
As famílias que apresentam este tipo de fruto são malpighiaceae p.p., rhamnaceae p.p., 
rutaceae p.p., sapindaceae p.p. E zygophyllaceae. 
9.4. Cocas ou mericarpos 
São frutos originados de um ovário súpero ou ínfero, deiscentes ou indeiscentes, de dois, três 
ou mais carpelos, monospermas a oligospermas, raro polispermas, com textura coriácea, 
lenhosa, escariosa ou carnosa. As unidades de dispersão são globosas, ovóides, oblongas, 
piramidais e turbinadas, dentre outras formas. 
Ocorre nas euphorbiaceae p.p., hippocrateaceae, malpighiaceae p.p., malvaceae p.p., 
rhamnaceae p.p., rubiaceae p.p., sapindaceae p.p., tropaeolaceae, verbenaceae e 
zygophyllaceae. 14. Artrocarpáceo 
É o fruto que se define pela formação de unidades de dispersão originadas por divisão 
longitudinal ou transversal de um carpelo. Compreende três subtipos: lomento, craspédio e 
carcerulídio. 
9.5. Lomento 
É o fruto cujo pericarpo se decompõe em artículos transversais monospermos. Os artículos 
podem ser deiscentes ou indeiscentes e apresentar bordas paralelas entre si, formando 
artículos tetragonais, ou bordas sinuosas, com artículos arredondados. É encontrado em 
alguns gêneros de faboideae e, em apenas, um gênero de caesalpinioideae (lophocarpinia). 
39 
 
9.6. Craspédio 
Assim como ocorre com o lomento, o craspédio típico é caracterizado pela fragmentação 
transversal do pericarpo em artículos monospermos, mas a fragmentação não atinge as bordas 
do carpelo, que ficam inteiras e persistentes, como uma moldura vazia, e constituem o réplum. 
É encontrado na maioria das espécies do gênero mimosa e em algumas espécies de 
desmodium e stylosanthes, dentre alguns outros táxons de leguminosae. 
9.7. Carcerulídio 
É o frutículo monospermo, conhecido como núcula, formado por divisão longitudinal dos dois 
carpelos que constituem o ovário. 
Ocorre nas boraginaceae, labiatae e verbenaceae p.p. (clerodendrum, glandularia e verbena). 
10. Nucóide 
É o fruto indeiscente, formado de 1-2 carpelos, raro mais, com pericarpo seco, não 
diferenciado nas três camadas típicas, exocarpo, mesocarpo e endocarpo, de consistência 
firme coriácea, lenhosa ou membranácea. Possui formas variadas, sendo a superfície do 
pericarpo lisa, pilosa, cerdosa ou equinada. Subdividem-se em: sâmara, betulídio, aqüênio, 
núcula e nucáceo. 
10.1. Sâmara 
É o fruto monocarpelar ou pseudomonocarpelar por atrofia de um carpelo, monospermo, nos 
casos mais típicos, com projeções alares desenvolvidas de parede ovariana (ovário súpero). 
As podem contornar o núcleo seminífero e localizarem-se nas extremidades dele ou apenas 
numa de suas extremidades. 
Ocorre em anacardiaceae (schinopsis), bombacaceae (cavanillesia), casuarinaceae (casuarina), 
celastraceae (austroplenckia), leguminosae p.p., phytolaccaceae (gallesia), polygalaceae 
(monnina, securidaca), rutaceae (spathelia), ulmaceae (phyllostylon brasiliensis). 
10.2. Betulídio 
É o fruto originado de um ovário ínfero, provido de asas derivadas de expansões do hipanto. 
O pericarpo é e.g. De textura lenhosa ou coriácea, e duas ou mais alas têm consistência firme. 
40 
 
Ocorre em combretaceae (combretum, conocarpus e terminalia) e cucurbitaceae p.p. 
(pteropepon). 
10.3. Aqüênio 
É o fruto originado de um ovário ínfero, bicarpelar, monospermo, com espaço central não 
dividido em lóculos e modificações do cálice em papus piloso ou aristado. 
Ocorre em calyceraceae, compositae, dipsacaceae e valerianaceae. 
10.4. Núcula 
É o fruto originado de um ovário e.g. Súpero, raro ínfero, com um a dois carpelos e 
frequentemente monospermo. Com certa regularidade, apresenta adaptações para a dispersão 
pelo vento, água ou animais. Essas adaptações apresentam-se como acrescências ou 
modificações na estrutura do cálice, que pode tornar-se colorido e carnoso na frutificação ou 
pela adaptação do invólucro floral, que se

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