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Memória e Representatividade Social no Filme Narradores de Javé

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
MUSEOLOGIA
SAMARA DE SOUSA SILVA 190037768
ATIVIDADE AVALIATIVA - Texto livre Memória
	Diante das lembranças acerca da memória, lembrei do filme Narradores de Javé (2004), e com isso decidi realizar uma historiografia do contexto do filme relacionado a memória como representatividade social, ou quando ela se torna perigoso ao ser creditada nela apenas uma única história. 
	O filme, tem a finalidade de contar a história dos moradores do vilarejo de Javé, que se situava no sertão baiano, os moradores tiveram a triste notícia que iriam construir uma usina hidrelétrica, e eles precisavam fazer alguma coisa para isso não acontecer, pois perderiam toda a história, de várias gerações, além dos danos materiais, e sentimental, e a única forma de não deixar isso acontecer, era escrevendo um livro baseado em fatos científicos, importantes descrevendo a fundação do vilarejo, essa parte pode ser vista como o positivismo, um movimento no qual a realidade das leis da natureza são comprovadas, ou seja o que é comprovado de fato mediante a ciência, uma história factual comprovada seria uma história não baseada na vontade de deus como queria a concepção providencialista mais uma história segundo a concepção positivista baseada na lei natural percebe - se que não houve grande diferença nessa concepção, pois o Indivíduo continuaria submetido a essa concepção como se fosse o determinismo histórico a sua realidade social econômica política e cultural seria os positivistas historiadores. Assim como relatado por Álvaro (2005) :
O ritmo das lembranças, os lapsos do discurso – resultantes do ocultamento ou do esquecimento –, a extensão temporal percorrida e o teor básico das recordações são aspectos que podem ser entendidos quando articulados à trajetória do grupo e a traços específicos de vidas particulares. (Álvaro, p. 12, 2005)
 	No filme é mostrado também a importância da aprendizagem cognitiva como memória da escrita, pois não predominavam a escrita e apenas uma pessoa na vila sabia escrever, mas ele tinha sido expulso por escrever histórias inventadas sobre alguns moradores, ele se chamava Antônio Biá, e era o único que possuía a habilidade da linguagem escrita, nesse ponto é importante abordar sobre a neutralidade do historiador, porém é impossível ele conseguir ser neutro diante das diferentes concepções, pois sempre vai ter uma que ele se identifica mais, não tem como haver imparcialidade, é com isso os positivistas diziam que era necessário o historiador usar o documento escrito, de preferencial oficial, ou institucional, pois esse seria o repositório da verdade eles não aceitam pesquisas através de jornais pesquisas através de línguas feitas por autores.
	O filme ironiza a situação ao mostrar que a história cientifica é mais valorizada que a história do senso comum passada em gerações, é visto também interesses individuais na construção da memória, onde os personagens ao narrarem sobre como se deu o fundamento do vilarejo sempre referenciam a sua família como fundadora, para assim eles também obterem reconhecimento, porém o filme não fala que existe uma única história verdadeira, mas mostra as diferentes historias dependendo do ponto de vida pessoal, ele explora que a falta de conhecimento científico implica em perdas. Se a oralidade, tão forte, tivesse sido usada por alguns poucos letrados para documentar a história do povo de Javé, quem sabe não tivessem que "bater em retirada" dando espaço para a construção da barragem, sendo assim a história de um povo é um conjunto de histórias individuais da sociedade. Com isso como material complementar da disciplina de museologia é cabível citar a entrevista Usos e abusos da memória: entrevista com Andreas Huyssen: 
Em entrevista ao GLOBO durante sua passagem pelo Rio, Huyssen defendeu que os estudos sobre memória precisam se alinhar à luta por direitos humanos, para evitar que o olhar para o passado seja “autoindulgente e sem vitalidade política”. E criticou o que chama de “abusos da memória”, tanto em discursos nacionalistas que apelam a mitos históricos para justificar barbáries quanto nas ondas “retrô” na moda, na música e na arquitetura. 
	Ao começar as narrações sobre a cidade, o primeiro que Biá entrevistou foi Seu Vicentino, que contava ainda ser parente do fundador, e este era um homem muito corajoso, Indalécio era o nome dele.  O problema é que a história não era convincente, então Biá, diz que precisa melhorar o acontecido, e começa a florear a história, mas seu Vicentino não aceita. A segunda história apresentada era que envolvia Maria Dina, que segundo sua descendente seria a verdadeira heroína da história de Javé, que depois da morte de Indalécio teria guiado o grupo para descobrir as terras, mas muita gente não concorda com essa história. Isso pode ser relacionado com o mito, portanto ele nasce da realidade das impressões do homem dos embates do homem da dialética do homem com essa realidade então é importante compreender que os mitos gregos os mitos egípcios eles embora sejam historiados de maneira que parece ficção que parece um realismo fantástico, apesar disso, eles nasceram sim de alguma realidade, porém o mito e sua descrição não revelam o fato tal como ocorreu o fato em si já o acontecimento leva o fato em si que é objeto de pesquisa do historiador, que também é iniciado a partir das memórias levantadas.
 	Resumindo os fatos assim fez Biá todos os dias, todo mundo tinha uma história, documentos e pastas para serem escritos no livro. Teve os irmãos que contou mais sobre os pais e, até em uma tribo ele foi. Quando chega a noite Biá, bêbado sonha com a enchente e no outro dia, ao acordar a cidade encontra a placa da obra colocada pelos engenheiros. A noite tinha um homem com uma filmadora e depois todos começaram a falar, dando o seu depoimento e dizendo que não queriam ir embora, no fim acabou que a cidade foi esquecida por não ter comprovação cientifica e acabou virando uma represa no local e os moradores do vilarejo se dispersaram para outros locais. Com isso é cabível citar Lowenthal ( 1995) A memória não é menos significativa do que a história, mesmo que tenhamos grandes recordações, sabemos que são leves descrições do que já foi vivido, não importa como foi relembrado ou reproduzido, o passado mesmo assim se torna apagado pelo esquecimento e com isso a certeza do presente torna tênue o passado. 
	
REFERÊNCIAS
ÁLVARO, MARIA ANGELA GEMAQUE. Os caminhos da memória. Caderno de Campo. N 13, 33-46, 2005.
LOWENTHAL, David. Como conhecemos o passado. Projeto. História, São Paulo. N. 1998.
Usos e abusos da memória: entrevista com Andreas Huyssen.

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