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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE PEDAGOGIA MIRIÃ LIRA DE MELLO A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR LIVRE NA EDUCAÇÃO INFATIL IGREJINHA 2020 MIRIÃ LIRA DE MELLO A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR LIVRE NA EDUCAÇÃO INFATIL Projeto apresentado como requisito para aprovação do trabalho de conclusão do curso. Orientador: MARIA INMACULADA CHAO CABANAS IGREJINHA 2020 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR LIVRE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Autor: Miriã Lira De Mello Prof.ª.: Maria Inmaculada Chao Cabanas RESUMO Tem-se como propósito neste artigo realizar uma reflexão e conscientização sobre a importância do brincar livre na educação infantil. O ato de brincar livre pode ajudar no desenvolvimento da aprendizagem das crianças na educação infantil, tendo em vista que o lúdico ocupa um papel crucial na aprendizagem dos pequenos. Durante a pesquisa, foi feito alguns questionamentos sobre o assunto com alguns professores e percebe-se que eles concordam com a relevância do brincar livre para o desenvolvimento da criança. O professor desempenha um papel importante nesse contexto, pois ele deve despertar nas crianças o desejo por brincar e não esquecer de dar ênfase nesse momento do brincar livre em seu plano de aula. PALAVRAS CHAVE: Brincar, desenvolvimento, educação infantil e crianças. 1. INTRODUÇÃO O brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança, nos tempos de hoje não vemos de costume às crianças brincando livre nas ruas de sua casa, pois diferente de alguns anos atrás, há muita violência e insegurança, antigamente as crianças brincavam livremente até ser chamada de volta para casa, que geralmente era quando a noite começava a chegar, antes da industrialização, haviam poucas opções de brinquedos, fortalecendo o brincar livre e a criação do seu próprio brinquedo, como pipa, carrinho de lomba, etc. (Moyles, 2002) afirma que o aspecto motivacional do brincar lhe dá e continuará a dar seu valor educacional. O brincar fora da escola motiva às crianças a explorar e a experimentar a casa, o jardim, a rua, as lojas, a vizinhança e assim por diante. Mas o avanço da tecnologia chegou rapidamente e hoje os pequenos são facilmente envolvidos pelos recursos digitais, muitos jogos e aplicativos atingem um desenvolvimento da criança, mas não substitui o brincar livre. Por esse motivo desenvolvi esse projeto para que nas escolas o brincar livre esteja mais presente durante o desenvolver da criança nessa fase, pois muitas vezes em casa o brincar é substituído por outros motivos. Quando as crianças brincam em grupos, promove um desenvolvimento integral, pois elas interagem entre si, negociam qual será a brincadeira e são responsáveis por tomar suas decisões, definir regras, expor suas opiniões e defender seu ponto de vista, desenvolve autonomia e favorece a formação integral, que inclui desde o aspecto social, emocional e físico, até o intelectual. Estimula o autocontrole e a percepção dos próprios limites, atraídas por fazer coisas que nunca fizeram antes, como pular, correr, subir em árvores, etc. O professor da educação infantil está introduzindo no seu planejamento o brincar livre, nestes momentos ele deixa a criança se expressar e ser o protagonista em sala de aula? Pois no brincar livre deve ter apenas a supervisão de adultos, deixando com que a criança se expresse e use toda a sua criatividade. Pode ser estimulado esses momentos, preparando espaços, providenciando materiais e até apresentando brincadeiras. Mas são as crianças que devem definir como brincar, o interesse pela brincadeira deve partir da própria criança. Quando uma criança está brincando esse ato não é uma simples distração é a necessidade de maior importância que se obtém desde que o ser humano nasce, pois é durante essa ação de brincar que se proporciona a criança a atuar diretamente no ambiente social, no decorrer da prática do brincar a criança amplia diversos aspectos entre eles o emocional, intelectual, social, criatividade, físico e mental. Bazon (2009) lembra que as brincadeiras são importantes formas de expressão. Por meio da brincadeira, a criança se comunica e melhora sua linguagem, uma vez que necessita ser entendido para expressar seus desejos e suas vontades. O autor assevera que “O brincar configura-se como linguagem e meio de expressão na infância” (BAZON, 2009, p.42). Entender que a educação infantil é de fundamental importância para as crianças como ambiente de desenvolvimento, percebe-se o valor do brincar na vida das crianças dispondo dessa ação como base para a aprendizagem infantil. O ato de brincar é importante para que a criança seja capaz de se desenvolver de forma saudável, por essa razão o profissional precisa tomar consciência que toda atividade lúdica vai ajudar para a preparação das crianças para uma adolescência tranquila, visto que disponibilizar recursos para expressar e comunicar seus sentimentos e convicções sobre visão de mundo. (OLIVEIRA, 2000, p. 8). A criança no ato de brincar fica mais próxima do mundo de forma ativa e também direta, através da fantasia e da linguagem. Observa-se que as crianças são atraídas por algumas brincadeiras antigas, mas também, o quanto são inclinadas a modernizar em outras brincadeiras, sucessivamente de forma muito mais ágil que o adulto possa acompanhar. Se brincar constitui uma atividade irracional, é também uma contradição querer defini-la como exagerado demais (Ajuriaguerra e Marcelli,1986, 175). Sobre esse aspecto, Winnicott (1976) esclarece que “é somente no brincar que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral, e somente sendo criativo pode descobrir seu eu.” (WINNICOTT, 1976, p.80). Hoje em dia notamos que muitas escolas de educação infantil acredita nos pensamentos ultrapassados, praticamente escolarizadas e cheias de conteúdos em livros pré-programados que não eleva o brincar como parte essência da infância da criança, impossibilitando a mobilidade das crianças. Usando o brincar só para alcançar os objetivos pré-determinados mesmo que se tenham muitos documentos legais que mostram a importância de reconhecer o brincar livre. Para um brincar de qualidade é preciso garantir tempo e espaço qualificado e diversificado. Esse espaço precisa ser sempre uma novidade, cheio de novas experiências, deve ser criado, recriado e incentivador com muitos materiais para assegurar a interação, criatividade, atuação e invenção. Permitir que a criança tenha a possibilidade de apreciar momentos de brincadeira livre concede a criança de manifestar o seu protagonismo, proporcionando assim seu desenvolvimento no processo de ensino aprendizagem. Deixando que desempenhe seu papel como protagonista é muito importante e nesse momento que a forma de agir do professor deve ser a de mediador e facilitador do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, e não a de um instrutor que transmite conhecimento. A brincadeira está ligada com a aprendizagem, mas é preciso cuidado, pois os momentos de brincadeiras livres não devem ser orientados com objetivos estabelecidos pelo adulto. O papel do adulto diante de um brincar livre deve ser o de observador com o intuito de compreender o processo de criação das crianças. Ter aulas lúdicas colabora para desafiar a criança e o professor colocando-os como sujeitos em um exercício pedagógico. A vontade de aprender e adquirir conhecimento, a necessidade de participar e a alegria da conquista dominam todos os momentos desta aula. O professor e a criança desfrutam temporariamente da realidade, mas somente pelo tempo suficiente de pensar, imaginar, inventar, pois o material necessário à atividade criativa é a própria realidade. Brougère (2001),discorre sobre isso expondo que a ausência de consequências faz com que o brincar seja um espaço sem risco, onde se pode experimentar, inventar, tentar alguma coisa sem risco de ser repreendido pelo real. JUSTIFICATIVA Justifica-se esse projeto para transparecer a importância do brincar livre na educação infantil, pois é através dele que a criança se desenvolve em vários aspectos, por imaginação, imitação e atenção, ainda proporcionando a criança ao desenvolvimento de áreas da personalidade como sociabilidade, motricidade, afetividade e criatividade. A criança se expressa e reproduz o seu viver de casa na escola através da brincadeira livre. Este projeto tem como intuito despertar e conscientizar o professor a importância do brincar livre na educação infantil. E neste momento a criança deve ser a protagonista de sua brincadeira em sala de aula, pois ajudará para o seu crescimento como um individuo de uma sociedade. OBJETIVO GERAL Enfatizar a importância do brincar livre na educação infantil e ressaltar os benefícios que ela traz para o desenvolvimento da criança. OBJETIVOS ESPECÍFICOS Descrever qual a importância do brincar livre na educação infantil; Levantar dados com os professores sobre o tema em questão; Identificar o que é desenvolvido na brincadeira; Apresentar os benefícios da brincadeira livre. 2. DESENVILVIMENTO Para a realização desse projeto, foram utilizados diferentes métodos de pesquisa em sites, livros e através de um questionário que foi respondido por professores, que relatam suas experiências com os alunos. As perguntas têm como objetivo que os professores descrevam como está sendo realizado o brincar em sua rotina, em que frequência e como ele é importante para o desenvolvimento da criança na educação infantil. Segue as perguntas que foram feitas. EIXO 1: O que você acha sobre o brincar livre? E por quê? EIXO 2: Você acha que o brincar livre é importante para o desenvolvimento da criança? EIXO 3: Qual o papel do educador durante os jogos e brincadeiras? EIXO 4: O brincar livre faz parte da rotina na sua sala de aula? Em que frequência? Este questionário foi realizado através de uma entrevista por webcam, devido à situação que estamos vivendo, cinco professores que trabalham na educação infantil, aceitaram responder e demonstraram interesse no tema em questão. As respostas dadas pelos professores foram escritas e podem ser observadas a seguir: EIXO 1: Professora A: O brincar livre pra mim, é onde a criança vai descobri, ver o mundo, criar ligações e inclusive aprender a se frustrar. Por que no brincar é onde o professor consegue observar interesses e curiosidades da criança que dialogam com os objetivos de ensino e aprendizagem planejados pelo educador. Professora B: Acho que o brincar livre é algo muito importante pois além deles aprenderem, a criança entra em um mundo faz de conta onde conseguem se expressar sobre fatos que acontecem no seu cotidiano. Professora C: Deve estar sempre no cotidiano das crianças. Pois quando ela está realizando uma brincadeira livre, sem regras, estimula aprendizagem de forma criativa, voluntária, e desenvolve muitas habilidades. Professora D: Brincar livremente é a forma mais importante para o desenvolvimento das crianças e por meio desse o comportamento mais espontâneo que a criança pode explorar a sua criatividade e se relacionar com os outros e com o meio em que está inserida. Professora E: O brincar livre no meu ponto de vista é muito importante para o desenvolvimento da criança. EIXO 2: Professora A: Com certeza, através do brincar a criança faz a leitura do mundo e aprende a lidar com ele, recria, repensa, imita, desenvolvendo. Professora B: Sim acredito que o brincar livre é muito importante pois na brincadeira a criança compartilha e socializa com os demais colegas da turma. Professora C: Sim. Como citei na outra resposta. Ela entra no mundo da imaginação, onde dita suas próprias regras. Professora D: É de extrema importância pois a partir dele que a criança passa a explorar o desconhecido e estimular sua criatividade e aprender a lidar com as situações que ocorrem no decorrer desse processo de aprendizagem. Professora E: Sim, pois desenvolve a autonomia da criança, estimula a criatividade, imaginação, interação com o meio e a socialização. EIXO 3: Professora A: O professor tem o papel de observar, fazer registros de suas conquistas, avanços, possibilidades e aprendizagens. De fazer intervenções, participar quando necessário. Professora B: Nas brincadeiras dirigidas o papel do professor é de ensinar o fundamento e as combinações que vão ter nela, já nas brincadeiras livres o seu papel é de observar e inteirar com as crianças. Professora C: Papel do educador é estimular esta brincadeira, e proporcionar ambientes próprios para que ela aconteça de forma natural e segura para a criança. Professora D: Contribuir com um espaço seguro e adequado para a prática dos jogos e brincadeiras, disponibilizar acesso a materiais e objetos diversos para estimular e atrair a vontade de aprendizagem a partir dos jogos e brincadeiras propostas, tentar ao máximo não intervir durante o processo do ato de brincar e jogar para se ter uma experiência completa por parte do aluno e assim se alcançar o desenvolvimento saudável. Professora E: O papel do educador é mediar a interação da criança com o brincar de forma lúdica, propiciando momentos de aprendizagem e desenvolvimento. EIXO 4: Professora A: Sim, diariamente propomos espaços para que aconteçam essas experiências, como natureza, materiais não estruturados, ambientes diferentes. Professora B: Sim, faz parte da rotina da minha turma. Professora C: Sim. Em todo momento. Inclusive gosto de entrar nesta brincadeira do faz de conta e acompanhar na aventura, voltar a ser criança. Professora D: O brincar livre na minha turma se faz necessário todos os dias pois é uma prática muito pedida por eles e que eu acredito ser essencial para a construção de caráter e desenvolvimento infantil. Professora E: Na rotina de sala de aula procuro mesclar atividades dirigidas e brincadeiras livres, visando a importância de cada uma para o desenvolvimento da criança. Sempre coloco no planejamento diário uma ou mais atividades livres, buscando instigar a curiosidade e criatividade de cada aluno. Pode se notar que as professoras acreditam que o brincar livre na educação infantil se faz muito importante para o desenvolvimento das crianças e partir desse ato espontâneo, apesar de cada uma ser de escolas diferentes todas tem em suas rotinas o brincar livre como ferramenta de aprendizagem. REFERENCIAL TEÓRICO Brincar é um direito fundamental de todas as crianças e cada criança deve ter proporcionada condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Quando se refere às crianças e os cuidados para sua educação, automaticamente associa-se o ato de brincar, pois brincar faz parte da vida da criança desde a mais tenra idade, onde ela recebe indicações de como brincar, como se portar, recebendo as primeiras noções de educação. Brincar além de ser um ato natural e espontâneo da criança, é um direito da mesma e este direito é assegurado e reconhecido em declarações e leis, como foi mostrado na Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, a Constituição Brasileira de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) de 1990, porém, os direitos das crianças não estão sendo cumpridos, pois se percebe na atual sociedade que muitas crianças não brincam, enquanto outras brincam pouco, as razões para tanto se manifestam de diversas formas. Ludicidade é um termo que leva a diversão e brincadeira, mas o lúdiconão pode ser restringindo somente a isso quando se fala em educação, o potencial de despertar a imaginação, criatividade, curiosidade, entre outros, tornou a ludicidade em um importante recurso didático que almeja levar a criança a aprender de modo ativo e significativo. Na busca do tema para o presente trabalho, a preocupação era que fosse condizente com o curso em questão, e o pensamento voltou-se para os jogos educativos, enquanto fator de desenvolvimento da criança, de sua aprendizagem e do seu crescimento social. Os jogos constituíram desde sempre uma forma de atividade do ser humano, no sentido de recrear e de educar ao mesmo tempo, a relação entre o jogo e a educação é antiga, gregos e romanos já demonstravam a importância do jogo para educar a criança. Resgatar o direito de brincar da criança, não constitui uma tarefa fácil, face aos diversos problemas envolvidos, porém é observável atualmente, que a maioria das escolas não assimilou totalmente a importância do lúdico para a facilitação do processo ensino aprendizagem, o educador não se dá conta de que, para que haja o desenvolvimento integral da criança, esta temática não pode ser descartada. É indispensável entender as especificidades que envolvem as ações infantis e, portanto, o direito à brincadeira e às experiências lúdicas no cotidiano escolar no cenário do Ensino Fundamental. O reconhecimento do brincar como atividade relevante para o desenvolvimento infantil, nas diferentes faixas etárias é notável que o brincar no percurso de escolarização não pode ser deixado de lado ou marginalizado perante às competências e habilidades exigidas no processo de produção do conhecimento na infância. (BENJAMIN, 2011) Tal desvalorização, percebida nas práticas escolares cotidianas, constitui-se como um meio de atender apenas os interesses da classe dominante, priorizando o sistema produtivo por via da antecipação da escolarização infantil. (FERREIRA, 2013) Diante desse contexto, nosso estudo parte a respeito das concepções que estão presentes no brincar dentro do currículo do Ensino Fundamental. Os estudos encontrados com os princípios e fundamentos presentes no documentos oficiais que estabelecem o direito de Brincar (ECA/1990), a legislação que rege nossas políticas e práticas escolares (LDB/1996) e por fim, o documento que direciona toda a ação pedagógica, o Projeto Político-pedagógico (PPP). (OLIVEIRA, 2014) Dessa maneira pretendemos compreender como tais documentos tratam o brincar e sua relação com o processo de ensino- aprendizagem contribuindo para a produção de novos olhares acerca da valorização do brincar nos anos iniciais da Educação Infantil. (SANTOS, 2011) A sistematização do currículo, numa perspectiva tradicional impõe o brincar de forma limitada, como algo supérfluo que, ao ser inserido na escola de Ensino Fundamental torna-se desnecessário, pois entende-se que a criança não está mais na fase de brincar livremente. (SOUZA, 2011) CRIANÇA E O ATO DE BRINCAR Segundo Winnicott (1971), as crianças praticam o ato brincar por inúmeras razões, como por contentamento, para ampliar sua experiência, estabelecer contatos sociais, exprimir suas frustrações, agressividade, controle sobre suas angústias. O brincar, ajuda para integração do caráter. A brincadeira simbólica vem a ser, para este autor como uma terapia infantil, a continuação natural do objeto transacional, contribuindo para que seja feito o corte simbólico do cordão umbilical com seus pais. Proporcionando pôr em ordem as emoções e o desenvolvimento de contatos com a sociedade. Assume a posto de ligação entre a relação do indivíduo com sua veracidade interna e externa. É no brincar que a criança ultrapassa os limites do manuseio dos objetos que a rodeiam e se incluir em um mundo mais amplo e social. Indiferente do modo como a criança brinca, na maior parte das vezes as crianças brincam em grupos. Winnicott (1976) Diz que existe um processo natural do brincar sozinho para o brincar em grupos. Brincando em grupo, a criança obtém acesso à realidade social, começa a estipular relações por meio de uma situação imaginária, o que ajuda a construção da compreensão a sociedade. A brincadeira em grupo envolve versatilidade mental e social, na qual as crianças enfrentam muitas opiniões. Moyles(2002) Para vários professores fica muito nítido que o brincar tornaram- se um recurso para o desenvolvimento educacional das novas gerações. O professor precisa procurar por uma formação de qualidade, para que como educador seu trabalho seja agradável com as crianças, necessita ter uma visão diferente relacionado ao brincar e entender verdadeiro merecimento do brincar em sala de aula. Para Moyles (2002 p.37) “o treinamento inicial e prático dos professores precisa assegurar que eles adquiram mais competência nessa área a fim de acompanhar as tendências nacionais e manter vivo o papel vital do brincar no desenvolvimento das crianças”. A autora declara e reflete com preferência ao mérito do trabalho do docente como intermédio da criança no ato do brincar como a opção de aprendizagem. Não se pode esquecer os aspectos afetivos e emocionais do brincar Segundo Vygotsky (2003): As reações emocionais exercem uma influência essencial e absoluta em todas as formas de nosso comportamento e em todos os momentos do processo educativo. Se quisermos que os alunos recordem melhor ou exercitem mais seu pensamento, devemos fazer com que essas atividades sejam ensinadas e instigadas emocionalmente. A experiência e a pesquisa têm demonstrado que um fato impregnado de emoção é recordado de forma mais sólida, firme e prolongada que um feito indiferente. (Vygotsky, 2003, p. 121) Para Vygotsky (2003) Através do brincar a criança desenvolve sua criatividade, sua imaginação, melhora suas atitudes no desenvolvimento ensino-aprendizagem e seu amor próprio. A brincadeira como mecanismo de ensino no processo de aprendizagem, faz com que a criança entenda de forma lúdica, concedendo a ela mais independência, habilidade de julgar e questionar, fazendo assim com que aconteça um desenvolvimento de qualidade. O brincar é um ato praticado muito eficaz em sala de aula, com ela é oportunizado uma aprendizagem natural onde o propósito do brinquedo e da brincadeira é “compreender, a partir da origem e do desenvolvimento do próprio brinquedo, as conexões psíquicas que aparecem e são formadas na criança durante o período em que essa é a atividade principal” (Vygotsky, 2003, p.122). Nesse ponto de vista, tão significativo quanto os trabalhos pedagógicos. A maneira como ela é conduzida e como é praticada, e o porquê de estar sendo produzida. A autenticidade precisa estar sempre presente, principalmente quando este ato for recíproco, visto que essa ação supõe a ampliação das relações interpessoais que certamente irão capacitar a dinâmica das relações sociais no ambiente escolar. De acordo com Oliveira e Bazon (2009), os desafios, as estratégias, os problemas e a reflexão presentes nos jogos e brincadeiras colabora para que as crianças consigam preencher possíveis lacunas conscientes, possibilitando, por sua vez, a formação de elementos responsáveis por compor a estrutura cognitiva. “Preocupa-nos por um lado o descrédito com que os jogos ainda são tratados, fruto da banalização e superficialização de muitas defesas inadvertidas. Por outro lado, reconhecemos a existência de uma crença exacerbada neles, como capazes de produzir por si mesmos, desenvolvimentos e aprendizagens.” A criança organiza seu ambiente a partir de suas práticas cotidianas, obtidas por meio de seu comportamento, como correr, diferenciar, conhecer seus objetos pessoais e brinquedos, brincar com outras crianças e muitas outras. Pode-se dizer que a inclusão estímulos visuais, auditivas, tátil-cinestesia associadaa uma análise minuciosa do ambiente, permitem que a criança desenvolva sua estrutura espacial. É bom ressaltar que essa estruturação exige também um amplo desenvolvimento do esquema corporal necessário para a adaptação dos múltiplos movimentos de deslocamento no espaço. De acordo com AJURIAGUERRA, J. e MARCELLI, D: A psicomotricidade é a realização de pensamento por meio do ato motor preciso, econômico e harmonioso. Ou seja, é a relação entre o pensamento-ação, envolvendo a emoção. Assim, é a partir do suporte motor que a inteligência se desenvolve e é por meio do corpo que a criança acessa os símbolos e raciocínio abstrato, essenciais as diferentes aprendizagens propiciadas na escola. A utilização de brincadeiras infantis são instrumentos significativos no processo de instruir no ambiente de aprendizagem mais lúdico. Contudo é muito importante que o professor saiba seu objetivo na hora de usar esse mecanismo educacional de forma lúdica para contribuir com o desenvolvimento das habilidades psicomotoras essenciais para a criança. O BRINCAR DE ANTIGAMENTE Antigamente adultos e crianças conviviam no mesmo ambiente. Segundo Ariès (1981. P.94), A participação de toda a comunidade, sem discriminação de idade, nos jogos e divertimentos era um dos principais meios de que dispunha a sociedade para estreitar seus laços coletivos e para se sentir unida. Mas aos poucos essas atitudes de divertimento por meio de brincadeiras começam a ser vistos com outros olhos pela igreja e moralistas, pois comparavam aos prazeres carnais, ao vício e ao azar. Foram os humanistas do renascimento que constataram as oportunidades educativas e começaram a usufruir disso. A partir daí as brincadeiras passam a ser cogitadas como forma de conservação da moralidade dos “miniadultos”, reprovando-se as brincadeiras julgados “maus” e propor-se os considerados “bons”. Comenius (1593), Rousseau (1712) e Pestalozzi (1746), colaboraram junto com o protestantismo, para o começo da valorização da infância, fundamentada na concepção idealista e protetora da criança, fazendo uso de brinquedos e centrada na recreação. Iniciou-se a construção de métodos exclusivos para a educação infantil em casa ou em instituições especificas para tal fim No atual momento por conta de falta de espaço e muitas vezes também pela segurança nas ruas cada vez mais difícil, o brincar na vida das crianças tem sido somente no ambiente escolar, pois em casa as crianças acabam tendo grande influência da mídia as crianças cobiçam brinquedos que surgem todos os dia mais cheios de novidades e funções mais atrativas precisando ser substituo por outros mais arrojados. Muito contato com brinquedos eletrônicos e muitas acabam por ter rotinas exageradas de atividades programadas para o dia todo como ballet, natação, inglês, judô, etc. não sobrando tempo para brincar, restando somente espaço da escola. Com tantas obrigações e deveres em sua rotina, o tempo e o espaço de brincar e criar fica cada vez mais limitado, impossibilitando-as de se tornarem autônomas e de fazerem suas descobertas através das brincadeiras. É notável que a vida mudou, as mudanças na forma de brincar da criança, as brincadeiras de rua são pouco vistas, a violência ajudou muito para modificar as caracterização das ruas, pois não são apropriadas para a o brincar das crianças. Wamser (2005, p. 11) também afirma: A contemporaneidade nos tem revelado uma infância cada vez mais tecnológica. As crianças desde a mais tenra idade dominam o uso de computadores, aparelhos eletrônicos e celulares. Como consequência disso, para muitos de nossos educandos, o ato de brincar ocorre quase que exclusivamente de modo eletrônico e virtual. Quando essa não é sua Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 5 – nº 1 - 2014 6 realidade é com o que sonham. O BRINCAR POR PIAGET E VIGOTSKY Em cada fase do desenvolvimento da criança, o brincar vai se transformando, mas é essencial que ela tenha chance de explorar todas as fases do brincar. A importância do brinquedo é a da exploração e do aprendizado existente do mundo exterior, utilizando e estimulando os sentidos, a função sensorial, a função motora e a emocional. A brincadeira tem uma grande obrigação social, desenvolve o lado intelectual e principalmente cria oportunidades para a criança elaborar e vivenciar situações emocionais e conflitos sentidos na rotina de toda criança. A lógica na educação infantil Piaget (1998) acredita que as brincadeiras são essenciais na vida da criança. De início tem-se o brincar como atividade é aquele em que a criança repete uma determinada situação por puro prazer, por ter apreciado seus efeitos. Em torno dos 2-3 e 5-6 anos (fase Pré-operatória) nota-se a ocorrência dos jogos simbólicos, que satisfazem a necessidade da criança de não somente relembrar o mentalmente o acontecido, mas também de executar a representação. Na época posterior surgem as brincadeiras com regras, que são transmitidos socialmente de criança para criança e por consequência vão aumentando de importância de acordo com o progresso de seu desenvolvimento social. Para Piaget, a brincadeira constituiu-se em expressão e condição para o desenvolvimento infantil, já que as crianças quando brincam assimilam e podem transformar a realidade. Dessa forma, a criança se desenvolve através das interações que estabelece com os adultos desde muito pequenas. A sua experiência sócio-histórica inicia-se nessa interação entre ela, os adultos e o mundo criado por eles, e quando os pais estimulam seus filhos durante a brincadeira, se tornam mediadores do processo de construção do conhecimento, fazendo com que seus filhos passem de um estágio de desenvolvimento para outro. . Segundo Piaget (1976): “... os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energias das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual”. Brincar é, portanto, uma maneira essencial de exercício sensório- motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem a todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, brincando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais e que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (Piaget 1976, p.160). Para J. Piaget, dentro do pensamento construtivista sobre desenvolvimento e aprendizagem, tais conceitos se inter-relacionam, sendo a aprendizagem a alavanca do desenvolvimento. A perspectiva piagetiana é considerada oportunista, no sentido de que ela preza o desenvolvimento das funções biológicas – que é o desenvolvimento - como base para os avanços na aprendizagem. Já na chamada perspectiva sócio- interacionista, sócio-cultural ou sócio-histórica, abordada por L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está ligada ao fato de o ser humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos. Isso quer dizer que os métodos caminham juntos, ainda que não em paralelo. Vygotsky, ao contrário de Piaget, o desenvolvimento principalmente o psicológico/mental depende da aprendizagem na medida em que se dá por procedimentos de internalização de conceitos, que são promovidos pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar. Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta aprendizagem. Não podemos pensar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento, que dependerá das suas aprendizagensmediante as experiências a que foi exposta. Vygotsky (1998, p. 137) afirma: “A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão atravessar toda a atividade lúdica da criança. Será também importante indicador do desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas ações futuras. Vygotsky (1998) fala ainda que a criança experimenta a subordinação às regras ao rejeitar a algo que deseja, e é essa rejeição de agir sob impulsos imediatos que mediará o alcance do contentamento na brincadeira. A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e ao mesmo tempo, aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia a ação impulsiva constitui o caminho para o prazer do brinquedo. (VYGOTSKY, 1998, p. 130) A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação: “a criança vê um objeto, mas age de maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê” (VYGOTSKY, 1998, p. 127). No brincar, a criança consegue separar pensamento de objetos, e a ação surge das ideias, não das coisas. Por exemplo: um pedaço de madeira tornasse um carro. Isso representa uma grande evolução na maturidade da criança. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente Trabalho de Conclusão de Curso teve como propósito enfatizar a importância do brincar livre na etapa da educação infantil, para que na escola as crianças nesta fase tenham mais essa liberdade de escolha, pois normalmente em casa o brincar é substituído por alguma tecnologia e a criança acaba se limitando. Após os questionamentos sobre o assunto com alguns professores percebemos que eles concordam com a relevância do brincar livre para o desenvolvimento da criança. Consequentemente, o professor deve sempre ter esse momento contido em seu planejamento e que de alguma forma ele possa transmitir a tamanha importância desse tema para a família. REFERENCIAS Moyles,Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegr:Artmed,2002. BAZON, F. V. M.; ALVES, C. X.; et al. (Re) Significando o Lúdico: As situações de interações lúdicas como espaço de reflexão. Londrina-PR: EDUEL, 2009. OLIVEIRA, P. S. O que é brinquedo? São Paulo: Brasiliense, 1984 AJURIAGUERRA, J. e MARCELLI, D. Psicopatologia do jogo. In: ---. Manual de psicopatologia infantil. Porto Alegre: Artes Médicas; São Paulo: Masson, 1986.p. 169-76. WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1976. BROUGÈRE, G. Jogo e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. VYGOTSKY, L. S. 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