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O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Vânia Santos Marciano
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
VITÓRIA - ES
2019
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Vânia Santos Marciano
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho Científico apresentado à Universidade Estácio de Sá, como requisito final para obtenção do Diploma de Graduação em Pedagogia.
Orientadora: Marta Amaral
VITÓRIA – ES
2019
RESUMO
O presente artigo tem como principal objetivo aprofundar conhecimentos sobre o brincar, a brincadeira e os jogos, apontando sua importância para o desenvolvimento da criança. O resultado da pesquisa indicou que o brincar é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança. O brincar é muito mais que recrear; sendo uma das formas da criança se comunicar consigo e com o mundo. Através da brincadeira são desenvolvidos o raciocínio lógico, resolução de problemas e a interação social, além da exposição e processamento de variadas emoções. O resultado também aponta que a brincadeira possibilita a socialização das crianças, pois é passando pelo processo de socialização que ela, no decorrer de seu desenvolvimento, assimila os comportamentos, valores, normas, códigos, papéis, ritos, costumes, convenções e modos de pensamento próprio do ambiente sociocultural. Para isso foi feita uma pesquisa bibliográfica tendo como referência os autores Friedmann (1986); Kishimoto (2002); Carvalho (2015).
Palavras-chave: Brincar. Educação Infantil. Aprendizagem. Desenvolvimento.
1 INTRODUÇÃO
Com a brincadeira a criança pode revelar seus sentimentos e frustrações e, ainda relacionar-se com as outras crianças que também vivem experiências durante a realização de atividades coletivas, que estimulam o seu desenvolvimento. Na escola, atividades como rodas, contação de histórias, jogos e brincadeiras combinadas estimulam além da aquisição de novos conhecimentos, a socialização entre as crianças. Dessa forma, nosso objeto de estudo consiste em investigar o brincar na aprendizagem de crianças da educação infantil. 
O brincar, a brincadeira e os jogos, individuais ou em grupo, são ferramentas muito importantes para o desenvolvimento da criança, tanto físico como intelectual. O lúdico pode inserir a criança em situações que reflitam condições adversas, preparando-a para superar tais condições, desafios e o trabalho em equipe. 
Esse trabalho se faz relevante pela necessidade de um aprofundamento teórico acerca do tema intitulado “O brincar na Educação Infantil”, está aliado a um desejo de conhecer mais como essa ferramenta pode contribuir para o desenvolvimento da criança e de sua aprendizagem de forma significativa. 
É fundamental para o desenvolvimento cognitivo e intelectual da criança. Não significa apenas recrear. É muito mais; caracterizado como uma das formas mais complexas que a criança tem de comunicar consigo mesma e com o mundo. Também possibilita a socialização das crianças, pois é passando pelo processo de socialização que ela, no decorrer de seu desenvolvimento, assimila os comportamentos, valores, normas, códigos, papéis, ritos, costumes, convenções e modos de pensamento próprio do ambiente sociocultural. 
Diante dessas considerações, a pergunta orientadora do estudo pode ser assim contextualizada: Como a utilização de ferramentas com o lúdico pode ser eficaz para o desenvolvimento integral da criança? 
Como hipótese, pode-se apontar: como o brincar contribui para o desenvolvimento e aprendizagem da criança, favorecendo o seu desenvolvimento físico, cognitivo, social, criativo e expressivo.
O trabalho teve como objetivo aprofundar conhecimentos sobre o brincar, a brincadeira e os jogos, e sua importância para o desenvolvimento da criança, tanto físico como intelectual. E como objetivos específicos, pode-se apontar: estabelecer de que maneira os jogos e as brincadeiras podem ser utilizados na prática pedagógica de forma a contribuir para o desenvolvimento da criança; conhecer os objetivos desses jogos e brincadeiras que são utilizados pelo professor; investigar como as práticas pedagógicas que se utilizam dos jogos podem contribuir para o desenvolvimento da criança.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica a fim de construir um referencial teórico que apresenta a importância do brincar. Foi elaborado através de pesquisa em livros, textos, artigos e documentos. Para a realização deste artigo tendo como foco o brincar no ensino/aprendizagem e a socialização de crianças na Educação Infantil.
Embasado em autores reconhecidos da área serão discutidos assuntos relacionados ao tema. Em Kishimoto discutirei a questão do brincar e seus inúmeros benefícios. Machado e Pereira abordam o brincar e sua linguagem. Friedmann fala da formação integral da criança através do lúdico. Teixeira enriquece a discussão ao apontar o brincar como um suporte eficaz para a aprendizagem. Carvalho relaciona o brincar com sentimentos e Vygotsky analisa com profundidade o tema. 
2 DESENVOLVIMENTO
	Brincar é qualquer atividade espontânea ou organizada que proporciona prazer, entretenimento e diversão. Quando uma criança brinca ela se relaciona e se envolve com o ambiente ao seu redor, podendo praticar e combinar suas próprias ideias e comportamentos. 
Através da brincadeira são desenvolvidos o raciocínio lógico, resolução de problemas e a interação social, além da exposição e processamento de variadas emoções.
Segundo Kishimoto (2011), brincadeira “é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica” (p.24) e brinquedo “supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de regras que organizam sua utilização” (p.20). A partir dessas definições é possível perceber que brinquedos e brincadeiras caminham juntos no universo lúdico e se relacionam diretamente com a criança.
Ainda segundo Kishimoto (1998), “brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem” (p.20). Assim como o brincar precisa ser aprendido, também é possível aprender por intermédio do brincar. 
De acordo com o mesmo autor, “esquecemo-nos facilmente de que quando se brinca se aprende antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico e particular” (1998, p.23), ou seja, para que o brincar seja usado como forma de aprendizagem a criança deve ter aprendido primeiramente o ato de brincar, da mesma forma que para fazer contas é preciso conhecer os números.
Inicialmente as brincadeiras sao focadas no desenvolvimento dos 5 sentidos, como tato, paladar e olfato. Também sao estimuladas a psicomotricidade e percepção espacial, já que a curiosidade e o interesse são características marcantes nesse período.
Passado esse primeiro momento a criança começa a uma fase de observação, vindo a repetir gestos e ações do mundo ao seu redor, fato que pode ser notado através das brincadeiras.
Nos próximos momentos da vida infantil, as brincadeiras vão se tornando cada vez mais importantes, pois jogos de regras podem ser incluídos em seu repertório, além do faz-de-conta, estimulado por histórias e por representações.
Nessa etapa, o aprendizado é voltado para as experiencias com regras, frustração, divergências de gostos e ideias, liderança, maleabilidade, respeito e aceitação.
Portanto, desde o inicio da vida infantil nota-se a importância do brincar, suas caracteristicas e consequencias na vida adulta.
2.1 O brincar na infância 
A criança ao brincar, expressa vários sentimentos e emoções sendo assim a partir de determinadas brincadeiras podemos descobrir algumas de suas frustrações ou dificuldades. 
De acordo com Ferreira (2001, p.109), o termo brincadeira significa “ato ou efeito de brincar” e o termo brinquedo quer dizer “objeto para as crianças brincarem”.
Segundo Kishimoto (2011), brincadeira “é a ação que a criança desempenha ao concretizar as regras do jogo, ao mergulhar na ação lúdica” (p.24) e brinquedo “supõe umarelação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de regras que organizam sua utilização” (p.20). A partir dessas definições é possível perceber que brinquedos e brincadeiras caminham juntos no universo lúdico e se relacionam diretamente com a criança.
Ainda segundo Kishimoto (1998), “brincar não é uma dinâmica interna do indivíduo, mas uma atividade dotada de uma significação social precisa que, como outras, necessita de aprendizagem” (p.20). Assim como o brincar precisa ser aprendido, também é possível aprender por intermédio do brincar. 
De acordo com o mesmo autor, “esquecemo-nos facilmente de que quando se brinca se aprende antes de tudo a brincar, a controlar um universo simbólico e particular” (1998, p.23), ou seja, para que o brincar seja usado como forma de aprendizagem a criança deve ter aprendido primeiramente o ato de brincar, da mesma forma que para fazer contas é preciso conhecer os números.
As brincadeiras são ferramentas que desafiam a criança facilitando suas descobertas e a compreensão de que o mundo está cheio de possibilidades e oportunidades para a expansão da vida com alegria, emoção, prazer e vivência grupal. Brincar é fonte de lazer, mas também fonte de conhecimento que nos possibilita a considerar o brincar parte integrante da atividade educativa. 
Por meio da brincadeira, segundo Teixeira (2012), “a criança aprende a seguir regras, experimenta formas de comportamento e se socializa, descobrindo o mundo ao seu redor.” (p.49). Assim, a brincadeira assume um importante papel na vida das crianças, inclusive na interação social ao brincar com outras. Brincando elas vivem diferentes contextos, são capazes de imaginar, criar, recriar, conhecer, fazer, conviver, ser, etc. 
Brincando a criança é capaz de interagir no mundo dos adultos e participar mesmo que por uns minutos, desse universo. Segundo Vygotsky citado por Rego (2005, p.83) no “brinquedo a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, [...] é como se ela fosse maior do que é na realidade”.
Brincar favorece a autoestima da criança e a sua interação com o mundo que a rodeia, proporcionando situações de aprendizagem e desenvolvimento de suas capacidades cognitivas. Brincando as crianças recriam o mundo, descobrem seus limites, suas potencialidades, exercitam autonomia e a criatividade. Segundo Pereira (2005) “a criança quando brinca, está em estado de busca; e brincar é um ato de descobrir, indagar, escolher e recriar”.
2.2 A educação infantil e o brincar
	O espaço para o brincar dentro das escolas, possibilita o desenvolvimento infantil, principalmente, quando se trata da questão do imaginário, da aquisição dos símbolos quando a criança faz associações e recria no momento em que brinca, proporcionando novas vivências e por consequência desenvolvimento.
	Desde a criação de momentos de ludicidade/brincadeira por um adulto com a intenção de criar um estimulo ou colaborar para algum tipo de aprendizagem direcionada, apresenta-se a dimensão chamada por Kishimoto (2009) de dimensão educativa, nesse momento o educador cria e mantém as condições de jogo e a possibilidade de brincar com ele, mas no entremeio da brincadeira ele encontra formas para potencializar a aprendizagem ao mesmo momento em que a criança está brincando.
Além da brincadeira direcionada, o aprendizado também acontece com a brincadeira livre, aquela em que a criança decide o início, o andamento e as regras, este tipo de brincadeira pode acontecer de fora ou dentro da sala de aula. Este brincar que kishimoto denomina como “dotado de natureza livre” também contribui para o processo de desenvolvimento da criança.
Quando se utiliza um brinquedo numa classe de educação infantil ele pode possibilitar inúmeras aprendizagens e outras muitas além da qual ele foi direcionado e isso varia. Apesar de poder proporcionar situações de aprendizagem, não é possível ter certeza de que a construção do conhecimento projetada pelo professor, no momento em que decidiu fazer a utilização deste jogo, será realizada pela criança.
Machado (2003, p. 134) afirma que: “No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradução livre da realidade exterior: é também o que o adulto faz quando está filosofando, escrevendo e lendo poesias e exercendo sua religião” (p.22). A autora ressalta que o brincar é uma linguagem e que para explorar, descobrir e apreender a realidade, paradoxalmente a criança se utiliza do faz-de-conta e das brincadeiras. Brincando, ela aprende a linguagem dos símbolos e entra no espaço original de todas as atividades sócio-criativo-culturais.
Fazer o uso de jogos, por contar com uma motivação interna da criança, acaba por potencializar o trabalho pedagógico que se deseja fazer e também estimula o desenvolvimento da criança, contribuindo para que oorra uma aprendizagem prazerosa e satisfatória contribuindo pra um melhor desenvolvimento integral da criança.
2.3 A aprendizagem na Educação Infantil
A Escola é um dos locais onde a criança passa a maior parte do seu tempo. Sendo assim, fazem-se necessários espaços e programas lúdicos para suprir suas necessidades de brincar, pois a brincadeira já está inserida na vida da criança desde o seu nascimento. As possibilidades de aprendizagem são determinadas pelas experiências e pelas interações. Daí o papel importante da escola como mediador no processo de formação humana das crianças. 
A escola tem como função auxiliar a criança no seu desenvolvimento enquanto ser humano e a construção do conhecimento, aspectos esses que estão interligados. A educação infantil consiste no desenvolvimento de um trabalho  na formação de crianças, cujo objetivo é que elas se tornem aptas para viver numa sociedade democrática, e em constante mudança. 
Segundo Teixeira (2012, p.49):
O brincar pode representar, então, um suporte para a aprendizagem e para solução de problemas, mas também precisamos levar em conta a função do brinquedo como um todo e lembrar que há inúmeros tipos de jogos, brinquedos e brincadeiras que, apesar de propiciar uma ação no mundo imaginário da criança, também podem vir acompanhados de desprazer e frustração (TEIXEIRA, 2012).
É possível perceber que o brincar já faz parte do cotidiano das escolas e ainda mais que ele está inserido dentro das salas na ação pedagógica e nos processos de ensino-aprendizagem. Kishimoto destaca que:
O uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância desse instrumento para situações de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Se considerarmos que a criança pré-escolar aprende de modo intuitivo, adquire noções espontâneas, em processos interativos, envolvendo o ser humano inteiro com suas cognições, afetividade, corpo e interações sociais, o brinquedo desempenha um papel de grande relevância para desenvolvê-la. (KISHIMOTO, 2011, p.40)
O brinquedo educativo em sua função lúdica deve divertir, ser prazeroso ou até mesmo causar desprazer; dependendo da escolha das crianças. Quando pensamos em sua função educativa, “o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo” (KISHIMOTO, 2011, p.41). 
Segundo Pereira (2005, p. 25):
Na linguagem da brincadeira, podemos e muito bem, estabelecer nossa forma de trabalho, mas é importante estarmos atentos ao fato de que somos educadores, e isso faz uma grande diferença. A criança não precisa (e nem deve) ficar pensando em por que brinca, mas o educador precisa constantemente procurar saber o que o brincar tem a ver com seu trabalho (PEREIRA, 2005).
Primeiramente é preciso acreditar e entender que o processo de ensino-aprendizagem é um processo de comunicação, e sendo o brincar uma atividade que faz parte da vida do ser humano, devemos usar o lúdico como ferramenta para a transmissão dos conteúdos, interligando o aprender e o brincar, como momentos de alegria, participação e cumplicidade entre o educador e a criança.
Pereira (2005) destaca que:
É, portanto, importante estabeleceruma diferença entre o brincar como ferramenta e o brincar como expressão. A partir do momento em que uso o brincar como simples ferramenta de ensino, eu privo a criança do exercício de reelaborar uma dada realidade e dar novos significados às coisas em sua volta. Porém, se entendo o brincar como uma possibilidade de expressão, reconhecendo-o como cultura, como forma do ser humano de tornar-se presente no mundo com sua peculiaridade de individuo e de integrante de um grupo social, há uma chance de o brincar se instalar como uma das ações de formação de identidade da criança e, aí sim, exercer um papel importante na aprendizagem.( PEREIRA, 2005, p.26)
2.4 O brincar no desenvolvimento infantil
O brincar está relacionado mais a estímulos internos do que a contingências exteriores. Nesse sentido, a criança não é atraída por algum jogo ou por alguma brincadeira devido a forças externas inerentes à atividade, mas sim por uma força interna que é própria da evolução humana e do seu interesse. (OLIVEIRA, 2005). 
A criança expressa vários sentimentos e emoções, ao brincar, pois a partir de determinadas brincadeiras ela pode descobrir alguma frustração ou dificuldade. 
As brincadeiras são uma linguagem que perpassa toda a nossa experiência de vida. São gestos, sons, expressões, inflexões, declarações e imagens que se inter-relacionam, gerando um fenômeno complexo, imbricado nos modos mais íntimos de estar no mundo. A criança, assim, não se apropria desse brincar de uma forma infantilizada, em que tudo é tranquilo, doce e leve, como muito de nós, educadores, acreditamos. (OLIVEIRA, 2005)
De acordo com Vieira, Carvalho e Martins (2005, p. 42)
A brincadeira de faz – de – conta permite à criança ir além do que pode realizar no seu cotidiano: ao brincar de ser médico, professora ou mãe de família, a criança troca de lugar com o adulto e, assim, experimenta novas posições, novos lugares de trocas sociais, apreendendo, por exemplo, interações as quais vivenciou a partir da perspectiva (VIEIRA, CARVALHO e MARTINS, 2005).
O brincar tem sabor de desconhecer o que se conhece, pois cada brincadeira é um universo a ser sempre (re) descoberto, (re) vivido, (re) apreendido. Dessa forma, se o brincar é um instrumento importante para o desenvolvimento da criança, é também instrumento para a construção do conhecimento na infância.
Ao brincar, a criança não está preocupada com os resultados, porque é o prazer e a motivação que impulsionam a ação para a exploração livre. Além disso, a criança ao brincar expressa vários sentimentos e emoções, pois a partir de determinadas brincadeiras podemos descobrir alguma frustração ou dificuldade. 
O brincar não é algo fora da vida, mas sim algo nela também, pois dentro desse contexto habitam a alegria, a tristeza, a calma, a tensão e todos os sentimentos que envolvem cada um de nós. “Esses sentimentos vividos pelas crianças fazem com que elas reorganizem suas experiências, aprendam a solucionar problemas e criem espaços para a reconstrução do conhecimento”. (CARVALHO, 2015)
 	
2.5 O jogo como manifestação dentro do campo do lúdico e do brincar
A utilização dos jogos como instrumento no processo da aprendizagem é de grande valia, pois é no jogo que podemos observar e entender como as crianças estão aprendendo e se relacionando entre si. A maneira como se realiza o jogo envolve várias ações que geram múltiplos sentimentos como exaltação, tensão, alegria e frustração. Também por meio do jogo a criança manifesta sua criatividade, espontaneidade, iniciativa e imaginação. (KISHIMOTO, 2000). 
Kishimoto (2000, p.13) considera difícil definir o jogo 
Tentar definir o jogo não é tarefa fácil. Quando se pronuncia a palavra jogo cada um pode entender de modo diferente. Pode – se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou amarelinha, xadrez, adivinha, contar estórias, brincar de ‘mamãe e filhinha’, futebol, dominó, quebra- cabeça, construir barquinho, brincar na areia e uma infinidade de outros (KISHIMOTO, 2000, p.13).
Os jogos contribuem de forma fundamental na socialização da criança e na sua preparação para exercer uma cidadania atenta aos interesses políticos, econômicos, sociais e culturais. O jogo ensina, muitas vezes, sem que o jogador perceba. Ele pode, no futuro, compreender que aprendeu com o jogo, no momento da atividade lúdica. A recreação é a motivação principal. 
Para Kishimoto (2000, p.11):
Utilizar situações de jogo, de ‘brincadeiras’ na formação pedagógica remete para o uso metafórico das propriedades do jogo, de liberação do imaginário, da espontaneidade com vistas à compreensão das dificuldades de situação de ensino – aprendizagem (KISHIMOTO, 2000, p.11).
 
Assim, por meio dos jogos, as crianças brincam representando vários papéis e exercitando a criatividade. Quando elas se cansam dessas variações, modificam e dificultam a maneira de jogá-los, tornando-os mais interessantes. Isso faz com que elas tomem decisões à respeito do jogo. 
Esse processo é muito importante, pois a criança se dá conta de que não é um ser único e que há outras crianças que, assim como ela, também possuem a autonomia de tomar decisões. A leve frustração da percepção de que há outras crianças iguais à ela faz com que a fase do egocentrismo natural, pertencente ao seu desenvolvimento, fique para trás. (KISHIMOTO, 2000)
2.6 As contribuições dos jogos e brincadeiras no processo de aprendizagem 
Os jogos e brincadeiras são importantes na escola ou tais situações devem fazer parte da vida da criança somente fora do contexto escolar, como em casa, na rua, no clube ou em qualquer outro lugar. 
Os jogos e brincadeiras constituem-se como um momento de aprendizagem significativa para a criança, independente do local em que acontecem. Na escola, torna-se um valioso instrumento para que educadores conheçam melhor seus alunos e despertem neles o interesse em estudar determinados conteúdos de maneira agradável. Brincando a criança não apenas se diverte, mas interpreta o mundo em que vive, recria, e adquire conhecimentos por meio de atos concretos que somente o lúdico pode proporcionar. 
Enquanto a criança brinca, está usando a criatividade, fantasias, explora seus limites. Além da inserção social, aquisição de conhecimentos, desenvolvendo habilidades e afetividades. A brincadeira possui três características: a imaginação, a alienação, e a regra (BERTOLD; RUSHEL 2000, p.10). 
Atualmente, nossas crianças iniciam cada vez mais cedo sua vida escolar, dessa forma, o lúdico torna-se ainda mais importante para o processo de aprendizagem. Entretanto, muitos professores não atribuem o valor merecido aos jogos e brincadeiras no contexto escolar, acham que é perda de tempo, algo improdutivo. As atividades conteudistas são consideradas mais produtivas do que as lúdicas. É aí que muitos se enganam. 
É importante ressaltar que a prevalência de tal pensamento, principalmente na educação infantil, ratifica uma prática docente que desconsidera a importância das brincadeiras, seja ela de qualquer natureza como um valioso recurso pedagógico e acabam por proporcionar um contexto educativo enfadonho e desestimulante para a aprendizagem. 
As brincadeiras são atividades socioculturais que favorecem a construção de hábitos e valores de um determinado grupo social. Desse modo, ao observarmos a riqueza cultural das diversas regiões do nosso Brasil, perceberemos também uma variedade de brincadeiras e jogos, cada uma com suas especificidades.
Para que as brincadeiras alcancem os objetivos esperados, faz-se necessário que o professor conheça quais habilidades são desenvolvidas por meio dos jogos e brincadeiras e suas contribuições, principalmente, para crianças em fase de alfabetização. 
■ Permite desenvolver experiências novas e manipulações.
■ Libera energia.
■ É fonte de prazer. 
■ Contribui para a construção e estruturação da personalidade infantil. 
■ Libera a fantasia e o faz-de-conta. 
■ Permite a relação das crianças com outras crianças e com o meio. 
■ Canaliza energias. 
■ Permite que a criança arrisque.■ Aprende a lidar com o perder e o ganhar. 
■ Aceitação de regras. 
■ Desperta a curiosidade e a criatividade. 
■ Proporciona liberdade de escolha. 
■ Desenvolve a coordenação motora. 
■ Estimula a memorização. 
■ Trabalha a organização espacial. 
■ Raciocínio lógico. 
■ Expressão linguística. 
São muitos os benefícios que os jogos trazem. Mas, será que sempre a criança tem prazer com seus brinquedos? Será que as brincadeiras também não lhe causam frustrações ou desejo de não querer mais brincar com determinados brinquedos?
No livro intitulado “Formação Social da Mente”, Vygotsky (2010) afirma que não podemos entender o papel do brinquedo apenas como uma atividade que dá prazer à criança por dois motivos: 
Definir o brinquedo como uma atividade que dá prazer à criança é incorreto por duas razões. Primeiro, muitas atividades dão a criança experiências de prazer mais intensas do que o brinquedo, por exemplo, chupar chupeta, não se sacie. E, segundo, existem jogos nos quais a própria atividade não é agradável, por exemplo, predominantemente, no fim da idade pré-escolar, jogos que só dão prazer à criança se ela considerar o resultado interessante. Os jogos esportivos (não somente os esportes atléticos, mas também outros jogos que podem ser ganho ou perdidos), são, com muita frequência, acompanhados de desprazer, quando o resultado é desfavorável para a criança (VYGOTSKY, 2010, p.105). 
Para compreendermos melhor como isso acontece, vamos pensar um pouco na teoria de Vygotsky (2010), em que a ideia é que o desenvolvimento cognitivo resulta da interação entre a criança e as pessoas com quem mantém contato. Sendo assim, o brincar torna-se responsável por esse desenvolvimento, uma vez que muitas brincadeiras são feitas em grupo. Mas, como já citado por Vygotsky, nem sempre isso causa prazer. 
É comum, em situações de sala de aula, alunos dizerem que não gostaram de algum jogo porque o resultado não foi ao seu favor, naquele momento um mesmo jogo que outrora tinha lhe dado prazer, neste deixou de ter. Pode-se dizer que o problema não está no jogo, mas no seu resultado. Outro exemplo é quando uma criança é rejeitada por um grupo por não ter habilidades exigidas para determinado brinquedo, ou por não ter bom relacionamento, ofusca-se e não quer mais brincar. Toda vez que se deparar com esses tipos de situações, irá dizer que não quer brincar com aquilo, ou que não gosta. 
Os jogos podem ser utilizados para desenvolver habilidades de leitura e escrita. As crianças que desenvolvem seu processo de aprendizagem de forma lúdica têm grandes chances de ter mais êxito na educação formal. Os medos e angústias que as crianças têm, principalmente, em fase de alfabetização, tendem a não existir se a aprendizagem se consolidar de maneira prazerosa, principalmente na escola. Moyles (2002, p. 29) traz em seu livro “Só brincar? O papel do brincar na educação infantil” contribuições importantes que devemos considerar quando pensamos em atividades lúdicas seria destacar que o brincar:
1. Deve ser aceito como um processo. 
2. É necessário para crianças e adultos. 
3. Não é o oposto do trabalho; são parte da vida. 
4. É sempre estruturado pelo ambiente, pelos materiais ou contextos em que ocorre. 
5. É uma preliminar do brincar no ambiente escolar, provavelmente serão dirigidas pelo professor. 
6. Dirigido de forma adequada assegura que a criança aprenda. 
7. Os pais têm o direito de esperar que o brincar seja significativo e organizado. 
8. O brincar é potencialmente excelente meio de aprendizagem. 
Diante das ideias do autor, temos que compreender que na escola temos as brincadeiras como uma forte aliada no processo de ensino e aprendizagem, visto que promovem o desenvolvimento da criança. Contudo, como já explicitei anteriormente, esse trabalho deve ser planejado com objetivos definidos para cada etapa da vida da criança, desde muito pequenas as crianças fazem uso do jogo, mesmo que de maneira involuntária. 
Piaget classificou os jogos de acordo com cada tipo de estrutura mental: Jogos sensório-motor, também chamado de exercício ou funcionais, jogos simbólicos e jogos de regras. Esse será nosso próximo assunto.
2.7 Jogos e brincadeiras: desenvolvimento e aprendizagem no contexto escolar 
Os jogos e as brincadeiras são aqui pensados e problematizados no contexto educacional. Para compreendermos tais situações pedagógicas é muito importante situá-los a partir da consideração dos amplos objetivos que convergem para o processo de ensino e aprendizagem. 
Nesse sentido é importante lembrar que a escola tem sua função social de contribuir, com a propagação do pensamento científico a fim de consolidar uma sociedade mais justa. Desse modo, “o trabalho da escola deve considerar as crianças como seres sociais e trabalhar com elas no sentido de que sua integração na sociedade seja construtiva” (FRIEDMANN, 1996, p.45).
A partir dessa perspectiva, a educação deve privilegiar o contexto socioeconômico e cultural, reconhecendo as diferenças existentes entre as crianças, ter a preocupação de propiciar a todas um desenvolvimento integral e dinâmico (cognitivo, afetivo, linguístico, social, moral e físico-motor), assim como a construção e o acesso aos conhecimentos necessários. Desse modo, podemos afirmar, que é papel da escola capacitar as crianças por meio de situações desafiadoras que favoreçam o desenvolvimento do pensamento crítico. 
Pautados nessa concepção de uma criança, pessoa socialmente constituída, percebemos que as atividades oferecidas para nossas crianças por nós educadores devem favorecer essa compreensão de criança na sua totalidade para não cometermos equívocos ao propor certas atividades. 
É comum no cotidiano observar práticas totalmente soltas e desvinculadas do desenvolvimento infantil, tais como: organizar o tempo escolar com foco em objetivos específicos e desvinculados, por exemplo “agora trabalharei a coordenação motora fina por meio de uma atividade “X”, agora meu foco será a socialização. Tais situações denotam falta de clareza acerca da importância e necessidade do lúdico na escola. 
É importante ressaltar as contribuições de Friedmann (1996, p.67):
Essa divisão não vai ao encontro da formação da personalidade integral das crianças nem de suas necessidades. Os indivíduos necessitam construir sua própria personalidade e inteligência. Tanto o conhecimento como o senso moral são elaborados pela criança, em interação com o meio físico e social, passando por um processo de desenvolvimento. Em relação ao conhecimento, é importante fazer corresponder conteúdos ao conhecimento geral das crianças, seus interesses e suas necessidades e desafiar sua inteligência. Em relação ao desenvolvimento moral, as crianças constroem normalmente o seu próprio sistema de valores morais, baseando-se em sua própria necessidade de confiança com as outras (FRIEDMANN, 1996, p. 67).
É importante destacar que o contexto educacional caracterizado pela relação entre adultos e crianças deve se caracterizar pelo respeito mútuo, pelo afeto e pela confiança. O referido contexto marcado por tais características é fundamental para a consolidação de um ambiente alfabetizador dinâmico e motivador. Tanto adultos quanto as crianças a aprendizagem depende em grande parte da motivação para que todo e qualquer processo de aprendizagem. 
O educador deve se colocar nessa perspectiva de defesa do jogo enquanto instrumento que permite o aproveitamento desse recurso. Entretanto, é necessário enfatizar que o lúdico não pode ser entendido como a única situação de ensino e aprendizagem. O professor alfabetizador deve considerar que o contexto escolar deve ser pensado por atividades diversificadas. 
Ao brincar, alguns aspectos são desenvolvidos na criança, entre eles o afetivo, o físico-motor e o moral, a seguir:
2.7.1 O desenvolvimento afetivo 
Ao brincar a criança interage com o grupo e cria sua própria identidade. É necessário compreender que deverá lidar com situações de conflitos, agressividade, alegria, tristeza, medo, angústia e outros sentimentos quesão gerados na criança. Todas essas situações que a criança é submetida irão promover o seu desenvolvimento, pois ela é desafiada a lidar com cada uma delas. Cabe também, ao professor ser o motivador. 
2.7.2.O desenvolvimento físico-motor 
A criança é um ser em processo de desenvolvimento integral. A cada dia faz novas descobertas, cria e recria e desenvolve novas habilidades, entre elas as físico-motoras. Ao brincar, a criança explora os movimentos de seu corpo e essa exploração promove do desenvolvimento, assim, podemos considerar que as atividades lúdicas na escola devem ser mediadas, motivadas e direcionadas pelo professor. 
Sobre a importância das brincadeiras Gallahue e Ozmun (2005, p. 204) afirmam: 
As brincadeiras são o modo básico pelo qual elas tomam consciência de seus corpos e de suas capacidades motoras. Brincar também serve como importante facilitador do crescimento cognitivo e afetivo da criança pequena, bem como importante meio de desenvolver tanto habilidades motoras como rudimentares (GALLAHUE e OZMUN, 2005, p.204).
Muitas crianças hoje em dia vivem de forma sedentária? Elas passam grande parte de seu tempo assistindo televisão, em computadores, celulares e outros aparatos tecnológicos? Crianças precisam correr, pular, movimentar-se para que suas capacidades motoras sejam desenvolvidas. 
É preciso incentivá-las a fazer isso, é preciso criar brincadeiras que as façam descobrir como é bom e importante pular corda, andar de bicicleta, jogar bola, brincar de roda e outras brincadeiras que as movimentem e trabalhem os aspectos físicos-motores aliados a outras áreas de desenvolvimento. 
2.7.3 O desenvolvimento moral 
A criança deve compreender que os jogos e brincadeiras apresentam regras, todavia, quando são pequenas ainda não tem esse nível de abstração e aceitação. Na escola é primordial que o professor medeie esse trabalho, construindo junto com as crianças as regras das atividades lúdicas. Envolver a criança na construção de regras faz com que assimile melhor o ganhar e o perder. 
Realizar atividades lúdicas em grupo promove a cooperação e a autonomia. As crianças que sabem lidar melhor com a situação de perder ou ganhar, certamente será um adulto que terá maior facilidade em respeitar as leis e normas de uma sociedade. 
O lúdico torna-se um grande aliado para a consolidação de uma prática alfabetizadora que contextualiza o conhecimento por meio de situações problematizadoras desafiantes ao aluno. 
A intervenção do professor estimula o envolvimento das crianças, problematizar as situações, acompanhar as regras estabelecidas e apaziguar os conflitos que quase sempre acontecem, em razão da estruturação dos jogos. 
Para Santos (1990), a atitude do professor é fundamental em relação ao desenvolvimento infantil, principalmente por meio do jogo de faz-de-conta e aponta três funções que o professor pode assumir: 
1. Função de “observador”: ao observar as crianças brincando, o professor deve evitar fazer intervenções, assim consegue perceber a manifestação de todos, suas ações, reações, conversas e segurança de seus alunos. 
2. Função de “catalisador”: com a observação do professor em todos os detalhes com o objetivo de descobrir os desejos e necessidades implícitos em cada brincadeira. Ele contribui na exploração dos objetivos propostos para aquele momento lúdico. 
3. Função de “participante ativo”: com o professor sendo mediador de situações que venham a surgir durante as brincadeiras, seja ela situação de conflito, regras ou aprendizagem de maneira geral. 
2.8 A brinquedoteca 
Devido a vários fatores, o direito de brincar acaba não sendo estendido a todas as crianças. Sendo assim, a criação de uma brinquedoteca na escola é de suma importância, pois garante esse direito da criança. 
A brinquedoteca é o espaço no qual a criança é estimulada a brincar, esse espaço deve apresentar uma grande variedade de brinquedos e jogos que busquem valorizar a cultura infantil. Ali, ela é chamada a sentir, experimentar, socializar-se, buscar novas formas de explorar fatores externos que lhe causam desconforto, enfim, é um ambiente feito para a criança. Um espaço também educativo que é um complemento das atividades que os alunos realizam em sala de aula.
Onde o uso do brinquedo é socializado e nela a criança entra no mundo do imaginário e compartilha alegria com os amigos e professores. 
Quando uma criança entra na brinquedoteca deve ser tocada pela expressividade da decoração, porque a alegria, o afeto e a magia devem ser palpáveis. Se a atmosfera não for encantadora não será uma brinquedoteca. Uma sala cheia de estantes com brinquedos pode ser fria, como são algumas bibliotecas. Sendo um ambiente para estimular a criatividade, deve ser preparado de forma criativa, com espaços que incentivem a brincadeira de “faz de conta” , a dramatização, a construção, a solução de problemas, a sociabilização e a vontade de inventar: um camarim com fantasias e maquilagem, os bichinhos, jogos de montar, local para os quebra-cabeças e os jogos ( KISHIMOTO, 2000, p. 36-37). 
As vantagens do uso da brinquedoteca são inúmeras, veja: 
■ É um ambiente que estimula o desenvolvimento integral das crianças. 
■ Favorece o equilíbrio emocional. 
■ Amplia a capacidade de concentração. 
■ Possibilita as crianças terem acesso a vários brinquedos e brincadeiras. 
■ Promove a responsabilidade, cooperativismo. 
■ Proporciona o desenvolvimento de potencialidades. 
■ Enriquece a relação professor/aluno e aluno/aluno. 
■ Desenvolve criatividade e o senso de reflexão. 
■ Promove a aprendizagem de maneira lúdica e prazerosa. 
■ Criação do mundo imaginário. 
Enfim, a brinquedoteca auxilia o desenvolvimento da criança em todos os aspectos, seja ele físico, emocional ou cognitivo. Sendo assim, seria necessário que as escolas de educação infantil tivessem um ambiente reservado para os momentos lúdicos. O uso correto da brinquedoteca só tem a contribuir com o processo de aprendizagem dos alunos. A criança que brinca é mais feliz e, consequentemente, será um adulto feliz.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os jogos e brincadeiras são, na sua essência, uma maneira de contribuir para a formação de atitudes, normas, cooperação, socialização, responsabilidades, direitos e deveres. Ao brincar, a criança libera energia e deixa perpassar emoções e atitudes que, muitas vezes, não conseguimos perceber, somente dentro de uma sala de aula. 
O ensino por meio do lúdico pode favorecer a aprendizagem das crianças que apresentam dificuldades. É uma forma de aprender de maneira concreta, tornando-se uma alternativa para que o professor consiga intervir para a promoção do processo de aprendizagem das crianças. Mas, para que consiga fazer isso, é necessário que conheça como a ludicidade na escola é importante e que tipo de jogos e brincadeiras são mais apropriados em cada faixa-etária. Dessa forma, saberá como lidar com diferentes situações que surgirão no contexto escolar. 
No que diz respeito ao ambiente, a brinquedoteca na escola é um local que pode se tornar uma extensão da sala de aula. Esse ambiente é propício para a promoção da aprendizagem, pois estimula a criatividade e imaginação da criança. 
O brincar beneficia a aprendizagem e a socialização das crianças, no que diz respeito ao desenvolvimento cognitivo e social, envolvendo as características de sociabilidade como as trocas, as atitudes, as reações e as emoções que envolvem as crianças e os objetivos utilizados.
E é participando, ativamente, de uma comunidade educativa, que a criança tem a oportunidade de estabelecer inúmeras trocas com outras crianças, com adultos e com outros instrumentos culturais (livros, brinquedos, objetos e etc.). Podemos dizer, dessa forma, que a criança é um sujeito sociocultural.
Socializar é o modo como a criança adapta ao meio em que vive, ao mesmo tempo em que interage com ele, pois a socialização é uma prática cotidiana em que o meio influencia a formação da pessoa. Dessa forma podemos dizer que a socialização é significativa na construção de saberes, devido à interaçãoda criança com o meio.
A através dos jogos, brincadeira e brinquedos que a criança aprende e desenvolve seu senso critico, socializa-se, se organiza psicologicamente, se descobre fisicamente, descobre o outro, desenvolve autonomia para que no futuro consiga tornar um cidadão atuante e critico na sociedade.
E é participando, ativamente, de uma comunidade educativa, que a criança tem a oportunidade de estabelecer inúmeras trocas com outras crianças, com adultos e com outros instrumentos culturais (livros, brinquedos, objetos e etc.). Podemos dizer, dessa forma, que a criança é um sujeito sociocultural.
A criança é um sujeito social, pois ela faz parte de uma família que vive em uma sociedade, e o ambiente formado pelos objetos contribui para a socialização da criança, e isso ocorre por meio de múltiplas interações.
Por meio das brincadeiras, a criança se comunica com seus pares, apropria-se de sua cultura e a reconstrói, pois a criança é um sujeito social e cultural. É brincando que a criança faz a leitura do mundo e age sobre ele, recriando-o.
A importância de uma maior compreensão das brincadeiras como parte do mundo das crianças é um estudo que deve ter continuidade, principalmente para a formação do professor. As brincadeiras proporcionam momentos agradáveis, dando espaço à criatividade e à socialização entre as crianças. Assim, o que se quer, de fato, é aprender brincando.
A importância de uma maior compreensão das brincadeiras como parte do mundo das crianças é um estudo que deve ter continuidade, principalmente para a formação do professor. As brincadeiras proporcionam momentos agradáveis, dando espaço à criatividade e à socialização entre as crianças. Assim, o que se quer, de fato, é aprender brincando.
REFERÊNCIAS
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GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. 03. ed. São Paulo: Phorte, 2005. 
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