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Câncer - causas e rastreamento

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Andressa Marques – medicina UFR 
Prevenir ou Remediar? 
Câncer é o nome dado ao conjunto de mais de 100 doenças que tem em comum o crescimento 
desordenado das células, que invadem tecidos e órgãos. Essa proliferação desordenada levam as 
células a serem muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores que podem 
se espalhar para outros locais do corpo. Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos 
de células do corpo. Por exemplo, quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, são 
denominados carcinomas; já quando começam em tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou 
cartilagem, são denominados sarcomas. 
Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de 
multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes (metástase). 
O INCA atua na formulação da política nacional de prevenção e controle do câncer, envolvendo 
epidemiologia, estatística, informação em saúde, planejamento e gestão. A prevenção, o registro 
nacional e o controle do câncer são uns dos grandes desafios da saúde pública no Brasil, devido às 
dimensões continentais do país e à heterogeneidade da população brasileira. A descrição da 
distribuição dos tipos mais incidentes de câncer, por meio do tempo, tem sido uma das 
principais estratégias para o estabelecimento de diretrizes em políticas públicas e, 
principalmente, para o planejamento de ações de prevenção e controle do câncer. A estratégia 
tem sido manter e fortalecer centros de informação (Registros de Câncer de Base Populacional e 
Hospitalares – RCBP/RHC) que permitam monitorar a situação do câncer como parâmetro para todo 
o país. Nesse sentido, o Brasil produz as estimativas para a incidência de câncer desde 1995, com 
aprimoramento metodológico constante para o seu cálculo, a partir da melhoria da quantidade, 
qualidade e da atualidade das informações dos RCBP, dos RHC e do Sistema de Informações sobre 
mortalidade (SIM) – os 3 compondo um sistema integrado de vigilância de informações sobre câncer. 
As transições demográficas e epidemiológicas globais sinalizam um impacto cada vez maior da carga 
de câncer nas próximas décadas. De modo geral, as maiores taxas de incidência (até 2013) foram 
observadas nos países desenvolvidos (América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Coreia do Sul, 
Austrália e Nova Zelândia). Taxas intermediárias são vistas na América do Sul e Central, no Leste 
Europeu e em grande parte do Sudeste Asiático (incluindo a China). As menores taxas são vistas em 
grande parte da África e no Sul e Oeste da Ásia (incluindo a Índia). Enquanto, nos países 
desenvolvidos, predominam os tipos de câncer associados à urbanização e ao desenvolvimento 
(pulmão, próstata, mama feminina, cólon e reto), nos países de baixo e médio desenvolvimentos, 
ainda é alta a ocorrência de tipos de câncer associados a infecções (colo do útero, estômago, 
esôfago, fígado). 
 
➢ Causas de Câncer: 
 
Atualmente, a definição de risco para a saúde vem sendo ampliada e engloba várias condições que 
podem ameaçar os níveis de saúde de uma população ou mesmo sua qualidade de vida. Mesmo se 
considerarmos que o conhecimento do mecanismo causal dos diversos tipos de câncer não é completo, 
na prática, do ponto de vista da saúde pública, a identificação de apenas um componente pode ser 
suficiente para grandes avanços na prevenção, a partir da escolha de medidas preventivas. Em 
algumas ocasiões, por precaução, poderíamos tomar atitudes em favor da proteção da saúde da 
população até mesmo antes que qualquer componente do mecanismo causal seja descoberto. Em 
contrapartida aos fatores de risco, há fatores que dão ao organismo a capacidade de se proteger contra 
determinada doença, daí serem chamados fatores de proteção. São fatores de proteção, por exemplo, 
o consumo de frutas, legumes e verduras. 
Andressa Marques – medicina UFR 
O estudo dos fatores de risco e de proteção, isolados ou combinados, tem permitido estabelecer 
relações de causa-efeito com determinados tipos de câncer, porém, três aspectos devem ser 
enfatizados: 
• Nem sempre a relação entre a exposição a um ou mais fatores de risco e o desenvolvimento 
de uma doença é reconhecido facilmente, especialmente quando se presume que a relação se dê com 
comportamentos sociais comuns, como a alimentação, por exemplo. 
• Nas doenças crônicas, como o câncer, as primeiras manifestações podem surgir após muitos 
anos de uma única exposição (radiações ionizantes, por exemplo) ou exposições contínuas (radiação 
solar ou tabagismo, por exemplo) aos fatores de risco. Por isso, é importante considerar o conceito de 
período de latência, isso é, o tempo decorrido entre a exposição ao fator de risco e o surgimento da 
doença. 
• As causas de câncer são variadas, podendo ser externas ou internas ao organismo, estando 
ambas inter-relacionadas. 
 
As causas externas, como substâncias químicas, irradiação, vírus e fatores comportamentais, 
estão relacionadas ao meio ambiente, ou seja, constituem os fatores de risco ambientais. De todos os 
casos de câncer, de 80% a 90% estão associados a fatores ambientais. Alguns desses fatores são bem 
conhecidos: 
 • O cigarro pode causar câncer de pulmão (cerca de 90% dos cânceres de pulmão são causados 
pelo cigarro) e muitos outros tipos de câncer. 
• O uso de bebidas alcoólicas pode causar câncer de boca, orofaringe e laringe (principalmente 
quando associado ao fumo), esôfago e fígado. 
• A exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele. 
• Alguns vírus também podem causar câncer (exemplo: leucemia, câncer do colo do útero e 
câncer de fígado). 
• A radiação também pode causar câncer: a incidência e a mortalidade por câncer nos 
habitantes das cidades de Hiroshima e Nagasaki, no Japão, após a explosão da bomba atômica (no 
fim da Segunda Guerra Mundial, em agosto de 1945), ainda hoje são muito altas. 
 
As causas internas, como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas são, na 
maioria das vezes, geneticamente predeterminadas e estão ligadas à capacidade do organismo de se 
defender das agressões externas. Apesar de o fator genético exercer um importante papel na formação 
dos tumores (oncogênese), são raros os casos de câncer que se devem exclusivamente a fatores 
hereditários, familiares e étnicos. Alguns tipos de câncer, como os cânceres de mama, estômago e 
intestino, parecem ter um forte componente familiar, embora não se possa afastar a hipótese de 
exposição dos membros da família a uma causa comum. Existem ainda alguns fatores genéticos que 
tornam determinadas pessoas mais susceptíveis à ação dos agentes cancerígenos ambientais. Isso 
parece explicar porque algumas delas desenvolvem câncer e outras não, quando expostas a um mesmo 
carcinógeno. 
 
➢ Detecção Precoce 
Quanto antes o câncer for detectado e tratado, mais efetivo o tratamento tende a ser, maior a 
possibilidade de cura e melhor a qualidade de vida do paciente. O objetivo é detectar lesões pré-
cancerígenas ou cancerígenas quando ainda estão localizadas no órgão de origem e antes que invadam 
os tecidos circundantes ou outros órgãos. 
As duas estratégias utilizadas para a detecção precoce são, diagnóstico precoce e rastreamento. 
Deve haver uma clara distinção entre rastreamento e diagnóstico de doenças. Quando um indivíduo 
exibe sinais e sintomas de uma doença e um teste diagnóstico é realizado, este não representa um 
rastreamento. A equipe de saúde deve estar sempre vigilante em identificar a apresentação clínica na 
população sob seus cuidados e deve realizar os exames sempre que surjam sintomas nas pessoas sob 
seus cuidados, ou seja, realizar os exames necessários de acordo com a clínica apresentada pelo 
Andressa Marques – medicina UFR 
paciente. Isso não configura rastreamento, mas sim cuidado e diagnóstico apropriado (ENGELGAU, 
2000). 
 
→Diagnósticoprecoce - é realizado com o objetivo de descobrir o mais cedo possível uma doença 
por meio dos sintomas e/ou sinais clínicos que o paciente apresenta. A exposição a fatores de risco é 
umas das condições a que se deve estar atento na suspeição de um câncer, principalmente quando o 
paciente convive com tais fatores. 
O Programa Nacional para o Controle do Câncer da OMS (2002) recomenda que todos os países 
promovam uma conscientização para os sinais de alerta que alguns tipos de cânceres são capazes de 
apresentar. Os dois principais componentes de programas nacionais para o controle do câncer são: 
informação para a população e informação para os profissionais. 
→Rastreamento - O rastreamento (screening) é o exame oferecido para pessoas saudáveis (sem 
sintomas de doenças) com o objetivo de selecionar aquelas com mais chances de ter uma enfermidade 
por apresentarem exames alterados ou suspeitos e que, portanto, devem ser encaminhadas para 
investigação diagnóstica. De acordo com o Ministério da Saúde (2010), programas de rastreamento 
podem ser oferecidos de duas formas diferentes: 
- Rastreamento organizado: ocorre quando um método de cuidado assistencial comprovadamente 
efetivo para detectar uma doença, condição ou risco é oferecido de forma sistematizada para a 
população alvo. 
- Rastreamento oportunístico: ocorre quando a pessoa procura o serviço de saúde por algum outro 
motivo e o profissional de saúde aproveita o momento para rastrear alguma doença utilizando um 
método de cuidado assistencial comprovadamente efetivo para detectar uma determinada doença, 
condição ou risco. 
A desvantagem desse rastreamento é que, além de ser menos efetivo no impacto sobre a morbidade 
e a mortalidade atribuídas à condição rastreada, também é mais oneroso para o sistema de saúde como 
um todo. 
(a finalidade de qualquer tipo de rastreamento é a redução da morbimortalidade pela doença.) 
 
➔ Critérios para um programa de rastreamento 
 Para a implantação de programas de rastreamento, o problema clínico a ser rastreado deve atender a 
alguns critérios, a seguir: 
1. A doença deve representar um importante problema de saúde pública que seja relevante para 
a população, levando em consideração os conceitos de magnitude, transcendência e 
vulnerabilidade; 
Magnitude: refere-se à dimensão coletiva e epidemiológica do problema, em relação aos demais 
problemas, agravos e doenças presentes na população em questão (tratado em geral em termos de 
prevalência e incidência, em comparação com outros problemas, agravos ou doenças). 
Transcendência: refere-se ao impacto produzido na comunidade pela doença em questão e pressupõe 
avaliação valorativa e significativa dos tipos de condições, ou das faixas etárias, ou dos tipos de danos 
e suas consequências. 
Vulnerabilidade: refere-se à capacidade e probabilidade de evitação da doença, ou de diagnose 
precoce e de tratamento, de acordo com a tecnologia atual 
 
2. A história natural da doença ou do problema clínico deve ser bem conhecida; 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
3. Deve existir estágio pré-clínico (assintomático) bem definido, durante o qual a doença possa 
ser diagnosticada; 
 
4. O benefício da detecção e do tratamento precoce com o rastreamento deve ser maior do que 
se a condição fosse tratada no momento habitual de diagnóstico; 
 
5. Os exames que detectam a condição clínica no estágio assintomático devem estar disponíveis, 
aceitáveis e confiáveis; 
 
6. O custo do rastreamento e tratamento de uma condição clínica deve ser razoável e compatível 
com o orçamento destinado ao sistema de saúde como um todo; 
 
7. O rastreamento deve ser um processo contínuo e sistemático. 
 
A reflexão ética para a introdução de um programa de rastreamento deve ser rigorosa devido aos 
riscos associados ao se intervir em pessoas assintomáticas. Os riscos dos procedimentos de 
rastreamento envolvem, além daqueles inerentes ao procedimento, alguns outros, tais como: a falsa 
impressão de proteção para aquelas pessoas com teste negativo e que apresentam a condição rastreada 
(falso-negativos); a sequência de exames diagnósticos em que o paciente será submetido até a 
confirmação da doença; os pacientes erroneamente com rastreamento positivo (falso-positivos); e o 
tratamento excessivo daqueles com anormalidades limítrofes (ROGERS, 2000). Além da 
preocupação e ansiedade geradas nos pacientes que necessitam de confirmação de exames de 
rastreamento alterados. 
É importante que se tenha em mente a mudança na relação usuário/equipe de saúde, pois a proposta 
de se rastrear envolve pessoas assintomáticas e, assim, tem que se dar garantia de que a intervenção 
proposta está cientificamente comprovada como sendo benéfica. Mesmo que as vantagens de um teste 
de rastreamento tenham sido provadas, os profissionais de saúde precisam estar cientes de que esses 
benefícios ocorrem somente para um número proporcionalmente pequeno de pessoas frente ao 
contingente maior daquelas submetidas ao rastreamento. Em contraste, todos os participantes de um 
programa de rastreamento têm risco de sofrerem danos. O fato de ser oferecido rastreamento àqueles 
aparentemente saudáveis os expõe aos efeitos adversos, mesmo que não tenham a doença para a qual 
estão sendo rastreados. 
A maioria dos profissionais de saúde – assim como o público leigo – deposita grande valor na 
detecção da doença num estágio precoce e assintomático, período esse em que o tratamento e a cura 
poderiam ser alcançados mais facilmente. Tanto é assim que existe o ditado popular: prevenir é 
melhor do que remediar. Porém o diagnóstico precoce por si só não justifica um programa de 
rastreamento. A única justificativa é que o diagnóstico precoce resulte em melhorias mensuráveis 
desses resultados. A proposta principal do rastreamento é reduzir a morbidade, a mortalidade e 
melhorar a qualidade de vida. Se os resultados de tal benefício não podem ser demonstrados, perde-
se a racionalidade para adoção de um programa de rastreamento (GATES, 2001). 
O profissional de saúde deve sempre explicar ao paciente os riscos e benefícios de qualquer programa 
ou procedimento de rastreamento e este deve consentir na sua realização. Da mesma forma, cada vez 
que o paciente estiver preocupado e demandar uma intervenção de rastreamento (ex.: check-up) e que 
não corresponda às recomendações de melhor comprovação científica, o profissional tem a 
responsabilidade ética de esclarecer os motivos da não indicação do procedimento e pactuar com ele 
para, juntos, decidirem qual a melhor opção para prevenir doenças e manter a saúde. 
Andressa Marques – medicina UFR 
Um exame de rastreamento deve ter ótima sensibilidade e especificidade, para que resulte em 
pequenas taxas de falso-positivo e para que dê segurança de que a pessoa realmente não tem a doença 
quando o resultado for negativo. A sensibilidade e a especificidade são propriedades inerentes a cada 
um dos testes diagnósticos. Estes possuem uma sensibilidade (capacidade de detectar indivíduos com 
aquela doença) e uma especificidade (capacidade de excluir o diagnóstico nos casos dos não doentes) 
que nunca são simultaneamente 100%. Ao selecionarmos um exame de rastreamento, a característica 
mais importante é a sensibilidade, que deve ser muito alta, a fim de termos uma baixa taxa de falso-
negativos, já que a confirmação da doença e a exclusão dos falso-positivos virão por meio do exame 
confirmatório, segundo passo na cadeia de um programa de rastreamento que, necessariamente, 
precisa ser de alta especificidade. 
Outra questão fundamental em um programa de rastreamento é que o exame oferecido tenha boa 
qualidade técnica, especialmente aqueles laboratoriais ou de histopatologia. Não é suficiente 
implementar um programa de rastreamento de citopatologia de Papanicolau se não houver bom 
padrão de qualidade no laboratório que faz as análises. 
 
➢ As campanhas de rastreamento(Outubro Rosa e Novembro Azul) foram implementadas no Brasil 
como medida de Saúde Pública e são difundidas por sociedades médicas e entidades da sociedade 
civil como preventivas do câncer de colo de útero e de próstata, respectivamente. Apesar da 
popularização, esse tipo de medida vem sendo criticada por instituições brasileiras e internacionais. 
Para problematizar o tema e discutir os benefícios e malefícios desse tipo de campanha de prevenção, 
Isabel dos Santos Silva, pesquisadora da London School of Hygiene and Tropical Medicine; Luiz 
Carlos Zeferino, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas 
(FCM/Unicamp), e Arn Migowski, do Instituto Nacional do Câncer – INCA, compuseram a mesa-
redonda “A epidemiologia e os meses coloridos: análise crítica das ações de rastreamento”. 
Os palestrantes componentes da mesa redonda enfatizaram as razões maléficas da utilização do 
rastreamento, na qual convergiram nas opiniões. Isabel dos Santos trouxe como exemplos pesquisas 
realizadas na London School of Hygiene and Tropical Medicine, no Reino Unido, sobre 
epidemiologia do câncer no Brasil e na África. De acordo com os dados apresentados, houve uma 
redução de 20% na mortalidade por câncer de mama em participantes de um programa de 
rastreamento de 20 anos de seguimento; porém, essa redução foi acompanhada de efeitos nocivos 
como sobrediagnóstico de casos, resultados falsos negativos e falsos positivos. Além disso, outro 
dado revela que, no Reino Unido, de 4 mil pessoas submetidas ao rastreamento, somente 1,3 mil 
foram curadas por diagnóstico de câncer. 
A faixa etária assídua nos exames de câncer de mama e colo de útero é um dos malefícios do 
rastreamento. De acordo com Luiz Carlos Zeferino, o processo de rastreamento não apresenta garantia 
de tratamento e de diagnóstico nos casos de exames oportunístico, ou seja, da faixa etária jovem que 
é a mais submetida ao exame de rastreamento. “Não temos um sistema de informação que registre 
quantas mulheres na faixa etária adequada (50-69 anos) fizeram os exames e continuam sendo 
tratadas”, problematiza. Além disso, Zeferino apresentou que, de mil mulheres que fazem o 
rastreamento mamográfico de forma bienal ou trienal, apenas 43 casos tiveram como causa mortis o 
câncer de mama. Para ele, isso demonstra que as campanhas são “um modelo pouco eficiente, com 
baixa efetividade e com danos desnecessários”. 
Arn Migowski, chefe da Divisão de Detecção Precoce de Câncer e Apoio à Organização de Rede do 
INCA, avaliou que mais de 20% dos exames são realizados fora da faixa etária de risco e apenas 11% 
com periodicidade correta. “Na prática clínica, o rastreamento tende ser ainda mais agressivo em 
função da medicina defensiva e superestimação de risco de desenvolvimento do câncer, mais afetando 
do que cuidando das mulheres jovens que se submeteram ao procedimento”, concluiu. 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
➔ Detecção precoce de câncer 
Na área oncológica, o diagnóstico precoce é uma estratégia que possibilita terapias mais simples e 
efetivas, ao contribuir para a redução do estágio de apresentação do câncer. Por essa razão, o conceito 
de diagnóstico precoce é por vezes nomeado de down-staging (WHO, 2007, p. 3). É importante que 
a população em geral e os profissionais de saúde reconheçam os sinais de alerta dos cânceres mais 
comuns passíveis de melhor prognóstico se descobertos no início. 
 
 
➔ Ações passíveis de detecção precoce segundo a localização do câncer 
 
Andressa Marques – medicina UFR 
 
Câncer de mama 
Em relação ao câncer de mama, sem considerar os tumores de pele não melanoma, esse tipo de 
câncer também é o primeiro mais frequente nas mulheres em todas as regiões do país, exceto 
na Norte, onde é o segundo. Em termos globais, excluindo-se os cânceres de pele não melanoma, o 
câncer de mama constitui-se no mais frequente e comum tumor maligno entre as mulheres, 
sendo considerado a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. Embora tenha uma taxa 
de mortalidade maior do que qualquer outro câncer (12,9/100 mil), o câncer de mama tem letalidade 
relativamente baixa, dado que a taxa de mortalidade é menor que um terço da taxa de incidência, 
sendo também o mais prevalente. Múltiplos fatores estão envolvidos na etiologia do câncer de 
mama: idade da primeira menstruação menor do que 12 anos; menopausa após os 55 anos; 
mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos (nuliparidade); primeira gravidez 
após os 30 anos; uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na 
menopausa, especialmente se por tempo prolongado; exposição à radiação ionizante; consumo 
de bebidas alcoólicas; dietas hipercalóricas; sedentarismo; e predisposição genética (pelas 
mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente 
por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2). 
No intuito de modificar esse cenário, o controle do câncer de mama tem sido uma das 
prioridades na agenda da Política Nacional de Saúde do Brasil. Assim, o Ministério da Saúde, por 
meio da publicação “Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil”, 
recomenda a identificação da doença em estágios iniciais por intermédio das estratégias de detecção 
precoce, pautadas nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce. A mamografia bienal para 
as mulheres na faixa etária de 50 a 69 anos é a estratégia de rastreio indicada, enquanto o 
diagnóstico precoce é formado pelo tripé: população alerta para os sinais e sintomas suspeitos; 
profissionais de saúde capacitados para avaliar os casos suspeitos; e sistemas e serviços de saúde 
preparados para garantir a confirmação diagnóstica oportuna e com qualidade. 
 
OBS.: prevenção primária (prevenção da ocorrência); prevenção secundária (detecção precoce). 
 
Câncer de colo de útero (cervical) 
Apesar do aumento no número anual de casos, o câncer cervical saiu do ranking de segunda neoplasia 
mais incidente no mundo, em 1975, para o sétimo lugar, em 2012. Essa contradição se deve à redução 
da incidência nos países em processo de desenvolvimento econômico nas últimas décadas, e também 
pela implantação e implementação de programas de prevenção e controle efetivos, como no caso do 
Brasil. Por outro lado, as taxas estão aumentando em países classificados como de maior 
desenvolvimento humano, como a Europa Oriental, o que pode ser à custa das recentes mudanças no 
comportamento sexual, que elevam o risco de infecção pelo papilomavírus humano (HPV) 
(STEWART; WILD, 2014). Nos Estados Unidos, a diminuição na incidência do colo do útero é 
atribuída, principalmente, ao rastreamento por meio do exame Papanicolaou. 
Há diversos fatores envolvidos na etiologia do câncer do colo do útero, mas as infecções persistentes 
pelo HPV são o principal deles. Entre seus 13 tipos oncogênicos, o HPV16 e HPV18 são os mais 
comumente relacionados com o aparecimento da doença. Nesse sentido, o início de atividade sexual 
com pouca idade, que aumenta a exposição ao risco de infecção por HPV, além da imunossupressão, 
a multiparidade (ter muitos filhos), o tabagismo e o uso prolongado de contraceptivos orais 
(estrogênio) são fatores associados ao desenvolvimento do câncer cervical. 
Andressa Marques – medicina UFR 
No Brasil, o controle de câncer do colo do útero constitui uma das prioridades da agenda de saúde do 
país e integra o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das doenças crônicas não 
transmissíveis (DCNT). O Ministério da Saúde, por meio da publicação “Diretrizes para o 
Rastreamento do Câncer do Colo do Útero 2016”, recomenda o exame citopatológico em mulheres 
assintomáticas com idade entre 25 e 64 anos, a cada três anos, após dois exames anuais consecutivos 
normais. Em caso de resultado de lesão de baixo grau, a indicação é de repetição do exame em seis 
meses. Desde 2014, está disponível, na rede pública, a vacinatetravalente contra os subtipos 6, 11, 
16 e 18 do HPV para meninas de 9 a 13 anos; e, a partir de 2017, também para meninos de 11 a 13 
anos. Apesar da sua importância epidemiológica, o câncer do colo uterino possui alto potencial de 
cura quando diagnosticado em estágios iniciais. 
 
Câncer de intestino 
O câncer de intestino abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso chamada cólon 
e no reto (final do intestino, imediatamente antes do ânus) e ânus. Também é conhecido como câncer 
de cólon e reto ou colorretal. 
É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se 
espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas 
que podem crescer na parede interna do intestino grosso. 
Em relação ao câncer de cólon e reto, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de 
cólon e reto em homens é o segundo mais frequente na Região Sudeste (23,29/100 mil) e o terceiro 
nas Regiões Sul (22,17/100 mil) e Centro-Oeste (16,95/100 mil). Nas Regiões Nordeste (7,98/100 
mil) e Norte (4,97/100 mil), ocupa a quarta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente 
nas Regiões Sudeste (23,86/100 mil) e Sul (22,92/100 mil). Nas Regiões Centro-Oeste (17,98/100 
mil), Nordeste (9,52/100 mil) e Norte (7,38/100 mil), é o terceiro mais frequente. O câncer de cólon 
e reto possui relevância epidemiológica em nível mundial, uma vez que é a terceira neoplasia maligna 
mais comumente diagnosticada e a quarta principal causa de morte por câncer. 
As taxas de incidência e de mortalidade por câncer de cólon e reto variam amplamente no mundo 
segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo identificados três padrões de 
distribuição da doença: (1) elevação de ambas as taxas nas mais recentes décadas em países que 
passaram por uma rápida transição econômica, entre eles o Brasil; (2) aumento da incidência e 
diminuição da mortalidade em países com alto IDH, incluindo Canadá, Reino Unido, Singapura e 
Dinamarca; e (3) diminuição de ambas as taxas nos países com IDH muito elevado, como Estados 
Unidos, Japão e França. 
O câncer de cólon e reto é uma doença multifatorial influenciada por fatores genéticos, ambientais e 
relacionados ao estilo de vida. Os fatores hereditários, como o histórico familiar de câncer de cólon 
e reto e as doenças inflamatórias do intestino, representam apenas uma pequena proporção da variação 
observada na carga global da doença. Nesse sentido, as diferenças geográficas observadas na 
incidência possivelmente refletem a adoção de hábitos de vida ocidentais. É evidente a ocorrência de 
uma transição nutricional, em todo o mundo, que afeta principalmente os países em desenvolvimento. 
Assim, os fatores de risco ligados ao estilo de vida são modificáveis e incluem: o consumo de bebidas 
alcoólicas, a baixa ingestão de frutas e vegetais, o alto consumo de carnes vermelhas e de alimentos 
processados, a obesidade, o tabagismo e a inatividade física. 
 
Câncer de próstata 
Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de próstata é o mais incidente entre os 
homens em todas as regiões do país, principalmente na Sul e Sudeste. Tal câncer ocupa a segunda 
Andressa Marques – medicina UFR 
posição entre as neoplasias malignas que acometem os homens, em todo o mundo, atrás apenas 
do câncer de pulmão. Estratégias de rastreamento, realização do teste antígeno prostático 
específico (PSA) e subsequente biópsia possibilitam a identificação de pequenos tumores, latentes 
ou em fases iniciais de crescimento. Em relação aos fatores de risco para o câncer de próstata, o 
avanço da idade compreende um fator de risco bem estabelecido, visto que tanto a incidência 
como a mortalidade aumentam após os 50 anos. O histórico familiar em primeiro grau (pai, irmãos 
ou filhos) apresenta associação positiva para aumento no risco de desenvolvimento dessa neoplasia, 
assim como a cor de pele/etnia são relevantes na etiologia desse tipo de câncer. 
Segundo a Nota Técnica Conjunta nº. 001/2015 sobre o posicionamento do Ministério da Saúde 
acerca da integralidade da saúde dos homens, a recomendação é a organização dos serviços que 
compõem a rede de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS) na área da oncologia, bem como 
intensificar ações para a detecção precoce do câncer, reforçando a importância do envolvimento 
dos profissionais de saúde, conforme a Lei nº. 13.045, de 26 de novembro de 2014, no sentido de 
oferecer atendimento adequado e humanizado para a população, fornecendo orientações sobre 
os sinais e sintomas da doença e encaminhando para a realização de exames quando houver 
indicação clínica. Na questão do câncer de próstata, especificamente, um dos propósitos do 
Ministério da Saúde é o de conscientizar e ampliar a adesão da população masculina aos serviços 
existentes, promovendo ações para o esclarecimento sobre a doença, principalmente quanto aos 
riscos e benefícios que envolvem o rastreamento, sendo essencial que a população masculina 
seja orientada a reconhecer os sinais de alerta da doença para procurar o atendimento oportuno 
nos serviços de saúde do SUS. 
 
Campanhas Mensais: 
➢ Outubro Rosa (fala de rastreamento, aumento do diagnóstico e o tratamento) 
▪ O início dos movimentos em prol da saúde da mulher coincide seu início com a Reforma Sanitária 
brasileira; década de 70/80 houve proliferação de grupos feministas 
→Programa de Atenção Integral à Saúde das Mulheres 
• Precedido por: Programa de Pré-Natal e Programa de Câncer (colo de útero e de mama eram 
prioritários) 
• Trouxe assuntos como a contracepção, a educação sexual, o pré-natal, a assistência pré e pós-natal, a 
amamentação, a prevenção de cânceres em geral, ISTs, saúde mental, saúde ocupacional, 
envelhecimento feminino e menopausa; mulheres de diferentes etnias (indígenas, afrodescendentes), 
presidiárias, homossexuais 
• Visava atender às necessidades das mulheres de acordo com suas especificidades 
• Anterior ao SUS: primeira versão em 1983 e depois em 1984 
• Traz o conceito de integralidade em um Programa pela primeira vez: pensa na idade pré e pós 
reprodutiva, e reprodutiva, além da atenção 1ª, 2ª e 3ª 
• 2004: passa a ser o Neoprograma da Atenção Integral à Saúde da Mulher 
• Com o conservadorismo, a ideia de integralidade foi perdida 
→Fatores associados ao câncer de mama: 
• Exposição a agentes carcinógenos (que produzem o câncer) 
o Fatores não modificáveis: idade (maior a idade, maior a pré-disposição) 
o Fatores modificáveis: amamentação, maternidade postergada, anticoncepcionais, reposição hormonal 
de estrogênio, poluição ambiental, altas temperaturas, plásticos, resíduos de estrogênio, contaminação 
ambiental por carcinógenos (pesticidas etc), alimentação (quanto mais alimentos crus, menos chances 
pro aparecimento de câncer) 
→Mamografias: 
Andressa Marques – medicina UFR 
• Detectar precocemente o câncer e tratá-lo, reduzindo as cirurgias mutiladoras e a mortalidade 
(objetivo primário); hoje, sabe-se que elas aumentam as cirurgias mutiladoras, e não se pode afirmar 
que as mulheres morrerão menos, pois elas morrerão de outras causas, como efeitos da radioterapia 
• É recomendado que o rastreamento não seja feito antes dos 50, que se pare aos 69, e que se rastreie a 
cada 2 anos (INCA/MS; Instituto Nacional de Pesquisa em Câncer) 
• Sociedade Brasileira de Mastologia, laboratórios: deve-se iniciar o rastreamento com 40 anos, rastreio 
anual, até o fim da vida ou 85 anos (venda de exames) 
▪ Amamentação: altamente protetora contra câncer de mama 
▪ Rastreamento: para pessoas saudáveis, sem sintoma 
 
o Números necessários para tratar/para rastrear: dado que mostra o número de pessoas que são 
diagnosticadas desnecessariamente 
 
• Setembro Verde: doação de órgãos 
• Setembro Dourado: câncer infanto-juvenil 
• Novembro Azul: CA de próstata 
• Dezembro Laranja: CA de pele

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