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ELETRÓLITOS – SÓDIO E POTÁSSIO Drª. Regina Helena Pires ▪ Nos mamíferos, a manutenção da pressão osmótica e a distribuição da água em compartimentos do corpo são mantidas, fundamentalmente, por quatro eletrólitos: sódio (Na+), potássio (K+), cloreto (Cl-) e bicarbonato (HCO3-). ▪ Praticamente, não existe um processo metabólico que não seja dependente ou afetado por eletrólitos. ELETRÓLITOS A membrana plasmática das células transporta alguns íons ativamente do líquido extracelular para o interior da célula, e outros, do interior, de volta ao líquido extracelular. Assim funciona a bomba de sódio e potássio, que bombeia ativamente o sódio para fora, enquanto o potássio é bombeado ativamente para dentro. Porém esse bombeamento não é equitativo: para cada três íons sódio bombeados para o líquido extracelular, apenas dois íons potássio são bombeados para o líquido intracelular. ELETRÓLITOS https://www.youtube.com/watch?v=8hZGeVrjRyg&ab_channel=BiologiaCelulareMolecularNF SÓDIO: é o principal eletrólito no LEC (líquido extracelular). Possui função especial na manutenção do volume circulante e da circulação e é essencial para a absorção da glicose e pelo transporte de várias substâncias pelo intestino. Não é produzido pelo organismo, sendo adquirido através dos alimentos. POTÁSSIO: é o principal eletrólito no LIC (líquido intracelular). É responsável por várias reações orgânicas: facilitação da conversão da glicose em glicogênio pelo fígado, auxílio na contração muscular, regulação da pressão arterial e do equilíbrio hídrico, dentre outras. Também não é produzido no organismo e deve ser adquirido através de alimentos ricos em potássio. ELETRÓLITOS – SÓDIO E POTÁSSIO 1- MECANISMO RENAL: -A característica base do túbulo contornado proximal é reabsorção ativa de sódio, com gasto energético, na membrana basolateral, onde fica apontado para o interstício, criando um gradiente elétrico com captação de cloreto. Desta maneira, o cloreto de sódio cria um gradiente osmótico grande, com passagem de água para o canalículo por entre as células, produzindo um efeito de arraste. Normalmente 60 a 75% do Na+ filtrado são reabsorvidos no túbulo proximal. Parte tb é reabsorvida nos túbulos distais e alça de Henle, podendo ser trocado pelo potássio ou hidrogênio. ELETRÓLITOS – SÓDIO - CONTROLE 2- SISTEMA RENINA/ ANGIOTENSINA/ ALDOSTERONA: A renina é uma enzima secretada pelo aparelho justaglomerular quando a pressão da arteríola renal ou o suprimento de Na+ estão reduzidos. A renina atua no angiotensinogênio, formando angiotensina I que, pela ação da enzima conversora de angiotensina, é transformado em angiotensina II e esta em angiotensina III. Angiotensina II e III estimulam a secreção de aldosterona (suprarrenais), provocando a retenção de sódio e perda de K+ ou H+ pelos túbulos distais. O sistema renina- angiotensina aumenta a pressão sanguínea, diminui a excreção urinária e causa vasoconstricção. ELETRÓLITOS – SÓDIO - CONTROLE 1- Desidratação, déficit de Na+ ou hemorragia 2- Diminuição do volume sanguíneo 3- Diminuição da pressão arterial 4- Células justaglomerulares 5- Aumento de renina 6- Angiotensinogênio 7- Aumento de angiotensina I 9- Aumento de angiotensina II ECA 8- Pulmões- ECA- enzima conversora de angiotensina 11- Aumento de aldosterona 10- Cortex adrenal 12- Aumento da reabsorção de Na+ e água e aumento da excreção de K+ e H+ na urina 13- Aumento do volume sanguíneo 14- Aumento da pressão sanguínea 15- Vasoconstricção das arteríolas 3-PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIAL (ANP) É liberado dos grânulos secretores presentes nos átrios cardíacos, após distensão dos mesmos. O ANP se subdivide em três categorias: A, B e C e elevam a excreção de sódio e água pelo aumento da filtração glomerular e inibem a reabsorção renal de sódio, além de reduzirem a secreção de aldosterona e renina, causando vasodilatação, diminuição da pressão sanguínea e aumento do volume do LEC. ELETRÓLITOS – SÓDIO - CONTROLE ELETRÓLITOS – SÓDIO - CONTROLE 4- DOPAMINA A dopamina atua sobre o túbulo distal, estimulando a excreção do Na+ ELETRÓLITOS – SÓDIO VALORES NORMAIS: 136 a 145 mEq/L. Variação: a) Aumento (hipernatremia - > 150 mEq/L) pode ser devido à: - Transpiração excessiva - Hiperaldosteronismo - b) Diminuição (hiponatremia - < 120 mEq/L) é devida à: - Terapia com diuréticos - Insufuciência adrenal - Excesso de água corpórea (edema) ELETRÓLITOS – POTÁSSIO ▪ Tem como funções principais a regulação de processos metabólicos e a excitação neuromuscular; ▪ Apenas uma pequena quantidade é captada pelas células, sendo a maior porção excretada pelo rim; ▪ A manutenção do teor de potássio no plasma é realizado pelos rins e pela aldosterona. A perda excessiva de íons potássio a partir do líquido extracelular para a urina, sob a influência do excesso de aldosterona, causa uma séria diminuição da concentração do potássio plasmático, com frequência do valor normal de 3,5 a 5,1 mEq/L para 1 a 2 mEq/L. Esta condição é chamada de Hipocalemia. Quando a concentração do íon potássio cai abaixo de cerca da metade até um terço do normal, desenvolve- se frequentemente grave fraqueza muscular. Esta é causada pela alteração da excitabilidade elétrica dos nervos e das membranas das fibras musculares, que impede a transmissão dos potenciais de ação normais. ELETRÓLITOS - POTÁSSIO ELETRÓLITOS - POTÁSSIO A hipocalemia também pode ocorrer por desordens genéticas autossômicas recessivas: I) Síndrome de Bartter: ocasionada por três diferentes mutações em transportadores tubulares renais: a) no transportador de Na/K/Cl na alça de Henle; b) no canal reverso de potássio na alça de Henle e c) no canal de cloretos. Em todos os casos há depleção de volume e hipocalemia. II) Síndrome de Gitelman: causada por mutação no transportador de cloreto de sódio no túbulo distal. III) Síndrome de Liddle: mutação no canal de sódio na porção sensível à aldosterona no nefron, que provoca a reabsorção exacerbada de sódio. ELETRÓLITOS – POTÁSSIO O aumento (hipercalemia) pode ser devido à: - Trauma tissular - Hipoaldosteronismo - Acidose respiratória - Insuficiência renal - Transfusão sanguínea (hemólise) DETERMINAÇÃO DO SÓDIO E POTÁSSIO AMOSTRA: Soro, urina de 24h, suor, fezes e líquidos gastrintestinais. Observações: ▪ Não empregar heparina na forma de sais de sódio ou amônio. ▪ Separar o soro no máximo 3 horas após a coleta. ▪ O sódio é estável por uma semana resfriado e, por 12 meses, se congelado. ▪ Não coletar amostras em local próximo a uma infusão endovenosa de cloreto de sódio. FOTOMETRIA DE CHAMA Uso clínico: medições de sódio, potássio e lítio. A determinação de sódio e potássio tem sido realizada por fotometria de chama, onde a amostra é atomizada produzindo átomos em estado excitado capazes de emitir luz (Na+: amarelo; K+: violeta) em comprimento de onda específico. A intensidade de cada cor emitida é proporcional ao teor desses elementos na amostra. https://www.youtube.com/watch?v=1p1btY1NT6o&ab_channel=Airanosilva https://www.youtube.com/watch?v=CEfE6QKOJ3o&ab_channel=mmurguia17 https://www.youtube.com/watch?v=cAISbWWAQDo&ab_channel=GuilhermeLopes DISTRIBUIÇÃO INTERNA DE ÁGUA E SÓDIO ▪ Adulto (70 kg): a água total corresponde a 42L, sendo 28L no LIC e 14 no LEC. ▪ A água no LEC se distribui em: 3L no plasma e 11L de água intersticial. ▪ O Na+ total do organismo (4.200 mmol) se concentra em 50% no LEC, 40% nos ossos e 10% no LIC. ▪ Aumento de sódio no LEC: move a água para fora das células, provocando desidratação celular. ▪ Redução de sódio no LEC: causa entrada de água nas células, produzindo hiper-hidratação ou edema celular. ▪ A água corporal total é inversamente proporcional à quantidade de gordura a qual varia com a idade, sexo ou estado nutricional. ▪ Dois fatores influenciam a distribuiçãolíquida no organismo: a osmolalidade e a pressão osmótica coloidal. OSMOLALIDADE A osmolalidade depende do equilíbrio entre a água e os íons nela dissolvidos (Na+ e Cl- representam 90% da atividade osmótica do plasma). A determinação da osmolalidade pode ser calculada a partir da fórmula (todas as concentrações são em mmol/L): Osmolalidade = 2[Na+] + 2[K+] + [glicose] + [uréia] Dois fatores influenciam grandemente nos valores obtidos com o cálculo acima: a) Aumento dos teores de proteínas ou lipídios plasmáticos, pois ambos diminuem a água plasmática por unidade de volume b) Presença de altos níveis de solutos com baixa massa molecular no plasma (ex. etanol) Um aumento da osmolalidade no plasma desencadeia a sede, provocando a ingestão de água para diluir o Na+ e reajustar a osmolalidade. INGESTÃO DE ÁGUA ▪ A média de ingestão de água diária é de 2,5 L/d, em decorrência da sede controlada pelo hipotálamo. ▪ O funcionamento normal da sede é influenciado por: a) Tonicidade do LEC: hipertonicidade aumenta a sede; b) Volume sanguíneo: redução do volume aumenta a sede; c) Fatores diversos: dor e estresse aumentam a sede. EXCREÇÃO DE ÁGUA ▪ A água é perdida pela pele (suor), membranas mucosas (água livre de eletrólitos no ar expirado, dependentemente da temperatura ambiente e da ventilação pulmonar), fezes (<100 mL/d) e, principalmente, pelos rins (1 a 2L liberados na urina). ▪ 70 a 80% da água filtrada (130 a 180L do total filtrado diariamente) é reabsorvida no túbulo proximal (consequente à reabsorção de sódio) e ductos coletores (sob a ação do hormônio antidiurético – HAD). HORMONIO ANTIDIURÉTICO - HAD Também chamado arginina-vasopressina, promove a conservação da água por aumento da permeabilidade e da reabsorção da mesma nos ductos coletores renais. Sua produção e secreção é controlada por: a) Tonicidade do LEC: osmorreceptores hipotalâmicos incrementam a produção e secreção de HAD em resposta ao aumento na tonicidade do LEC, sendo que a redução da tonicidade do LEC causa efeito contrário. b) Volume sanguíneo: a redução do volume sanguíneo detectada pelos barorreceptores venosos e arteriais estimulam a liberação de HAD. c) Outros estímulos para a secreção de HAD: estresse (dor e trauma), náuseas (pós- cirurgia), drogas (opiáceos, barbitúricos, clorpropamida) e hipovolemia. DEFICIÊNCIA DE ÁGUA A deficiência de água em dependência da quantidade concomitante de perda de sódio pode ser devido a: a) Depleção de água pura: ocorre em consequência da ingestão inadequada de água ou perda renal. É comum em indivíduos idosos ou muito jovens. Os pacientes desenvolvem hipernatremia sem evidências de hipovolemia. Se os rins estiverem funcionando normalmente, a urina pode ser de volume reduzido, altamente concentrada e com baixa natriúria. Nos casos de diabetes insípido (ausência de HAD) há grandes liberações de volume urinário muito diluído. b) Perda de líquidos hipotônicos: pode resultar de perda pela pele (suor em excesso), perda digestória (vômitos, diarreias) e perda renal (terapia diurética, diabetes insípido). A perda envolve somente o compartimento extracelular, levando a uma diminuição do volume intravascular, comprometendo a circulação e levando à hipotensão e aumento da velocidade do pulso c) Perda de líquidos isotônicos: quando há perda sanguínea (hemorragias), perda de plasma (queimaduras) e acúmulo no peritônio (pancreatite e peritonite). EXCESSO DE ÁGUA Apresenta-se como edema periférico e hiponatremia e reflete a diminuição da excreção renal decorrente do aumento da atividade de HAD. As principais causas são: a) Síndrome de secreção inadequada do hormônio antidiurético em decorrência de tumores, patologia cerebrais, patologias pulmonares; b) Fármacos: I- estimuladores da secreção de HAD: hipnóticos, narcóticos, anticonvulsivantes e anti-neoplásicos. II- potencializadores da atividade de HAD: paracetamol, iodometacina e hipoglicêmicos.
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