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ENSINO FUNDAMENTAL 8º ANO _GEOGRAFIA_VOLUME 3 (PROFESSOR)

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8o. ano
Volume 3
ooo
Geografia
Livro do professor
Livro
didático
Espaços rural e urbano na 
América e na África 2
7
8
9
Revolução Técnico- 
-Científico-Informacional e 
Nova Ordem Mundial 22
Geopolítica da 
América e da África 35
©Shutterstock/Andrzej Kubik
7 Espaços rural e 
urbano na América 
e na África 
A cidade histórica de Tombouctou, ao norte do Rio Níger na imagem, teve seu auge comercial e 
político por volta do século XIV, quando fazia parte do Antigo Império ou Reino do Mali. Situada na orla 
do Deserto do Saara, em uma encruzilhada de rotas de caravanas que atravessavam o norte da África 
transportando marfim, pedras preciosas e várias outras mercadorias de valor, as feiras de Tombouctou 
eram bastante movimentadas e contavam com produtos e pessoas das mais variadas origens. 
 Observando a configuração do espaço urbano e rural de Tombouctou no contexto do Deserto do 
Saara, escreva qual é a importância da cidade para os agricultores e vice-versa. 
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• Vista panorâmica obtida por meio de imagens de satélite das cidades de Tombouctou e Kabara, às margens do Rio Níger, no Mali
2
Resposta.1
• Diferenciar e caracterizar as principais práticas agrícolas observadas na América e África.
• Compreender as principais características dos espaços urbanos americanos e africanos. 
Objetivos
Após estudarmos as populações americanas e africanas no primeiro volume, a natureza e os recursos na-
turais da América e da África no segundo, neste capítulo vamos abordar as cidades e os campos desses con-
tinentes. Como nos revela a imagem de abertura do capítulo, essas áreas compõem a paisagem de espaços 
complementares na economia e sociedade de qualquer país: os espaços urbano e rural. Dessa maneira, veja-
mos a seguir como os espaços rurais se configuram tendo como base as diferentes atividades econômicas, em 
especial distintos modelos de agricultura e, em seguida, as características dos espaços urbanos americanos e 
africanos. 
Espaço rural 
As práticas agrícolas, caracterizadas pelo cultivo de plantas, e pecuárias, caracterizadas pela criação de gado, 
têm sido desenvolvidas na América e na África há séculos, antes mesmo da chegada dos colonizadores euro-
peus. Povos agricultores sedentários, grupos de pastores transumantes, nômades caçadores-coletores e mes-
mo sociedades urbanas coexistem, por vezes, há milhares de anos nesses continentes. 
O conhecimento de centenas ou milhares de espécies da flora nativa faz parte da cultura dos povos que ha-
bitam os diferentes espaços geográficos americanos e africanos. As propriedades nutricionais e farmacológicas 
das plantas, características de cada solo, assim como as épocas de plantar e colher, são saberes que, inclusive, 
têm obtido muitas vezes reconhecimento científico. Dessa forma, têm sido valorizados como fundamentais 
para se desenvolverem práticas agropecuárias sustentáveis, que se adaptam às diferentes particularidades am-
bientais de cada região.
Além da agropecuária, outras atividades, como a piscicultura (criação de peixes) e o reflorestamento (tanto 
de espécies nativas quanto de espécies exógenas), compõem as paisagens rurais, assim como áreas situadas 
em Unidades de Conservação, em lavras de minérios e pequenas vilas e povoados. O espaço rural, dessa forma, 
é aquele em que predominam o uso não urbano do solo e as atividades relacionadas ao setor primário da eco-
nomia (que envolve produção de matérias-primas). 
Analisaremos, em seguida, algumas feições características das paisagens rurais da América e da África com 
base nos principais modelos de agricultura colocados em prática pelos agricultores americanos e africanos. 
 transumantes: pastores que cultivam a transumância, que é prática de migrar periodicamente os rebanhos de acordo com a sazonalidade do 
clima em busca de pastagens mais frescas.
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• Área rural ocupada por indígenas nas proximidades 
do vulcão andino Quilotoa, no Equador, 2015 • Pastor da etnia Masai em savana africana, na Tanzânia, 2015 
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Objetivos
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Agricultura itinerante na América e na África 
Uma das práticas de cultivo mais antigas de que se tem notícia, a agricultura itinerante ou nômade se ca-
racteriza pela mudança constante no local de cultivo, a fim de permitir a recuperação do solo após alguns anos 
de plantio. Na América Latina e na África Subsaariana, além de outras regiões tropicais do globo, esse tipo de 
agricultura é praticado principalmente por povos indígenas ou camponeses nativos, sendo comum o uso tradi-
cional do método da queimada, passado de geração a geração, para preparar o solo para o cultivo. 
Durante dois a cinco anos, o terreno que passou pela queimada apresenta solo com boa fertilidade. Porém, 
passado esse período, o solo fica improdutivo. Por tal razão, o agricultor migra para outro local e repete a prática. 
Em uma ou duas décadas, a área utilizada anteriormente é recoberta por mata secundária e, por vezes, nova-
mente aproveitada para o cultivo itinerante. A recuperação da fertilidade do solo, portanto, varia, mas leva de 
alguns anos a mais de uma década. 
A agricultura itinerante demanda diferentes áreas relativamente próximas entre si para realizar o circuito, 
que inclui os terrenos cultivados e os que estão em pousio, ou descanso temporário. Sua finalidade é a subsis-
tência da família ou do clã que a desenvolve. Entre os produtos tradicionalmente cultivados pela agricultura 
itinerante, destacam-se: feijão, milho, inhame, batata-doce, abóbora e, principalmente no Brasil, a mandioca. 
• Área desmatada por queimada para agricultura itinerante na Libéria, 2010
Embora a prática implique a derrubada de áreas com vegetação densa e incorra sempre em riscos no con-
trole do fogo, é importante compreender que a agricultura itinerante pode ser praticada de modo sustentável. 
Para isso, deve ocorrer sob condições específicas, como populações pequenas e com alto conhecimento sobre 
a dinâmica ambiental dos domínios naturais que habitam. É o que acontece, por exemplo, com as populações 
quilombolas da região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo, onde os métodos tradicionais de plantio de 
coivara, como é denominada a prática no Brasil, têm auxiliado a preservação ambiental. Apesar disso, o proces-
so de derrubada de canteiros na floresta, embora esteja inserido em um contexto maior de práticas que no con-
junto se revelam sustentáveis, nem sempre é compreendido a tempo pelos órgãos de fiscalização ambiental. A 
esse respeito, leia a reportagem a seguir.
8o. ano – Volume 34
BUROCRACIA TRAVA PLANTIO POR QUILOMBOLAS 
Uma prática produtiva tradicional no Vale do Ribeira, 
sudeste de São Paulo, confronta quilombolas e esferas 
ambientais do governo estadual. As comunidades 
querem desmatar pequenas áreas para abrir a roça e 
fazer seus cultivos, mas os pedidos de licença têm que 
cumprir um complexo processo burocrático. Com isso 
atrasam os prazos de plantio, perdem-se sementes e 
produção, o alimento de famílias e biodiversidade.
A Lei da Mata Atlântica, de 2006, autoriza o corte de 
floresta apenas a populações tradicionais. O governo 
estadual exige autorizações. Mas a emissão de 
licenças, de acordo com os quilombolas, nunca chega 
no prazo adequado ao cultivo. 
Os quilombolas que vivem ali desmataram pouco. Um 
grupo de estudos em Ecologia Humana de Florestas 
Neotropicais da Universidade de São Paulo mostrou 
que a cobertura vegetal onde vivem as comunidades 
foi alterada em 13% desde 1965. 
“O sistema agrícola que adotam, que chamamos de 
agricultura itinerante, é uma inovação agrícola da 
humanidade e existe em todas as florestas tropicais do 
mundo”, diz Cristina Adams, bióloga e coordenadora 
do grupo de ecologia humana. O sistema, para ser 
sustentável, pressupõe baixadensidade populacional 
e uso de tecnologias simples de plantio. 
A “roça de coivara” dos quilombolas é assim. O 
agricultor derruba um hectare de floresta. Espera secar 
e coloca fogo. O plantio é realizado por cinco anos. 
Depois disso a área é abandonada, e outra é aberta. 
Em dez anos a floresta cresceu. 
As comunidades manejam grande diversidade de 
produtos agrícolas: são 16 tipos de milho e 30 de 
batata-doce, por exemplo, além de grande variedade 
de mandioca, arroz, feijão e abóbora. 
Um dos problemas da produção, diz Raquel Pasinato, 
coordenadora do programa Vale do Ribeira do 
Instituto Socioambiental (ISA), é que o grau de 
burocracia é gigante”. Licenças que foram pedidas no 
início de 2017 só chegaram em junho de 2018. 
Pesquisa do ISA em 14 comunidades identificou 
atraso nas licenças em 45% dos pedidos. Deste total, 
76% deixaram de plantar. Isso significou 270 toneladas 
de produtos a menos, um grande impacto para as 
famílias.
Por isso, os quilombolas do Vale do Ribeira lançam hoje 
a campanha “Tá na hora da roça”. A ideia é sensibilizar 
o governo para que libere a emissão de licenças no 
prazo adequado para o cultivo. 
“O Vale do Ribeira, em São Paulo, concentra a maior 
quantidade de comunidades quilombolas do Estado e 
o maior trecho de Mata Atlântica preservada do Brasil. 
Isso não é coincidência”, diz o vídeo da campanha. O 
evento deve reunir 300 quilombolas, antropólogos, 
representantes da Embrapa, do Iphan, da FAO e do 
BNDES, além de ambientalistas.
O processo de autorização para supressão de 
vegetação nas áreas quilombolas envolve três órgãos 
de governo – a Fundação Florestal, a Cetesb e a 
Fundação Instituto de São Paulo (Itesp). 
A autorização depende da entrega de muitos 
documentos. A comunidade tem que comprovar 
domínio da área, caracterizar a vegetação a ser 
suprimida, georeferenciar. Embora técnicos dos 
órgãos se mobilizem para capacitar os quilombolas na 
operação, o cumprimento dos trâmites é complexo e 
demorado. 
Os atrasos ocorrem durante a produção da papelada. 
“A Cetesb não recebeu nenhuma reclamação quanto 
a atrasos no atendimento a estes pedidos”, informou a 
Secretaria do Meio Ambiente (SMA), em nota. 
Mas técnicos da própria SMA reconhecem que é difícil 
para as comunidades cumprir todos os requisitos. 
Por isso foi criado um grupo de trabalho, dentro da 
Secretaria do Meio Ambiente, para facilitar o processo.
CHIARETTI, Daniela. Burocracia trava plantio por quilombolas. Disponível em: <https://www.valor.com.br/brasil/5743265/burocracia-trava-plantio-
por-quilombolas>. Acesso em: 8 out. 2018.
https://www.valor.com.br/brasil/5743265/burocracia-trava-plantio-por-quilombolas
 Geografia 5
Agricultura irrigada na América e na África 
A proporção das áreas agrícolas irrigadas no mundo é bastante heterogênea e varia muito entre os países, 
continentes e regiões. Isso se explica por diferentes fatores, em especial: 
A sazonalidade é condi-
cionada às estações do 
ano e suas características, 
como o verão úmido e o 
inverno seco.
Fonte: MAPS and spatial data. Disponível em: <http://www.fao.org/nr/water/aquastat/maps/index.stm>. Acesso em: 23 jan. 2019. Adaptação.
América e África: proporção de áreas agrícolas utilizadas sob sistema 
de irrigação – 2015
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Como é possível perceber, muitos países na África apresentam menos de 5% de suas áreas agrícolas irrigadas. 
Já na região oeste dos Estados Unidos, bem como em certas áreas da América Latina, inclusive partes do Brasil, 
como vimos no caso do Rio São Francisco, entre outros exemplos, esse tipo de agricultura se encontra em situação 
oposta. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), desde a década 
de 1980, a extração de água na América Latina duplicou, o que representou um ritmo maior do que a média mun-
dial. A maior parte da água (cerca de 70%) que é consumida nessa região do globo se destina à agricultura irrigada. 
A aplicação da irrigação com técnicas modernas e de alta produtividade pode ser exemplificada com os cul-
tivos de fruticultura na Califórnia, nos Estados Unidos, bem como no centro do Chile, onde predomina o clima 
mediterrâneo, marcado pelo verão quente e seco e o inverno frio e úmido. Nesses locais, em geral, a produção 
irrigada de frutas, como laranja, morango e, em especial, a uva, é feita por meio da técnica conhecida como 
dry farming, que realiza procedimentos como trazer camadas profundas e úmidas do solo à superfície. 
• a sazonalidade e irregularidade das chuvas, que fazem com que longos pe-
ríodos de estiagem prejudiquem os cultivos; 
• a qualidade dos solos, muitas vezes carentes de nutrientes e com proprieda-
des físicas desfavoráveis; 
• a condição econômica e tecnológica dos países, que pode tornar o uso de má-
quinas e equipamentos uma realidade amplamente acessível ou uma oportu-
nidade reservada apenas aos maiores produtores e proprietários de terras. 
Observe com atenção o mapa a seguir. 
8o. ano – Volume 36
©Getty Images/De Agostini/DEA/A. VERGANI
Em períodos de seca prolongada ou temperaturas 
elevadas, desfavoráveis para o desenvolvimento dos vi-
nhedos, agricultores dos vales da Califórnia, nos Estados 
Unidos, têm monitorado o sistema de irrigação por 
meio de sondas que emitem dados da umidade do solo 
e drones que transportam câmeras especiais. Exemplos 
como esses ilustram técnicas de agricultura de precisão, 
que inter-relacionam informações de diferentes áreas 
do conhecimento e se utilizam de tecnologia de ponta.
A agricultura irrigada, embora não seja uma práti-
ca tão antiga quanto a agricultura itinerante, também 
existe há milhares de anos. Os egípcios, bem como os 
povos da Mesopotâmia, foram, há cerca de 5 mil anos, pioneiros na construção de sistemas de canais e barra-
gens. Estes eram utilizados para distribuir as águas das cheias pelas áreas de cultivo, sem o que a agricultura 
seria inviável em uma região de clima tão árido.
No século XX, a irrigação de parte do deserto pelas águas do Nilo sofreu forte interferência com as 
construções das barragens de Assuã. A primeira, construída em 1902, contribuiu até certo ponto para irri-
gar as terras durante o período de estiagem, mas não impedia as inundações nas épocas de cheia.
Em 1970, foi concluída a segunda e maior represa do Nilo, também em Assuã, que interrompeu o ciclo de 
estiagem e inundação do rio. Este passou a ter um regime constante, permitindo a irrigação permanente das 
plantações próximas a ele e também o aproveitamento da água para produção de energia elétrica.
As barragens de Assuã provocaram, porém, impactos ambientais à 
jusante da represa, em especial favorecendo a salinização dos solos, pro-
blema comum em terras irrigadas de regiões áridas e semiáridas, mas que 
nunca chegou a inviabilizar a prática agrícola ou impedir os agricultores de 
aumentar seus rendimentos e produtividade. Além disso, a dinâmica de fertilização natural das terras às margens 
do rio dependia das cheias e vazantes que não mais ocorrem, o que obrigou os agricultores a compensar a au-
sência do lodo com adubos minerais, criação de animais, substituição de culturas, entre outras soluções. Por fim, o 
calor e a umidade permanentes no ambiente favoreceram a proliferação de insetos e parasitas de plantas no vale 
do Nilo, problema que pôde ser contornado com a utilização de produtos de tratamento fitossanitário.
No Brasil, o Sertão Nordestino, como é conhecida a região semiárida no interior da Região Nordeste, apre-
senta situação até certo ponto análoga ou comparável à do Egito. Em ambos os casos, há grandes esperanças 
de ampliação da produtividade e melhoria das condições de vida das populações. Estas, por sua vez, dependem 
do único rio perene que atravessa suas terras, em uma grande obra de irrigação por meio de canais. Entretanto, 
não se trata da construção de uma barragem, obra que já existe no curso do “Velho Chico”, como é chamado 
pelas populações ribeirinhas, e sim da transposição de suas águaspor meio de canais, conhecida como trans-
posição do Rio São Francisco.
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• Cultivo de uva com irrigação no Napa Valley, região produtora 
de vinhos na Califórnia, EUA, 2015
A jusante é o sentido da correnteza 
ou fluxo do rio, rio abaixo.
• Agricultura irrigada no vale do Nilo, Egito, 2018
 Geografia 7
Cartografar
Ambos os casos apresentam também a 
semelhança de levantarem fortes polêmi-
cas acerca dos custos de financiamento e 
impactos ambientais, por um lado, e a im-
portância de projetos de desenvolvimento 
socioeconômico regional, por outro. ©
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 1. Identifique no mapa “América e África: proporção de áreas agrícolas utilizadas sob sistema de irrigação 
– 2015”, na página 6, que país africano apresenta mais da metade de suas áreas agrícolas irrigadas. O que 
explica esse índice elevado de áreas irrigadas nesse país? 
 2. De acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável, que mantém a floresta e sua biodiversi-
dade, como seria possível ao Estado conciliar conservação ambiental com ascensão socioeconômica das 
populações quilombolas do Vale do Ribeira? 
• Vista aérea de canal de aproximação da transposição 
do São Francisco em Cabrobó, PE, 2018
Agricultura moderna na América e na África 
A agricultura moderna é aquela que coloca em prática méto-
dos científicos de cultivo, dispondo de equipamentos sofisticados 
e maquinário altamente tecnológico. 
De modo geral, a aplicação dos instrumentos e métodos mo-
dernos na agricultura acompanhou o progresso tecnológico que 
se deu nas indústrias desde meados do século XIX. Assim como 
a Revolução Industrial ocorreu em etapas diferenciadas em cada 
país nos últimos dois séculos, podemos considerar que houve uma 
Revolução Agrícola que se desenvolveu no mesmo período. Esta 
ocorreu também por etapas muito diferenciadas nos países e con-
tinentes, de maneira paralela e integrada aos avanços de setores 
comumente associados à urbanização e industrialização, como 
mecânica, química e engenharia.
Com a difusão de equipamentos cada vez mais sofisticados e a introdução de técnicas contemporâneas, 
como as que acabamos de ver, aplicadas na agricultura irrigada de precisão, os contrastes de produtividade 
entre os diferentes tipos de agricultura se acentuaram, tanto entre diferentes países e regiões quanto entre 
produtores de um mesmo país ou região.
Equipamentos pesados como os que vemos atualmente nos campos do Brasil e em diversos outros países, 
como tratores e colheitadeiras, começaram a ser utilizados nos países desenvolvidos logo após a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945), com impulso de tecnologias adaptadas dos campos de batalha para os campos 
de cultivo. Os produtos químicos que são utilizados para o preparo do solo e o combate às pragas, por sua vez, 
já vinham sendo introduzidos desde o início do século XX. Com incentivos financeiros dos governos, proteção 
comercial por meio de tarifas a produtos concorrentes importados e linhas de crédito, a agricultura nos países 
ricos passa por grandes transformações e dá um salto de produtividade a partir de meados do século XX.
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• Plantação de soja geneticamente modificada 
na Argentina, 2018 
8o. ano – Volume 38
Respostas.2
3 Texto complementar.
Nessa época, a busca por maiores produção e produtividade para 
atender a um mercado consumidor cada vez mais amplo e com preços 
cada vez mais acessíveis, juntamente com a pretensão de acabar com o 
flagelo da fome no mundo, levou a agricultura moderna a se instalar nos 
países subdesenvolvidos da Ásia, América Latina e, posteriormente, na 
África. As mudanças que passam a ocorrer no campo, tanto no aumen-
to da produção agrícola quanto na organização da cadeia produtiva, são 
conhecidas como Revolução Verde e têm forte impulso principalmente a 
partir da década de 1970.
Desde então, inovações tecnológicas como informatização, mapea-
mentos por satélite, dados digitais cada vez mais precisos, novas máqui-
nas para plantio e colheita, além da manipulação genética das sementes, 
têm possibilitado grande aumento na produção mundial de alimentos. 
Entretanto, também fomentam processos de padronização das técnicas 
de produção e dos gêneros alimentícios produzidos mundo afora, o que 
significa a perda de culturas antigas e ricas em conhecimento ambien-
tal, assim como muitos dos frutos, cereais e outros alimentos por elas 
cultivados. 
Além disso, a Revolução Verde também gera controvérsias por conta da questão ambien-
tal. De um lado, seus defensores argumentam que o aumento da produtividade poupa a 
necessidade de desmatar mais áreas; de outro, os críticos apontam para problemas como 
esgotamento do solo, excesso de produtos químicos, tendência à concentração de terras e 
aumento da desigualdade no campo. Ambos os lados têm desenvolvido argumentos complexos, influenciando 
inclusive as regulações legislativas que permitem ou proíbem determinados produtos e práticas. 
Leia o texto a seguir a respeito da introdução de aparelhos e técnicas modernas nos espaços rurais africanos 
e as perspectivas que geram. 
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• Utilização de drones na agricultura 
canadense, em 2015 
África testa limite de salto no desenvolvimento
Kotiogo Ng’usilo lembra-se claramente da primeira vez que viu um automóvel. Foi na década de 50 e 
Ng’usilo, um caçador-coletor da tribo Ogiek da floresta Mau, no Quênia, pensou que fosse uma “casa ambu-
lante”.
Hoje, aos 86 anos, embora ainda tente preservar o estilo de vida de caçador-coletor, procurando mel e ca-
çando escondido o peculiar hyrax (um mamífero herbívoro semelhante ao coelho), ele acabou mudando com 
os tempos. Usa roupas ocidentais, compra alimentos no mercado e, assim como seus parentes mais jovens, 
usa um celular. Sua história sobre os velhos tempos – que ele conta consumindo cerveja com mel sagrado – é 
interrompida pelo gorjear incessante, não dos pássaros, mas dos celulares que trazem para a floresta notícias 
da cidade. 
[...]
O termo “salto para frente” (“leapfrogging”, em inglês) é com frequência aplicado à África, embora também 
seja usado para descrever um caminho que supostamente está sendo trilhado pela Índia, que segundo se co-
menta pulou diretamente para um modelo econômico baseado na tecnologia, sem passar pela fase industrial 
intensiva que estimulou o crescimento no Japão, Coreia do Sul e China. Assim como na África, os empreen-
dedores do setor tecnológico na Índia estariam sendo bem-sucedidos onde o governo fracassou. O escritor 
Gurcharan Das disse que a Índia cresce de noite “quando o governo dorme”. 
[...]
 Geografia 9
Ainda mais importante para o argumento do “leapfrogging” é o impacto que a tecnologia móvel está tendo 
nas áreas rurais, onde vivem seis de cada dez africanos. A começar pelo Quênia, com o lançamento em 2007 
do Mpesa – serviço móvel de pagamentos e transferência de dinheiro da Safaricom – grande parte da África 
está experimentando uma revolução da inclusão financeira. Dezenas de milhões de pessoas que não tinham 
conta bancária, como Ng’usilo, agora podem transferir dinheiro para parentes ou pagar por produtos, apenas 
apertando umas poucas teclas de seus telefones. 
[...]
Alguns dos argumentos de defesa desses saltos de etapas no desenvolvimento cheiram a “solucionismo” 
tecnológico, a ideia de que a tecnologia pode resolver os mais espinhosos dos problemas. Na opinião de alguns 
mais céticos, porém, também é possível ver igualmente na África como as soluções tecnológicas têm limitações 
quando há ausência de infraestrutura básica e bons governos. Avanços na agricultura e saúde mostram tanto o 
potencial quanto as limitações da tecnologia.
Vejamos a agricultura, que emprega mais da metade da população adulta da África. Ao longo do continente, 
soluções baseadas em nova tecnologias vêm ajudando a enfrentar a crise de baixa produtividade. Em Gana, a 
Cocoa Link oferece informaçõesaos agricultores por meio de mensagens de texto, divulgando conselhos práti-
cos e os preços do mercado. No Quênia, a Twiga Foods, um mercado on-line, usa a tecnologia para dispensar 
a necessidade de intermediários para milhares de atacadistas e garantir um mercado transparente para os agri-
cultores. Grant Brooke, executivo-chefe da Twiga Foods, diz que o menor grau de incerteza possibilitado pelas 
tecnologias de aparelhos móveis pode ajudar os agricultores a ampliar sua renda.
Os aplicativos, no entanto, não escondem uma simples verdade. O rendimento da agricultura africana 
ficou no século XIX. A maioria das fazendas tem direitos de propriedade difusos e não tem irrigação, auxílio 
do governo com as sementes ou fertilizantes nem acesso aos mercados. Os agricultores nem se preocupam 
em plantar culturas que precisem de refrigeração. Como não dispõem disso, a produção apodreceria antes de 
chegar ao consumidor. Apenas 44% dos quenianos na zona rural e 32% dos etíopes vivem a 2 quilômetros de 
estradas transitáveis durante todo o ano, um indicador que o ex-premiê etíope Meles Zenawi considerava mais 
importante do que o Produto Interno Bruto (PIB) para mensurar o desenvolvimento. 
[...]
PILLING, David. África testa limite de salto no desenvolvimento. Disponível em: <https://www.valor.com.br/internacional/5739597/africa-testa-limite-
de-salto-no-desenvolvimento>. Acesso em: 16 out. 2018.
Olhar geográfico
 1. Cite dois exemplos apresentados no texto que revelam a contribuição da tecnologia informacional para 
as comunidades agrícolas africanas. 
 2. Diversos problemas, contudo, não podem ser solucionados pela tecnologia dos aplicativos. Exemplifique 
dois desses problemas.
8o. ano – Volume 310
Respostas.4
Outras modalidades de agricultura
Práticas agrícolas como as que vimos constituem a maior parte dos espaços rurais americanos e africanos, 
mas não são as únicas maneiras de classificar a agricultura nesses continentes. Existem diversas outras formas 
de classificar os modelos agrícolas. Alguns exemplos são: 
• de acordo com a produtividade e área ocupada, intensiva e extensiva;
• conforme as técnicas utilizadas voltadas para a alimentação saudável: convencional, agroecológica, agroflo-
restal, orgânica;
• no Brasil, o Censo Agropecuário, contagem da produção rural realizada a cada década pelo IBGE (Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística), classifica a agricultura de acordo com os objetivos, estrutura e tamanho 
da produtividade, familiar e não familiar ou patronal. 
Da mesma forma que as práticas agrícolas modernas podem potencializar a agricultura irrigada, essas mo-
dalidades de agricultura não são excludentes, ou seja, muitas vezes uma mesma propriedade pode ser classifi-
cada de diferentes modos.
De maneira geral, a forma intensiva está mais presente no sistema de agricultura moderna, enquanto a 
extensiva predomina na agricultura tradicional, como a itinerante e a plantation. A agricultura familiar é rea-
lizada em grande parte com mão de obra da própria família e em unidades rurais pequenas e médias. Na 
patronal, o agricultor é contratado por uma 
empresa agrícola e os funcionários são exter-
nos à família. Tanto a agricultura familiar quan-
to a patronal empregam cada vez mais técnicas 
e procedimentos da agricultura moderna, bem 
como se fazem mais presentes no mercado de 
produtos agrícolas nacionais e nos destinados 
à exportação.
Ao lado dos Estados Unidos e da União 
Europeia, o Brasil está entre os três maiores 
exportadores agrícolas mundiais, tendo como 
destaque os seguintes produtos: soja, milho, 
algodão, açúcar, café e sucos cítricos. Nas últi-
mas décadas, o Cerrado no Brasil Central, o sul e 
leste da Amazônia e o Meio-Norte (sub-região 
nordestina, localizada no limite com as regiões 
Norte e Centro-Oeste) representam as últimas 
fronteiras da agropecuária brasileira. 
©Pulsar Imagens/Cesar Diniz
Olhar geográfico
Confira na página 1 do material de apoio os principais cultivos agrícolas no continente africano. Em segui-
da, leia os enunciados abaixo e faça o que é solicitado. 
 1. De acordo com a legenda do mapa, a agricultura de subsistência é predominante na maior parte das ter-
ras cultivadas no continente africano. Cite três produtos agrícolas desenvolvidos nesse tipo de agricultura 
na África.
 2. Cite três produtos que estão entre os mais cultivados nas áreas destinadas à agricultura comercial na 
África. 
• Agricultura familiar com auxílio de equipamentos modernos 
na colheita de couve em Ibiúna, SP, 2018
 Geografia 11
Mapas com informações complementares e respostas.5
• pecuária intensiva: o gado passa a maior parte do 
tempo em confinamento, por isso ocupa áreas mais 
restritas. A alimentação é supervisionada, muitas ve-
zes com uso de pasto especialmente plantado, além 
de técnicas e equipamentos que visem à maior pro-
dutividade no fornecimento de leite, carne, lã e couro; 
Pecuária e outras atividades do espaço rural 
O espaço rural se constitui de outras atividades produtivas além da agricultura. Muitas vezes, no mesmo esta-
belecimento agrário, são realizadas algumas ou várias atividades complementares à prática agrícola, como o eco-
turismo e o turismo rural, extrativismo ou, principalmente, a criação de gado, isto é, a pecuária. Esta se divide em:
Entre as criações mais adotadas na América e na África, estão a de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e aves. O 
extrativismo (vegetal, animal e mineral) também compõe a paisagem rural. A mineração também é uma impor-
tante atividade rural nesses continentes, mas já foi tratada em capítulo anterior. Vejamos, portanto, os recursos 
extraídos da flora e da fauna desses continentes, entre os quais temos:
• madeira para papel e celulose – Brasil, Estados Unidos e, principalmente, Canadá, com base na extração da 
madeira da floresta boreal, ou floresta fria;
• seringueira – países amazônicos como Colômbia, Equador, Brasil, Bolívia, Peru e países da África Equatorial, 
na floresta do Congo;
• castanha-do-pará, açaí, guaraná, babaçu, coco, palma ou dendê, entre outros – florestas tropicais da África 
e América Latina; 
• pesca, principalmente na costa do Pacífico, nas águas do Peru, do Chile, do Equador e dos Estados Unidos 
(no litoral do Alasca); ou no Atlântico e Mediterrâneo, onde se destaca a pesca de Marrocos.
A silvicultura, prática de reflorestamento comercial, difere do extrativismo vegetal por se tratar do manejo 
e da extração de frutos, caules, sementes ou das próprias árvores de florestas plantadas, e não nativas. O reflo-
restamento de eucaliptos e de pínus está entre os exemplos mais utilizados da silvicultura na América. Além 
de fonte de renda, a silvicultura é aproveitada para recuperação de áreas degradadas, como no caso de antigas 
áreas de lavras de mineração. A utilização de espécies de climas e biomas bem diferentes para plantio arbóreo 
na silvicultura pode gerar controvérsias, dada as interferências que estas causam nos ecossistemas em que são 
plantadas. 
• pecuária extensiva: o gado passa a maior parte do 
tempo solto nos pastos, onde se alimenta de forma 
espontânea e sem supervisão constante. Tende a 
ocupar áreas maiores, apresenta produtividade me-
nor e, no Brasil, é realizada muitas vezes em grandes 
propriedades pouco produtivas, onde há subutilização 
do solo. 
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• Pecuária intensiva no Colorado, 
Estados Unidos, 2015
• Pecuária extensiva às margens 
do Rio Níger, na Nigéria, 2012 
8o. ano – Volume 312
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Relacione os tipos de agricultura de acordo com suas características correspondentes: 
( 1 ) Agricultura itinerante
( 2 ) Agricultura de irrigação
( 3 ) Agricultura de precisão
( 4 ) Agricultura moderna
( 5 ) Agricultura familiar
( 6 ) Agricultura patronal
( 7 ) Silvicultura, turismo rural, ecoturismo
( 5 ) Praticadapredominantemente em unidades rurais pequenas e médias com a mão de obra do gru-
po familiar e comunidade local.
( 2 ) Muito utilizada em áreas produtivas em climas secos, como o centro do Chile, na Califórnia (no 
oeste dos Estados Unidos), o vale do São Francisco (no Sudeste e Nordeste do Brasil) e o vale do 
Nilo (no Egito).
( 7 ) Atividades complementares desenvolvidas em propriedades agrícolas como forma de ampliação 
de fontes de renda.
( 1 ) Realizada, em geral, por meio de técnicas de queimada e utilizando áreas destinadas ao descanso 
para recuperação da fertilidade do solo.
( 4 ) Destinada principalmente ao comércio, tanto interno quanto para exportação, utiliza métodos cientí-
ficos de cultivo, utiliza produtos agroquímicos, pesquisa genética em sementes, entre outros. 
( 3 ) Utiliza-se de inovações tecnológicas, como informatização, mapeamentos por satélite e dados digi-
tais meteorológicos e da qualidade do solo.
( 6 ) Modalidade de atividade rural em que o agricultor é contratado por uma empresa agrícola e os 
funcionários são externos à família.
• Reflorestamento comercial de eucaliptos (silvicultura) na 
África do Sul, 2006 
Organize as ideias 
Por fim, convém citar as crescentes atividades do turismo rural e do ecoturismo, no Brasil e em outras partes 
do mundo, ambas realizadas predominantemente no meio rural, em propriedades que preservam a paisagem 
nativa, ou em parques públicos. Muitas vezes, o turismo no campo, as atividades extrativistas, a silvicultura, a 
pecuária e a agricultura estão presentes nos mesmos estabelecimentos, ampliando as oportunidades de fonte 
de renda a seus proprietários ou funcionários.
• Ecoturismo em floresta tropical na Colômbia, 2011
 Geografia 13
6 Texto complementar.
©Opção Brasil Imagens/G. Evangelista
Espaço urbano 
O espaço urbano se caracteriza, entre outras coisas, pela concentração visível de elementos culturais ou arti-
ficiais na paisagem, como aglomerações habitacionais, multiplicidade de estabelecimentos comerciais e admi-
nistrativos, atividades econômicas diversificadas e densidade de edificações. Menos visíveis, porém igualmente 
presentes e atuantes no espaço urbano, são as relações e conexões que ligam as cidades entre si. 
Mesmo estando a distância, por vezes, de centenas de quilômetros umas das outras, as cidades sempre se 
conectam com outras cidades, principalmente por meio das vias de transporte e comunicação. Por essas vias 
circulam pessoas, bens, capitais e informações que interconectam diferentes espaços urbanos mais ou menos 
distantes entre si, constituindo, assim, as redes urbanas. Estas se formam quando um ou mais municípios po-
larizam, em seus espaços urbanos, as atividades econômicas que atendem também às demandas das cidades 
menores. Dessa forma, as cidades maiores concentram elementos essenciais, como: 
• serviços públicos – escolas, universidades, grandes hospitais, clínicas especializadas, etc.;
• comércio – lojas, shopping centers, filiais e franquias de marcas famosas, etc.; 
• infraestrutura urbana – portos, aeroportos, malhas rodoviárias e ferroviárias ou, cada vez mais, tecnologias 
de conectividade on-line (redes de internet, telefone via satélite, eletricidade, antenas), etc.;
Dessa forma, as metrópoles polarizam os conjuntos de municípios que as cercam, exercendo, ao 
mesmo tempo, influência e atração, formando regiões metropolitanas, nas quais há intenso fluxo de 
pessoas, principalmente trabalhadores e estudantes. Embora estes tenham como destino mais fre-
quente a metrópole, ocorre também o deslocamento de pessoas entre os demais municípios da região, 
bem como os que partem da metrópole e seguem em direção aos municípios de seu entorno. Esse 
deslocamento diário de pessoas é denominado migração pendular, pois todos os dias muitos habitan-
tes deixam as cidades menores em direção à metrópole e, em geral, ao entardecer, há o retorno deles. 
Essa situação ocorre em diversas cidades pequenas e médias que se encontram ao lado de capitais estaduais ou 
grandes centros urbanos, como é o caso de Aparecida de Goiânia (GO), Diadema (SP), Viamão (RS) ou Araucária (PR).
Quando o poder de atração ou polarização de uma cidade é grande a ponto de formar uma grande malha 
urbana com vários municípios, temos uma metrópole. Essa junção física das áreas urbanas dos municípios con-
tíguos é denominada de conurbação. Identifica-se a conurbação quando a passagem de um município a outro 
se dá em meio a um cenário urbano contínuo, onde a paisagem segue tomada de edificações, ruas, praças e 
outros elementos típicos das cidades.
• Vista panorâmica do município de Diadema, SP, na divisa 
com São Paulo (na parte de cima da imagem), na qual 
se pode observar a conurbação daquele município com a 
capital estadual e maior metrópole do país
 filiais: são as principais opções para uma marca se expandir para além da sede original, abrindo estabelecimento com direção própria, mas 
financeiramente subordinado à empresa matriz.
franquias: venda de uma autorização para que outro empresário possa explorar a marca, mantendo o padrão original. 
14
Muitas vezes, duas ou mais metrópoles expandem suas regiões metropolitanas até que formem uma única 
área urbana contínua em metrópoles vizinhas. Quando há conurbação entre duas ou mais metrópoles, temos 
a formação de uma megalópole, como várias que existem nos países da América do Norte e algumas, em me-
nor quantidade, nos outros países do continente. A África, embora tenha diversas metrópoles em crescimento 
intenso, atualmente apresenta poucos exemplos de megalópoles. O principal exemplo é a junção entre as 
metrópoles de Soweto, Johanesburgo e Pretória, na África do Sul.
Na América do Norte, as principais megalópoles em termos econômicos e de dimensão se localizam nos 
Estados Unidos. São a BosWash, a primeira a se configurar ainda nos anos 1950 e assim denominada por se 
estender de Boston a Washington, passando ainda por Nova Iorque, Filadélfia e Baltimore; a ChiPitts, que se 
estende de Chicago a Pittsburgh, passando por Detroit; e a SanSan, que vai de São Francisco a São Diego, pas-
sando por Los Angeles. 
No Brasil, temos o eixo que liga as duas maiores metrópoles do país, Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). 
Tendo Niterói (RJ) na extremidade leste, passando por Santos (SP), e tendo Campinas (SP) na extremidade 
oeste, trata-se da maior concentração urbana do país, que se projeta como primeira megalópole a se formar na 
América do Sul.
Para compreender melhor a configuração dessas megalópoles, encontre as cidades mencionadas em um 
site ou aplicativo de localização (como Google maps) e explore as conexões entre elas por meio de recursos de 
imagens de satélites.
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• Imagem de satélite noturna da 
megalópole BosWash e outras 
na região nordeste dos Estados 
Unidos e sudeste do Canadá, 
2012
• Imagem de satélite noturna 
do eixo Campinas-São 
Paulo-Santos-Rio de Janeiro, 
onde se projeta a primeira 
megalópole do Brasil, 2012
Boston
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Pittsburgh
Detroit
Cleveland
Nova Iorque
Filadélfia
Baltimore
Washington
Columbus
Campinas - SP
Santos - SP
Rio de Janeiro - RJ
Niterói - RJ
São Paulo - SP
 Geografia 15
As metrópoles que apresentam mais de 
dez milhões de habitantes são denomina-
das megacidades. Em 1975, havia apenas 
4 megacidades no globo: Tóquio e Yokoha-
ma, no Japão, Nova Iorque, nos Estados Uni-
dos, e Cidade do México, capital desse país. 
Cerca de 43 anos mais tarde, em 2018, o 
número de megalópoles no mundo chega 
a 33, sendo 8 delas situadas no continente 
americano e 3 no continente africano. As 
projeções apontam, no entanto, que, com 
o intenso crescimento urbano observado 
na África, esse continente tende a crescer 
mais que os demais no que diz respeito ao 
número de metrópoles e megacidades no 
decorrer das próximas décadas.
As metrópoles queexercem influência em escala mundial, polarizando o mercado de ações e outros fluxos co-
merciais, de informações e mesmo de pessoas, são classificadas como cidades globais, mesmo quando não apresen-
tam populações de muitos milhões de habitantes. Algumas das principais cidades globais americanas e africanas são:
• Nova Iorque, Chicago, Los Angeles, São Francis-
co, Washington, Miami, Boston e Atlanta, nos 
Estados Unidos;
• São Paulo, no Brasil;
• Toronto, no Canadá;
• Cidade do México, no México;
• Johanesburgo, na África do Sul;
• Buenos Aires, na Argentina;
• Cairo, no Egito.
Conforme veremos separadamente a seguir, as grandes cidades da América e da África enfrentam pro-
blemas sociais e ambientais que lançam desafios comuns a todas elas. As alternativas encontradas para seus 
espaços urbanos servem de referência para que as demais cidades desses continentes formulem suas próprias 
alternativas e adaptações. Entre esses desafios estão:
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Cartografar
 1. Com auxílio do mapa da urbanização mundial entre 1990-2018, presente na página 2 do seu material de 
apoio, identifique os continentes onde a expansão urbana ocorreu de forma mais acelerada no período.
 2. Cite cinco países em que se localizam cidades da África e da América que cresceram em um ritmo supe-
rior a 5% ao ano no período entre 1990 e 2018.
• Bairro comercial urbano em Lagos, capital e maior cidade da Nigéria, 2017
• questões ambientais – redução da poluição atmosférica, gestão do lixo com opções sustentáveis de aterros sanitários 
e reciclagem de resíduos, despoluição dos rios por meio, entre outras medidas, da generalização dos serviços de sa-
neamento básico, entre outros;
• questões de mobilidade urbana – redução de congestionamentos, melhorar a circulação de pessoas por meios de 
transporte coletivo ou veículos individuais não poluentes, como bicicletas;
• questões socioespaciais – manutenção e ampliação de espaços públicos, redução das disparidades de renda e acesso 
a serviços públicos ou privados de qualidade, renovação de áreas precarizadas e de bairros de baixa renda. 
8o. ano – Volume 316
7 Respostas.
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Espaço urbano na América 
O continente americano encontra-se altamente urbanizado na atualidade. Com exceção de Belize, na Amé-
rica Central, e do Suriname, na América do Sul, todos os países têm população majoritariamente urbana; na 
maior parte deles, mais de 80% dos cidadãos habitam as cidades. Dessa forma, estudar o fenômeno da urba-
nização, caracterizado pelo crescimento do espaço urbano em decorrência da redução da população rural, 
constitui uma das chaves para a compreensão da geografia e das sociedades da América.
Na América Anglo-Saxônica, especialmente nos Estados Unidos, a onda de urbanização se deu a partir das 
últimas décadas do século XIX. Na costa do Atlântico, nas margens dos Grandes Lagos e na costa do Pacífico, 
as cidades cresciam para o alto, com os grandes arranha-céus, ao mesmo tempo que seus novos quarteirões se 
expandiam horizontalmente até se confundir com os de outra cidade. Formavam-se assim as primeiras metró-
poles do Novo Mundo, onde a presença de imigrantes, inicialmente provenientes da Europa e atualmente de 
todos os continentes, segue sendo uma característica marcante.
A urbanização na América Latina teve grande impulso durante e após a Segunda Guerra Mundial (1939-
1945). As crises econômicas da época e os obstáculos ao comércio internacional fizeram com que México, 
Argentina, Chile e Brasil, maiores economias da região, inicialmente adotassem o modelo de industrialização 
por substituição às importações, no que foram seguidos pelos demais países. Nesse processo, grandes indús-
trias siderúrgicas e metalúrgicas, mineradoras, empresas petrolíferas e indústria química e usinas geradoras de 
energia elétrica tiveram papel central.
Os principais polos industriais se concentraram em torno das capitais e maiores centros urbanos, atraindo 
migrantes de pequenas cidades ou das áreas rurais de seus países. Em torno de São Paulo (SP), Rio de Janeiro 
(RJ) e Belo Horizonte (MG), entre outras capitais estaduais do país, formaram-se aglomerações industriais. Em 
muitos dos países vizinhos, as capitais cresceram muito mais rapidamente do que as demais cidades. Por tal 
razão, Buenos Aires (Argentina), Santiago (Chile), Lima (Peru) e Montevidéu (Uruguai) são exemplos de macro-
cefalia urbana, quando grande parcela da população do país habita a mesma aglomeração.
De modo geral, o crescimento das cidades na América Latina segue intenso, porém bem menos que nas 
décadas de meados do século XX. Estima-se que as áreas urbanas respondam por 2/3 do Produto Interno Bruto 
da região, por concentrarem os serviços e a indústria. Por um lado, há notórios avanços no abastecimento de 
água tratada, que alcança mais de 90% das habitações, porém o saneamento básico, o acondicionamento e a 
reciclagem de resíduos ainda são deficientes para grande parte das populações latino-americanas. O aspecto 
mais grave, entretanto, se refere à segregação socioespacial nas cidades, visível nas diferenças entre conjuntos 
de habitações precárias e áreas residenciais de alto padrão, por vezes, vizinhas umas das outras.
• Vista panorâmica de bairro segregado na re-
gião central de Buenos Aires, Argentina, 2017
Na imagem, é possível observar forte contraste entre 
a precária área residencial conhecida como Villa 31, 
em primeiro plano, e os prédios modernos da famosa 
área turística da Recoleta, que aparecem ao fundo.
Em décadas recentes, com a criação de no-
vas áreas, a industrialização em muitos países 
latino-americanos passou por uma descon-
centração espacial. Como consequência, ou-
tras regiões se tornaram bem urbanizadas e 
novas metrópoles se formaram, como Córdoba 
e Rosário, na Argentina, e Salvador (BA), Recife 
(PE), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS), Curitiba 
(PR), Brasília (DF), Manaus (AM) e Belém (PA), 
no Brasil.
 Geografia 17
Olhar geográfico
 1. A expansão das manchas urbanas, visualizadas em uma sequência de imagens aéreas ou de satélites, e o 
aumento de sua população definem os processos de urbanização. Identifique a imagem que apresenta o 
crescimento da área urbana de São Paulo.
a) Em qual dos períodos a seguir a cidade de São Paulo apresentou maior expansão espacial?
( ) 1881-1949
( ) 1905-1929
( ) Posterior a 2018
( ) 1949-1988
( ) Anterior a 1881
( ) 1988-2018
b) Em relação à área ocupada pela cidade de São Paulo, como se pode avaliar a expansão urbana a partir 
de 1988?
 2. Compare os mapas que apresentam o processo de urbanização entre 1970 e 2030, na página 3 do mate-
rial de apoio, para as seguintes situações:
a) Regiões ou países da América com maior percentual de população urbana (de 1970 a 2030); 
b) Regiões ou países da América com maior quantidade de aglomerações urbanas com população su-
perior a cinco milhões de habitantes (de 1970 a 2030).
Fonte: Google Maps. Um atlas da expansão urbana. Disponível em: <https://journals.openedition.org/confins/10600>. Acesso em: 
16 out. 2018. Adaptação.
São Paulo: expansão urbana de 1881 a 2018
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8o. ano – Volume 318
8 Respostas.
Espaço urbano na África 
A população rural africana ainda é maior do que 
a urbana. Mas essa realidade está mudando, pois é 
também a África o continente em que o êxodo rural 
e o processo de urbanização são os mais acelerados 
na atualidade. Muitas cidades multiplicaram várias 
vezes sua população nas últimas quatro décadas, 
mas, conforme vimos no capítulo 3, o processo de 
industrialização não avançou na mesma proporção, 
como aconteceu nos demais continentes. 
Muitas das maiores metrópoles da África se 
tornaram grandes aglomerados urbanos apenas 
recentemente, como Kinshasa, capital da Repúbli-
ca Democrática do Congo; Acra, capital de Gana; e 
Luanda, capital de Angola. Já as cidades sul-africa-
nas de Johanesburgo e Cidade do Cabose projetam 
como importantes centros desde fins do século XIX 
e início do século XX. Também no norte da África há 
cidades que, originadas principalmente por meio da 
expansão árabe por essa parte do continente entre 
os séculos VII e XVI, já polarizavam grandes fluxos 
comerciais e humanos nas primeiras décadas do sé-
culo XX. Cairo, a capital egípcia, já na época a maior 
cidade africana, tinha 1,7 milhão de habitantes em 
1927. 
A partir da década de 1980, em razão das trans-
formações que se realizavam no campo, como a me-
canização e a concentração de terras, estabeleceu-se 
grande fluxo migratório para cidades da África Sub-
saariana. Muitas delas, como Dacar, no Senegal, La-
gos, na Nigéria, Maputo, em Moçambique, Nairóbi, 
no Quênia, e Abdijã, na Costa do Marfim, vêm viven-
ciando intenso processo de acréscimo populacional 
em curto período de tempo. As cidades, nesse caso, 
se expandem sem planejamento adequado. 
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• Cidade do Cairo, com as pirâmides 
de Gizé ao fundo, 2018 
Cairo: expansão urbana de 1968 a 2012
Fontes: THE EVOLVING urban form Cairo. Disponível em: <http://www.
newgeography.com/content/002901-the-evolving-urbanform-cairo>. 
Acesso em: 31 jan. 2019. ©Google Earth/(Google Earth Image Landsat/
Copernicus). Adaptação.
• Pessoas circulam pelas ruas de Kibera, 
conhecida como a maior favela da 
África, em Nairóbi, Quênia, 2015
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 Geografia 19
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Na costa da Tanzânia com o Oceano Índico, a capi-
tal administrativa do país, Dar es Salaam (Dodoma é a 
capital legislativa), exemplifica o crescimento acelera-
do que vem ocorrendo nas metrópoles africanas. Em 
1970, a cidade tinha 357 mil habitantes. Com um au-
mento anual em média superior a 5% a cada ano, em 
2018, sua população estimada chegou a seis milhões 
de habitantes. No Quênia, a capital Nairóbi vivenciou 
processo semelhante: de 531 mil habitantes em 1970, 
chegou a estimados 4,4 milhões em 2018. 
• Área central de Nairóbi, com edifícios comerciais, 
Quênia, 2015
Cartografar
 1. As regiões apresentadas a seguir correspondem a algumas das mais densamente povoadas do continente 
africano. Para cada uma delas, localize e cite duas das principais cidades africanas.
a) Baixo Nilo e Delta do Nilo (no Egito) Cairo, El-Giza e Alexandria;
b) Litoral do Magreb (da Tunísia ao Marrocos) Túnis, Argel, Rabat e Casablanca;
c) Bacia do Níger e Golfo da Guiné (no Mali, Níger, Nigéria, Costa do Marfim, Gana, Togo, Benin e 
Camarões) Bamako, Kano, Kaduna, Ibadan, Lagos, Abidjã, Acra;
d) Entorno do Lago Vitória Kampala, Nairóbi, Kigali, Bujumbura.
Metrópoles africanas como as mencionadas acima revelam, por um lado, aspectos de um continente ao 
mesmo tempo moderno e conectado com o restante do mundo globalizado. Por outro, socialmente fragmen-
tado por clivagens étnicas e contrastes entre “bolsões de pobreza” e as “ilhas de prosperidade” das elites. Observe 
o mapa abaixo e, em seguida, resolva os exercícios. 
África: principais cidades e densidade demográfica
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Fonte: ONU. World cities report 2016 –urbanization and development: emerging futures. Disponível em: <http://wcr.unhabitat.org/
main-report/>. Acesso em: 12 abr. 2018. Adaptação.
8o. ano – Volume 320
Hora de estudo
 1. Leia o texto a seguir.
A agricultura ecológica [...] fundamenta-
-se na utilização de recursos naturais locais 
e renováveis, não admitindo a utilização de 
agrotóxicos, adubos químicos de alta solu-
bilidade e organismos modificados geneti-
camente, buscando o resgate do agricultor 
como protagonista do processo produtivo.
MEIRELLES, Laércio R.; RUPP, Luis C. D. (Coord.). Cartilha da 
agricultura ecológica: princípios básicos. Disponível em: <http://www.
centroecologico.org.br/agricultura.php>. Acesso em: 16 out. 2018.
De acordo com as informações do texto, a agri-
cultura ecológica se contrapõe a que sistema ou 
modelo agrícola? Por quê? 
 2. Observe a ilustração a seguir.
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Qual é o tipo de agricultura representado? Que 
elementos desse modelo agrícola podem ser 
identificados na ilustração?
A imagem noturna de satélite a seguir serve de 
referência para as questões 3, 4 e 5.
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 3. A concentração de pontos luminosos indica a 
principal aglomeração urbana do continente 
africano. Que região está sendo exibida na ima-
gem de satélite? Como você a reconheceu?
 4. Há uma área com maior intensidade luminosa. 
Ela corresponde a uma metrópole. Qual é a me-
trópole? Em que país ela se situa?
 5. Em relação às demais áreas de concentração de 
pontos luminosos, consulte um atlas e identifi-
que algumas das aglomerações urbanas exibidas 
na imagem (como se você as estivesse vendo 
em um voo).
21
9 Respostas.
8
O crescimento da economia de vários países africanos, o rápido processo de urbanização 
observado e o avanço ainda incipiente, na comparação com os demais continentes, da industrialização 
e produtividade agrícola são fatores que têm chamado a atenção de investidores que projetam 
possibilidades futuras nos países da África. Com base na imagem acima, que elementos podem ser 
elencados no que diz respeito à Nova Ordem Mundial no continente africano? 
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Revolução Técnico- 
-Científico-Informacional 
e Nova Ordem Mundial
• Operários africanos e chineses trabalham em conjunto na construção de estrada de ligação entre Abidjan e 
Grand-Bassam, na Costa do Marfim, 2014
22
1 Respostas.
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Revolução e meio técnico-científico-informacional
A Revolução Industrial, que tem impulsionado a urbanização em todos os continentes do mundo nos últi-
mos dois séculos, combinada com a Revolução Agrícola, que, conforme vimos, tem proporcionado grande au-
mento da produtividade da agricultura mundial no mesmo período, transformou o cenário social e econômico 
do globo. Em conjunto, as mesmas tecnologias que sustentaram essas revoluções permitiram que o enorme 
crescimento demográfico mundial fosse acompanhado de um crescimento equivalente das estruturas de trans-
porte e comunicação que conectam as pessoas, empresas, países, etc. 
Assim, desde meados do século XX, novas tecnologias, veículos e aparelhos têm feito as distâncias parece-
rem menores; e o tempo, mais veloz para grande parte da população mundial, em especial nas metrópoles e 
cidades globais. Afinal, pessoas que nasceram na década de 1920, por exemplo, passaram a adolescência e a 
maturidade acostumadas com a ideia de que a travessia a navio do Oceano Atlântico para outros continentes 
seria, muito provavelmente, uma viagem de semanas ou, no mínimo, dias, e não existia possibilidade de comu-
nicação, apenas escrita.
Ao se aposentarem, próximo dos 60 anos de idade, na década de 1980, essas mesmas pessoas viviam uma 
realidade em que atravessar o mesmo oceano duraria apenas algumas horas de avião, e a comunicação por 
telefone se dava de modo instantâneo, ainda que por aparelhos fixos e com o intermédio de telefonistas. Já no 
século XXI, os filhos e netos adolescentes daquela geração podem conversar de modo instantâneo com base 
em dois pontos completamente opostos no globo com áudio e imagem ao vivo, por meio de aparelhos cada 
vez mais populares. Assim, para nós, as distâncias e os prazos não são obstáculos tão significativos quanto foram 
aos nossos avós e bisavós em sua juventude, no início ou mesmo em meados do século anterior.
Grandes eventos esportivos, como 
as Copas do Mundo de futebol, só 
eram divulgados aos brasileiros 
pelos jornais impressos dos dias 
posteriores aos jogos em 1934, 
e, a partir da Copa de 1938, 
transmitidos pelo rádio; a televisão 
só seria introduzida na década 
de 1960 e ao vivo, com cores, na 
Copa de 1970, mas em poucos 
lares. Em 1950, quando o Brasil 
sediou o evento pela primeira 
vez, nossos avós e bisavósnão 
podiam acompanhar muito mais 
que os resultados dos jogos e 
o andamento da competição. 
Ver lances repetidas vezes ou 
conhecer a fisionomia dos atletas 
de diversos países, como foi 
corrente na edição de 2014, 
também realizada no país, era 
impensável para eles. 
• Manchete de jornal relata derrota
 do 
Brasil para a Espanha na Copa do 
Mundo de 1934, realizada na Itália 
• Pessoas se aglomeram para acompanhar 
partida da Copa do Mundo de 1974, realizada 
na Alemanha Ocidental, em estabelecimento 
comercial de São Paulo, SP
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• Torcedores registram e transmitem 
a partida em seus celulares 
enquanto assistem ao jogo da Copa 
de 2018, em Moscou, na Rússia
• Torcedores italianos assistem à partida de sua 
seleção por telão na Copa de 2006 em Stuttgart, 
Alemanha 
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Objetivos
• Compreender a dinâmica do meio técnico-científico-informacional nos continentes americano 
e africano. 
• Analisar a atuação das empresas transnacionais nos problemas e desafios dos países da Amé-
rica e da África. 
2 Texto complementar.
O mundo, atualmente, é cada vez menos rural e mais urbano. Em 2007, a população que vive nas cidades 
ultrapassou a que habita no campo e, desde então, a diferença se acentua. O cotidiano das pessoas mundo afo-
ra está marcado por essa intensidade de fluxos de dados, produtos, pessoas, capitais e ideias pela rede global. 
Informações são obtidas em tempo real, mercadorias produzidas em locais distantes se tornam disponíveis de 
modo quase instantâneo, remessas financeiras são enviadas sem sair de casa, por meio de poucos toques no 
teclado, enquanto ideologias, propagandas, modas e tendências se proliferam com a mesma velocidade pelo 
mundo. A procedência e o legado cultural de muitos de nossos alimentos, roupas, músicas, programas televisi-
vos e acontecimentos esportivos são exemplos do que se denomina mundo em rede. 
Esses exemplos, assim como os grandes contrastes entre nossa época e o passado, ilustram o quanto o es-
paço que ocupamos no planeta (em especial nas grandes cidades) está atualmente repleto de técnica, ciência 
e informação. Dispositivos técnicos (como celulares, televisão, computadores, outdoors) obtidos por meio de 
procedimentos científicos (pesquisas em laboratórios, universidades e institutos de engenharia) nos rodeiam 
o tempo todo, nas cidades e nas áreas rurais de agropecuária moderna ou outras atividades, transmitindo e 
repassando informações (notícias, dados, mensagens, previsões e estimativas). Atualmente, com as tecnologias 
denominadas inteligência artificial, muitas máquinas se tornam cada vez mais capazes de agir com mínima 
interferência humana, como se tivessem vontade própria, pois são utilizados programas capazes de armazenar 
quantidades gigantescas de informação. Por isso, muitos geógrafos têm denominado o espaço geográfico con-
temporâneo de meio técnico-científico-informacional, abreviado pela sigla MTCI, termo cunhado pelo brasilei-
ro Milton Santos (1926-2001).
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No capítulo anterior, nos trechos da reportagem África testa limite de salto no desenvolvimento, publicada 
pelo jornal Valor Econômico em agosto de 2018, vimos como as tecnologias modernas têm surtido impacto 
sobre a agricultura em alguns países ou regiões da África. Na seção a seguir, leia outros trechos da mesma repor-
tagem, desta vez destacando o impacto que a tecnologia tem causado pelo continente de modo mais amplo. 
Cada vez mais conectados pelas tecnologias de comunicação e informação, seus habitantes também estão 
inseridos no meio técnico-científico-informacional. 
• Visitantes observam 
impressora em 3D exposta 
em feira de tecnologia em 
Roma, Itália, 2013
• Campeão mundial do jogo 
milenar chinês Go disputa 
partida contra o programa 
de computador Alpha Go, 
em 2017
Em 2017, a vitória do programa 
Alpha Go sobre o chinês Ke Jie, o 
melhor jogador do mundo então 
com 19 anos, foi vista como um 
marco no desenvolvimento da 
Inteligência Artificial.
8o. ano – Volume 324
Conexões
África testa limite de salto no desenvolvimento
A disseminação acelerada da tecnologia móvel no mundo em desenvolvimento - especialmente na África, 
que ficou para trás da maior parte da maior parte da Ásia e América Latina na redução da diferença de renda 
com o Ocidente - deu origem ao surgimento da teoria do “salto para frente”. Segundo ela, nas palavras do Ban-
co Mundial, os países podem dar “um salto rápido no desenvolvimento econômico” aproveitando a inovação 
tecnológica.
Alguns veem no poder da tecnologia um potencial quase milagroso de resolver problemas que muitos 
governos, especialmente na África, são incapazes de resolver; sistemas de saúde e escolas ruins, carência de 
rodovias, falta de eletricidade e de empregos. Na semana passada, o fundador da Alibaba, Jack Ma, anunciou 
um prêmio Netpreneur de US$ 10 milhões para jovens empreendedores africanos do setor de tecnologia que, 
segundo Ma, estão “preparando o caminho para um futuro melhor”. 
Na África subsaariana como um todo, a GSMA Intelligence estima que havia 444 milhões de assinantes úni-
cos de telefones celulares em 2017, uma taxa de penetração de 44%, ante uma taxa global média de 66%. Mas 
em países como África do Sul e Nigéria, onde quase 9 pessoas em cada 10 têm uma conta celular, os aparelhos 
móveis são tão comuns quando nos EUA, segundo o Pew Research. 
 [...]
Em cidades grandes como Lagos, na Nigéria, e Dar es Salaam, na Tanzânia, ambas entre as que mais cres-
cem no mundo, uma parcela da elite urbana está usando aplicativos como Uber e Taxify para encomendar 
serviços e bens. Na Costa do Marfim, o Standard Chartered lançou seu primeiro banco de varejo totalmente 
digital e quer usar o país do oeste da África como campo de teste para serviços digitais que posteriormente 
serão ampliados para muitos outros países.
[...]
No vilarejo de Sahabevava, no nordeste de Madagascar, a várias horas de distância da cidade mais próxima, 
por uma estrada esburacada, e também longe da rede elétrica mais próxima, a agricultora Lydia Soa é a dona 
orgulhosa de um painel solar. A placa solar produz energia suficiente para iluminar sua casa (o que ajuda as 
crianças a fazer a lição de casa), ligar um aparelho de som portátil e, é claro, para recarregar seu celular.
A África responde por 16% da população mundial mas apenas 2,8% da capacidade de geração de energia, 
segundo o Banco Mundial. Somente 37% da população da África subsaariana tem acesso à eletricidade, o que 
deixa cerca de 600 milhões no escuro. 
No entanto, segundo um relatório do setor industrial, 73 milhões de lares, a maioria em países africanos, 
tiveram acesso a energia solar fora de rede em 2017. Esse avanço acelerado, que permitiu a partes remotas da 
África passar de uma condição em que não havia eletricidade diretamente para a energia verde, é a quintessên-
cia do argumento do “leapfrogging”. 
Os entusiastas afirmam que se a tecnologia pode “pular” a telefonia fixa, os bancos tradicionais e as redes 
de eletricidade, certamente ela pode impactar todos os setores em todas as esferas da vida.
[...]
[Keun] Lee, [professor universitário] que assessora o governo de Ruanda em suas ambições de transformar 
o pequeno país da África central em um centro digital, diz que as mudanças tecnológicas proporcionam a 
países como Índia, Brasil e algumas economias africanas, a chance de dar um salto. “Os países africanos costu-
mavam usar querosene como fonte de iluminação, mas agora eles podem pular a eletricidade baseada em redes 
interligadas e ir direto para a eletricidade gerada por energia solar.” Poucos discutem isso. Aproveitando tecnolo-
gias desenvolvidas no mundo ocidental ou por meio de suas próprias inovações, como o “mobile money”, países 
 Geografia 25
PILLING, David.África testa limite de salto no desenvolvimento. Disponível em: <https://www.valor.com.br/internacional/5739597/africa-testa-limite-
de-salto-no-desenvolvimento>. Acesso em: 16 out. 2018.
O salto para o desenvolvimento socioeconômico da África se relaciona diretamente à educação. Con-
sulte os mapas referentes à alfabetização por grupos etários na África, na página 4 do material de apoio. 
Em seguida, faça o que é solicitado.
 1. Identifique três regiões que apresentam os maiores índices de alfabetização entre os jovens de 15 a 
24 anos (cite um país para cada região) e dois países africanos que apresentam mais de 60% de sua popu-
lação acima de 65 anos alfabetizada.
 2. Analisando os três mapas em conjunto, que perspectivas futuras eles apontam para o continente africa-
no no que diz respeito à escolaridade da população e à qualificação da mão de obra? 
Contrastes do MTCI na América e na África 
As atuais transformações espaciais que ocorrem no mundo por conta dos avanços tecnológi-
cos citados fazem com que setores de ponta como robótica, nanotecnologia, genética e fontes 
alternativas de energia se desenvolvam de forma heterogênea em diferentes países e continentes. 
Mesmo entre diferentes regiões do mesmo país, frequentemente, as mudanças se dão em níveis 
muito distintos. 
Isso se reflete na concentração, em poucos países, dos tecnopolos, como são denominados os centros que 
produzem grande quantidade de pesquisa tecnológica. Esses polos tecnológicos têm grande capacidade ino-
vadora e promovem formação de mão de obra qualificada, aumento da produtividade local e centros universi-
tários com excelência no ensino. Neles são desenvolvidos setores de ponta, tais como Tecnologia da Informação 
(TI), Ciência e Tecnologia (C&T) ou Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). 
Em virtude da centralidade que essas áreas de atuação têm adquirido para as estratégias nacionais no 
século XXI, estas siglas (TI, C&T e P&D) estão cada vez mais presentes nos planos e debates internos que 
os políticos, cientistas e outros cidadãos travam entre si, na tentativa de 
qualificar seus países como atores relevantes na globalização e na revo-
lução informacional. Os Estados Unidos sediam os principais tecnopolos 
do globo, como o Vale do Silício, na Califórnia, conhecido por ser o lo-
cal de origem de grandes transnacionais de tecnologia, como Google, 
Apple e Microsoft, entre muitas outras. O desenvolvimento de métodos 
e as descobertas científicas aprimoram setores da ciência e da economia 
de um país, sobretudo com a propriedade das patentes. 
Olhar geográfico
A patente é uma concessão confe-
rida pelo Estado para garantir a seu 
titular a exclusividade em explorar 
comercialmente um invento. 
da África e outros lugares podem condensar o desenvolvimento. O Reino Unido levou 150 anos ou mais, por 
meio da revolução industrial que aproveitou a água, o vento e a força do vapor, para passar de uma economia 
agrícola para uma economia avançada. O Japão fez a mesma transição mais rapidamente e países como Cin-
gapura, Taiwan, Coreia do Sul e China demoraram apenas duas gerações para saírem da pobreza e adquirirem 
um “status” de países de renda média ou alta.
[...]
“Ninguém pode sugerir, de forma alguma, que uma ótima tecnologia é um substituto para uma boa gover-
nança”, diz [Bill] Gates [cuja fundação promove assistência social continente africano]. “Certamente, não acre-
dito que dar computadores a todo mundo ajuda na malária ou a resolver o problema da ausência de professores 
ou de salas de aula”, acrescentou.
8o. ano – Volume 326
Respostas.3
A quantidade de pessoas que acessa a internet é um dado indicador da inserção de uma determinada 
população no meio técnico-científico-informacional e, ao mesmo tempo, no mundo globalizado. De acor-
do com dados da União Internacional de Telecomunicações, órgão da ONU, em 2017 metade da população 
mundial passou a ter acesso à internet por meio de plataformas móveis, como smartphones e tablets. O 
percentual de acesso à rede, contudo, é muito desigual entre as regiões do globo. 
Estados Unidos e Canadá têm cerca de 90% de usuários da internet em relação ao total de suas popu-
lações, proporções superadas por um conjunto de países europeus, além da Coreia do Sul e Japão. No outro 
extremo da conectividade digital estão alguns países da África Subsaariana, cuja quantidade de usuários 
da internet, mesmo que ascendente, conforme vimos, ainda é inferior a 10% da população, casos da Repú-
blica Centro-Africana, Guiné Bissau, Libéria, Níger, Somália e Burundi. Confira, em seguida, o percentual de 
usuários em outros países americanos e africanos, em 2017:
No Canadá, tanto na costa do Pacífico, em torno de Vancouver, quanto na Bacia do Rio São Lourenço, em 
Toronto, situam-se os principais centros tecnológicos do país. Na América Latina, os principais tecnopolos se lo-
calizam em Guadalajara, no México; em Santiago, capital do Chile; em Buenos Aires, capital da Argentina, além 
de Campinas (SP) e São José dos Campos (SP), no Brasil. No continente africano, as principais concentrações de 
indústrias de alta tecnologia se situam na África do Sul, nas regiões de Pretória e Johanesburgo, mas há outros 
centros emergentes, como Nairóbi, no Quênia.
Olhar geográfico
A interdependência entre grandes universidades e polos industriais de alta tecnologia no mundo, os tec-
nopolos, é intensa. Com base nessa constatação, consulte o planisfério das principais universidades do mundo 
(2015-2016), na página 2 do seu material de apoio, e mencione ao menos quatro países ou regiões africanas 
ou latino-americanas que podem apresentar propensão ao desenvolvimento de tecnopolos. Na internet, des-
cubra qual metrópole as polariza. 
Fonte: INTERNET World Stats (2018). Disponível em: <https://www.internetworldstats.com/>. Acesso em: 1º. fev. 2019.
Acesso à internet (% da população) – 2018
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Costa Rica Argentina Chile Uruguai Tunísia Brasil México Marrocos Colômbia África
do Sul
Nigéria Egito
 Geografia 27
Em número absoluto, o Brasil ocupa a 4ª. posição, com cerca de 140 milhões 
de usuários da internet, atrás da China (770 milhões), Índia (462 milhões) e 
Estados Unidos (287 milhões), conforme Internet World Stats (junho 2017).
Resposta.4
Transnacionais na economia americana e africana 
Vimos até aqui que, no contexto que os geógrafos denominam de meio técnico-científico-informacional 
ou MTCI, os espaços geográficos globalizados dos continentes americano e africano são cada vez mais repletos 
de objetos tecnológicos e científicos, que incorporam e transmitem informações às pessoas, às empresas, aos 
órgãos públicos, etc. Essa multiplicidade de mercadorias, serviços e comunicações espalhados por todos os 
continentes e conectados entre si é, em grande parte, impulsionada pela presença de empresas poderosas que 
atuam fora de seus países de origem, muitas vezes constituindo verdadeiras redes internacionais de produção 
e distribuição de produtos. 
Essas empresas são denominadas, genericamente, de corporações multinacionais ou empresas transna-
cionais. Embora sejam termos praticamente sinônimos, muitos economistas têm optado pelo segundo, por 
expressar melhor a origem nacional dessas empresas e sua atuação que transcende ou transpõe as fronteiras 
nacionais, mas se mantém, na maioria dos casos, predominantemente concentrada no país de origem. Dessa 
forma, em vez de “empresas com múltiplas nacionalidades”, como dá a entender o termo “multinacional”, as 
transnacionais se aproximam mais de “corporações nacionais com operações internacionais”. 
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• Embalagem de empresa alimentícia estadunidense com 
sanduíches adaptados ao gosto dos consumidores da Índia, 2017
• Veículo fabricado no Reino Unido por transnacional de origem 
britânica, mas adquirida por empresa indiana em 2008, com pneus 
adaptados às condições das estradas brasileiras, São Paulo, SP, 2017
Adaptações das mercadorias produzidaspor empresas transnacionais em outros 
países, ou em seus próprios, mas com mercadorias que serão exportadas, são 
comuns no mundo comercial. Desde itens alimentícios a veículos automotores, 
passando pelos mais diversos produtos, as filiais de transnacionais são cada vez 
mais regionalizadas de acordo com as demandas dos locais em que se instalam. 
As transnacionais são, portanto, empre-
sas com atuação coordenada em mais de 
um país, mesmo que se valendo de opera-
ções e componentes terceirizados. Ou seja, 
parte considerável da produção gerada pe-
las transnacionais envolve fornecimento de 
componentes, ou realização de operações, 
por parte de terceiros. Normalmente as em-
presas dos mercados locais são contratadas 
para prestar tais serviços, incorporados nos 
produtos mercadológicos finais. 
As transnacionais operam com carac-
terísticas culturais e econômicas de forte 
base nacional, o que faz grande diferença 
na maneira como administram seus ne-
gócios e escolhem os investimentos. Pela 
comparação entre transnacionais de dife-
rentes origens, é possível constatar que a 
história e a cultura nacional das empresas 
seguem como referenciais para os padrões 
das estruturas de funcionamento interno. 
Portanto, as histórias nacionais deixam le-
gados que influenciam o comportamento 
de suas empresas, e estas, mesmo que se 
internacionalizem e se tornem transnacio-
nais, não são imutáveis, tampouco sempre 
iguais nos diferentes locais onde se insta-
lam. Pelo contrário, adaptam-se e adquirem 
características peculiares com influências 
nativas dos países hospedeiros.
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8o. ano – Volume 328
Sobre o conceito de transnacionais.5
Dessa maneira, as empresas transnacionais, ao interagi-
rem fortemente com as empresas nacionais dos países onde 
se instalam, servem de estímulo econômico, mas, ao mesmo 
tempo, tornam a concorrência comercial mais acirrada. Por 
essa razão, a presença das grandes corporações nas econo-
mias nacionais é, muitas vezes, motivo de controvérsias polí-
ticas, envolvendo tanto os interesses das empresas nacionais, 
da população consumidora e do Estado hospedeiro quanto os 
interesses das transnacionais. 
Historicamente, as grandes empresas que passaram a 
atuar além das fronteiras de seus países de origem contribuí-
ram, em diversas ocasiões, para a consolidação de projetos 
geopolíticos. Além disso, são acusadas de acentuar a condi-
ção de dependência econômica, científica e tecnológica do 
mundo periférico em relação aos países mais desenvolvidos, 
uma vez que tendem a acirrar a concorrência dos mercados, 
aumentando a competitividade e, dessa maneira, dificultan-
do o desenvolvimento de uma base empresarial própria nos 
setores mais internacionalizados. Dada a dificuldade dos em-
presários locais competirem com as grandes empresas estran-
geiras, a dependência em relação a seus serviços e tecnologias 
aumenta. Também são recorrentes denúncias de irresponsabi-
lidade social, fiscal e ambiental. Os interesses econômicos das 
transnacionais estão fortemente associados aos interesses po-
líticos de seus países de origem, conforme vimos em relação 
à expansão dos investimentos chineses em países da América 
Latina e da África, entre muitos outros exemplos.
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Leia o parágrafo abaixo e, em seguida, responda à questão. 
Olhar geográfico
“As ETNs [sigla para “empresas transnacionais”] têm uma base de origem identificável cujas 
características continuam exercendo influência sobre o modo como as empresas se comportam 
quando desenvolvem redes transnacionais de operações. Apresentamos diferenças claras entre as 
ETNs de diferentes nacionalidades; há pouca evidência de ETNs convergindo para um modelo 
único. Evidentemente, à medida que [...] migram para novos cenários, elas devem se adaptar, de 
modo mais ou menos intenso, às circunstâncias locais. Entretanto, em ambos os aspectos, é eviden-
te que a ‘geografia tem importância’ para o modo como [...] coordenam e configuram suas redes de 
produção e, por extensão, para o tipo de impacto que têm sobre o Estado e sobre as comunidades 
dentro das quais operam.”
DICKEN, Peter. Mudança global: mapeando as novas fronteiras da economia mundial. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. p. 156.
 1. Além do exemplo da diversificação de produtos adaptados à gastronomia de cada região, de que outra 
forma as transnacionais podem confirmar o trecho em destaque no parágrafo acima? Faça uma pesquisa 
na internet e apresente, resumidamente, exemplos de adaptação para as necessidades locais de algum 
produto oferecido por uma ETN (pode ser na gastronomia ou em outros ramos).
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• Fábrica sul-africana de transnacional sueca 
com trabalhadores locais, em Durban, África 
do Sul, 2018
• Subsidiária estadunidense de transnacional 
de origem anglo-holandesa com filial operan-
do na Argentina, 2017
• Trabalhadores etíopes de transnacional 
chinesa em Adis Abeba, Etiópia, 2017
 Geografia 29
Resposta. 6
Transnacionais na América Latina 
O continente americano, considerado em seu conjunto, é palco de intensa atuação de empresas trans-
nacionais. A maior parte delas, entretanto, concentra-se nos países mais ricos, os Estados Unidos e o Canadá, 
tanto no que diz respeito à localidade das sedes e filiais das empresas quanto, de modo ainda mais acentuado, 
em relação aos países de origem delas. Nesse sentido, a América Latina configura-se mais como espaço de 
atuação de corporações estrangeiras do que como centro produtor e/ou coordenador de empreendimentos 
internacionais. 
Esse subcontinente, como vimos, é marcado pela industrialização tardia e parcial que se intensificou em 
meados do século passado, quando apenas alguns países desenvolveram uma base industrial sólida e rela-
tivamente sofisticada. A estratégia adotada na maior parte dos casos foi a de substituição de importações e 
desenvolvimento de indústrias de base, como siderúrgicas, mineradoras e petroleiras. Mesmo no caso de países 
mais poderosos economicamente na região, como Brasil, Argentina, México e Chile, a escassa disponibilidade 
de capital fez com que a opção de desenvolvimento se apoiasse, em grande parte, na abertura dos mercados a 
empresas estrangeiras. Entre estas tiveram lugar, inicialmente, sobretudo as estadunidenses e europeias, cujos 
investimentos os países da região buscavam atrair oferecendo condições favoráveis, como concessão de terre-
nos ou isenções fiscais.
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• Plataforma da maior empresa 
brasileira, a transnacional estatal 
Petrobras, em operação no porto de 
Tenerife, Espanha, 2016
• Navio petroleiro de transnacional estatal mexicana opera nas 
águas territoriais mexicanas em Acapulco, México, 2018 
• Posto da transnacional estatal 
venezuelana PDVSA em Cara-
cas, Venezuela, 2018
Como consequência, na atualidade, os países lati-
no-americanos em geral apresentam elevado grau de 
dependência econômica em relação aos investimen-
tos externos. Em razão dos baixos índices educacio-
nais, esses países encontram muitas dificuldades para 
formar tecnopolos. 
Ainda assim, especialmente nas décadas recentes, 
empresas latino-americanas têm se tornado cada vez 
mais importantes no mercado mundial, muitas vezes 
alçadas a essa condição por meio de forte financia-
mento estatal. Um dos setores em que isso se verifica 
é o petrolífero: no México, na Venezuela e no Brasil, 
por exemplo, há transnacionais com importante par-
ticipação do capital estatal. 
8o. ano – Volume 330
A distribuição desse potencial empresarial também é irregular. Em 2015, das 500 maiores empresas latino-
-americanas, muitas delas diretamente associadas a conglomerados transnacionais, 326 estavam no Brasil ou 
no México. 
8 MAIORES EMPRESAS

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