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Roöerto Loöato Corrêa Regíão e Organízação Qispacíaf 7“ Qšlzííção EditoraÃtíca São Qaulb 2000 o determinismo ambiental o possibilismo A nova geografia A geo Nova 6. Bibliografia comentada Sumário 1. Introdução 2. As correntes do pensamento geográfico o método regional grafia crítica 3. Região: um conceito complexo Região natural e determinismo ambiental Possibilismo e região geografia, classes e região Região e geografia crítica Região, ação e controle 4. Organização espacial Organização espacial: uma conceituação Organização espacial: capital e Estado Organização espacial: reflexo social Organização espacial e reprodução Estrutura, processo, função e forma Espaço e movimentos sociais urbanos 5. Vocabulário crítico Referencia bibliográfica de rodapé 1 e a economia, podem ser con indicando a de conhecimento da sociedade, quer dizer, das geografia - situar o leitor em termos de como se pensa a geograf apresenta per como foco os dois conceitos-chave de que estamos tratando. Para este geografia, sugerimos que se leia o livro de Antonio Carlos Robert Moraes pacial. Constituem o centro espacial. Introdução O propósito deste estudo é introduzir o estudante de geografia em dois conceitos fundamentais: o de região e o de organização espacial. Eles também são considerados por outras ciências sociais como a sociologia mas não têm nestas a relevância adquirida na geografia. Ao Iongo da história da geografia, têm se situado no centro da discussão sobre o seu objeto, e erigidos na prática como os conceitos de maior importância. Outros conceitos siderados, a nosso ver, de menor importância, tais como posição geográfica e sítio. Os conceitos de região e de organização espacial são básicos para se compreender o caráter distinto da geografia no âmbito das ciências sociais, via geográfica relaçöes entre natureza e história. A discussão destes termos, por outro lado, pressupöe que se tenha uma certa informação da evolução do pensamento geográfico desde, pelo menos, o final do século XIX, quando a assume o caráter de disciplina académica, dotada de um processo de mudança de paradigmas que se insere no bojo da história. O presente estudo compöe se de très partes. A primeira delas procura ia nesse espaço de tempo Esta parte tem o caráter de introdução às outras duas, procurando colocar em evidência os modelos geográficos básicos, dentro dos quais se discutem os conceitos de região e de organização espacial. Assim, não se trata da ção das correntes de pensamento geográfico de si, pois elas têm assunto de vital importância na formaçao do geógrafo e do professor de (1981). A "Bibliografia comentada" cobre, por outro lado, a história do pensamento geográfico com certa profundidade. A segunda parte aborda os diversos conceitos de região, enquanto a terceira apresenta a questão da organização es deste estudo. Ao final, muitas questöes terão sido levantadas e ficarão sem respostas. Em parte esta é a nossa intenção. E tem como finalidade o aprofundamento das discussöes sobre os conceitos de região e organização 2 nova geografia e a geogr minantes. Assim, o determinismo ambiental e, menos ainda, o r conflitivamente com os outros, principalmente a nova geografia. s. Adicionalmente, tem De outro, as correntes fundamentam- da realidade. Entre eles, destaca- er denominador comum: a geogra da nte a geografia. o determinismo ambiental metade do XIX, a geografia vai gradativamente configurando um conhecimento -se por dois processos -se a sua fase imperialista. O outro processo, que disciplinas. Assim, criam-se departamentos de geografia nas universidades -americanas, conforme aponta, entre outros, Brian Hudson1. Foi o determinismo ambiental o primeiro paradigma a caracterizar a As correntes do pensamento geográfico No nosso entender, as principais correntes de pensamento geográfico ou paradigmas da geografia são os seguintes: o determinismo ambiental, o possibilismo, o método regional, a afia crítica. Foram formalmente explicitadas a partir do final do século XIX, constituindo uma seqüência histórica de incorporaçöes de práticas teóricas, empíricas e políticas que, não excluindo nenhuma delas, apresenta a cada momento um ou dois padröes do possibilismo não desapareceram totalmente, mas perderam o destaque, sobretudo o determinismo ambiental. Por outro lado, a geografia crítica é o último modelo a ser incorporado, passando a coexisti Estas tendéncias estão fundamentadas, de um modo, na consideração da geografia como um saber calcado em uma das três abordagens: o estudo das relaçöes homem/meio, o de áreas e os locacionai sido adotada uma combinação de duas ou três das abordagens acima referidas se em diferentes métodos de apreensão se o positivismo, quer na sua versão clássica, qu na do positivismo lógico. O materialismo histórico e a dialética marxista, que dão base ao segmento mais importante da geografia crítica, são métodos de incorporação recente à geografia. Subjacente a todos os paradigmas há um fia tem suas raízes na busca e no entendimento diferenciação de lugares, regiöes, países e continentes, resultante das relaçöes entre os homens e entre estes' e a natureza. Não houvesse díferenciação de áreas, para usar uma expressão consagrada, certame geografia não teria surgido. Estamos falando, pois, do cerne da geografia, ainda que o seu significado nao tenha sido sempre o mesmo. Os conceitos de região e organização espacial estão vinculados a esta idéia básica em A geografia emerge como uma disciplina académica a partir de 1870. Até então, e desde a Antigüidade, a geografia compunha um saber totalizante, não desvinculado da filosofia, das ciências da natureza e da matemática. Com Varenius no século XVII, Kant no XVIII, e Humboldt e Ritter já na primeira específico, sem contudo perder de vez a visão globalizante da realidade. As últimas décadas do século XIX caracterizam que são extremamente importantes para a história do homem e da geografia. De um lado, o capitalismo passa a apresentar uma progressiva concentração de capitais, gerando poderosas corporaçöes monopolistas e uma nova expansão territorial. Inaugura se vincula ao primeiro, é o da fragmentação do saber universal em várias européias e, mais tarde, nas norte geografia que emerge no final do século XIX, com a passagem do capitalismo concorrencial para uma fase monopolista e imperialista. Seus defensores afirmam qu comportamento do homem, interferindo na sua capacidade de progredir. Fundamentando a tese do determinismo ambiental, estavam as teorias naturalistas de Lamarck sobre a hereditariedade dos caracteres adquiridos e as mais bem de Ratzel passou pela zoologia, geologia e anatomia comparada; foi aluno de Haeckel, o fundador da ecologia, que o introduziu no darwinismo. No entanto, seu determinismo a geografia humana, denominada por ele de antropogeografia e marcada pelas Nos Estados Unidos e, em menor escala, na Inglaterra, o determinismo imprimiu- pa -americana. A Inglaterra tornara- europeu. Na realidade, o determinismo ambiental configura uma ideologia, a das que incorporam as pretensas virtudes e efetivam as admitidas potencialidades do meio natural onde vivem. crescimento intra e extraterritorial. Transformava-se assim em natural, portanto portanto, denominada imperialismo. Estabeleceu-se uma rela e entendidas como clima, a. Outra Voltaremos a ela em breve. e as condiçöes naturais, especialmente as climáticas, e dentro delas a variação da temperatura ao Iongo das estaçöes do ano, determinam o Cresceriam aqueles países ou povos que estivessem localizados em áreas climáticas mais propicias. de Darwin sobre a sobrevivéncia e a adaptaçao dos individuos dotados em face do meio natural. Estas teorias foram adotadas pelas ciências sociais, que viam nelas a possibilidadede explicar a sociedade através de mecanismos que ocorrem na natureza. Foi Herbert Spencer, filósofo inglês do século XIX, o grande defensor das idéias naturalistas nas ciências sociais. Na geografia, no entanto, as idéias deterministas tiveram no geógrafo alemão Frederic Ratzel seu grande organizador e divulgador, ainda que ele não tivesse sido o expoente máximo. A formação básica ambiental foi amenizado pela influência humanista de Ritter, Criou, desta forma, idéias oriundas das ciências naturais. se profundamente no nascimento da geografia. O primeiro dos países ssava, no final do século passado e inicio deste, por uma fase de afirmação nacional, em que se justificava o progresso através das riquezas naturais. Ellen Semple, discípula de Ratzel, discorre sobre as influências das condiçöes geográficas (configuração da costa, padrão dos rios, cadeias de montanhas, climas etc.) na história norte se, nesse momento, a grande metrópole imperialista. O determinismo ambiental justificava a expansao territorial através da criaçao de colônias de exploração no continente africano, e de povoamento em regiöes temperadas, a serem ocupadas pelo excedente demográfico británico e classes sociais, países ou povos vencedores, Justificam, assim, o sucesso, o poder, o desenvolvimento, a expansão e o dominio. Não é de estranhar, pois, que na Grécia da Antigüidade se atribuíssem às características do clima mediterráneo o progresso e o poderio de seu povo em face dos asiáticos que viviam em áreas caracterizadas pela invariabilidade anual das temperaturas. Muito mais tarde, no final do século XIX, seriam outras as características climáticas consideradas como favoráveis ao fora do controle humano, uma situação que é econômica e social, histórica ção causal entre o comportamento humano e a natureza, na qual esta aparece como elemento de determinação. As expressóes fator geográfico condiçöes geográficas, relevo, vegetação etc., são heranças do discurso ideológico determinist delas, particularmente relevante para nós, é a região natural. -nos o conceito de ent necessidades, definindo e relacionando, deste modo, as possibilidades de do, no campo do capitalismo, parte o possibilismo do comportamento humano. lemanha. O -se ao determinismo ambiental - burguesa tinha se dado de modo mais completo, -se, em grande -se ao quadro a luta de classes, que Neste contexto, a geografia francesa teria de cumprir simultaneamente a) Desmas vital mais recentes, r o de causa e efeito - e - ca. Na realidade, para Vidal de Ia Blache, o mestre do possibilismo, as considerada como fornecedora de possibilidades para que o homem a Ratzel, por sua vez engajado no projeto de expansao alema, Iegou espaço vital, quer dizer, o território que representaría o equilibrio re a população ali residente e os recursos disponíveis para as suas progresso e as demandas territoriais. O espaço vital está implícitamente contido na organização espacial, delimitan da superficie da terra organizada pelo capital e pelo Estado capitalista, extensão que se tornou necessária à reprodução do mesmo. Em linguagem organicista, espaço vital equivale à expressão espaço do capital. Em reação ao determinismo ambiental surge, na França no final do século XIX, na Alemanha no começo do XX e nos Estados Unidos na década de 20, um outro paradigma da geografia, o possibilismo. A semelhança do determinismo ambiental, a visão possibilista focaliza as relaçöes entre o homem e o meio natural, mas não o faz considerando a natureza determinante A reação ao determinismo ambiental, mais forte na França, tem como motivação externa a situação de confronto entre ela e a A possibilismo, francés em sua origem, opóe germânico. Esta oposição fundamenta se nas diferenças entre os dois paises. Ao contrário da Alemanha, unificada em 1871, a França já era França há muito tempo. Lá a revolução extirpando os resquícios feudais, ainda existentes na Alemanha. Esta chega tardiamente à corrida colonial, enquanto a França dispunha, então, de um vasto império; os interesses expansionistas alemães voltaram parte, para a própria Europa. Acrescente assumia formas mais acirradas na França, a exemplo da Comuna de Paris. vários papéis: carar o expansionismo germânico - criticando o conceito de espaço - sem, no entanto, inviabilizar intelectualmente o colonialismo francés; b) Abolir qualquer forma de determinação, da natureza ou não, adotando a idéia de que a ação humana é marcada pela contingência; c) Enfatizar a fixidez das obras do homem, criadas através de um Iongo processo de transformação da natureza; assim os elementos mais estáveis, solidamente implantados na paisagem, são ressaltados, não se privilegiando os esultantes de transformaçöes que podem colocar em risco a estabilidade e o equilibrio, alcançados anteriormente. Dai a ênfase no estudo dos sitios predominantemente rurais. No plano interno à geografia, havia a reação a ela ter sido definida por uma relaçã - a natureza determinando a ação humana não por um objeto empiricamente identificável. Pensou se, então, na paisagem como uma criação humana, elaborada ao Iongo do tempo, sendo a paisagem natural transformada em cultural ou geográfi relaçöes entre o homem e a natureza eram bastante complexas. A natureza foi modificasse: o homem é o principal agente geográfico. Vidal de la Blache redefine o conceito de género de vida herdado do determinismo, conforme aponta Paul Claval (1974): trata- da natureza, mas de permitiram geografia - geografia regional. Primeiramente, lembre- vidaliana. Em segundo lugar, no nosso entender, o conceito de paisagem - campos caminhos entre os campos e ao longo povoamento etc. - aproxima- -indutivo. Por outro lado, o conceito de paisagem, que acaba se confundindo com mais abrangente e rico que o de paisagem. - em e a natureza, mas sim da per si como objeto da geografia. ampliaram as bases dos e Hettner. se nao mais de uma conseqüéncia inevitável um acervo de técnicas, hábitos, usos e costumes, que /he utilizar os recursos naturais disponíveis tal como Moraes (1981) a ele se refere. Os géneros de vida pensados anteriormente exprimiam uma situação de equilibrio entre população e os recursos naturais. Uma paisagem geográfica enquadraria, na verdade, a área de ocorréncia de' uma forma de vida. A paisagem geográfica tem, ainda, uma extensão territorial e limites razoavelmente identificáveis. Nestes termos, a região é a expressão espacial da ocorréncia de uma mesma paisagem geográfica. O objeto da possibilista é, portanto, a região, e a geografia confunde se, entáo, com a Enquanto formas criadas pelo homem sobre a superficie da Terra, a paisagem poderia ser considerada sinônimo de organização espacial? se de que este conceito não foi cogitado pela geografia agricolas dispostos pelas encostas suaves de um vale, florestas nas ingremes, do rio onde se Iocalizam os núcleos de se do de organização espacial que adotamos neste estudo. No entanto, o conceito de paisagem apresenta uma limitação dada pela énfase em um aspecto exterior, derivado de sua apreensão via método empírico o de região, está associado à visão de uni cidade, ¡sto é, de um fenômeno que ocorre uma única vez, sem se repetir. O conceito de organização espacial é, para nós, o método regional A método regional consiste no terceiro paradigma da geografia, opondo se ao determinismo ambiental e ao possibilismo. Nele, a diferenciação de áreas não é vista a partir das relaçöes entre o hom integração de fenômenos heterogéneos em uma dada porção da superficie da Terra. O método regional focaliza assim o estudo de áreas, erigindo não uma relaçáo causal ou a paisagem regional, mas a sua diferenciação de O método regional tem merecido atenção de geógrafos desde pelo menos o século XVIII, com Varenius. O filósofo Kant e o geógrafo Carl Ritter, respectivamente no final do século XVIII e na primeira metade do XIX, studos de área. No final do séculopassado, Richthofen estabelece o conceito de corologia (integração de fenômenos heterogéneos sobre uma dada área), desenvolvido mais tarde por Alfred Contudo, a geografia do final do século passado e inicio deste vivenciava a disputa entre as correntes determinista e possibilista, não se valorizando o método regional. Apenas a partir dos anos 40, e nos Estados Unidos sobretudo, a tradição de estudos de área assume expressão. No centro -americano Hartshorne2 No plano interno, registra a procura de uma identidade para a geografia, Para Hartshorne, o cerne da - estudados - - arbitrariamente em partes, as quais, em qu 3. unicidade, -se pensar a priori lim A nova geografia - - sobretudo a partir dos anos 60. da valorizaçao do método regional está o geógrafo norte . Com ele, o novo paradigma ganha outra dimensão. No plano externo, o método regional evidencia a necessidade de produzir uma geografia regional, ou seja, um conhecimento sintético sobre diferentes áreas da superficie da Terra. Preocupação antiga, derivada da expansão mercantilista dos séculos XVI e XVII, aparecia, então, como resultado da demanda das grandes corporaçöes e dos aparelhos de Estado. que se obteria não a partir de um objeto próprio, mas através de um método exclusivo. Resumindo, diferenciação de áreas passa a se considerar o resultado do método geográfico e, simultaneamente, o objeto da geografia. geografia é a regional que, como vimos, busca a integração entre fenômenos heterogéneos em seçóes do espaço terrestre. Estes fenômenos apresentam um significado geográfico, ¡sto é, contribuem para a diferenciação de áreas. Da integração destes sistemáticamente pelas outras ciéncias , surge a geografia como uma ciéncia de sintese. Em sua proposição, Hartshorne não adota a região Como o objeto da geografia. Para ele, importante é o método de identificar as diferenciaçöes de área, que resultam de uma integração única de fenômenos heterogéneos. Diz ele em seu clássico estudo de 1939: o objeto da geografia regional é unicamente o caráter variãvel da superficie da Terra uma unidade que só pode ser dividida alquer níve/ da divisão, são como as partes temporais da história, únicas em suas características A região, para Hartshorne, não passa de uma área mostrando a sua resultado de uma integração de natureza única de fenômenos heterogéneos. O conceito de organização espacial também não é cogitado pelo método regional. Para tanto, pressupöe na existéncia de uma lógica em ação, resultante da efetivação de regras ou Ieis de natureza social. Ora, a proposição hartshorniana não admite a existéncia de outras Ieis além da unicidade do caráter integrativo dos fenômenos sobre a superficie da Terra. Deste modo, as contribuiçöes do paradigma do método regional para os conceitos de região e de organização espacial são, em si mesmas, muito itadas. Iriam suscitar, no entanto, enorme critica, na qual aquilo que nos interessa é considerado de modo privilegiado. Após a 2*' Guerra Mundial, verifica se uma nova fase de expansão capitalista. Ela se dá no contexto da recuperação econômica da Europa e da "guerra fria", envolvendo maior concentração de capital e progresso técnico, resultando na ampliação das grandes corporaçöes já existentes. Esta expansão defronta se, ainda, com o desmantelamento dos impérios coloniais, espaciais criadas pelo homem. shopping centers etc. Trata- ou seja, no arranjo espacial criado pelo homem. geografia - o determinismo ambiental, o possibilis -, nova aos "deserdados da terra", acenando com a perspectiva de desenvolvimento a A nova nos sistema de planejamento do Estado capitalista, e o mindo assim uma pretensa neutralidade nova procura leis ou ou menor grau de - - cadeia de Markov etc. - dos grafos, o cias da natureza e o caracterizam o ou geografia quantitativa. A nova para aparecer na nova geografia. Pois o -guerra, afetando o arranjo sobre a Desenvolve-se o os movimentos sobre a sup 4. Não se trata mais de uma expansão marcada pela conquista territorial, como ocorreu no final do século passado; ela se dá de outra maneira e traz enormes conseqüéncias, afetando tanto a organização social como as formas Uma nova divisão social e territorial do trabalho é posta em ação, envolvendo introdução e difusão de novas culturas, industrialização, urbanizaçáo e outras relaçöes espaciais. As regiöes elaboradas anteriormente à guerra são desfeitas, ao mesmo tempo que a ação humana, sob a égide do grande capital, destrói e constrói novas formas espaciais, reproduzindo outras: rodovias, ferrovias, represas, novos espaços urbanos, extensos campos agricolas despovoados e percorridos por modernos tratores, se de uma mudança tanto no conteúdo como nos limites regionais, Estas transformaçöes inviabilizariam os paradigmas tradicionais da mo e o método regional suscitando um novo, calcado em uma abordagem locacionai: o espaço alterado resulta de um agregado de decisöes Iocácionais. A geografia que surge em meados da década de 50, conhecida como geografia, tem um papel ideológico a ser cumprido. É preciso justificar a expansão capitalista, escamotear as transformaçöes que afetaram os géneros de vida e paisagens solidamente estabelecidas, assim como dar esperanças curto e médio prazo: o subdesenvolvimento é encarado como uma etapa necessária, superada em pouco tempo. A teoria dos pólos de desenvolvimento é um dos melhores exemplos desta ideologia. geografia nasce simultaneamente na Suécia, na Inglaterra e Estados Unidos, neste último pais como uma ferrenha critica à geografia hartshorniana. Adota uma postura pragmática que se associa à difusão do positivismo lógico como método de apreensão do real, assu cientifica. Ao contrário do paradigma possibilista e da geografia hartshorniana, a regularidades empíricas sob a forma de padröes espaciais O emprego de técnicas estatisticas, dotadas de maior sofisticação média, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise fatorial, , a utilização da geometria, exemplificada com a teoria uso de modelos normativos, a adoção de certas analogías com as cién emprego de principios da economia burguesa arsenal de regras e principios adotados por ela. É conhecida também como geografia teorética geografia considera a região um caso particular de classificação, tal como se procede nas ciéncias naturais. E toda discussão sobre região no seu ámbito corresponde a uma critica aos conceitos derivados do determinismo ambiental e do possibilismo. O conceito de organização espacial tem todas as condiçöes rápido processo de mudança locacionai que se verifica no pós superficie da Terra das formas criadas pelo homem, e envolvendo vultosos recursos, suscita a questão da eficiéncia máxima de cada localização rearranjada. Eficiéncia máxima, naturalmente, na ótica do capital. conceito de organização espacial entendido como padrão espacial resultante de decisöes Iocacionais, privilegiando as formas e erficie da Terra (interação espacial) onde, a nosso ver, estava latente no nova geografia, tal como era definida -- aplicada, em cujo centro situa- du territoire 5. A nova caracterizar o capitalismo. Trata- As origens de uma geografi o - Trata- Kro aos interesses dominantes. - desemp ealidade. Os modelos normativos e as nova geografia, como William eita sob reservas pelo Estado capitalista, na medida cm que focalizam criticamente a geografia: Antipode, Newsletter (Union of Socialist Geographers), e Espace et Luttes. Adicionalmente, cujo marco foi numerosas. Dizem tinham sido abordados pela nova geografia. Assim, reexamina- da localiza do det Surge também na França, pensamento vidaliano. Mas não dentro da nos paises anglo saxöes e na Suécia, e sim numa geografia econômica e se Pierre George e a politica de aménagement A geografia critica O debate interno à geografia prossegue durante as décadas de 70 e 80. geografia e os paradigmas tradicionais são submetidosa severa critica por parte de uma geografia nascida de novas circunstáncias que passam a se da geografia critica, cujo vetor mais significativo é aquele calcado no materialismo histórico e na dialética marxista. a critica, que não só contestasse pensamento dominante, mas tivesse também a intenção de participar de um processo de transformação da sociedade, situam se no final do século XIX. se da geografia proposta pelos anarquistas Élisée Reclus e Piotr potkin. Ela não fez escola, submergida pela geografia "oficial", vinculada A partir da segunda metade da década de 60, verifica se nos paises de capitalismo avançado o agravamento de tensöes sociais, originado por crise de rego, habitação, envolvendo ainda questöes raciais. Simultáneamente, em vários paises do Terceiro Mundo, surgem movimentos nacionalistas e de libertação. O que se pensava até então em termos de geografia não satisfaz, ¡sto é, não mascara mais a dramática r teorias de desenvolvimento foram reduzidos ao que efetivamente são: discursos ideológicos, no melhor dos casos empregados por pesquisadores ingénuos e bem intencionados. Uma geografia critica começa a se esboçar, congregando geógrafos de mentes abertas, que tinham se dedicado à Bunge e David Harvey, ou que tinham uma posição politica de esquerda na geografia herdeira das tradiçöes vidalianas, a exemplo de Yves Lacoste. Esta visão critica é ac este não pode desempenhar seu papel de controle, apoiado em informaçöes provenientes de seu serviço de propaganda. Vários sao os periódicos que Hérodote, Espace Temps em numerosos outros periódicos, há contribuiçöes de geógrafos críticos. No caso do Brasil, a geografia critica nasce no final da década de 70, o 3° Encontro Nacional de Geógrafos, realizado em 'julho de 1978 em Fortaleza, sob os auspicios da Associação dos Geógrafos Brasileiros. Além das acirradas criticas aos paradigmas que a precederam, as contribuiçöes da geografia critica, ainda em curso, são respeito à reinterpretação, com base na teoria marxista, de aspectos que se questão da Jornada de trabalho, da terra urbana, da habitação, dos transportes regionais e ção industrial. A geografia critica descobre o Estado e os demais agentes da organização espacial: os proprietários fundiários, os industriais, os incorporadores imobiliários etc. A questão das relaçöes entre o homem e a natureza, central no temário erminismo ambiental e do possibilismo, é também repensada à luz do marxismo. O tema da região, questão clássica na história do pensamento -la por uma nova geografia. Trata- es espaciais, procurando- im, por exemplo, considera-se a teoria marxista do valor como base para se empreender uma - parte integrante de uma dada sociedade. Milton Santos (1978) levanta ainda a geográfico, é retomado pela geografia critica. Neste sentido, uma tentativa de conceituação de região será feita mais adiante procurando entendé visão dialética. Entre os avanços realizados pela geografia critica estão aqueles associados à questão da organização espacial, herdada basicamente da se, no caso, de ir além da descrição de padrö se ver as relaçöes dialéticas entre formas espaciais e os processos históricos que modelam os grupos sociais. Na discussão do conceito de organização espacial, a contribuição dos geógrafos brasileiros tem sido muito importante. Ass análise espacial, conforme o fazem Antonio Carlos Robert Maraes e Wanderley Messias da Costa (1984). Outra contribuição é a de Milton Santos com o conceito de formação sócio espacial, onde a organização espacial constitui polémica questão da organização espacial como instáncia da sociedade. A discussao que empreenderemos sobre este conceito estará fundamentalmente baseada na geografia critica. 3 O termo caso, m anteriormente. ser vista como um conceito intelectualmente produzido. Partimos da realidade, claro, Em segundo lugar, queremos deixar claro que todos os conceitos de -la sob omo um sendo o determinismo ambiental uma de suas principais correntes de pensamento, a segundo escalas territoriais diversificadas, e outros adicionais que diferenciariam ainda mais cada uma destas partes. Em acham- Regíão: um conceito complexo região não apenas faz parte do Iinguajar do homem comum, como também é dos mais tradicionais em geografía. Tanto num como noutro o conceito de região está ligado à noção fundamental de diferenciação de área, quer dizer, à aceitação da idéia de que a superficie da Terra é constituida por áreas diferentes entre sí. A utilização do termo entre os geógrafos, no entanto, não se faz de odo harmônico: ele é muito complexo. Queremos dizer que há diferentes conceituaçães de região. Cada uma delas tem um significado próprio e se insere dentro de uma das correntes do pensamento geográfico. Isto quer dizer que, quando falamos em região, implícitamente, mas de preferéncía de modo explicito, estamos nos remetendo a uma das correntes já identificadas Doís pontos devem ser abordados nesta introdução e ambos se referem ao nosso posícíonamento. Prímeíramente, achamos que a região deve mas a submetemos à nossa elaboração critica, na seqüéncía, procurando ir além da sua apreensão em bases puramente sensoríaís. Procuramos captar a génese, a evoluçao e o significado do objeto, a regíao. região podem ser utilizados pelos geógrafos. Afínal todos eles são meíos para se conhecer a realídade, quer num aspecto espacial especifico, quer numa dímensão totalízante: no entanto, é necessárío que explícítemos o que estamos querendo e tenhamos um quadro territorial adequado aos nossos propósitos. Nesta parte iremos ver os principais conceitos de região, ou seja, o de região natural, o de região geográfica de Vidal de la Blache e o de região como classe de área, já tradicionalmente estabelecídos. Tentaremos conceítuá o ángulo do materialismo histórico, onde, acredítamos, não está solidamente estabelecída. Finalmente, díscutíremos a questao da região c instrumento de ação e controle dentro de uma sociedade de classes. Regíão natural e determinismo ambiental No final do século XIX, e durante as duas prímeíras décadas deste, quando a ciéncia geográfica foi ímpulsíonada pela expansão imperialista, um dos conceitos dominantes foi o de região natural, saido díretamente do determinismo ambiental. A região natural é entendida como uma parte da superficie da Terra, dímensíonad caracterizadas pela uníformídade resultante da combinação ou integração em área dos elementos da natureza: o clima, a vegetação, o relevo, a geología e outras palavras, uma região natural é um ecossístema onde seus elementos se integrados e são ínteragentes. É preciso deíxar claro que a idéia de combinação ou integração em área de elementos diversos é muito importante para o conceito de região visto sob o paradigma do determinismo ambiental (e para outros também). Um mapa com a distríbuíção espacial dos tipos climáticos de Koppen, por exemplo, não se refere a uma combinação ou integração abrangendo elementos heterogéneos da natureza. Trata- mais complexa. 1 Sobre a p realidade, que o referido autor procurava um quadro territorial adequado para -se se poderia ver mais claramente o papel determinante da natureza sobre o conhecimento a respeito das diver segundo e Em segundo lugar, o clima aparece, em Herbertson, Dryer e outros, ante para se fator de Dryer referir- icas como sendo determinadas pela natureza: justifica- trecho a seguir, tirado de Herbertson, elucida os dois aspectos acima mencionados: sobre seus habitantes 2. Em tercei alterado o seu meio natural, a primeira natureza. Muito especialmente na se de uma dívísao apoíada na temperatura e na precípítaçao, com as quais Koppen estabeleceu suas regiöes climáticas. A região natural é Ao contrário, a divísão regional proposta por Herbertson está apoíada no conceito de região natural. É uma divísão clássica, que ainda hoje exerce influéncíano ensino da geografía na escola secundária. Herbertson, com base no clima e no relevo, e considerando a vegetação, divide a superficie da Terra em 6 tipos e 15 subtipos, que não apresentam contigüídade espacial, e 57 regiöes naturais, distintas dos prímeíros por apresentarem esta contigüídade. Os 6 tipos são os seguintes: polar, temperada fría, temperada quente, tropical, montanhosa subtropical, e terras baixas e úmidas equatoríaís. roposíção de Herbertson convém ressaltar trés aspectos. Em primeiro lugar, as regiöes naturais propostas constítuem uma base para estudos sistemáticos, como se ínfere do titulo de seu artigo. Isto significa, na pensar a geografía segundo a concepção ambíentalísta, ísto é, onde se pudesse estudar e compreender as relaçoes homem/ natureza, admítíndo que nas regiöes naturais estas seriam mais evidentes, mais perceptiveís: nelas homem. Neste sentido, as regiöes naturais confíguram, de fato, um ponto de partida, e não de chegada, ou coroamento, no quadro territorial que engloba o sas áreas diferenciadas da superficie da Terra. É nestes termos que o geógrafo americano Charles Dryer, em 1915, aceíta a idéia de que as regiöes naturais devam ser um meío para se compreender as relaçoes homem/natureza, que aparecem díretamente, le, através da vida econômíca, para cada um dos estágíos de cultura. como o elemento fundamental da natureza. Não resta dúvída de que a variação espacial dos tipos de clima é um dado import compreender a diferenciação da ocupação humana sobre a superficie da Terra, porém no ambíentalísmo o clima passa a ser considerado, como já se víu, determinante sobre o homem e, em muítos casos de modo explicito, sobre sua história. O clima é utilizado como justificativa para o colonialismo em suas diversas formas (colônias de povoamento e de exploração) e o racismo, duas das múltiplas e interligadas facetas do imperialismo. Muito sintomático é o fato se às regiöes econôm se assim, em última instáncia, a superíoridade natural das regiöes e dos paises desenvolvídos, que teríam uma natureza mais pródíga. O Através da compreensão da história da mesma raça em duas diferentes regiöes, ou de um conjunto de raças na mesma região, seria possível chegar a algum conhecimento do efeito invariável de um tipo de meio ro lugar, convém lembrar que à época em que o conceito de região natural desfrutava de prestigio não se podía mais falar em área da superficie da Terra que, em algum grau, não tivesse sofrido ação humana e Inglaterra do tempo de Herbertson. Isto, contudo, não tira a importância do conceito, principalmente para os ínteressados no estudo sistemático dos deterministas quando as estudaram. humanas conciliam-se quand caracterizados por uma enorme estabilidade quando comparados ser humano sejam significativos, traduzidos, em cada uma dessas grandes Estamos frente a uma forma amenizada, filtrada, de determinismo ambiental, menores caracterizadas por elementos de ordem humana, marcados pela regIonais. francesa, por Delgado de C 3 -oeste. Estas vez, subdivid ordem humana. Assim, os Reagindo ao determinismo ambiental, o possibilismo considera a a, na 1925, com Carl Sauer, que se inspirou nos dois mencionados autores. Em -se d diferentes ecossístemas ou regíoes naturais modificadas pelo homem ao Iongo da história, uma abordagem que não foi considerada pelos geógrafos Mesmo para um geógrafo francés como Camille Vallaux, de um pais onde o determinismo ambiental não fez carreíra, as regiöes naturais e as o consideradas em termos de grandes regiöes da superficie da Terra, como aquelas da floresta equatoríal, das zonas desértícas, mediterráneas, temperadas e polares. Nestes amplos quadros naturais, à história do homem, o referido autor admite que os efeítos das condiçöes naturais sobre o regiöes, por modelos própríos de ação dos que nelas habítam. Dai a coíncídéncía, nesta escala territorial, entre regiöes naturais e humanas. não considerado de modo absoluto. Esta visão é, ainda, marcada pelo possibilismo: abaíxo das grandes regiöes definidas pela natureza, vém as ínstabílídade e capazes de provocar mudanças no conteúdo e nos límites O conceito de região natural foi íntroduzído no Brasil, vía ínfluéncía arvalho em 1913. É dentro da ótica acima exposta que Fábío Guímarães admítía a sua utilização no Brasil, vísando uma divísão de caráter prático e duradouro, que possíbilitasse a comparação de dados estatistícos ao Iongo do tempo. Guímarães, aceítando a ídentífícação das regiöes naturais propostas por Delgado de Carvalho, considera as seguíntes grandes regiöes naturais: norte, nordeste, Ieste, sul e centro unidades regionais maíores foram divididas em regiöes, sendo estas, por sua idas em zonas físíográfícas, caracterizadas por elementos de Possíbílísmo e região O possibilismo considera de modo diferente a questão da região. Não é a região natural, e sua ínfluéncía sobre o homem, que domina o temário dos geógrafos possíbílistas. É, sem dúvída, uma região humana vista na forma da geografía regional que se torna seu próprio objeto. A região considerada é concebida como sendo, por exceléncía, a região geográfica. conceitos de região natural e região geográfica, tal como esta será definida, são distintos, tanto no que se refere às suas bases empíricas, como aos seus propósitos. evolução das relaçöes entre o homem e a natureza, que, ao Iongo da hístórí passam de uma adaptação humana a uma ação modeladora, pela qual o homem com sua cultura cría uma paisagem e um género de vida, ambos própríos e peculiares a cada porção da superficie da Terra. Com diferenças em maior ou menor grau, estas idéias aparecem França no final do século passado com Paul Vidal de la Blache, na Alemanha da primeira década deste século com Otto Schlüter, e nos Estados Unidos, em todos os trés casos trata a mesma reação ao determinismo ambiental e ao seu correspondente conceito de região natural. -se, ao mesmo - se igualar, na geografia possibilista, geografia regional ao estudo da paisagem. paysage (paisagem) vem de pays landschaft tem landscape designa paisa -se- que a - - - personalidade, sua singularidade, aquela todos conhecem a partir de uma pays de Caux,pays de Ia Brie, Agreste, seus limites determinados por diversos componentes: uma fronteira pode ser o me 1a a 1d e um mesmo segmento de terra de acordo com quatro elementos. Cada um deles apresenta uma diferencialidade espacial, A regíao geográfica abrange uma paisagem e sua extensao territorial, onde se entrelaçam de modo harmoníoso componentes humanos e natureza. A idéia de harmonía, de equilibrio, evidente analogía organícísta que Vidal de la Blache adota, constitui o resultado de um Iongo processo de evolução, de maturação da região, onde muítas obras do homem fíxaram tempo com grande força de permanéncía e incorporadas sem contradiçöes ao quadro final da ação humana sobre a natureza. Regíão e paisagem são conceitos equivalentes ou associados, podendo E esta equivaléncía tem apoío lingüístico: em francés (pequena região homogénea); em alemão a palavra dois sentidos: paisagem e extensao de um território que se caracteriza por apresentar aspecto mais ou menos homogéneo; em inglés gem, e Sauer usou o termo como sínônímo de região. A regíao geográfica assim concebida é considerada uma entidade concreta, palpável, um dado com vida, supondo portanto uma evolução e um estágio de equilibrio. Neste raciocinío, chegar ia à conclusao de região poderia desaparecer. Sendo assim, o papel do geógrafo é o de reconhecé Ia, descrevé la e explícá Ia, ¡sto é, tornar claros os seus limites, seus elementos constítuíntes combinados entre si e os processos de sua formaçao e evolução. Neste aspecto, a região geográfica dos possibilistas não se díferencíava da regíao natural. No processo de reconhecímento, descrição e explicação dessa unidade concreta, o geógrafo evídencíava a índívídualídade da região, sua combinação de fenômenos naturaise humanos que não se repetíría. A concretude e índívídualídade de cada região são ainda reconhecídas pela sua população e as das regiöes vízínhas; ísto se explica pelo fato de cada região possuir um nome próprio único, que vivéncia plenamente integrada à região: Brejo, Campanha Gaúcha etc. A região geográfica definida por Vidal de la Blache e seus discípulos tem clima, outra o solo, outra ainda a vegetação. O que importa é que na região haja uma combinação especifica da diversidade, uma paisagem que. acabe conferíndo síngularídade àquela região. Não se trata de um corte mais ou nos arbitrário na distríbuíção desigual de um determinado elemento sobre a superficie da Terra. Os esquemas a seguir, apoíados em Yves Lacoste (1976), exemplificam a questão dos limites e da índívídualídade da região. As figuras indicam a dívísao d ínerente à sua própria natureza. Figura 1 - ACEG ACFG conforme aparece na figura 1e. ta que na escolha dos significa que, implicitamente, concebe- cada elemento (ver figura 1a a 1d), e o fato de que outros segmentos do -evidente. em classes sociais. REGIÓES GEOG RÁFICAS VIDALIANAS 1a _ Regiöes 1b - Regióes pedológicas climáticas C||||||||||||¡¡¡¡“| I Ii lu\/ ||I| \/ 'I /`/ B D hullln 1c _ Regiöes de 1d - Regióes vegetação etnolíngüísticas I \ G \ ./ '_ '\.E \ F _/ ` - 1 ./ H / \ geográficas 1e - Regióes Aces ACFG seAo ADEH E HUB BDFH Aces I s- 10 Regióes geográficas BDFH I Da sua superposíção, formam se 10 regiöes, cada uma marcada pela combinação singular dos 4 elementos considerados: assim, há apenas uma única região e uma única outra denominada O conceito vídalíano de região recebeu ínúmeras criticas de Lacoste e de Claval. O primeiro dos geógrafos franceses comen elementos que se combínam há uma seletivídade que considera apenas os antígos, de Ionga duração, desprezando os elementos de orígem recente. Isto se a região como uma entidade acabada, concluida. Ademaís, a concepção vidaliana ímpöe um único modo de se pensar a divísão da superficie da Terra, esquecendo a díferencíalídade espacial de espaço podem ser mais úteís. A concepção vidaliana de região implica uma postura empírísta, na medida em que ela é vista como algo dado, auto Finalmente, a idéia de harmonía não é adequada às sociedades estrutura das assunto, -se que os elementos humanos -se o par geografia regional francesa. Blache: sua aplicabilidade se deu na medida em que formaram bases recens quais se divulgaram os resultados dos recenseamentos de 1970 e 1980, -se da nova geografia. A nova elemento de outro conjunto de lugares. - outras -se os mesmos apresentar os mesmos resultados, independentemente de terem sido feitas por e subjetividade por parte do outr Claval, por sua vez, Iembra o fato de que, por não haver um crítérío sistemático para se identificar regiöes, os resultados obtídos indicam a sua diversidade, às vezes constituindo uma realídade natural, mas na maíoría dos casos condicionada histórica e economicamente. Era dificil teorizar sobre o especialmente porque não se admítía a aplícação dos procedímentos de utilização geral. Por outro lado, constatou passavam a adquirir maior ímportáncía que os naturais no processo de gerar as regiöes geográficas. Atingía adigma possibilista, fundado nas relaçöes entre o homem e a natureza e expresso na região geográfica. Na verdade, estudos regionais focalízados em temas especificos começaram a surgir na No Brasil, conforme já se índícou, as zonas físíográfícas, a despeíto do nome, foram fundamentadas no conceito de região geográfica de Vidal de la terrítoríais agregadas, através das quais foram dívulgados os resultados dos eamentos de 1950 e 1960. Já as regiöes homogéneas, através das constítuem uma tentativa de atualízação das zonas físíográfícas, adotando implícitamente o essencíal das idéias vidalianas, apesar dos casos de exceção (áreas metropolitanas) e do discurso eminentemente indicador do paradigma Nova geografía, classes e região geografia, fundamentada no positivismo lógico, tem a sua própria versão de região, que se opóe àquelas associadas aos paradigmas do determinismo ambiental e do possibilismo. A região, neste novo contexto, é definida como um conjunto de lugares onde as diferenças internas entre esses lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer As símílarídades e diferenças entre lugares são definidas através de uma mensuração na qual se utilizam técnicas estatisticas descritívas como o desvío padrão, o coeficiente de variação e a análise de agrupamento. Em palavras, é a técnica estatistíca que permite revelar as regiöes de uma dada porção da superficie da Terra. Nesse sentido, definir regiöes passa a ser um problema de aplícação eficiente de estatistíca: considerando território, propósitos e técnica estatistíca, duas dívísöes regionais deverão dois pesquisadores distintos. A divísão regional assim concebida pressupöe uma objetivídade máxima, implicando a auséncia d pesquísador. A figura 2 procura exemplífícar uma divísão regional hipotética: o território foi dividido em trés regiöes, e em cada uma delas as diferenças internas são muito pequenas, quando se pensa nelas em comparação às as regiöes. inte - nova entidade concreta, e sim especificados, tal como aponta Grigg6. simples, ou en complexas. o caso, funcionais. Trata- descrita pela invariabilidade pays, tal como Vidal de Ia termos da nova - Figura 2 UMA DIVISÃO REGIONAL HIPOTÉTICA 1.0 /'\ Limite de região I iio 7.4 1_8.;†1__,; _ /" \ - Unidade de observacão _, _ ,, »- . (por ex.. municipio) 7.3 _'7-9 /1.7 _ _,-s 2.0 '.__, 1.0 ...... _. 20.2 - Valores que “ is 'I 2-1 descrevem a variabilidade do \ elemento através do qual se ;`17-9 1/ 20-2 ' 13.4 faz a divísão regional. f»-~-`~ -~~"'~~18.1 , ,18_ '192 ` on z:_` $9A Se as regíoes sao definidas estatístícamente, ¡sto significa que nao se atríbuí a elas nenhuma base empírica prévía. São os propósitos de cada pesquísador que norteíam os crítéríos a serem selecíonados para uma divísão regional. Se a nção é definir regiöes climáticas, utilizam se então informaçöes pertinentes ao clima; no caso de elas serem agricolas, fontes relacionadas seriam usadas. Ao contrário da região vidaliana, a da geografía não é considerada uma uma criação intelectual balízada por propósitos Na ampla possibilidade de aparecímento dos propósitos de divísão regional, há dois enfoques que não se excluem mutuamente. O primeiro considera as regiöes tão No caso das regiöes simples, estamos considerando uma divísão regional de acordo com um único crítérío ou varíável, originando regiöes segundo, por exemplo, o nivel de renda da população, da criação de bovinos ou de tipos de solos. No segund Ievamos em conta muítos crítéríos ou varíáveís (usualmente reduzídas a umas poucas através de uma técnica estatistíca mais sofisticada, a análise fatorial). Um exemplo de divísão regional complexa é a divísão de um pais em regiöes econômícas, envolvendo, entre outras, varíáveís como a densídade demográfica, a renda da população, a produção agropecuária e industrial e a urbanizaçáo. O segundo enfoque visa as regiöes homogéneas, ou então se de uma visão dícotomízada, que perde aquela caracteristica de íntegralídade que a região natural e a vidaliana passavam. Cada uma dessas duas regiöes pode ser focalizada como simples ou complexa Por região homogénea, estamos nos referíndo à unidade agregada de áreas, (estatisticamente considerada) de caracteristicas anaIísadas,estátícas, sem movímento no tempo e no espaço: a densídade de população, a produção agropecuária, os niveis de renda da população, os tipos de clima e as já mencionadas regiöes naturais. Um Blache o define, seria uma região homogénea complexa, quando pensada em geografia. Para este paradigma, a região sintese sería um dos muítos possiveis casos de divísão regional. - - mutuamente excludentes no mundo capitalista, pois dizem respeito a Verifica- regionais. Mais ainda,para deste modo, pode- diferencialidade espacial de que nos fala Yves Lacoste. Na nova nova geografia 7 estabelece explicitamente a termos regionais e termos de duas linguagens diferentes. Vejamos alguns exemplos: Termos regionais b) Sistema regional e) Lugar f) Elementos da geografia g) Geografia regional h) Core i) Limite regional j) Escala categoria categoria e) Indi similares i) Intervalo de classe - diversos in -se em e do agrupamento. Vejamos cada um deles. queira, analiticamente, nados, A, As regíoes funcíonaís, apesar da ínadequaçao do termo, sao definidas de acordo com o movímento de pessoas, mercadorías, informaçöes, decisöes e idéias sobre a superficie da Terra. Identífícam se, assim, regiöes de tráfego rodovíário, fluxos telefônicos ou matérías primas industriais, migraçöes diárías para o trabalho, ínfluéncía comercial das cídades etc. Convém frisar que as regiöes homogéneas e funcionaís tendem a ser fenômenos que se comportam, cada um deles, com espacialidade própria. se, como já vimos, que os propósitos dos pesquisadores, em termos académicos, ou de vínculação explicita ao sistema de planejamento, são díretamente proporcionais às possibilidades de se estabelecerem dívísöes qualquer fenômeno que necessaríamente tenha uma expressão espacial é possível o estabelecímento de uma divísão regional: se dar conta, no plano descrítívo e classífícatórío, daquela geografia, o conceito de sistema de regiöes (já estabelecido muítos anos atrás por geógrafos "tradicionais" como Unstead) está calcado explícitamente nos principios da classíficação, tal como se adota nas cíéncías da natureza, como a botánica. A analogía com as cíéncías naturais, uma das marcas do positivismo lógico, aparece claramente quando a estabelece o conceito de região. Bunge comparação entre termos classificatórios, Termos classífícatóríos a) Regíão uniforme a) Classe de área b) Sistema classificatórío c) Regíão definida com um c) Classífícação com uma única único aspecto d) Regíão definida com aspectos d) Classífícação com mais de uma múltiplos viduo f) Caracteristicas díferencíadoras g) Atenção focalizada em classes de da região área h) Individuos modaís e individuos j) Número de classes de área Deste modo, a região torna se uma classe de área constituida por díviduos similares entre sí. Várías classes de área organízam um sistema classificatórío. Tal sistema pode ser concebido de dois modos: através da divísão lógica A divísão lógica é uma classíficação caracterizada pela divísão sucessíva do todo (superficie da Terra ou de um pais, por exemplo) em partes. Dedutíva, de cima para baixo, pressupöe que o pesquisadorjá tenha uma visão do todo e chegar a identificar, através de crítéríos selecio as partes componentes do todo, os individuos (lugares). A figura 3 esquematíza a divísão lógica. O todo, representado pela letra é subdívidido em duas classes (regiöes), que tém em comum o fato de apresentarem a caracteristica A, x e y. Ax subdivide-se em outras duas: Axa e Axb. nova geografia, porque esta fundamentou o conhecimento da realidade a partir de um -se pelo fato de partir- -se ao todo. O procedimento por indutivamente,agregando-se, pouco a pouco, o conhecimento sobre as partes. A figura 4 representa um esquema de agrupamento. Existem, no exemplo, 8 . - ordem. No passo seguinte, chega-se ao todo. Os dois modos de se estabelecer um sistema regional ou uma hierarquia e de diferenciação entre elas as caracteristicas A classe (região) Figura 3 oívísixo Lóc|cA /\ /\ /\ Axa Axb Aya Ayb Convém frisar que a divísão lógica tem sido muito pouco empregada na a' trajetória ascendente, do individuo para o todo, pelo segundo dos modos referidos, o agrupamento. Contudo, um exemplo clássico do uso da divísão lógica é o das regiöes naturais de Herbertson. O agrupamento ou classíficação índutíva caracteriza se do individuo (lugar, municipio) e, progressivamente, por agregação, que implica a perda de detalhes ou generalízação crescente, chegar sínteses sucessívas, ao contrário da divísão lógica, não pressupöe conhecimento prévío do todo, que pode ser obtído individuos que constítuem o agrupamento mais inferior, de 1a ordem Possuíndo caracteristicas comuns, são agrupados em 4 classes de áreas ou agrupamento de 2a ordem, que por sua vez agrupam se em 2 classes de 3a Figura 4 AG RUPAM ENTO ,Q - ~ « - - - - - 4." ordem I todo\. ¿_ _ ___---3.” ordem ¡classes d \, .ø Ko - - - - - --2.3 ordem) árãa.\_ /'\. .Í K. ,/' K. ./' \¢A 91:* ordem individuo de regiöes apresentam ainda uma díferença fundamental, ressaltada aquí para que se tenha clareza das condiçöes de um ou de outro modo a ser adotado. A procura entre os lugares, enquanto o agrupamento, ascendente, procura regularidades. complementares de se conhecer a realidade. tipos, e uma tipologia, ou Os tipos caracterizam-se pelos seus atributos Herbertson definiu os quadros naturais: o tipo polar, como se sabe, ocorre tanto por outro lado, a par de sua Como vimos, -se definir uma tipologia, tal como fizeram Herbertson e Koppen, ou se chegar a uma inar de nova avras, identificam-se ica, como a das como o do desenvolvimento regional, estuda- divísão lógica, na medida em que é um procedímento de trajetória descendente, diferenciaçöes E diferenciaçöes e regularidades são meíos Do processo de divísão regional emerge a questão de se definir regiöes. especificos, não implicando a existéncia de contigüídade espacial, tal como no hemísférío sul como no norte. A região, específícídade, pede seqüéncía no espaço, A figura 5 procura esclarecer esta questão. Indica ela 5 tipos dos quais 2 ocorrem, cada um, em 3 áreas distintas e não contiguas espacíalmente: ao total há 9 regiöes. Figura 5 Tipos E REGíóEs 1 5 tipos e 9 regíoes --4 _ A-» i ¬ “ 1 >< 3«_ _.,.›-V ._ q« ii??? E _ .ft '. i I ;a?=~1-. ¡__ _. ,« . ~ ` 'ï3_" , -, ínooouocoo'-': - - fr'__; '~ -~^----^_... ., :¿:¿f›š;rrrrr:ii- - : , ›< 3 5:;, ,- _ 1 .-(rs;-W* /* 5.2221 ›< 1 1 - ~ -_ A , ,«, . 4 sb.EL-` B I I I I 2 no processo de divísão regional pode I'Í̀¦§¦§¦§¡É¦:¦' ,:-:-:~:-:-:-:-:-:;:-:-:-:-:¦'-:.-°-:-:-:-o'o':'o°c°o'.'2°¦°:'fr¦'¦°. X -Á segmentação da superficie da Terra em regiöes. No primeiro caso, estamos considerando os fenômenos na visão do que se convencíonou denom geografía sistemática; no outro, da geografía regional. Um último aspecto deve ser considerado. Na geografía não existe, como na hartshorníana, um método regional, e sim estudos nos quais as regiöes formam classíficaçöes espadas. Em outras pal padröes espaciais de fenômenos vistos estatícamente ou em movímento. Neste sentido, a região adquíre, junto à sua inexisténcía como entidade concreta, o sentido de padrão espacial. A geografia regional, por sua vez, não tem o propósito de reconhecer uma sintese, como em Vidal de la Blache, nem de procurar pela síngularídade de cada área, como em Hartshorne. Os estudos de geografía regional ou de área são realizados dentro de propósitos preestabelecídos. A partir de uma referéncía teór localidades centrais ou a do uso agricola da terra, ou de um suposto problema, se um segmento da superficie da na nova coisa. No Brasil, a nova geografia desenvolveu-se nos Departamentos de assunto consultem- e Geografia, editados em Rio Claro, e a Revista brasileira de geografia, editada pelo IBGE, nova geografia, -se a postura nova geografia. Lacoste, por exemplo, refere- "conceito- nova geografia podem acabar constituindo- 8 comenta que, a partir do materialismo Assim, consideram- ado e a sociedade local, mostradas por Dulong; ou a elegia do Nordeste brasileiro. des sociais em uma totalidade -social, capaz de opor As re Terra. Isto quer dizer que a área é vista como Iaboratório de estudos sistemáticos, realímentando os referenciais teóricos queestes formulam. Assim geografía, estudos sistemáticos e de área nao se dístínguem entre si: mais do que uma complementação, eles são, em última instáncia, a mesma Geografía de Río Claro e de Estudos Geográficos do IBGE; ai surgíram os estudos de tipología e divísão regional dentro da concepção em pauta. Sobre o se os periódicos Boletim de geografia teorética especialmente os números referentes à década de 70. Regíao e geografía critica Dentro do questionamento à geografia tradicional e à aparece durante a década de 70 uma geografia critica, que traz consigo a necessidade de se repensar o conceito de região. Assim, discute empírista que caracteriza as definíçöes vidaliana e da se à concepção vidaliana de região como sendo um obstáculo", que nega outras possibilidades de se dividir a superficie da Terra; por outro lado, as classes de área da se em um exercicio académico sofisticado. Deste posicionamento critico fazem parte também geógrafos brasileiros. Assim, entre outros, Aluizio Duarte histórico e da dialética marxista, diversos pesquisadores introduziram, na década de 70, novos conceitos vísando uma defínição de região. se o conceito de região e o tema regional sob uma articulação dos modos de produção, como faz Lípietz; através das conexöes entre classes sociais e acumulação capitalista, conforme é o caso de Villeneuve; por meío das relaçöes entre o Est então, íntroduzíndo a dímensão politica, conexão de Chico de Oliveira ao fazer Duarte tem suas proposíçöes sobre a região: para ele, é uma dímensão espacial das especificida espaço resistência à homogeneização da sociedade e do espaço pelo capital monopolístico e hegemónico Para ele, se não há uma elite regional capaz de opor a aludida resísténcia, entao nao existe regíao. Regíöes são espaços em que existe uma sociedade que rea/mente dirige e organiza aquele espaço. Esta conceituação tem, a nosso ver, o defeíto de considerar região uma situação que no capitalismo monopolísta de hoje é cada vez mais inexistente. gíöes tenderiam, assim, a desaparecer. Ou seja, não havería mais - -se-ia um conceito que tem a vantagem de permitir que nos localizemos nos pode ser dividida. E, sobretudo, achamos que qualquer conceito pode ser repensado. No caso, sem que se perca sua aplicabilidade universal. lei do desenvolvimento desigual e combinado proposto por Trotsky. A lei do desenvolvimento desigual e combinado expressa particularmente uma das leis da di Refere- processos que se acham relacionados e interpenetrados, apesar de serem ser considerados, tendo em v mecanismos nos quais o processo realiza- - -se de modo desigual9 -temporais, - As desigualdades que aparecem caracterizam- resulta -se com maior rapidez e profundidade: a díferenciaçáo de áreas. Acredítamos que, adotando se esta vísao, perder diferentes niveis em que a superficie da Terra O que segue é umá tentativa de inserír o conceito de regíao dentro de um quádro teórico amplo, que permita dar conta da diversidade da superficie dá Terra sob a ação humana ao Iongo do tempo. Este quadro consiste na alética, a da ínterpenetraçao dos contráríos. se ao fato de ser cada aspecto dá realídade constituido de dois diferentes e opostos. A contradíção que dai decorre é caracteristica ímanente à realídade e o elemento motor de sua transformação. Na leí que nos interessa, os dois processos são, primeiro o dá desigualdade e, depois, o da combinação. Permite que se considere ás diferenciaçöes resultantes da presença de fenômenos originados em tempos históricos diferentes coexístíndo no tempo presente. _ .e no espaço. Está lei tem uma dímensão espacial, que se verifica através do processo de regíonalízação, ou seja, de diferenciação de áreas. Doís aspectos devem istá a compreensão das conexöes entre á lei em pauta e o conceito de região que dela surge. O primeiro deles se refere à génese e à difusão do processo de regionalização, e o segundo aos se. Ambos estão interlígados. Em reláção ao primeiro aspecto, é conveniente notar que a diferenciação de áreas vincula se à história do homem, não se verificando de uma vez e para sempre. Tem uma génese encontrada nas comunidades primitivas índíferenciadas, que implicava uma semelhança do espaço enquanto resultado dá ação humana. Estás sociedades origínárias tiveram, ao Iongo do tempo e do espáço, um desenvolvimento diferenciado, isto é, os processos internos de diferenciação e á difusão dos processos de mudança deram _ Assim, o aparecímento dá divísão social do trabalho, da propríedade dá terra, dos meíos e das técnicas de produção, das classes sociais e suas lutás, tudo ¡sto se deu com enorme dístáncía em termos espaço levando á uma diferenciação intra e intergrupos. Do mesmo modo, a difusão dos processos de mudança fez se desigualmente, reforçando a diferenciação de áreás. se pela combinação de aspectos distintos dos diversos momentos dá história do homem. Isto no aparecímento de grupos também distintos ocupando especificas parcelas dá superficie da Terra, e ai imprímíndo suas próprias marcas, a paisagem, que nádá máis é que uma expressão de seus modos de vida. Uma vez iniciada a difusão do processo de regíonalízação, de diferenciação de áreas, viá contatos comercíais, migraçöes e conquistas, está assume ritmos distintos, ¡sto é, duração e intensidade que variam. Em determinados momentos e áreas, á regionalização dá diferenciação de áreas é ai mais notável. Simultáneamente, em outras áreas não ocorre este processo ou ele é extremamente lento. Tomemos um exemplo para esclarecer este ponto: a partir dá década de 30, o - daquelas que se convencionou denominar de norte velho, norte novo e norte pois os m -se em marcha. Ao mesmo apresentava-se pouco diferenciada: a diversi -se a - sociedade de -se mais complexo. concomitantemente, integr -las. - o que definem o como pelo e para o capital. A lei do desenvolvimento desigual e combinado traduz-se, assim, no mesmo te A internacional do tra -se tanto em uma paisagem como em uma se estabelecem entre as Paraná vé se sob um intenso processo de regíonalízáçao, que prossegue nas décadas subseqüentes, originando o aparecímento, entre outras regiöes, novissímo. Na década de 80, esta distinção não tem a mesma expressão que tinha, ecánismos que geraram a diferenciação regional foram alterados em suá concretude, e uma nova regionalização pöe tempo, na década de 30 e seguíntes, a vastissimá área da Amazônía brasileira ficação interna começa a se tornar sensivel a partir de 1970, quando, ímpulsíonada do exterior, verifica penetráção desigual do capital e de correntes mígratórías. Este processo de diferenciação estende se pela década de 80 e certamente prosseguírá pelos próximos decéníos. Em relaçáo ao segundo aspecto, vinculado aos mecanismos utilizados pelo processo de regionalização, vale lembrar que, na medida em que á história do homem acontece, marcada pelo desenvolvimento das forças produtívás, pela dinámica da classes e de suas lutas, o processo de regionalização torna Por complexidade entendemos o fato de o processo de regionalização retalhar áíndá mais o espaço ocupado pelo homem em numerosas regiöes e, á É no modo de produção capitalista que o processo de regionalização se acentuá, marcado pela simultaneidade dos processos de diferenciação e integração, verificada dentro da progressíva mundialização da economía a partir do século XV. Sob a égide do capital, os mecanismos de diferenciação de áreas tornam se máis nitídos, quais sejám: á) a divísão territorial do trabalho, que define será produzido aqui e ali; b) o desenvolvimento dos meíos e a combinação das relaçöes e técnicas de produção de produção originadas em momentos distintos da história, que se realizará a produção; c) a ação do Estado e da ideologia que se especializa desigualmente, garantíndo novos modos de vida e a pretensa perpetuação deles; d) a ampla articulação, através dos progressívamente mais rápidos e eficientes meíos de comunícação, entreas regiöes criadas ou transformadas processo de regionalização que diferencia não só paises entre si como, em cada um deles, suas partes componentes, originando regiöes desígualmente desenvolvídas mas articuladas. Sob o capitalismo queremos crer que a noção de combinação deve ser explícitamente referida não apenas à coexisténcía no rritório de diferentes modos de vida, mas também à articulação espacial destes terrítórios. região pode ser vista como um resultado da lei do desenvolvimento desigual e combinado, caracterizada pela sua ínserção na divísão nacional e balho e pela associação de relaçöes de produção distintas. Estes dois aspectos vão traduzír problemática, ambas especificas de cada região, problemática que tem como páno de fundo á natureza especifica dos embates que elites regionais e o capital externo à região e dos conflitos entre as diferentes classes que compöem a região. Os conflítos oriundos dos embates entre interesses internos, bem como entre interesses internos e externos, podem gerar Tendo isto em vista, pode- definida assemelha- cas no sentido vidaliano ou hartshorniano, mas particular, quadro territorial menor, onde se combinam o geral - o modo dominante de - e o particular - as um -social. -se: se o processo de lei do desenvolvimento desigual e combinado, que, neste caso, o processo de lvidos sobre a -se, no modo de pensar influenciado mecanismos? C - exercer um meio de ria, seguiu um caminho que o conduziu a u de formas diversas de controle exercido pela classe dominante, utilizam-se o - -se, uma desíntegraçao da regíao, que se exprimirá na sua paisagem. se dizer que a região é considerada uma entidade concreta, resultado de múltiplas determinaçöes, ou seja, da efetivação dos mecanismos de regionalização sobre um quadro territorial já previamente ocupado, caracterizado por uma natureza já transformada, heranças culturais e materíáís e determinada estrutura social e seus conflitos. A região assim se em vários aspectos à vidaliana, podendo em muítos os ser idéntica nos seus límites. Conceítualmente, no entanto, não é a mesma região, pois as diferenças vistas são numerosas. Ela não tem nada da preconizada harmonía, não é única ou seja, é a específícação de uma totalidade da qual faz parte através de uma articulação que é ao mesmo tempo funcional e espacial. Ou, em outras palavras, é a realízação de um processo geral, universal, em um produção, o capitalismo, elemento uniformizador determínaçöes já efetivádás, elemento de diferenciação. Neste sentido, concordamos com Duarte quando afirma que a região é uma dímensão espacial das especificidades sociais em a totalidade espaço Uma observação considerando o futuro ímpöe regíonalízaçao está em marcha, assim como a história do homem, como pensar na existéncia de regiöes sob o socialismo? Acredítamos, com base na regionalização terá seu curso, refazendo regiöes ou áreas diferenciadas. Por qué? Os recursos naturais e os socialmente produzidos, como estradas, fábricas e redes urbanas, estão desígualmente desenvo superficie da Terra, sendo dificil conceber pelas práticas capitalistas, que no socialismo a questão da escassez e da localização seletiva desses recursos tenha sido resolvída. Sob ação de que ertamente, e nos limites do nosso raciocinío, sob a ínfluéncía de uma nova divísão do trabalho, motivada por razöes técnicas. Não é mais admíssivel está região - que poderá ter até outra denominação controle sobre o homem que, na hístó uma sociedade sem classes, sem dominação. Regíao, açao e controle O conceito de região tem sido largamente empregado para fins de ação e controle. Mais precisamente, no decorrer da prática politica e econômíca de ma sociedade de classes, que por sua própria natureza implica a existéncia conceito de diferenciação de área e as subseqüentes dívísöes regionais, vísando ação e controle sobre terrítóríos militarmente conquístados ou sob a dependéncía politico administrativa e econômicá de uma classe dominante. Ao se definir uma região para fins de ação e controle, considera alternativamente: o conceito de região natural, tal como foi definido nantes. Como m uma dominante, que se localiza diferentes: de um lado, a Neste exemplo, o Estado, surgido dentro do modo de pr -nos exemplos Regia e unidades. os "olhos e ouvidos do rei"; a palavra vem do latim regia, que por sua vez deriva do verbo regere, ducados e nos condados, governados, respectivamente, por marqueses, territ aplicado. Trata- desenvolvimento. Este discurso esquece capitalismo as desigualdades regionais constituem, mais do que em outros proporcionou um rela Um exemplo famoso encontra-se na bacia do rio Tennessee, onde atuou o TVA (Tennessee Valley Authority), um organismo federal que visava a norte- bastante conhecido. Aqui, trata- sobretudo por anteriormente; o de regíao geográfica nos termos propostos, entre outros, por Vidal de la Blache; e uma área vista por um aspecto ao qual se atríbuí relevância, como uma determinada produção, um suposto problema social, a gravítação em torno de uma cidade dotada de funçöes regionais, ou pertinente á uma mesma bacia hidrográfica. Pode ainda, ná realídade, abranger uma combinação das alternativas mencionadas. Assim, as diferentes conceítuaçöes de região estão presentes ná prática territorial das classes domí os demais conceitos geográficos, o conceito de região não está desvinculado de uma ação que é a um tempo social e espacial. A ação e controle sobre uma determinada área quer garantir, em última análise, á reprodução da sociedade de classes, co fora ou no interior da área submetida á divísão regional ou, como se refere a literatura, à regionalização. Esta distinção parte da aceitação explicita ou implícita da diferenciação de áreas ao Iongo da história. A sua ratificação ou retifícação se dá a cada momento, conforme os interesses e os conflitos dominantes de cada época. São eles que, por outro lado, Ievam as unidades terrítoríais de ação e controle, as regiöes, a serem organizadas de modos partir de um governo de nivel hierárquico inferior ao do núcleo de domináção; de outro, de um mais ou menos complexo sistema de planejamento especializado. Ambos cumpríndo o papel de ação e controle. odução dominante, é o agente da regionalização. A Antigüidade fornece da criação de regiöes em um contexto de conquista territorial. Tanto o império romano como o persa, estavam divididos em regiöes ou unidades terrítoríais de ação e controle. satrápia são denomínaçöes que desígnam essas As satrápías do império persa eram governadas pelos sátrapas, região ¡sto é, governar, reinar. No feudalismo, a regionalização, vista como forma de ação e controle, tínha sua expressão nas marcas, nos duques e condes. No capitalismo, as regiöes de planejamento são unidades oríais através das quais um discurso da recuperação e desenvolvimento é se, na verdade, do emprego, em um dado território, de uma ideologia que tenta restábelecer o equilibrio rompído com o processo de , ou a ele não interessa ver, que no modos de produção, um elemento fundamental de organização social. Em muítos casos, a ação decorrente do planejamento regional tivo progresso e uma maior integração da região ao modo de produção capitalista, quer dizer, a região sob ínter\/enção planejadora passa á fícar sob maior controle do capital e de seus proprietários. recuperaçao daquela área social e economicamente deprimida do território americano. Inspirou outros que se apoíáram ná concepção da bacia hidrográfica como região de planejamento: o caso da Comíssão do Vale do São Francisco no nordeste brasileiro é exemplar. O da Sudene (Superintendéncía do Desenvolvimento do Nordeste) é outro exemplo de região de planejamento se de um território definido --administrativos, os quais encerram problemas sociais e faz- -se a irradiador do desenvolvimento: ali se progresso - - e regional (Town Planning Act), sugeriu- ias com base desenvolvimentoregio juntos de modelos e que teve este conceito fosse concomitante ao estado de autoritarismo que caracterizou a vida brasileira e ao relativamente forte poder da tecnocracia em detrimento do Congresso. A pouca as das classes dominantes regionais e do capital externo) e a retomada da vida limites politico econômicos comuns. Já no caso da Amazônía, a ação da SPVEA (Superintendéncía do Plano de Valorizáção Econômica da Amazônía), antecessora da Sudam (Superintendéncía do Desenvolvimento da Amazônía), se terrítorialmente em uma região natural. Contudo, é notórío que no sistema de planejamento desenvolveu concepção de existéncia da cidade, sobretudo do centro metropolitano, o foco concentravam as forças motrízes do a indústria e as elites, além dos necessáríos serviços de apoío. Logo após a l.a Guerra Mundial, na Inglaterra, na área de planejamento urbano se a revisão das provinc na ínfluéncía das grandes cídades: Bristol, Birmingham, Leeds, Manchester etc. A concepção em pauta iria ganhár maior expressão a partir da década de 50, quando o capitalismo entra em nova fase de expansão e as teorías de nal são criadas. É o caso dos pólos de desenvolvimento de François Perroux, do crescimento polarizado de Iohn Friedmann, além da teoría das localidades centrais de Walter Chrístaller, que, na verdade, é retomada. Ao mesmo tempo, são revístos ou criados con noçöes associados: da regra ordem e tamanho de cídades, dos centros dinamizadores, das cídades de porte médio e da difusão de inovaçöes. A região de planejamento, isto é, um território de ação e controle, tem seu apogeu nas décadas de 60 e 70. Este é o caso brasileiro: entre 1964 e 1977/78, sobretudo, numerosos estudos almejando a defínição de regiöes de planejamento foram realizados, seja a nivel federal e macrorregional, seja a nivel estádual. É muito significativo que a força aparente eficiéncia das regíoes de planejamento enquanto vía de redençao para condiçöes de vida da maíoría da população ali residente (afinal de contas, elas eram sobretudo um discurso ideológico que servía para encobrir os interesses democrática, com maior partícípação de vários segmentos da sociedade, gerárám um esvaziamento da sua própria aplicabílídade. A história dirá até quando a região de planejamento capitalista será um meío de se exercer ação e controle sobre a maíoría da população. 4 O Blache, Hartshorne, na nova paisagem, a r pelo menos no que diz respeito ao seu objeto. ntre sociedade. numerosos componentes da so modo, que se fala de uma totalidade social, cuja complexidade abarca as - al concreta, capaz de analisar detalhadamente todos os seus elementos, bem como as verifica- o, no -se separada das objeto comum, a sociedade, outra coisa qualquer. a geografia e a sociologia estudam-na objetivado, que as distingue entre si. - sociais? -se za primitiva em campos, cidades, shopping centers etc. espacialmen sociedade pela geografia faz- enquanto am- geografia representa um modo particular de se estudar a sociedade. Ma rganízáção espacial Na discussão sobre a natureza da geografia, a questão mais central, persistente e polémica é a de seu objeto. Está presente em Ratzel, Vidal de la geografia e na geografia critica. O objeto é a egião, o espaço? Ou será outra coisa? Acredítamos que para se responder a esta pergunta há que se discutir antes o que é uma ciéncia social, A história, a antropologia, a economia, a geografia e a sociología, e outras cíéncías sociais, estudam a Esta é muito complexa, multífacetada, sendo constituida por elementos como as classes sociais, as artes, a cidade, o campo, o Estado, os partidos politicos, as religiöes etc. Os ciedade estão articulados, imbricados de tal contradiçöes internas e o movímento de transformação. Assim, torna se dificil a compreensão dá sociedade a partir de uma única ciéncia soci suas possiveis artículaçöes. Dada a dífículdade de se estudar a totalidade social em sua abrangéncia, se uma divísão do saber, originando diferentes ramos. É precís entanto, deíxar claro que não estamos falando de uma compartímentação posítívista, onde cada ciéncia tem seu próprio objeto, achando outras. No caso, as ramificaçöes tém um ánalísáda á luz de uma mesma teoria, fundamentada no materialismo histórico. O objeto da geografia é a sociedade, e não a paisagem, a região, o espaço ou A análise da sociedade, no entanto, é feita a partir de diversos ángulos. A história, a antropología, a economía, nesta perspectiva: o mesmo objeto é estudado, ou seja, diferentemente. É esta objetivação Como a geografia objetiva o estudo da sociedade? Ou seja, qual é a objetívaçao da geografía que, sem deíxar de ser uma ciéncia social, distingue se da história, antropología, economia e sociología, todas elas também cíéncías O Iongo processo de organização e reorganização da sociedade deu concomitantemente à transformação da nature estradas de ferro, minas, voçorocas, parques nacionaís, Estas obras do homem são as suas marcas apresentando um determinado padrão de localização que é próprio a cada sociedade. Organízadas te, constítuem o espaço do homem, a organização espacial da sociedade ou, simplesmente, o espaço geográfico. A objetivação do estudo da se através de sua organização espacial, as outras cíéncías sociais concretas estud na através de outras objetivaçöes. Resumindo, o objeto da geografia é, portanto, á sociedade, e a geografía viabiliza o seu estudo pela sua organização espacial. Em outras palavras, a s a organização espacial configura apenas uma objetívação, o modo geográfico de se ver a totalidade social? É ¡sto mas, ao mesmo tempo, materialidade social. C sociedade espacializada. conceito-chave para a geografia e a sociedade. Estamos, evidentemente, longe Estad -se. A partir das necessidades do homem em termos de fome, sede e frio, verifica- reparti- destas, com a natureza. extrativismo, passando em seguida por um progressivo processo de ferramentas. Fala-se, assim, da natureza primitiva transformada em segunda natureza, Os campos cultivados, os caminhos, os moinhos e as casas, entre organizado transformada pelo trabalho social. possui, socialmente produzido ou, simplesment a outra constitui, a nosso ver, falsas assertivas, de natureza formal e expressá um fenômeno da sociedade. Neste sentido, a organizaçao espacial é também um objeto, uma omo materíalídade, a organização espacial é uma dímensão da totalidade social construida pelo homem ao fazer a sua própria história. Ela é, no processo de transformação da sociedade, modificada ou congelada e, por sua vez, também modifica e congela. A organização espacial é a própria A organização espacial, enquanto objetivação e materíalidade social, só muito recentemente tem merecido uma atenção explicita, a nivel teórico, por parte dos geógrafos. A nossa intenção é resgatar o que é importante neste de esgotar o assunto. Consideraremos, em termos de organização espacial, os seguíntes tópicos: uma proposição conceitual; suas Iígaçöes com o capital e o o; vista como reflexo social; sua condíção para o futuro; estrutura, processo, função e forma, ou seja, suas categorias de análise e suas relaçöes com os movimentos sociais urbanos. Estes temas não são mutuamente excludentes. Ao contrário, complementam Organízação espacial e percepçao, organizaçao e comportamento espacial, espaço, sentímento e simbolismo não serão abordados no presente trabalho. Organízação espacial: uma conceituação se uma açao de intervençao na natureza. De caráter social, envolvendo um trabalho organizado coletívamente, implica uma certa divísão do trabalho e a defínição do qué, quanto e como será a produção. E ainda de que jeito Ia. Surgem então relaçöes sociais que tém sua esséncíá na produção. É no trabalho social que os homens estabelecem relaçöes entre si e, a partir A inter\/enção na natureza foi, em um primeiro momento, marcada pelo transformação, incorporando a natureza
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