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Biossegurança e Primeiros Socorros Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dr.ª Solange de Fátima Azevedo Dias Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Revisão Técnica: Prof.ª Esp. Fernanda Teixeira Borges Biossegurança II • Introdução; • Gestão da Qualidade e Biossegurança; • Meios de Evitar os Riscos Biológicos; • Acidentes de Trabalho; • Atribuições aos Geradores de Resíduos do Serviço de Saúde. • Conhecer e analisar os riscos para a saúde humana e saiba elaborar um Mapeamento de Risco. OBJETIVO DE APRENDIZADO Biossegurança II Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Biossegurança II Introdução A Área da Saúde está intimamente ligada à Vigilância Sanitária (VS), que define ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e da circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde” (Lei Orgânica da Saúde – Lei 8.080 de 19/09/1990, Art. 6º, Inciso I). Essas ações incluem a garantia de qualidade de produtos, procedimentos e serviços prestados aos seres vivos. As ações desenvolvidas pela Vigilância Sanitária são de caráter educativo (pre- ventivo), normativo (regulamentador), fiscalizador e, em última instância, punitivo. A Vigilância Sanitária tem atuação no nível federal, nos estados e nos municípios, e tem as seguintes ações/fiscalização: I. Proteger o ambiente e defender o desenvolvimento sustentável; II. Saneamento básico nas residências de qualquer tipo de construção; III. Cuidar da qualidade de alimentos, água e bebidas para consumo humano; IV. Medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde; V. Ambiente e processos de trabalho e saúde do trabalhador; VI. Serviços de Assistência à Saúde, como SUS (Sistema Único de Saúde); VII. Produção, transporte, guarda e utilização de outros bens, substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radiativos; VIII. Sangue e hemoderivados; IX. Radiações de qualquer natureza; X. Portos, aeroportos e fronteiras (BRASIL, 216, p. 42). Na área da saúde a VS, tem atuação (alimentos, cosméticos, medicamentos, sa- neantes domissanitários e produtos correlatos), certificando se estes estão próprios para os seres vivos, desta forma os laboratórios de Análises Clínicas, as Clínicas Estéticas (CE) e Salões de Beleza (SB) estão vinculados diretamente ao órgão. Gestão da Qualidade e Biossegurança A importância da Biossegurança advém da 1ª Guerra Mundial, e o homem tem estudado muito o assunto para evitar risco de saúde à vida humana. No Brasil, desde 1995, a Biossegurança é regulamentada pela Comissão Téc- nica Nacional de Biossegurança (CTNBio), com o objetivo de definir ações que 8 9 visem à exterminação ou à minimização dos riscos que os indivíduos e também os profissionais de saúde correm durante procedimentos clínicos. Os riscos podem ser como mostra o Quadro 1. Quadro 1 – Tipos de riscos Grupo Riscos Cor de Identifi cação Descrição 1 Físicos Verde Ruído, calor, frio, pressões, umidade, radiações ionizantes e não ionizantes, vibrações, etc. 2 Químicos Vermelho Poeiras, fumos, gases, vapores, névoas, neblinas, etc. 3 Biológicos Marrom Fungos, vírus, parasitas, bactérias, protozoários, insetos, etc. 4 Ergonômicos Amarelo Levantamento e transporte manual de peso, monotonia, repetitividade, responsabilidade, ritmo excessivo, posturas inadequadas de trabalho, trabalho em turnos, etc. 5 Acidentais Azul Arranjo físico inadequado, iluminação inadequada, incêndio e explosão, eletricidade, máquinas e equipamentos sem proteção, quedas e animais peçonhentos. Fonte: https://goo.gl/cxtgsA Como demonstrado no Quadro 1, existem inúmeros riscos à saúde humana, mas vamos nos ater, neste momento, aos riscos em Clínicas de Estética. A Lei 12.592/12 reconheceu, em âmbito nacional, o exercício das atividades de esteticista; no entanto, não especifica as atividades a serem exercidas. Dessa forma, vamos considerar que o profissional Esteticista exerça as seguintes atividades da Tabela 1, para classificar os riscos para esta categoria. Tabela 1 – Atividades desenvolvidas x riscos Categoria/Atividade Risco Ilustração Análise da pele Biológico Figura 1 Fonte: iStock/Getty Images Auxílio o médico dermatologista e cirurgião plástico nos tratamentos pós procedimentos dermatológicos Biológico - Auxílio os setores de dermatologia em ambulatórios hospitalares dos centros de tratamento de queimaduras Biológico - 9 UNIDADE Biossegurança II Categoria/Atividade Risco Ilustração Bandagens - Figura 2 Fonte: iStock/Getty Images Banhos aromáticos e descoloração de pelos - Figura 3 Fonte: iStock/Getty Images Depilação eletrônica Físico (radiação não ionizante) - Drenagem linfática corporal Ergonômico (esforço de mãos e braços de forma contínua) Figura 4 Fonte: iStock/Getty Images Eletroterapia facial - Figura 5 Fonte: iStock/Getty Images Eletroterapia geral para fins estético - - 10 11 Categoria/Atividade Risco Ilustração Esfoliação corporal Ergonômica Figura 6 Fonte: iStock/Getty Images Limpeza de pele profunda Biológico - Massagem mecânica Ergonômico Figura 7 Fonte: iStock/Getty Images Massagens cosméticas Ergonômico - Massagens cosméticas Ergonômico - Massagens relaxantes e aplicação da cosmetologia apropriada Ergonômico - Procedimentos pré e pós cirúrgicos como drenagem linfática Ergonômico - Tratamento de acne simples com técnicas cosméticas - - Tratamento de manchas superficiais de pele - - Vacuoterapia - Figura 8 Fonte: iStock/Getty Images Fonte: A própria autora, baseada em Audiência Pública, defende aprovação de Projeto que regulamenta categoria de esteticistas (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo). Disponível em: https://goo.gl/kW9M2S 11 UNIDADE Biossegurança II A Tabela 1 indica os riscos para o profissional de estética ao exercer suas ativi- dades principais. Os riscos biológicos e ergonômicos são os mais frequentes, por- tanto, iremos estudá-los. Riscos Biológicos Os riscos biológicos são: vírus, bactérias, parasitas, protozoários, fungos e baci- los, e são classificados em: • Classe 1: Agentes que nãoapresentam riscos para o manipulador, nem para o cliente (por exemplo: E. coli, B. subtilis); • Classes 2: Apresentam risco moderado para o manipulador e fraco para o clien- te, e há sempre um tratamento preventivo (por exemplo: bactérias – Clostridium tetani, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus; vírus – EBV, herpes; fun- gos – Candida albicans; parasitas – Plasmoium, Schistosoma); • Classe 3: São os agentes que apresentam risco grave para o manipulador e mode- rado para o cliente, sendo que as lesões ou os sinais clínicos são graves e nem sem- pre há tratamento (por exemplo: bactérias – Bacillus anthracis, Brucella, Chlamy diapsittaci, Mycobacterium tuberculosis; vírus – Hepatites B e C, HTLV 1 e 2, HIV, febre amarela, dengue; fungos – Blastomyces dermatiolis, Histoplasma; pa- rasitos – Echinococcus, Leishmania, Toxoplasma gondii, Trypanosoma cruzi); • Classe 4: Risco grave para o manipulador e para o cliente, não existe trata- mento e os riscos em caso de propagação são bastante graves (por exemplo: vírus de febres hemorrágicas) ( NR-32, p. 748-757). Riscos Ergonômicos A Ergonomia é o estudo das relações entre o homem e seu ambiente de traba- lho, em que os recursos e as técnicas da Engenharia devem ser usados para ajustar as partes biológicas humanas e as atividades que ela desenvolve. Os riscos ergonômicos podem afetar partes físicas e psicológicas do profissional, causando doenças e desconforto. São eles: esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, traba- lhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitivi- dade e imposição de rotina intensa (NR-17, 2017, p. 372-84). Os riscos ergonômicos são: LER/DORT, cansaço físico, dores musculares, hipertensão arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna, etc. LER/DORT: LER, significa lesões por esforços repetitivos e DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. 12 13 Estudaremos apenas os riscos ergonômicos que acometem os esteticistas, pois eles precisam tomar alguns cuidados em relação à postura, aos movimentos repe- titivos, à altura das macas, aos equipamentos e aos acessórios, tornar o ambiente de trabalho saudável, sem ruído, com luz na medida certa (nem muito claro, nem escuro), limpo, ventilado e agradável. Como evitar LER/DORT: • Temperatura ambiente: a temperatura de conforto: no verão, deverá variar de 23°C a 26°C e, no inverno, entre 20 e 22ºC; • Postura estática durante atividade de categorias (Tabela 1) 12 a 17: o profis- sional deve ter uma maca com regulagem que varia entre 50cm e 85 cm de altura e deve proporcionar ao profissional postura correta e que lhe seja confortável. Veja no link a seguir, demonstra quais as possibilidades de desenvolver atividades laborais que limitam os problemas e postura: https://goo.gl/H3gdjW. • Estresse: o excesso de trabalho e algum tipo de tensão muscular pode leva o profissional esteticista a tencionar tendões e músculos das mãos, braços, pernas e coluna, durante a atividade desenvolvida. Procure fazer sessões de relaxamento e alongamentos nos intervalos de atendimento a clientes. Assim como todos os trabalhadores, as esteticistas também deveriam realizar exer- cícios de preparação para o trabalho, como relaxamento e alongamento dos grupos musculares das mãos, braços e pescoço. Esses alongamentos deveriam ser realizados no mínimo duas vezes ao dia, o que ajudaria muito no desenvolvimento do trabalho e na prevenção de lesões por esforços repetitivos e por tensão dos músculos. Meios de Evitar os Riscos Biológicos Em uma Clínica Estética é muito importante implantar um Plano de Gestão da Qualidade e Biossegurança. Nesse plano, será necessário que a CE indique um gestor para implantar o PGQB. Essa pessoa deve ter perfil conciliador, habilidade para re- lacionar conceitos científicos x competência técnica x prática, para lidar com o time. Ações 1. Elaborar um cronograma de reuniões do time (deve ser composto por to- dos os funcionários da CE, desde o pessoal de limpeza, até o proprietário), levantando os problemas que cada um dos participantes aponte; levanta- mento de soluções, objetivos e metas. 13 UNIDADE Biossegurança II Quadro 2 – Cronograma MESES MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO Dia 19 e 26 9 e 16 28 11 9 Horário 10 h 10 h 14 h 10 h 15 h Objetivos Implantação do PGQB. Avaliação das ações do mês do mês de março. Levantamento das alterações para melhorias do trabalho. Fechamento do semestre. Verificação dos problemas e soluções. Planejamento para o 2º semestre. Metas Melhoria na qualidade dos serviços. Alinhamento de metas. Redução de lixo. Redução de consumo de água. Comparar os dados de dezembro, janeiro e fevereiro, quanto aos objetivos e metas previstas. Manter as metas no 2º semestre e prever aumento de carteira de clientes e lucro. Fonte: Elaborado pela própria autora 2. Elaborar o Quadro 3, com envolvidos, responsabilidade de cada um e correções. Quadro 3 – Envolvidos, responsabilidade de cada um e correções Estratégias para a implantação do plano Responsabilidade Execução Prazo Levantamento de prioridades · Esteticista Todos Dia 29 de março Levantamento de gasto de materiais: um membro de cada Setor · Esteticista · Limpeza Todos Dia 29 de março Levantamento de materiais sem condições de uso · Esteticista · Limpeza 1 de cada Setor Dia 29 de março Redução de quantidade de lixo (meta: 10 %) · Esteticista · Limpeza Todos Dia 30 de abril (resultados em nº de embalagens plásticas de lixo) Fonte: Elaborado pela própria autora 3. Elaborar o Quadro 4 – Cronograma de Cursos de Aperfeiçoamento/Reci- clagem, com envolvidos, responsabilidade de cada um e avaliação. Quadro 4 – Cronograma de Cursos de Aperfeiçoamento/Reciclagem Curso/Orientação Data Tema/Assunto Responsável Participantes Como separar os diferentes tipos de lixo/resíduo 16/03 14 h Aprender a separar os diferentes tipos e os cuidados com o lixo biológico e perfurocortante Profissional de Segurança de Trabalho (parceria com a Escola Técnica X) Todos Como higienizar as mãos 16/0316 h Como se proteger de riscos biológicos e químicos com produtos de beleza e de limpeza Técnico em Segurança do Trabalho Todos Como trabalhar sem correr risco ergonômicos 02/04 20 h A altura das macas e posicionamento do esteticista. Como transportar lixo/resíduo. Como limpar os ambientes da CE. Fisioterapeuta da Faculdade Y Esteticistas e pessoal de limpeza Como trabalhar sem correr risco biológico 30/04 19 h Como manusear agulhas, seringas, pinças, tesoura, alicate e afins. Técnica em Enfermagem da Escola Técnica Z Todos Como utilizar corretamente os EPIs e o que prevê a Legislação 30/04 21 h Os riscos para a saúde do profissional e para o cliente Bombeiro do 3º Batalhão de São Paulo Todos Fonte: Elaborado pela própria autora 14 15 Toda área de Saúde é muito complexa e cada uma tem suas particularidades, por isso, são necessárias adequações, correções e avaliações. O que deve estar sempre em mente, por todos os envolvidos, inclusive, clientes, é a necessidade de trabalhar como se fosse um time. Este time tem como objetivo: vencer os obstáculos a fim de prestar serviço de qualidade e com segurança. Existem inúmeros modelos de Plano de Gestão da Qua- lidade e Biossegurança (PGQB), o importante é que o líder do time tenha consciência crítica, saiba ouvir, tomar decisões, saiba agir e realizar autoavaliações. Dessa forma, o PGQB terá sucesso, haverá a ligação científica tecnológica, mesclada à prática de trabalho com a segurança. Ver a NR-24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho. A Resolução da ANVISA nº 79/2000 estabelece a definição e a classificação de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes e outros com abrangência nesse contexto, para teracesso a todas as instruções cabíveis ao setor. Acidentes de Trabalho O brasileiro adora cuidar da pele, do corpo e da cabeça; com isso, cresce numa velocidade espantosa o número de Salões de Beleza e Clínicas estéticas. No entanto, nem sempre os profissionais estão habilitados e têm competência técnica para as diferentes atividades que o Mercado lança. Assim, crescem também os problemas por falta de higiene, material contami- nado, inexperiência, falta de conhecimento da técnica e do equipamento, além de utilização de produtos químicos sem os devidos cuidados. Os maiores problemas que ocorrem em CE, são: • Queimaduras: » Por excesso de Raios Ultravioletas (UV), assim como o perigo das câmaras de bronzeamento artificial e das lâmpadas artificiais; » Queimaduras por temperatura elevada de ceras para depilação; » Queimadura química, com produtos de limpeza de pele, com erros de con- centração de reagentes e tempo de aplicação; » O peeling químico pode causar desde vermelhidões até queimaduras graves, chegando a cicatrizes; • Irritações: » Pele, olhos e axilas; 15 UNIDADE Biossegurança II • Traumas e lesões musculares: » Excesso de força em tratamento como massagens levam à piora do paciente; • Aparelhos desregulados ou com defeito: » A falta de manutenção e treinamento do profissional pode levar a ocorrên- cias múltiplas para o cliente e também para os funcionários. Os laboratórios de Análises Clínicas (LAC) oferecem vários riscos ao profissional biomédico. Segundo publicações na área, o acidente com material biológico mais comum no LAC é a contaminação percutânea com material biológico contamina- do, devido ao descarte inadequado de material perfurocortante (seringas, agulhas). Uma causa frequente de acidentes com material biológico é o ato de reencapar agulhas com as duas mãos. De acordo com o Quadro 1, mostrado anteriormente, os principais riscos encon- trados no LAC são: • Riscos ergonômicos: LER/DORT, má postura no transporte de peso, estres- se podem causar danos ao trabalhador, assim mapear essas ameaças pode evitar problemas e dificuldades para o profissional. • Riscos físicos: variações intensas de temperaturas (elevadas ou muito baixas), pres- sões anormais e materiais escorregadios no piso são exemplos de riscos físicos. • Riscos químicos: reagentes (ácidos ou bases concentradas), substâncias radio- ativas são exemplos de riscos químicos. • Riscos biológicos: estes são os riscos mais presentes no LAC, principalmente devido a manipulação de amostras contaminadas de pacientes ou durante o procedimento de coleta. • Riscos de acidentes: incêndios, problemas na manipulação de máquinas, cortes com material perfurocortante, armazenagem inadequada de produtos, entre outros fatores. A Anvisa e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolveram pa- drões e normas de condutas para garantir a segurança do trabalhador no LAC, são elas: A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) Nº 302, de 13 de outubro de 2005 que define requisitos para o funcionamento dos laboratórios clínicos e postos de coleta laboratorial. Esta resolução estabelece a necessidade de um manual de biossegurança para treinar e capacitar a equipe de trabalho, além da descrição dos procedimentos la- boratoriais, por meio dos POP ou Procedimentos Operacionais Padrão, que têm o objetivo de padronizar as condutas do dia a dia, a fim de minimizar a ocorrência de erros. Por meio do manual de biossegurança, os funcionários devem ser informados sobre normas e condutas de segurança biológica, química, física, ocupacional e ambiental; instruções para uso dos equipamentos de proteção individual (EPI) e de 16 17 proteção coletiva (EPC); procedimentos em caso de acidentes; transporte e manu- seio de materiais e amostra biológica. A NBR 14785, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), estabelece as especificações para a segurança no laboratório clínico. Determina que o pessoal que trabalha no laboratório clínico deve estar treinado para interromper quaisquer atividades que ofereçam risco imediato; deve identificar e notificar qualquer problema de segurança; iniciar, recomendar ou providenciar ações corretivas para situações de risco; participar e acompanhar a implementação das ações corretivas. Para implementar a NBR 14785, os laboratórios clínicos devem investir em trei- namento contínuo. Além disso, o ambiente de trabalho deve ser projetado de modo a prevenir riscos de todos os tipos. O Ministério da Saúde determina que os trabalhadores de laboratórios clínicos utilizem equipamentos de proteção individual (EPI) e coletivos (EPC), a fim de mi- nimizar os acidentes de trabalho. Estes equipamentos visam proteger o profissional contra agentes infecciosos, materiais perfurocortantes, etc. O laboratório deve for- necer e cobrar o uso dos equipamentos de proteção pelos funcionários. Importante! • Equipamentos de Proteção Individual: são touca, óculos, máscaras, protetores auri- culares, respirador, jalecos, luvas descartáveis, calças, botas etc. • Equipamentos de Proteção Coletiva: são materiais fixos ou móveis instalados no local de trabalho, servem para a proteção de toda a equipe de trabalho. São exemplos de EPC no laboratório clínico Cabines de Segurança Biológica (CSB), kit de primeiros socorros, kit de desinfecção para acidentes com materiais biológicos, corrimão, piso antiderrapante, etc. Você Sabia? Medidas que podem prevenir acidentes no LAC incluem: 1. Treinamento dos trabalhadores para o uso de equipamentos; 2. Capacitação dos profi ssionais para atuação em casos de emergências; 3. A mobília do laboratório deve ser de superfície rígida para facilitar a limpeza; 4. Instalação de pisos antiderrapantes; 5. Estabelecer POP para todos os procedimentos do LAC; 6. Garantir que os trabalhadores do LAC usem os EPIs (luvas descartáveis, jaleco, etc.); 7. Realizar o manejo adequado dos resíduos (reagentes, fl uidos infectantes, materiais contaminados); 8. Mapeamento dos riscos, confecção de um mapa de risco; 17 UNIDADE Biossegurança II 9. Sinalização das áreas do laboratório e difusão dos símbolos; 10. Desenvolver um manual de boas práticas no LAC, de acordo com as es- pecificidades do local de trabalho. Análise de Riscos O mesmo time que faz parte da Implantação de Gerenciamento de Qualidade pode, também, elaborar um mapa de riscos da Clínica. A seguir, a Tabela 2 ilustra um Mapa de Riscos e as respectivas cores que a ANVISA exige. Esse mapa deve ser afixado em local visível e em todos os ambientes da Clínica. Ele serve para alertar, relembrar e corrigir algumas posturas e procedimentos. As cores são os padrões para indicar o tipo de risco. O diâmetro da esfera indica em ordem crescente a gravidade do risco, ou seja, quanto maior o diâmetro da esfera, maior será o risco. Esse mapa ou a adequação dele em CE deve ser afixado em todos os ambientes físicos da Clínica, cada mapa com suas peculiaridade e indicações, até mesmo na área de armazenamento de descarte. Tabela 2 – Mapa de Risco Simbologia das Cores No mapa de risco, os riscos são representados e indicados por círculos coloridos de três tamanhos diferentes, a saber. Risco Químico Leve Risco Acidentais Leve Risco Químico Médio Risco Acidentais Médio Risco Químico Elevado Risco Acidentais Elevado Risco Biológico Leve Risco Ergonômico Leve Risco Físico Leve Risco Biológico Médio Risco Ergonômico Médio Risco Físico Médio Risco Biológico Elevado Risco Ergonômico Elevado Risco Físico Elevado Fonte: https://goo.gl/p1icKG Etapas de Elaboração do Mapeamento de Risco Após o levantamento de todos os riscos de todos os espaços físicos da CE, ela- borase o mapeamento de risco, utilizando as cores correspondentes dos riscos e afixado nos ambientes, como mostra a Tabela 3. 18 19 Tabela 3 – Mapeamento de risco Recepção Sala de drenagem linfática Risco ergonômico médio Sala de limpeza de pele profunda Risco biológico elevado Riscoergonômico leve Sala de massagem Risco ergonômico médio Cozinha Risco biológico médio Sala de reuniões Risco biológico médio Sala de descarte Risco biológico elevado Risco ergonômico elevado Garagem Garagem Garagem Garagem Garagem Garagem Fonte: Elaborado pela própria autora Tabela 4 – Mapeamento de risco no LAC Bioquímica, Hematologia, Imunologia Expurgo Triagem Sanitários Parasitologia Microbiologia Urinálise Coordenação Salas de Coleta DML Recepção Risco Físico Risco Químico Risco Biológico Risco Ergonômico Risco Acidental Leve Leve Leve Leve Leve Moderado Moderado Moderado Moderado Moderado Grave Grave Grave Grave Grave Fonte. Elaborado pela autora 19 UNIDADE Biossegurança II Mapa de risco no LAC Os Mapas de Risco são elaborados pela Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA). No Quadro 5 estão as principais áreas de um LAC. Os princi- pais riscos e suas classificações, enquanto a Tabela 4 contém um mapa de risco deste LAC. Quadro 5 – Principais áreas de um laboratório de Análises Clínicas, principais riscos e suas classificações Área Risco Classificação de Risco Sala de Coleta Material Biológico Material Perfurocortante Postura Inadequada Biológico Grave Acidental Moderado Ergonômico Leve Sanitários Estrutura InadequadaDejetos Risco físico leve Risco biológico moderado Coordenação Estresse, repetitividade Risco ergonômico grave Recepção Postura inadequada Risco ergonômico moderado Triagem Material Perfurocortante Material Biológico Postura Inadequada Risco de acidentes moderado Risco biológico grave Risco ergonômico grave Microbiologia e Urinálise Material Biológico Repetitividade Gás Carbônico (CO2) Risco biológico grave Risco ergonômico moderado Risco acidental moderado Risco físico grave Imunologia, Bioquímica, Hematologia e Parasitologia Material Biológico Postura Inadequada e repetitividade Produtos Químicos Risco biológico moderado Risco ergonômico moderado Risco acidental moderado Risco químico leve Sala de Expurgo Material Biológico Material Perfurocortante Produtos Químicos Postura inadequada e repetitividade Risco biológico grave Risco ergonômico moderado Risco químico grave Risco acidental grave Depósito de materiais de limpeza (DML) Produtos químicos Excesso de peso e repetitividade Material biológico Material perfurocortante Risco químico grave Risco ergonômico grave Risco biológico grave Risco acidental grave Fonte. Hokerberg YHM, dos Santos MAB, Passos SRL, Cotias PMT, Alves L, Mattos UAO. O processo de construção de mapas de risco em um hospital público. Ciência & Saúde Coletiva, 11(2):503-513, 2006, com adaptações Atribuições aos Geradores de Resíduos do Serviço de Saúde Os resíduos das CE e laboratórios de análises clínicas devem ser gerenciados dentro de um espaço físico definido. A importância da equipe de limpeza fazer par- te de reuniões, capacitações e orientação no Plano de Gerenciamento de Qualidade se justifica perfeitamente, dada à responsabilidade contínua do gerenciamento e destino final dos resíduos da CE e dos LAC. 20 21 A relevância do trabalho de conscientização desses profissionais é importantís- sima. São eles que, conjuntamente com os demais funcionários, farão o time jogar com o mesmo objetivo: vencer os riscos das atividades exercidas nos estabelecimen- tos da área de saúde, para que sejam minimizados, reduzidos e aniquilados. Se todos se conscientizarem da importância de gerenciar corretamente os resí- duos, a Saúde de todos os profissionais e dos clientes estará protegida. A responsabilidade do descarte desse tipo de resíduo se encerra nos estabeleci- mentos da área de saúde, no espaço reservado a isso. A partir da coleta, esse tipo de resíduo fica nas mãos das autoridades municipais de coleta de lixo especial. 21 UNIDADE Biossegurança II Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Leitura Biossegurança e Saúde Pública ANVISA. Biossegurança e Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 6., dez. 2005. https://goo.gl/bDyk9c Salões de beleza e similares ANVISA. Salões de beleza e similares. São Paulo: Agência Nacional de Vigilância Sanitária. https://goo.gl/rEHfmM O RISCO oculto no segmento de estética e beleza: uma avaliação do conhecimento dos profissionais e das práticas de biossegurança nos salões de beleza https://goo.gl/aQRT12 CONSELHO Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução nº 5 de 5/8/1993 CONSELHO Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução nº 5 de 5/8/1993. Dispõe sobre o plano de gerenciamento, tratamento e destinação final de resíduos sólidos de serviços de saúde, portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários. https://goo.gl/UtcLjj 22 23 Referências AS CLÍNICAS de estética e os perigos que elas trazem. 7 out. 2008. Disponível em: <http://www.baixinho.net/as-clinicas-de-estetica-eos-perigos-queelas-trazem/>. Acesso em: 19 mar. 2018. BIOSSEGURANÇA. Comissão de Biossegurança da Fundação Oswaldo Cruz, 2003. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego (MET). Equipamentos de proteção individual (EPI). Norma regulamentadora 6 – NR 6. Saraiva, 2016. COSTA, M. A. F. Segurança química em Biotecnologia: uma abordagem crítica. In: TEIXEIRA, P.; VALLE, S. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1996. MINISTÉRIO da Saúde. Manual de controle de infecção hospitalar. 2.ed. Brasília: Centro de Documentação do Ministério da Saúde, 1986. MINISTÉRIO do Trabalho e Emprego (BR). Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho. Legislação de segurança e saúde no trabalho. Brasília: MTE, 1999. ODA, Leila, Ávila, Suzana. et al. Biossegurança em Laboratórios de Saúde Pública. Brasília: Ministério da Saúde, 1998. PRADO-PALOS, Marinésia A; CANINI, Silvia R. M. S; Gir, ELUCIR; Melo, Lílian L; MATA, Daniela H; SANTANA, Raide M. T; SOUZA, Lorena R; SOUZA, Adenícia C. S. Acidentes com material biológico ocorridos com profissionais de laboratórios de análises clínicas. DST j. bras. doenças sex. transm; 18(4): 231-234, 2006. REV. 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