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Historiografia_20183_HIS_SEC

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HISTÓRIA
HISTORIOGRAFIA
 Prof. Dr. Wagner Montanhini
http://unar.info/ead
HISTORIOGRAFIA 
Prof. Dr. Wagner Montanhini 
 
Apresentação da Disciplina 
Caro amigo (a), tudo bem!!! 
Gostaria de desejar-lhe boas vindas à disciplina de Historiografia. Vamos procurar 
dar aos nossos estudos toda dinâmica e interatividade necessárias ao bom 
conhecimento que nos espera. 
Para cumprir as finalidades desta disciplina, organizamos nossos estudos em sete 
unidades. 
Na primeira unidade, apresentamos conceitos fundamentais sobre o significado 
do termo História. Nela, verificaremos a importância da preservação da memória, 
para a compreensão das sociedades em seus diferentes períodos. 
Após a compreensão desses fundamentos, o propósito da unidade dois será 
propiciar conhecimentos a respeito do Iluminismo e sobre a escola positivista. 
Para tanto, estudaremos o pensamento histórico dos movimentos que 
contribuíram para o surgimento da nossa historiografia moderna e para a 
consolidação da História como disciplina. 
O materialismo Histórico e dialético de Marx e Engels será nosso objeto de 
estudos na unidade três. 
Na unidade quatro, propiciaremos conhecimentos ao movimento da historiografia 
denominado Escola dos Annales. Nesse estudo, verificaremos, nas suas fases 
iniciais, uma vertente que promoveu uma nova historiografia. 
A escola dos Annales, na sua terceira etapa, é foco do estudo, na unidade cinco, 
que demonstrará um dos movimentos que contribuíram para a formação de outra 
geração de historiadores, comprometida com novas investigações e premissas 
históricas. 
A unidade seis tratará de desenvolver conhecimentos sobre a história cultural, que 
surge como um novo paradigma no campo da produção historiográfica. 
Como etapa final desta disciplina dedicamos a unidade sete ao estudo da 
historiografia brasileira e sua contribuição para o fazer histórico na 
contemporaneidade. 
Desejamos que essa disciplina contribua para sua formação como historiador e 
que tenhamos um percurso de estudos muito rico em reflexões e trocas. 
 
PROGRAMA DA DISCIPLINA 
 
Ementa: Estudo das múltiplas correntes historiográficas e de seus referenciais 
teórico-metodológicos ao longo do tempo, enquanto modelos explicativos da 
história em sua dupla dimensão de saber e de realidade empírica. 
 
Objetivos 
Os alunos da disciplina de Historiografia do curso de Licenciatura em História, na 
modalidade EAD da UNAR, serão capazes de articular os diversos mecanismos de 
escrita e produção histórica construídas ao longo dos tempos, destacando-se a 
análise das metodologias que surgiram em um determinado contexto histórico. 
 
Conteúdo 
1. A escrita da História: da Antiguidade Clássica ao Renascimento. 
2. O iluminismo e a escola positivista de Comte. 
3. O materialismo histórico e dialético de Marx/Engels 
4. A escola dos Annales e as gerações iniciais. 
5. A terceira geração dos Annales. 
6. As novas tendências historiográficas e a crise de paradigmas 
7. A historiografia brasileira 
 
 
 
Metodologia 
Disciplina oferecida na modalidade a distância (EAD). Incentiva-se a formação de 
grupos de estudo autônomos, orientados pelo professor. 
 
Avaliação 
No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, 
entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na 
avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e 
espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o 
aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, 
a necessidade de estabelecimento de prazos. 
A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes 
instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 
 
1) Provas semestrais realizadas presencialmente; 
2) Questionários referentes aos conteúdos das unidades . 
 
Bibliografia Básica 
BURKE, Peter. A Escola dos Annales. São Paulo: UNESP, 1997. 
CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da história. Rio de 
Janeiro: Campus, 1997. 
CARDOSO, Ciro Flamarion e PEREZ-BRIGNOLI, Hector. Os Métodos da história. 6ª 
ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002. 
 
Bibliografia Complementar 
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2001. 
BURKE, Peter. A escola dos Annales – 1929-1989. A revolução francesa da 
historiografia. São Paulo: UNESP, 1997. 
CARR, Hallet Edward. O que é História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. 
CERTEAU, Michel. A Escrita da história. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 
FERRO, Marc. A manipulação da História no ensino e nos meios de comunicação. 
São Paulo: Ibrasa, 1983. 
LE GOFF, Jacques. A história nova. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. 
SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de História da Cultura Brasileira. São Paulo: 
Bertrand do Brasil. 
 
 
 
 
UNIDADE 01 - HISTORIOGRAFIA ATRAVÉS DOS TEMPOS: ANTIGA, 
MEDIEVAL E RENASCIMENTO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre historiografia antiga e medieval. 
Olá amigos, tudo bem?! Bom é estarmos juntos para um momento de 
aprendizado sobre a construção histórica, feita pelos homens e por nós todos, 
cidadãos. Inicialmente, vamos explicitar a origem do termo “história”. Vale dizer 
que ele possui em si uma acepção dupla, pois é, ao mesmo tempo, um 
acontecimento e uma narrativa dentro do próprio acontecimento que o encerra. E 
de onde vem o termo “história”? Esse termo deriva de uma raiz, basicamente, 
indoeuropeia “wid”, cujo significado é saber. Cumpre-nos questionar: que tipo de 
saber? Trata-se de um saber construído, elaborado. Em Heródoto, esse saber 
denota “investigação” στορίαι (Historíai). A história faz parte de uma sociedade, 
seja qual for. Ela busca sempre o sentido de sua existência por meio da memória. 
A conservação da memória dependerá da forma como será passada, seja pelo 
fator mito ou pela razão. Para Caire-Jabinet (2003,p.12), a história “nasce somente 
quando surge um distanciamento e uma vontade crítica”. 
FONTE: http://histoblogsu.blogspot.com/2009/03/arte-dos-vencedores.html 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Grécia: a origem da história do ocidente. 
Podemos dizer que a história ocidental tem seu nascimento por volta do 
século V a. C., na Grécia. Notadamente, três são os autores principais que 
marcaram o momento da fundamentação de uma construção histórica e que é 
vista hoje pela sociedade ocidental. 
Um dos primeiros homens a lidar com tal dimensão de história é Heródoto 
de Halicarnasso (485-420 a.C). Um de seus intuitos foi entregar-se ao relato das 
Guerras Médicas entre gregos e persas. A finalidade a que se propunha dizia 
respeito a observar e esquadrinhar as origens e fazer um levantamento geográfico 
detalhado do mundo grego e não grego. Heródoto esboça uma nova forma de se 
fazer história, impondo a narrativa, desvinculando-a do mito e realizando um 
percurso grandioso, envolvendo geografia e etnologia. É um cronista “cujo prazer 
está em narrar o acontecimento e, por vezes, sobrepõe a preocupação com a 
precisão dos fatos.” (Caire-Jabinet, 2003) 
Podemos ainda citar outro historiador grego, denominado Helanico de 
Metilene (479-395 a.C). Seu trabalho associa-se a elaborar tabelas cronológicas, 
abrangendo, desde as origens míticas da Grécia até o princípio da Guerra do 
Peloponeso. Com ele, o método científico lança as suas bases de análise, além 
disso, traz em si uma profunda determinação em precisar os fatos. 
 Tucidides (460-396 a.C) é outro historiador grego. Com ele, também a 
narrativa histórica da Guerra do Peloponeso (434 a 404 a.C) se faz. Denominado 
também de Estratego, devido ao cargo militar (general) que exercia em Atenas, 
busca com a sua escrita perfazer uma história que seja contemporânea. Ele 
procura marcar, com muita objetividade, todos os momentos por ele vividos, 
fazendo uma leitura bem críticados fatos que observou. É com Tucidides que a 
história toma um caminho mais crítico, coerente e sério e tende a deixar de ser 
simplesmente uma narrativa para ter, como ponto maior, um conhecimento 
racional e científico. Tucidides traz junto de si todo um memorial da importância 
da história para as sociedades. O caráter rigoroso da sua obra se revela na 
preocupação em descrever os fatos como fenômenos que não decorriam da obra 
do destino, mas sim, da ação consciente e dos interesses do Homem. Além disso, 
demonstra grande apego ao relato cronológico dos fatos e a narrativa isenta de 
paixões. Seu texto também evidencia influências sofísticas. 
Polibio (200-120 a.C.), outro grego, é quem terá em mãos a tarefa de 
procurar renovar a tradição histórica romana. Elabora, no período da grande 
expansão romana, toda a dimensão de sua formação, tendo em vista 
compreender o universo das razões que levaram Roma a ser capital de um vasto 
Império. Demonstra clara preocupação em explicar as motivações políticas e 
sociais que promoveram a grandeza do império romano e explicita o papel das 
instituições romanas nesse processo. 
Na sua obra, fica marcada a preocupação com a análise metódica das 
informações bem como sobre os locais em que os fatos aconteceram. Revela-se 
inovador para sua época, ao destacar a relevância dos aspectos geográficos para 
o acontecimento dos fatos. 
Após Polibio, Tácito trará uma história com estilo próprio; Suetonio, pela 
forma como sustenta as narrativas; Tito Lívio, pela amplidão de conhecimentos 
que abarca seu mundo; por fim, Salustio e a forma de escrita e narrativa que 
propõe em toda sua configuração. 
 
O Mundo Medieval por Meio de sua Historiografia 
Após o mundo Greco-romano, vamos dar continuidade ao tempo histórico 
e, agora, abarcar com mais propriedade o período medieval (séculos V a XV). 
Por intermédio do Renascimento, observamos a história como sendo uma 
disciplina menor e sem muita importância em um contexto marcado pela Cristã 
Católica. Por muito tempo, alguns historiadores e filósofos chegaram a acreditar 
que a sociedade medieval tinha ignorado a história. Mas podemos dizer que essa 
concepção é errônea, pois produziu, sim, vastas obras históricas, com um cunho 
estritamente cristão, sem fazer o chamado distanciamento crítico por parte dos 
autores e de seu público (Claire-Jabinet, 2003). 
Na Idade Média havia um interesse muito grande com relação à história 
dos povos bárbaros. Uma característica era a questão de as tribos germânicas 
irem sendo automaticamente integradas ao chamado Romanitas Christiana (Roma 
Cristã). A história, agora, ia se tornando provincial e regional com o mundo 
medievo em que se encontrava. Podemos dizer que os representantes desta 
historiografia foram Magno Aurélio Cassiondoro (485-580 d.C), um dos ministros 
diretos de Teodorico, o Grande (492-526) e de sucessivos reis ostrogodos. 
Escreveu uma História Góthica, em doze livros e Fasti Consulares. Gregório de 
Tours (540-594 d.C.) escreveu a História Francorum. Um livro excepcional, em dez 
volumes que procuram trazer, no seu viés historiográfico, os acontecimentos de 
um período turbulento. Podemos dizer que, em termos de língua, é uma fonte 
rica do latim vulgar. 
Isidoro de Sevilha (560-636 a.C), escreveu Gothorum Vandalorum et 
Suevorum in Hispania Chronicon, procurando narrar a história dos povos da 
Península Ibérica. Paulo Diácono (720-797 d.C.) escreveu num mosteiro, como 
monge, um comentário da chamada Regua Sancti Benedicti, e um inestimável 
Homiliairum. Além disso, é autor da tória Gentis Langobardorum, em seis livros, 
relatando o período de 568 a 744. Beda é outro monge cristão (673-735 d.C.), 
autor da História Ecclesiatica gentis Anglorum, que procura descrever, em seus 
contornos, os principais acontecimentos, desde a época de Cesar, até no de 732 
d.C. na Inglaterra. Outros autores como o romano o sacerdote Paulo Oróio, que 
escreveu Históriarum adversus paganos Libri VII (redigida entre 416 e 418). 
As crônicas medievais dominaram a Idade Média, os mosteiros 
importantes, as chancelarias dos papas, bispos e reis faziam questão de ter as suas 
crônicas, ligando-as, ou não, a trabalhos já existentes. Não raro, as crônicas 
medievais partiam das Tabelllae aschales e continham notícias sumárias de 
interesse só local. Era uma historiografia muito elementar, bastante parecida com 
as anotações históricas feitas pelos sacerdotes e magistrados na antiga Grécia e 
Roma. Comparados com o alto nível alçando na Antiguidade por um Tucidides, 
Polibio e Tácito, os trabalhos históricos medievais – significam um retrocesso 
inegável, mas, muitas vezes, não são inferiores às Crônicas do Baixo-Império. 
Não poucos cronistas medievais possuíam muito bom senso e notável dom 
de observação; devemos-lhes numerosas informações importantes sobre a vida 
política, religiosa, econômica e social da Idade Média. Mas, geralmente, não 
tinham uma visão panorâmica dos acontecimentos históricos, nem procuravam as 
causas mortas; atribuindo demasiado valor ao argumentum ex auctoritate, 
renunciavam a pesquisas novas e pessoais; inclinados a verificar, a cada passo, a 
intervenção do céu. A partir do século XI, as crônicas medievais começam a 
mostrar maior atenção à “história universal” (História da Cristandade) e a dar 
narrativas extensas e contínuas; no sentido técnico da palavra, já não são crônicas, 
mas anais. Destaquemos alguns cronistas como Otao de Freysing, que escreveu 
suas obras em latim. Na França; Geoffroi de Villehardouin (1164-1213) autor de Sur 
la Conquete de Constantinople e Jean de Froissart (1337- 1405), cronista da Guerra 
dos Cem Anos: Chroniques de France, d´Angleterre et dês Pays voisins (1327-
1400). 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Arquivos e Fontes Medievais 
Em relação a arquivos e fontes medievais, podemos dizer que eram, em 
muitos casos, basicamente conservados em mosteiros, castelos, chancelarias 
episcopais ou régias. Vale dizer que há muitos casos e sentidos para uma 
preservação documental. Um deles, nesse caso, está o sentido de defender títulos 
de propriedades, ou basicamente com o intuito de provar direitos de alguns 
mosteiros, ou de certas questões familiares e sua origem. A base de toda 
documentação fica à disposição dos autores em simples bibliotecas, nos primeiros 
séculos da era cristã. Aos poucos, as bibliotecas dos conventos, franciscanas e 
dominicanas, em especial as que estavam instaladas em cidades universitárias e, 
além disso, as bibliotecas de cunho particular, como a do rei Carlos V, no Louvre. 
Muitos historiadores têm certa dificuldade em fazer um trabalho histórico 
medieval, devido ao reduzido número de manuscritos e baixo número de 
bibliotecas. 
 
O Renascimento e o humanismo 
Na época do renascimento, os historiadores manifestam desprezo à 
tradição historiográfica medieval. Agora, passam basicamente a tomar a 
antiguidade clássica como modelo e seu estilo e forma literária. Não sentiam afeto 
pelos cronistas medievais, retomando a antiguidade. Para os homens dessa época, 
a escrita podia ser em latim ou no próprio idioma. Alguns historiadores da época 
foram Nicolau Maquiavel (1469-1527), com uma belíssima obra intitulada História 
de Florença (1532) e o português, João de Barros (1497-1562), na obra Décadas da 
Ásia. 
O protestantismo foi um fator que exerceu um papel preponderante no 
processo de retomada de textos e documentos originais, buscando a 
interpretação crítica de algumas fontes. No final do século XVI, La Popeliniere, 
protestante huguenote, redige uma das maiores obras do renascimento Francês. 
Para ele, o clero deu um sentido mais que providencial ao aspecto histórico. Já era 
hora de uma nova metodologia de análise, na qual o político, agora, toma peso 
na forma de uma reflexão política. Participou de conflitos civis religiosos e buscou 
compreender, com certo distanciamento,os acontecimentos de sua época. 
Acreditava que fontes antigas ajudavam uma compreensão do presente com mais 
sensibilidade. Publica Histoire des histoires (1599) e Lês Trois mondes (1582), com 
uma real propensão a descrever o mundo antigo e moderno em seus aspectos 
históricos e geográficos. 
Por fim, citamos Etienne Pasquier (1529-1615), que, num trabalho rico, 
referindo-se a variados temas como folclore, jogos, história dos costumes, 
provérbios, canções e instituições, cria uma fundamentação baseado numa análise 
crítica dos documentos. Jean Bodin (1530-1596) contempla uma história na qual a 
preocupação fundante está em elucidar o passado e vislumbrar, antecipadamente, 
o futuro. Escreve um dos primeiros tratados de reflexão sobre a história: 
Methodus ad facilem históriarum cognitionem (Método para uma fácil 
compreensão da história). Uma obra erudita que busca retirar a história do meio 
eclesiástico. 
Agora que você já teve uma breve ideia sobre o assunto que tal ler alguns 
textos, em que se pode mostrar um pouco mais a respeito de tal temática? 
 
TEXTO 1 
Tucídides: História da Guerra do Peloponeso 1.4 e 1.8.2 (a.C. 400.) 
Lucros da guerra: os atenienses e a tomada de Hicara (verão de 415 a.C.) 
Costeando a Sicília pela esquerda do lado que esta voltado para o golfo Tirreno, 
os atenienses arribaram em Himera, única cidade grega situada nesta parte da 
Sicília, como ai não foram acolhidos , retomaram a sua rota ao longo da costa , e , 
de passagem, apoderaram-se de Hicara, pequena praça forte costeira ( inimiga de 
Segesta, se bem que sicana). Após terem reduzido os homens a escravatura, 
entregaram a cidade as gentes de segesta ( a sua cavalaria estava presente 
quando da operação). Eles próprios tornaram então a partir, atravessando a sua 
infantaria a regiao dos Siculos ate chegar a Catania, enquanto que a frota, 
escoltando os prisioneiros, contornava a ilha. Quanto a Nicias, alcançara 
diretamente segesta por mar e, daí, após ter regulado diversos negócios e 
arrecadado os trinta talentos trinha-se juntado a armada. Venderam-se os 
prisioneiros, o que deu cento e vinte talentos. 
 
TEXTO 2 
Esta é a quadra Mostrando do Inquérito de Heródoto de Halicarnasso, a fim de 
que nem os atos dos homens pode ser esquecido por lapso de tempo, nem as 
grandes obras e maravilhoso, que tenham sido produzidos alguns por gregos e 
alguns pelos bárbaros, pode perder a sua reputação, e especialmente que as 
causas podem ser recordados para que estes fizeram guerra uns com os outros 
1. Aqueles dos persas que tenham conhecimento da história declarar que 
os fenícios começaram a brigar. Estes, dizem, veio aquele que é chamado de Mar 
Erythraian a este nosso, e tendo estabelecido na terra onde continuam até hoje a 
habitar, definir-se imediatamente para fazer longas viagens por mar. E transporte 
de mercadorias do Egito e da Assíria, que chegaram em outros lugares e também 
em Argos, agora Argos foi naquela época em todos os pontos, o primeiro dos 
Estados-nos que a terra que é agora chamado Hellas, - os fenícios chegaram 
então a essa terra de Argos, e começou a se desfazer da carga do seu navio, e no 
quinto ou sexto, depois de terem chegado, quando os seus bens foram quase 
todos vendidos, desceu para o mar uma grande companhia de mulheres, e entre 
eles a filha do rei, e seu nome, como os helenos também concordo, foi Io, filha de 
Inachos. Estes perto da popa do navio foram a compra da mercadoria, tais como 
os mais satisfeitos, quando, de repente, os fenícios, passando a palavra de um 
para outro, fez uma corrida sobre eles, e a maior parte das mulheres escaparam 
por vôo, mas Io e alguns outros foram levados. Então eles pô-los a bordo do 
navio, e imediatamente partiu, navegando para o Egito. 
Heródoto. A História, de Heródoto. Livro 11 Primeiro Livro de História chamado 
Clio. 
 
INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
Seria interessante a sua leitura em alguns sites onde os autores apresentam de 
forma clara algumas características desse nosso assunto. Veja nos sites abaixo: 
http://www.scielo.br/pdf/%0D/hcsm/v12n1/15.pdf (18/09/2009, 14h10min) 
http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/história_em_revista_07_Carla_Gastau
d.pdf (18/09/2009, 14h10min) 
http://www.uesb.br/politeia/v6/artigo02.pdf (18/09/2009, 14h10min) 
http://www.gaialhia.kit.net/artigos/paulamaria2001.pdf (18/09/2009, 14h10min) 
http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/herodoto.pdf (19/09/2009, 
09h11min) 
http://www.scielo.br/pdf/%0D/hcsm/v12n1/15.pdf
http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/historia_em_revista_07_Carla_Gastaud.pdf
http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/historia_em_revista_07_Carla_Gastaud.pdf
http://www.uesb.br/politeia/v6/artigo02.pdf
http://www.gaialhia.kit.net/artigos/paulamaria2001.pdf
http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/herodoto.pdf
UNIDADE 02 - DO ILUMINISMO AO POSITIVISMO DE COMTE 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Propiciar conhecimentos a respeito do Iluminismo e sobre a escola 
positivista. 
 Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da escrita da 
História, passando da Antiguidade Clássica ao Renascimento, vamos, agora, 
abordar o iluminismo e a escola positivista de Comte. Para tanto, estudaremos o 
pensamento histórico dos movimentos que contribuíram para o surgimento da 
nossa historiografia moderna e para a consolidação da História como disciplina. 
Assim, veremos como os historiadores procuraram solucionar os desafios 
colocados por sua época ao modo de se fazer História. 
 
FONTE: http://filosofialimite.blogspot.com/2010_12_01_archive.html 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Os Iluministas 
 Falar do Iluminismo implica falar de razão, de entendimento, do 
movimento filosófico das luzes, em que o pensamento histórico do século XVIII se 
instalou. A importância da historiografia feita pelos filósofos desse período se 
abastece da palavra dúvida, o que acarreta uma eminente renovação no processo 
de escrita da história. 
 Os filósofos da época buscavam claras respostas a respeito das 
indagações sobre política, filosofia, sociedade e, em nosso caso, sobre a história 
das civilizações e suas origens. 
 Podemos iniciar com Montesquieu (1689-1755). Em uma de suas obras de 
maior expoente “Do Espírito das Leis” (1748) o filósofo pesquisa fontes escritas dos 
sistemas jurídicos, para sustentar seus estudos a respeito da civilização. Suas 
pesquisas priorizam a busca da confirmação das hipóteses levantadas, com vistas 
a dar uma tese final para isso. Com isso, um filósofo como Montesquieu vê, na 
história, uma ferramenta, para que o pensamento pudesse ser articulado da 
melhor maneira possível. 
 Um dos filósofos de maior destaque do século XVIII, Voltaire (1694-1778), 
foi um dos primeiros, junto com Montesquieu, a se utilizar da história e da 
filosofia para se chegar ao duplo aspecto da erudição e da reflexão. 
 O livro de Voltaire, “Siècle de Louis XIV”, é um dos primeiros trabalhos 
em que o filósofo busca a pesquisa histórica como um campo de apoio. No ano 
de 1744, faz um amplo trabalho de reflexão a respeito do método histórico em 
Consideratins sur L´histoire. Mas qual o método de Voltaire, ao tomar a história 
como guia de suas investigações filosóficas? Em primeiro lugar, seu trabalho está 
em consultar os documentos originais, o que foi uma questão primordial em suas 
pesquisas, tornando-se o primeiro e grande método seu. Quatro pontos são 
importantes para ele: letras, demografia, vida cotidiana e artes. Ao se voltar para 
esse filósofo, observamos que sua busca centrava-se em fazer uma história que 
fosse ampla, total, e, por meio dos documentos, pudesse verificar toda a atividade 
humana exercida ao longo do tempo. 
 Um dos pontos preponderantes em Voltaire é que o levantamento de 
documentos por si só não basta. O seu texto mais importante é Essai sur lês 
moeurs et l´esprit de nation (1756). Não era umhistoriador, mas abriu um legado 
para que outros historiadores do século XIX, como Burckhardt, abrissem caminho 
para grandes obras. Enfim, os filósofos do século XVIII buscavam encontrar na 
razão histórica, um caminho para que suas ideias políticas se confirmassem. 
 
A História Romântica 
 Outra geração a fazer da historiografia um instrumento importante para a 
memória do período foram os historiadores franceses: Barante, Sismondi, Guizot, 
Thierry, Michaud, Michelet. Eram supostos historiadores, sem formação, mas 
pretensiosos em estabelecer um novo método histórico. Era algo bem europeu 
da época, num período onde o Imperialismo se fazia presente entre as nações 
industrializadas, o nacionalismo ser o carro chefe dos discursos políticos. Um dos 
pontos essenciais nessa historiografia do século XIX é a valorização dos 
documentos. O olhar que começam a ter volta-se para o povo e, desse fato, 
decorre a adoção de uma posição firme no tocante à historiografia. 
Jules Michelet (1798-1864) foi um dos grandes historiadores franceses. Uma 
de suas características está em ter um talento nato para o passado. Seu carisma 
estende-se ao entusiasmo com que trabalha os documentos; um estilo próprio 
para o início dos trabalhos relativos à vida cotidiana, dos sentimentos, os meios 
políticos, econômicos e sociais. A personalidade é bem ostentada em seus 
trabalhos, principalmente, em A História da Revolução Francesa. 
 
Alemanha e o positivismo histórico. 
Na Alemanha, em pleno século XIX, a produção histórica desenvolve-se e, 
com ela, a crítica e a erudição do estilo Francês dos períodos anteriores. Os 
alemães que mais se destacaram na historiografia da época foram L. Von Ranke e 
B. Niebuhr, influenciando Europa e gerações com seu estilo, a partir do século XIX. 
Ranke destaca-se por possuir cunho erudito. O seu método detinha-se, 
basicamente, em documentos diplomáticos para que pudesse historiar o Estado e 
todas as questões pertinentes às relações exteriores, pois, para ele, as relações 
diplomáticas determinavam as iniciativas internas do Estado. Mas qual o sentido 
de se estudar a relação que envolvia externa e internamente o Estado? O contexto 
da época era de luta por um povo alemão unido, em que o nacionalismo existisse 
de fato. Dessa forma, as políticas externas viviam seu momento maior. Para Ranke, 
a história fazia-se pelas ideias, cabendo ao historiador encontrá-las inseridas 
numa história que se fazia presente. 
O que representa a história para Ranke? Representa fatos que falam por si 
mesmo. A ideia do historiador torna-se nula. Os fatos já estão prontos, brutos, 
polidos e não podem ser lapidados, mas entendidos em sua única integridade. O 
historiador deixa de ser passivo, deixa de ser o objeto e senhor do seu sujeito. 
Nada de formalizar o objeto, selecionar, construir e dar um acabamento final. 
Quando o historiador chega ao final de seu trabalho o que se nota, basicamente, 
não é a alma do historiador, mas um estilo que ali se plantou e, nele, algo 
imparcial, isento, sem vida e que não recebe nenhuma influência de seu ambiente 
sócio-político-cultural. 
Na verdade, acredita-se que, se os historiadores adotassem uma atitude de 
distanciamento de seu objeto, sem manter relações de interdependência, 
obteriam um conhecimento histórico objetivo, um reflexo fiel dos fatos do 
passado, puro de toda distorção subjetiva. O historiador, para os alemães, narra 
fatos realmente acontecidos e tal como eles se passaram. Os fatos "narráveis" 
eram os eventos políticos, administrativos, diplomáticos, religiosos, considerados o 
centro do processo histórico, dos quais todas as outras atividades eram derivadas, 
em seu caráter factual: eventos únicos e irrepetíveis. O passado, desvinculado do 
presente, era a "área do historiador". 
Uma das primeiras publicações dos alemães foi em 1824 com a 
Monumentae Germanae Histórica. Na França, a erudição histórica se instala. A 
historiografia alemã conta, na França, com dois historiadores Langlois e 
Seignobos, Introduction aux études historiques, de 1898. 
O desejo de constituir a história, sob bases científicas, positivas, se 
expressa, portanto, na ênfase ao dado, ao evento, no cultivo à dúvida, à 
observação, à erudição e na recusa dos modelos literários e metafísicos. O legado 
historiográfico positivista instalou-se na obra de grandes historiadores como 
Fustel de Coulanges, que foram historiadores mais críticos e menos românticos. 
O historiador Francês, Fustel de Coulanges, foi quem realizou uma obra 
basicamente "científica". Ao aplicar seu método positivista, não excluiu toda e 
qualquer hipótese, a menos que tenha origem em fontes documentais históricas 
confiáveis. A maior de suas obras é “A Cidade Antiga”. 
Agora que você já se familiarizou com o assunto que tal ler dois 
significativos textos em que se mostra a presença romântica e positivista da 
historiografia do século XIX? 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
Texto 1 
 FUSTEL DE COULANGES 
1- Crenças sobre a alma e sobre a morte. 
Até o apagar das luzes da história da Grécia e de Roma, presenciamos a 
permanência entre os homens do povo de certo conjunto de pensamentos e de 
hábitos, com certeza, oriundos de época muito remota, mas no qual já se pode 
reconhecer o ideário original concebido pelo homem relativo a sua própria 
natureza, a sua alma , e sobre o mistério da morte. Ate onde nos e dado remontar 
na história da raça indo-européia, de onde se originaram as populações gregas e 
italianas, observamos que esta jamais acreditou que, depois desta curta existência, 
tudo terminasse com a morte do homem. 
 2-.A fratria e a cúria; a tribo. 
Na história das sociedades antigas as épocas são melhor definidas pelo 
encadeamento das idéias e das instituições que pela sucessão dos anos. O estudo 
das antigas regras do direito privado faz-nos entrever, para alem dos tempos 
chamados históricos, um período de séculos o qual a família foi a única forma de 
sociedade existente. Esta família podia então conter, no seu extenso quadro, 
vários milhares de seres humanos. Dentro de tais limites porem, a sociedade 
humana aparece ainda bastante acanhada: muito limitada quanto as necessidades 
matérias, porque seria difícil a esta família ser auto-suficiente diante de todos os 
acasos da vida.... 
 
A cidade antiga. São Paulo: Martin Claret, 2002. p.13; 127. 
Texto 2 
JULES MICHELET 
A 5 de outubro, oito ou dez mil mulheres foram a Versalhes; muita gente as 
acompanhou. A Guarda Nacional forçou o Sr. De La Fayete a conduzi-la para lá na 
mesma noite. No dia 6, eles trouxeram o rei e o obrigaram-no a residir em Paris. 
Esse grande movimento foi o mais amplo que a Revolução apresentou após 14 de 
julho. O de outubro foi, quase tanto quanto o outro, unânime, no sentido de que 
aqueles que dele não participaram desejaram-lhe sucesso , e todos se alegraram 
de que o rei estivesse em Paris. Não devemos procurar aqui a ação dos partidos. 
Eles agiram, mas fizeram muito pouco. A causa real, certa, para as mulheres, para 
a multidão mais miserável, foi uma só, a fome. Tendo desmontado um cavaleiro, 
em Versalhes, mataram o cavalo e comeram-no quase cru. Para a maior parte dos 
homens, povo ou guardas nacionais, a causa do movimento foi a honra, o ultraje 
feito pela corte ao emblema parisiense, adotado pela Franca inteira como símbolo 
da revolução, teriam os homens marchado sobre Versalhes, se as mulheres não os 
tivessem precedido? Isso e duvidoso. Ninguém antes delas teve a idéia de ir 
buscar o rei. O Palais-Royal, a 30 de agosto, partiu com Saint-Huruge, mas era 
para levar queixas, ameaças a assembléia, que discutia o veto. Aqui, só povo tem 
a iniciativa; sozinho, vai tomar o rei, como sozinho tomara a bastilha. 
 
 INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
ATENCÃO: Seria interessante a sua leitura em outros sites onde os autores 
apresentam algumas características desse assunto.Veja nos sites abaixo: 
 
http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm (19/08/2009, 14h10min) 
http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm (12/08/2009, 12h23min) 
http://www.coladaweb.com/filosofia/positivismo (19/08/2009, 14h13min) 
http://www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/ (13/08/2009, 12h34min) 
http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/história026.asp 
(12/08/2009,12h45min) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm
http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm
http://www.coladaweb.com/filosofia/positivismo
http://www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/
http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia026.asp
UNIDADE 03 - O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO DE 
MARX/ENGELS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Aprofundar os estudos sobre o Materialismo Histórico. 
 Após estudarmos e conhecermos um pouco melhor a respeito do 
Iluminismo e da escola positivista, vamos agora discutir um pouco mais a respeito 
do Materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. Para tanto, propiciamos 
conhecimentos sobre estudar um pensamento histórico/dialético/crítico de um 
dos movimentos que, em muito, contribuíram e ainda contribuem para os rumos 
da historiografia moderna. 
 
 Fonte: http://www.marxists.org/archive/marx/photo/art/index.htm 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
O Materialismo Histórico 
O século XIX traz, ainda, no seu bojo, o materialismo histórico, traduzido, 
sobretudo, pelos escritos de Marx e Engels, cujos escritos datam dos anos 
quarenta do século XIX. Uma das grandes vertentes da crítica à produção 
historiográfica ocorreu, no século XIX, num intuito declarado de repúdio a história 
política feita até o momento. A partir daí, uma nova vertente de análise passou a 
existir, pondo o econômico como elemento principal e basicamente determinante 
de todo processo de relações de produção. Eis o ponto básico, para se 
compreender toda a dimensão das relações humanas no interior de uma 
sociedade, sobre a qual a historiografia debruça-se claramente. 
No livro Ideologia Alemã (1845-46), Marx e Engels destacaram que a 
história deveria ser marcada, essencialmente, pela dimensão histórica. Marx deu 
ensejo a uma “Teoria Geral das Sociedades em Movimento." Um dos pontos 
principais de sua análise concentra-se num processo histórico e que busca o 
caminho da dialética hegeliana, em que todo processo de contradições se produz, 
não apenas no mundo das ideias, mas nas condições materiais básicas da vida 
cotidiana; existência de uma "formação social" específica. Marx e Engels defendem 
a tese de que a História era movida basicamente pela luta de classes, trazendo, 
sempre, a oposição entre proletários e capitalistas. Nesta perspectiva, a economia 
se constitui num aspecto de homérica importância, inclusive, para o 
desenvolvimento das sociedades, tendo em vista, sobretudo, o controle que se é 
exercido pelos meios de produção. 
 
Os Modos de Produção 
Buscando entender mais a teoria de Karl Marx, a questão dos modos de 
produção assumem um pressuposto histórico muito importante, em que a 
História dos homens será feita, agora, por meio de seis modos de produção 
estabelecidos que são: comunista primitivo, asiático, feudal, capitalista, socialista e 
comunista. Marx, aluno do filósofo Hegel, toma sua teoria da Tese-Antítese-
Síntese, apropria-se dela e defende que o mundo real, cotidiano é o chamado 
“motor da história”. 
Mas o que seria essa teoria em termos práticos? Nada menos que uma 
relação de forças produtivas e as relações das mesmas, conduzindo a uma “luta 
de classes”. Nessa relação dialética que se vê entre as chamadas forças 
dominantes (a burguesia-Tese) e os dominados (os operários - Antítese), surgiria 
uma nova classe (o proletariado – Síntese), como um novo modo de produção (o 
socialismo). 
O que é presente em Marx e que não deve ser esquecido está na forma, 
agora, de procurar compreender que todo processo histórico tem uma dinâmica, 
feita pelos homens e suas relações. Um dos pontos importantes no bojo da 
historiografia marxista é que ela tende a ver, com mais profundidade, o conceito 
de classes. O que Marx faz é uma estrutura de análise, em que se foca, a partir de 
uma vertente dupla, isto é, de um lado, há os dominados; de outro, os 
dominantes. Nesta perspectiva, o marxismo aponta em direção ao entendimento 
dos interesses e conflitos que as classes projetam em sociedade. O sentido que 
Marx quer dar a conhecer é a visão da luta de classes para qualquer tido de 
sociedade, de agrupamento humano. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
O Historiador e o marxismo 
O historiador, para o marxismo, é aquele que passa a ser o sujeito e 
objeto da história e também está no interior da história. Os fatos, agora, voltam-
se mais para o social, focalizando os acontecimentos políticos, econômicos e 
também sociais. 
O Materialismo Histórico, como Marx o concebe, entende a História como 
uma Ciência, que é possuidora do Método Dialético. Nele, conhece-se a condição 
da contradição para procurar romper com a estrutura já feita. 
Atualmente, a historiografia marxista exerce uma influência muito grande 
em quase todo planeta. Em muitos lugares, vários historiadores propuseram-se a 
escrever uma história de cunho marxista. As duas vertentes que mais se descaram 
em nível mundial foram a francesa e inglesa. 
Na Inglaterra, grandes historiadores como Maurice Dobb, Christopher Hill, 
Eric Hobsbawn, Paul Thompson entre outros mais; já, na França, onde os 
estudiosos se debruçam mais a respeito estão Ernest Labrousse, Pierre Vilar, 
Jaques Lefebvre. No Brasil, há alguns principais como Caio Prado Jr, Jacob 
Gorender, Boris Fausto, Edgar De Decca, Daniel Aarão Reis Filho e muitos outros. 
Agora que você já teve uma ideia sobre o assunto, que tal ler alguns textos 
sobre a temática enfocada? 
 
TEXTO 1 
O primeiro pressuposto de toda a história humana e naturalmente a existência de 
indivíduos humanos vivos. O primeiro estado de coisas a se constatar e, portanto, 
a organização corporal desses indivíduos e a relação com a natureza restante que 
aquela lhes dá. Obviamente, não podemos entrar aqui em detalhes sobre a 
constituição física dos homens mesmo, nem sobre as condições naturais que os 
homens encontram ai, as condições geológicas, oro-hidrográficas, climáticas e 
outras. Toda historiografia tem que partir dessas bases naturais e de sua 
transformação pela ação do homem no curso da história. 
MARX, K. A ideologia Alemã. In: Marx/Engels – História. São Paulo: Ed. Atica, 
1984,p.187. 
TEXTO 2 
Como o Estado nasceu da necessidade de conter os antagonismos de classe, mas, 
ao mesmo tempo, nasceu e meio ao conflito dessas classes, ele e, por 
conseguinte, em regra, Estado da classe mais poderosa, economicamente 
dominante, que, através dele, também se torna a classe politicamente dominante 
e, assim, adquire novos meios para a repressão e exploração das classes 
oprimidas. Assim, o Estado antigo era, antes de tudo, Estado dos donos de 
escravos para manter a sujeição dos escravos, assim como o Estado feudal era 
órgão da nobreza para manter a sujeição dos servos e camponeses dependentes, 
e o moderno estado representativo e instrumento da exploração do trabalho 
assalariado através do capital. 
 
ENGELS, F. Barbárie e civilização (Origem da família, da propriedade privada e do 
Estado). In: Marx/Engels – História. São Paulo: Ed. Ática, 1984, p.331. 
 
INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
ATENCAO: Seria interessante aprofundar seus conhecimentos. Para tanto, consulte 
outros sites, a respeito da temática enfocada na unidade. 
http://www.nodo50.org/cubasigloXXI/congreso04/boito_060404.pdf (25/09/2009, 
14h10min) 
http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es
/GT2/gt2m5c7.pdf (25/09/2009, 14h13min) 
http://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1903/03/14.htm(25/09/2009, 
14h13min) 
 
 
http://www.nodo50.org/cubasigloXXI/congreso04/boito_060404.pdf
http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es/GT2/gt2m5c7.pdf
http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es/GT2/gt2m5c7.pdf
http://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1903/03/14.htm
UNIDADE 04 - A ESCOLA DOS ANNALES E AS GERAÇÕES INICIAIS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a Escola dos Annales 
Após estudarmos o materialismo histórico, vamos, agora, discutir um 
pouco mais a respeito da Escola dos Annales e o seu princípio, abordando o 
pensamento histórico do movimento que acabaram por contribuir para uma nova 
historiografia. 
 
 
 Fonte: http://www.pianetalibri.com/capitalismo-e-civilta-materiale.html 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Os Annales: Início de Uma Nova Historiografia 
O princípio da Escola dos Annales está ligado, basicamente, em 
contraposição à Escola Positivista. A sua emergência está na busca de uma nova 
tendência em seus escritos e isso começou a ser feito nas duas primeiras décadas 
do século XX. Contudo, existe uma história que se faz presente nesse período e 
antecede a famosa revista Les Annales d´ Histoire Économique et Sociale em 1929. 
Em 1900, o filósofo Henri Berr propõe a criação da chamada “Revista de 
Síntese", num modo de reagir contra a chamada "escola metódica". Nesse 
caminho, vários intelectuais que não congregavam as ideias de erudição da escola 
positivista vão se alinhar, entre eles, os historiadores Lucien Febvre e Marc Bloch. 
Para Lucien Febvre e Marc Bloch já era tempo de dar uma nova dimensão, 
um novo caminho para a história. Fundam, assim, a chamada Revista Les Annales 
d´ Histoire Économique et Sociale, no ano de 1929. O que tinham basicamente em 
mente era proporcionar uma interdisciplinaridade e ligar as ciências humanas em 
seus vários momentos de pesquisa e análise. 
A preocupação da Revista dos Annales está em fugir das linhas da erudição 
pressuposta pela "escola metódica" e também do viés político. Ao contrário, ela 
quer uma acentuação maior em relação ao acontecimento e a chamada “longa 
duração". A sua atenção se detém para uma história que não seja basicamente 
política, mas com viés econômico, geográfico, sociológico, psicológico. O intuito 
dos Annales centra-se em ligar fortemente a história a outras ciências. É com esse 
objetivo e a nova tendência que uma nova historiografia surge (nouvelle histoire). 
Ela associa-se á École des Annales e a Revista Annales: ecónomies, societés, 
civilisations. A Nouvelle Histoire pode ser definida como uma posição de análise 
das estruturas. Podemos entender uma nova historiografia que não se 
particulariza agora no efeito data, mas nos aspectos que tangem toda forma de 
estrutura. 
Um dos filhos da geração dos Annales é Fernand Braudel, com quem se 
inaugura a segunda fase. Para esse historiador, dentro do mundo dos Annales 
inscreve-se a "História de Longa Duração". Mas como podemos definir melhor 
isso, entender essa “longa duração”? Para Braudel, a história particulariza-se pelo 
sentido de superfície; a história dos acontecimentos numa visão positivista; a outra 
também conhecida como meia encosta, que é uma história conjuntural, lenta; em 
num plano mais profundo, uma de longa duração, uma história de décadas, 
séculos. 
O tempo histórico é modificado pela Nouvelle Histoire. As ciências sociais 
adquirem um novo estágio e forma de ver o tempo. Agora, a história vê uma nova 
dimensão de tempo e junto uma análise dita progressiva, contínua que leva junto 
de si uma observação mais global dos acontecimentos sem ser puramente 
cronológica. 
A história, agora, não está sozinha. Conta com o auxílio das ciências sociais. 
Sofre com isso uma guinada no campo de métodos e técnicas próprias. O que é a 
documentação, nesse momento, para o historiador? Qual o seu significado para 
essa historiografia? Para José Carlos Reis, 
 
Os documentos se referem à vida cotidiana das massas 
anônimas, à sua vida produtiva, à sua vida comercial, ao seu 
consumo, às suas crenças, às suas diversas formas de vida 
social. (REIS, 1994, p. 126) 
 
A nova história agora vê a documentação de forma diferente, quando 
comparada aos demais os momentos, são lados, vieses. A documentação não é 
mais oficial, mas arqueológica, arquitetural, pictográfica, iconográfica (grafites), 
fotográfica (imagens), cinematográfica, história oral, ou seja, constitui-se de todo 
tipo de documentação possível que represente a presença social do homem em 
meio a uma civilização. As fontes agora gritam junto aos documentos. 
A nouvelle histoire tem em mente um tempo que seja múltiplo, de diversas 
fases, caminhos dentro do mesmo. História de uma cultura, da moda, da 
sexualidade, do beijo, enfim, multifaces num único olhar, sem a existência de um 
tempo apenas frio e progressivo. O tempo não é cronologicamente linear, como 
os positivistas. Os Annales reviram, agora, o fator tempo para uma nova atenção 
ao cotidiano dos homens e da sociedade. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
 A Segunda Geração dos Annales 
Uma ênfase maior deve ser dada inicialmente a Fernand Braudel. O seu 
sentido de trabalho historiográfico, agora, reveste-se de um determinado período 
da história, pauta-se nele e em seu interior, busca todos os pontos possíveis de 
análise, em que o homem era incluso. Agora é a figura dos homens, de uma 
sociedade que se faz por ela e plenamente em sua pluralidade de ações. Chega 
até ao ambiente de uma geo-história. 
Gostaria de salientar que uma segunda geração dos annales nasce. 
Porém, o foco pela busca incessante da interdisciplinaridade continua sendo 
propósito dos annales. Nesse processo, a geografia toma um espaço social 
importante. Um dos clássicos da Escola dos Annales é o livro “O Mediterrâneo”, de 
Fernad Braudel. Sua intenção está em procurar descrever uma geo-história da 
região do mediterrâneo, ao longo de um processo. 
Braudel assume a direção da revista, após a morte de Febvre. Ao seu 
lado, novos historiadores vão aparecer como Le Goff, Emanoel Roy, Marc Ferro. 
No fundo, Braudel irá renovar a Revista, buscando com mais veemência uma boa 
relação com as demais ciências sociais. 
Nesta segunda geração, a ênfase em estudos econômicos vem ao 
encontro da história. As ideias de Marx com Ernest Labrousse despontam como 
alternativa para projetar esses estudos econômicos. O quantitativo começa a ter 
uma dimensão maior, ao serem vistos e buscados documentos relativos à história 
demográfica, que fará parte da história cultural. Cresce, assim, a relação entre as 
demais ciências sociais e a história, a partir desse momento, passa a ser analisada 
como fenômeno social e local. Essa é a segunda geração dos Annales: 
demográfica, interdisciplinar, regional e social. 
Agora que você já teve uma breve ideia sobre o assunto, que tal ler 
alguns textos sobre a temática? 
 
TEXTO 1 
 Já foi sugerido que a expansão do campo do historiador implica o repensar da 
explicação histórica,uma vez que as tendências culturais e sociais não podem se 
analisadas da mesma maneira que os acontecimentos políticos. Elas requerem 
mais explicação estrutural. Quer gostem, que não, os historiadores estão tendo de 
se preocupar com questões que por muito tempo interessam a sociólogos e a 
outros cientistas sociais. Quem são os verdadeiros agentes na história, os 
indivíduos ou os grupos? Será que eles podem resistir com sucesso as pressões 
das estruturas sociais, políticas ou culturais? São essas estruturas meramente 
restrições a liberdade de ação, ou permitem aos agentes realizarem mais 
escolhas? 
BURKE, P. A escrita da História – Novas perspectivas. São Paulo. Ed. UNESP, 1991. 
 
TEXTO 2 
“A volta mais importante e a da história política. Aqui também, embora a Escola 
dos Annales tenha tidorazão em combater uma história política superficial a 
fatual de visão curta, uma história da política no sentido politiqueiro do termo, e 
preciso construir uma história do político que seja uma história do poder sob 
todos os seus aspectos, nem todos políticos, uma história que inclua notadamente 
o simbólico e o imaginário.” 
Le Goff, J. A história nova. Introdução. São Paulo: Martins Fontes, 1978. 
INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
ATENÇÂO: Seria interessante a sua leitura em outros sites, em que os autores 
apresentam de forma clara algumas características desse assunto. Veja nos sites 
abaixo: 
http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm 
 (20/09/2009, 14h10min) 
http://www.primeiraversao.unir.br/artigo183.html 
 (20/09/2009, 14h13min) 
http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da-
escola-dos-annales/pagina1.html 
(20/09/2009, 12h19min) 
http://www.históriaehistória.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=53 
(19/09/2009, 22h10min) 
 
http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm
http://www.primeiraversao.unir.br/artigo183.html
http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da-escola-dos-annales/pagina1.html
http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da-escola-dos-annales/pagina1.html
http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=53
UNIDADE 05 - A ESCOLA DOS ANNALES: A TERCEIRA GERAÇÃO E AS 
NOVAS TENDÊNCIAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a terceira geração da Escola dos 
Annales. 
Nesta unidade, nosso foco é o estudo do pensamento histórico dos 
movimentos que contribuíram para a formação de outra geração de historiadores 
comprometidos com novas investigações e premissas históricas. 
 
 Fonte:http://www.magnanimousportraits.com/innovators/122Michel%20Foucault.html 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
 A Terceira geração dos Annales 
 Podemos afirmar que a terceira geração vem para dar uma nova guinada 
historiográfica no ato de produzir conhecimento histórico. Os idealizadores, pós-
Braudel, vão dividir ainda mais a pesquisa historiográfica. Agora, o sentido está 
em olhar a história, por meio das histórias, como a do medo, da dor, da loucura, 
dos objetos, enfim, de uma nova quantidade de abordagens que privilegiem a 
condição cultural, desde que dando viés ao mental, ou seja, o homem vive pelos 
caminhos das mentalidades, é essa e a sua identidade social. 
 Na identidade da Nova História, a História das Mentalidades vem abrir 
um novo leque de estudos historiográficos, passando a ter vida na metade do 
século XX, advinda da Escola dos Annales, teve como principais expoentes George 
Duby, Jacques Le Goff, Philippe Ariès e demais historiadores. Com essa posição 
historiográfica, a história vê o sentido das mesmas vivências sociais e cotidianas, 
compromete a relação de força entre os fenômenos culturais de uma sociedade e 
todos os variados comportamentos, hábitos e formas de ser. Por intermédio dela, 
entende-se e busca conhecer melhor uma sociedade nas profundezas de sua 
mentalidade, psicologia e cultura de comportamento. Com isso, a Nova História 
propicia ao público e a própria prática historiográfica um rumo diverso, seja em 
termos de uma história pública ou privada. Nessa perspectiva, traz à sociedade o 
conhecimento vivido pelas formas materiais e até dos meios mais distantes de se 
conhecer uma natureza social. Com a história das mentalidades, vários estudos 
vão se apropriar dessa mesma teoria, trazendo aspectos variados como a história 
do medo no ocidente, do sorriso, da morte, enfim, meios de análise que 
permitirão ao historiador compreender melhor as sociedades humanas de longas 
datas. Para Raminelli 
 
 
As mentalidades induziram os historiadores a romper com 
as barreiras rígidas do tempo. Os eventos deixaram de ser 
pensados em si, como fatos isolados, e foram relacionados 
a uma trama fenomenológica complexa, a uma totalidade. A 
História, então, tornou-se uma construção do historiador, 
que organiza os fatos conforme o problema ou a teoria 
previamente delimitados. Assim, um incidente será pensado 
em sua relação com o político, econômico, cultural, 
psicológico. O fato e a delimitação temporal perderam 
terreno entre os pesquisadores, enquanto os temas (ciclos 
econômicos, descristianização, sexualidade) tornaram-se 
voga e produziram sucessos editoriais (RAMINELLI, 1992, 
p.1). 
 
 
 Ao se falar em terceira geração dos annales, não podemos deixar de lado 
cultura, sociedade e mentalidades. Certos autores tecem críticas a respeito, não 
vendo com bons olhos essa nova guinada historiográfica. No que tange à crítica e 
se faz presente ao mundo orientado pela historiografia das mentalidades é uma 
possibilidade única para as diversas classes que representam uma sociedade. Para 
os críticos desse movimento, não pode haver uma única mentalidade, enquanto 
existirem organizações duais como trabalhadores e empresários, escravos e 
senhores. Isso não é possível para alguns, pois em uma determinada sociedade, 
são várias classes, com diversos espectros mentais, com muitas visões de mundo. 
 
As Novas Tendências 
Um dos pioneiros dos novos olhares para a história, mesmo sendo 
filósofo, é Michel de Foucault. Com ele, a pesquisa histórica tem uma nova 
tendência em seu entendimento. Para ele, não se pode falar em tempo histórico 
cronológico, num receituário positivista de linearidade, mas o que costuma ser 
dito em seus escritos de descontinuidade. Mas o que seria isso? Podemos dizer 
que a história, para Foucault, não é propriamente um ato básico de retorno, mas 
de certa ruptura, fazendo-se ao longo do tempo. 
 Para Foucault, a pesquisa histórica se dá como representação, já que 
levamos em conta o trabalho com as palavras. Uma função artesanal de trabalhar 
a historicidade das palavras que se pautam no mundo, permeado das coisas e 
seus pressupostos das práticas discursivas. Nelas estão os objetos que fazem 
parte do mundo e ligados a um ou vários sujeitos. Enfim, uma nova historiografia 
numa noção crítica da razão histórica. É isso que Foucault defende em seus 
postulados, uma produção histórica do conhecimento, a partir da qual podemos 
visualizar as representações discursivas de um passado e todo um uso que dele é 
parte, hoje, de nosso convívio e o que fazemos dele. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A Micro-História 
 
Uma figura ímpar na historiografia contemporânea, ligada à história 
cultural e que faz parte de nosso trabalho é Carlo Ginzburg. Para um historiador, a 
palavra investigar é a peça chave do manual de um curioso. Mas, primeiramente, 
vamos abordar uma série de questões para discernir sobre o significado do termo: 
"investigar". O que é importante para o historiador em sua vida cotidiana de 
trabalho? Essa indagação nos remete ao fundamento científico de uma prática e a 
como pensar a questão da cientificidade dentro de uma tese. 
Uma referência que sempre resulta atrativo e proveitoso é recorrer ao 
que chamamos de paradigma do "investigador”. Um de seus pontos básicos de 
pesquisa parte do princípio do paradigma indiciário Neste, o foco de interesse 
está na forma de operar de determinadas práticas ou disciplinas, como, por 
exemplo, na crítica da arte para atribuir autorias disputadas (Morelli); ou no 
método detetivesco, para achar provas (Sherlock Holmes); ou na psicanálise, para 
detectar os sintomas da psique profunda (Freud). Com isso, estamos observando 
que os três exemplos são ligados à prática médica, peça chave para o paradigma 
indiciário. Dessa forma, pode-se afirmar que a sintomatologia médica é presente e 
manifesta. A história e a medicina se coadunam como práticas baseadas em 
testemunhos indiretos, observações indiciárias e inferências conjecturais. Carlo 
Ginzburg procura assinalar em seus estudos indiciários que a história é a disciplinado concreto, é o método nuclear de suas operações, como a abdução. Em 
contraposição está o propósito de uma macro-história que é o estabelecimento 
de regras que permitem explicar o processo histórico. O problema que se 
apresenta é a distinta natureza das leis históricas, em relação às leis das ciências 
naturais. Ginzburg é o primeiro que nos propõe conhecer a natureza das 
hipóteses na perspectiva do conhecimento histórico. Vale dizer que, neste caso, a 
postura do caráter dedutivo ou indutivo está na relação do historiador com seu 
material de pesquisa, ou seja, o pesquisador interage com o objeto. 
A micro-história é o centro da atenção para Ginzburg. Para ele, é tal 
análise que tende a se sustentar, quando documentos excepcionais são vistos, 
estudados e levados para um objeto excepcional de acordo com um olhar 
analítico ou interpretativo. A sua observação se faz quando “a reconstrução 
analítica (...) tornou-se necessária, a fim de podermos reconstruir a fisionomia, 
parcialmente obscurecida, de sua cultura e contexto social no qual ela se moldou” 
(Ginzburg, 198, p.12). 
A história cultural está presente como parte de um rico método em 
Ginzburg. Ele observa que qualquer vestígio de uma realidade cultural necessita 
de um critério crível de verificação que permite evitar que exageremos, portanto, 
Ginzburg enfrenta-se com a documentação “heterogênea”, frente a qual propõe 
novos instrumentos de análise, apropriando-se de um modelo inferencial, a 
abdução. 
 É neste ponto que a micro-história “cultural” de Ginzburg se separa da 
história das mentalidades. Todavia, devemos frisar que a mentalidade se refere ao 
que existe de menos individual e deixa claro que se liga a um contexto social de 
que faz depender a compreensão global, geral, dos casos estudados. A cultura 
que Ginzburg estuda, ao contrário, é singular, mas desprende-se de um contexto 
de mentalidade. 
A base de sua proposta metodológica de trabalho sustenta-se numa 
forma discursiva baseada no relato. Seu êxito prende-se, entre outras coisas, à 
forma narrativa, dando base em que se confronta a saturação da “história 
científica”. Carlo Ginzburg defende seu método, compelindo que a história é uma 
disciplina baseada no procedimento da argumentação. Sua força, neste caso, 
reside na convicção e no argumento de que é a presença física no lugar dos fatos, 
ao modo do historiador clássico grego, é uma testemunha direta do que 
acontecia. 
O problema do investigador da idade moderna recente e da idade média 
é a ausência de uma documentação suficiente. A opinião metodológica de 
Ginzburg adquire sentido aqui, pois uma das fontes escassas outorga maior valor 
à documentação nominal que fala da cultura das classes populares. O problema é 
como remontar-se desde informação secundária até uma realidade mais 
complexa. Se a história é abdutiva, a solução é desenvolver mais habilmente esse 
paradigma indiciário que permite ler os rastros mudos, formando uma sequência 
narrativa. 
Agora é sua vez de ler alguns textos em que se podem mostrar um pouco 
mais a respeito da temática abordada. 
 
TEXTO 1 
Fazer genealogia dos valores, da moral, do ascetismo, do conhecimento não será, 
portanto, partir em busca de sua ‘origem’, negligenciando como inacessíveis 
todos os episódios da história; será, ao contrário, se demorar nas meticulosidades 
e nos acasos dos começos; prestar uma atenção escrupulosa à sua derrisória 
maldade; espera-se vê-los surgir máscaras, enfim, retiradas, como o rosto do 
outro; não ter pudor de ir procurá-las lá onde estão, escavando os bastfond; 
deixar-lhes o tempo de elevar-se do labirinto onde nenhuma verdade as manteve 
jamais sob sua guarda. O genealogista necessita da história para conjurar a 
quimera da origem, um pouco como o bom filósofo necessita do médico para 
conjurar a sombra da alma (FOUCAULT, 1979: 19). 
 
 
TEXTO 2 
O historiador (...) deve insistir na própria importância da história, como um 
elemento (...) ativo entre os que compõem uma ideologia pratica. Em larga 
medida, a visão que uma sociedade formada e seu destino, o sentir do que ela 
atribui, correta ou erradamente, a sua própria história intervém como uma das 
armas mais poderosas das forcas de conservação ou de progresso, isso te, como 
um dos sustentáculos, entre os mais decisivos de uma vontade salvaguardar o de 
destruir um sistema de valores, como o freio ou o acelerador dos movimentos 
que, de acordo com ritmos variáveis, conduz às representações mentais e os 
comportamentos a se transformarem. (Duby, 1989, p.142) 
 
INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
ATENÇÂO: Seria interessante a leitura de outros sites, cujos autores apresentam, 
de forma clara, algumas características desse nosso assunto. Veja os sites abaixo. 
http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/78.pdf (19/09/2009, 14h10min) 
http://www.ifcs.ufrj.br/humanas/0013.htm (19/09/2009, 14h13min) 
http://www.eurozine.com/articles/2005-07-20-ginzburg-pt.html(19/09/2009, 
12h29min) 
http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html(14/09/2009, 19H34min) 
http://www.unicamp.br/~aulas/pdf3/resenha02.pdf(18/09/2009, 18h34min) 
http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Helena%20Rosa.pdf(18/09/2009, 17h25min) 
http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/78.pdf
http://www.ifcs.ufrj.br/humanas/0013.htm
http://www.eurozine.com/articles/2005-07-20-ginzburg-pt.html
http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html
http://www.unicamp.br/~aulas/pdf3/resenha02.pdf
http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Helena%20Rosa.pdf
UNIDADE 06 - A HISTÓRIA CULTURAL: AINDA NOVOS PARADIGMAS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Desenvolver conhecimentos sobre a história cultural. 
 Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da Terceira geração 
dos Annales e do nascimento de novos paradigmas em Michel Foucault e Carlo 
Ginzburg, vamos agora completar nossos estudos com a História cultural, 
entendida como um novo paradigma a ser estudado. 
Vamos lá? Sucesso e bons estudos. 
 
 
Fonte: http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2010/09/filosofias-da-historia-exposicao-e.html 
 
 
 
CULTURA: Cultura pode ser definida como 
o conjunto de manifestações artísticas, 
sociais, linguísticas e comportamentais de 
um povo ou civilização. Assim, a música, o 
teatro, os rituais religiosos, a língua falada e 
escrita, os mitos, os hábitos alimentares, as 
formas de organização social, são exemplos 
de elementos que constituem a cultura de 
um povo.O ser humano se diferencia dos 
animais irracionais pela sua capacidade de 
produzir cultura. 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
História Cultural 
 
Procuremos, antes de 
tudo, determo-nos em como 
os homens do passado se 
compreendiam, como eles 
constituíam sua totalidade e 
sua própria história. Esse fato 
tornou-se uma nova missão 
para os historiadores da Nova História, principalmente, no que diz respeito aos 
aspectos da cultura. Aqui, o pretérito passou a ser visto como um feixe de práticas 
discursivas, como uma sucessão de versões que se sobrepunham umas às outras, 
numa regressão quase infinita. Os objetos, antes inscritos e recortados de uma 
história social, fragmentaram-se e dissolveram-se no difuso território da 
indeterminação. 
A própria dimensão do cultural ganhou novos contornos: o modo de 
expressão e de auto-elaboração de grupos sociais, no correr da história, tornou-se 
problema de conflitos, de lutas, de possíveis não-equivalentes. A cultura passou a 
ser vista como uma dimensão mais viva da prática humana diária. Assim, a história 
cultural pôde ser geralmente redefinida, como um estudo dos processos e 
práticas das quais se constrói um sentido e se forjam os significantes do mundo 
social e mental. Além disso, a história cultural é 
 
centrada, por sua vez no estudo das práticas e 
representações sociais, sem que aí se percam de vista, 
porém, as relações do cultural com certo social e de ambos, 
o culturale o social, com a linguagem (FALCON, 2004, p. 
81). 
 
A história cultural aponta para uma antropologia social, cujo sentido 
busca compreender, historicamente, como determinados fenômenos culturais de 
uma formação social específica se construíram, foram aceitos ou impostos. Nesse 
processo de compreensão, é mister considerar se a produção e a assimilação dos 
fenômenos ocorreram de forma consciente ou não, se foram consideradas as 
múltiplas relações que estão presentes na produção das estruturas sociais . Para 
Duby 
 
um dos problemas da história cultural e um dos obstáculos 
para a elaboração de sistemas conceituais adequados 
decorre da elucidação das relações entre esse movimento 
criador que arrasta a evolução de uma cultura e as 
estruturas profundas (DUBY, 1989, p.126). 
 
Quando falamos em história cultural, estamos dizendo que é “algo que 
tem a ver muito mais com uma ideia plural de cultura do que propriamente com a 
sua idealização genérica” (Falcon, 2004, p.81). Podemos dizer que, nos últimos 
anos, a história cultural e social tem abandonado os espaços das chamadas 
“grandes narrativas” ou os esquemas estruturalistas, sejam o de inspiração 
marxista ou de “longue durée”, da escola dos Annales, a favor de estudos mais 
focalizados, ou a “micro-história”, no que enfatizam a contingência e autonomia 
das formas culturais. 
 
BUSCANDO CONHECIMENTO 
 
A História cultural em Chartier 
Roger Chartier, talvez, seja o historiador, mais citado entre nós, a dispor 
de um modelo específico de história cultural. Roger Chartier lançou, no número 
de comemoração dos sessenta anos da revista Annales, um artigo em que 
defendia a investigação das representações como caminho para a renovação da 
história das mentalidades ou da História Cultural, como preferiu denominar 
(Chartier,1991). 
Ao mencionar este viés historiográfico como aquele que teria por objetivo 
“identificar o modo como em diversos lugares e momentos uma determinada 
realidade social é construída, pensada, dada a ler” (1991, p.16/17), propõe uma 
abordagem peculiar do campo social que tomaria forma pelo viés do cultural. 
Dessa maneira, podemos nos inteirar que o cultural seria visto como o terreno de 
união entre os diversos sistemas simbólicos de uma sociedade historicamente 
identificada, cujos produtos e práticas sociais seriam encarados como sistemas de 
signos, ou de representações, a partir dos quais se poderiam compreender tanto 
os aspectos comunicacionais dos fatos tomados como objetos de atenção, no 
sentido de repertórios culturais dominados e postos em funcionamento efetivo, 
em graus variáveis, por formações sociais afins, quanto à formação dos aspectos 
de dominação consensual histórica, simbolicamente construída e aceita como 
verdadeira e, consequentemente, naturalizada. 
A chave para podermos entender a cultura é estarmos dispostos a 
compreender, a partir dos bens culturais, como determinadas formações sociais, 
em suas práticas efetivas, forneceram suas identidades e suas diferenças, tanto de 
uma forma deliberada e ostensiva quanto de uma maneira não-consciente. É 
nesse sentido que Chartier aponta que 
 
os grupos modelam deles próprios ou dos outros, (...) a 
história cultural que pode regressar utilmente ao social, já 
que faz incidir a sua atenção sobre as estratégias que 
determinam posições e relações e que atribuem a cada 
classe, grupo ou meio um ‘ser-apreendido’ constitutivo da 
sua identidade (CHATIER, 1991, p. 23). 
 
Ressalte-se que, com Peter Burke, deparamo-nos com novas tendências 
da história cultural, o que nos conduz a afirmar que não é nada fácil falar sobre 
cultura e sobre história cultural, já que tudo hoje parece impregnado e medido 
pela cultura. A "cultura" transformou-se na categoria-chave para a compreensão 
do mundo contemporâneo e até os níveis ideológicos devem ser 
desemaranhados de seu modo primário de representação que é cultural. O tema 
da história cultural está em estreita relação com os modos de estudo sobre o 
imaginário e a representação. 
 
Uma noção ampla de cultura e central a nova história. O 
estado, em grupos sociais e ate mesmo o sexo ou a 
sociedade em si são considerados como culturalmente 
construídos. Contudo, se utilizam o termo em sentido 
amplo, temos, pelo menos, que nos perguntar o que não 
deve ser considerado como cultura? (BURKE, 1992, p.22). 
 
Os novos estudos de história cultural revelam-nos um tipo de 
comportamento e condutas sociais, até agora muito pouco investigados, ante a 
dificuldade que existe em explicar fenômenos mentais de longa duração, com 
resistências culturais construídas ao longo de muitos anos de imposição de corpos 
dirigentes e círculos dominantes, o que se segue é que a “história cultural se 
propõe observar no passado, entre os movimentos de conjunto de uma 
civilização, os mecanismos de produção de objetos culturais” (Duby,1989,p.126). 
Como os historiadores da cultura dizem, é demasiado complexo fixar 
regras de comportamento para o conjunto de uma comunidade. Deve-se 
reconhecer que é por demais importante submeter investigações coletivas ao 
filtro da relatividade das circunstâncias concretas e pessoais. Um dos pressupostos 
tradicionais dos historiadores era a inocência da fonte, ou seja, o historiador 
deveria localizar fontes, explicá-las, analisá-las, pois essas fontes vinham dadas de 
uma forma inocente, no sentido de que, em si mesmas, não eram o fruto de uma 
criação. 
Possivelmente, a mudança mais importante na historiografia e que marca 
a história cultural nos últimos anos se localiza precisamente na consideração das 
próprias fontes como fatos criativos, uma vez que são também o fruto de uma 
construção. Nesse sentido, o meio, a mensagem e a própria difusão podem ser 
considerados construções humanas. Portanto, ao se estudar um arquivo, uma 
carta, ou a ordem de uma biblioteca, não os consideramos apenas dados, mas 
elementos a serem analisados organicamente, no contexto em que foram 
produzidos. O estar dentro da história cultural é ser parte integrante daquilo que 
se entende como a mais Nova História. 
 
INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO 
 
O que essas abordagens tem em comum e a sua preocupação com o mundo da 
experiência comum (mais do que a sociedade por si só) como o seu ponto de 
partida, juntamente com uma tentativa de encarar a vida cotidiana como 
problemática, no sentido demonstrar que o comportamento ou os valores, que 
são tacitamente aceitos em uma sociedade, são rejeitados como intrinsecamente 
absurdos em outra. Os historiadores, assim como os antropólogos sociais, tentam 
agora por a nu as regras latentes da vida cotidiana (...) e mostrar a seus leitores 
como ser um pai ou uma filha, um juiz ou um santo, em uma determinada cultura. 
Neste ponto, a história social e cultura parecem estar se dissolvendo uma na 
outra. Alguns profissionais definem-se como “novos” historiadores culturais, 
outros como historiadores “socioculturais”. Seja como for, o impacto do 
relativismo cultural sobre o escrito histórico parece inevitável 
 
 BURKE, P. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: A escrita da 
História – Novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992, p.23-24. 
 
 
ATENCÃO: Para ampliar seus conhecimentos, recomendo a consulta nos sites 
abaixo. 
http://www.miniweb.com.br/história/artigos/i_media/revoltas_camponesas7.html(1
9/03/2009, 14h10min) 
http://www.ricardocosta.com/univ/jacquerie.htm (19/03/2009, 14h13min) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.miniweb.com.br/história/artigos/i_media/revoltas_camponesas7.html
http://www.ricardocosta.com/univ/jacquerie.htm
UNIDADE 07 - A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
 
Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a historiografia brasileira. 
Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da História 
Cultural, vamos agora discutir a historiografia brasileira esua contribuição para o 
fazer histórico na contemporaneidade. 
 
 
FONTE: http://monitoriahistoriacsa.blogspot.com/2011/04/marquesa-imperatriz-
parte-1.html 
 
 
 
ESTADO: O Estado é uma instituição que 
cria parâmetro e administra uma nação, 
politicamente organizada pela existência 
de uma lei máxima – constituição e 
dirigida por um governo. 
 
NAÇÃO: é a sociedade que compartilha 
um destino comum e logra ou tem 
condições de dotar-se de um estado 
tendo como principais objetivos a 
segurança ou autonomia nacional e o 
desenvolvimento econômico (Bresser 
Pereira). 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 
Historiografia Brasileira e o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil IHGB. 
Na Europa, o pensar a história passa a articular-se em torno do problema 
da questão nacional. No Brasil, os historiadores brasileiros também estão inseridos 
nesta preocupação e não conseguem escapar incólumes acerca dessa nova 
perspectiva historiográfica. 
Portanto, o historiador, no Brasil, 
no século XIX, colocava-se no 
papel de pensar a origem da 
nação, ao mesmo tempo em que 
tentava incutir nas elites 
dirigentes uma memória comum 
que servisse como elemento 
aglutinador do território 
considerado parte do Estado 
brasileiro. 
Todavia, para os primeiros historiadores, ao contrário de seus pares na 
Europa, a nação brasileira era constituída tanto pelo Estado como pela Nação. 
Os historiadores europeus, em meio a inúmeras nações trans-nacionais, 
disputas e guerras, muitas de cunho étnico, viam a necessidade de diferenciar a 
noção de Estado e de Nação. Diferentemente, os historiadores brasileiros, ao não 
diferenciarem os conceitos de Estado e Nação, colocavam a própria forma deste 
Estado - monárquico - como uma particularidade da identidade da nação. 
Na verdade, essa defesa da monarquia revela o temor causado pelas 
repúblicas vizinhas, que se desfragmentava, em inúmeras repúblicas. Ao erigir a 
memória da monarquia atrelada à própria memória da nação, qualquer outra 
forma de governo era vista como o outro, representado muitas vezes pela figura 
do não civilizado, que deveria ser evitado. Essa primeira perspectiva 
historiográfica concebia a Nação brasileira como a portadora do processo 
civilizatório no Novo mundo, o que também explica a exagerada ênfase nos 
valores da cultura branca, na constituição do panteão de heróis nacionais e na 
memória nacional que, então, começava a delinear-se. 
A ideia de criar um Instituto Histórico que buscasse definir uma 
identidade nacional, segundo Guimarães, partiu primeiramente da Sociedade 
Auxiliadora da Indústria, SAIN, que buscava estabelecer uma ordem dentro do 
território nacional, com vistas a buscar uma forma de viabilizar, efetivamente, a 
existência de uma totalidade “Brasil”. Segundo o autor, inicialmente, o objetivo do 
IHGB era o de coletar e publicar documentos relevantes à história do Brasil e o 
incentivo ao ensino público da ciência História em todo o território nacional. 
Os membros do IHGB concebiam a história numa narrativa linear, presos 
ainda a uma concepção de história marcada pela noção de progresso. Desta 
forma, os historiadores do IHGB, buscavam explicitar essa linha dedutiva nos 
grandes acontecimentos da Nação brasileira, pois, “coincidindo com a 
estabilização do poder central monárquico e de seu projeto político centralizador. 
Escrever a história brasileira, no contexto de atuação de um Estado 
iluminado, esclarecido e civilizador, constituía-se o empenho, para o qual se 
concentram os esforços do Instituto Histórico. Assim, torna-se claro a 
preocupação de tais historiadores em enfatizar as “raízes” europeias – ou raízes 
“civilizadas” - e a importância dada por estes historiadores à presença do homem 
branco, enquanto agente da civilização, este, o responsável pelo processo 
civilizatório da nação. Nessa perspectiva, somente o homem branco poderia ser 
genuinamente brasileiro. Vale dizer que esse argumento criou uma acirrada 
disputa entre os historiadores do século XIX com a literatura daquele período, 
pois a última, veiculava a imagem do indígena como portador de uma certa 
“brasilidade”. A leitura da história compreendida por esta primeira produção 
historiográfica tinha como projeto inserir a ideia de civilização e progresso à 
gênese da identidade brasileira, para Guimarães, “a Nação, cujo retrato o instituto 
se propõe traçar, deve, portanto, surgir como desdobramento nos trópicos, de 
uma civilização branca e europeia.” 
A afirmação de uma influência francesa, na constituição do IHGB, foi 
motivada, segundo Guimarães, pela necessidade do IGHB de atrelar-se a 
instituições de pesquisa históricas francesas, em busca de uma legitimidade 
metodológica. Afirma o autor que o Institut Historique de Paris fornecia os 
parâmetros de trabalho historiográfico do IHGB. Além disso, a presença francesa 
corroborava e legitimava a tese de que o Brasil e seus homens brancos teriam o 
papel civilizador no Novo Mundo. 
Além disso, o projeto de constituição de uma identidade nacional 
permeava o temor das classes dirigentes brasileiras, em repetir, no Brasil, aquilo 
que havia acontecido nas repúblicas vizinhas que se desmembraram em disputas 
sangrentas. Os políticos, comprometidos com o processo de consolidação de uma 
monarquia constitucional num Estado forte centralizado, concordavam que era 
preciso criar na população laços efetivos que propiciasse coesão cultural suficiente 
para afastar os famigerados separatistas. Assim, pode-se afirmar que o apoio 
concebido ao IGHB pelo o Estado demonstra que as elites que governam o país 
reconheceram a história como um meio indispensável, para forjar esta desejosa 
nacionalidade. 
Não é de se espantar que o Instituto Histórico tenha sido inaugurado e 
sediado no Rio de Janeiro, capital do Império, a partir do qual seriam fundados 
outros institutos nas províncias, diretamente subordinados aos princípios 
formulados na capital do Império, onde deveriam somar-se todos os 
conhecimentos do Brasil. 
Porém, aproximando-se da posição dos literatos que defendiam a 
apreensão de símbolos nativos da América, para engendrarem tais símbolos numa 
“essencialidade brasileira”. Para Von Martius, os indígenas mereciam um estudo 
cuidadoso, pois poderiam fornecer uma gama de mitos para a constituição da 
nacionalidade. O branco, para Von Martius, logicamente, ainda deveria ser alvo 
prioritário, pois o mesmo carregava consigo a bandeira da civilização; o negro, no 
entanto, não tinha um papel preponderante, pois o negro neste momento era 
visto como um símbolo do passado. 
O meio, pelo qual o empreendimento de constituição da história da 
Nação é produzido e tornado público, é a revista trimestral publicada pelo IHGB. 
Os principais temas tornam claro quais eram os objetivos dos historiadores, 
destacando-se, neste momento: a problemática indígena, as viagens científicas 
pelo território brasileiro e o debate da história regional. 
 Segundo Guimarães (1988), o debate acerca da problemática indígena 
gira em torno da busca da integração física do território brasileiro e a discussão 
relativa às origens da Nação. Portanto, explicitar a origem do indígena era 
essencial, tanto pela questão de produzir um saber que se erigisse como memória 
e assim ser integrado à memória coletiva da nação, estes estudos também 
obedeciam aos interesses do Estado brasileiro que pretendia estender o seu 
controle aos mais longínquos povoados do território. 
A jovem monarquia que ansiava construir a sua identidade, a partir da 
construção de uma memória também entendia que inserir as populações 
indígenas fronteiriças em sua esfera cultural significava não só a inserção, muitas 
vezes de forma arbitrária, desses povoados a uma memória oficial, mas também 
um controle estatal mais preciso sobre o espaço físico da “nação”. O que também 
explica o foco privilegiado dado pelo IGHB, no mesmo período,

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