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HISTÓRIA HISTORIOGRAFIA Prof. Dr. Wagner Montanhini http://unar.info/ead HISTORIOGRAFIA Prof. Dr. Wagner Montanhini Apresentação da Disciplina Caro amigo (a), tudo bem!!! Gostaria de desejar-lhe boas vindas à disciplina de Historiografia. Vamos procurar dar aos nossos estudos toda dinâmica e interatividade necessárias ao bom conhecimento que nos espera. Para cumprir as finalidades desta disciplina, organizamos nossos estudos em sete unidades. Na primeira unidade, apresentamos conceitos fundamentais sobre o significado do termo História. Nela, verificaremos a importância da preservação da memória, para a compreensão das sociedades em seus diferentes períodos. Após a compreensão desses fundamentos, o propósito da unidade dois será propiciar conhecimentos a respeito do Iluminismo e sobre a escola positivista. Para tanto, estudaremos o pensamento histórico dos movimentos que contribuíram para o surgimento da nossa historiografia moderna e para a consolidação da História como disciplina. O materialismo Histórico e dialético de Marx e Engels será nosso objeto de estudos na unidade três. Na unidade quatro, propiciaremos conhecimentos ao movimento da historiografia denominado Escola dos Annales. Nesse estudo, verificaremos, nas suas fases iniciais, uma vertente que promoveu uma nova historiografia. A escola dos Annales, na sua terceira etapa, é foco do estudo, na unidade cinco, que demonstrará um dos movimentos que contribuíram para a formação de outra geração de historiadores, comprometida com novas investigações e premissas históricas. A unidade seis tratará de desenvolver conhecimentos sobre a história cultural, que surge como um novo paradigma no campo da produção historiográfica. Como etapa final desta disciplina dedicamos a unidade sete ao estudo da historiografia brasileira e sua contribuição para o fazer histórico na contemporaneidade. Desejamos que essa disciplina contribua para sua formação como historiador e que tenhamos um percurso de estudos muito rico em reflexões e trocas. PROGRAMA DA DISCIPLINA Ementa: Estudo das múltiplas correntes historiográficas e de seus referenciais teórico-metodológicos ao longo do tempo, enquanto modelos explicativos da história em sua dupla dimensão de saber e de realidade empírica. Objetivos Os alunos da disciplina de Historiografia do curso de Licenciatura em História, na modalidade EAD da UNAR, serão capazes de articular os diversos mecanismos de escrita e produção histórica construídas ao longo dos tempos, destacando-se a análise das metodologias que surgiram em um determinado contexto histórico. Conteúdo 1. A escrita da História: da Antiguidade Clássica ao Renascimento. 2. O iluminismo e a escola positivista de Comte. 3. O materialismo histórico e dialético de Marx/Engels 4. A escola dos Annales e as gerações iniciais. 5. A terceira geração dos Annales. 6. As novas tendências historiográficas e a crise de paradigmas 7. A historiografia brasileira Metodologia Disciplina oferecida na modalidade a distância (EAD). Incentiva-se a formação de grupos de estudo autônomos, orientados pelo professor. Avaliação No sistema EAD, a legislação determina que haja avaliação presencial, sem, entretanto, se caracterizar como a única forma possível e recomendada. Na avaliação presencial, todos os alunos estão na mesma condição, em horário e espaço pré-determinados, diferentemente, a avaliação a distância permite que o aluno realize as atividades avaliativas no seu tempo, respeitando-se, obviamente, a necessidade de estabelecimento de prazos. A avaliação terá caráter processual e, portanto, contínuo, sendo os seguintes instrumentos utilizados para a verificação da aprendizagem: 1) Provas semestrais realizadas presencialmente; 2) Questionários referentes aos conteúdos das unidades . Bibliografia Básica BURKE, Peter. A Escola dos Annales. São Paulo: UNESP, 1997. CARDOSO, Ciro Flamarion e VAINFAS, Ronaldo. Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997. CARDOSO, Ciro Flamarion e PEREZ-BRIGNOLI, Hector. Os Métodos da história. 6ª ed. Rio de Janeiro: Graal, 2002. Bibliografia Complementar BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício do Historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. BURKE, Peter. A escola dos Annales – 1929-1989. A revolução francesa da historiografia. São Paulo: UNESP, 1997. CARR, Hallet Edward. O que é História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. CERTEAU, Michel. A Escrita da história. Rio de Janeiro: Forense, 2002. FERRO, Marc. A manipulação da História no ensino e nos meios de comunicação. São Paulo: Ibrasa, 1983. LE GOFF, Jacques. A história nova. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001. SODRÉ, Nelson Werneck. Síntese de História da Cultura Brasileira. São Paulo: Bertrand do Brasil. UNIDADE 01 - HISTORIOGRAFIA ATRAVÉS DOS TEMPOS: ANTIGA, MEDIEVAL E RENASCIMENTO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre historiografia antiga e medieval. Olá amigos, tudo bem?! Bom é estarmos juntos para um momento de aprendizado sobre a construção histórica, feita pelos homens e por nós todos, cidadãos. Inicialmente, vamos explicitar a origem do termo “história”. Vale dizer que ele possui em si uma acepção dupla, pois é, ao mesmo tempo, um acontecimento e uma narrativa dentro do próprio acontecimento que o encerra. E de onde vem o termo “história”? Esse termo deriva de uma raiz, basicamente, indoeuropeia “wid”, cujo significado é saber. Cumpre-nos questionar: que tipo de saber? Trata-se de um saber construído, elaborado. Em Heródoto, esse saber denota “investigação” στορίαι (Historíai). A história faz parte de uma sociedade, seja qual for. Ela busca sempre o sentido de sua existência por meio da memória. A conservação da memória dependerá da forma como será passada, seja pelo fator mito ou pela razão. Para Caire-Jabinet (2003,p.12), a história “nasce somente quando surge um distanciamento e uma vontade crítica”. FONTE: http://histoblogsu.blogspot.com/2009/03/arte-dos-vencedores.html ESTUDANDO E REFLETINDO Grécia: a origem da história do ocidente. Podemos dizer que a história ocidental tem seu nascimento por volta do século V a. C., na Grécia. Notadamente, três são os autores principais que marcaram o momento da fundamentação de uma construção histórica e que é vista hoje pela sociedade ocidental. Um dos primeiros homens a lidar com tal dimensão de história é Heródoto de Halicarnasso (485-420 a.C). Um de seus intuitos foi entregar-se ao relato das Guerras Médicas entre gregos e persas. A finalidade a que se propunha dizia respeito a observar e esquadrinhar as origens e fazer um levantamento geográfico detalhado do mundo grego e não grego. Heródoto esboça uma nova forma de se fazer história, impondo a narrativa, desvinculando-a do mito e realizando um percurso grandioso, envolvendo geografia e etnologia. É um cronista “cujo prazer está em narrar o acontecimento e, por vezes, sobrepõe a preocupação com a precisão dos fatos.” (Caire-Jabinet, 2003) Podemos ainda citar outro historiador grego, denominado Helanico de Metilene (479-395 a.C). Seu trabalho associa-se a elaborar tabelas cronológicas, abrangendo, desde as origens míticas da Grécia até o princípio da Guerra do Peloponeso. Com ele, o método científico lança as suas bases de análise, além disso, traz em si uma profunda determinação em precisar os fatos. Tucidides (460-396 a.C) é outro historiador grego. Com ele, também a narrativa histórica da Guerra do Peloponeso (434 a 404 a.C) se faz. Denominado também de Estratego, devido ao cargo militar (general) que exercia em Atenas, busca com a sua escrita perfazer uma história que seja contemporânea. Ele procura marcar, com muita objetividade, todos os momentos por ele vividos, fazendo uma leitura bem críticados fatos que observou. É com Tucidides que a história toma um caminho mais crítico, coerente e sério e tende a deixar de ser simplesmente uma narrativa para ter, como ponto maior, um conhecimento racional e científico. Tucidides traz junto de si todo um memorial da importância da história para as sociedades. O caráter rigoroso da sua obra se revela na preocupação em descrever os fatos como fenômenos que não decorriam da obra do destino, mas sim, da ação consciente e dos interesses do Homem. Além disso, demonstra grande apego ao relato cronológico dos fatos e a narrativa isenta de paixões. Seu texto também evidencia influências sofísticas. Polibio (200-120 a.C.), outro grego, é quem terá em mãos a tarefa de procurar renovar a tradição histórica romana. Elabora, no período da grande expansão romana, toda a dimensão de sua formação, tendo em vista compreender o universo das razões que levaram Roma a ser capital de um vasto Império. Demonstra clara preocupação em explicar as motivações políticas e sociais que promoveram a grandeza do império romano e explicita o papel das instituições romanas nesse processo. Na sua obra, fica marcada a preocupação com a análise metódica das informações bem como sobre os locais em que os fatos aconteceram. Revela-se inovador para sua época, ao destacar a relevância dos aspectos geográficos para o acontecimento dos fatos. Após Polibio, Tácito trará uma história com estilo próprio; Suetonio, pela forma como sustenta as narrativas; Tito Lívio, pela amplidão de conhecimentos que abarca seu mundo; por fim, Salustio e a forma de escrita e narrativa que propõe em toda sua configuração. O Mundo Medieval por Meio de sua Historiografia Após o mundo Greco-romano, vamos dar continuidade ao tempo histórico e, agora, abarcar com mais propriedade o período medieval (séculos V a XV). Por intermédio do Renascimento, observamos a história como sendo uma disciplina menor e sem muita importância em um contexto marcado pela Cristã Católica. Por muito tempo, alguns historiadores e filósofos chegaram a acreditar que a sociedade medieval tinha ignorado a história. Mas podemos dizer que essa concepção é errônea, pois produziu, sim, vastas obras históricas, com um cunho estritamente cristão, sem fazer o chamado distanciamento crítico por parte dos autores e de seu público (Claire-Jabinet, 2003). Na Idade Média havia um interesse muito grande com relação à história dos povos bárbaros. Uma característica era a questão de as tribos germânicas irem sendo automaticamente integradas ao chamado Romanitas Christiana (Roma Cristã). A história, agora, ia se tornando provincial e regional com o mundo medievo em que se encontrava. Podemos dizer que os representantes desta historiografia foram Magno Aurélio Cassiondoro (485-580 d.C), um dos ministros diretos de Teodorico, o Grande (492-526) e de sucessivos reis ostrogodos. Escreveu uma História Góthica, em doze livros e Fasti Consulares. Gregório de Tours (540-594 d.C.) escreveu a História Francorum. Um livro excepcional, em dez volumes que procuram trazer, no seu viés historiográfico, os acontecimentos de um período turbulento. Podemos dizer que, em termos de língua, é uma fonte rica do latim vulgar. Isidoro de Sevilha (560-636 a.C), escreveu Gothorum Vandalorum et Suevorum in Hispania Chronicon, procurando narrar a história dos povos da Península Ibérica. Paulo Diácono (720-797 d.C.) escreveu num mosteiro, como monge, um comentário da chamada Regua Sancti Benedicti, e um inestimável Homiliairum. Além disso, é autor da tória Gentis Langobardorum, em seis livros, relatando o período de 568 a 744. Beda é outro monge cristão (673-735 d.C.), autor da História Ecclesiatica gentis Anglorum, que procura descrever, em seus contornos, os principais acontecimentos, desde a época de Cesar, até no de 732 d.C. na Inglaterra. Outros autores como o romano o sacerdote Paulo Oróio, que escreveu Históriarum adversus paganos Libri VII (redigida entre 416 e 418). As crônicas medievais dominaram a Idade Média, os mosteiros importantes, as chancelarias dos papas, bispos e reis faziam questão de ter as suas crônicas, ligando-as, ou não, a trabalhos já existentes. Não raro, as crônicas medievais partiam das Tabelllae aschales e continham notícias sumárias de interesse só local. Era uma historiografia muito elementar, bastante parecida com as anotações históricas feitas pelos sacerdotes e magistrados na antiga Grécia e Roma. Comparados com o alto nível alçando na Antiguidade por um Tucidides, Polibio e Tácito, os trabalhos históricos medievais – significam um retrocesso inegável, mas, muitas vezes, não são inferiores às Crônicas do Baixo-Império. Não poucos cronistas medievais possuíam muito bom senso e notável dom de observação; devemos-lhes numerosas informações importantes sobre a vida política, religiosa, econômica e social da Idade Média. Mas, geralmente, não tinham uma visão panorâmica dos acontecimentos históricos, nem procuravam as causas mortas; atribuindo demasiado valor ao argumentum ex auctoritate, renunciavam a pesquisas novas e pessoais; inclinados a verificar, a cada passo, a intervenção do céu. A partir do século XI, as crônicas medievais começam a mostrar maior atenção à “história universal” (História da Cristandade) e a dar narrativas extensas e contínuas; no sentido técnico da palavra, já não são crônicas, mas anais. Destaquemos alguns cronistas como Otao de Freysing, que escreveu suas obras em latim. Na França; Geoffroi de Villehardouin (1164-1213) autor de Sur la Conquete de Constantinople e Jean de Froissart (1337- 1405), cronista da Guerra dos Cem Anos: Chroniques de France, d´Angleterre et dês Pays voisins (1327- 1400). BUSCANDO CONHECIMENTO Arquivos e Fontes Medievais Em relação a arquivos e fontes medievais, podemos dizer que eram, em muitos casos, basicamente conservados em mosteiros, castelos, chancelarias episcopais ou régias. Vale dizer que há muitos casos e sentidos para uma preservação documental. Um deles, nesse caso, está o sentido de defender títulos de propriedades, ou basicamente com o intuito de provar direitos de alguns mosteiros, ou de certas questões familiares e sua origem. A base de toda documentação fica à disposição dos autores em simples bibliotecas, nos primeiros séculos da era cristã. Aos poucos, as bibliotecas dos conventos, franciscanas e dominicanas, em especial as que estavam instaladas em cidades universitárias e, além disso, as bibliotecas de cunho particular, como a do rei Carlos V, no Louvre. Muitos historiadores têm certa dificuldade em fazer um trabalho histórico medieval, devido ao reduzido número de manuscritos e baixo número de bibliotecas. O Renascimento e o humanismo Na época do renascimento, os historiadores manifestam desprezo à tradição historiográfica medieval. Agora, passam basicamente a tomar a antiguidade clássica como modelo e seu estilo e forma literária. Não sentiam afeto pelos cronistas medievais, retomando a antiguidade. Para os homens dessa época, a escrita podia ser em latim ou no próprio idioma. Alguns historiadores da época foram Nicolau Maquiavel (1469-1527), com uma belíssima obra intitulada História de Florença (1532) e o português, João de Barros (1497-1562), na obra Décadas da Ásia. O protestantismo foi um fator que exerceu um papel preponderante no processo de retomada de textos e documentos originais, buscando a interpretação crítica de algumas fontes. No final do século XVI, La Popeliniere, protestante huguenote, redige uma das maiores obras do renascimento Francês. Para ele, o clero deu um sentido mais que providencial ao aspecto histórico. Já era hora de uma nova metodologia de análise, na qual o político, agora, toma peso na forma de uma reflexão política. Participou de conflitos civis religiosos e buscou compreender, com certo distanciamento,os acontecimentos de sua época. Acreditava que fontes antigas ajudavam uma compreensão do presente com mais sensibilidade. Publica Histoire des histoires (1599) e Lês Trois mondes (1582), com uma real propensão a descrever o mundo antigo e moderno em seus aspectos históricos e geográficos. Por fim, citamos Etienne Pasquier (1529-1615), que, num trabalho rico, referindo-se a variados temas como folclore, jogos, história dos costumes, provérbios, canções e instituições, cria uma fundamentação baseado numa análise crítica dos documentos. Jean Bodin (1530-1596) contempla uma história na qual a preocupação fundante está em elucidar o passado e vislumbrar, antecipadamente, o futuro. Escreve um dos primeiros tratados de reflexão sobre a história: Methodus ad facilem históriarum cognitionem (Método para uma fácil compreensão da história). Uma obra erudita que busca retirar a história do meio eclesiástico. Agora que você já teve uma breve ideia sobre o assunto que tal ler alguns textos, em que se pode mostrar um pouco mais a respeito de tal temática? TEXTO 1 Tucídides: História da Guerra do Peloponeso 1.4 e 1.8.2 (a.C. 400.) Lucros da guerra: os atenienses e a tomada de Hicara (verão de 415 a.C.) Costeando a Sicília pela esquerda do lado que esta voltado para o golfo Tirreno, os atenienses arribaram em Himera, única cidade grega situada nesta parte da Sicília, como ai não foram acolhidos , retomaram a sua rota ao longo da costa , e , de passagem, apoderaram-se de Hicara, pequena praça forte costeira ( inimiga de Segesta, se bem que sicana). Após terem reduzido os homens a escravatura, entregaram a cidade as gentes de segesta ( a sua cavalaria estava presente quando da operação). Eles próprios tornaram então a partir, atravessando a sua infantaria a regiao dos Siculos ate chegar a Catania, enquanto que a frota, escoltando os prisioneiros, contornava a ilha. Quanto a Nicias, alcançara diretamente segesta por mar e, daí, após ter regulado diversos negócios e arrecadado os trinta talentos trinha-se juntado a armada. Venderam-se os prisioneiros, o que deu cento e vinte talentos. TEXTO 2 Esta é a quadra Mostrando do Inquérito de Heródoto de Halicarnasso, a fim de que nem os atos dos homens pode ser esquecido por lapso de tempo, nem as grandes obras e maravilhoso, que tenham sido produzidos alguns por gregos e alguns pelos bárbaros, pode perder a sua reputação, e especialmente que as causas podem ser recordados para que estes fizeram guerra uns com os outros 1. Aqueles dos persas que tenham conhecimento da história declarar que os fenícios começaram a brigar. Estes, dizem, veio aquele que é chamado de Mar Erythraian a este nosso, e tendo estabelecido na terra onde continuam até hoje a habitar, definir-se imediatamente para fazer longas viagens por mar. E transporte de mercadorias do Egito e da Assíria, que chegaram em outros lugares e também em Argos, agora Argos foi naquela época em todos os pontos, o primeiro dos Estados-nos que a terra que é agora chamado Hellas, - os fenícios chegaram então a essa terra de Argos, e começou a se desfazer da carga do seu navio, e no quinto ou sexto, depois de terem chegado, quando os seus bens foram quase todos vendidos, desceu para o mar uma grande companhia de mulheres, e entre eles a filha do rei, e seu nome, como os helenos também concordo, foi Io, filha de Inachos. Estes perto da popa do navio foram a compra da mercadoria, tais como os mais satisfeitos, quando, de repente, os fenícios, passando a palavra de um para outro, fez uma corrida sobre eles, e a maior parte das mulheres escaparam por vôo, mas Io e alguns outros foram levados. Então eles pô-los a bordo do navio, e imediatamente partiu, navegando para o Egito. Heródoto. A História, de Heródoto. Livro 11 Primeiro Livro de História chamado Clio. INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO Seria interessante a sua leitura em alguns sites onde os autores apresentam de forma clara algumas características desse nosso assunto. Veja nos sites abaixo: http://www.scielo.br/pdf/%0D/hcsm/v12n1/15.pdf (18/09/2009, 14h10min) http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/história_em_revista_07_Carla_Gastau d.pdf (18/09/2009, 14h10min) http://www.uesb.br/politeia/v6/artigo02.pdf (18/09/2009, 14h10min) http://www.gaialhia.kit.net/artigos/paulamaria2001.pdf (18/09/2009, 14h10min) http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/herodoto.pdf (19/09/2009, 09h11min) http://www.scielo.br/pdf/%0D/hcsm/v12n1/15.pdf http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/historia_em_revista_07_Carla_Gastaud.pdf http://www.ufpel.tche.br/ich/ndh/downloads/historia_em_revista_07_Carla_Gastaud.pdf http://www.uesb.br/politeia/v6/artigo02.pdf http://www.gaialhia.kit.net/artigos/paulamaria2001.pdf http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/pdf/mneme10/herodoto.pdf UNIDADE 02 - DO ILUMINISMO AO POSITIVISMO DE COMTE CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos a respeito do Iluminismo e sobre a escola positivista. Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da escrita da História, passando da Antiguidade Clássica ao Renascimento, vamos, agora, abordar o iluminismo e a escola positivista de Comte. Para tanto, estudaremos o pensamento histórico dos movimentos que contribuíram para o surgimento da nossa historiografia moderna e para a consolidação da História como disciplina. Assim, veremos como os historiadores procuraram solucionar os desafios colocados por sua época ao modo de se fazer História. FONTE: http://filosofialimite.blogspot.com/2010_12_01_archive.html ESTUDANDO E REFLETINDO Os Iluministas Falar do Iluminismo implica falar de razão, de entendimento, do movimento filosófico das luzes, em que o pensamento histórico do século XVIII se instalou. A importância da historiografia feita pelos filósofos desse período se abastece da palavra dúvida, o que acarreta uma eminente renovação no processo de escrita da história. Os filósofos da época buscavam claras respostas a respeito das indagações sobre política, filosofia, sociedade e, em nosso caso, sobre a história das civilizações e suas origens. Podemos iniciar com Montesquieu (1689-1755). Em uma de suas obras de maior expoente “Do Espírito das Leis” (1748) o filósofo pesquisa fontes escritas dos sistemas jurídicos, para sustentar seus estudos a respeito da civilização. Suas pesquisas priorizam a busca da confirmação das hipóteses levantadas, com vistas a dar uma tese final para isso. Com isso, um filósofo como Montesquieu vê, na história, uma ferramenta, para que o pensamento pudesse ser articulado da melhor maneira possível. Um dos filósofos de maior destaque do século XVIII, Voltaire (1694-1778), foi um dos primeiros, junto com Montesquieu, a se utilizar da história e da filosofia para se chegar ao duplo aspecto da erudição e da reflexão. O livro de Voltaire, “Siècle de Louis XIV”, é um dos primeiros trabalhos em que o filósofo busca a pesquisa histórica como um campo de apoio. No ano de 1744, faz um amplo trabalho de reflexão a respeito do método histórico em Consideratins sur L´histoire. Mas qual o método de Voltaire, ao tomar a história como guia de suas investigações filosóficas? Em primeiro lugar, seu trabalho está em consultar os documentos originais, o que foi uma questão primordial em suas pesquisas, tornando-se o primeiro e grande método seu. Quatro pontos são importantes para ele: letras, demografia, vida cotidiana e artes. Ao se voltar para esse filósofo, observamos que sua busca centrava-se em fazer uma história que fosse ampla, total, e, por meio dos documentos, pudesse verificar toda a atividade humana exercida ao longo do tempo. Um dos pontos preponderantes em Voltaire é que o levantamento de documentos por si só não basta. O seu texto mais importante é Essai sur lês moeurs et l´esprit de nation (1756). Não era umhistoriador, mas abriu um legado para que outros historiadores do século XIX, como Burckhardt, abrissem caminho para grandes obras. Enfim, os filósofos do século XVIII buscavam encontrar na razão histórica, um caminho para que suas ideias políticas se confirmassem. A História Romântica Outra geração a fazer da historiografia um instrumento importante para a memória do período foram os historiadores franceses: Barante, Sismondi, Guizot, Thierry, Michaud, Michelet. Eram supostos historiadores, sem formação, mas pretensiosos em estabelecer um novo método histórico. Era algo bem europeu da época, num período onde o Imperialismo se fazia presente entre as nações industrializadas, o nacionalismo ser o carro chefe dos discursos políticos. Um dos pontos essenciais nessa historiografia do século XIX é a valorização dos documentos. O olhar que começam a ter volta-se para o povo e, desse fato, decorre a adoção de uma posição firme no tocante à historiografia. Jules Michelet (1798-1864) foi um dos grandes historiadores franceses. Uma de suas características está em ter um talento nato para o passado. Seu carisma estende-se ao entusiasmo com que trabalha os documentos; um estilo próprio para o início dos trabalhos relativos à vida cotidiana, dos sentimentos, os meios políticos, econômicos e sociais. A personalidade é bem ostentada em seus trabalhos, principalmente, em A História da Revolução Francesa. Alemanha e o positivismo histórico. Na Alemanha, em pleno século XIX, a produção histórica desenvolve-se e, com ela, a crítica e a erudição do estilo Francês dos períodos anteriores. Os alemães que mais se destacaram na historiografia da época foram L. Von Ranke e B. Niebuhr, influenciando Europa e gerações com seu estilo, a partir do século XIX. Ranke destaca-se por possuir cunho erudito. O seu método detinha-se, basicamente, em documentos diplomáticos para que pudesse historiar o Estado e todas as questões pertinentes às relações exteriores, pois, para ele, as relações diplomáticas determinavam as iniciativas internas do Estado. Mas qual o sentido de se estudar a relação que envolvia externa e internamente o Estado? O contexto da época era de luta por um povo alemão unido, em que o nacionalismo existisse de fato. Dessa forma, as políticas externas viviam seu momento maior. Para Ranke, a história fazia-se pelas ideias, cabendo ao historiador encontrá-las inseridas numa história que se fazia presente. O que representa a história para Ranke? Representa fatos que falam por si mesmo. A ideia do historiador torna-se nula. Os fatos já estão prontos, brutos, polidos e não podem ser lapidados, mas entendidos em sua única integridade. O historiador deixa de ser passivo, deixa de ser o objeto e senhor do seu sujeito. Nada de formalizar o objeto, selecionar, construir e dar um acabamento final. Quando o historiador chega ao final de seu trabalho o que se nota, basicamente, não é a alma do historiador, mas um estilo que ali se plantou e, nele, algo imparcial, isento, sem vida e que não recebe nenhuma influência de seu ambiente sócio-político-cultural. Na verdade, acredita-se que, se os historiadores adotassem uma atitude de distanciamento de seu objeto, sem manter relações de interdependência, obteriam um conhecimento histórico objetivo, um reflexo fiel dos fatos do passado, puro de toda distorção subjetiva. O historiador, para os alemães, narra fatos realmente acontecidos e tal como eles se passaram. Os fatos "narráveis" eram os eventos políticos, administrativos, diplomáticos, religiosos, considerados o centro do processo histórico, dos quais todas as outras atividades eram derivadas, em seu caráter factual: eventos únicos e irrepetíveis. O passado, desvinculado do presente, era a "área do historiador". Uma das primeiras publicações dos alemães foi em 1824 com a Monumentae Germanae Histórica. Na França, a erudição histórica se instala. A historiografia alemã conta, na França, com dois historiadores Langlois e Seignobos, Introduction aux études historiques, de 1898. O desejo de constituir a história, sob bases científicas, positivas, se expressa, portanto, na ênfase ao dado, ao evento, no cultivo à dúvida, à observação, à erudição e na recusa dos modelos literários e metafísicos. O legado historiográfico positivista instalou-se na obra de grandes historiadores como Fustel de Coulanges, que foram historiadores mais críticos e menos românticos. O historiador Francês, Fustel de Coulanges, foi quem realizou uma obra basicamente "científica". Ao aplicar seu método positivista, não excluiu toda e qualquer hipótese, a menos que tenha origem em fontes documentais históricas confiáveis. A maior de suas obras é “A Cidade Antiga”. Agora que você já se familiarizou com o assunto que tal ler dois significativos textos em que se mostra a presença romântica e positivista da historiografia do século XIX? BUSCANDO CONHECIMENTO Texto 1 FUSTEL DE COULANGES 1- Crenças sobre a alma e sobre a morte. Até o apagar das luzes da história da Grécia e de Roma, presenciamos a permanência entre os homens do povo de certo conjunto de pensamentos e de hábitos, com certeza, oriundos de época muito remota, mas no qual já se pode reconhecer o ideário original concebido pelo homem relativo a sua própria natureza, a sua alma , e sobre o mistério da morte. Ate onde nos e dado remontar na história da raça indo-européia, de onde se originaram as populações gregas e italianas, observamos que esta jamais acreditou que, depois desta curta existência, tudo terminasse com a morte do homem. 2-.A fratria e a cúria; a tribo. Na história das sociedades antigas as épocas são melhor definidas pelo encadeamento das idéias e das instituições que pela sucessão dos anos. O estudo das antigas regras do direito privado faz-nos entrever, para alem dos tempos chamados históricos, um período de séculos o qual a família foi a única forma de sociedade existente. Esta família podia então conter, no seu extenso quadro, vários milhares de seres humanos. Dentro de tais limites porem, a sociedade humana aparece ainda bastante acanhada: muito limitada quanto as necessidades matérias, porque seria difícil a esta família ser auto-suficiente diante de todos os acasos da vida.... A cidade antiga. São Paulo: Martin Claret, 2002. p.13; 127. Texto 2 JULES MICHELET A 5 de outubro, oito ou dez mil mulheres foram a Versalhes; muita gente as acompanhou. A Guarda Nacional forçou o Sr. De La Fayete a conduzi-la para lá na mesma noite. No dia 6, eles trouxeram o rei e o obrigaram-no a residir em Paris. Esse grande movimento foi o mais amplo que a Revolução apresentou após 14 de julho. O de outubro foi, quase tanto quanto o outro, unânime, no sentido de que aqueles que dele não participaram desejaram-lhe sucesso , e todos se alegraram de que o rei estivesse em Paris. Não devemos procurar aqui a ação dos partidos. Eles agiram, mas fizeram muito pouco. A causa real, certa, para as mulheres, para a multidão mais miserável, foi uma só, a fome. Tendo desmontado um cavaleiro, em Versalhes, mataram o cavalo e comeram-no quase cru. Para a maior parte dos homens, povo ou guardas nacionais, a causa do movimento foi a honra, o ultraje feito pela corte ao emblema parisiense, adotado pela Franca inteira como símbolo da revolução, teriam os homens marchado sobre Versalhes, se as mulheres não os tivessem precedido? Isso e duvidoso. Ninguém antes delas teve a idéia de ir buscar o rei. O Palais-Royal, a 30 de agosto, partiu com Saint-Huruge, mas era para levar queixas, ameaças a assembléia, que discutia o veto. Aqui, só povo tem a iniciativa; sozinho, vai tomar o rei, como sozinho tomara a bastilha. INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO ATENCÃO: Seria interessante a sua leitura em outros sites onde os autores apresentam algumas características desse assunto.Veja nos sites abaixo: http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm (19/08/2009, 14h10min) http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm (12/08/2009, 12h23min) http://www.coladaweb.com/filosofia/positivismo (19/08/2009, 14h13min) http://www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/ (13/08/2009, 12h34min) http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/história026.asp (12/08/2009,12h45min) http://www.brasilescola.com/sociologia/positivismo.htm http://www.mundodosfilosofos.com.br/comte.htm http://www.coladaweb.com/filosofia/positivismo http://www.mundoeducacao.com.br/iluminismo/ http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historia026.asp UNIDADE 03 - O MATERIALISMO HISTÓRICO E DIALÉTICO DE MARX/ENGELS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Aprofundar os estudos sobre o Materialismo Histórico. Após estudarmos e conhecermos um pouco melhor a respeito do Iluminismo e da escola positivista, vamos agora discutir um pouco mais a respeito do Materialismo histórico e dialético de Marx e Engels. Para tanto, propiciamos conhecimentos sobre estudar um pensamento histórico/dialético/crítico de um dos movimentos que, em muito, contribuíram e ainda contribuem para os rumos da historiografia moderna. Fonte: http://www.marxists.org/archive/marx/photo/art/index.htm ESTUDANDO E REFLETINDO O Materialismo Histórico O século XIX traz, ainda, no seu bojo, o materialismo histórico, traduzido, sobretudo, pelos escritos de Marx e Engels, cujos escritos datam dos anos quarenta do século XIX. Uma das grandes vertentes da crítica à produção historiográfica ocorreu, no século XIX, num intuito declarado de repúdio a história política feita até o momento. A partir daí, uma nova vertente de análise passou a existir, pondo o econômico como elemento principal e basicamente determinante de todo processo de relações de produção. Eis o ponto básico, para se compreender toda a dimensão das relações humanas no interior de uma sociedade, sobre a qual a historiografia debruça-se claramente. No livro Ideologia Alemã (1845-46), Marx e Engels destacaram que a história deveria ser marcada, essencialmente, pela dimensão histórica. Marx deu ensejo a uma “Teoria Geral das Sociedades em Movimento." Um dos pontos principais de sua análise concentra-se num processo histórico e que busca o caminho da dialética hegeliana, em que todo processo de contradições se produz, não apenas no mundo das ideias, mas nas condições materiais básicas da vida cotidiana; existência de uma "formação social" específica. Marx e Engels defendem a tese de que a História era movida basicamente pela luta de classes, trazendo, sempre, a oposição entre proletários e capitalistas. Nesta perspectiva, a economia se constitui num aspecto de homérica importância, inclusive, para o desenvolvimento das sociedades, tendo em vista, sobretudo, o controle que se é exercido pelos meios de produção. Os Modos de Produção Buscando entender mais a teoria de Karl Marx, a questão dos modos de produção assumem um pressuposto histórico muito importante, em que a História dos homens será feita, agora, por meio de seis modos de produção estabelecidos que são: comunista primitivo, asiático, feudal, capitalista, socialista e comunista. Marx, aluno do filósofo Hegel, toma sua teoria da Tese-Antítese- Síntese, apropria-se dela e defende que o mundo real, cotidiano é o chamado “motor da história”. Mas o que seria essa teoria em termos práticos? Nada menos que uma relação de forças produtivas e as relações das mesmas, conduzindo a uma “luta de classes”. Nessa relação dialética que se vê entre as chamadas forças dominantes (a burguesia-Tese) e os dominados (os operários - Antítese), surgiria uma nova classe (o proletariado – Síntese), como um novo modo de produção (o socialismo). O que é presente em Marx e que não deve ser esquecido está na forma, agora, de procurar compreender que todo processo histórico tem uma dinâmica, feita pelos homens e suas relações. Um dos pontos importantes no bojo da historiografia marxista é que ela tende a ver, com mais profundidade, o conceito de classes. O que Marx faz é uma estrutura de análise, em que se foca, a partir de uma vertente dupla, isto é, de um lado, há os dominados; de outro, os dominantes. Nesta perspectiva, o marxismo aponta em direção ao entendimento dos interesses e conflitos que as classes projetam em sociedade. O sentido que Marx quer dar a conhecer é a visão da luta de classes para qualquer tido de sociedade, de agrupamento humano. BUSCANDO CONHECIMENTO O Historiador e o marxismo O historiador, para o marxismo, é aquele que passa a ser o sujeito e objeto da história e também está no interior da história. Os fatos, agora, voltam- se mais para o social, focalizando os acontecimentos políticos, econômicos e também sociais. O Materialismo Histórico, como Marx o concebe, entende a História como uma Ciência, que é possuidora do Método Dialético. Nele, conhece-se a condição da contradição para procurar romper com a estrutura já feita. Atualmente, a historiografia marxista exerce uma influência muito grande em quase todo planeta. Em muitos lugares, vários historiadores propuseram-se a escrever uma história de cunho marxista. As duas vertentes que mais se descaram em nível mundial foram a francesa e inglesa. Na Inglaterra, grandes historiadores como Maurice Dobb, Christopher Hill, Eric Hobsbawn, Paul Thompson entre outros mais; já, na França, onde os estudiosos se debruçam mais a respeito estão Ernest Labrousse, Pierre Vilar, Jaques Lefebvre. No Brasil, há alguns principais como Caio Prado Jr, Jacob Gorender, Boris Fausto, Edgar De Decca, Daniel Aarão Reis Filho e muitos outros. Agora que você já teve uma ideia sobre o assunto, que tal ler alguns textos sobre a temática enfocada? TEXTO 1 O primeiro pressuposto de toda a história humana e naturalmente a existência de indivíduos humanos vivos. O primeiro estado de coisas a se constatar e, portanto, a organização corporal desses indivíduos e a relação com a natureza restante que aquela lhes dá. Obviamente, não podemos entrar aqui em detalhes sobre a constituição física dos homens mesmo, nem sobre as condições naturais que os homens encontram ai, as condições geológicas, oro-hidrográficas, climáticas e outras. Toda historiografia tem que partir dessas bases naturais e de sua transformação pela ação do homem no curso da história. MARX, K. A ideologia Alemã. In: Marx/Engels – História. São Paulo: Ed. Atica, 1984,p.187. TEXTO 2 Como o Estado nasceu da necessidade de conter os antagonismos de classe, mas, ao mesmo tempo, nasceu e meio ao conflito dessas classes, ele e, por conseguinte, em regra, Estado da classe mais poderosa, economicamente dominante, que, através dele, também se torna a classe politicamente dominante e, assim, adquire novos meios para a repressão e exploração das classes oprimidas. Assim, o Estado antigo era, antes de tudo, Estado dos donos de escravos para manter a sujeição dos escravos, assim como o Estado feudal era órgão da nobreza para manter a sujeição dos servos e camponeses dependentes, e o moderno estado representativo e instrumento da exploração do trabalho assalariado através do capital. ENGELS, F. Barbárie e civilização (Origem da família, da propriedade privada e do Estado). In: Marx/Engels – História. São Paulo: Ed. Ática, 1984, p.331. INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO ATENCAO: Seria interessante aprofundar seus conhecimentos. Para tanto, consulte outros sites, a respeito da temática enfocada na unidade. http://www.nodo50.org/cubasigloXXI/congreso04/boito_060404.pdf (25/09/2009, 14h10min) http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es /GT2/gt2m5c7.pdf (25/09/2009, 14h13min) http://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1903/03/14.htm(25/09/2009, 14h13min) http://www.nodo50.org/cubasigloXXI/congreso04/boito_060404.pdf http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es/GT2/gt2m5c7.pdf http://www.unicamp.br/cemarx/ANAIS%20IV%20COLOQUIO/comunica%E7%F5es/GT2/gt2m5c7.pdf http://www.marxists.org/portugues/luxemburgo/1903/03/14.htm UNIDADE 04 - A ESCOLA DOS ANNALES E AS GERAÇÕES INICIAIS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a Escola dos Annales Após estudarmos o materialismo histórico, vamos, agora, discutir um pouco mais a respeito da Escola dos Annales e o seu princípio, abordando o pensamento histórico do movimento que acabaram por contribuir para uma nova historiografia. Fonte: http://www.pianetalibri.com/capitalismo-e-civilta-materiale.html ESTUDANDO E REFLETINDO Os Annales: Início de Uma Nova Historiografia O princípio da Escola dos Annales está ligado, basicamente, em contraposição à Escola Positivista. A sua emergência está na busca de uma nova tendência em seus escritos e isso começou a ser feito nas duas primeiras décadas do século XX. Contudo, existe uma história que se faz presente nesse período e antecede a famosa revista Les Annales d´ Histoire Économique et Sociale em 1929. Em 1900, o filósofo Henri Berr propõe a criação da chamada “Revista de Síntese", num modo de reagir contra a chamada "escola metódica". Nesse caminho, vários intelectuais que não congregavam as ideias de erudição da escola positivista vão se alinhar, entre eles, os historiadores Lucien Febvre e Marc Bloch. Para Lucien Febvre e Marc Bloch já era tempo de dar uma nova dimensão, um novo caminho para a história. Fundam, assim, a chamada Revista Les Annales d´ Histoire Économique et Sociale, no ano de 1929. O que tinham basicamente em mente era proporcionar uma interdisciplinaridade e ligar as ciências humanas em seus vários momentos de pesquisa e análise. A preocupação da Revista dos Annales está em fugir das linhas da erudição pressuposta pela "escola metódica" e também do viés político. Ao contrário, ela quer uma acentuação maior em relação ao acontecimento e a chamada “longa duração". A sua atenção se detém para uma história que não seja basicamente política, mas com viés econômico, geográfico, sociológico, psicológico. O intuito dos Annales centra-se em ligar fortemente a história a outras ciências. É com esse objetivo e a nova tendência que uma nova historiografia surge (nouvelle histoire). Ela associa-se á École des Annales e a Revista Annales: ecónomies, societés, civilisations. A Nouvelle Histoire pode ser definida como uma posição de análise das estruturas. Podemos entender uma nova historiografia que não se particulariza agora no efeito data, mas nos aspectos que tangem toda forma de estrutura. Um dos filhos da geração dos Annales é Fernand Braudel, com quem se inaugura a segunda fase. Para esse historiador, dentro do mundo dos Annales inscreve-se a "História de Longa Duração". Mas como podemos definir melhor isso, entender essa “longa duração”? Para Braudel, a história particulariza-se pelo sentido de superfície; a história dos acontecimentos numa visão positivista; a outra também conhecida como meia encosta, que é uma história conjuntural, lenta; em num plano mais profundo, uma de longa duração, uma história de décadas, séculos. O tempo histórico é modificado pela Nouvelle Histoire. As ciências sociais adquirem um novo estágio e forma de ver o tempo. Agora, a história vê uma nova dimensão de tempo e junto uma análise dita progressiva, contínua que leva junto de si uma observação mais global dos acontecimentos sem ser puramente cronológica. A história, agora, não está sozinha. Conta com o auxílio das ciências sociais. Sofre com isso uma guinada no campo de métodos e técnicas próprias. O que é a documentação, nesse momento, para o historiador? Qual o seu significado para essa historiografia? Para José Carlos Reis, Os documentos se referem à vida cotidiana das massas anônimas, à sua vida produtiva, à sua vida comercial, ao seu consumo, às suas crenças, às suas diversas formas de vida social. (REIS, 1994, p. 126) A nova história agora vê a documentação de forma diferente, quando comparada aos demais os momentos, são lados, vieses. A documentação não é mais oficial, mas arqueológica, arquitetural, pictográfica, iconográfica (grafites), fotográfica (imagens), cinematográfica, história oral, ou seja, constitui-se de todo tipo de documentação possível que represente a presença social do homem em meio a uma civilização. As fontes agora gritam junto aos documentos. A nouvelle histoire tem em mente um tempo que seja múltiplo, de diversas fases, caminhos dentro do mesmo. História de uma cultura, da moda, da sexualidade, do beijo, enfim, multifaces num único olhar, sem a existência de um tempo apenas frio e progressivo. O tempo não é cronologicamente linear, como os positivistas. Os Annales reviram, agora, o fator tempo para uma nova atenção ao cotidiano dos homens e da sociedade. BUSCANDO CONHECIMENTO A Segunda Geração dos Annales Uma ênfase maior deve ser dada inicialmente a Fernand Braudel. O seu sentido de trabalho historiográfico, agora, reveste-se de um determinado período da história, pauta-se nele e em seu interior, busca todos os pontos possíveis de análise, em que o homem era incluso. Agora é a figura dos homens, de uma sociedade que se faz por ela e plenamente em sua pluralidade de ações. Chega até ao ambiente de uma geo-história. Gostaria de salientar que uma segunda geração dos annales nasce. Porém, o foco pela busca incessante da interdisciplinaridade continua sendo propósito dos annales. Nesse processo, a geografia toma um espaço social importante. Um dos clássicos da Escola dos Annales é o livro “O Mediterrâneo”, de Fernad Braudel. Sua intenção está em procurar descrever uma geo-história da região do mediterrâneo, ao longo de um processo. Braudel assume a direção da revista, após a morte de Febvre. Ao seu lado, novos historiadores vão aparecer como Le Goff, Emanoel Roy, Marc Ferro. No fundo, Braudel irá renovar a Revista, buscando com mais veemência uma boa relação com as demais ciências sociais. Nesta segunda geração, a ênfase em estudos econômicos vem ao encontro da história. As ideias de Marx com Ernest Labrousse despontam como alternativa para projetar esses estudos econômicos. O quantitativo começa a ter uma dimensão maior, ao serem vistos e buscados documentos relativos à história demográfica, que fará parte da história cultural. Cresce, assim, a relação entre as demais ciências sociais e a história, a partir desse momento, passa a ser analisada como fenômeno social e local. Essa é a segunda geração dos Annales: demográfica, interdisciplinar, regional e social. Agora que você já teve uma breve ideia sobre o assunto, que tal ler alguns textos sobre a temática? TEXTO 1 Já foi sugerido que a expansão do campo do historiador implica o repensar da explicação histórica,uma vez que as tendências culturais e sociais não podem se analisadas da mesma maneira que os acontecimentos políticos. Elas requerem mais explicação estrutural. Quer gostem, que não, os historiadores estão tendo de se preocupar com questões que por muito tempo interessam a sociólogos e a outros cientistas sociais. Quem são os verdadeiros agentes na história, os indivíduos ou os grupos? Será que eles podem resistir com sucesso as pressões das estruturas sociais, políticas ou culturais? São essas estruturas meramente restrições a liberdade de ação, ou permitem aos agentes realizarem mais escolhas? BURKE, P. A escrita da História – Novas perspectivas. São Paulo. Ed. UNESP, 1991. TEXTO 2 “A volta mais importante e a da história política. Aqui também, embora a Escola dos Annales tenha tidorazão em combater uma história política superficial a fatual de visão curta, uma história da política no sentido politiqueiro do termo, e preciso construir uma história do político que seja uma história do poder sob todos os seus aspectos, nem todos políticos, uma história que inclua notadamente o simbólico e o imaginário.” Le Goff, J. A história nova. Introdução. São Paulo: Martins Fontes, 1978. INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO ATENÇÂO: Seria interessante a sua leitura em outros sites, em que os autores apresentam de forma clara algumas características desse assunto. Veja nos sites abaixo: http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm (20/09/2009, 14h10min) http://www.primeiraversao.unir.br/artigo183.html (20/09/2009, 14h13min) http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da- escola-dos-annales/pagina1.html (20/09/2009, 12h19min) http://www.históriaehistória.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=53 (19/09/2009, 22h10min) http://www.klepsidra.net/klepsidra16/annales.htm http://www.primeiraversao.unir.br/artigo183.html http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da-escola-dos-annales/pagina1.html http://www.webartigos.com/articles/10920/1/a-circulacao-da-implantacao-da-escola-dos-annales/pagina1.html http://www.historiaehistoria.com.br/materia.cfm?tb=professores&id=53 UNIDADE 05 - A ESCOLA DOS ANNALES: A TERCEIRA GERAÇÃO E AS NOVAS TENDÊNCIAS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a terceira geração da Escola dos Annales. Nesta unidade, nosso foco é o estudo do pensamento histórico dos movimentos que contribuíram para a formação de outra geração de historiadores comprometidos com novas investigações e premissas históricas. Fonte:http://www.magnanimousportraits.com/innovators/122Michel%20Foucault.html ESTUDANDO E REFLETINDO A Terceira geração dos Annales Podemos afirmar que a terceira geração vem para dar uma nova guinada historiográfica no ato de produzir conhecimento histórico. Os idealizadores, pós- Braudel, vão dividir ainda mais a pesquisa historiográfica. Agora, o sentido está em olhar a história, por meio das histórias, como a do medo, da dor, da loucura, dos objetos, enfim, de uma nova quantidade de abordagens que privilegiem a condição cultural, desde que dando viés ao mental, ou seja, o homem vive pelos caminhos das mentalidades, é essa e a sua identidade social. Na identidade da Nova História, a História das Mentalidades vem abrir um novo leque de estudos historiográficos, passando a ter vida na metade do século XX, advinda da Escola dos Annales, teve como principais expoentes George Duby, Jacques Le Goff, Philippe Ariès e demais historiadores. Com essa posição historiográfica, a história vê o sentido das mesmas vivências sociais e cotidianas, compromete a relação de força entre os fenômenos culturais de uma sociedade e todos os variados comportamentos, hábitos e formas de ser. Por intermédio dela, entende-se e busca conhecer melhor uma sociedade nas profundezas de sua mentalidade, psicologia e cultura de comportamento. Com isso, a Nova História propicia ao público e a própria prática historiográfica um rumo diverso, seja em termos de uma história pública ou privada. Nessa perspectiva, traz à sociedade o conhecimento vivido pelas formas materiais e até dos meios mais distantes de se conhecer uma natureza social. Com a história das mentalidades, vários estudos vão se apropriar dessa mesma teoria, trazendo aspectos variados como a história do medo no ocidente, do sorriso, da morte, enfim, meios de análise que permitirão ao historiador compreender melhor as sociedades humanas de longas datas. Para Raminelli As mentalidades induziram os historiadores a romper com as barreiras rígidas do tempo. Os eventos deixaram de ser pensados em si, como fatos isolados, e foram relacionados a uma trama fenomenológica complexa, a uma totalidade. A História, então, tornou-se uma construção do historiador, que organiza os fatos conforme o problema ou a teoria previamente delimitados. Assim, um incidente será pensado em sua relação com o político, econômico, cultural, psicológico. O fato e a delimitação temporal perderam terreno entre os pesquisadores, enquanto os temas (ciclos econômicos, descristianização, sexualidade) tornaram-se voga e produziram sucessos editoriais (RAMINELLI, 1992, p.1). Ao se falar em terceira geração dos annales, não podemos deixar de lado cultura, sociedade e mentalidades. Certos autores tecem críticas a respeito, não vendo com bons olhos essa nova guinada historiográfica. No que tange à crítica e se faz presente ao mundo orientado pela historiografia das mentalidades é uma possibilidade única para as diversas classes que representam uma sociedade. Para os críticos desse movimento, não pode haver uma única mentalidade, enquanto existirem organizações duais como trabalhadores e empresários, escravos e senhores. Isso não é possível para alguns, pois em uma determinada sociedade, são várias classes, com diversos espectros mentais, com muitas visões de mundo. As Novas Tendências Um dos pioneiros dos novos olhares para a história, mesmo sendo filósofo, é Michel de Foucault. Com ele, a pesquisa histórica tem uma nova tendência em seu entendimento. Para ele, não se pode falar em tempo histórico cronológico, num receituário positivista de linearidade, mas o que costuma ser dito em seus escritos de descontinuidade. Mas o que seria isso? Podemos dizer que a história, para Foucault, não é propriamente um ato básico de retorno, mas de certa ruptura, fazendo-se ao longo do tempo. Para Foucault, a pesquisa histórica se dá como representação, já que levamos em conta o trabalho com as palavras. Uma função artesanal de trabalhar a historicidade das palavras que se pautam no mundo, permeado das coisas e seus pressupostos das práticas discursivas. Nelas estão os objetos que fazem parte do mundo e ligados a um ou vários sujeitos. Enfim, uma nova historiografia numa noção crítica da razão histórica. É isso que Foucault defende em seus postulados, uma produção histórica do conhecimento, a partir da qual podemos visualizar as representações discursivas de um passado e todo um uso que dele é parte, hoje, de nosso convívio e o que fazemos dele. BUSCANDO CONHECIMENTO A Micro-História Uma figura ímpar na historiografia contemporânea, ligada à história cultural e que faz parte de nosso trabalho é Carlo Ginzburg. Para um historiador, a palavra investigar é a peça chave do manual de um curioso. Mas, primeiramente, vamos abordar uma série de questões para discernir sobre o significado do termo: "investigar". O que é importante para o historiador em sua vida cotidiana de trabalho? Essa indagação nos remete ao fundamento científico de uma prática e a como pensar a questão da cientificidade dentro de uma tese. Uma referência que sempre resulta atrativo e proveitoso é recorrer ao que chamamos de paradigma do "investigador”. Um de seus pontos básicos de pesquisa parte do princípio do paradigma indiciário Neste, o foco de interesse está na forma de operar de determinadas práticas ou disciplinas, como, por exemplo, na crítica da arte para atribuir autorias disputadas (Morelli); ou no método detetivesco, para achar provas (Sherlock Holmes); ou na psicanálise, para detectar os sintomas da psique profunda (Freud). Com isso, estamos observando que os três exemplos são ligados à prática médica, peça chave para o paradigma indiciário. Dessa forma, pode-se afirmar que a sintomatologia médica é presente e manifesta. A história e a medicina se coadunam como práticas baseadas em testemunhos indiretos, observações indiciárias e inferências conjecturais. Carlo Ginzburg procura assinalar em seus estudos indiciários que a história é a disciplinado concreto, é o método nuclear de suas operações, como a abdução. Em contraposição está o propósito de uma macro-história que é o estabelecimento de regras que permitem explicar o processo histórico. O problema que se apresenta é a distinta natureza das leis históricas, em relação às leis das ciências naturais. Ginzburg é o primeiro que nos propõe conhecer a natureza das hipóteses na perspectiva do conhecimento histórico. Vale dizer que, neste caso, a postura do caráter dedutivo ou indutivo está na relação do historiador com seu material de pesquisa, ou seja, o pesquisador interage com o objeto. A micro-história é o centro da atenção para Ginzburg. Para ele, é tal análise que tende a se sustentar, quando documentos excepcionais são vistos, estudados e levados para um objeto excepcional de acordo com um olhar analítico ou interpretativo. A sua observação se faz quando “a reconstrução analítica (...) tornou-se necessária, a fim de podermos reconstruir a fisionomia, parcialmente obscurecida, de sua cultura e contexto social no qual ela se moldou” (Ginzburg, 198, p.12). A história cultural está presente como parte de um rico método em Ginzburg. Ele observa que qualquer vestígio de uma realidade cultural necessita de um critério crível de verificação que permite evitar que exageremos, portanto, Ginzburg enfrenta-se com a documentação “heterogênea”, frente a qual propõe novos instrumentos de análise, apropriando-se de um modelo inferencial, a abdução. É neste ponto que a micro-história “cultural” de Ginzburg se separa da história das mentalidades. Todavia, devemos frisar que a mentalidade se refere ao que existe de menos individual e deixa claro que se liga a um contexto social de que faz depender a compreensão global, geral, dos casos estudados. A cultura que Ginzburg estuda, ao contrário, é singular, mas desprende-se de um contexto de mentalidade. A base de sua proposta metodológica de trabalho sustenta-se numa forma discursiva baseada no relato. Seu êxito prende-se, entre outras coisas, à forma narrativa, dando base em que se confronta a saturação da “história científica”. Carlo Ginzburg defende seu método, compelindo que a história é uma disciplina baseada no procedimento da argumentação. Sua força, neste caso, reside na convicção e no argumento de que é a presença física no lugar dos fatos, ao modo do historiador clássico grego, é uma testemunha direta do que acontecia. O problema do investigador da idade moderna recente e da idade média é a ausência de uma documentação suficiente. A opinião metodológica de Ginzburg adquire sentido aqui, pois uma das fontes escassas outorga maior valor à documentação nominal que fala da cultura das classes populares. O problema é como remontar-se desde informação secundária até uma realidade mais complexa. Se a história é abdutiva, a solução é desenvolver mais habilmente esse paradigma indiciário que permite ler os rastros mudos, formando uma sequência narrativa. Agora é sua vez de ler alguns textos em que se podem mostrar um pouco mais a respeito da temática abordada. TEXTO 1 Fazer genealogia dos valores, da moral, do ascetismo, do conhecimento não será, portanto, partir em busca de sua ‘origem’, negligenciando como inacessíveis todos os episódios da história; será, ao contrário, se demorar nas meticulosidades e nos acasos dos começos; prestar uma atenção escrupulosa à sua derrisória maldade; espera-se vê-los surgir máscaras, enfim, retiradas, como o rosto do outro; não ter pudor de ir procurá-las lá onde estão, escavando os bastfond; deixar-lhes o tempo de elevar-se do labirinto onde nenhuma verdade as manteve jamais sob sua guarda. O genealogista necessita da história para conjurar a quimera da origem, um pouco como o bom filósofo necessita do médico para conjurar a sombra da alma (FOUCAULT, 1979: 19). TEXTO 2 O historiador (...) deve insistir na própria importância da história, como um elemento (...) ativo entre os que compõem uma ideologia pratica. Em larga medida, a visão que uma sociedade formada e seu destino, o sentir do que ela atribui, correta ou erradamente, a sua própria história intervém como uma das armas mais poderosas das forcas de conservação ou de progresso, isso te, como um dos sustentáculos, entre os mais decisivos de uma vontade salvaguardar o de destruir um sistema de valores, como o freio ou o acelerador dos movimentos que, de acordo com ritmos variáveis, conduz às representações mentais e os comportamentos a se transformarem. (Duby, 1989, p.142) INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO ATENÇÂO: Seria interessante a leitura de outros sites, cujos autores apresentam, de forma clara, algumas características desse nosso assunto. Veja os sites abaixo. http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/78.pdf (19/09/2009, 14h10min) http://www.ifcs.ufrj.br/humanas/0013.htm (19/09/2009, 14h13min) http://www.eurozine.com/articles/2005-07-20-ginzburg-pt.html(19/09/2009, 12h29min) http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html(14/09/2009, 19H34min) http://www.unicamp.br/~aulas/pdf3/resenha02.pdf(18/09/2009, 18h34min) http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Helena%20Rosa.pdf(18/09/2009, 17h25min) http://www.cpdoc.fgv.br/revista/arq/78.pdf http://www.ifcs.ufrj.br/humanas/0013.htm http://www.eurozine.com/articles/2005-07-20-ginzburg-pt.html http://www.klepsidra.net/klepsidra12/foucault.html http://www.unicamp.br/~aulas/pdf3/resenha02.pdf http://www.cfh.ufsc.br/abho4sul/pdf/Helena%20Rosa.pdf UNIDADE 06 - A HISTÓRIA CULTURAL: AINDA NOVOS PARADIGMAS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Desenvolver conhecimentos sobre a história cultural. Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da Terceira geração dos Annales e do nascimento de novos paradigmas em Michel Foucault e Carlo Ginzburg, vamos agora completar nossos estudos com a História cultural, entendida como um novo paradigma a ser estudado. Vamos lá? Sucesso e bons estudos. Fonte: http://fabiopestanaramos.blogspot.com/2010/09/filosofias-da-historia-exposicao-e.html CULTURA: Cultura pode ser definida como o conjunto de manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo ou civilização. Assim, a música, o teatro, os rituais religiosos, a língua falada e escrita, os mitos, os hábitos alimentares, as formas de organização social, são exemplos de elementos que constituem a cultura de um povo.O ser humano se diferencia dos animais irracionais pela sua capacidade de produzir cultura. CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE História Cultural Procuremos, antes de tudo, determo-nos em como os homens do passado se compreendiam, como eles constituíam sua totalidade e sua própria história. Esse fato tornou-se uma nova missão para os historiadores da Nova História, principalmente, no que diz respeito aos aspectos da cultura. Aqui, o pretérito passou a ser visto como um feixe de práticas discursivas, como uma sucessão de versões que se sobrepunham umas às outras, numa regressão quase infinita. Os objetos, antes inscritos e recortados de uma história social, fragmentaram-se e dissolveram-se no difuso território da indeterminação. A própria dimensão do cultural ganhou novos contornos: o modo de expressão e de auto-elaboração de grupos sociais, no correr da história, tornou-se problema de conflitos, de lutas, de possíveis não-equivalentes. A cultura passou a ser vista como uma dimensão mais viva da prática humana diária. Assim, a história cultural pôde ser geralmente redefinida, como um estudo dos processos e práticas das quais se constrói um sentido e se forjam os significantes do mundo social e mental. Além disso, a história cultural é centrada, por sua vez no estudo das práticas e representações sociais, sem que aí se percam de vista, porém, as relações do cultural com certo social e de ambos, o culturale o social, com a linguagem (FALCON, 2004, p. 81). A história cultural aponta para uma antropologia social, cujo sentido busca compreender, historicamente, como determinados fenômenos culturais de uma formação social específica se construíram, foram aceitos ou impostos. Nesse processo de compreensão, é mister considerar se a produção e a assimilação dos fenômenos ocorreram de forma consciente ou não, se foram consideradas as múltiplas relações que estão presentes na produção das estruturas sociais . Para Duby um dos problemas da história cultural e um dos obstáculos para a elaboração de sistemas conceituais adequados decorre da elucidação das relações entre esse movimento criador que arrasta a evolução de uma cultura e as estruturas profundas (DUBY, 1989, p.126). Quando falamos em história cultural, estamos dizendo que é “algo que tem a ver muito mais com uma ideia plural de cultura do que propriamente com a sua idealização genérica” (Falcon, 2004, p.81). Podemos dizer que, nos últimos anos, a história cultural e social tem abandonado os espaços das chamadas “grandes narrativas” ou os esquemas estruturalistas, sejam o de inspiração marxista ou de “longue durée”, da escola dos Annales, a favor de estudos mais focalizados, ou a “micro-história”, no que enfatizam a contingência e autonomia das formas culturais. BUSCANDO CONHECIMENTO A História cultural em Chartier Roger Chartier, talvez, seja o historiador, mais citado entre nós, a dispor de um modelo específico de história cultural. Roger Chartier lançou, no número de comemoração dos sessenta anos da revista Annales, um artigo em que defendia a investigação das representações como caminho para a renovação da história das mentalidades ou da História Cultural, como preferiu denominar (Chartier,1991). Ao mencionar este viés historiográfico como aquele que teria por objetivo “identificar o modo como em diversos lugares e momentos uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler” (1991, p.16/17), propõe uma abordagem peculiar do campo social que tomaria forma pelo viés do cultural. Dessa maneira, podemos nos inteirar que o cultural seria visto como o terreno de união entre os diversos sistemas simbólicos de uma sociedade historicamente identificada, cujos produtos e práticas sociais seriam encarados como sistemas de signos, ou de representações, a partir dos quais se poderiam compreender tanto os aspectos comunicacionais dos fatos tomados como objetos de atenção, no sentido de repertórios culturais dominados e postos em funcionamento efetivo, em graus variáveis, por formações sociais afins, quanto à formação dos aspectos de dominação consensual histórica, simbolicamente construída e aceita como verdadeira e, consequentemente, naturalizada. A chave para podermos entender a cultura é estarmos dispostos a compreender, a partir dos bens culturais, como determinadas formações sociais, em suas práticas efetivas, forneceram suas identidades e suas diferenças, tanto de uma forma deliberada e ostensiva quanto de uma maneira não-consciente. É nesse sentido que Chartier aponta que os grupos modelam deles próprios ou dos outros, (...) a história cultural que pode regressar utilmente ao social, já que faz incidir a sua atenção sobre as estratégias que determinam posições e relações e que atribuem a cada classe, grupo ou meio um ‘ser-apreendido’ constitutivo da sua identidade (CHATIER, 1991, p. 23). Ressalte-se que, com Peter Burke, deparamo-nos com novas tendências da história cultural, o que nos conduz a afirmar que não é nada fácil falar sobre cultura e sobre história cultural, já que tudo hoje parece impregnado e medido pela cultura. A "cultura" transformou-se na categoria-chave para a compreensão do mundo contemporâneo e até os níveis ideológicos devem ser desemaranhados de seu modo primário de representação que é cultural. O tema da história cultural está em estreita relação com os modos de estudo sobre o imaginário e a representação. Uma noção ampla de cultura e central a nova história. O estado, em grupos sociais e ate mesmo o sexo ou a sociedade em si são considerados como culturalmente construídos. Contudo, se utilizam o termo em sentido amplo, temos, pelo menos, que nos perguntar o que não deve ser considerado como cultura? (BURKE, 1992, p.22). Os novos estudos de história cultural revelam-nos um tipo de comportamento e condutas sociais, até agora muito pouco investigados, ante a dificuldade que existe em explicar fenômenos mentais de longa duração, com resistências culturais construídas ao longo de muitos anos de imposição de corpos dirigentes e círculos dominantes, o que se segue é que a “história cultural se propõe observar no passado, entre os movimentos de conjunto de uma civilização, os mecanismos de produção de objetos culturais” (Duby,1989,p.126). Como os historiadores da cultura dizem, é demasiado complexo fixar regras de comportamento para o conjunto de uma comunidade. Deve-se reconhecer que é por demais importante submeter investigações coletivas ao filtro da relatividade das circunstâncias concretas e pessoais. Um dos pressupostos tradicionais dos historiadores era a inocência da fonte, ou seja, o historiador deveria localizar fontes, explicá-las, analisá-las, pois essas fontes vinham dadas de uma forma inocente, no sentido de que, em si mesmas, não eram o fruto de uma criação. Possivelmente, a mudança mais importante na historiografia e que marca a história cultural nos últimos anos se localiza precisamente na consideração das próprias fontes como fatos criativos, uma vez que são também o fruto de uma construção. Nesse sentido, o meio, a mensagem e a própria difusão podem ser considerados construções humanas. Portanto, ao se estudar um arquivo, uma carta, ou a ordem de uma biblioteca, não os consideramos apenas dados, mas elementos a serem analisados organicamente, no contexto em que foram produzidos. O estar dentro da história cultural é ser parte integrante daquilo que se entende como a mais Nova História. INTERAGINDO COM O CONHECIMENTO O que essas abordagens tem em comum e a sua preocupação com o mundo da experiência comum (mais do que a sociedade por si só) como o seu ponto de partida, juntamente com uma tentativa de encarar a vida cotidiana como problemática, no sentido demonstrar que o comportamento ou os valores, que são tacitamente aceitos em uma sociedade, são rejeitados como intrinsecamente absurdos em outra. Os historiadores, assim como os antropólogos sociais, tentam agora por a nu as regras latentes da vida cotidiana (...) e mostrar a seus leitores como ser um pai ou uma filha, um juiz ou um santo, em uma determinada cultura. Neste ponto, a história social e cultura parecem estar se dissolvendo uma na outra. Alguns profissionais definem-se como “novos” historiadores culturais, outros como historiadores “socioculturais”. Seja como for, o impacto do relativismo cultural sobre o escrito histórico parece inevitável BURKE, P. Abertura: a nova história, seu passado e seu futuro. In: A escrita da História – Novas perspectivas. São Paulo: UNESP, 1992, p.23-24. ATENCÃO: Para ampliar seus conhecimentos, recomendo a consulta nos sites abaixo. http://www.miniweb.com.br/história/artigos/i_media/revoltas_camponesas7.html(1 9/03/2009, 14h10min) http://www.ricardocosta.com/univ/jacquerie.htm (19/03/2009, 14h13min) http://www.miniweb.com.br/história/artigos/i_media/revoltas_camponesas7.html http://www.ricardocosta.com/univ/jacquerie.htm UNIDADE 07 - A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivos: Propiciar conhecimentos sobre a historiografia brasileira. Após estudarmos e conhecermos um pouco a respeito da História Cultural, vamos agora discutir a historiografia brasileira esua contribuição para o fazer histórico na contemporaneidade. FONTE: http://monitoriahistoriacsa.blogspot.com/2011/04/marquesa-imperatriz- parte-1.html ESTADO: O Estado é uma instituição que cria parâmetro e administra uma nação, politicamente organizada pela existência de uma lei máxima – constituição e dirigida por um governo. NAÇÃO: é a sociedade que compartilha um destino comum e logra ou tem condições de dotar-se de um estado tendo como principais objetivos a segurança ou autonomia nacional e o desenvolvimento econômico (Bresser Pereira). ESTUDANDO E REFLETINDO Historiografia Brasileira e o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil IHGB. Na Europa, o pensar a história passa a articular-se em torno do problema da questão nacional. No Brasil, os historiadores brasileiros também estão inseridos nesta preocupação e não conseguem escapar incólumes acerca dessa nova perspectiva historiográfica. Portanto, o historiador, no Brasil, no século XIX, colocava-se no papel de pensar a origem da nação, ao mesmo tempo em que tentava incutir nas elites dirigentes uma memória comum que servisse como elemento aglutinador do território considerado parte do Estado brasileiro. Todavia, para os primeiros historiadores, ao contrário de seus pares na Europa, a nação brasileira era constituída tanto pelo Estado como pela Nação. Os historiadores europeus, em meio a inúmeras nações trans-nacionais, disputas e guerras, muitas de cunho étnico, viam a necessidade de diferenciar a noção de Estado e de Nação. Diferentemente, os historiadores brasileiros, ao não diferenciarem os conceitos de Estado e Nação, colocavam a própria forma deste Estado - monárquico - como uma particularidade da identidade da nação. Na verdade, essa defesa da monarquia revela o temor causado pelas repúblicas vizinhas, que se desfragmentava, em inúmeras repúblicas. Ao erigir a memória da monarquia atrelada à própria memória da nação, qualquer outra forma de governo era vista como o outro, representado muitas vezes pela figura do não civilizado, que deveria ser evitado. Essa primeira perspectiva historiográfica concebia a Nação brasileira como a portadora do processo civilizatório no Novo mundo, o que também explica a exagerada ênfase nos valores da cultura branca, na constituição do panteão de heróis nacionais e na memória nacional que, então, começava a delinear-se. A ideia de criar um Instituto Histórico que buscasse definir uma identidade nacional, segundo Guimarães, partiu primeiramente da Sociedade Auxiliadora da Indústria, SAIN, que buscava estabelecer uma ordem dentro do território nacional, com vistas a buscar uma forma de viabilizar, efetivamente, a existência de uma totalidade “Brasil”. Segundo o autor, inicialmente, o objetivo do IHGB era o de coletar e publicar documentos relevantes à história do Brasil e o incentivo ao ensino público da ciência História em todo o território nacional. Os membros do IHGB concebiam a história numa narrativa linear, presos ainda a uma concepção de história marcada pela noção de progresso. Desta forma, os historiadores do IHGB, buscavam explicitar essa linha dedutiva nos grandes acontecimentos da Nação brasileira, pois, “coincidindo com a estabilização do poder central monárquico e de seu projeto político centralizador. Escrever a história brasileira, no contexto de atuação de um Estado iluminado, esclarecido e civilizador, constituía-se o empenho, para o qual se concentram os esforços do Instituto Histórico. Assim, torna-se claro a preocupação de tais historiadores em enfatizar as “raízes” europeias – ou raízes “civilizadas” - e a importância dada por estes historiadores à presença do homem branco, enquanto agente da civilização, este, o responsável pelo processo civilizatório da nação. Nessa perspectiva, somente o homem branco poderia ser genuinamente brasileiro. Vale dizer que esse argumento criou uma acirrada disputa entre os historiadores do século XIX com a literatura daquele período, pois a última, veiculava a imagem do indígena como portador de uma certa “brasilidade”. A leitura da história compreendida por esta primeira produção historiográfica tinha como projeto inserir a ideia de civilização e progresso à gênese da identidade brasileira, para Guimarães, “a Nação, cujo retrato o instituto se propõe traçar, deve, portanto, surgir como desdobramento nos trópicos, de uma civilização branca e europeia.” A afirmação de uma influência francesa, na constituição do IHGB, foi motivada, segundo Guimarães, pela necessidade do IGHB de atrelar-se a instituições de pesquisa históricas francesas, em busca de uma legitimidade metodológica. Afirma o autor que o Institut Historique de Paris fornecia os parâmetros de trabalho historiográfico do IHGB. Além disso, a presença francesa corroborava e legitimava a tese de que o Brasil e seus homens brancos teriam o papel civilizador no Novo Mundo. Além disso, o projeto de constituição de uma identidade nacional permeava o temor das classes dirigentes brasileiras, em repetir, no Brasil, aquilo que havia acontecido nas repúblicas vizinhas que se desmembraram em disputas sangrentas. Os políticos, comprometidos com o processo de consolidação de uma monarquia constitucional num Estado forte centralizado, concordavam que era preciso criar na população laços efetivos que propiciasse coesão cultural suficiente para afastar os famigerados separatistas. Assim, pode-se afirmar que o apoio concebido ao IGHB pelo o Estado demonstra que as elites que governam o país reconheceram a história como um meio indispensável, para forjar esta desejosa nacionalidade. Não é de se espantar que o Instituto Histórico tenha sido inaugurado e sediado no Rio de Janeiro, capital do Império, a partir do qual seriam fundados outros institutos nas províncias, diretamente subordinados aos princípios formulados na capital do Império, onde deveriam somar-se todos os conhecimentos do Brasil. Porém, aproximando-se da posição dos literatos que defendiam a apreensão de símbolos nativos da América, para engendrarem tais símbolos numa “essencialidade brasileira”. Para Von Martius, os indígenas mereciam um estudo cuidadoso, pois poderiam fornecer uma gama de mitos para a constituição da nacionalidade. O branco, para Von Martius, logicamente, ainda deveria ser alvo prioritário, pois o mesmo carregava consigo a bandeira da civilização; o negro, no entanto, não tinha um papel preponderante, pois o negro neste momento era visto como um símbolo do passado. O meio, pelo qual o empreendimento de constituição da história da Nação é produzido e tornado público, é a revista trimestral publicada pelo IHGB. Os principais temas tornam claro quais eram os objetivos dos historiadores, destacando-se, neste momento: a problemática indígena, as viagens científicas pelo território brasileiro e o debate da história regional. Segundo Guimarães (1988), o debate acerca da problemática indígena gira em torno da busca da integração física do território brasileiro e a discussão relativa às origens da Nação. Portanto, explicitar a origem do indígena era essencial, tanto pela questão de produzir um saber que se erigisse como memória e assim ser integrado à memória coletiva da nação, estes estudos também obedeciam aos interesses do Estado brasileiro que pretendia estender o seu controle aos mais longínquos povoados do território. A jovem monarquia que ansiava construir a sua identidade, a partir da construção de uma memória também entendia que inserir as populações indígenas fronteiriças em sua esfera cultural significava não só a inserção, muitas vezes de forma arbitrária, desses povoados a uma memória oficial, mas também um controle estatal mais preciso sobre o espaço físico da “nação”. O que também explica o foco privilegiado dado pelo IGHB, no mesmo período,
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