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LIVRO - Educação Infantil e a Garantia dos Direitos Fundamentais da Infancia

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A EDUCAÇÃO 
INFANTIL E A 
GARANTIA DOS 
DIREITOS 
FUNDAMENTAIS 
DA INFÂNCIA
Glaucia Silva 
Bierwagen 
A Base Comum Curricular 
e a educação infantil
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar a importância da Base Nacional Comum Curricular para a
educação infantil.
 Reconhecer a importância da garantia dos direitos de aprendizagem 
das crianças nas escolas de educação infantil.
 Reconhecer os campos de experiências como um conjunto de lin-
guagem relacionados às práticas sociais de nossa cultura.
Introdução
Durante algumas décadas, o Ministério da Educação publicou documentos 
com o objetivo de normatizar e organizar a educação infantil — creche 
e pré-escola. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um desses 
documentos. Ela estabelece um conjunto orgânico e progressivo de 
aprendizagens que todos os alunos devem desenvolver ao longo de todas 
as etapas da educação básica (educação infantil, ensino fundamental e 
ensino médio), obrigatória dos 4 aos 17 anos.
Neste capítulo, você vai conhecer a estrutura da BNCC da educação 
infantil. Como você vai ver, ela inclui os direitos e objetivos de apren-
dizagem e desenvolvimento das crianças, bem como os campos de 
experiências (BRASIL, 2017).
A importância da BNCC para a educação infantil
Com o objetivo de regulamentar e organizar a educação infantil, o Ministério da 
Educação (MEC) publicou alguns documentos. Entre eles, você pode considerar: 
Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 1998a, 
1998b, 1998c), em três volumes; dois Planos Nacionais de Educação (BRASIL, 
2001, 2014); Parâmetros de Qualidade para a Educação Infantil (BRASIL, 2006); 
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010); 
e, mais recentemente, a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017).
Mas você sabe o que é a Base Nacional Comum Curricular? É um docu-
mento de caráter normativo que define um conjunto orgânico e progressivo 
de aprendizagens que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas 
da educação básica. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
(BRASIL, 1996), a BNCC deve nortear os currículos dos sistemas de ensino 
(municipal, estadual e federal) e também as propostas pedagógicas das escolas 
públicas e privadas de educação básica (BRASIL, 2017).
A BNCC é um documento plural preparado por especialistas de várias 
áreas. Ela tem o objetivo de superar a fragmentação das políticas educacionais, 
buscando fortalecer o regime de colaboração entre as três esferas de governo 
(municipal, estadual e federal). Além disso, pretende balizar a qualidade da 
educação. Cabe ao Governo Federal a revisão da formação inicial e continuada 
de professores para alinhá-los à BNCC. Já as redes de ensino públicas de edu-
cação básica e as escolas particulares têm a tarefa de construir currículos com 
base nas aprendizagens essenciais estabelecidas na BNCC (BRASIL, 2017).
Nos fundamentos pedagógicos da BNCC se define competência como: 
“[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilida-
des (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver 
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do 
mundo do trabalho [...]” (BRASIL, 2017, p. 8).
Dessa forma, esse documento pretende assegurar o direito de aprendi-
zagem a todos os alunos da educação básica, enfatizando seu compromisso 
com a educação integral, respeitando o contexto e os desafios da sociedade 
brasileira. A Base enumera 10 competências gerais para a educação básica, 
que determinam “[...] o compromisso da educação brasileira com a formação 
humana integral e com a construção de uma sociedade justa, democrática e 
inclusiva [...]” (BRASIL, 2017, p. 7).
Acerca da educação infantil, na BNCC há como proposição os direitos de 
aprendizagem e desenvolvimento e os campos de experiências, que se subdividem 
nas seguintes faixas etárias: bebês (0 a 1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas 
(1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 
11 meses). Além disso, o documento apresenta os objetivos de aprendizagem 
e desenvolvimento para a educação infantil (BRASIL, 2017). No Quadro 1, a 
seguir, você pode ver a estrutura da educação infantil por faixa etária.
A Base Comum Curricular e a educação infantil2
 Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 42). 
Creche Pré-escola
Bebês (zero a 1 
ano e 6 meses)
Crianças bem pequenas 
(1 ano e 7 meses a 3 
anos e 11 meses)
Crianças pequenas 
(4 anos e 5 anos 
e 11 meses)
 Quadro 1. Estrutura da educação infantil (BNCC) 
A BNCC tem a concepção de criança focalizada “[...] no ser que é, na 
completude de suas competências e disposições [...]” (SARMENTO, 2008, p. 
22). Ou seja, rompe-se com a visão “adultocêntrica” de educação que anula as 
potencialidades das crianças e entende-se que a criança é protagonista. Afinal, 
ela se relaciona com seus pares e parceiros adultos, produzindo sentidos para 
as suas ações. As crianças recebem uma cultura construída pela sociedade. 
Contudo, ao serem expostas e encorajadas a realizar atividades em uma ins-
tituição de educação infantil, podem transformar essa produção cultural, 
interpretando-a e integrando-a por meio de suas práticas (SARMENTO, 2013).
A seguir, veja a importância da garantia dos direitos de aprendizagem das crian-
ças nas escolas de educação infantil segundo a Base Nacional Comum Curricular.
Direitos de aprendizagem das crianças 
nas escolas de educação infantil
As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, em seu art. 4º, 
defi nem a criança como: 
[...] sujeito histórico e de direitos, que, nas interações, relações e práticas 
cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, 
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona 
e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura [...] 
(BRASIL, 2010, documento on-line).
A criança é um sujeito completo, histórico e de direitos, com possibilidades 
de construir identidade pessoal e conhecimento e produzir cultura. Nas últimas 
3A Base Comum Curricular e a educação infantil
décadas, está consolidando-se na educação infantil a visão que vincula educar 
e cuidar, entendendo essas ações como inseperáveis do processo educativo. 
Tendo em vista os eixos estruturantes da educação e os princípios estéticos, 
éticos e políticos destacados na DCNEI que sustentam os direitos da criança, 
são propostos pela BNCC seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento: 
conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se. Esses direitos 
asseguram, na educação infantil, as condições para que as crianças aprendam, 
desenvolvam-se e socializem em situações que possilitem experimentações. 
A ideia é que elas possam construir e apropriar-se de conhecimentos por meio 
de suas interações e ações com seus pares e adultos (BRASIL, 2017).
De acordo com a BNCC, as crianças têm seis direitos de aprendizagem e desenvolvi-
mento. Você pode conhecê-los melhor a seguir (BRASIL, 2017).
  Conviver com outras crianças e adultos, em pequenos e grandes grupos, utilizando 
diferentes linguagens, ampliando o conhecimento de si e do outro, o respeito em 
relação à cultura e às diferenças entre as pessoas.
  Brincar cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com 
diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a 
produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas 
experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e 
relacionais.
  Participar ativamente, com adultos e outras crianças, tanto do planejamento da 
gestão da escola e das atividades propostas pelo educador quanto da realização das 
atividades da vida cotidiana, tais como a escolha das brincadeiras, dos materiais e 
dos ambientes, desenvolvendo diferentes linguagens e elaborando conhecimentos,decidindo e se posicionando.
  Explorar movimentos, gestos, sons, formas, texturas, cores, palavras, emoções, trans-
formações, relacionamentos, histórias, objetos, elementos da natureza, na escola e 
fora dela, ampliando seus saberes sobre a cultura, em suas diversas modalidades: as 
artes, a escrita, a ciência e a tecnologia. Expressar, como sujeito dialógico, criativo e 
sensível, suas necessidades, emoções, sentimentos, dúvidas, hipóteses, descobertas, 
opiniões, questionamentos, por meio de diferentes linguagens.
  Conhecer-se e construir sua identidade pessoal, social e cultural, constituindo uma 
imagem positiva de si e de seus grupos de pertencimento, nas diversas experiên-
cias de cuidados, interações, brincadeiras e linguagens vivenciadas na instituição 
escolar e em seu contexto familiar e comunitário.
A Base Comum Curricular e a educação infantil4
A criança é vista pela BNCC como alguém que “[...] observa, questiona, 
levanta hipóteses, faz conclusões, faz julgamentos e assimila valores [...]” 
(BRASIL, 2017, p. 36), construindo conhecimentos e se apropriando do conhe-
cimento sistematizado por meio da ação e de interações com o mundo físico e 
social. Tais aprendizagens devem vir acompanhadas de uma intencionalidade 
educativa, responsabilidade da etapa da educação infantil (creche e pré-escola), 
e não ocorrem por meio de um processo espontâneo (BRASIL, 2017).
Quais são essas intencionalidades educativas? O educador deve propor 
experiências que possibilitem à criança: 
[...] conhecer a si e ao outro e [...] conhecer e compreender as relações com 
a natureza, com a cultura e com a produção científica, que se traduzem nas 
práticas de cuidados pessoais (alimentar-se, vestir-se, higienizar-se), nas 
brincadeiras, nas experimentações com materiais variados, na aproximação 
com a literatura e no encontro com as pessoas [...] (BRASIL, 2017, p. 37).
Como o educador pode realizar isso, conforme as orientações da BNCC? 
O trabalho do educador é: “[...] refletir, selecionar, organizar, planejar, mediar 
e monitorar o conjunto das práticas e interações, garantindo a pluralidade de 
situações que promovam o desenvolvimento pleno das crianças [...]” (BRASIL, 
2017, p. 37). A BNCC enfatiza que os educadores realizem “[...] a observação 
da trajetória de cada criança e de todo o grupo — suas conquistas, avanços, 
possibilidades e aprendizagens [...]” (BRASIL, 2017, p. 37).
E como é possível registrar essa trajetória e a progressão de aprendizagens 
das crianças? A BNCC indica que devem ser usados vários registros — rela-
tórios, portfólios, fotografias, desenhos e textos —, tanto pelos professores 
quanto pelas crianças (BRASIL, 2017). O objetivo desse registro não é a 
seleção, a promoção e a classificação das crianças como “aptas” ou “não 
aptas”, “prontas” ou “não prontas”, “maduras” ou “imaturas”, mas a garantia 
dos seus direitos de aprendizagens (BRASIL, 2017).
Como você viu, na educação infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento 
das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegu-
rando-lhes os direitos de aprendizagem — conviver, brincar, participar, explorar, 
expressar-se e conhecer-se. A organização curricular da educação infantil na BNCC 
estrutura-se em cinco campos de experiências, no âmbito dos quais são definidos 
os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, como você vai ver a seguir.
5A Base Comum Curricular e a educação infantil
Campos de experiências
O que são os campos de experiências? Primeiramente, a defi nição e a desig-
nação dos campos de experiências resultam do que dispõem as Diretrizes 
Curriculares Nacionais de Educação Infantil com relação aos saberes e co-
nhecimentos essenciais a serem garantidos às crianças e associados às suas 
experiências. Dessa forma, os campos de experiências “[...] constituem um 
arranjo curricular que acolhe as situações e as experiências concretas da vida 
cotidiana das crianças e seus saberes, entrelaçando-os aos conhecimentos que 
fazem parte do patrimônio cultural [...]” (BRASIL, 2017, p. 38).
O campos de experiências em que se organiza a BNCC são: (1) O eu, o outro 
e o nós; (2) Corpo, gestos e movimentos; (3) Traços, sons, cores e formas; (4) 
Escuta, fala, pensamento e imaginação e (5) Espaços, tempos, quantidades, 
relações e transformações. A seguir, você pode conhecer melhor cada um 
deles conforme as disposições da BNCC.
O campo de experiências “O eu, o outro e o nós” considera que é na interação 
com os pares e adultos (na família, instituição escolar, comunidade) que as crianças 
realizam suas aprendizagens — modo de agir, sentir, pensar, descobertas, ques-
tionamentos sobre si e outros, construção de autonomia, senso de autocuidado, 
reciprocidade e interdependência do meio. Dessa forma, na educação infantil:
[...] é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com 
outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, 
técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e 
narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si 
mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as 
diferenças que nos constituem como seres humanos [...] (BRASIL, 2017, p. 38). 
No campo de experiências “Corpo, gestos e movimentos”, as crianças 
desde cedo devem ter experimentações: 
(1) com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou 
intencionais, coordenados ou espontâneos), [que] exploram o mundo, o espaço 
e os objetos do seu entorno, estabelecem relações, expressam-se, brincam e 
produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e 
cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade.
(2) por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, 
as brincadeiras de faz de conta, [que] [...] se comunicam e se expressam no 
entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem (BRASIL, 2017, p. 38).
A Base Comum Curricular e a educação infantil6
Assim, na educação infantil, “[...] o corpo das crianças ganha centralidade, 
pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, 
orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão [...]” 
(BRASIL, 2017, p. 38). As escolas precisam possibilitar às crianças oportuni-
dades ricas, permeadas pelo espírito lúdico e pela interação com pares. Assim, 
elas podem explorar e realizar vivências a partir de um amplo repertório de:
[...] movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir 
variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com 
apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas 
e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.) 
(BRASIL, 2017, p. 38).
No campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”, defende-se que 
as crianças devem:
[...] conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e científicas, 
locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, [o que] possibilita às 
crianças, por meio de experiências diversificadas, vivenciar diversas formas 
de expressão e linguagens, como as artes visuais (pintura, modelagem, cola-
gem, fotografia etc.), a música, o teatro, a dança e o audiovisual, entre outras 
[...] (BRASIL, 2017, p. 39).
A BNCC mostra que, com base nessas experiências, as crianças se expressam 
por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais e 
exercitando a autoria (coletiva e individual). Tais experiências colaboram para 
que “[...] as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de 
si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca [...]” (BRASIL, 2017, p. 39).
Logo, a educação infantil precisa propiciar a participação das crianças:
[...] em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, 
de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e 
da expressão pessoaldas crianças, permitindo que se apropriem e reconfi-
gurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao 
ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas [...] 
(BRASIL, 2017, p. 39).
O campo de experiência “Escuta, fala, pensamento e imaginação” mostra 
a importância de os bebês e as crianças participarem de situações comuni-
7A Base Comum Curricular e a educação infantil
cativas cotidianas com as pessoas com as quais interagem, apropriando-se 
progressivamente da língua materna. Na educação infantil, é necessário propor 
experiências nas quais as crianças possam:
[...] falar e ouvir, potencializando sua participação na cultura oral, pois é 
na escuta de histórias, na participação em conversas, nas descrições, nas 
narrativas elaboradas individualmente ou em grupo e nas implicações com 
as múltiplas linguagens que a criança se constitui ativamente como sujeito 
singular e pertencente a um grupo social [...] (BRASIL, 2017, p. 40).
A BNCC indica que a criança, desde cedo, manifesta curiosidade com relação 
à cultura escrita, construindo hipóteses e visões da língua escrita — compreensão 
da escrita como sistema de representação da língua —, “[...] reconhecendo dife-
rentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores [...]” (BRASIL, 
2017, p. 40). Assim, a educação infantil deve possibilitar imersão na cultura 
escrita a partir dos conhecimentos e curiosidades das crianças, promovendo: 
(1) experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre 
os textos e as crianças, [que] contribuem para o desenvolvimento do gosto pela 
leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.
(2) o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. [que] 
propicia[m] a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, 
a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da 
escrita e as formas corretas de manipulação de livros (BRASIL, 2017, p. 40).
Com relação ao campo “Espaços, tempos, quantidades, relações e trans-
formações”, percebe-se que as crianças vivem em um mundo constituído de 
fenômenos naturais e socioculturais. Assim, elas demonstram curiosidade sobre: 
(a) os tempos: dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc. 
(b) os espaços: rua, bairro, cidade etc.
(c) o mundo físico: seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, 
as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e 
as possibilidades de sua manipulação etc.
A Base Comum Curricular e a educação infantil8
(d) o mundo sociocultural: as relações de parentesco e sociais entre as pessoas 
que conhecem; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas 
tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.
(e) conhecimentos matemáticos: contagem, ordenação, relações entre quantida-
des, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação 
de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reco-
nhecimento de numerais cardinais e ordinais etc (BRASIL, 2017, p. 40-41).
Portanto, a educação infantil, por meio de suas práticas pedagógicas, deve 
favorecer experiências nas quais as crianças possam “[...] fazer observações, 
manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e 
consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e 
indagações [...]” (BRASIL, 2017, p. 40).
A BNCC também aponta a necessidade de se repensar a formação dos 
professores, incluindo especificidades relacionadas à aprendizagem e ao 
desenvolvimento das faixas etárias atendidas pela educação infantil. O docu-
mento ainda enfatiza que os professores precisam conhecer os brinquedos e 
brincadeiras disponíveis para cada faixa etária dessa etapa (BRASIL, 2017).
Na educação infantil, as aprendizagens essenciais compreendem tanto 
comportamentos, habilidades e conhecimentos quanto vivências, que cons-
tituem objetivos de aprendizagem e desenvolvimento organizados em três 
grupos divididos por faixas etárias, como você já viu.
Com relação à transição das crianças da educação infantil para o ensino 
fundamental, a Base Nacional Comum Curricular incentiva estabelecer estraté-
gias de acolhimento e adaptação — equilíbrio entre as mudanças introduzidas 
de uma etapa para outra — tanto para as crianças quanto para os docentes. 
Pretende-se que as informações contidas em relatórios, portfólios ou outros 
registros evidenciem os processos vivenciados pelas crianças ao longo de sua 
trajetória na educação infantil (BRASIL, 2017). A BNCC ainda apresenta uma 
síntese das aprendizagens — balizadoras e indicativas — esperadas em cada 
campo de experiências. Você pode ver essa síntese no Quadro 1, a seguir.
9A Base Comum Curricular e a educação infantil
Campos de experiências Aprendizagens
O eu, o outro e nós  Respeitar e expressar sentimentos e 
emoções.
  Atuar em grupo e demonstrar interesse 
em construir novas relações, respeitando 
a diversidade e solidarizando-se com os 
outros.
  Conhecer e respeitar regras de convívio 
social, manifestando respeito pelo outro.
Corpo, gestos e movimentos  Reconhecer a importância de ações e 
situações do cotidiano que contribuem para 
o cuidado de sua saúde e a manutenção de 
ambientes saudáveis.
  Apresentar autonomia nas práticas de 
higiene e de alimentação, no vestir-se e no 
cuidado com seu bem-estar, valorizando o 
próprio corpo.
  Utilizar o corpo intencionalmente (com 
criatividade, controle e adequação) como 
instrumento de interação com o outro e 
com o meio.
  Coordenar suas habilidades manuais.
Traços, sons, cores e formas  Discriminar os diferentes tipos de sons 
e ritmos e interagir com a música, 
percebendo-a como forma de expressão 
individual e coletiva.
  Expressar-se por meio das artes visuais, 
utilizando diferentes materiais.
  Relacionar-se com o outro empregando 
gestos, palavras, brincadeiras, jogos, 
imitações, observações e expressão 
corporal.
Quadro 1. Síntese das aprendizagens na educação infantil 
(Continua)
A Base Comum Curricular e a educação infantil10
Campos de experiências Aprendizagens
Escuta, fala, pensamento 
e imaginação
  Expressar ideias, desejos e sentimentos 
em distintas situações de interação, por 
diferentes meios.
  Argumentar e relatar fatos oralmente, em 
sequência temporal e causal, organizando 
e adequando sua fala ao contexto em que 
é produzida.
  Ouvir, compreender, contar, recontar e 
criar narrativas.
  Conhecer diferentes gêneros e portadores 
textuais, demonstrando compreensão da 
função social da escrita e reconhecendo a 
leitura como fonte de prazer e informação.
Espaços, tempos, quantidades, 
relações e transformações
  Identificar, nomear adequadamente e 
comparar as propriedades dos objetos, 
estabelecendo relações entre eles.
  Interagir com o meio ambiente e com 
fenômenos naturais ou artificiais, 
demonstrando curiosidade e cuidado 
com relação a eles.
  Utilizar vocabulário relativo às noções 
de grandeza (maior, menor, igual, 
etc.), espaço (dentro e fora) e medidas 
(comprido, curto, grosso, fino) como meio 
de comunicação de suas experiências.
  Utilizar unidades de medida (dia e noite; 
dias, semanas, meses, anos) e noções 
de tempo (presente, passado e futuro; 
antes, agora e depois) para responder a 
necessidades e questões do cotidiano.
  Identificar e registrar quantidades 
por meio de diferentes formas de 
representação (contagens, desenhos, 
símbolos, escrita de números, organização 
de gráficos básicos, etc.)
Quadro 1. Síntese das aprendizagens na educação infantil
(Continuação)
11A Base Comum Curricular e a educação infantil
No Quadro 2, você pode ver como se estrutura o campo “Traços, sons, 
cores e formas”.
 Fonte: Adaptado de Brasil (2017, p. 47). 
Bebês (0 a 1 ano 
e 6 meses)
Crianças bem 
pequenas (1 ano e 
7 meses a 3 anos 
e 11 meses)
Crianças pequenas 
(4 anos a 5 anos 
e 11 meses)
Explorar sons 
produzidos com o 
próprio corpoe com 
objetos do ambiente.
Criar sons com materiais, 
objetos e instrumentos 
musicais, para 
acompanhar diversos 
ritmos de música.
Utilizar sons produzidos 
por materiais, objetos e 
instrumentos musicais 
durante brincadeiras 
de faz de conta, 
encenações, criações 
musicais, festas.
Traçar marcas gráficas, 
em diferentes suportes, 
usando instrumentos 
riscantes e tintas.
Utilizar materiais 
variados com 
possibilidade de 
manipulação (argila, 
massa de modelar), 
explorando cores, 
texturas, superfícies, 
planos, formas e 
volumes ao criar objetos 
tridimensionais.
Expressar-se livremente 
por meio de desenho, 
pintura, colagem, 
dobradura e escultura, 
criando produções 
bidimensionais e 
tridimensionais.
Explorar diferentes 
fontes sonoras 
e materiais para 
acompanhar 
brincadeiras cantadas, 
canções, músicas 
e melodias.
Utilizar diferentes fontes 
sonoras disponíveis 
no ambiente em 
brincadeiras cantadas, 
canções, músicas 
e melodias.
Reconhecer as 
qualidades do som 
(intensidade, duração, 
altura e timbre), 
utilizando-as em suas 
produções sonoras e ao 
ouvir músicas e sons.
 Quadro 2. Como se estrutura o campo de experiências que envolve traços, sons, cores 
e formas 
A Base Comum Curricular e a educação infantil12
BRASIL. Câmara dos deputados. Plano Nacional de Educação 2014-2024: Lei nº 13.005, 
de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras 
providências. Brasília: Câmara dos Deputados, 2014.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da 
educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/LEIS/L9394.
htm>. Acesso em: 19 nov. 2018. 
BRASIL. Lei n° 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá 
outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.
pdf>. Acesso em: 20 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular para a Educação 
Infantil. Brasília: MEC, 2017. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/
wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2018. 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares 
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Parâmetros nacionais 
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BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação 
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Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. 
Referencial Curricular para a Educação Infantil. Brasília: MEC, 1998a. v. 1.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação do Ensino Fundamental. 
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13A Base Comum Curricular e a educação infantil
Leituras recomendadas
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2018. 
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87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases 
da educação nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino 
fundamental, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm>. 
Acesso em: 19 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº 12.858, de 9 de setembro de 2013. Dispõe sobre a destinação para as áreas 
de educação e saúde de parcela da participação no resultado ou da compensação 
financeira pela exploração de petróleo e gás natural, com a finalidade de cumpri-
mento da meta prevista no inciso VI do caput do art. 214 e no art. 196 da Constituição 
Federal; altera a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989; e dá outras providências. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12858.
htm>. Acesso em: 19 nov. 2018.
BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do 
Adolescente e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em: 19 nov. 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Departamento de Edu-
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para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: FNDE, 2006.
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CIENTÍFICA REGIONAL DA ANPED, 2016, Curitiba. Trabalhos... Curitiba: ANPED, 2016. Dis-
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Eixo-5_GISELE-GON%C3%87ALVES.pdf>. Acesso em: 19 nov. 2018.
OLIVEIRA, Z. M. R. O currículo na Educação Infantil: o que propõem as novas diretrizes 
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<http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7153-2-1-curriculo-educacao-
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SECCHI, L. Políticas públicas: conceitos, esquemas, casos práticos. 2. ed. São Paulo: 
Cengage Learning, 2013.
A Base Comum Curricular e a educação infantil14
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